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Inovação em tecnologias de gestão e a competitividade Os primórdios da administração foram influenciados por diversas correntes, dentre elas: filósofos, economistas liberais, primeiros capitalistas, organizações religiosa e militar e, principalmente, Revolução Industrial. Esta última tornou as organizações mais complexas, maiores e desorganizadas, o que, somado ao avanço tecnológico e à necessidade de atualização por parte das organizações, resultou em novos problemas de eficiência e competência das empresas. Então, a inovação da gestão organizacional e tecnológica remete à necessidade de modelos inovadores de gestão e à própria inovação na organização e na tecnologia, que interferem na evolução da ciência administrativa. Compreender as tendências gerenciais e tecnológicas pode significar o sucesso ou o insucesso das organizações (LIMA; MENDES, 2003). A inovação em Tecnologias de Gestão é essencial para as empresas que desejam de fato tornarem-se competitivas em seus mercados. “Tecnologias de Gestão são aquelas soluções metodológicas, [...] desenvolvidas de forma configurada para atendimento a situações particulares de uma determinada organização ou conjunto de organizações similares” (FRANCO; RODRIGUES; CAZELA, 2009, p. 15). Tecnologias de Gestão são meios para as organizações aprimorarem com eficácia o gerenciamento de suas iniciativas durante sua busca da melhoria do desempenho e ferramentas de gestão são técnicas associadas às Tecnologias de Gestão. Então, escolher as Tecnologias de Gestão e suas ferramentas de modo adequado ao contexto em que cada empresa atua é um facilitador para a obtenção da competitividade organizacional. Moraes e Franco (2009, p. 20) afirmam que “as organizações precisam ser flexíveis para que possam mudar seus métodos, técnicas, racionalizar processos e ajustar seus planejamentos estratégico e operacional sempre que necessário”. As Organizações que aprendem representam a ideia de que as empresas são como organismos vivos e estão em constante processo de aprendizagem enquanto se esforçam para se adaptarem às mudanças organizacionais. Assim, as empresas mantêm suas rotinas e procedimentos alinhados com os avanços tecnológicos e os novos conceitos gerenciais (MORAES; FRANCO, 2009, p. 20- 21). A Terceirização surgiu nos Estados Unidos logo após a Segunda Guerra Mundial e perdura até hoje como Tecnologia de Gestão, pela qual determinadas atividades passam a ser feitas por empresas especializadas contratadas. Nessa concepção, as atividades organizacionais são classificadas em atividades-meio e atividades-fim. As atividades-meio são aquelas passíveis de terceirização a outras empresas, pois são caracterizadas como atividades de suporte. As atividades-fim, por sua vez, são executadas pela própria empresa, porque estão relacionadas ao alcance dos objetivos organizacionais (AYRES, 2009, p. 94-95). Alguns cuidados são essenciais para se praticar a Terceirização, dentre os quais: ter clareza na definição de atividades-meio e atividades-fim e dos padrões dos custos; confiar na empresa terceirizada buscando aquela que realize as atividades de acordo com as políticas e cultura organizacionais; gerenciar os riscos de comprometimento com questões trabalhistas em relação a reclamações dos funcionários da empresa terceirizada (AYRES, 2009, p. 100-101). Outra Tecnologia de Gestão praticada por muitas empresas é o Empowerment, que está relacionada ao compartilhamento de responsabilidades para a gestão participativa e a descentralização. Empowerment é um processo de empoderamento, pelo qual é atribuído poder às pessoas para tomarem decisões e se tornarem parceiras da organização. É necessário que as pessoas empoderadas estejam de fato comprometidas com os objetivos organizacionais e que lhes sejam oferecidas todas as condições para conduzirem estas decisões. Outro aspecto importante é um programa de recompensa para valorizar os esforços das pessoas que recebem Empowerment (FRANCO; CAZELA, 2009, p. 158-160). Um exemplo de Empowerment é o trabalho em equipes de alto desempenho, que tem as seguintes características: (i) papéis de liderança compartilhados; (ii) responsabilidade individual e mútua; (iii) propósitos específicos definidos pela própria equipe; (iv) os resultados pelo trabalho coletivo; (v) estímulo a discussões abertas na solução dos problemas; (vi) mensuração do desempenho dos resultados da equipe; e (vii) discussão, decisão e trabalho verdadeiramente em conjunto. O Empowerment libera os superiores para se concentrarem em buscar a inovação e a solução de problemas estratégicos, enquanto a equipe de alto desempenho conduz as atividades com autonomia e responsabilidade compartilhada (FRANCO; CAZELA, 2009, p. 161-162). Para criar valor organizacional, ganhar competitividade e atrair novos investidores, muitas empresas voltaram suas atenções também à Aprendizagem Organizacional, que surgiu no final do século XX como uma filosofia gerencial que orienta os processos administrativos por uma cultura organizacional aberta e participativa, desenvolvida em razão de novas demandas contingenciais das organizações que exigem flexibilidade e integração entre as pessoas para facilitar que as empresas alcancem posições confortáveis em seus mercados, e tem dois modelos principais: Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento (RODRIGUES; CRUZ, 2009, p. 203). Nesse sentido, é necessário os gestores identificarem que os recursos físicos já não são os mais importantes, pois eles são incapazes de criar e inovar. Assim, as pessoas assumem a primeira posição, em termos de