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1 Sumário Introdução ........................................................................................................................................................ 2 Parcerias Público-Privadas (PPPs) .................................................................................................................. 3 Conclusão ....................................................................................................................................................... 26 Resumo ........................................................................................................................................................... 27 Mapas .............................................................................................................................................................. 28 Questões Comentadas ................................................................................................................................. 29 Lista de Questões Comentadas .................................................................................................................. 75 Gabaritos ........................................................................................................................................................ 93 2 INTRODUÇÃO Olá amigos! Nesta aula iremos estudar especificamente as parcerias público-privadas (PPP), que consistem em modalidade de concessão especial de serviços públicos. Comentaremos, principalmente, as disposições da Lei 11.079/2004, traçando algumas comparações em relação às concessões comuns da Lei 8.987/1995. O assunto não é tão frequente em provas, mas é importante estarmos preparados para a eventualidade de aparecer questão a este respeito. Aproveito para lembrar que a presente aula encontra-se de acordo com a alteração promovida pela nova lei de licitações, Lei 14.133/2021, que permitiu a realização de licitações na modalidade diálogo competitivo para concessão de serviços públicos. Tudo pronto? Vamos lá! 3 PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (PPPS) Nesta aula iremos nos debruçar sobre as parcerias público-privadas (PPPs), instituídas pela Lei 11.079/2004. A criação desta modalidade especial de concessão representa uma tentativa moderna de o poder público estabelecer parcerias com o setor privado. Como aponta Carvalho Filho1, as PPPs têm sido adotadas com sucesso em vários países (como Portugal, Espanha, Inglaterra e Irlanda) e se fundamentam em dois pontos principais: a falta de disponibilidade de recursos financeiros do poder público e a eficiência da gestão do setor privado. No Brasil há uma série de exemplos de PPPs, como as que envolvem a construção e administração de estádios de futebol, a administração de penitenciárias, a construção e operação de centros de processamento de dados, escolas, complexos hospitalares, metrô etc. A Lei 11.079/2004 foi editada pela União, com fundamento na competência para legislar a respeito de normas gerais sobre contratações (CF, art. 22, XXVII). Dessa forma, a grande maioria das regras da Lei 11.079/2004 aplicam-se a todas as esferas de governo (União, Estados/DF e Municípios), de onde se diz que a Lei sobre as PPPs possui aplicação nacional. A exceção a esta aplicação nacional diz respeito ao seu Capítulo VI, com “disposições aplicáveis à União”, arts. 14 a 22. Tais dispositivos tratam do órgão gestor das parcerias público-privadas, do Fundo Garantidor de PPPs (FGP), das garantias a serem prestadas pelo parceiro público e dos limites para a contratação de PPPs. Estas regras, portanto, são “normas federais” apenas, não sendo de aplicação obrigatória aos demais entes da federação, que poderão disciplinar a matéria dentro de sua própria competência legislativa. 1 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 446-447 Késia Késia Késia Késia 4 Além disso, é importante destacar a aplicação subsidiária das regras da Lei 8.987/1995 e, em matéria de licitação, das regras da Lei 8.666/1993. Mas o contrário não é verdadeiro! Ou seja, as concessões comuns continuam sendo regidas pela Lei 8.987/1995, de sorte que as regras da Lei 11.079/2004 não são aplicadas a elas. José dos Santos Carvalho Filho2 aponta três principais características das PPPs: 1) Financiamento do setor privado: “o Poder Público não disponibilizará integralmente (até porque não os tem) recursos financeiros para os empreendimentos públicos que contratar”. Caberá ao parceiro privado a incumbência de fazer investimentos no empreendimento concedido, seja com recursos próprios, seja através de recursos obtidos junto a financiadores do projeto 2 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 451-452 Késia Késia Késia Késia pedro Destacar 5 2) Compartilhamento dos riscos: o Poder concedente deve se solidarizar com o parceiro privado caso ocorram prejuízos ou déficits, ainda que decorram de fatos imprevisíveis (caso fortuito, força maior, fato do príncipe e a imprevisão em virtude de álea econômica extraordinária). 3) Pluralidade compensatória do Estado em favor do concessionário: na PPP admite-se o pagamento da contraprestação sob diversas formas. Além do pagamento em pecúnia, a legislação admite a cessão de créditos não tributários e a outorga de certos direitos da Administração, fora outros estabelecidos em lei. O compartilhamento de risco com o poder público foi exigido na seguinte questão: CEBRASPE/ TCU – Procurador do Ministério Público (adaptada) As contratações de PPPs diferenciam-se das concessões comuns quanto às cláusulas de equilíbrio econômico-financeiro ao prever que cumpre ao contrato estabelecer a repartição objetiva de riscos entre as partes, incluindo-se os referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária. Gabarito (C) Comparando as PPPs com as concessões tradicionais, Diogo de Figueiredo Moreira Neto3 aponta 3 principais diferenças: 1) compartilhamento de riscos (art. 5º, III, Lei 11.079/2004) – já destacada acima; 2) estabelecimento de garantias do poder público em favor do parceiro privado (art. 5º, VIII, Lei 11.079/2004); e 3) pré-constituição de uma sociedade de propósito específico (SPE), incumbida de implantar e de gerir o objeto da parceria. Uma curiosidade é que a Lei das PPPs prevê sua adoção apenas pelos poderes Legislativo e Executivo, não havendo menção quanto à criação de PPPs por entes do Judiciário: 3 NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Curso de Direito Administrativo. GenMétodo. 16ª ed. Item 80.1.2 Késia Késia Késia Késia Késia Késia pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar 6 Art. 1º, parágrafo único. Esta Lei aplica-se aos órgãos da administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Conceito INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA O conceito legal é por demais sintético, mas já nos permite observar a natureza contratual de uma PPP: Lei 11.079/2004, art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. José dos Santos Carvalho Filho4 detalha o conceito legal afirmando que PPP é o acordo firmado entre a Administração Pública e pessoa do setor privado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual execução de obras ou fornecimento de bens, mediante financiamento do contratado, contraprestação pecuniária do Poder Público e compartilhamento dos riscos e dos ganhos entre os pactuantes. Percebam tal conceituação aborda um dos elementos marcantes da PPP: remuneraçãopaga pelo poder público ao parceiro privado. Segundo a dicção legal, este é o elemento que diferencia as PPPs das concessões comuns: Lei 10.079/2004, art. 2º, § 3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. A questão abaixo buscou confundir os candidatos a respeito: FGV/ TCM-SP – Agente de Fiscalização (adaptada) A Lei Federal nº 11.079/04 institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da Administração Pública. De acordo com tal lei, é vedada a celebração de contrato de parceria público-privada para a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado; 4 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 447 Késia Késia Késia pedro Destacar pedro Destacar 7 Gabarito (E) Retornando ao campo doutrinário, temos o conceito proposto por Maria Sylvia Zanella Di Pietro5 que faz menção às duas modalidades de PPP (detalhadas mais adiante): o contrato administrativo de concessão que tem por objeto (a) a execução de serviço público, precedida ou não de obra pública, remunerada mediante tarifa paga pelo usuário e contraprestação pecuniária do parceiro público, ou (b) a prestação de serviço de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, com ou sem execução de obra e fornecimento e instalação de bens, mediante contraprestação do parceiro público. Modalidades INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTÍSSIMA As PPPs comportam duas modalidades: a concessão patrocinada e a concessão administrativa, definidas nos §§1º e 2º do art. 2º da Lei 11.079/2004. A modalidade de concessão patrocinada consiste na concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Nesta primeira modalidade, a remuneração do parceiro compreende a tarifa do usuário e, também, a contraprestação pecuniária do parceiro público. A concessão administrativa, por sua vez, representa o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Nesta segunda modalidade, não há pagamento de tarifa pelos usuários. A remuneração do parceiro é proveniente exclusivamente da contraprestação do parceiro público, o que aproxima, segundo Di Pietro, essa modalidade do contrato de empreitada. É interessante destacar, ainda, a lição de Matheus Carvalho6. Segundo ele, na "concessão administrativa a própria Administração Pública fica responsável pelo pagamento das tarifas, uma vez que ostenta a qualidade de usuária do serviço prestado de forma direta ou indireta". 