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CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS SISTEMA DIGESTÓRIO DE EQUINOS SEMIOLOGIA Anatomia: Formação do estômago e o duodeno, que é o início do ID, começam o jejuno (que é bem longo no cavalo) que é fixado apenas através do mesentério, então é solto na cavidade abdominal. Formação do íleo que é última porção do ID e começa IG formado pelo ceco que fica do lado direito - grande bomba de fermentação onde acontece a digestão de fibras mais grosseiras a partir da fermentação com a ajuda de microrganismos. Logo depois do ceco, é iniciada a porção de cólon ventral direito (que vai para o lado cranial do animal) e faz a primeira flexura, que é a flexura esternal, vai para o lado esquerdo como colón ventral esquerdo e logo depois faz uma outra flexura que é a flexura pélvica com a formação de colón dorsal esquerdo fazendo a ultima flexura que é a flexura diafragmática, volta para o lado direito como colón dorsal direito e da origem ao colón transverso seguido pelo colón menor e reto. Não consegue auscultar todas as porções, mas existem quadrantes que são possíveis de auscultar: Tem o colón ventral do lado esquerdo que consegue auscultar alguma porção, ausculta porções de ID e colón menor ainda no lado esquerdo (fossa paralombar e mais ventral). No lado direito é mais fácil de auscultar o ceco por conta do tamanho que ele ocupa, mas bem ventral ausculta colón ventral direito. Lado direito: Grande parte do ceco e descarga da válvula ílio cecal - final do ID é composto pelo íleo e para o alimento chegar no ceco para continuar a digestão tem essa válvula (parece trovão) e ainda o colón ventral direito. Lado esquerdo: Borborígmas por toda a região e quanto mais perto do ID mais som refletindo água pode ter. O estômago é muito pequeno e tem capacidade fisiológica de 18 litros, na natureza o animal pasta o dia todo e tem secreção de ácido clorídrico continua, predispondo a cólica (uma das particularidades que predispõe o animal a cólica – pequeno volume de estômago). Tem muito ID fixo apenas pelo mesentério e solto na cavidade abdominal também predispõe a cólicas. A flexura também predispõe a cólica, por que diminui o lúmen do intestino – no momento da flexura, principalmente, a pélvica, diminui bastante a luz. Etapas do atendimento: Identificação: proprietário, idade – animais mais jovens são predispostos a estresse/gastrite – neonatos: predisposição a retenção de mecônio, raça – qual esporte que ele faz - sexo - machos são mais predispostos a hérnias, enquanto as fêmeas podem desenvolver dores abdominais que 12 de setembro de 2016Página 1 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS podem parecer de cólicas, mas na verdade são de útero – gestação/torção uterina/dor visceral/ animal gestando/cólica renal. ANAMNESE É importante saber o sistema de criação (animal estabulado tem mais problemas com cólicas: pensando em estresse e diminuição do peristaltismo - andar ajuda no peristaltismo). Dieta: qualidade, quantidade – saber disponibilidade do alimento, quantas vezes come por dia, animal em criação extensiva come o dia todo em pequenas porções e animal estabulado come 3 vezes/dia), disponibilidade, quanto está comendo, como foi colocada a ração, alterações e ingestão hídrica (quantidade e se tem qualidade – cheiro). Estado reprodutivo, histórico de trabalho, programa de vermifugação, histórico de enfermidades, quais foram as medicações administradas: muitas vezes ele já foi medicado e pode ter evolução do quadro ou pode ter o início de mascaramento de problema, características dessa dor (como é, se é intermitente – pode ser gastrite), defecação e micção: cavalos com cólica não defecam e a micção é importante: se está tão desidratado a ponto de não urinar, se está com dificuldade de micção e cavalo vai ficar em posição mais confortável diante da dor que está sentindo, fica mais deprimido e contraído (parece que vai urinar). EXAME FÍSICO Parâmetros vitais (estado geral, FC, FR, TºC, TPC, mucosas e turgor de pele) e exame do sistema digestório. FC dor leve de 40-60/ dor moderada 60-80/ dor severa acima de 80 FR dor leve 20-40/ dor moderada 30-50/ dor severa 40-60 Desidratação: antes dos 5% dificilmente consegue enxergar (TPC e mucosa) - 6 a 8% TPC de 1 a 2 seg (classificado normal) + turgor de pele de 2-4 seg, - 8 a 10% TPC de 2 a 4 seg + turgor de 6 a 10 segundos - 10 a 12 % TPC acima de 4 + turgor acima de 10 seg (mucosa ressecada e enoftalmia – olho fundo). PROCEDIMENTOS AUXILIARES: Controle da dor (pode mascarar o diagnóstico) Terapia de suporte (em alguns casos precisa fazer antes do diagnóstico definitivo para decidir a conduta) Decisão de conduta – quanto mais cedo saber para onde correr com cólica, melhor é o resultado final. Sinais de dor abdominal: cavalo olhando para o flanco (“olha para o lado que está doendo”), cavalo apático, cabisbaixo, pateamento (cava no chão), bate com a pata no chão, cavalo rolando, brinca com a água, torções uterinas também podem dar dor que pensa em síndrome cólica (histórico, ciclo reprodutivo, auscultação, etc), morder o flanco, bater forte pata no chão, escoicear o abdome, sentar (posição de tentar um conforto, problema neurológico ou cólica), sudorese 12 de setembro de 2016Página 2 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS intensa, hiperexcitabilidade (muita dor, tentando se jogar) seguido por um processo de depressão, machos: auto-masturba (expõe o pênis e começa a bater na cavidade abdominal). AUSCULTAÇÃO INTESTINAL: Temos 4 pontos de auscutação: 2 do lado direito e 2 do lado esquerdo - ID, ceco, colón ventral direito e colón ventral esquerdo. O normal é de 2 descargas íleo cecal inteiras na região da fossa parolombar direita em 5 minutos. Pode ter atonia (silêncio) e demonstra isso com um traçado (cavalo normal com ++), hipomotilidade (+) e hipermotilidade (+++). Sondagem nasogástrica (diagnóstica e terapêutica): A PRIMEIRA coisa que temos que fazer quando o cavalo está apresentando síndrome cólica é a sondagem nasogástrica - Passa uma sonda na narina, vai atingir o esôfago e descer para o estômago. Temos que lembrar que na região existe o esôfago e traquéia – quando passamos a sonda via nariz, ela tem que ter uma curvatura para chegar um pouco mais dorsal e entrar no esôfago (alguns animais deglutem quando está perto da região oro-faríngea) e quando fizerem a sondagem pode assoprar pensando na musculatura do esôfago, pois ele tende a estar mais colabado. Se bater a sonda e ela foi para a traquéia: ela passa mais fácil, não tem muita resistência. Se está no esôfago além do animal deglutir ou não, vai ter uma resistência um pouco maior (cuidado para não machucar a mucosa) e percebemos a fermentação - sente um cheiro diferenciado. Ter baldes graduados para saber a quantidade de liquido que está saindo e se precisar lavar o estômago, conseguimos saber o quanto está colocando e tirando. O cavalo não vomita e se romper o estômago ele vai a óbito – colocar a sonda! Serve de modo diagnóstico e terapêutico, gera grande alívio (até mais que analgésico). Classificamos o líquido de acordo com o volume, cor, aspecto, odor e ph - Quando está no estômago ele tem fibras maiores com líquido verde e quantidade bem menor (menos que 5 litros) e ph ácido e o líquido está vindo de fato do estômago, não é refluxo entero-gástrico. Se passou a sonda e chegou ao ID - líquido está acima de 5 litros, é cor de castanho – preto com partículas finas, cheiro de fezes e ph alcalino. 