elemento organizacional, capaz de efetivamente criar valor organizacional. Aqui, estamos no campo do capital intelectual (RODRIGUES; CRUZ, 2009, p. 203). Então, podemos definir capital intelectual como o conjunto de elementos organizacionais intangíveis capazes de criar valor organizacional no futuro e, assim, proporcionar vantagem competitiva para as empresas que têm competência para gerir o conhecimento de seus funcionários notáveis (RODRIGUES; CRUZ, 2009, p. 205). O Capital Intelectual é dividido em duas partes: (i) Patrimônio visível, formado pelos ativos tangíveis (mensuráveis) cujos valores estão nos relatórios contábeis; e (ii) Ativos intangíveis, formado pela estrutura externa, estrutura interna e competência dos indivíduos (RODRIGUES; CRUZ, 2009). Na estrutura externa estão os elementos relacionados à marca e ao relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros, e na estrutura interna estão o modelo gerencial, os procedimentos, as atitudes das pessoas, a inovação, sistemas; e o item competência dos indivíduos agrupa o talento, formação escolar, experiência, capacidade de tomar decisão e iniciativa dos funcionários. São todos elementos de difícil percepção e mensuração e são justamente esses elementos que fazem com que empresas líderes se destaquem (RODRIGUES; CRUZ, 2009). Edvinsson e Malone (1998) identificaram que o valor de mercado da empresa é criado pela atuação do Capital Financeiro e do Capital Intelectual, e que o Capital Intelectual é dividido em primeiro nível entre Capital Humano e Capital Estrutural. O Capital Estrutural reúne tudo o que possibilita ao Capital Humano criar valor organizacional, com a diferença de que o Capital Estrutural é propriedade da empresa, mas o Capital Humano não, pois vai embora ao final do expediente carregando tudo aquilo que cria valor organizacional, como seu conhecimento, por exemplo. A Gestão do Conhecimento visa conquistar acertos organizacionais, por meio de estratégia dirigida pela motivação e facilitação doconhecimento dos trabalhadores (RODRIGUES; CRUZ, 2009, p. 212). Nesse sentido, Nonaka e Takeuchi (1997) desenvolveram o modelo SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização), que ocorre pela espiral do conhecimento, transformando o conhecimento tácito (interno) em conhecimento explícito (incorporado em processos, produtos e serviços da organização). O conhecimento tácito individual começa a ser transformado em conhecimento explícito por meio do diálogo na Socialização e pela interação grupal na Externalização. Passa a ser sistematizado na Combinação pelas experiências e é cristalizado na Internalização, quando o – agora - conhecimento explícito é incorporado à organização. Assimile É difícil perceber e mensurar os ativos intangíveis e são justamente estes elementos que fazem com que empresas líderes se destaquem (RODRIGUES; CRUZ, 2009). É necessária uma plataforma que sirva como meio ou local que facilite a criação do novo conhecimento, o qual é cristalizado nos níveis superiores, como acontece, por exemplo, com a criação de um novo produto que impacta em toda a organização (RODRIGUES; CRUZ, 2009). Um exemplo para a Gestão do Conhecimento pode ser a realização de workshops para discussão de temas específicos, em que os participantes analisam a situação e elaboram soluções, que são eventualmente adotadas pela organização. Outro exemplo são os programas de premiação para projetos de inovação, pelo qual os funcionários propõem soluções e são bonificados quando suas propostas são adotadas e de fato geram resultados. “Atualmente, as tecnologias da informação permitem que as empresas comuniquem, partilhem e proporcione acesso aos dados a funcionários, gestores, fornecedores e clientes” (WILLIAMS, 2016, p. 351). Nesse sentido, dados e informações são diferentes de conhecimento. “Conhecimento é a compreensão que uma pessoa obtém da informação. É importante destacar que o conhecimento não reside na informação. O Conhecimento reside nas pessoas” (WILLIAMS, 2016, p. 354). As empresas usam a tecnologia da informação para obter e compartilhar o conhecimento entre as pessoas, facilitando que o novo conhecimento seja incorporado nos procedimentos e produtos e, assim, ganharem competitividade no mercado em que atuam. O Sistema de Informações Gerenciais (SIG) originou-se nos anos 1970 a partir das premissas da Teoria de Sistemas. Zenaro (2009, p. 227) comenta que “as organizações precisam de informações e conhecimentos, para auxiliar os seus processos decisórios e a sua gestão”. Os mercados cada vez mais competitivos demandam que as empresas busquem a inovação para o aprimoramento de sua gestão. O SIG é uma ferramenta de gestão que atua na estrutura organizacional, subsidiando o processo de tomada de decisão (p. 245), fornecendo informações tratadas de acordo com as necessidades nos diversos níveis da estrutura organizacional e conforme a amplitude destes níveis, sendo que os executivos têm acesso a informações sobre toda a organização e os departamentos obtêm informações relativas às suas atividades. Um exemplo de SIG é o ERP (Enterprise Resource Planning), ou planejamento dos recursos empresariais, utilizado para integrar informações entre todas as atividades da empresa a partir de um banco de dados centralizado, que interage com um conjunto integrado de aplicativos, consolidando as operações organizacionais em um ambiente computacional, agilizando o fluxo da informação e apoiando o processo de tomada de decisão por toda a empresa. Referência: Referência: Teorias da Administração - Edna de Almeida Rodrigues
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