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Maryanne Adriano Doença Inf. Pélvica AgudaDoença Inf. Pélvica Aguda Conceito É uma síndrome clínica que acomete os órgãos genitais superiores por processos inflamatórios/infeccioso a partir de germes que advém do trato genital inferior. A DIPA tem várias expressões clínicas (pois tem várias localizações): endometrite, salpingite, ooforite (do óvario), pelviperiotonite e abcesso tubo ovariano É um problema de saúde pública, possui várias localizações e por isso, passa a se tornar esse problema de saúde pública, possui diversos agentes etiológicos e formas evolutivas e as graves sequelas que podem acometer a paciente se não for precocemente tratada, tudo isso passa a ser considerado um problema de saúde pública. ATENÇÃO: essas graves sequelas são: dor pélvica crônica, infertilidade ou aumento da chance de gravidez ectópica. Mecanismos de defesa do TGF temos os lábios maiores e menores fecham o intróito vaginal, importante pois haverá a justa posição dos grandes lábios; Epitélio de revestimento das paredes vaginais: o epitélio escamoso estratificado faz parte do epitélio vaginal e da ectocérvece. Portanto, é um epitélio de revestimento, aguenta traumatismos fisiológicos. Epitélio do canal cervical também, epitélio colunar ou grandular, que secreta muco e de certa forma vai secretar e deixar muco fazendo com que mulher tenha certa proteção contra agentes que migrem para cavidade superior. A descamação do endométrio assim como no período menstrual assim como os movimentos ciliares das tubas uterinas->elimina camadas funcionais, eliminando patógenos caso estejam na área. A barreira anatômica: Secreções fisiológicas normais secreções da vulva (das glândulas sebáceas)-por isso fica ambiente mais úmido secreções oriundas das glândulas de Bartholin (glândula que fica no introito vaginal que quando não percebemos é pq não tem nenhum cisto) e Skene (glândulas parauretrais) Além disso existe o transudato da parede vaginal (a parede da vagina sofre o ciclo hormonal, tem parte de esfoliação de suas células-das céluas vaginais e do colo que se esfoliam- e juntamente com o exsudato, há citólise, que são aquelas renovações celulares e as vezes ficam com secreção maior mas é apenas pela junção entre o transudato e as células vaginais e cervicais esfoliadas Essas secreções são formadas pelas: Líquidos endometriais: que advém as vezes no período menstrual tem que haver microorganismos e seus produtos metabólicos na nossa secreção Secreções Vaginal Deve se perceber que há predomínio da flora aeróbica em relação a anaeróbica. Pois os aeróbios darão a proteção que é preciso para que não chegue os germes oportunistas e não haja crescimento de bactérias. Função: Os microorganismos aeróbicos produzem ácido látido e peróxido de hidrogênio que inibe justamente o crescimento de bactérias oportunistas. Assim como produzem os leucócitos inibidores da protease, que protegem a parede vaginal de agentes inflamatórios e infecciosos. Muco Cervical Temos tipos de muco diferente, quanto ao ciclo menstrual, pois ele sofre repercussões hormonais (quer seja do estrogênio, quer seja do momento ovulatório onde há a junção dos dois, havendo muco mais filante). Ele é composto por transudato e secreções oriundas da endocérvice e órgãos genitais internos Fatores de risco Idade (quanto +jovem maior incidência) Baixo nível socioeconômico Início precoce de atividade sexual Multiplicidade de parceiros sexuais (3/4 vezes em 1 ano) Parceiro sexual portador de uretrite Tabagismo- diminui as células de langerhans (células de defesa do colo uterino) Manipulação do trato genital História prévia de IST DIU sem boa propedêutica na inserção Agentes etiológicos Existem dois grupos de agentes etiológicos: Os patógenos PRIMÁRIOS, que pertencem ao grupo1. das IST's -Neisseria gonorrhoeae - Mycoplasma hominis - Chlamydia trachomatis - Ureaplasma urealyticum 2. Os patógenos SECUNDÁRIOS, pertencentes a microbiota vaginal (ou seja, já tem comumente esses patógenos na microbiota) - Aeróbios e anaeróbios gram + e – (Gardnerela vaginalis, Bacterioides, Peptoestreptococcus, Streptococcus β-hemolítico do grupo A, E. coli) - Actinomices israeli->agente colonizador do fio do DIU Maryanne Adriano Doença Inf. Pélvica AgudaDoença Inf. Pélvica Aguda Os agentes primários causam danos ao epitélio celular, ocorrendo então uma fraqueza tecidual e vão permitir a entrada de outros microorganismos As clamídias invadem os sítios infectados e debilitados em seus mecanismos de defesa. Com a destruição tecidual promovida por gonococos e clamídias, o tecido tem seu potencial de oxirredução diminuído, facilitando o crescimento de anaeróbios, em especial os bacteróides que, vão formar os abcessos tubo ovarianos Etiopatogenia O ponto específico para dizermos que há uma infecção baixa ou uma DIPA é a passagem pelo orifício interno do colo uterino. Ela é mais comum no período perimenstrual e pós menstrual (durante a mesntruação fica mais susceptível, a