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DESCRIÇÃO O papel de macro e micronutrientes no metabolismo energético para a atividade física e a mensuração do metabolismo. PROPÓSITO Compreender as fontes alimentares e o papel de macro e micronutrientes na produção da energia necessária à realização do exercício físico, assim como a mensuração e a quantificação desse metabolismo na magnitude do esforço realizado para a atuação profissional na prescrição desse exercício. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os macronutrientes e os micronutrientes da dieta, assim como seu papel desempenhado nas reações químicas do corpo (metabolismo) MÓDULO 2 Descrever as leis da termodinâmica regentes dos processos de troca de energia no ambiente e nos organismos vivos MÓDULO 3 Reconhecer o processo de transferência de energia e a acoplagem da reação de catabolismo e anabolismo no organismo humano MÓDULO 4 Identificar os componentes do gasto calórico diário e suas formas de mensuração INTRODUÇÃO A atividade física é definida como qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto de energia, enquanto o exercício físico é um subcomponente que representa essa atividade de forma estruturada, repetitiva e proposital, melhorando ou mantendo um ou mais componentes da aptidão física. Quando faz qualquer atividade na qual precisa movimentar seus músculos, uma pessoa está fazendo atividade física. Porém, dessas atividades, as que foram planejadas para e que se destinam exclusivamente a melhorar sua condição física recebem um nome mais específico: “exercício físico”. Imagem: shutterstock.com O movimento realizado pelo sistema musculoesquelético é a parte fundamental dessas atividades. Para que o movimento ocorra, há necessidade de um constante fornecimento de energia proveniente da alimentação, possibilitando a contração muscular. Detalharemos esse processo neste tema. Primeiramente, abordaremos os macronutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas) e os micronutrientes (vitaminas e minerais) como fonte de energia e de regulação do metabolismo. Em seguida, apontaremos os princípios elementares da bioenergética e da transferência de energia. Por fim, demonstraremos como a atividade metabólica pode ser mensurada. Imagem: shutterstock.com Macronutrientes: carboidratos, proteínas e gorduras. MÓDULO 1 Identificar os macronutrientes e os micronutrientes da dieta, assim como seu papel desempenhado nas reações químicas do corpo (metabolismo) CARBOIDRATOS CONCEITO Os carboidratos representam uma das formas mais baratas de calorias, constituindo, assim, importante fonte de energia na alimentação da maior parte da população mundial. DICA Quanto ao fornecimento de energia, ainda que o conteúdo calórico de diferentes tipos de carboidratos varie ligeiramente, considera-se que cada grama de carboidratos fornece quatro quilocalorias. TIPOS Uma forma de identificar os tipos de carboidratos encontrados na dieta é saber o número de unidades de hexoses (açúcares de seis carbonos ) contidas neles. Nessa classificação, os carboidratos podem ser subdivididos em: Monossacarídeos Dissacarídeos Oligossacarídeos Polissacarídeos Imagem: shutterstock.com Tipos de carboidratos. Monossacarídeos Trata-se do tipo mais simples de carboidrato. Três monossacarídeos são mais relevantes para a dieta: GLICOSE (PRESENTE EM FRUTAS E DOCES ) FRUTOSE (NAS FRUTAS E NO MEL ) GALACTOSE (NO LEITE E EM SEUS DERIVADOS) É fundamental mencionar que, uma vez ingeridos, os diferentes tipos de carboidratos serão metabolizados de tal modo que a maior parte desse nutriente estará na forma de glicose. Pode-se dizer, portanto, que, no organismo humano, ela constitui o açúcar a atuar na fisiologia. EXEMPLO Entre os parâmetros fundamentais a serem mantidos e que afetam a capacidade de alguém se exercitar, estão a glicemia (concentração de glicose no sangue), os estoques de glicogênio muscular (que será usado na contração) e glicogênio hepático (utilizado para manter a glicemia). Dissacarídeos A combinação de dois monossacarídeos produz um dissacarídeo. Desse modo, a sacarose contém uma molécula de glicose e outra de frutose. Esse dissacarídeo pode ser encontrado em: Imagem: shutterstock.com Açúcar refinado (nosso açúcar de mesa) Imagem: shutterstock.com Doces Imagem: shutterstock.com Cana-de-açúcar Imagem: shutterstock.com Beterraba Imagem: shutterstock.com Mel SAIBA MAIS A combinação de uma molécula de glicose com outra de galactose resulta no dissacarídeo lactose (presente no leite e derivados) . Por fim, a maltose é formada por duas moléculas de glicose. Oligossacarídeos O próximo tipo de carboidrato em termos de quantidade de hexoses são os oligossacarídeos, que contém de 3 a 9 unidades de monossacarídeos. Alguns deles são oriundos da digestão de carboidratos maiores, os polissacarídeos (com 10 ou mais monossacarídeos) . A dextrina e a maltodextrina (bastante utilizada como suplemento nutricional por praticantes de exercícios), por exemplo, são oriundas da degradação do amido de milho. Enquanto ambas são oligossacarídeos digeríveis, a rafinose e a estaquiose presentes em grãos e outras leguminosas) não o são. Dessa maneira, esses oligossacarídeos serão metabolizados por bactérias do cólon intestinal, produzindo gases e outros produtos, como os probióticos. Polissacarídeos Os maiores carboidratos em termos de unidades de hexoses são os polissacarídeos. Uma forma de discuti-los é a que trata de sua origem. O amido pode ser considerado o principal polissacarídeo de origem vegetal. Ele está presente em: SEMENTES MILHO CEREAIS MASSAS FEIJÕES BATATAS RAÍZES Os dois principais amidos da dieta são a amilose e a amilopectina. A diferença entre ambas é o tipo de arranjo das moléculas de carboidratos, o que faz com que esta apresente baixa digestibilidade, enquanto a daquela é mais eficiente. De maneira semelhante à que ocorre nos dois oligossacarídeos (rafinose e estaquiose) há os polissacarídeos insolúveis, sendo, por isso, conhecidos como fibras insolúveis. Essas fibras não se dissolvem em água e são resistentes à hidrólise por enzimas digestivas. Resta a elas serem metabolizadas a ácidos graxos voláteis de cadeia-curta, podendo ser: Absorvidas no corpo. Excretadas pelas bactérias do intestino grosso. São fibras insolúveis, por exemplo, a lignina, a celulose e algumas hemiceluloses. Elas podem ser encontradas em: FOLHAS TRONCOS RAÍZES SEMENTES CASCAS DE FRUTAS MAIORIA DOS CEREAIS Em contrapartida, certos polissacarídeos são fibras solúveis. Incluem-se nesse grupo pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses. Tais fibras são encontradas em: Imagem: Shutterstock.com ALGUMAS FRUTAS Imagem: Shutterstock.com AVEIA INTEGRAL javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com LEGUMES Imagem: Shutterstock.com FIBRA DE SOJA ALGUMAS FRUTAS São as frutas que não fazem parte do grupo das insolúveis. ÍNDICE GLICÊMICO Descrevemos até agora os tipos e as fontes dos principais carboidratos da dieta. Já podemos, contudo, discutir certa nomenclatura para esse nutriente e as implicações históricas dela no contexto da Nutrição. Os carboidratos simples ou açúcares são o termo que designa os monossacarídeos/dissacarídeos, enquanto os polissacarídeos são chamados de carboidratos complexos. SAIBA MAIS Antes da década de 1980, era comum se acreditar que os açúcares, por serem simples (uma ou duas unidades de hexoses), seriam rapidamente digeridos e, consequentemente, aumentariam a glicemia de modo rápido. O raciocínio oposto valia para os carboidratos complexos: eles demorariam a ser processados (digeridos e absorvidos) e, por implicação, aumentariam a glicemia rapidamente. MAS HÁ UMA QUESTÃO: O EFEITO DOS CARBOIDRATOS NA GLICEMIA NÃO SEGUE A REGRA DO “SIMPLES VERSUS COMPLEXOS”. EXEMPLO A frutose, que é um carboidrato simples (monossacarídeo), não altera a glicemia de modo significativo ao ser ingerida. Já opão branco, embora seja um carboidrato complexo, a aumenta de maneira considerável quando é ingerido. Em função disso, foi proposto o chamado índice glicêmico (IG) para quantificar até que ponto a ingestão de determinado alimento eleva a glicemia (concentração de glicose sanguínea) nos períodos pós-prandial (após a ingestão) e de jejum. Como a quantidade de carboidratos não é a mesma para suas diferentes fontes, o IG foi definido como a área da curva do aumento da glicemia após a ingestão de 