12 de setembro de 2016Página 3 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS No IG não é capaz de voltar o líquido, porém sempre tem que sondar. Palpação retal: Uma limitação é o tamanho de braço e cavalo onde só consegue palpar terço distal, mas consegue palpar. Quando estamos realizando a palpação retal estamos diante de uma mucosa fragilizada. Logo que coloca a mão no reto - percebe as sibalas de colón menor, junto com isso tem o maior órgão digestório do lado direito – ceco (sente as tênias do ceco), mais na região mais dorsal tem baço/rim/ligamentonefroesplênico - muitas vezes não chega ao lado esquerdo e palpar o rim, mas pode ter o encarceramento do ligamento nefroesplênico e consegue palpar o RE, consegue sentir a aorta na região dorsal - e na região mais ventral a flexura pélvica e colón ventral. Normalmente não consegue palpar ID, a menos que as alças estejam distendidas. Este exame pode ajudar no auxílio para decisão se o caso é clínico ou cirúrgico. Abdominocentese: Também ajudar, a saber, se a cólica é clínica ou cirúrgica, remete condição de alça intestinal (isquemia) - Pode fazer com uma tricotomia, antissepsia, botão anestésico, incisão com bisturi, coloca uma cânula de ruminantes e tende a passar a muscular na linha Alba e chegar na cavidade abdominal para retirar o lubrificante – liquido peritoneal. Geralmente se faz com agulhas hipodérmicas estéreis e do mesmo jeito faremos tricotomia, antissepsia - e vai agulhar o animal na região mais baixa da barriga, coleta as células e o liquido peritoneal - manda para análise (esse líquido vai remeter qual foi o sofrimento da alça intestinal até agora). Vamos avaliar coloração e aspecto (tem que ser amarelo claro e translúcido), coagulação, proteínas/lactato (junto com a sorologia) e citologia. Uma vez que esse liquido está turvo (células inflamatórias e microrganismos) pode ser indicativo de uma alteração. US: Mede parede intestinal, mucosa (quanto tem de sofrimento e espessura), consegue ver obstrução. DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO CÓLICA É definida como a manifestação dolorosa de dor visceral. Sinais clínicos relacionados a dor abdominal: deita e levanta, rola no solo, olha para o flanco, sapatear e coicear o abdome, cavar com os membros anteriores, brincar com a água, hiper-hidrose, posições anômalas, dilatação abdominal, taquicardia/taquipnéia, menor elasticidade cutânea, maior TPC e congestão das mucosas. 12 de setembro de 2016Página 4 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS Inspeção: Dor leve: olhar o flanco, posição de micção, brincar com a água, anorexia, flêmen (reflexo com boca ao ver égua no cio, pode ser também manifestação de dor) e tenta se morder. Dor moderada: cavar, deitar, taquipnéia, escoicear abdome, está em sudorese, hiperexcitado e cavando a baia, mas em situações de chatice também pode cavar a baia. Dor severa: rolar, sudorese, atirar-se no chão e morder o abdome na tentativa de morder o próprio flanco. Clínica X Cirurgia: Rápida piora no quadro, evolução muito ruim, dor refratária a analgésicos (animal não melhora nem com a sondagem e nem com analgésicos), não responde ao tratamento (perturbações na alça intestinal que pode ser irreversível – tanto na alça que está seqüestrando muito volume líquido, muito líquido para essa alça e pensando no circulatório de uma forma geral), distensão abdominal severa (cavalo vira um balão), anormalidades na palpação retal (ex: deslocamento de colón, encarceramento de ligamento nefroesplênico, ceco dilatado) e alterações no liquido peritoneal. A indicação cirúrgica é saber qual o tamanho do comprometimento das alças intestinais, quanto tem de isquemia, está compactado ou não, deslocado ou não. DILATAÇÃO GÁSTRICA Tem o estômago com os 18 litros ocupados e por uma situação de ingestão excessiva de carboidratos, volumoso e grãos – fermentação - começa a dilatar. Muitas vezes, o animal tem privação de água (água ajuda a manter salivação, o peristaltismo segmentar e propulsivo e mandar o conteúdo de ingesta para o ID) - quando ele ingere muito carboidrato o alimento se acumula no estômago e não há digestão. Quando tem muito alimento no estômago, já começa o sequestro de fluido da circulação para dentro dele, existe formação de gás e esse gás vai continuar dilatando esse estomago – se não fizermos nada, ele vai romper porque o cavalo não vomita, se tem um quadro de ingestão excessiva tende a formar muito