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Questões Questão 1: CEBRASPE (CESPE) - AssP (PGE PE)/PGE PE/2019 Assunto: Variações da linguagem (histórica, regional, social, contextual). Neologismos. Estrangeirismos. Passávamos férias na fazenda da Jureia, que ficava na região de lindas propriedades cafeeiras. Íamos de automóvel até Barra do Piraí, onde pegávamos um carro de boi. Lembro-me do aboio do condutor, a pé, ao lado dos animais, com uma vara: “Xô, Marinheiro! Vâmu, Teimoso!”. Tenho ótimas recordações de lá e uma foto da qual gosto muito, da minha infância, às gargalhadas, vestindo um macacão que minha própria mãe costurava, com bastante capricho. Ela fazia um para cada dia da semana, assim, eu podia me esbaldar e me sujar à vontade, porque sempre teria um macacão limpo para usar no dia seguinte. Jô Soares. O livro de Jô: uma autobiografia desautorizada. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. Com relação aos aspectos linguísticos desse texto, julgue o item a seguir. As formas ‘Xô’ e ‘Vâmu’, na linha 5, são marcas de oralidade e reproduzem a informalidade da fala do condutor do carro de boi. Certo Errado Questão 2: CEBRASPE (CESPE) - AssP (PGE PE)/PGE PE/2019 Assunto: Variações da linguagem (histórica, regional, social, contextual). Neologismos. Estrangeirismos. A modernidade é um contrato. Todos nós aderimos a ele no dia em que nascemos, e ele regula nossa vida até o dia em que morremos. Pouquíssimos entre nós são capazes de rescindi-lo ou transcendê-lo. Esse contrato configura nossa comida, nossos empregos e nossos sonhos; ele decide onde moramos, quem amamos e como morremos. À primeira vista, a modernidade parece ser um contrato extremamente complicado, por isso poucos tentam compreender no que exatamente se inscreveram. É como se você tivesse baixado algum software e ele te solicitasse assinar um contrato com dezenas de páginas em “juridiquês”; você dá uma olhada nele, passa imediatamente para a última página, tica em “concordo” e esquece o assunto. Mas a modernidade, de fato, é um contrato surpreendentemente simples. O contrato interno pode ser resumido em uma única frase: humanos concordam em abrir mão de significado em troca de poder. Yuval Noah Harari. Homo Deus: uma breve história do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras, 2016 (com adaptações). Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a seguir. O termo ‘juridiquês não faz parte do vocabulário oficial da língua portuguesa, contudo seu emprego não compromete a correção gramatical e está adequado ao nível de formalidade do texto. Certo Errado Questão 3: CEBRASPE (CESPE) - Prof (São Cristóvão)/Pref São Cristóvão/Arte/Educação Básica/2019 Assunto: Variações da linguagem (histórica, regional, social, contextual). Neologismos. Estrangeirismos. Quando se educa alguém ou se é educado por alguém, é preciso cautela para não nos contentarmos com as aparências, isto é, com a superficialidade. Vivemos hoje em um mundo marcado pela velocidade em várias situações e, em outras, por uma mera pressa. Uma vida apressada nos leva, em vários momentos, a ter formações apressadas, reflexões apressadas, ideias apressadas, e isso carrega um nível de superficialidade muito grande. Há várias pessoas que se contentam com as aparências: aparência em relação à própria imagem e aparência com relação àquilo que ostentam — a ostentação da propriedade, a “consumolatria”, o desespero para ser proprietário de coisas, de exibi-las, de viver algo que se aparenta, mas que, de fato, não se é. O pensador do século V, Agostinho — muitos o chamam de Santo Agostinho, um dos maiores filósofos e teólogos da história —, proferiu a seguinte frase: “Não sacia a fome quem lambe pão pintado”. Para se matar a fome, não basta lamber a figura de um pão, é preciso ir até ele. E quantos hoje não se contentam com um mundo superficial, em que se procura saciedade a partir daquilo que é mera imagem, mera representação, apenas uma simulação do que seria a realidade? A educação tem que nos tirar dessa superficialidade. Mario Sergio Cortella. Pensar bem nos faz bem! 5.ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015, p. 20 (com adaptações). A respeito das ideias, dos sentidos e das propriedades linguísticas do texto precedente, julgue o item que se segue. A palavra ‘consumolatria’ refere-se à idolatria ao consumo, conforme os sentidos do texto. Certo Errado Questão 4: CEBRASPE (CESPE) - SM (PM MA)/PM MA/Combatente/2018 Assunto: Variações da linguagem (histórica, regional, social, contextual). Neologismos. Estrangeirismos. Texto CG2A1BBB A respeito de aspectos linguísticos do texto CG2A1BBB, julgue o item. O autor do texto optou pela utilização de um nível de linguagem predominantemente informal como estratégia para atrair o interesse dos leitores. Certo Errado Questão 5: CEBRASPE (CESPE) - 1º Ten (PM MA)/PM MA/Psicólogo/2018 Assunto: Variações da linguagem (histórica, regional, social, contextual). Neologismos. Estrangeirismos. Texto CG1A1CCC Internet: <www.leovillanova.net>. No que se refere aos aspectos linguísticos do texto CG1A1CCC, julgue o item subsequente. O emprego das palavras “doido” e “véi” indica que há uma relação simétrica e informal entre os interlocutores. Certo Errado Questão 6: CEBRASPE (CESPE) - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2006 Assunto: Variações da linguagem (histórica, regional, social, contextual). Neologismos. Estrangeirismos. Texto Nosotros Descobertos por povo marítimo e povo marítimo nós mesmos (sempre tivemos as costas largas), era natural que medida marítima, o nó náutico, nos fosse tão importante. Como, daí em diante, foram importantíssimos pra nós os nós da madeira do pau-brasil que exportávamos com nó na garganta (sabendo já que exportávamos meio ambiente), ameaçados pelo nó da forca portuguesa. Millôr Fernandes. Veja, 30/11/ 2005, p. 30. Tendo como base o texto Nosotros, julgue o item abaixo. A palavra nosotros não pertence ao léxico da língua portuguesa. Ao buscar em outra língua o título do texto, o autor está contribuindo para desnacionalizar a língua portuguesa, por meio da infiltração de estrangeirismos ou empréstimos desnecessários. Certo Errado Questão 7: CEBRASPE (CESPE) - TJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Programação de Sistemas/2018 Assunto: Linguagem formal e informal Texto CB4A1AAA Narração é diferente de narrativa, uma vez que mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e está presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e sobremesa de um jantar; em mitos, romances, contos, novelas, peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas, desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas, nos videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração, por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador enuncia. Uma contagem de palavras na base de dados do Google mostra uma mudança nos usos de narrativa. A palavra vem sendo cada vez mais empregada nas últimas décadas, mas seu sentido vem mudando. A expressão disputa de narrativas, que teve um boom dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer respeito à acepção mais literária do termo, como narrativa de um romance. Fala antes sobre trazer a público diferentes formas de narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser elaboradas e disputadas. É um uso do termo que talvez aproxime narrativa de narração, porque sugere que toda narrativa histórica e cultural carrega em si um processo e um movimento e que dentro dela há sempre sinais deixados pelas escolhas de um narrador. Sofia Nestrovski. Narrativa. Internet: <www.nexojornal.com.br> (com adaptações). Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item a seguir.O texto pode ser considerado informal pela presença dos vocábulos “videoclipes”, “videogames” e da expressão “jogos de tabuleiro” no primeiro parágrafo. Certo Errado Questão 8: CEBRASPE (CESPE) - AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018 Assunto: Linguagem formal e informal Texto 6A1AAA Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu imaginou, mas venha atirar-lhe a primeira pedra aquele que não tenha errado,confundido ou imaginado nunca. Errar, disse-o quem sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à letra, que não seria verdadeiro homem aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser utilizada como desculpa universal que a todos nos absolveria de juízos coxos e opiniões mancas. Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução tão elementar deveria tê-la sempre presente o revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da ignorância. Nestas ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter reunido, ao longo duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele que estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe. Um dia, mas Alá é maior, qualquer corrector de livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e dia, umbilicalmente, ao banco central de dados, não tendo ele, e nós, mais que desejar que entre esses dados do saber total não se tenha insinuado, como o diabo no convento, o erro tentador. Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num sentido ou nelas procurará o sentido novo, porque assim como vão variando as explicações do universo, também a sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação, a possibilidade duma contradição latente, a evidência do seu erro próprio .Aqui, neste escritório onde a verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes, estão os costumados dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas gramáticas, o Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...]. José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6. Ainda no que se refere aos aspectos linguísticos do texto 6A1AAA, julgue o item que se segue. O emprego das palavras “cara” e “vademeco” confere um caráter informal ao último parágrafo do texto. Certo Errado Questão 9: CEBRASPE (CESPE) - AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018 Assunto: Linguagem formal e informal Texto 6A4CCC No que concerne aos aspectos linguísticos do texto 6A4CCC, julgue o item a seguir. A linguagem do texto apresenta elementos característicos de um nível de linguagem mais informal com função comunicativa bem definida: estabelecer uma aproximação com o leitor. Certo Errado Questão 10: CEBRASPE (CESPE) - PEB (SEDF)/SEDF/Língua Portuguesa/2017 Assunto: Linguagem formal e informal Meu querido neto Mizael, Recebi a sua cartinha. Ver que você se tem adiantado muito me deu muito prazer. Fiquei muito contente quando sua mãe me disse que em princípio de maio estarão cá, pois estou com muitas saudades de vocês todos. Vovó te manda muitas lembranças. A menina de Zulmira está muito engraçadinha. Já tem 2 dentinhos. Com muitas saudades te abraça sua Dindinha e Amiga, Bárbara Carta de Bárbara ao neto Mizael (carta de 1883). Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Internet: <www.tycho.iel.unicamp.br> (com adaptações). Julgue o item seguinte, a respeito do texto precedente. A linguagem da carta classifica-se como informal em decorrência do emprego da forma verbal “tem”, em “Já tem 2 dentinhos” . Certo Errado Questão 11: CEBRASPE (CESPE) - AG (TCE-PE) /TCE-PE/Julgamento/2017 Assunto: Linguagem formal e informal O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais importantes alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que o ser humano se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação. A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece. “Nascer sabendo” é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais nasce pronto, mais refém alguém se torna do que já sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar. Um bom livro não é aquele que, quando encerramos sua leitura, deixamos um pouco apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não queríamos que terminasse? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue? Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento. Diante dessa realidade, deve-se questionar a ideia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando... Isso não ocorre com gente, e, sim, com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não pronta, e vai se fazendo. Eu, no ano em que estamos, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada.); o mais velho de mim (se é o tempo a medida.) está no meu passado, e não no presente. Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não convém fazer escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro”... Mario Sérgio Cortella. Não nascemos prontos! Provocações filosóficas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006, p. 11-13 (com adaptações). Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item. A expressão “Ainda bem” contribui para imprimir um tom formal ao parágrafo em que aparece. Certo Errado Questão 12: CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM AL)/PM AL/Combatente/2017 Assunto: Linguagem formal e informal Quino. Toda a Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 384 A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto, julgue o próximo item. As expressões “porcarias”, no segundo quadrinho, e “Não tem jeito”, no último quadrinho, são típicas da modalidade oral, e seu emprego é adequado ao nível de formalidade do gênero tirinha. Certo Errado Questão 13: CEBRASPE (CESPE) - Tec GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/Assistente Técnico/2015 Assunto: Linguagem formal e informal Tirinha I Tirinha II Internet: <www.willtirando.com.br>.Com relação às tirinhas I e II apresentadas, julgue o seguinte item. No título da tirinha II, a expressão “tivesse bombando” é característica da linguagem informal, típica do gênero textual tirinha. Certo Errado Questão 14: CEBRASPE (CESPE) - Tec Desp (FUB)/FUB/2015 Assunto: Linguagem formal e informal O eixo norteador da gestão estratégica de recursos humanos é a ênfase nas pessoas como variável determinante do sucesso organizacional, visto que a busca pela competitividade impõe à organização a necessidade de contar com profissionais altamente qualificados, aptos a fazer frente às ameaças e oportunidades do mercado. Essa construção competitiva sugere que a gestão estratégica de recursos humanos contribui para gerar vantagem competitiva sustentável por promover o desenvolvimento de competências e habilidades, produz e difunde conhecimento, desenvolve as relações sociais na organização. A gestão deve ter como objetivo maior a melhoria das performances profissional e organizacional, principalmente por meio do desenvolvimento das pessoas em um sentido mais amplo. Dessa forma, o conhecimento e o desempenho representam, ao mesmo tempo, um valor econômico à organização e um valor social ao indivíduo. Valdec Romero. Aprendizagem organizacional, gestão do conhecimento e universidade corporativa: instrumentos de um mesmo construto. Internet: <www.administradores.com.br> (com adaptações). Julgue o item subsequente, relativo às estruturas linguísticas e às ideias do texto. As expressões “eixo norteador” (l.1) e “fazer frente” (l.3) demonstram que o texto se afasta do nível de formalidade da linguagem, aproximando-se do registro coloquial ou oral. Certo Errado Questão 15: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2015 Assunto: Linguagem formal e informal Texto para a questão. No modesto apartamento em que mora na rua Conde de Bonfim, Graciliano Ramos mostrou-me alguns originais dos seus trabalhos. Via de regra, escreve em papel sem pautas, de um só golpe, ao calor da composição. A forma definitiva vem depois. Emenda muito. E até mesmo quando passa a limpo, com sua letra explicativa de escrevente de cartório, corta muita coisa, tudo o que depois vai achando ruim. Às vezes risca linhas inteiras. As palavras morrem sob o traço forte de tinta de uma igualdade assombrosa, como feito à régua. Graciliano guarda os originais dos livros já publicados. Assim pude verificar um curioso detalhe da feitura de Vidas Secas. Os capítulos, datados, indicaram-me a ausência de seguimento na elaboração da narrativa. “Baleia”, o nono capítulo, foi o primeiro a ser escrito, em 4 de maio de 1937. Um mês e pouco depois, precisamente no dia 18 de 16 junho, escreveu o quarto capítulo, “Sinha Vitória”. E assim todo o livro, que não obedeceu a nenhum plano antecipado. — Escrevi a história de um cachorro de meu avô — conta o romancista, cigarro Selma com ponta de cortiça entre os dedos queimados de fumo. — Os episódios foram-se amontoando. O livro foi crescendo. E assim arrumei Vidas Secas, que pensei em chamar “O mundo coberto de penas”, título de um dos capítulos do livro. A vida de Graciliano Ramos está sempre presente na sua obra, no que ela tem de mais humano e doloroso. — Caetés é uma história de Palmeira dos Índios. São Bernardo se passa em Viçosa. Angústia tem um pouco do Rio, um pouco de Maceió e muito de mim mesmo. Vidas Secas são cenas da vida de Buíque [Pernambuco]. Todos esses romances exigiram do autor um longo e penoso trabalho de composição. — Não sou como José Américo — disse —, que primeiro escreve na cabeça e depois transporta o livro para o papel. A obra de criação, para mim, é quase sempre imprevista. E espontânea. Refaço tudo, depois. Escrever dá muito trabalho. A gente muitas vezes não sabe o que vai fazer. Sai tudo diverso do que se imaginou. Francisco de Assis Barbosa. Graciliano Ramos, aos cinquenta anos. Reportagem biográfica. In: jornal Diretrizes, Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional RJ, 1942. Apud: Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla (Orgs.). Conversas – Graciliano Ramos. 3.