50 g de um alimento no período de 2 horas (a partir da ingestão). A curva do alimento avaliado é comparada com a do alimento-referência (glicose ou pão branco). Imagem: shutterstock.com Alimentos com diferentes valores de IG. EXEMPLO Quando o alimento-referência é a glicose, valores < 55 serão considerados de baixo IG; caso esse índice fique entre 56 e 69, ele será médio; e, por fim, se for > 70, o IG do alimento analisado será considerado alto. Se o alimento-referência é o pão branco, valores < 75 serão considerados de baixo índice glicêmico, enquanto aqueles > 95 serão de alto IG. Imagem: shutterstock.com Regulação da glicemia. FUNÇÕES Durante o exercício aeróbico, a energia para a realização do esforço provém de uma mistura de carboidratos, lipídios e proteínas. Para a realização dele, cada um dos macronutrientes contribui em termos porcentuais com parte da energia produzida. Deve-se notar, contudo, que, na quase totalidade dos casos, as proteínas têm uma pequena contribuição, sendo a maior parte da energia dividida pelo trabalho de carboidratos e lipídios. O QUE DETERMINA O QUANTO CADA SUBSTRATO ENERGÉTICO FORNECE DE ENERGIA? Um dos fatores é a intensidade do exercício: à medida que ela aumenta, cresce também a contribuição porcentual de carboidratos em relação à dos lipídios. A duração dele é outro fator que influencia a contribuição porcentual dos substratos energéticos no esforço. EXEMPLO Exercícios intensos cuja duração seja maior do que 60 minutos poderão esgotar os estoques de glicogênio muscular, convertendo a glicose sanguínea em principal fonte de carboidratos para essa atividade física. Na medida em que o glicogênio hepático for diminuindo, isto é, que haja menos carboidratos para manter a glicemia, se tornará improvável que um exercício de alta intensidade seja mantido. Evidentemente, há os lipídios potencialmente capazes de serem utilizados, já que a reserva deles é praticamente ilimitada; no entanto, no caso de exercícios prolongados e intensos, esse substrato não é eficiente o bastante para manter o esforço (na mesma intensidade que os carboidratos são capazes). De fato, quanto mais intenso o exercício, menor a contribuição porcentual dos lipídios. Na realização de um esforço intenso que extrapole a duração de 60 minutos, mesmo havendo lipídios de sobra, a eficiência metabólica deles será baixa em comparação com a dos carboidratos, já que os ácidos graxos (lipídios) produzem menos energia por litro de O2 em relação à glicose (carboidratos). ATENÇÃO Não confunda isso com o fato de que, por grama, os lipídios são mais energéticos, fornecendo 9 quilocalorias, enquanto os carboidratos contam com 4 quilocalorias por grama. RECOMENDAÇÕES Quando se usa como referência a ingestão calórica diária, os carboidratos devem representar entre 45% e 65% desse total. Assim, para a maioria dos indivíduos fisicamente ativos, essa faixa porcentual é suficiente para: Repor os estoques de glicogênio muscular e hepático esgotados pelo exercício. Promover o reparo dos danos, ou seja, as microlesões provocadas pelo esforço. A recomendação em termos porcentuais, entretanto, poderá não ser muito “individualizada” se consideramos que indivíduos variam grandemente quanto ao tamanho corporal e à modalidade esportiva que praticam. Dessa forma, os carboidratos e as proteínas podem ser recomendados com base na massa corporal (gramas por quilo de massa corporal) do atleta/indivíduo ativo. Se for considerado o fato de que, quanto mais se aumenta a intensidade e/ou a duração do exercício (no caso, aeróbico intenso e prolongado), mais elevado será o uso de carboidratos, os indivíduos que praticam esse tipo de exercício podem necessitar diariamente de 7 a 12 gramas deles por quilo de massa corporal. Imagem: shutterstock.com Alimentos que são fonte de carboidratos. LIPÍDIOS CONCEITUAÇÃO DOS PRINCIPAIS LIPÍDIOS Na dieta humana, os principais lipídios são os triacilgliceróis, o colesterol e os fosfolipídios. Ainda que não seja uma regra absoluta, de modo geral, as frutas, os vegetais e o amido são boas fontes de gorduras insaturadas e possuem um baixo conteúdo de gordura saturada (os conceitos de insaturado e saturado serão descritos adiante). Por