gás (fermentação), dilatar o estômago e romper. O que fazer nesse caso? Sondagem nasogástrica (diagnóstico – líquido ácido, partículas grosseiras, fermentação e vai ser menos que 5 litros, mas como tem fermentação, precisamos tirar esse gás). Vai começar a ter sinais de dor e o simples fato de sondar esse animal tira o medo da ruptura e acaba tratando esse animal. O estômago fica repleto e dilatado – acima de 18 litros é um quadro de indigestão. Necropsia: quando tiver cólica, se colocar a sonda algumas vezes não vai ter refluxo mesmo (no refluxo bate a sonda e o liquido volta), nesse caso tem que lavar o estômago (mangueira com água corrente e faz um cifonamento para bater na parede e voltar aos poucos) – será clavado até sair todo material, mas dificilmente zeramos esse estômago. Lavagem: Pegamos balde graduado – água corrente, abre a torneira e pode colocar de 3 em 3 litros dentro do estômago do cavalo - conta em quantos segundos vai adquirir os 3 litros, por que se sabe que em 5 segundos tem 5 litros de água, quando colocarmos a mangueira naquela sonda vamos esperar 5 segundos para descer essa sonda e a tendência é esse material começar a vir. - 12 de setembro de 2016Página 5 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS - Tem que puxar com a boca e quanto mais rápido no ato de tirar a mangueira e deixar no balde melhor é. Parâmetros/diagnóstico: Auscultação abdominal, sondagem nasogástrica, alterações cardiovasculares e respiratórias: inicialmente não tem alteração de volemia - dor: altera a FC e FR. Resposta à terapia: Terapia inicial de sondagem nasogástrica – em um quadro de hiperexcitabilidade e fazemos essa sondagem, ele tem alivio imediato e em alguns casos até depressão. Abdominocentese, palpação retal: não vai sentir o estômago e achados laboratoriais: sem grandes achados. Tratamento: descompressão gástrica, lavagem, ruminol (anti-eructação, anti-fermentativo) VO por sonda nasogástrica (depois que já lavou) e reavaliar necessidade de analgésicos (espera um tempo com o animal e reavalia o quadro). GASTRITE/ ÚLCERA GÁSTRICA Tem alguns fatores predisponentes como: AINEs, estresse, exercício atuam no mesmo centro, mas em menor quantidade, pode ter condição de microrganismos e parasitas na mucosa. A gastrite é uma condição menos severa que a úlcera, muitas vezes, não consegue ver os sinais clínicos e os cavalos são assintomáticos. Os AINEs entram no ciclo da Coxi do ácido aracdonico e PGE que libera a produção de muco que protege a mucosa, se não tem ocorre a liberação de HCL e junto com a gastrina tende a traumatizar a mucosa do estômago, visto que ele não tem substâncias para quebrar esse liquido e proteger a mucosa. Sinais clínicos: cólica leve a moderada, emagrecimento (come menos e isso vira bola de neve com mais produção de ácido clorídrico), sialorreia (condições neurológicas e medicamentos podem fazer salivar), bruxismo, hiporexia e queda no rendimento esportivo. Pode apresentar úlceras nas mucosas. Localização das úlceras: porção glandular e aglandular separadas por uma linha. A grande maioria das ulceras e gastrite encontra no epitélio escamoso da região aglandular e às vezes bem próximo da região de Margo plicatus (linha que separa as duas regiões). Diagnóstico: auscultação abdominal, sondagem nasogástrica, alterações cardiovasculares e respiratórias, dor, resposta a terapia, abdominocentese, palpação retal e achados laboratoriais (nada alterado nesse caso, inclusive o peristaltismo está ok). O que vai fechar o diagnóstico é a terapêutica que funcionou ou a gastroscopia – com um endoscópio de qualidade de tamanho adequado que chegue até o estomago + preparação do paciente (quanto mais lavar, mais mucosa tem acesso e mais limpo está o estômago) – se está fazendo já significa que passou a sonda, lavou e viu o ph do liquido (quando lavou o estomago sem o refluxo perdeu o parâmetro de ph, mas quando começa com liquido com fibras já tem parâmetro de ph). 