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2014, p. 119 - 20. A respeito da linguagem e do vocabulário empregados no texto anterior, julgue (C ou E) o item seguinte. Embora contenha trechos de fala, o texto está isento de coloquialismo. Certo Errado Questão 16: CEBRASPE (CESPE) - TL (CAM DEP)/CAM DEP/Agente de Polícia Legislativa/2014 Assunto: Linguagem formal e informal A democracia já não se reduz a uma esperança, não é mais uma questão, não é apenas um direito, não é somente o apanágio de uma cidade ilustrada como Atenas, ou de um grande povo como o romano: é mais, é tudo nas sociedades modernas. De mera previsão, converteu-se em fato; de opinião controversa, transformou-se em realidade viva; deixou de ser puro direito para ser direito e força; passou de simples fenômeno local a lei universal e onipotente. Enquanto alguns discutem ainda se ela deve ser, já ela é. Como o crescer silencioso, mas incessante, do fluxo do oceano, sobe e espraia-se calada, mas continuamente. Cada onda que se aproxima, e recua depois, estende os limites do poderoso elemento. Os espíritos que não veem muito deixam-se dormir, entretanto, recostados indolentemente à margem que as águas não tardarão em invadir, porque a enchente cresce linha a linha sem que a percebam, e, como a onda retrocede sempre, parece-lhes que, retrocedendo, perdeu todo o terreno vencido. Embora alguma onda mais impetuosa, como que os advertindo, jogue de longe sobre eles a espuma. Riem dela, porque a veem retrair-se logo após; persuadidos de que têm subjugado o oceano quando mandam pelos seus serviçais antepor-lhe a cautela de algum quebra-mar que dure pela vida de uma ou duas gerações. Cuidam ter desse modo segurado a sua casa e o futuro dos filhos. Mas o frágil anteparo, minado pela ação imperceptível das águas, esboroa-se um bom dia, malogrando-lhes os cálculos, quando não mais que isso. A aristocracia teve a sua época e passou. A realeza teve a sua, e extinguiu-se também. Chegou a vez da democracia, e esta permanecerá para sempre. Por quê? Porque a aristocracia era a sujeição de todos a poucos, era o privilégio, a hereditariedade, que, na propriedade individual, é legítima, por ser consequência do trabalho, mas que, em política, é absurda, porque exclui do governo a vontade dos governados e submete o merecimento à incapacidade. A realeza também era o privilégio, ainda mais restrito, mais concentrado, personificado em um indivíduo, circunscrito a uma família. A democracia, essa é a negação das castas, das exclusões arbitrárias, e a consagração do direito: por isso, não morre. Rui Barbosa. Obras completas de Rui Barbosa. Vol. I (1865-1871), tomo I, p. 19-20. Internet: <www.casaruibarbosa.gov.br> (com adaptações). Julgue o item, relativo às ideias e a aspectos linguísticos do texto acima. A linguagem empregada no texto é adequada à correspondência oficial, com exceção da utilizada no segundo parágrafo, em que predomina a conotação. Certo Errado Questão 17: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2014 Assunto: Linguagem formal e informal A correspondência de Mário de Andrade é uma das fontes sobre os sentimentos que abateram a intelectualidade paulista, sobretudo no trauma de 1932, quando São Paulo foi invadido por tropas federais, que ocuparam a capital e se alastraram pelo interior (“Disputam esfomeadamente a presa sublime, e desgraçadamente está certo, essa é a lei dos homens. Dos homens selvagens.”, desabafa Mário em carta a Paulo Duarte). As consequências dos expedientes da ditadura abateram um estado cujos habitantes eram considerados por Mário como “diferentes mesmo”. O que se fizesse naquele estado, apostava, se irradiaria como política e como orientação pelo país, uma reedição, por via da cultura, do velho slogan: “São Paulo, a locomotiva puxando os vagões”. “Minha pátria é São Paulo. E isso não me desagrada.”, confessao poeta paulista a Drummond no calor de um conflito que os encontrou em lados opostos. Drummond já estava na chefia de gabinete do secretário de Interior e Justiça de Minas Gerais, aliado ao poder central naquele momento, e Mário era partidário da causa da Revolução Constitucionalista de 1932. O paulista sabia que estava acometido de um estado extraordinário de mobilização, frustração e abatimento, como revela o seguinte trecho de carta a Drummond. “Você, Carlos, perdoe um ser descalibrado. Este é o castigo de viver sempre apaixonadamente a toda hora e em qualquer minuto, que é o sentido da minha vida. No momento, eu faria tudo, daria tudo pra São Paulo se separar do Brasil. Não meço consequências, não tenho doutrina, apenas continuo entregue à unanimidade, apaixonadamente entregue... Helena Bomeny. Um poeta na política – Mário de Andrade, paixão e compromisso. 1.ª ed., Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012, p. 71-2 (com adaptações). No que concerne a aspectos gramaticais do texto acima, julgue (C ou E) o próximo item. No excerto entre parênteses, em que predomina a função poética da linguagem, é exemplo de construção sintática típica da linguagem coloquial: ‘e desgraçadamente está certo, essa é a lei dos homens.’ Certo Errado Questão 18: CEBRASPE (CESPE) - TJ STJ/STJ/Apoio Especializado/Telecomunicações/2012 Assunto: Linguagem formal e informal A um coronel que se queixava da vida de quartel, um jornalista disse: — E o senhor não sabe como é chato militar na imprensa. Sírio Possenti. Os humores da língua. São Paulo: Mercado de Letras, 1998, p. 86. Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do trecho acima, julgue o item a seguir. O emprego do vocábulo “chato”, cujo sentido é pejorativo, é inadequado ao gênero do texto em questão. Certo Errado Questão 19: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2012 Assunto: Linguagem formal e informal Estou tão perdida. Mas é assim mesmo que se vive: perdida no tempo e no espaço. Morro de medo de comparecer diante de um Juiz. Emeretíssimo, dá licença de eu fumar? Dou, sim senhora, eu mesmo fumo cachimbo. Obrigada, Vossa Eminência. Trato bem o Juiz, Juiz é Brasília. Mas não vou abrir processo contra Brasília. Ela não me ofendeu. (...) Eu sei morrer. Morri desde pequena. E dói, mas a gente finge que não dói. Estou com tanta saudade de Deus. E agora vou morrer um pouquinho. Estou tão precisada. Sim. Aceito, my Lord. Sob protesto. Mas Brasília é esplendor. Estou assustadíssima. Clarice Lispector. Para não esquecer. São Paulo: Círculo do Livro, 1981, p. 106-7. No que concerne a aspectos gramaticais do texto acima, julgue (C ou E) o item a seguir. Na frase “Dou, sim senhora, eu mesmo fumo cachimbo.” (linha 2), a escolha vocabular e o emprego do advérbio de afirmação seguido, sem pausa, do vocativo “senhora” caracterizam a fala formal de um juiz, a qual contrasta com o conteúdo intimista e o coloquialismo, predominantes no texto. Certo Errado Questão 20: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2011 Assunto: Linguagem formal e informal CARTA PARA ANTONIO CARLOS JOBIM Porto do Havre [França], 7 de setembro de 1964 Tomzinho querido, Estou aqui num quarto de hotel que dá para uma praça que dá para toda a solidão do mundo. São dez horas da noite e não se vê viv’alma. Meu navio só sai amanhã à tarde, e é impossível alguém estar mais triste do que eu. E, como sempre nestas horas, escrevo para você cartas que nunca mando. Deixei Paris para trás com a saudade de um ano de amor, e pela frente tenho o Brasil, que é uma paixão permanente em minha vida de constante exilado. A coisa ruim é que hoje é 7 de setembro, a data nacional, e eu sei que em nossa embaixada há uma festa que me cairia muito bem, com o Baden Powell mandando brasa no violão. Há pouco telefonei para lá, para cumprimentar o embaixador, e veio todo mundo ao telefone. Você já passou um 7 de setembro, Tomzinho, sozinho, num porto estrangeiro, numa noite sem qualquer perspectiva? É fogo, maestro! Vinicius de Moraes. Querido poeta. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, organização de Ruy Castro, p. 303-4 (com adaptações). Julgue (C ou E) o item seguinte, relativo às ideias do texto acima. O emprego, no texto, das expressões coloquiais “cairia muito bem” e “mandando brasa” indica a informalidade com que Vinicius de Moraes escreve a seu destinatário. Certo Errado Questão 21: CEBRASPE (CESPE) - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2006 Assunto: Linguagem formal e informal Texto O discurso cairuense particulariza-se, do ponto da organização formal e da estratégia teórico-ideológica, na articulação parlamentar. Em linhas gerais, pode-se dizer que ele se caracteriza pelo relato simples e objetivo e pela análise dos problemas nacionais mais candentes da época. E o faz dentro da melhor técnica, combinando o jogo da eloqüência com o exame meticuloso e realista das proposições que lhe são submetidas. Usa a retórica de uma forma que convém ao estilo da casa, sem as palavras alçarem vôos insopitáveis, ao ambiente em que tramitam os projetos da política e da administração públicas, voltados para a dialética do concreto, para a gerência das circunstâncias tumultuadas ou desafiantes de problemas que emergem da sociedade brasileira: os econômicos, os políticos, os jurídicos, etc., numa complexidade que reclama o estudo detido, a discussão aberta e atualizada, por vezes a retrospectiva histórica. Mas sempre a demandar o senso real das coisas. João Alfredo de Sousa Montenegro. O discurso autoritário de Cairu. Brasília: Senado Federal, 2000, Coleção Brasil 500 anos, 2.