outro lado, as carnes e os laticínios apresentam um alto conteúdo da saturada. Conheceremos agora as principais características de: Triacilglicerol Os triacilgliceróis são a combinação de um glicerol (molécula oriunda da glicose) com três moléculas de ácidos graxos (cadeias de átomos de carbono, oxigênio e hidrogênio que variam em comprimento e grau de saturação entre carbonos e hidrogênios). ATENÇÃO Eles são a forma de armazenamento das gorduras no corpo humano. Ou seja, no tecido adiposo humano, os lipídios estão armazenados na forma de triacilgliceróis. Imagem: shutterstock.com Gorduras boas e gorduras ruins. GORDURA Há dois tipos de gordura: SATURADA O AG pode ser saturado, isto é, quando todas as ligações entre carbonos e hidrogênios são simples. Geralmente, os ácidos graxos saturados são encontrados em estado sólido à temperatura ambiente, como, por exemplo, as gorduras. Conforme mencionamos, os ácidos graxos têm tamanhos diferentes por conta de sua quantidade de carbonos: Até 4 carbonos: Ele é um de cadeia curta. São exemplos disso o acetato, propionato e butirato (derivados de leite e leite fermentado). Entre 6 a 14 carbonos: O AG é classificado como de cadeia média (mirístico, caprílico, caproico, láurico são alguns exemplos encontrados na gordura vegetal, particularmente, no óleo de coco). Com 16 ou mais carbonos: São chamados de cadeia longa. Os ácidos graxos palmítico e esteárico são encontrados na carne de boi, cordeiro e galinha, assim como na gema de ovo, nas gorduras lácteas, na manteiga e no queijo, além de algumas gorduras vegetais, como a manteiga de cacau. INSATURADA Quando um AG possui uma ou mais ligações duplas, ele é chamado de insaturado. Geralmente, esses ácidos graxos são encontrados em estado líquido à temperatura ambiente, como, por exemplo, os óleos. Apenas alguns dos lipídios são essenciais. Apesar de serem fonte de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), todos eles podem ser obtidos a partir das gorduras poli-insaturadas, ou seja, de ácidos graxos com mais de uma ligação dupla. Imagem: shutterstock.com Ácidos graxos saturados e insaturados. Colesterol O colesterol é um lipídio vital para a sobrevivência, que pode ser sintetizado pelo corpo ou obtido por meio da dieta nos alimentos de origem animal. Ele, porém, não é uma gordura. Mesmo desempenhando diversas funções vitais no organismo, o colesterol não é utilizado como fonte de energia. Muitos indivíduos precisam tomar remédios (chamados de estatinas) para reduzir uma produção de colesterol excessiva por questões genéticas. FUNÇÕES Destacamos acima os principais tipos de lipídios e suas fontes. Deve ficar claro para você que, quanto ao exercício físico, os triacilgliceróis são considerados fonte de energia, enquanto os ácidos graxos que o compõem são vistos como o substrato energético representante dos lipídios a serem oxidados nos músculos esqueléticos. Desse modo, a função dos lipídios é o fornecimento de energia, o qual, por sua vez, é, proporcionalmente, maior justamente nas intensidades mais baixas de exercício. Evidentemente, há outras funções que não estão ligadas diretamente à execução do exercício. EXEMPLO Os ácidos graxos essenciais (ácidoslinoleico e linolênico) são necessários para a coagulação do sangue e a manutenção da pressão arterial, da frequência cardíaca e da resposta imunológica. Já o colesterol é utilizado para a produção de hormônios, membranas celulares e sais biliares, entre outras coisas. Imagem: shutterstock.com Molécula de colesterol. RECOMENDAÇÕES Normalmente, a dieta de indivíduos fisicamente ativos se concentra inicialmente em atingir suas recomendações de carboidratos e proteínas, deixando os lipídios por último. Eles, contudo, devem compor de 20% a 35% da ingestão calórica total. Desse total, deve-se consumir: Uma parte menor de ácidos graxos saturados e gorduras trans. Quantidades adequadas de ácidos graxos essenciais. Imagem: shutterstock.com Para o ácido linoleico (presente em óleos de girassol, milho, soja, amendoim), um homem adulto precisa consumir entre 14 e 17g.dia-1. Imagem: shutterstock.com Já uma mulher adulta requer 11-12g.dia-1. Sobre o linolênico (que compõe vegetais verdes