12 de setembro de 2016Página 6 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS As lesões são: emaciação e irregularidade da superfície gástrica, erosão escamosa (solução de continuidade e rupturas namucosa do estomago) que fecha o diagnóstico de úlcera gástrica. Tratamento: os objetivos são alivio dos sinais clínicos e da dor, cicatrização das úlceras (se não cicatrizar tende a voltar), manutenção da cicatrização das úlceras (evita fazer AINEs no animal, mas pode fazer AINEs + protetor). Via sonda nasogástrica - Antiácidos: hidróxido de alumínio e de magnésio Mylanta Antagonistas dos receptores de H2 de histamina: cimetidina (VO BID) ou ranitidina (VO BID) de 2-6 semanas para cicatrização das úlceras. Inibidor da bomba de prótons: omeprazol (IV SID) de 14 a 28 dias para cicatrização das úlceras (é o melhor a se fazer, mas é caro). Protetores de mucosa: salicilato de bsimuto e sucrafalto (BID) – só não utiliza caso esteja em uso a ranitidina. Fazer um critério de avaliação se faz só a cicatrização das úlceras por 30 dias, necessidade de manter a sonda nasogástrica (geralmente não), fluidoterapia (dosar grau de desidratação), analgésicos (se fez o tratamento adequado não necessariamente faz) e antiespasmódicos (dependendo do peristaltismo) = Sempre avaliar antes de fazer, pois o tratamento com gastrozol vai bem, mas claro que precisa fazer a sondagem. Metoclopramida: movimento do estômago para o intestino (esvazia mais rápido o estômago, ajuda no peristaltismo) VO. AFECÇÕES EM INTESTINO DELGADO CÓLICA ESPASMÓDICA É a contração de musculatura lisa do ID. Tem como principal etiologia o tratamento a base de imizol, por mais que tenha o estresse, alimentos deteriorados, excitação e pré-disposição individual, é principalmente por conta da alimentação e dos medicamentos que vai ocorrer a cólica. O imizol é usado para tratar babesiose, nem sempre vai acontecer a cólica (varia da predisposição de cada um), sabendo que o cavalo pode ter cólica e começar a apresentar uma dor súbita – o animal apresenta o sinal clinico e precisa saber o que acontecer: comeu alguma coisa deteriorada? Está sendo tratado para alguma coisa e começou a acontecer outra coisa? Avaliar na internação o comportamento do animal principalmente. Sinais clínicos: aumento de flatulência e defecação (aumenta o peristaltismo), angústia, patear o solo, dificil manejo (dependendo do grau de dor do animal, vai ter um animal difícil de manejar), dependendo da dor apresenta rolamento, TPC/CONJUNTIVAS/FC/FR discretamente alterados frente a dor espasmódica e com o tempo tende a alterar (na auscultação se depara com +++ principalmente a nível de ID, se for auscultar pode ser que no inicio não tenha grandes alterações no lado direito e sim hipermotilidade no lado esquerdo). Conforme tem aumento de flatulência e defecação começa a alterar o conjunto inteiro. 12 de setembro de 2016Página 7 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS Auscultação: hipermotilidade (pode ter o inicio de formação de gases) e ruído hipersonoro e metálico (percussão auscultatória). Discreta acidose metabólica, sem alterações na sondagem e liquido peritoneal (discreta elevação nos níveis de proteína). Tratamento: sondagem nasogástrica (SEMPRE colocar! – é a principal forma de tratamento) e o principal agente que diminui os espasmos e a contração + formação de gases é a escopolamina (buscopan) - IM ou IV. O sulfato de atropina pode reverter o quadro de hipermotilidade para atonia (usar buscopan, avaliar a reação do animal, auscutar de novo e depois pensa se faz o sulfato de atropina ou não). DUODENOJEJUNITE PROXIMAL É um problema de alça de ID no duodeno e jejuno - É uma doença que tem uma condição circulatória hipovolêmica e perda de liquido importante característica da doença. Inicialmente é uma inflamação, é muito liquido que passa para o lúmen intestinal, nessas condições tem sequestro absurdo de liquido para dentro da luz do intestino causando perda de eletrólitos e da volemia (perda do volume de