ª ed., p. 235. Considerando os sentidos e as estruturas lingüísticas do texto acima, bem como as noções que cercam o conceito de retórica e argumentação, julgue o item subseqüente. Constituem os argumentos matéria-prima da retórica. Diz-se que um argumento é convincente quando ele é capaz de fazer o destinatário migrar de uma idéia para adotar outra defendida pelo seu interlocutor. Certo Errado Questão 22: CEBRASPE (CESPE) - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2006 Assunto: Linguagem formal e informal Texto O discurso cairuense particulariza-se, do ponto da organização formal e da estratégia teórico-ideológica, na articulação parlamentar. Em linhas gerais, pode-se dizer que ele se caracteriza pelo relato simples e objetivo e pela análise dos problemas nacionais mais candentes da época. E o faz dentro da melhor técnica, combinando o jogo da eloqüência com o exame meticuloso e realista das proposições que lhe são submetidas. Usa a retórica de uma forma que convém ao estilo da casa, sem as palavras alçarem vôos insopitáveis, ao ambiente em que tramitam os projetos da política e da administração públicas, voltados para a dialética do concreto, para a gerência das circunstâncias tumultuadas ou desafiantes de problemas que emergem da sociedade brasileira: os econômicos, os políticos, os jurídicos, etc., numa complexidade que reclama o estudo detido, a discussão aberta e atualizada, por vezes a retrospectiva histórica. Mas sempre a demandar o senso real das coisas. João Alfredo de Sousa Montenegro. O discurso autoritário de Cairu. Brasília: Senado Federal, 2000, Coleção Brasil 500 anos, 2.ª ed., p. 235. Considerando os sentidos e as estruturas lingüísticas do texto acima, bem como as noções que cercam o conceito de retórica e argumentação, julgue o item subseqüente. Os traços mencionados no segundo parágrafo, que, segundo o autor, caracterizam o discurso cairuense, constituem a essência da retórica parlamentar. Sem tais traços, não se logra produzir esse tipo de discurso. Certo Errado Questão 23: CEBRASPE (CESPE) - APF/PF/1997 Assunto: Linguagem formal e informal Polícia. É uma função do Estado que se concretiza em uma instituição de administração positiva e visa pôr em ação as limitações que a lei impõe à liberdade dosindivíduos e dos grupos, para salvaguarda e manutenção da ordem pública, em suas várias manifestações: da segurança das pessoas à segurança da propriedade, da tranqüilidade dos agregados humanos à proteção de qualquer outro bem; tutelado com disposições penais. Esta definição de Polícia não abrange o sentido que o termo teve no decorrer dos séculos: derivando de um primeiro significado diretamente etimológico de conjunto das instituições necessárias ao funcionamento e à conservação da cidade-Estado, o termo indicou, na Idade Média, a boa ordem da sociedade civil, da competência das autoridades políticas do Estado, em contraposição à boa ordem moral, do cuidado exclusivo da autoridade religiosa. Na Idade Moderna, seu significado chegou a compreender toda a atividade da administração pública. Este termo voltou a ter um significado mais restrito, quando, no início do século XIX, passou a ,o identificar-se com a atividade tendente a assegurar a defesa da comunidade dos perigos internos. Tais perigos estavam representados nas ações e situações contrárias à ordem pública e à segurança pública. A defesa da ordem pública se exprimia na repressão de todas aquelas manifestações que pudessem desembocar em uma mudança das relações político-econômicas , entre as classes sociais; enquanto que a segurança pública compreendia a salvaguarda da integridade física da população, nos bens e nas pessoas, contra os inimigos naturais e sociais. Estas duas atividades da polícia são apenas parcialmente distinguíveis do ponto de vista político: na sociedade atual, caracterizada por uma evidente diferenciação de classes, a defesa dos bens da população, que poderia parecer uma atividade destinada à proteção de todo o agregado humano, se reduz à tutela das classes possuidoras de bens que precisam de defesa; quanto à defesa da ordem pública, ela se resume também na defesa de grupos ou classes particulares. A orientação classista da atividade de polícia consentiu, além disso, que normas claramente destinadas à salvaguarda da integridade física da população contra inimigos naturais tenham sido utilizadas com fins repressivos: pensemos, por exemplo, nas normas sobre a funcionalidade dos locais destinados a espetáculos públicos (cinemas, teatros, estádios etc.) e no uso que deles se fez em tempos e países diversos para impedir manifestações ou reuniões antigovernamentais. É nesse sentido que se confirma a definição de Polícia acima apresentada, já que a defesa da segurança pública é, na realidade, uma atividade orientada a consolidar a ordem pública e, conseqüentemente, o estado das relações de força entre classes e grupos sociais. Com respeito ao vocabulário empregado no texto, julgue o item a seguir. Predominam na constituição do verbete palavras provenientes do vocabulário técnico, específicas da atividade policial. Certo Errado Questão 24: CEBRASPE (CESPE) - 1º Ten (PM MA)/PM MA/Psicólogo/2018 Assunto: Figuras de Linguagem Texto CG1A1BBB Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado, porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado do leite materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em nossa cultura. O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que reconforta nervos abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em nossa corrente sanguínea, mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a Antiguidade, sobretudo porque é uma doença de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o formigueiro. Também não escapou aos médicos de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece. “As carnes se dissolvem na urina”, diziam os gregos. Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2001 (com adaptações). No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item. Há uma metáfora no período “Há séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o formigueiro” Certo Errado Questão 25: CEBRASPE (CESPE) - Med (FUB)/FUB/Clínica/2016 Assunto: Figuras de Linguagem Texto Para começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré-eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Simplesmente ignora você. Mas se apenas ignorasse ainda seria suportável. Ele responde. Repreende. Corrige. Uma tela vazia, muda, nenhuma reação aos nossos comandos digitais, tudo bem. Mas quando você o manda fazer alguma coisa, mas manda errado, ele diz “Errado”. Não diz “Burro”, mas está implícito. É pior, muito pior. Às vezes, quando a gente erra, ele faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou”. Outra coisa: ele é mais inteligente que você. Sabe muito mais coisa e não tem nenhum pudor em dizer que sabe. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando outro igual a ele o estiver programando. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em público. Quando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e bati na minha máquina. Sabendo que ela aguentaria sem reclamar, como sempre, a pobrezinha. Luis Fernando Veríssimo. Tecnologia. In: Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1990, p. 58-60. Com relação às ideias do texto, às construções linguísticas nele empregadas e à sua tipologia, julgue o item subsequente. O computador e a máquina de escrever, instrumentos do cotidiano do trabalho do autor do texto, são descritos com o uso de recursos textuais que remetem a características humanas. Certo Errado Questão 26: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2015 Assunto: Figuras de Linguagem O subúrbio de S. Geraldo, no ano de 192..., já misturava ao cheiro de estrebaria algum progresso. Quanto mais fábricas se abriam nos arredores, mais o subúrbio se erguia em vida própria, sem que os habitantes pudessem dizer que transformação os atingia. Os movimentos já se haviam congestionado e não se poderia atravessar uma rua sem desviar-se de uma carroça que os cavalos vagarosos puxavam, enquanto um automóvel impaciente buzinava atrás lançando fumaça. Mesmo os crepúsculos eram agora enfumaçados e sanguinolentos. De manhã, entre os caminhões que pediam passagem para a nova usina, transportando madeira e ferro, as cestas de peixe se espalhavam pela calçada, vindas, através da noite, de centros maiores. Dos sobrados desciam mulheres despenteadas com panelas, os peixes eram pesados quase na mão, enquanto os vendedores em mangas de camisa gritavam os preços. E quando, sobre o alegre movimento da manhã, soprava o vento fresco e perturbador, dir-se-ia que a população inteira se preparava para um embarque. ClariceLispector. A cidade sitiada. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 15-6. Com referência às ideias e às estruturas do texto acima, julgue (C ou E) o item que se segue. Os segmentos “um automóvel impaciente buzinava” e “entre os caminhões que pediam passagem” expressam a mesma figura de linguagem. Certo Errado Questão 27: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2014 Assunto: Figuras de Linguagem Texto I: para a questão Quanto a mim mesma, sem mentir nem ser verdadeira — como naquele momento em que ontem de manhã estava sentada à mesa do café — quanto a mim mesma, sempre conservei uma aspa à esquerda e outra à direita de mim. De algum modo “como se não fosse eu” era mais amplo do que se fosse — uma vida inexistente me possuía toda e me ocupava como uma invenção. (...) Enquanto eu mesma era, mais do que limpa e correta, era uma réplica bonita. Pois tudo isso é o que provavelmente me torna generosa e bonita. Basta o olhar de um homem experimentado para que ele avalie que eis uma mulher de generosidade e graça, e que não dá trabalho, e que não rói um homem: mulher que sorri e ri. Essa imagem de mim entre aspas me satisfazia, e não apenas superficialmente. Eu era a imagem do que não era, e essa imagem do não ser me cumulava toda: um dos modos mais fortes é ser negativamente. Como eu não sabia o que era, então “não ser” era a minha maior aproximação da verdade: pelo menos eu tinha o lado avesso: eu pelo menos tinha o “não”, tinha o meu oposto. O meu bem eu não sabia qual era, então vivia com algum pré-fervor, o que era o meu “mal”. Clarice Lispector. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964, p. 30-1 (com adaptações). Em relação ao texto I acima, julgue (C ou E) o item seguinte. A sentença “Eu era a imagem do que não era” expressa um paradoxo ou oximoro. Certo Errado Questão 28: CEBRASPE (CESPE) - AL (CAM DEP)/CAM DEP/Área XX/Consultor Legislativo/2014 Assunto: Figuras de Linguagem Eis a razão pela qual acredito estarmos caminhando para a edificação de uma nova ordem mundial, assentada em parâmetros razoavelmente distintos daqueles que prevaleceram nas duas últimas décadas. Aprendemos que o fim do sistema bipolar (...) não teve o dom de sepultar interesses divergentes e claros antagonismos, sempre presentes na área internacional. Entendemos, ademais, que o mercado, por sua própria natureza, não é a instância adequada para tomar decisões políticas, que afetam milhões de pessoas. Por fim, mas não menos significativo, percebemos que o combate a um inimigo difuso, a cuja sanha destruidora e ensandecida todos devemos opor tenaz resistência para dela não nos tornarmos reféns, requer esforço conjunto e solidário, somente possível pelo acordo que não se impõe, mas que se celebra pela busca de convergência possível. Isso é Política. É nesse novo quadro histórico que emerge, renovada e fortalecida, a instituição parlamentar. Dela se espera, agora mais do que nunca, que agregue às suas funções tradicionais — debater, legislar e fiscalizar — novos e mais amplos horizontes de atuação, nos quais a política externa e as relações internacionais ocupam posição nuclear. Não mais se admite que, ao Parlamento, caibam apenas funções subsidiárias, a homologar decisões do Executivo, quase sempre desempenhando um papel que não foge do mero formalismo. Referendar tratados e acordos internacionais, sem a mínima possibilidade de interferir em sua elaboração, deverá constituir-se em imagem do passado, página virada de uma História que estimaríamos não mais se repetisse. (...) Eis porque, Caros Colegas de todas as Américas, nosso maior desafio, nestes tempos de tantas incertezas e permanentes tensões, é prover o Parlamento das mais amplas condições, a começar pela excelência técnica, para participar ativamente do processo das grandes decisões, das nacionais àquelas que envolvem as relações internacionais. Assumir a parcela que lhe cabe, na construção de uma nova ordem mundial, mais justa e equânime, é missão da qual não pode fugir, sob pena de desfigurar-se por completo como voz da cidadania. Estou certo de que esse desafio se transforma em nosso compromisso. E, assim, estaremos contribuindo para a construção de um mundo melhor. Com os pés fixos em nossa província, zelando pelo bem-estar dos cidadãos que representamos, haveremos de alçar voos maiores lançando nosso atento olhar para todo o planeta. Ramez Tebet. Discurso proferido na Abertura da III Conferência Parlamentar das Américas. Rio de Janeiro, 19/11/2001. Em relação ao texto acima, julgue o item. No último parágrafo, verifica-se, entre outros aspectos linguísticos, o emprego de clichê e de antítese. Certo Errado Questão 29: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2013 Assunto: Figuras de Linguagem Cobra Norato XXVIII A floresta se avoluma Movem-se espantalhos monstros riscando sombras estranhas pelo chão Árvores encapuzadas soltam fantasmas com visagens do lá se vai O luar amacia o mato sonolento Lá adiante o silêncio vai marchando com uma banda de música Floresta ventríloqua brinca de cidade Movem-se arbustos cúbicos sob arcadas de samaúma Palmeiras aneladas se abanam Jaburus de monóculo namoram estrelas míopes João Cutuca belisca árvores Passa lá embaixo a escolta do Rei de Copas Chegam de longe ruídos anônimos O mato se acorda Cipós fazem intrigas no alto dos galhos Desatam-se em gargalhadinhas Uma árvore telegrafou para outra: psi psi psi Desembarcam vozes de contrabando Sapos soletram as leis da floresta Lá em cima um curió toca flauta Estira-se o rio O mato é um acompanhamento Desfiam-se as distâncias entre manchas de neblina ― Lá vai indo um navio, compadre! Jaquirana-boia apita Uma árvore abana adeus do alto de um galho XXIX ― Escuta, compadre O que se vê não é navio É a Cobra Grande ― Mas o casco de prata? As velas embojadas de vento? Aquilo é a Cobra Grande Quando começa a lua cheia ela aparece Vem buscar moça que ainda não conheceu homem A visagem vai se sumindo pras bandas de Macapá Neste silêncio de águas assustadas parece que ainda ouço um soluço quebrando-se na noite ― Coitadinha da moça Como será o nome dela? Se eu pudesse ia assistir o casamento ― Casamento de Cobra Grande chama desgraça, compadre Só se a gente arranjar mandinga de defunto Ué! Então vamos Lobisomem está de festa no cemitério Raul Bopp. Cobra Norato. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009, p. 44-9. A respeito das relações semântico-sintáticas no poema Cobra Norato, de Raul Bopp, julgue (C ou E) o item subsequente. No verso “Vem buscar moça que ainda não conheceu homem” (v.38), o atributo do núcleo nominal “moça” é expresso por estrutura oracional que corresponde a uma perífrase. Certo Errado Questão 30: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2011 Assunto: Figuras de Linguagem Texto para a questão. Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria — o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater. Mas, para quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. Pois Oscar é não só o avesso do causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha vida. Sua modéstia não é, como de comum, uma forma infame de vaidade. Ela não tem nada a ver com o conhecimento realista — que Oscar tem — de seu valor profissional e de suas possibilidades. É a modéstia dos criadores verdadeiramente integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a perder, é preciso construir a beleza e a felicidade no mundo, por isso mesmo que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário. Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicasnas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver. Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento como o de Oscar Niemeyer, velho e querido amigo, como não me emocionar? Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1982, p. 134-5 (com adaptações). Acerca dos mecanismos de coesão empregados no texto, julgue (C ou E) o item subsequente. Na linha 2, o vocábulo “arquiteto” retoma por substituição o nome próprio “Oscar Niemeyer”, empregado na linha 1, mecanismo que corresponde a uma variedade de metonímia e por meio do qual se evita a repetição de vocábulo. Certo Errado Questão 31: CEBRASPE (CESPE) - Diplomata/IRBr/2011 Assunto: Figuras de Linguagem Texto para a questão. Deixei os braços pousarem na madeira inchada e úmida, abri um pouco a janela a pensar que isso de olhar a chuva de frente podia abrandar o ritmo dela, ouvi lá embaixo, na varanda, os passos da avó Agnette, que se ia sentar na cadeira da varanda a apanhar ar fresco, senti que despedir-me da minha casa era despedir- me dos meus pais, das minhas irmãs, da avó e era despedir-me de todos os outros: os da minha rua, senti que rua não era um conjunto de casas mas uma multidão de abraços, a minha rua, que sempre se chamou Fernão Mendes Pinto, nesse dia ficou espremida numa só palavra que quase me doía na boca se eu falasse com palavras de dizer: infância. A chuva parou. O mais difícil era saber parar as lágrimas. O mundo tinha aquele cheiro da terra depois de chover e também o terrível cheiro das despedidas. Não gosto de despedidas porque elas têm esse cheiro de amizades que se transformam em recordações molhadas com bué de lágrimas. Não gosto de despedidas porque elas chegam dentro de mim como se fossem fantasmas mujimbeiros* que dizem segredos do futuro que eu nunca pedi a ninguém para vir soprar no meu ouvido de criança. Desci. Sentei-me perto, muito perto da avó Agnette. Ficamos a olhar o verde do jardim, as gotas a evaporarem, as lesmas a prepararem os corpos para novas caminhadas. O recomeçar das coisas. — Não sei onde é que as lesmas sempre vão, avó. — Vão pra casa, filho. — Tantas vezes de um lado para o outro? — Uma casa está em muitos lugares — ela respirou devagar, me abraçou. — É uma coisa que se encontra. *Mujimbeiro: fofoqueiro. Ondjaki. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007, p. 145-6 (com adaptações). A respeito do texto, julgue (C ou E) o item que se segue. O fato de o texto ter sido escrito na primeira pessoa do singular justifica o emprego da linguagem sinestésica em trechos como “O mundo tinha aquele cheiro da terra depois de chover e também o terrível cheiro das despedidas”, recurso inviável em textos escritos na terceira pessoa. Certo Errado Questão 32: CEBRASPE (CESPE) - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2006 Assunto: Figuras de Linguagem Texto Juscelino Kubitscheck • Informa ao Senado ter tomado conhecimento de sua próxima cassação (3/6/1964). O SR. JUSCELINO KUBITSCHEK — (Para explicar, lê o seguinte discurso) — Sr. Presidente, Srs. Senadores, na previsão de que se confirme a cassação dos meus direitos políticos, que implicaria na cassação do meu direito de cidadão (ser candidato do Partido Social Democrático ao futuro pleito presidencial) e de representante do povo de Goiás, julgo de meu dever dirigir, desta tribuna, algumas palavras à Nação brasileira. Faço-o agora para que, se o ato de violência vier a consumar-se, não me veja eu privado do dever de denunciar o atentado que na minha pessoa vão sofrer as instituições livres. Não me é lícito perder uma oportunidade que não me pertence, mas pertence a tudo o que represento nesta hora. (...) Se me forem retirados os direitos políticos, como se anuncia em toda a parte, não me intimidarei, não deixarei de lutar. Do ponto de vista de minha biografia, só terei do que me orgulhar desse ato. Lamento apenas que a Nação, através do Partido que recentemente me indicou para as eleições de 65, sofra essa vil afronta. Mas essa mesma afronta terá reparação certa pelas urnas, ao primeiro ensejo, com qualquer outro nome pessedista. Por que, então, Sr. Presidente, é o caso de perguntar-me, se me deveria envaidecer de tão grande privilégio — o de ser alvo principal da luta antidemocrática — por que me invade neste instante uma tristeza das mais terríveis por que já passei em toda a minha acidentada vida pública? Essa tristeza nasce, sem dúvida de que, se por um lado me oferecem uma oportunidade de glória, por outro lado ferem o nosso País, humilhando na minha pessoa a nossa civilização, degradando- nos no conceito das demais nações livres e fazendo na Revolução algo que merecerá o repúdio de todos os democratas do mundo. É com esse terrível sentimento de pesar que espero a consumação da iniqüidade que anunciam para breve. Grandes momentos do parlamento brasileiro. Brasília: Senado Federal, Presidência, 1998, vol. I, p. 311-2. Considerando aspectos morfossintáticos do discurso de Juscelino Kubitscheck, julgue o item subseqüente. O último período do primeiro parágrafo é construído sintática e semanticamente com base nas figuras de linguagem denominadas assíndeto e hipérbole. Certo Errado Questão 33: CEBRASPE (CESPE) - Aud Fisc (Limeira)/Pref Limeira/2006 Assunto: Figuras de Linguagem O lado perverso do consumo excessivo é que ele se restringe a uma minoria concentrada principalmente nos países ricos. Apenas 1,7 bilhão dos atuais 6,3 bilhões de pessoas que habitam o planeta têm hoje condições de consumir além das necessidades básicas. Ainda assim, a demanda por matéria-prima e energia cresce, precipitando o mundo na direção de um impasse civilizatório: ou a sociedade de consumo enfrenta o desafio da sustentabilidade ou teremos cada vez menos água doce e limpa, menos florestas, menos solos férteis, menos espaço para a monumental produção de lixo e outros efeitos colaterais desse modo suicida de desenvolvimento. André Trigueiro. Mundo sustentável. São Paulo: Globo, 2005, p. 22. Em relação ao texto acima, julgue o item a seguir. A repetição da palavra “menos” provoca o efeito de sentido de ênfase. Certo Errado Questão 34: CEBRASPE (CESPE) - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2006 Assunto: Figuras de Linguagem Texto O discurso cairuense particulariza-se, do ponto da organização formal e da estratégia teórico-ideológica, na articulação parlamentar. Em linhas gerais, pode-se dizer que ele se caracteriza pelo relato simples e objetivo e pela análise dos problemas nacionais mais candentes da época. E o faz dentro da melhor técnica, combinando o jogo da eloqüência com o exame meticuloso e realista das proposições que lhe são submetidas. Usa a retórica de uma forma que convém ao estilo da casa, sem as palavras alçarem vôos insopitáveis, ao ambiente em que tramitam os projetos da política e da administração públicas, voltados para a dialética do concreto, para a gerência das circunstâncias tumultuadas ou desafiantes de problemas que emergem da sociedade brasileira: os econômicos, os políticos, os jurídicos, etc., numa complexidade que reclama o estudo detido, a discussão aberta e atualizada, por vezes a retrospectiva histórica. Mas sempre a demandar o senso real das coisas. João Alfredo de Sousa Montenegro. O discurso autoritário de Cairu. Brasília: Senado Federal, 2000, Coleção Brasil 500 anos, 2.ª ed., p. 235. Considerando os sentidos e as estruturas lingüísticas do texto acima, bem como as noções que cercam o conceito de retórica e argumentação, julgue o itemsubseqüente. Quando se atribui às palavras o poder de “alçarem vôos insopitáveis”, está-se lançando mão de uma figura de estilo chamada metonímia. Certo Errado Questão 35: CEBRASPE (CESPE) - PPF/PF/1997 Assunto: Figuras de Linguagem BRASILEIRO CEM MILHÕES Telefonei para a maternidade indagando se havia nascido o bebê n.º 100.000.000. e não souberam informar-me: - De zero hora até este momento nasceram oito, mas nenhum foi etiquetado com esse número. É uma falha do nosso registro civil: as crianças não recebem números ao nascer. Dão-lhes apenas um nome, às vezes surrealista, que acompanhará por toda a vida como pesadelo, quando à numeração pura e simples viria garantir identidade insofismável, poupando ainda o vexame de carregar certos antropônimos. Centenas de milhares nascem João ou José, mais o homem ou a mulher 25.786.439 seria uma única pessoa viva, muito mais fácil de cadastrar no Imposto de Renda e nos mil outros fichários com que é policiada a nossa existência. Passei por baixo do viaduto, onde costumam nascer filhos do vento, e reinava uma paz de latas enferrujadas e grama sem problemas. Ninguém nascera ali depois da meia-noite. O dia 21 de agosto, marcado para o advento do brasileiro cem-milhões, transcorria sem que sinal algum, na terra ou no ar, registrasse o acontecimento. Seria vaidade irrisória proclamar-se ele o 100.000.000.º menbro eufórico da geração dos 100 milhões, e saber-se apenas mais um marginalizado, que só por artifício de média ganha sua fatia no bolo do Produto Nacional Bruto. Não desejo o herói do monumento nem mártir anônimo. Prefiro vê-lo como um ser capaz de fazer alguma coisa de normal numa sociedade razoavelmente suportável, em que a vida não seja obrigação estupida, sem pausa para fruir a graça das coisas naturais e o que lhes acrescentou a imaginação humana. Olho para esse brasileiro cem-milhões, nascido ontem ou por nascer daqui a algumas semanas, como se ele fosse meu neto... bisneto, talvez. Pois quando me dei conta de mim, isto ai era um país de 20 milhões de pessoas, diluídas num território quase só mistério, que aos poucos se foi desbravando, mantendo ainda bolsões de sombra. Vi crescer a terra e lutarem os homens, entre desajustes e sofrimentos. Os maiorais que dirigiam o processo lá se foram todos. Vieram outros e outros, e encontro nesta geração um novo rosto de vida que se interroga. Há muita ingenuidade, também muita coragem, e os problemas se multiplicam com o crescimento desordenado. Somos mais ricos... e também mais pobres. Meu querido e desconhecido irmão n.º 100.000.000, onde quer que estejas nascendo, fica de olho no futuro, presta atenção nas coisas para que não façam de ti subproduto de consumo, e boa viagem pelo século XXI a dentro. ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias e não-notícias faz-se a crônica. 6. ed. Rio de Janeiro:Record, 1993. pág. 11-3 Com base nos recursos estilísticos utilizados no texto, julgue o item a seguir. Quando se refere ao fato de as crianças, ao nascerem, receberem um nome, "às vezes surrealista, que as acompanhará por toda a vida como pesadelo", o autor está carregando sua linguagem de traços exagerados, hiperbólicos. Certo Errado Questão 36: CEBRASPE (CESPE) - PPF/PF/1997 Assunto: Figuras de Linguagem BRASILEIRO CEM MILHÕES Telefonei para a maternidade indagando se havia nascido o bebê n.º 100.000.000. e não souberam informar-me: - De zero hora até este momento nasceram oito, mas nenhum foi etiquetado com esse número. É uma falha do nosso registro civil: as crianças não recebem números ao nascer. Dão-lhes apenas um nome, às vezes surrealista, que acompanhará por toda a vida como pesadelo, quando à numeração pura e simples viria garantir identidade insofismável, poupando ainda o vexame de carregar certos antropônimos. Centenas de milhares nascem João ou José, mais o homem ou a mulher 25.786.439 seria uma única pessoa viva, muito mais fácil de cadastrar no Imposto de Renda e nos mil outros fichários com que é policiada a nossa existência. Passei por baixo do viaduto, onde costumam nascer filhos do vento, e reinava uma paz de latas enferrujadas e grama sem problemas. Ninguém nascera ali depois da meia-noite. O dia 21 de agosto, marcado para o advento do brasileiro cem-milhões, transcorria sem que sinal algum, na terra ou no ar, registrasse o acontecimento. Seria vaidade irrisória proclamar-se ele o 100.000.000.