5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Item 8.8.1.4.2 6 CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 4ª ed. Ed. JusPodivm. p. 567 Késia Késia Késia Késia Késia Késia 8 A questão abaixo versou sobre as duas modalidades de PPP: CEBRASPE/ PGM - Manaus - AM - Procurador do Município Quando se tratar da prestação de serviços dos quais a administração pública seja a usuária direta ou indireta, poderá ser celebrado contrato de parceria público-privada na modalidade concessão patrocinada. Gabarito (E) Reparem que, em ambas as modalidades, sempre haverá o pagamento de remuneração do poder público ao parceiro privado. Comparando estas duas modalidades de PPP com a concessão comum, temos o seguinte7: Fazendo-se um contraponto com a concessão comum, destaco a seguinte questão: FCC/ Câmara Legislativa do Distrito Federal – Consultor Legislativo (adaptada) A modalidade de contrato administrativo que exige que o investimento da contratada seja remunerado e amortizado por meio da exploração do serviço e pagamento de tarifa pelo usuário, observando a modicidade tarifária, denomina-se contrato de concessão comum de serviço público, disciplinado pela Lei nº 8.987/1995, em que a principal forma de remuneração da contratada é a tarifária, cobrada do usuário. 7 Desconsiderando-se a hipótese excepcional de subvenções do poder público na concessão comum. Concessão comum apenas TARIFA Concessão especial (PPP) Patrocinada TARIFA + CONTRAPRESTAÇÃO DO PODER PÚBLICO Administrativa CONTRAPRESTAÇÃO DO PODER PÚBLICO Lei 8.987/1995 Lei 11.079/2004 Concessões Késia Késia Késia 9 Gabarito (C) Vedações INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTÍSSIMA Nos arts. 2º, 4º e 5º da Lei 11.079/2004, o legislador impôs vedações à celebração de PPPs. Primeiramente, vedou a celebração de PPPs nas seguintes situações: Art. 2º, § 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada: I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. Quanto ao valor, é importante destacar que, até a edição da Lei 13.529/2017, o valor limite era de R$ 20 milhões, de sorte que o atual limite mínimo de PPP é de R$ 10 milhões. Quanto ao prazo, além do prazo mínimo de 5 anos, mencionado no inciso II acima, o legislador estabeleceu o prazo máximo de 35 anos, já incluída eventual prorrogação: Art. 5º, I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos investimentos realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogação; Além disso, quanto ao seu objeto, previsto no inciso III acima, reparem que se vedou a contratação única de terceirização (fornecimento de mão-de-obra) ou de fornecimento/instalação de equipamentos ou obra. Késia Késia Késia Késia pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar 10 Carvalho Filho8 justifica no sentido de que “se o ajuste tiver como único objeto referidas atividades, estará ele enquadrado como contrato normal de serviços, compras e obras, regulado pela Lei nº 8.666/1993”. Portanto, deve-se mesclar ao menos duas das seguintes atividades: - fornecimento de mão-de-obra - fornecimento e instalação de equipamentos - execução de obra pública Vejam a questão abaixo a respeito: CEBRASPE/ TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto (adaptada) Situação hipotética: O estado X pretende realizar obra de restauração no parque estadual com a construção de pistas de corrida, quadras poliesportivas e parque aquático. Em decorrência de restrição orçamentária, o estado pretende firmar uma PPP para tal fim. Assertiva: Nesse caso, é vedada a realização da PPP, por se tratar exclusivamente de contrato de execução de obra pública. Gabarito (C) Por fim, o legislador achou por bem frisar que não são passíveis de delegação mediante PPPs atividades exclusivas do Estado, como a regulação, a função jurisdicional e o exercício do poder de polícia: Art. 4º, III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado; Tal indelegabilidade também já foi cobrada em prova: CEBRASPE/ TCU – Auditor de Controle Externo Um dos traços caracterizadores da parceria público-privada é a indelegabilidade de funções que somente o Estado executa, como, por exemplo, as de regulação e as decorrentes do exercício do poder de polícia. Gabarito (C) 8 FILHO, José dos SantosCarvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 455 Késia Késia Késia pedro Destacar pedro Destacar pedro Destacar 11 Sintetizando os principais aspectos que caem em prova: PPPs valor igual ou superior a R$ 10 milhões prazo de 5 a 35 anos (incluída eventual prorrogação) Vedada a delegação de atividades exclusivas do Estado, regulação, poder de polícia e função jurisdicional Vedado objeto único de fornecimento de mão-de-obra fornecimento e instalação de equipamentos execução de obra pública Késia Késia 12 Cláusulas Contratuais INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA Os contratos de parceria público-privada deverão conter, no que couber, as cláusulas previstas no art. 23 da Lei 8.987/1995, além das seguintes: Quanto às formas de atualização dos valores contratuais (art. 5º, IV), é importante destacar que o mecanismo deve ser capaz de conferir eficiência ao procedimento e, ao mesmo tempo, assegura ao poder público a possibilidade de intervir nos valores atualizados: Art. 5º, § 1º As cláusulas contratuais de atualização automática de valores baseadas em índices e fórmulas matemáticas, quando houver, serão aplicadas sem necessidade de homologação pela Administração Pública, exceto se esta publicar, na imprensa oficial, onde houver, até o prazo de 15 (quinze) dias após apresentação da fatura, razões fundamentadas nesta Lei ou no contrato para a rejeição da atualização. C lá u su la s co n tr at u ai s prazo de vigência do contrato entre 5 e 35 anos, incluindo eventual prorrogação penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro privado repartição de riscos inclusive por caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária formas de remuneração formas de atualização dos valores contratuais mecanismos para a preservação da atualidade da prestação dos serviços fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária do parceiro público critérios objetivos de avaliação do desempenho do parceiro privado garantias de execução prestadas pelo parceiro privado compartilhamento com a Administração de ganhos econômicos efetivos do parceiro privado realização de vistoria dos bens reversíveis cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro privado das parcelas do aporte de recursos Késia Késia Késia 13 Por fim, é possível que os contratos prevejam ainda o seguinte: Art. 5º, §2º Os contratos poderão prever adicionalmente: I - os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a transferência do controle ou a administração temporária da sociedade de propósito específico aos seus financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, com o objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços, não se aplicando para este efeito o previsto no inciso I do parágrafo único do art. 27 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; II – a possibilidade de emissão de empenho em nome dos financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias da Administração Pública; III – a legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações por extinção antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados pelos fundos e empresas estatais garantidores de parcerias público-privadas. Contraprestação da Administração Pública INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA Já vimos que uma característica inafastável da PPP consiste na contraprestação que o poder público paga ao parceiro privado. Segundo o art. 7º, o pagamento desta contraprestação somente pode ocorrer após o início da disponibilização do serviço pelo parceiro privado: Lei 11.079/2004, art. 7º A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada. Trocando em miúdos... Após a celebração da PPP, em geral, tem início uma fase em que o parceiro privado faz uma série de investimentos para viabilizar a prestação dos serviços (construção da penitenciária, reforma