abertura do colo é maior, muco é mais fluido, podendo haver com que haja sucção de conteúdo vaginal) Portanto, as manifestações iniciais da DIP é dividida em 5 estágios: O primeiro estágio é quando há endometrite, que pode ser leve, oligossintomática, do endométrio, se não coibir a infeção, haverá o segundo estágio: a salpingite, a infeção que se dirige as tubas os microorganismos então causam lesão do epitélio ciliar após, tendo uma intensa reação inflamatória e com isso, ocorrerá infiltrado leucocitário, gerando dor a palpação dos anexos (primeiros sintomas) inflamação da superfície tubária → aderências → dor pélvica crônica → oclusão do lúmen tubário ou a formação de traves. Oclusão lúmen tubário → infertilidade por fator tubário. Traves → Aumento da incidência de gestações ectópicas 7.Aglutinação das fimbrias → oclusão tubária total → piossalpinge. 8. Fimbrias podem envolver os ovários → abscesso tubo ovariano 9. Progredir em direção a cavidade peritoneal -- Abscesso em fundo de saco de Douglas. 10. Sinais de irritação peritoneal. A perihepatite (Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis), ocorre por extensão direta da Neisseria gonorrohoeae ou Chlamydia trachomatis da tuba uterina a cápsula hepática e ao peritônio adjacente. Fase aguda – exudato purulento na cápsula de Glisson Fase crônica - aderências do tipo “corda de violino” Quadro Clínico secreção vaginal purulenta-amarelada ou amarelo esverdeada, associada à: dor pélvica dor anexial dor à mobilização do colo e febre O quadro clínico, varia desde uma paciente assintomática até estar diante de um quadro emergencial. As pacientes normalmente apresentam: 1)Endocervicite: secreção vaginal purulenta ou mucopurulenta. 2) Endometrite: alterações do ciclo menstrual (discretos sangramentos) 3) Salpingite: dor em abdome inferior 4) Perihepatite (Síndrome. de Fitz Hugh Curtis): dor pleurítica à direita e dor em HD. 5) Uretrite: disúria, urgência e frequência. Presente em 20% das pacientes 6) Proctite: sintomas de proctite podem ser observados quando o agente etiológico é o gonococo ou a clamídia. 7) Peritonite: sinais de irritação peritoneal e sintomas sistêmicos – febre, náuseas e vômitos Outros sintomas que podem ocorrer são: -dor umbilical infra-umbilical -atípicos: sangramento uterino anormal, dispareunia e sintomas urinários No exame físico: febre, queda de estado geral, dor em hipocôndrio direito e epigástrio, dor a palpação do abdome inferior (massa palpável), toque vaginal doloroso Hemograma: VHS e Proteína C Reativa: Sorologia para HIV e Sífilis; como tá com dipa, fazer sorologia IST Sumário de Urina: para excluir ITU Culdocentese: Bacterioscopia; Urografia Excretora: Leucocitose c/ desvio à esq.; Alta sensibilidade/especificidade.; ↑VHS (75%); Avaliação grosseira acometimento uretral; Raramente necessária; fazer por USG Permite coleta de material Indicação pré-operatória p/ avaliar trato urinário superior; Avaliação Microbiológica: USG Abdomino pélvica: TC / RNMCultura + Antibiograma: óstio cervical, uretra, videolaparoscopia, culdocentese; PCR: DNA de Clamídias de swabs cervicais/uretrais; Diagnóstico e seguimento; Líq. Livre no fundo de saco vaginal; Espessura endometrial; Massas anexiais mistas; DD de grandes abscessos pélvicos; Localização de outras lojas intra-abdominais; A videolaparoscopia é o padrão ouro, todavia, possui alto custo e pouco acesso! Maryanne Adriano Doença Inf. Pélvica AgudaDoença Inf. Pélvica Aguda Diagnóstico Diagnóstico Diferencial Tratamento O objetivo do tratamento é de prevenir sequelas. O tratamento deve ser precoce, as vezes de forma empírica e usar esquema eficaz contra gonococ, clamídia, vaginose bacteriana e anaeróbicos. LEMBRAR DE SEMPRE TRATAR PARCEIRO! (tratar com doxiciclina associado a ciprofloxacina) Medidas gerais são: Repouso relativo; Abstinência sexual; Retirar DIU após 6h do uso de ATB (MS); ou, não removê-lo em uma primeira conduta, devido ao manuseio. Sintomáticos: Analgésicos; Antitérmicos; AINES; Hidratação venosa (Tratamento hospitalar). Tratamento Ambulatorial: Tratamento Hospitalar:: Maryanne Adriano Go- Ciclo MenstrualGo- Ciclo Menstrual Lesões ElementaresTratamento Cirúrgico: INDICAÇÕES: Ausência de resposta à terapia parenteral após 72h; Massa pélvica que persiste ou aumenta; Dúvida diagnóstica (DIP, prenhez ectópica ou apendicite); Suspeita de ruptura de abscesso tubo-ovariano; Hemoperitônio; Abscesso extenso de fundo de saco de Douglas; Videolaparoscopia: Boas condições clínicas → Resultados imediatos; Maior visualização da cavidade peritoneal com coleta direcionada de material p/ análise microbiológica; Menor agressão tecidual; Permite o lavado da cavidade na vigência de processos inflamatórios → ↓ Aderências Aspiração de secreções purulentas peritoneais; Liberação de aderências; Tratamento de coleções purulentas associadas. Laparotomia: Emergência com instabilidade hemodinâmica; Situações graves: histerectomia total ou subtotal com anexectomia bilateral. Complicações