folhosos, óleos de canola e soja, produtos de pescado, óleo de peixe e nozes), o consumo para homens e mulheres tem de estar respectivamente nestas ordens: 1,6g.dia-1 e 1,1g.dia-1. ATENÇÃO Uma dieta com menos de 15% da energia oriunda de lipídios, provavelmente, terá dificuldade em conseguir consumir a quantidade adequada de ácidos graxos essenciais, além de ser provável a chance de não se conseguir obter as calorias diárias totais no caso de indivíduos com necessidade energética elevada. PROTEÍNAS CONCEITO Formada por combinações de aminoácidos, a proteína é um dos macronutrientes a cumprir um importante papel no desenvolvimento de células e tecidos. SAIBA MAIS A maior parte da proteína corporal encontra-se no músculo esquelético, constituindo 60% a 75% de todas as proteínas. TIPOS DE AMINOÁCIDOS Entre os aminoácidos utilizados como fonte de energia devido à redução dos estoques de carboidratos (glicogênio muscular), estão os de cadeia ramificada (leucina, isoleucina, valina), cuja sigla em inglês é BCAA (sigla de branched-chain amino acids). Essa situação provém da contribuição direta das proteínas para o fornecimento de energia necessário para o exercício, mas há também uma contribuição que se pode chamar de “indireta”. Somente os carbonos, os hidrogênios e os oxigênios de um aminoácido podem participar do processo aeróbio de produção de energia. DICA Devemos nos lembrar, entretanto, de que aminoácidos também possuem nitrogênio. Assim, quando eles são oxidados, seu grupamento amina (NH2) precisa ser eliminado, já que tal grupamento não pode ser oxidado em nosso organismo. Ele só participa de ligações peptídicas (entre aminoácidos), isto é, do processo de síntese proteica – e não do de degradação predominante no exercício. Por conta da toxicidade desse grupamento, ele não é simplesmente lançado como tal para fora do músculo; em vez disso, o grupamento amina pode ser ligado ao piruvato (formando alanina) ou ao alfa- cetoglutarato, gerando o glutamato, o qual, por sua vez, recebe mais um grupo amina, o que forma a glutamina. A alanina e a glutamina, portanto, são aminoácidos liberados pelo músculo esquelético. A primeira é especificamente reconvertida em glicose na gliconeogênese hepática (fígado) e liberada na corrente sanguínea, podendo ser utilizada pelo próprio músculo. DICA O mecanismo indireto pelo qual as proteínas podem fornecer energia para o exercício é feito por meio do chamado ciclo alanina-glicose. O ciclo começa com um intermediário da glicose, que é o piruvato, recebendo NH2. Em seguida, a alanina formada nessa reação “sai” do músculo esquelético e chega ao fígado, sendo convertido em glicose. Por fim, essa glicose é lançada no sangue pelo fígado e captada pela musculatura para ser usada. Imagem: shutterstock.com Vinte tipos de aminoácidos de ocorrência natural. DINÂMICA DO METABOLISMO DE PROTEÍNAS Na comparação com carboidratos e lipídios, as proteínas, geralmente, não são consideradas importante substrato energético para o exercício. Entretanto, existe a possibilidade de um aumento na contribuição energética porcentual delas para o exercício, pois já foi demonstrada uma maior oxidação das proteínas quando o conteúdo de glicogênio muscular é depletado entre 35% e 55%. Neste caso, esse macronutriente poderia contribuir com até 15% do total de energia nos estágios finais do exercício aeróbico de longa duração e alta intensidade (endurance). ATENÇÃO Esse aumento do uso de proteínas está relacionado à diminuição do estoque de carboidratos. É preciso lembrar que somente os carboidratos são utilizados no metabolismo aeróbio. As proteínas, assim, só podem ser oxidadas, não havendo, portanto, contribuição energética delas para exercícios anaeróbicos. COMENTÁRIO Não se deve confundir isso com o fato de que os praticantes de treinamento de força (musculação, um típico exercício físico anaeróbico) consomem doses elevadas de proteínas. Seu propósito é outro: eles não fazem isso para obter energia para o exercício, e sim para ter proteínas para o anabolismo (hipertrofia muscular). ANABOLISMO Consequência do exercício em um processo de síntese de proteínas quando o esforço já foi encerrado. BALANÇO NITROGENADO Como frisamos, o