do estádio de futebol, do hospital etc) - fase dos investimentos. Uma vez concluído o empreendimento, inicia-se a fase de disponibilização do serviço (ou fase de operação). Nesse sentido, o legislador exigiu que o pagamento, pelo concedente, da remuneração devida ao parceiro privado somente tenha início após a disponibilização dos serviços. Esta disponibilização não necessita ser integral. É possível que, após a disponibilização parcial do serviço, o parceiro público inicie o pagamento da contraprestação devida: Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia pedro Destacar pedro Destacar 14 Lei 11.079/2004, art. 7º, 1o É facultado à administração pública, nos termos do contrato, efetuar o pagamento da contraprestação relativa a parcela fruível do serviço objeto do contrato de parceria público-privada. Tal imposição foi cobrada na seguinte questão: FCC/ Câmara Legislativa do Distrito Federal – Consultor Legislativo (adaptada) O Distrito Federal firmou contrato de parceria público-privada, cujo objeto é a gestão de uma escola pública, que será destinada a crianças de 2 a 6 anos de idade e disponibilizará, no mínimo, 200 vagas à comunidade local. Considere que o parceiro privado terá por obrigação construir e equipar a unidade escolar, além de oferecer merenda, contratar professores e equipe de apoio administrativo. Na situação hipotética, em relação à forma de remuneração do parceiro privado, o contrato deverá prever que o início do pagamento da contraprestação fique condicionado ao adimplemento, pelo parceiro privado, de todas as obrigações ajustadas, sob pena de nulidade. Gabarito (E), pois não se exige o adimplemento integral do contrato, mas a disponibilização de uma parcela dos serviços. Diferentemente é o caso do aporte de recursos financeiros ao parceiro privado. O legislador facultou ao parceiro público aportar recursos financeiros durante a fase dos investimentos – isto é, antes do início da prestação dos serviços. Exigiu-se, apenas, que os recursos aportados guardem proporcionalidade com as etapas do investimento efetivamente executadas (art. 7º, §2º). Correlata a este assunto, temos a seguinte questão de prova: FCC/ ARTESP – Especialista em Regulação (adaptada) De acordo com o regime jurídico aplicável às PPPs, é possível estabelecer algumas salvaguardas em relação ao risco identificado pelos licitantes, entre as quais: Aporte de recursos pelo poder concedente durante a fase dos investimentos a cargo do parceiro privado, que deverá guardar proporcionalidade com as etapas efetivamente executadas. Gabarito (C) Além disso, a pluralidade remuneratória (outra característica marcante da PPP) encontra-se regulamentada no art. 6º da Lei das PPPs. Assim sendo, o pagamento da contraprestação, após o início da fruição (total ou parcial) dos serviços, poderá ser feito das seguintes formas: Késia Késia pedro Destacar 15 Uma novidade interessante da Lei 11.079/2004 diz respeito ao pagamento de remuneração variável. Conforme o desempenho na prestação do serviço, de acordo com metas e padrões contratualmente estabelecidos, a remuneração do parceiro privado poderá variar: Lei 11.079/2004, art. 6º, § 1º O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado de remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato. Dada a fama que o poder público possui de atrasar seus pagamentos, o legislador estabeleceu formas de serem prestadas garantias ao parceiro privado, as quais consistem em uma das espécies de garantias tratadas a seguir. Garantias INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA A Lei 11.079/2004 previu quatro espécies de garantias aplicáveis a uma PPP: a) garantia de execução do contrato (art. 5º, VIII): parceiro privado presta ao públicob) garantia de cumprimento das obrigações pecuniárias assumidas pelo poder público (art. 8º): parceiro público presta ao privado c) contragarantia à entidade financiadora do projeto (art. 5º, §2º): parceiro público presta à financiadora d) PPPs de estados, DF ou municípios (art. 28): União presta garantia aos demais entes federados Adiante vamos analisar cada uma delas! meios de pagamento ao parceiro privado ordem bancária cessão de créditos NÃO tributários outorga de direitos em face da Administração Pública outorga de direitos sobre bens públicos dominicais outros meios admitidos em lei Késia Késia Késia Késia Késia pedro Destacar pedro Destacar 16 Garantia de execução do contrato Assim como ocorre nos contratos administrativos regidos pela Lei 8.666/1993, o parceiro público poderá exigir que o parceiro privado lhe preste garantias quanto à regular execução contratual (art. 5º, VIII), como seguro-garantia, fiança bancária, caução em dinheiro. Reparem que a garantia de execução é prestada pelo parceiro privado em favor do público. As garantias de execução devem ser suficientes e compatíveis com os ônus e riscos envolvidos, aplicando-se as mesmas regras dos contratos administrativos de grande vulto: garantias limitadas a 10% do valor do contrato (Lei 8.666/1993, art. 56, §3º). Se a Administração entregar bens ao parceiro privado, o valor destes bens deverá ser acrescido na garantia a ser prestada. Além disso, tratando-se de PPP na modalidade patrocinada que envolva a execução de obra, a garantia deve-se limitar ao valor da obra (Lei 8.987/1995, art. 18, XV). Garantias das obrigações contraídas da Administração Pública Aqui nós temos a situação inversa: a prestação de garantia pelo parceiro público ao privado. Por este motivo, dizemos que na PPP temos garantias recíprocas. Mas, diferentemente da anterior, esta espécie de garantia visa a resguardar o pagamento da contraprestação que o parceiro público deverá pagar ao privado. A prestação de garantias ao parceiro privado não é obrigatória (art. 11, parágrafo único), tratando- se de faculdade da Administração. Caso se decida por prestá-las (minimizando os riscos do parceiro), as garantias deverão ser previstas no edital da licitação prévia à PPP. Além disso, segundo o art. 8º, o parceiro público poderá garantir o pagamento de suas obrigações pecuniárias por meio do oferecimento das modalidades de garantia: a) vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal (que veda a vinculação à receita de impostos) b) instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei c) contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público d) garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia 17 e) garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade f) outros mecanismos admitidos em lei Esta espécie de garantia foi cobrada na seguinte questão: FCC/ ARTESP – Especialista em Regulação (adaptada) De acordo com o regime jurídico aplicável às PPPs, é possível estabelecer algumas salvaguardas em relação ao risco identificado pelos licitantes, entre as quais: Oferecimento de garantias pela Administração contratante em relação às suas contraprestações, prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade. Gabarito (C) Contragarantia ao financiador Em muitas PPPs, além do envolvimento dos parceiros público e privado, haverá uma instituição financiando o projeto. Nesta situação, o próprio contrato da PPP poderá prever garantias do parceiro público em favor do financiador. Tal garantia pode ser prestada das seguintes formas (art. 5º, §2º): a) transferência do controle ou administração temporária da sociedade de propósito específico (SPE) aos financiadores e garantidores (step-in right) b) emissão de empenho em nome dos financiadores c) legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações por extinção antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados pelos fundos e empresas estatais garantidores de parcerias público-privadas Garantia da União em PPPs dos Estados, DF ou municípios Em razão da cooperação federativa, a União poderá prestar garantias em favor dos Estados, DF ou municípios para viabilizar a celebração de PPPs por estes (art. 28). O legislador exigiu, todavia, que a soma das despesas de caráter continuado derivadas do conjunto das parcerias já contratadas por esses entes não pode ter excedido, no ano anterior, a 5% da receita corrente líquida (RCL) do exercício, e nem as despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 anos subsequentes excederem a 5% da receita corrente líquida projetada para os respectivos exercícios. Késia Késia Késia 18 Licitação Prévia INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA Assim como ocorre em relação às concessões comuns, a celebração de uma PPP deve ser precedida de licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo (Lei 11.079/2004, art. 10). No entanto, tal licitação não seguirá exatamente o rito previsto na Lei 8.987 ou na Lei 8.666. A lei das PPPs previu algumas particularidades em relação ao procedimento da modalidade concorrência da Lei 8.666 ou da Lei 8.987 (ou diálogo competitivo da Lei 14.133). Algumas destas particularidades consistem em condições para a abertura da