º menbro eufórico da geração dos 100 milhões, e saber-se apenas mais um marginalizado, que só por artifício de média ganha sua fatia no bolo do Produto Nacional Bruto. Não desejo o herói do monumento nem mártir anônimo. Prefiro vê-lo como um ser capaz de fazer alguma coisa de normal numa sociedade razoavelmente suportável, em que a vida não seja obrigação estupida, sem pausa para fruir a graça das coisas naturais e o que lhes acrescentou a imaginação humana. Olho para esse brasileiro cem-milhões, nascido ontem ou por nascer daqui a algumas semanas, como se ele fosse meu neto... bisneto, talvez. Pois quando me dei conta de mim, isto ai era um país de 20 milhões de pessoas, diluídas num território quase só mistério, que aos poucos se foi desbravando, mantendo ainda bolsões de sombra. Vi crescer a terra e lutarem os homens, entre desajustes e sofrimentos. Os maiorais que dirigiam o processo lá se foram todos. Vieram outros e outros, e encontro nesta geração um novo rosto de vida que se interroga. Há muita ingenuidade, também muita coragem, e os problemas se multiplicam com o crescimento desordenado. Somos mais ricos... e também mais pobres. Meu querido e desconhecido irmão n.º 100.000.000, onde quer que estejas nascendo, fica de olho no futuro, presta atenção nas coisas para que não façam de ti subproduto de consumo, e boa viagem pelo século XXI a dentro. ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias e não-notícias faz-se a crônica. 6. ed. Rio de Janeiro:Record, 1993. pág. 11-3 Com base nos recursos estilísticos utilizados no texto, julgue o item a seguir. Há uma situação antítética subjacente em "Não o desejo herói de monumento nem mártir anônimo." Certo Errado Questão 37: CEBRASPE (CESPE) - PPF/PF/1997 Assunto: Figuras de Linguagem BRASILEIRO CEM MILHÕES Telefonei para a maternidade indagando se havia nascido o bebê n.º 100.000.000. e não souberam informar-me: - De zero hora até este momento nasceram oito, mas nenhum foi etiquetado com esse número. É uma falha do nosso registro civil: as crianças não recebem números ao nascer. Dão-lhes apenas um nome, às vezes surrealista, que acompanhará por toda a vida como pesadelo, quando à numeração pura e simples viria garantir identidade insofismável, poupando ainda o vexame de carregar certos antropônimos. Centenas de milhares nascem João ou José, mais o homem ou a mulher 25.786.439 seria uma única pessoa viva, muito mais fácil de cadastrar no Imposto de Renda e nos mil outros fichários com que é policiada a nossa existência. Passei por baixo do viaduto, onde costumam nascer filhos do vento, e reinava uma paz de latas enferrujadas e grama sem problemas. Ninguém nascera ali depois da meia-noite. O dia 21 de agosto, marcado para o advento do brasileiro cem-milhões, transcorria sem que sinal algum, na terra ou no ar, registrasse o acontecimento. Seria vaidade irrisória proclamar-se ele o 100.000.000.º menbro eufórico da geração dos 100 milhões, e saber-se apenas mais um marginalizado, que só por artifício de média ganha sua fatia no bolo do Produto Nacional Bruto. Não desejo o herói do monumento nem mártir anônimo. Prefiro vê-lo como um ser capaz de fazer alguma coisa de normal numa sociedade razoavelmente suportável, em que a vida não seja obrigação estupida, sem pausa para fruir a graça das coisas naturais e o que lhes acrescentou a imaginação humana. Olho para esse brasileiro cem-milhões, nascido ontem ou por nascer daqui a algumas semanas, como se ele fosse meu neto... bisneto, talvez. Pois quandome dei conta de mim, isto ai era um país de 20 milhões de pessoas, diluídas num território quase só mistério, que aos poucos se foi desbravando, mantendo ainda bolsões de sombra. Vi crescer a terra e lutarem os homens, entre desajustes e sofrimentos. Os maiorais que dirigiam o processo lá se foram todos. Vieram outros e outros, e encontro nesta geração um novo rosto de vida que se interroga. Há muita ingenuidade, também muita coragem, e os problemas se multiplicam com o crescimento desordenado. Somos mais ricos... e também mais pobres. Meu querido e desconhecido irmão n.º 100.000.000, onde quer que estejas nascendo, fica de olho no futuro, presta atenção nas coisas para que não façam de ti subproduto de consumo, e boa viagem pelo século XXI a dentro. ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias e não-notícias faz-se a crônica. 6. ed. Rio de Janeiro:Record, 1993. pág. 11-3 Com base nos recursos estilísticos utilizados no texto, julgue o item a seguir. No terceiro parágrafo, ao afirmar que "milhares nascem João ou José" e que se números fossem usados seria "mais fácil de cadastrar no Imposto de Renda", o autor está se valendo da ironia como recurso estilístico. Certo Errado Questão 38: CEBRASPE (CESPE) - APF/PF/1997 Assunto: Figuras de Linguagem COMPRAR REVISTA Parou, hesitante; em frente à banca de jornais. Examinou as capas das revistas, uma por uma. Tirou do bolso o recorte, consultou-o. Não, não estava incluída na relação de títulos, levantada por ordem alfabética. Mas quem sabe havia relação suplementar, feita na véspera? Na dúvida, achou conveniente estudar a cara do jornaleiro. Era a mesma de sempre. Mas a talvez ocultasse alguma coisa, sob a aparência habitual. O jornaleiro olhou para ele, sem transmitir informação especial no olhar, além do reconhecimento do freguês. Peço? Perguntou a si mesmo. Ou é melhor sondar a barra? − Como vão indo as coisas? − Vão indo, meio paradas. − Não tem vendido muita revista? O jornaleiro fitou-o, sério: − Nem todo o dia é dia de vender muita. − Eu sei, mais tem revista e revista ? − Lá isso é. − A lista está completa ? − Que lista? − Das revistas proibidas. − Ah, sim, o listão. O senhor queria que não estivesse completo? − Eu? Perguntei, apenas. Gosto de saber das coisas com certeza. Às vezes a gente pede uma revista que não tem mais, que não pode mais ter à venda, e... − Por isso que perguntei. Não quero grilo, entende? − Entendi. − Nem para o senhor nem para mim, é lógico. − Tá legal. − Além do mais, gosto de cumprir a lei. O senhor também não gosta? − Muito. − Sou assim. Sempre gostei. Cumpro a lei, cumpro o decreto, cumpro o regulamento, cumpro a portaria, cumpro tudo. − Eu também, e daí? − Daí, não estou vendo a revista que eu queria, e fico sem saber se posso querer, se a lei me autoriza a querer minha revista. − Bem, se não está no listão, eu tenho. − E por que não expõe? − Não posso expor tudo ao mesmo tempo. Tenho que mostrar as revistas esportivas, as de palavras cruzadas, as de cozinha, os fascículos de bichos e viagens, as leis de impacto... Como é que sobra lugar? − Compreendo. Mas não achando a revista exposta, receei que ela não pudesse mais circular. − Por quê? Tem muita mulher nua, colorida, página dupla? − Não. − Marmanjo nu, como está na moda? − Também não. De vez em quando publica umas fotos pequeninas, de cenas de filmes ou peças de teatro, com barrigas e pernas de fora. Me interessa é as notícias, é como vai o mundo, e o que se comenta sobre ele. Quero uma revista de atualidades. − Por que não disse logo? − Porque tem atualidade e atualidade, então não sei? Pode me vender o Time, ou também ele já foi proibido? Veja bem, não desejo comprometê-lo. E muito menos a mim, é evidente. Mas só quero o Time se o senhor garantir que posso levar ele para casa sem infringir a lei. Carlos Drummond de Andrade. De noticias & não noticias faz-se a crônica. Rio de Janeiro, José Olympio. p. 158-50. 1975 (com adaptações) Carlos Drummond de Andrade, notável escritor da Literatura Brasileira, dá ao seu texto primoroso acabamento estilístico. Com base na estilística dos diálogos, julgue o item a seguir. Sabendo que time é uma palavra inglesa que significa tempo e que Time é o nome de uma revista de grande circulação internacional, percebe-se a utilização da ironia e do paradoxo, frente ao cerceamento da liberdade de imprensa, por parte do autor, ao redigir: "Pode me vender o Time, ou também ele já foi proibido?". Certo Errado Questão 39: CEBRASPE (CESPE) - AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018 Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc) Texto 6A3AAA A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, seja nas empresas, seja em cada um de seus departamentos. Ela é essencial em todas as funções da administração: o administrador precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar. Para os humanistas, a liderança pode ser analisada sob diversos ângulos, entre os quais estão: Liderança como um fenômeno de influência interpessoal. Liderança é a influência interpessoal exercida em uma situação e dirigida por meio do processo da comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. A liderança ocorre como um fenômeno social e exclusivamente nos grupos sociais. Ela decorre dos relacionamentos entre as pessoas em determinada estrutura social. Nada tem a ver com os traços pessoais de personalidade do líder. A influência significa uma força psicológica, uma transação interpessoal na qual uma pessoa age de modo a modificar o comportamento de outra de modo intencional. A influência envolve conceitos como poder e autoridade, abrangendo maneiras pelas quais se provocam mudanças no comportamento de pessoas ou de grupos sociais. Liderança como um processo de redução da incerteza de um grupo. O grau em que um indivíduo demonstra a qualidade de liderança depende não somente de suas próprias características pessoais, mas também das características da situação na qual ele se encontra.Liderança é um processo contínuo de escolha que permite que a empresa caminhe em direção a sua meta, apesar de todas as perturbações internas e externas. O grupo tende a escolher como líder a pessoa que lhe pode dar maior assistência e orientação (que defina ou ajude o grupo a escolher os rumos e as melhores soluções para seus problemas) para que alcance seus objetivos. A liderança éuma questão de redução da incerteza do grupo, e o comportamento pelo qual se consegue essa redução é a escolha, a tomada de decisão. Nesse sentido, o líder é um tomador de decisões ou aquele que ajuda o grupo a tomar decisões adequadas. Idalberto Chiavenato. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 122 (com adaptações). Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto 6A3AAA, julgue o item. Há uma ambiguidade quanto ao antecedente do sujeito elíptico da forma verbal “alcance”, que poderia ser dirimida caso essa forma verbal fosse flexionada no plural — alcancem —,estabelecendo-se co ncordância ideológica com a palavra “grupo”. Certo Errado Questão 40: CEBRASPE (CESPE) - TJ TJDFT/TJDFT/Apoio Especializado/Programação de Sistemas/2015 Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc) Texto para o item. A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, como o ouro e o cobre — condutor de ENERGIA ELÉTRICA. O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: — Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a iluminação natural. — Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. — Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do ambiente. — Utilize o computador no modo espera. Fique ligado! Evite desperdícios.Energia elétrica. A natureza cobra o preço do desperdício. Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações). Tendo como referência os aspectos gramaticais do texto, julgue o próximo item. A substituição da palavra “energia”, em “novas fontes de energia sustentáveis” por energias prejudicaria a clareza do texto, por resultar em ambiguidade em relação ao termo que a palavra “sustentáveis” modifica. Certo Errado Questão 41: CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ SE)/TJ SE/Apoio Especializado/Serviço Social/2014 Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc) A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, um código legal que se aplicava a Portugal e seus territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério. Também podia matá-la por meramente suspeitar de traição. Previa-se um único caso de punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua mulher uma “pessoa de maior qualidade”, o assassino poderia ser condenado a três anos de desterro na África. No Brasil República, as leis continuaram reproduzindo a ideia de que o homem era superior à mulher. O Código Civil de 1916 dava às mulheres casadas o status de “incapazes”. Elas só podiam assinar contratos ou trabalhar fora de casa se tivessem a autorização expressa do marido. Há tempos, o direito de matar a mulher, previsto pelas Ordenações Filipinas, deixou de valer. O machismo, porém, sobreviveu nos tribunais. O Código Penal de 1890 livrava da condenação quem matava “em estado de completa privação de sentidos”. O atual Código Penal, de 1940, abrevia a pena dos criminosos que agem “sob o domínio de violenta emoção”. Os “crimes passionais” — eufemismo para a covardia — encaixam-se à perfeição nessas situações. Em outra bem- sucedida tentativa de aliviar a responsabilidade do homem, os advogados inventaram o direito da “legítima defesa da honra”. O machismo é uma praga histórica. Não se elimina da noite para o dia. A criação da Lei Maria da Penha, em 2006, em que se previu punição para quem agride e mata mulheres, foi um primeiro e audacioso passo. O segundo passo contra o machismo é a educação. Ricardo Westin e Cintia Sasse. Dormindo com o inimigo. In: Jornal do Senado. Brasília, 4/jul./2013, p. 4-5. Internet: <www.senado.gov.br> (com adaptações). Em relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item. Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto, o terceiro período do primeiro parágrafo poderia ser reescrito da seguinte forma: Também era possível que o marido matasse a esposa pela mera suspeita de traição da parte dela. Certo Errado Questão 42: CEBRASPE (CESPE) - ERPDACGN (ANP)/ANP/Área XI/2013 Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc) Hoje, o petróleo e o carvão são responsáveis pela maior parte da geração de energia no mundo e há poucas perspectivas de mudanças da matriz energética mundial, em um futuro próximo. Sabe-se que o processo de combustão de combustíveis fósseis atualmente empregado é bastante ineficiente e é perdida boa parte da energia gerada. Relativamente ao petróleo, enquanto uma revolução tecnológica na área de energia não chega, busca-se conhecer melhor essa matéria-prima e trabalha-se para torná-la mais eficiente. No fim do século XIX, o aumento da procura do petróleo decorreu principalmente da necessidade de querosene para iluminação em substituição ao óleo de baleia, que se tornava cada vez mais caro. Produtos como a gasolina ou o dísel eram simplesmente descartados. Na época, o querosene de qualidade era aquele que não incorporava frações correspondentes a gasolina, pois haveria probabilidade de explosão, ou a dísel, que geraria uma chama fuliginosa. A título de curiosidade, a cor azul preponderante em companhias de petróleo derivou da cor das latas de querosene que não explodiam, como representação de seu selo de qualidade. No futuro, talvez daqui a 50 ou 100 anos, olhando para trás, perceba-se o desperdício da queima dessa matéria-prima tão rica! Cláudio Augusto Oller Nascimento e Lincoln Fernando Lautenschlager Moro. Petróleo: energia do presente, matéria-prima do futuro? In: Revista USP, n.° 89, 2011, p. 90-7 (com adaptações). Com relação às ideias e às estruturas gramaticais do texto, julgue o item. Caso a expressão “combustíveis fósseis” (ℓ.3) fosse substituída pela forma no singular combustível fóssil, o período em que essa expressão se insere se tornaria ambíguo. Certo Errado Questão 43: CEBRASPE (CESPE) - PPF/PF/2012 Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc) Romance LXXXI ou Dos Ilustres Assassinos Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 267-8. Com base no poema acima, julgue o item subsequente. Considerando-se as relações entre os termos da oração, verifica-se ambiguidade no emprego do adjetivo "pensativos" (v. 40), visto que ele pode referir-se tanto ao termo "vossos mortos" (v.38) quanto ao núcleo nominal "olhos" (v.40). Certo Errado Questão 44: CEBRASPE (CESPE) - Aux Admin (TJ RR)/TJ RR/2012 Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc) Os idosos que participam do projeto Cabelos de Prata, mantido pela Prefeitura de Boa Vista, estão sendo estimulados a assistir sessões de cinema. O objetivo dessa atividade é fortalecer o vínculo comunitário do idoso, por meio de ações integrativas como a participação em manifestações artísticas e culturais. Segundo o coordenador do projeto, esses eventos são importantes para a valorização da terceira idade no meio social e familiar. O coordenador ressalta, ainda, que os principais objetivos desse projeto são, além de proporcionar momentos de lazer e entretenimento aos participantes, fazer que eles exercitem a cidadania e contribuir para a elevação da autoestima, autonomia e independência diante da comunidade — o que reverterá em melhoria da qualidade de vida dessa população. Internet: www.bvnews.com.br (com adaptações). Em relação às ideias e às estruturas gramaticais do texto acima, julgue o item a seguir. A expressão “elevação da autoestima” é redundante, já que a ideia de “elevação” está contida no significado de “autoestima”. Certo Errado Questão 45: CEBRASPE (CESPE) - AJ TST/TST/Apoio Especializado/Estatística/2008 Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc) O mundo do trabalho tem mudado numa velocidade vertiginosa e, se os empregos diminuem, isso não quer dizer que o trabalho também. Só que ele está mudando de cara. Como também está mudando o perfil de quem acaba de sair da universidade, da mesma forma que as exigências da sociedade e − por que não? − do mercado, cada vez mais globalizado e competitivo. Tudo indica que mais de 70% do trabalho no futuro vão requerer a combinação de uma sólida educação geral com conhecimentos específicos; um coquetel capaz de fornecer às pessoas compreensão dos processos, capacidade de transferir conhecimentos, prontidão para antecipar e resolver problemas, condições para aprender continuamente, conhecimento de línguas, habilidade para tratar com pessoas e trabalhar em equipe. Revista do Provão, n.º 4, 1999, p. 13 (com adaptações). A partir do texto acima, julgue o item subseqüente. A interpretação coerente das idéias do texto permite associar "ele" tanto com "trabalho" quanto com "mundo do trabalho". Ambigüidades assim devem ser evitadas na redação de textos oficiais. Certo Errado Questão 46: CEBRASPE (CESPE) - Tec Leg (CL DF)/CL DF/Técnico Legislativo/2006 Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc) Mais iguais ou mais livres? Se, por um lado, não faria sentido algum dizer que, sem liberdade, não há igualdade, por outro, é perfeitamente legítimo dizer que, sem igualdade
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