nitrogênio só permanecerá no organismo enquanto os aminoácidos estiverem incorporados como proteínas musculares. Quando forem utilizados como fonte de energia, ele precisará ser eliminado. Dado esse fato, é possível saber se um indivíduo emprega mais as proteínas incorporadas ao organismo ou se as degrada em maior quantidade. Essa metodologia é conhecida como balanço nitrogenado (BN). O BN é calculado com base na: Quantidade de proteína ingerida (para a qual se conhece o conteúdo de nitrogênio). Excreção de nitrogênio na urina (avaliado, por exemplo, pelo método de Kjeldahl). javascript:void(0) Um dos pressupostos que o fundamentam, pontuam Dhal e demais autores (2020), é que 77,1% de todo o nitrogênio corporal é perdido na urina. De modo geral, pode-se entender que, caso a “entrada” de nitrogênio (consumo) seja maior que sua “saída” (eliminação pela urina) isso significa que a pessoa avaliada apresenta um balanço nitrogenado positivo. Isso acontece quando o indivíduo possui um anabolismo predominante ao longo do tempo. EXEMPLO Crianças em crescimento, pessoas em processo de aumento de massa muscular (hipertrofia muscular) por conta da prática de exercícios e quem convalesce de diversas patologias. POR OUTRO LADO, SE A PERDA DE NITROGÊNIO FOR MAIOR QUE SEU CONSUMO, HAVERÁ UM BALANÇO NITROGENADO NEGATIVO. EXEMPLO Entre as situações que propiciam um balanço calórico negativo, destacam-se a desnutrição, as patologias consumptivas (que levam à perda de tecido muscular e adiposo) ou o envelhecimento não saudável, o que gera fragilidade. Costuma-se dizer que o indivíduo está em BN quando o consumo e a excreção do nitrogênio se equivalem. VITAMINAS E MINERAIS As vitaminas e os minerais são classificados como micronutrientes. Apresentaremos a seguir as características, as funções e os tipos de ambos. Imagem: shutterstock.com Sigla das vitaminas e minerais. VITAMINAS Tipos e funções Em sua maioria, as vitaminas são essenciais e desempenham diversas funções no organismo. Elas podem atuar como: COENZIMAS Ajudam nos processos metabólicos, como a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) e flavina adenina nucleotídeo (FAD), derivadas respectivamente das vitaminas B3 (nicotinamida) e B2 (Riboflavina). ANTIOXIDANTES Protegem estruturas como membranas celulares. HORMÔNIOS A vitamina D é um exemplo. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Como estamos estudando, a energia para atividade física, precisamos destacar que elas não fornecem calorias, isto é, elas não são “quebradas” para que a energia de sua ligação possa ser retirada e utilizada para gerar movimento. Elas são importantes para regular os processos celulares do organismo. DICAPerceba que, uma vez atingidas as concentrações (quantidades) de vitaminas necessárias ao funcionamento enzimático, não há evidências de que o consumo de doses maiores desses nutrientes torna o metabolismo mais eficiente. Grupos As vitaminas podem ser divididas em dois grupos: HIDROSSOLÚVEIS LIPOSSOLÚVEIS AS HIDROSSOLÚVEIS SÃO AS VITAMINAS DO COMPLEXO B (ISTO É, B1, B2, B3, B6, B12, ÁCIDO FÓLICO, BIOTINA, ÁCIDO PANTOTÊNICO) E DA VITAMINA C. TODOS SERÃO LISTADOS A SEGUIR. VITAMINA B1 OU TIAMINA Ela atua como coenzima para a produção de energia dos carboidratos, além de ser essencial para o funcionamento do sistema nervoso central. A vitamina B1 está em: Presunto Porco Carnes Fígado Grãos integrais, pães e cereais enriquecidos Legumes VITAMINA B2 OU RIBOFLAVINA A B2 é outro exemplo de coenzima que atua nas vias de produção de energia a partir de carboidratos e lipídios. Para ser saudável, a pele também necessita de uma ingestão adequada dessa vitamina. Ela é encontrada em: Leite e derivados Carne Grãos enriquecidos Vegetais de folhas verdes Feijões VITAMINA B3 A vitamina B3 atua como coenzima para a produção de energia a partir de carboidratos tanto no metabolismo aeróbio quanto no anaeróbio. Essa vitamina também pode ser sintetizada no organismo a partir do aminoácido essencial triptofano. Isso a torna uma exceção, já que a maioria das outras é essencial (não pode ser produzida pelo corpo) . Além disso, ela é necessária para: Sintetizar gordura. Dificultar a lipólise (liberação dos