licitação: Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na modalidade de concorrência ou diálogo competitivo, estando a abertura do processo licitatório condicionada a: I – autorização da autoridade competente, fundamentada em estudo técnico que demonstre: a) a conveniência e a oportunidade da contratação, mediante identificação das razões que justifiquem a opção pela forma de parceria público-privada; b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão as metas de resultados fiscais previstas no Anexo referido no § 1o do art. 4o da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa; e c) quando for o caso, conforme as normas editadas na forma do art. 25 desta Lei, a observância dos limites e condições decorrentes da aplicação dos arts. 29, 30 e 32 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, pelas obrigações contraídas pela Administração Pública relativas ao objeto do contrato; II – elaboração de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos exercícios em que deva vigorar o contrato de parceria público-privada; III – declaração do ordenador da despesa de que as obrigações contraídas pela Administração Pública no decorrer do contrato são compatíveis com a lei de diretrizes orçamentárias [LDO] e estão previstas na lei orçamentária anual [LOA]; IV – estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumprimento, durante a vigência do contrato e por exercício financeiro, das obrigações contraídas pela Administração Pública; Késia Késia Késia Késia Késia 19 V – seu objeto estar previsto no plano plurianual em vigor no âmbito onde o contrato será celebrado; VI – submissão da minuta de edital e de contrato à consulta pública, mediante publicação na imprensa oficial, em jornais de grande circulação e por meio eletrônico, que deverá informar a justificativa para a contratação, a identificação do objeto, o prazo de duração do contrato, seu valor estimado, fixando-se prazo mínimo de 30 (trinta) dias para recebimento de sugestões, cujo termo dar-se-á pelo menos 7 (sete) dias antes da data prevista para a publicação do edital; e VII – licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licenciamento ambiental do empreendimento, na formado regulamento, sempre que o objeto do contrato exigir. Reparem que o legislador se preocupou com os impactos orçamentários da concessão especial para o ente público. Assim, exigiu que o objeto do contrato esteja previsto no plano plurianual (PPA) relativo ao período de execução do ajuste (art. 10, inciso V). Nesse sentido, a Administração deve estimar o impacto orçamentário-financeiro provocado pelo empreendimento, devendo o ordenador de despesa declarar que as obrigações decorrentes do contrato são compatíveis com a LDO (lei de diretrizes orçamentárias) e que estão previstas na LOA (lei orçamentária anual) - art. 10, incisos II e III. Para que tudo isto seja feito, o poder concedente deve estimar o fluxo de recursos públicos necessários ao cumprimento do objeto do contrato e ao adimplemento das obrigações assumidas pela Administração (art. 10, IV). Além da avaliação orçamentária, o legislador impôs a realização de consulta pública como condição para a publicação do edital (inciso VI). Outra condição importante consiste na exigência de licença ambiental (ou das diretrizes para a obtenção) - art. 10, inciso VII), o que materializa os requisitos de sustentabilidade ambiental do empreendimento. O §3º do art. 10 exige, ainda, autorização legislativa específica quando se pretender celebrar concessão patrocinada, quando couber à Administração o pagamento de mais de 70% da remuneração a ser paga ao concessionário. Por fim, tratando-se de PPP de nível federal, o art. 15 exige que o edital da licitação seja submetido e avaliado pelo “órgão gestor de PPP”, detalhado mais adiante. Procedimento licitatório A Lei das PPPs previu particularidades no procedimento licitatório, mas, quanto aos demais aspectos, remeteu à Lei 8.666 da seguinte forma: Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia 20 Art. 12. O certame para a contratação de parcerias público-privadas obedecerá ao procedimento previsto na legislação vigente sobre licitações e contratos administrativos e também ao seguinte: (..) Uma destas particularidades consiste na possibilidade de se realizar a qualificação técnica prévia: Art. 12, I – o julgamento poderá ser precedido de etapa de qualificação de propostas técnicas, desclassificando-se os licitantes que não alcançarem a pontuação mínima, os quais não participarão das etapas seguintes; Caso seja realizada esta pré-qualificação, os licitantes que não atenderem aos requisitos técnicos são previamente “desclassificados” do certame, não participando da etapa competitiva. Projetos Básico e Executivo Outra distinção em relação às licitações regidas pela Lei 8.666/1993, consiste na possibilidade de dispensa da prévia elaboração do projeto básico. Nas licitações para obras e serviços em geral (Lei 8.666/1993), é obrigatório que o ente público elabore o chamado “projeto básico” (Lei 8.666/1993, art. 7º, I, e §2º, I), que descreve um conjunto de informações suficientes para a caracterização da obra ou do serviço e permite ao licitante avaliar o seu custo. Já na licitação que antecede uma PPP, é possível que o projeto básico seja elaborado pelo próprio parceiro privado, em momento posterior à celebração do contrato. Esta é uma forma de se ganhar eficiência e de o parceiro privado compartilhar parte dos riscos envolvidos na contratação. Assim, no caso da PPP, é aceitável a elaboração de estudos ao simples nível de anteprojeto, a partir dos quais o licitante irá estimar o valor dos investimentos: Lei 11.079/2004, art. 10, § 4o Os estudos de engenharia para a definição do valor do investimento da PPP deverão ter nível de detalhamento de anteprojeto, e o valor dos investimentos para definição do preço de referência para a licitação será calculado com base em valores de mercado considerando o custo global de obras semelhantes no Brasil ou no exterior ou com base em sistemas de custos que utilizem como insumo valores de mercado do setor específico do projeto, aferidos, em qualquer caso, mediante orçamento sintético, elaborado por meio de metodologia expedita ou paramétrica. Quanto ao projeto executivo, não há diferenças relevantes com o regime da Lei 8.666, pois esta já autorizava a sua elaboração pelo próprio contratado, de modo concomitante à execução do contrato (Lei 8.666/1993, art. 7º, §1º, parte final). Késia Késia Késia Késia Késia Késia Késia 21 Formalização das propostas Diferentemente do que ocorre na licitação prévia à concessão comum, prevista na Lei 8.987, na PPP haverá a possibilidade de oferecimento de lances verbais, admitidos aos licitantes que houverem oferecido propostas por escrito. Percebam, portanto, que a Lei 11.079 admite duas modalidades de proposta: a) proposta exclusivamente escrita, apresentada em envelope lacrado; b) proposta por escrito, seguida de lances em viva voz (art. 12, III, a e b). Critérios de julgamento Os critérios de julgamento da licitação que antecede a PPP são os seguintes (art. 12, II): ➢ menor valor da tarifa ➢ combinação do menor valor da tarifa com o de melhor técnica ➢ menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração ➢ combinação do menor valor da contraprestação da Administração com o de melhor técnica Em síntese: Inversão das etapas Assim como o fez a Lei 8.987, a Lei das PPPs também admite que o edital preveja a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento (art. 13) – idêntica à que se observa na modalidade licitatória do pregão (Lei 10.520/2002). Critérios de julgamento – licitação prévia à PPP menor tarifa menor tarifa + melhor técnica menor contraprestação paga pela Administração menor contraprestação da Administração + melhor técnica Késia Késia Késia Késia Késia Késia 22 Assim, caso o edital da licitação contenha tal previsão, após terem sido recebidas e classificadas as propostas, avalia-se apenas a documentação de habilitação do licitante melhor classificado. Caso a documentação ateste sua qualificação para a prestação dos serviços, tal licitante será declarado vencedor (não se avaliando a documentação de habilitação dos demais licitantes). Sociedade de Propósito Específico (SPE) INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA Como vimos no tópico anterior, a seleção do parceiro privado é realizada por meio de licitação. No entanto, quem celebra o contrato não será a empresa vencedora da licitação, mas uma outra pessoa jurídica, constituída especificamente para tal propósito. A legislação exige que o licitante que se sagrou vencedor na licitação constitua uma sociedade de propósito específico (SPE). É esta sociedade quem irá celebrar o contrato da PPP, incumbindo-se de implantar e gerir o objeto da parceria (art. 9º) Como o contrato é celebrado com a SPE, esta deve ser constituída antes da celebração do contrato. Segundo Carvalho Filho9 a exigência da SPE demonstra que o legislador pretendeu “colocar em apartado a pessoa jurídica interessada na parceria, de um lado, e a pessoa jurídica incumbida da execução do objeto do contrato, de outro”. Com isto, permite-se ao poder concedente melhor fiscalizar as atividades, o desempenho e as contas do parceiro privado. Segundo leciona o mesmo autor, caso o licitante selecionado descumpra tal obrigação, “o poder concedente não poderá celebrar o contrato com a sociedade primitiva”, devendo convocar o próximo licitante, seguindo a classificação obtida. 