líquidos) causando uma desidratação severa. Não se sabe se vem de infecção causada por Clostridium e Salmonella ou se cavalos bem tratados associados a mudanças alimentares bruscas pode causar sofrimento de alça intestinal. Não tem causa comprovada, pode acontecer em qualquer – refluxo ocorre pela parada na motilidade intestinal. Daí ocorre a descompensação do animal devido ao sequestro de líquido para o lúmen intestinal. Uma vez que o cavalo está apresentando dor severa de abdômen vai ter endotoxemia severa (grande quantidade de microrganismos na região) e perda de liquido para dentro do lúmen (desidratação severa). A coloração da alça pode mudar bastante. Sinais clínicos: quando o cavalo chega tem que colocar a sonda, no caso ela mais uma vez é diagnóstica, volta uma grande quantidade de líquidos do estômago (mais de 48 litros nas primeiras 24 hs – se vem muito refluxo, é muito característico da doença – coloração castanho alaranjada com odor fétido e ph alcalino indica que o problema é intestino), no ID o refluxo volta para o estômago e se não sondar vai ter ruptura de estômago. Pode-se também bem pensar que é uma doença associada ao íleo paralítico, que faz com que a digesta pare, assim como situações de jejum prolongado que se tem diminuição do peristaltismo que também pode gerar um íleo paralitico fisiológico – como parou de funcionar a última porção do ID, volta tudo para o estômago. Tem dor continua e severa, depressão após a descompressão gástrica (animal antes estava hiperexcitado, se jogando ao chão e quando passamos a sonda isso passa, ocorre uma descompressão e animal tende a uma apatia) – animal tende a ficar sondado e sonda é fixada na região do cabresto, animal começa a apresentar sinais de cólica quando existir refluxo 12 de setembro de 2016Página 8 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS novamente, que então colocamos sonda para baixo para eliminação do conteúdo – apresenta dor intermitente (se o estômago volta a ser sobrecarregado). É uma grande causa de morte nos eqüídeos – desidratação super importante, endotoxemia, todo volume de corpo indo para o intestino – tem descompensação grande. Outros sinais: Taquicardia, desidratação, TPC aumentado, mucosas congestas (pode ficar em cor de tijolo dependendo do quadro de endotoxemia), dor abdominal ou prostação/excitação, hipertemia (concentração de endotoxemia indo para a circulação devido a liberação de bactérias), ID distendido à palpação. O curso da doença é de 7 a 14 dias e quanto mais curto melhor o prognóstico. Diagnóstico: SONDAGEM (mantida no animal até ter refluxo – mas não fica de 7 a 14 dias tendo refluxo, mas ficamos mais de 24 hrs com o animal sondado), grande quantidade de refluxo (10-20 litros) de coloração laranja-marrom à vermelho-marrom, odor fétido e palpação transretal: ID distendido. Exames complementares: aumento de proteína plasmática total, aumenta hematócrito (animal desidratado – volemia baixa), acidose metabólica, perda de eletrólitos (sódio/cloro/cálcio) – o líquido peritoneal da sinais de isquemia e comprometimento de alça, pode estar mais serosanguinolento/amarelo a âmbar – aumento significativo na concentração de proteínas que o animal está perdendo pela permeabilidade vascular e não tem grande aumento de células na cavidade abdominal (pode ser que encontre). Tem mucosa comprometida e na palpação sente coisas que não devia sentir, pois a alça intestinal distende. Se tem uma situação de desidratação e descompensação: Tratamento: descompressão gástrica (retirar o liquido através da sondagem e mantém animal sondado), fluidoterapia (combater desidratação, acidose metabólica e repor eletrólitos - voltar a volemia, tem hipoproteinemia, então tem que repor plasma também com a fluidoterapia), AINEs (flunixin meglumine BID – dose antiendotoxêmica 0,25mg/kg), analgesia (butorfanol IV), ATB (penicilina ou aminoglicosídeos: gentamicina, amicacina; e cetiofour SID IV) e tratar endotoxemia (FM). Também pode usar pró-cinéticos: ajuda no peristaltismo, por que o animal está em atonia e faz isso através da lidocaína e metoclopramida, quando o animal estiver sem refluxo depois da descompressão gástrica continua sondado e com a fluido podelançar mão de caminhadas pensando em ajudar no peristaltismo, suporte nutricional (não adianta fazer pela sonda nasogástrica, enquanto ele tiver com refluxo não vai comer e sim nutrição parenteral – via endovenosa). Complicações: faringite, esofagite (em raros casos pode ter a volta de algum conteúdo, não é vomito, mas pode ter algum conteúdo passando pela região, mas não é característico), flebite e laminite. O melhor acesso para hidratação é a jugular. 12 de setembro de 2016Página 9 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS COLITES/ DIARRÉIA Tem alguns fatores que predispõe as diarréias: defecação mais constante com fezes amolecidas ou aquosas (jatos) - causa um esgotamento do animal, por que perde muito eletrólitos e grande perdas de líquidos e isso pode levar a óbito principalmente em potros por conta da desidratação. Pode acontecer por ingestão de alimentos de baixa qualidade e ação de microrganismos - desbalanço na flora intestinal pode ocasionar a diarréia e tem protozoários que podem estar alterados na concentração final e bactérias – de acordo com o microrganismo o quadro pode ser agudo ou crônico). Outras coisas favorecem o crescimento das bactérias e desequilibrio na flora como os ATB que podem matar as bactérias da flora intestinal causando desequilíbrio (Salmonella e E. coli). Alguns ATB predispõe a diarréias agudas - tetracilcina, colite X – pode ir a óbito nas primeiras 48 hrs e acredita que é um quadro de clostridiose (clostridium perfringes) e como diarréia crônica - salmonelose, Rodococcus equi (fase que pode ir para o digestório do neném, mas é de preferência de respiratório), rotavírus, neoplasias, migração larvária de estrongilóides, diarréia pelo uso de ATB em altas doses e por longo período de AINES. Sinais clínicos: consistência das fezes (geralmente é líquida, pode ter caldo com fibras não digeridas (síndrome da má absorção ou ser totalmente líquida com coloração esverdeada ou escura), emagrecimento progressivo, depressão e inanição. Evolução do quadro: depleção hidroeletrolítica (hiponatremia, hipocalemia, hipocloremia, hipocalcemia, azotemia e acidose metabólica) e perda da integridade da mucosa (hipoproteinemia – permeabilidade vai embora principal proteína que se vai é a albumina). Se não tratar o cavalo morre. Diagnóstico: sinais clínicos, cultura de fezes 3 a 5 amostras, sorologia pareada (ELISA) e biópsia de reto (se faz muito em cavalos adultos velhos que começam a apresentar emagrecimento progressivo e má absorção – fezes amolecidas com fibras maiores, faz-se pensando na síndrome de má absorção). Tratamento geral das diarréias: a maioria das vezes o cavalo tem perdas e tem condições favoráveis para uma pessoa inexperiente lançar mão de ATB - É importante ter certeza do ATB que está usando porque desequilibra mais ainda a flora intestinal. - Pode dar uma pasta de eletrólitos e associa isso com probiótico, se dar um ATB mata tudo que acabou de fazer. - Nunca aplique um arsenal terapêutico EXAMES – hemograma, coprocultura (vermífugo ou não), bioquímicos e coleta-se líquido peritoneal (se tem sofrimento de alça e peritonite). - Análise de Na, Cl, K e Ca (é o que mais perde no processo de diarréia) – na maioria das vezes tem repleção desses eletrólitos. - Hemogasometria para saber se temos que usar bicarbonato de sódio devido ao quadro de acidose metabólica. 