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Estudo de Caso João e Maria se casaram ainda jovens e passaram a residir em uma pequena propriedade rural na região de Inema, distrito de Ilhéus. A posse foi adquirida por meio de um contrato de compra e venda firmado com Marcos, que à época alegava ser o legítimo possuidor do imóvel e que o mesmo não possuía donos conhecidos que pudessem reivindicá-lo. Recomendou a formalização do imóvel, pois com o tempo a sua propriedade poderia ser regularizada. Passados mais de vinte anos no imóvel, com extensão de 45 hectares, onde tornaram a terra produtiva, com auxílio de seus três filhos, Hugo, Zezinho e Luizinho, o casal veio a falecer. Cinco anos depois do ocorrido, Hugo e Zezinho deixam o imóvel e passam a residir em outra localidade. Hugo desenvolve uma união homoafetiva com Pedro, durante a qual adquirem uma casa em comum, no Bairro Nossa Senhora da Vitória em Ilhéus. Quatro anos após a união Hugo simplesmente abandona o imóvel, sem justificativas prévias e se muda para o Estado do Rio de Janeiro em local incerto. Nesse meio tempo, Luizinho passa a gerir com exclusividade a propriedade Rural no distrito de Inema. Esporadicamente seus irmãos costumam enviar ajuda em dinheiro pra custear as despesas de manutenção do imóvel e, inclusive costumam visitar o pequeno sítio em ocasiões festivas para descanso. Mas um vizinho de nome Augusto passa a reivindicar a propriedade das terras, alegando que possui o registro do imóvel em questão e que sua posse foi ocupada de forma irregular e precária por Marcos. Diante do cenário hipotético responda ao que se pede, preferencialmente utilizando argumentos doutrinários e jurisprudenciais. 1- Os vícios eventualmente decorrentes da posse de Marcos se transmitem aos herdeiros do casal João e Maria? Eles poderiam eventualmente obstar uma possível ação de usucapião? Não, pois a posse foi adquirida por meio de um contrato de compra e venda firmado com Marcos, que à época alegava ser o legítimo possuidor do imóvel e que o mesmo não possuía donos conhecidos que pudessem reivindicá-lo. Sim, os herdeiros do casal João e Maria, poderiam eventualmente obstar uma possível ação de usucapião, haja vista que, após os mais de vinte anos residindo no imóvel sem interrupção, onde tornaram a terra produtiva pelo trabalho de sua família, estão assegurados pelo Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe- á a propriedade. 2- Caso em vida o casal João e Maria resolvesse pleitear a regularização da propriedade a título originário qual o procedimento mais adequado a ser adotado? Justifique. O procedimento mais adequado seria os requerentes entrarem com uma ação de usucapião especial rural, nos ditames do artigo 1.239 do código civil. De fato, os requerentes possuíram pacificamente o imóvel durante 20 anos, sem que houvesse interrupção, nem oposição. Além do mais, a terra possuía 45 hectares e se tornou terra produtiva com o auxílio dos seus três filhos. 3- Pedro pode adotar alguma ação medida judicial para conseguir a propriedade exclusiva do imóvel em face de Hugo? Se sim, quais os requisitos legais a serem satisfeitos? Sim. Pedro poderá ajuizar a usucapião especial urbana individual por abandono do lar, também conhecida como usucapião familiar, se Hugo, por 2 (dois) anos ininterruptos abandonar o lar; se exercer, sem oposição, posse direta, com exclusividade do imóvel que foi adquirido na constância do casamento; Caso o imóvel urbano no Bairro Nossa Senhora da Vitória em Ilhéus possua até 250m², e seja utilizado para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural, conforme os requisitos explanados no artigo 1.240-A Código Civil. 4- Na qualidade de herdeiros de João e Maria, Luizinho pode, em caso de turbação dos outros irmãos, valer-se de uma ação possessória? Poderia ele, por exemplo, ajuizar uma ação de usucapião em face dos irmãos, caso detivessem a propriedade do imóvel? Em caso de turbação dos irmãos em face de Luizinho, ele pode se valer de ação de manutenção de posse, com base no Art. 560 do CPC, onde prevê que o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação. Em relação a ação de usucapião, não será possível seu ajuizamento, levando em consideração os requisitos previstos no art. 1.239, do CC/02. 5- Com uma ação possessória em curso, poderia Augusto recorrer a outra ação na qual se discutisse a propriedade? Fundamente. Sim. Nas ações possessórias não é discutido o domínio da propriedade, elas têm o objetivo de defender a posse do possuidor do imóvel. Augusto pode recorrer a qualquer outra ação que discuta a propriedade, a exemplo uma ação reivindicatória, tendo em vista que não possui a posse do referido imóvel. Assim, augusto ajuizar uma ação pra reivindicar a propriedade, mas não a posse, tendo em vista que ele nunca possuiu o imóvel. 6- Na hipótese, meramente hipotética, do reconhecimento da pretensão de Augusto de reaver a propriedade, como ficariam resolvidos questões envolvendo eventuais gastos e benfeitorias realizadas pela família de João e Maria no imóvel. Conforme o Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Ou seja, na hipótese do reconhecimento da pretensão de Augusto de reaver a propriedade, deveriam ser restituídos por direito a família de João e Maria, pelas benfeitorias necessárias e úteis realizadas por eles. ALUNAS: Jéssica Santos Ribeiro Vanessa C. C. Carmo Araujo Gabriele Guimaraes Santos
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