9 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 459 Késia Késia Késia 23 A constituição da SPE poderá ocorrer sob a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado (art. 9º, §2º), ou companhia fechada. Além disso, a SPE deverá obedecer a padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento (art. 9º, §3º).Uma vez constituída a SPE, a lei veda a transferência do seu controle sem a autorização da Administração Pública. Além disso, aquele que assumir o controle da sociedade deverá preencher os requisitos relativos à capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e fiscal, que o habilitem à execução do contrato, além de assumir o compromisso de cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor (art. 9, §1º). No entanto, a legislação facilita que o controle ou a administração da SPE seja assumido por seus financiadores ou garantidores. Neste caso específico, a instituição que aportou recursos na SPE poderá assumir seu controle, com objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços. Assim, o contrato da PPP poderá se adiantar e prever em que condições os financiadores da SPE poderiam assumir seu controle: Lei 11.079/2004, art. 5º, § 2º Os contratos poderão prever adicionalmente: I - os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a transferência do controle ou a administração temporária da sociedade de propósito específico aos seus financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, com o objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços, não se aplicando para este efeito o previsto no inciso I do parágrafo único do art. 27 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; Por fim, destaca-se que é vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante da SPE (§4º), exceto se tal situação decorrer da aquisição de SPE por instituição financeira controlada pelo Poder Público, em caso de inadimplemento de contratos de financiamento (§5º). Uma das exigências impostas às SPEs foi cobrada na seguinte questão: CEBRASPE/ TCU – Auditor de Controle Externo – Auditoria Governamental As chamadas sociedades de propósito específico, constituídas com a finalidade precípua de implantar e gerir o objeto dos contratos de parceria público-privada, devem obedecer a padrões de governança corporativa, os quais vêm sendo crescentemente exigidos, tanto no âmbito da administração pública como no do setor privado. Gabarito (C) Em resumo: Késia Késia Késia Késia 24 Normas Aplicáveis à União INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA Como vimos no início da aula, algumas regras da lei das PPPs aplicam-se apenas à União. Estas normas federais encontram-se previstas nos arts. 14 a 22 da Lei 11.079. Na presente seção, iremos nos concentrar nas disposições relacionados ao (i) órgão gestor de PPPs e ao (ii) fundo garantidor de PPPs. Órgão gestor de PPPs O art. 14 determina que seja criado, no nível federal, um órgão gestor de PPPs, com as seguintes atribuições: Art. 14, I – definir os serviços prioritários para execução no regime de parceria público- privada; II – disciplinar os procedimentos para celebração desses contratos; III – autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital; IV – apreciar os relatórios de execução dos contratos. Perceba, a partir do inciso III acima, que licitações que antecedem as PPPs federais devem ser submetidas à avaliação do órgão gestor (art. 15). Késia Késia Késia Késia 25 Para desempenhar tais atribuições, o órgão conta com os seguintes participantes: Art. 14, § 1º O órgão mencionado no caput deste artigo será composto por indicação nominal de um representante titular e respectivo suplente de cada um dos seguintes órgãos: I – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao qual cumprirá a tarefa de coordenação das respectivas atividades; II – Ministério da Fazenda; III – Casa Civil da Presidência da República. Fundo Garantidor de PPPs (FGP) Uma regra importante, aplicável especificamente à União (administração direta e indireta), diz respeito à constituição de um Fundo Garantidor de PPPs (FGP). O Fundo tem como finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos, sejam federais, distritais, estaduais ou municipais. Nos termos do art. 16 da Lei 11.079, a União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações públicas e suas empresas estatais dependentes estão autorizadas a participar, no limite global de R$ 6 bilhões no referido Fundo. O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio, separado do patrimônio dos cotistas, e será sujeito a direitos e obrigações próprios (art. 16, §1º). O Fundo será criado, administrado, gerido e representado por instituição financeira federal, isto é, controlada, direta ou indiretamente, pela União (art. 17). Atualmente, o Banco do Brasil é responsável pela gestão do fundo. Késia Késia Késia Késia 26 CONCLUSÃO Bem, pessoal, Nesta aula temos que ficar atentos às modalidades de PPP, vedações aplicáveis, bem como às formas de pagamento em favor do parceiro privado. Adiante teremos, como de costume, nosso resumo e as questões comentadas relacionadas ao tema da aula de hoje =) Um abraço e bons estudos, Prof. Antonio Daud @professordaud www.facebook.com/professordaud http://www.facebook.com/professordaud 27 RESUMO Parceria Público-Privada (PPP) ✓ Concessão especial de serviços públicos, em que é obrigatória a contraprestação paga pelo parceiro público ao privado. ✓ Objetiva a implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual execução de obras ou fornecimento de bens Modalidades ✓ Concessão patrocinada: tarifa dos usuários + contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado ✓ Concessão administrativa: Administração Pública é a usuária dos serviços concedidos (direta ou indireta) Vedações ✓ Valor da PPP: igual ou superior a R$ 10 milhões ✓ Prazo: de 5 a 35 anos (incluída eventual prorrogação) ✓ Vedada delegação de atividades exclusivas do Estado, regulação, poder de polícia e função jurisdicional ✓ Deve-se mesclar ao menos 2 atividades entre as seguintes: o fornecimento de mão-de-obra o fornecimento e instalação de equipamentos o execução de obra pública Formas de pagamento da contraprestação ✓ ordem bancária ✓ cessão de créditos NÃO tributários ✓ outorga de direitos em face da Administração Pública ✓ outorga de direitos sobre bens públicos dominicais ✓ outros meios admitidos em lei Licitação Prévia ✓ modalidade concorrência ou diálogo competitivo o admitida a inversão de fases e apresentação de lances verbais ✓ edital precedido de consulta pública e de estudo técnico aprovado pela autoridade competente ✓ admite-se qualificação técnica prévia Sociedade de Propósito Específico (SPE) ✓ é quem celebra o contrato da PPP com o parceiro público e se incumbe de implantar e gerir o objeto da parceria ✓ constituída antes da celebração do contrato ✓ pode assumir forma de companhia aberta ✓ vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante da SPE, exceto se tal situação decorrer da aquisição de SPE por instituição financeira controlada pelo Poder Público. 28 MAPAS 29 QUESTÕES COMENTADAS 1. FGV/IMBEL – Comprador - 2021 De acordo com a Lei nº 11.079/2004, a contratação de Parceria Público-Privada será precedida de licitação, na modalidade A concorrência ou diálogo competitivo. B concorrência ou tomada de preços. C tomada de preços ou convite. D concurso ou convite. E concurso ou leilão. Comentários: A questão abordou uma mudança promovida nas PPPs pela "nova lei de licitações" (Lei 14.133/2021), que passou a permitir a adoção da modalidade diálogo competitivo para a licitação prévia a uma PPP: Lei nº 11.079/2004, art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na modalidade de concorrência ou diálogo competitivo, estando a abertura do processo licitatório condicionada a: Portanto, a alternativa (A) está correta. Gabarito (A)2. FGV/IMBEL – Comprador - 2021 De acordo com a Lei nº 11.079/04, antes da celebração do contrato de Parceria Público-Privada, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria. Em relação a essa sociedade, assinale a afirmativa correta. A Pode assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos à negociação no mercado. B Deve ter a Administração Pública como titular da maioria do capital votante. 