12 de setembro de 2016Página 10 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS - Manter a volemia, então hidratar o animal. - Infusão IV de soluções eletrolíticas por conta de perda de eletrólitos - Equilíbrio ácido – base: normalmente está em acidose - bicarbonato de sódio. - Administração IV de plasma - potros 500 ml a 1,5 l - se não tem a quantidade adequada aguarda, faz uma bolsa e vai fazendo uma bolsa por dia até estabilizar o quadro do animal - vai elevar pressão oncótica, fornece imunoglobulinas, fibronectina e antitrombina III. - Substâncias antidiarrêicas: protetor de mucosa – caulim, pectina ou carvão ativado. - Reposição da flora intestinal: lactobacilos e probióticos. - Evitar ATB: quando não houver indicação laboratorial de infecção entérica e só dar em último caso. - Drogas antiespamódicas: escopolamina (tem gases, flatulência - na auscultação vai ter hipermotilidade: +++. - Endotoxemia: flunixin 0,25 mg/kg - Suspeita de migração larvária: exame parasitológico + vermífugos VO – dose 5x maior que a dose terapêutica (ivermectina). - Quadros de toxi-infecção: ATBs devem ser utilizados – Ceftiofur IV, gentamicina IV, metronidazol IV. - Forragem verde, boa qualidade de água, suspender ração (esperar melhorar). - Baias arejadas - Higienização da baia - pelo menos 1 a 2 x/semana. - Higienização do paciente: enfaixar a cauda ou usar luvas de palpação retal para não sujar a região da cauda de fezes. AFECÇÕES DO CECO No ceco tem alterações de gravidade do quadro clinico moderado, severo e de comprometimento metabólico. Ceco é uma cuba de fermentação que terminar de digerir as fibras como se fosse um tipo de rúmen. TIMPANISMO Tem hiperfermentação por excesso de carboidratos ou excesso de grãos. junto com a interferência dos ATB de uso prolongado - o ATB mata MO do ceco, então vai ter uma flora de fermentação ineficiente e com isso vai ter atonia digestiva (não tem os MO para fermentar as fibras). Um cavalo deitado por muito tempo predispõe a atonia e timpanismo do ceco. Sinais clínicos: som timpânico na percussão por conta da formação de gases de fermentação, abaulamento na fossa paralombar direita, desconforto abdominal e dificuldade respiratória (só tem ceco na cavidade, quando ele dilata acaba comprimindo diafragma – primeiro sinal clinico diferenciado). O ceco não da espaço para nada e não consegue palpar nada fora ele. Tratamento: tratamento geral do desconforto - punção na fossa paralombar DIREITA - tifolocentese - com um trocarter ou agulha na região pensando na evacuação dos gases, é segura, mas não é muito usada e evita o agravamento das manifestações clínicas. Na maioria das vezes já vai para o centro cirúrgico. TIMPANISMO COLÓN MAIOR 12 de setembro de 2016Página 11 CLÍNICA MÉDICA ESPECIAL DE GRANDES ANIMAIS - EQUINOS Distensão abdominal tanto na distensão ventral do lado esquerdo como do lado direito, tem distensão pelo acúmulo de gás por excesso de fermentação - carboidratos, grãos. O que diferenciar é onde parou (geralmente tem no ceco e no colón – se está parado em atonia, podendo gerar atonia nos segmentos seguintes) – teremos abaulamento, distensão das alças e o cavalo não vai estar defecando. Sinais clínicos: pode ter descompensação do colón e vê isso no liquido peritoneal ( aumento de permeabilidade intestinal - aumento de hemácias, leucócitos e proteínas e casos mais graves aumento de fibrinogênio), palpar, sondar, auscultação: hipotonia/atonia, taquipnéia, taquicardia, TPC 3 segundos e conjuntiva. Tratamento: o animal não está defecando, então podemos tentar ajuda-lo - se conseguir palpar o cólon pode ter a distensão por gás e automaticamente pode ser voltado para impactação. O animal precisa soltar os gases (flatulências e tirar do intestino as fezes que estão paradas). Gluconato de cálcio: estimulação dos movimentos intestinais. Enemas com água morna Movimentação do animal: passear pelo hospital para voltar o peristaltismo Laxantes: (cuidado para que não ocorra mais nenhum dano as alças intestinais) dioctil-sulfo-succinato de sódio – humectol / VO - quando tem uma massa impactada, eles levam água na luz e penetram na massa e com isso pode ser com que consiga fazer com que o animal defeque novamente ou óleo mineral: lubrifica externamente e tende a mandar o bolo fecal embora – fazer com cuidado. 12 de setembro de 2016Página 12
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