30 C É isenta de elaborar e apresentar demonstrações financeiras padronizadas. D É isenta de obedecer a padrões de governança corporativa. E Deve assumir a forma de sociedade limitada por quotas. Comentários: Questão que cobrou tema pouco frequente em provas, consistente na sociedade de propósito específico regulamentada no art. 9º da Lei nº 11.079/04. Lembro que a legislação exige que o licitante que se sagrou vencedor na licitação constitua uma sociedade de propósito específico (SPE). É esta sociedade quem irá celebrar o contrato da PPP, incumbindo-se de implantar e gerir o objeto da parceria. Dito isto, destaco que a alternativa (A) está correta e a alternativa (E), incorreta, nos termos do art. 9º, §2º: Art. 9º, § 2º A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado. Portanto, as SPEs não devem, necessariamente, assumir a "forma de sociedade limitadas por quotas", na medida em que podem assumir a forma de sociedade com capital aberto. A alternativa (B) está incorreta, nos termos previstos no §4º abaixo: Art. 9º,§ 4º Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante das sociedades de que trata este Capítulo. § 5º A vedação prevista no § 4º deste artigo não se aplica à eventual aquisição da maioria do capital votante da sociedade de propósito específico por instituição financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadimplemento de contratos de financiamento. As alternativas (C) e (D) estão incorretas, pois as SPEs devem adotar práticas contábeis e elaborar demonstrações financeiras padronizadas, além de atender a padrões de governança corporativa: Art. 9º, § 3º A sociedade de propósito específico deverá obedecer a padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento. Por fim, aproveito para sintetizar as principais características das SPEs vinculadas às PPPs: 31 Gabarito (A) 3. FGV/IMBEL – Comprador - 2021 De acordo com a Lei nº 11.079/04, assinale a opção que indica um possível contrato de Parceria Público-Privada para prestação de serviços. A Contrato de R$ 5.000.000, com prazo de 5 anos. B Contrato de R$ 12.000.000, com prazo de 10 anos. C Contrato de R$ 15.000.000, com prazo de 3 anos. D Contrato de R$ 20.000.000, com prazo de 4 anos. E Contrato de R$ 30.000.000, com prazo de 2 anos. Comentários: Questão que cobrou assunto frequente em provas, a respeito das vedações às PPPs, estabelecidas no art. 2º da Lei 11.079/2004, adiante sintetizadas: I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou S.P.E. É quem irá implantar e gerir o objeto da PPP Constituída antes da celebração do contrato pode assumir a forma de companhia aberta com valores mobiliários negociados no mercado vedado à Administração ter maioria do capital votante exceção: aquisição por Banco controlado pelo Poder Público (inadimplemento do financiamento) transferência de seu controle societário exige autorização expressa da Administração Pública 32 III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. Portanto, a alternativa (B) está correta e as demais, incorretas. Aproveito para destacar as exigências aplicáveis à celebração de PPPs: Gabarito (B) 4. Cebraspe/TCE-RJ – Auditor - 2021 É facultada a constituição de patrimônio de afetação que não se comunicará com o restante do patrimônio do fundo garantidor de parcerias público-privadas, ficando vinculado exclusivamente à garantia em virtude da qual tiver sido constituído. Comentários: Questão que cobrou regra da Lei das PPPs especificamente dirigida ao FGP (fundo garantidor de PPPs), o qual tem como finalidade prestar garantia de pagamento das obrigações pecuniárias que os parceiros públicos assumem perante os parceiros particulares. Neste caso, faculta-se a separação de uma parcela do fundo que não se comunicaria com o restante de seu patrimônio: Lei 11.079/2004, art. 21. É facultada a constituição de patrimônio de afetação que não se comunicará com o restante do patrimônio do FGP, ficando vinculado exclusivamente à garantia em virtude da qual tiver sido constituído, não podendo ser objeto de penhora, arresto, seqüestro, busca e apreensão ou qualquer ato de constrição judicial decorrente de outras obrigações do FGP. Parágrafo único. A constituição do patrimônio de afetação será feita por registro em Cartório de Registro de Títulos e Documentos ou, no caso de bem imóvel, no Cartório de Registro Imobiliário correspondente. PPPs valor igual ou superior a R$ 10 milhões prazo de 5 a 35 anos (incluída eventual prorrogação) Vedado objeto único de fornecimento de mão-de-obra fornecimento e instalação de equipamentos execução de obra pública 33 Gabarito (C) 5. Cebraspe/TCE-MG – Direito – 2018 (adaptada) No que concerne às parcerias público-privadas, julgue os seguintes itens. I A Lei Geral de Parceria Público-Privada aplica-se aos órgãos da administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, mas não ao Poder Judiciário II A celebração de parceria público-privada é condicionada à realização de licitação obrigatoriamente na modalidade de concorrência pública ou diálogo competitivo III É vedada a celebração de parceria público-privada por contrato de valor inferior a vinte milhões de reais IV Na contratação de parceria público-privada, eventuais riscos do negócio deverão ser arcados integralmente pelo parceiro privado Estão certos apenas os itens a) I e II b) I e III c) III e IV d) I, II e IV e) II, III e IV Comentários: O item I cobrou um detalhe presente na Lei 11.079/2004 e pode ser considerado correto dada a ausência de menção ao Poder Judiciário no dispositivo abaixo: Art. 1º, parágrafo único. Esta Lei aplica-se aos órgãos da administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. O item II está correto. Sendo uma modalidade de concessão de serviço público, a PPP exige prévia licitação na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, consoante explicita o seguinte dispositivo da Lei 11.079/2004 (alterado pela Lei 14.133/2021): 34 Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na modalidade de concorrência ou diálogo competitivo, estando a abertura do processo licitatório condicionada a: O item III está incorreto, pois veda-se a celebração de PPPs com valor inferior a R$ 10 milhões. Art. 2º, § 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada: I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); O item IV está incorreto. Ao contrário, uma das características marcantes da PPP é o compartilhamento dos riscos. O Poder concedente se solidariza com o parceiro privado caso ocorram prejuízos ou déficits, ainda que decorram de fatos imprevisíveis (caso fortuito, força maior, fato do príncipe e a imprevisão em virtude de álea econômica extraordinária). Gabarito (A) 6. CEBRASPE/IPHAN – Analista I – Área 8 – 2018 Em relação ao modelo de parcerias público-privadas, julgue o próximo item. A emissão de título de desempenho (performance bond) tem o objetivo de garantir a previsibilidade do fluxo financeiro dos projetos de concessão. Comentários: O performance bond, de origem norte-americana, consiste em um seguro-garantia que busca assegurar a execução de um contrato. No âmbito das PPPs, tal seguro pode ser utilizado como garantia fornecida pelo parceiro privado em benefício do parceiro público, reduzindo o risco de inexecução do contrato (Lei 11.079/2004, art. 5º, VIII). Dessa forma, tal título não tem objetivo de garantir fluxo financeiro, mas de garantir a execução do contrato. Gabarito (E) 7. CEBRASPE/ IPHAN – Analista I – Área 8 – 2018 Em relação ao modelo de parcerias público-privadas, julgue o próximo item. Nas parcerias público-privadas, o governo delega a operação mercantil ao setor privado, mas mantém as atividades de planejamento, monitoramento e regulação. 35 Comentários: De fato, as atividades de planejamento, monitoramento e regulação não são delegadas por meio da PPP, na medida em que são atividades exclusivas do Estado: Art. 4º, III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado; A atividade de circulação de mercadorias (atividade mercantil), no entanto, é característica da iniciativa privada, ficando a cargo do parceiro privado em uma PPP. Gabarito (C) 8. CEBRASPE/ IPHAN – Analista I – Área 8 – 2018 Em relação ao modelo de parcerias público-privadas, julgue o próximo item. O governo federal concentra a maior parte das parcerias público-privadas no Brasil. Comentários: Questão atípica, que mesclou Direito Administrativo com atualidades, mas que está incorreta, na medida em que a grande maioria das PPPs brasileiras, atualmente, estão concentradas nas esferas estaduais e municipais. Como temos mais de 5.000 entes municipais e estaduais, é natural que estes concentrem a maior parte das PPPs. Gabarito (E) 9. CEBRASPE/ IPHAN – Analista I – Área 8 – 2018 Em relação ao modelo de parcerias público-privadas, julgue o próximo item. A análise da viabilidade econômica e financeira do projeto é o principal desafio para a realização de parceria público-privada administrativa. Comentários: A análise da viabilidade econômico-financeira assume papel de protagonismo nas PPPs patrocinadas, ao considerar, de um lado, os custos do projeto e, de outro, a previsão de receita proveniente de tarifa dos usuários (além da contraprestação do parceiro público). 36 Exemplo: considerando que o projeto exigirá um desembolso de 20 milhões, qual o valor da tarifa e a quantidade de usuários será necessária para tornar o empreendimento economicamente viável em 20 anos? Na PPP administrativa, a seu turno, tal análise assume menor importância, dado que não envolve o recebimento de tarifas. Gabarito (E) 10. CEBRASPE/ CGM de João Pessoa – PB – Conhecimentos Básicos – Cargos: 1, 2 e 3 – 2018 A respeito de concessão administrativa, julgue o item subsecutivo. Tratando-se de concessão administrativa, a administração pública é usuária direta ou indireta da prestação de serviços, enquanto, no caso de concessão patrocinada, há cobrança de tarifa dos usuários particulares. Comentários: Questão sem grandes dificuldades, que definiu corretamente as duas modalidades de PPP. Relembrando: Gabarito (C) 11. CEBRASPE/ TRT - 7ª Região (CE) – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2017 Define-se concessão administrativa como a) parceria público-privada em que a remuneração do parceiro privado é realizada pelo Estado e por tarifa paga pelos usuários do serviço. b) concessão de serviço público essencial. c) parceria público-privada que tem a administração pública como usuária direta ou indireta, sem pagamento de tarifas pelos usuários particulares. modalidades de PPP concessão administrativa Administração Pública é a usuária do serviço (direta ou indireta) concessão patrocinada Concessão de serviços públicos, com cobrança de tarifa 37 d) concessão de serviço público a entidade da administração pública indireta. Comentários: A “concessão administrativa” representa uma modalidade de PPP, assim definida na Lei 11.079: Lei 11.079/2004, art. 2º, § 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Reparem que, diferentemente da concessão patrocinada, na administrativa não há pagamento de tarifa. A remuneração do parceiro é proveniente exclusivamente da contraprestação do parceiro público. Gabarito (C) 12. CEBRASPE/ PC-PE – Delegado de Polícia – 2016 Tendo como referência a legislação aplicável ao regime de concessão e permissão de serviços públicos e às parcerias público-privadas, assinale a opção correta. a) De acordo com a Lei n.º 8.987/1995, as permissões de serviço público feitas mediante licitação não podem ser formalizadas por contrato de adesão. b) Em relação à parceria público-privada, entende-se por concessão administrativa o contrato de prestação de serviços de que a administração pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. c) As agências reguladoras não podem promover licitações que tenham por objeto a concessão de serviço público do objeto por ela regulado. d) É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada cujo período de prestação do serviço seja superior a cinco anos. e) Por meio da concessão, o poder público delega a prestação de serviço público a concessionário que demonstre capacidade para seu desempenho, sendo esse serviço realizado por conta e risco do poder concedente. Comentários: A letra (a) está incorreta. Pelo contrário, a Lei 8.987 define, expressamente, a permissão como sendo um contrato de adesão: 38 Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente. A letra (b), por sua vez, está correta, pois transcreveu a seguinte definição legal: Lei 11.079/2004, art. 2º, § 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. A letra (c) está incorreta. As agências reguladoras regulam um setor e, assim, podem promover licitações para concessão dos serviços por elas regulados. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), por exemplo, realiza uma série de licitações para concessão de serviços de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, seguindo diretrizes emanadas do poder concedente. A letra (d), incorreta, afirma justamente o contrário da restrição prevista na Lei 11.079. Uma PPP tem prazo mínimo de 5 anos. Seu prazo máximo (incluindo prorrogações) será de 35 anos. Por fim, a letra (e) está incorreta, pois os serviços delegados são prestados por conta e risco do concessionário – não do poder concedente: Lei 8.987/1995, art. 2º, II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência ou diálogo competitivo, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; Gabarito (B) 13. CEBRASPE/ TCU – Auditor de Controle Externo - 2013 A propósito de parcerias público-privadas, julgue o item subsequente. Se o governo de determinado estado da Federação, ao contratar uma empresa privada para aconstrução e administração de uma penitenciária, realizar pagamento mensal proporcional ao número de detentos e fiscalizar a prestação dos serviços, estará executando o contrato de concessão patrocinada, por meio do qual o concessionário recebe da administração, em caráter adicional ao pagamento efetuado pelos beneficiários, a contraprestação pecuniária devida. Comentários: 39 Neste tipo de questão, temos que nos lembrar que, na concessão administrativa, não há pagamento de tarifa. Ora, este é justamente o caso, já que os presidiários, obviamente, não pagam tarifa pelo “serviço” oferecido na penitenciária. Dessa forma, as PPPs de complexos penitenciários não são na modalidade patrocinada. Neste caso, podemos dizer que a Administração é a usuária direta dos serviços e a população em geral é a usuária indireta. Gabarito (E) 14. CEBRASPE/ TCU – Auditor de Controle Externo – Auditoria Governamental – 2011 A respeito das PPPs, julgue o item a seguir. Suponha que, após a realização de procedimento licitatório, na modalidade de concorrência, tenha sido firmada uma PPP com o objetivo único de executar obra pública e que as obrigações pecuniárias assumidas pela administração pública tenham sido oferecidas mediante garantia prestada por organismos internacionais. Considerando-se essa situação, é correto afirmar que há ofensa à legislação de regência, visto que é vedada a celebração de contrato de PPP que tenha por único objeto a execução de obra pública, embora a garantia prestada por organismo internacional seja admitida pela lei como garantia das obrigações pecuniárias assumidas pela administração pública. Comentários: Questão interessante, que deve ser analisada sob dois aspectos: (i) o fato de o objeto da PPP ser exclusivamente a execução de obra e (ii) o fato de a garantia ter sido prestada por organismo internacional. Primeiramente, é importante destacar que o objeto da PPP não poderá ser exclusivamente a execução de uma obra: Art. 2º, § 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada: (..) III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. Caso a administração pretenda apenas executar uma obra, sem a prestação de serviço público, deverá celebrar um contrato de empreitada, nos moldes da Lei 8.666/1993, já que não se trataria de uma concessão. Nas PPPs, deve-se mesclar ao menos duas das seguintes atividades: 40 - fornecimento de mão-de-obra - fornecimento e instalação de equipamentos - execução de obra pública Já quanto à garantia, não há qualquer óbice a que organismo internacional preste garantia ao parceiro privado, visando assegurar o cumprimento das obrigações contraídas pela Administração Pública. Art. 8º As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante: IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público; Gabarito (C) 15. VUNESP/Prefeitura de São Roque – Advogado – 2020 Suponha que municípios limítrofes, com o objetivo de conferir viabilidade econômica a projeto de Parceria Público-Privada (PPP) destinado a aprimorar o sistema de iluminação pública das cidades, celebrem contrato de consórcio público a fim de permitir a gestão associada do serviço. A celebração do contrato resultou na criação de uma associação pública. Considerando a situação hipotética e o disposto na Lei n° 11.107/05, assinale a alternativa correta. a) Não poderá ser conferida à associação pública a competência para a celebração do contrato de PPP, por se tratar de entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado. b) O contrato de consórcio pode prever a cessão de móveis dos municípios à associação pública, por força da gestão associada do serviço. c) A associação pública apenas integrará a Administração Indireta do município que for responsável pela gestão do consórcio. d) O consórcio público somente poderia ser constituído quando o protocolo de intenções esteja ratificado por lei por todos os Municípios subscritores do contrato. e) Extinto o consórcio, perderá eficácia o contrato de programa que contenha autorização para a realização de despesas relacionadas à gestão associada do serviço. Comentários 41 Nesta questão, cobrou-se conhecimento da Lei 11.107/2005, que dispõe sobre os consórcios públicos, e da Lei 11.079/2004, que dispõe sobre as parcerias público-privadas. A letra (A) está incorreta. Primeiramente, porque a associação pública consiste no consórcio público de direito público, as quais possuem natureza autárquica, nos termos do art. 41, inciso V do Código Civil: Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: (...) IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; Ademais, a Lei 11.079/2004 – Lei das PPPs - esclarece que: Art.1º, parágrafo único. Esta Lei aplica-se aos órgãos da administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A letra (B) está correta. A Lei 11.107/2005 abre essa possibilidade por força de gestão associada de serviços públicos, autorizando que o ente consorciado ceda bens ao consórcio: Art. 4º, §3º É nula a cláusula do contrato de consórcio que preveja determinadas contribuições financeiras ou econômicas de ente da Federação ao consórcio público, salvo a doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imóveis e as transferências ou cessões de direitos operadas por força de gestão associada de serviços públicos. A letra (C) está incorreta, pois o consórcio público de direito público (associação pública) integrará a administração indireta de todos os entes federativos consorciados: Lei 11.107/2005. Art. 6º, §1º. O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados. A letra (D) está incorreta. O consórcio é constituído por contrato e não há obrigatoriedade de que todos os entes da Federação que subscreveram o protocolo de intenções celebrem o contrato: Lei 11.107/2005, art. 5º O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções. § 1º O contrato de consórcio público, caso assim preveja cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela dos entes da Federação que subscreveram o protocolo de intenções. A letra (E) está incorreta. O contrato de programa vigora, nessas condições, mesmo que o consórcio seja extinto: 42 Lei 11.107/2005. Art. 13 §4º. O contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o consórcio público ou convênio de cooperação que autorizou a gestão associada de serviços públicos. Gabarito (B) 16. VUNESP – PGM São José dos Campos/2019 A respeito das Parcerias Público-Privadas (PPP), assinale a alternativa correta. a) É ilegal prever remuneração variável pelo parceiro público ao parceiro privado vinculada ao seu desempenho. b) A legislação exige a repartição objetiva de riscos, ordinários e extraordinários, o que não significa compartilhamento equânime dos riscos. c) A repartição objetiva dos riscos altera diretamente o regime da responsabilidade civil inerente à prestação do serviço público. d) Não é admitida a participação direta dos autores ou responsáveis pelos projetos, básico ou executivo, nas licitações e execução das obras ou serviços em PPP. e) O Fundo Garantidor de Parcerias possui natureza pública, patrimônio separado dos cotistas e deve ser administrado por instituição financeira controlada pela União. Comentários: Questão capciosa, que exigiu profundo conhecimento das regras aplicáveisàs PPPs. A letra (a) está incorreta, uma vez que é permitida a remuneração variável, conforme o §1º do art. 6º da lei 11.079/2004: Art. 6º A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público- privada poderá ser feita por: § 1º O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado de remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato. A letra (B) está correta. Uma das características da PPP é a repartição de riscos de modo objetivo e expresso, consoante previsto na própria Lei 11.079: Art. 4º Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes diretrizes: (..) 43 VI – repartição objetiva de riscos entre as partes; Isto não significa, no entanto, que o compartilhamento de riscos será equânime ou igualitário, basta que seja definido claramente no contrato. O parceiro privado continuará sendo responsável, por exemplo, direta e objetivamente pelos causados pelos seus agentes atuando nesta condição. Pela mesma razão, a letra (c) está incorreta. A repartição objetiva dos riscos não altera a responsabilidade do parceiro privado em relação à prestação de serviço público, nos termos definidos no art. 37, §6º, da CF. Caso a prestação de serviços resulte danos a terceiros, o parceiro privado será direta e objetivamente, sendo que o Estado responderia apenas em caráter subsidiário. A letra (d) está incorreta e aborda uma das diferenças entre o regime licitatório da Lei 8.666 e as licitações para delegação de serviços públicos. Nos termos do art. 3º da lei 11.079/2004 combinado com o art. 31 da lei 9.074/1995, temos que: Lei 9.074/1995, art. 31. Nas licitações para concessão e permissão de serviços públicos ou uso de bem público, os autores ou responsáveis economicamente pelos projetos básico ou executivo podem participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obras ou serviços. A letra (e) está incorreta, porquanto o Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP) terá natureza privada: Art. 16, § 1º O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separado do patrimônio dos cotistas, e será sujeito a direitos e obrigações próprios. Art. 17. O FGP será criado, administrado, gerido e representado judicial e extrajudicialmente por instituição financeira controlada, direta ou indiretamente, pela União, com observância das normas a que se refere o inciso XXII do art. 4º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Gabarito (B) 17. VUNESP - Analista Técnico Científico (MPE SP) /Contador/2019 É correto afirmar, em relação às Parcerias Público Privadas (PPP) e os Contratos de Concessão, no âmbito da gestão pública: a) são uma forma de aumentar o tamanho do setor público como parcela do PIB. b) apesar de em certo grau se sobreporem, diferenciam- se pelo fato de que atividades com rentabilidade adequada ao capital privado não seriam objetos de uma PPP. 44 c) Contratos de Concessão de Serviços Públicos e Parcerias Público Privadas são denominações diferentes para uma mesma realidade de contratação de agentes privados pelo estado. d) Parcerias Público Privadas que envolvem transferência de recursos do setor público para agentes privados tendem a desaparecer em conjunto com os Contratos de Concessão para os Serviços Públicos. e) Contratos de Concessão e Parcerias Público Privadas são formas idênticas de contratação de serviços públicos por parte do Estado e se diferenciam apenas quanto ao prazo de vigência dos contratos. Comentários: A questão trabalhou interpretação dos conceitos de concessão e de parceria público privadas e também das leis 8.987/1995 e 11.079/2004. A parceria público-privada possui como característica a remuneração que o parceiro privado recebe do parceiro público. Neste sentido pode-se inferir que a legislação reservou às concessões comuns (lei 8987/1995) atividades em que o setor privado possa ter retorno financeiro exclusivamente obtido a partir das tarifas, deixando àquelas que necessitam de complementação por parte da Administração Pública reservadas às parcerias público privadas. Gabarito (B) 18. VUNESP - Analista Técnico Científico (MPE SP) /Economista/2019 Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. Concessão administrativa a) é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. b) é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. c) é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. d) tem como objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. e) é aquela cujo período de prestação do serviço é inferior a cinco anos. 45 Comentários: A letra (a) está incorreta, pois se trata do conceito de concessão patrocinada: Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. § 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. A letra (b) está correta, conforme disposto no § 2º do art. 2º da lei 11.079/2004: Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. § 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. A letra (c) está incorreta, sendo que neste caso a lei considerou que não haverá parceria público privada: Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. § 3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. As letras (d) e (e) estão incorretas, o § 4º do art. 2º da lei 11.079/2004 veda a celebração de parceria público privada nestas situações: Art. 2º, § 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada: I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. Gabarito (B) 46 19. Órgão: DPE-SC Prova: FUNDATEC - 2018 - DPE-SC - Analista Técnico (adaptada) Considere a seguinte situação: o Estado de Santa Catarina pretende ampliar as vagas do sistema prisional, instalando, para tanto, um novo presídio. Assinale a alternativa correta em relação ao exposto. ( ) O Estado de Santa Catarina poderá optar, no caso, por firmar uma Parceria Público-Privada, nos termos da Lei nº 11.079/2004. Para tanto, seria possível estabelecer uma concessão administrativa, que é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens, desde que o valor do contrato não seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), o período de prestação do serviço não seja inferior a cinco anos e não tenha como objeto único o fornecimento de mão
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