ácidos graxos de seus estoques). Manter a pele se mantenha saudável. Também conhecida como niacina, nicotinamida ou ácido nicotínico, a vitamina B3 pode ser encontrada em: Carnes magras Peixe Aves Produtos à base de grãos integrais VITAMINA B6 Funcionando como coenzima no metabolismo de proteína, ela é necessária para: Formação de hemoglobina e hemácias (eritrócitos ou células vermelhas) Glicogenólise Gliconeogênese Piridoxina, piridoxal, piridoxamina são nomes dados para essa vitamina. Ela pode ser encontrada nestes alimentos que são fonte de proteínas: Fígado Carnes magras Peixe Aves Legumes Vegetais verdes folhosos VITAMINA B12 Essa vitamina é uma coenzima necessária para: Formação de DNA Desenvolvimento das hemácias Manutenção do tecido nervoso Com o nome de cobalamina ou cianocobalamina, sua particularidade se deve ao fato de ela ser encontrada apenas em alimentos de origem animal (carne, peixe, aves, leite e ovos). ÁCIDO FÓLICO (FOLATO) O folato é necessário como coenzima para a formação de DNA e o desenvolvimento de hemácias. Ele é encontrado em: Fígado Vegetais verdes folhosos Legumes Castanhas BIOTINA A biotina participa como coenzima no metabolismo dos três macronutrientes. Essa vitamina do complexo B pode ser encontrada em: Carnes Legumes Leite Gema de ovo Produtos à base de cereais integrais Maioria dos vegetais ÁCIDO PANTOTÊNICO Essa vitamina do complexo B funciona como parte da coenzima presente no metabolismo energético. Ela está presente em: Carne e fígado de porco Carnes magras Leite Ovos Legumes Produtos à base de grãos integrais Maioria dos vegetais VITAMINA C A vitamina C é essencial para a formação do colágeno e o desenvolvimento do tecido conjuntivo. Ela também ajuda na absorção do ferro, além de auxiliar na formação da adrenalina (epinefrina) e de servir como antioxidante. O ácido ascórbico aparece em: Frutas cítricas Vegetais verdes folhosos Brócolis Pimentões Morango Batatas COMENTÁRIO Já mencionamos que as vitaminas não fornecem energia para o exercício. Quanto às funções tanto daquelas do complexo B quanto de outras da vitamina C, vemos que praticamente todas participam do metabolismo como coenzimas ou são necessárias à síntese de biomoléculas. Em termos de recomendações, a ingestão aguda de vitaminas, de modo geral, não influencia no resultado ou nas consequências imediatas do exercício físico. Por isso, atender às recomendações nutricionais das diferentes vitaminas será útil para que o organismo, estando saudável, possa atingir seu melhor desempenho no exercício. Radicais livres e antioxidantes As espécies reativas de oxigênio (EROs) são um termo geral para as moléculas derivadas do oxigênio molecular que podem ser espécies reativas ou facilmente convertidas nessas espécies (algumas delas são radicais livres). QUAL É A IMPORTÂNCIA DAS EROS PARA O ORGANISMO HUMANO? A resposta está no fato de que a geração descontrolada dessas espécies oxida biomoléculas (remove elétrons), como por exemplo ácidos nucleicos (DNA e RNA), proteínas e lipídios. Dessa forma, as EROs: Alteram a informação genética. Desnaturam as proteínas. Inativam as enzimas. Desarranjam as biomembranas. ATENÇÃO As EROs têm um papel fisiológico importante, tornando-se problemáticas quando a produção delas supera a sua remoção (a tal geração descontrolada mencionada acima). A casos do tipo se dá o nome de estresse oxidativo. Imagem: shutterstock.com Espécies reativas de oxigênio. Quando se realiza o exercício físico, a mudança biológica mais proeminente observada é um aumento da taxa metabólica pareada por um consumo aumentado de oxigênio. Uma taxa elevada de fluxo dele na mitocôndria pode: Provocar um “vazamento” aumentado de elétrons. Impor um estresse oxidativo aos componentes essenciais das organelas para a função celular. Com isso, há a necessidade de “tamponar” (neutralizar) as EROs produzidas em excesso durante o exercício. Podemos mencionar duas formas de atingir tal intento: as enzimáticas e não-enzimáticas, como será visto a seguir. Enzimáticas Destacaremos a seguir três defesas enzimáticas: SUPERÓXIDO DISMUTASE GLUTATIONA PEROXIDASE CATALASE SUPERÓXIDO DISMUTASE São conhecidas as suas variantes dependentes de cobre e/ou zinco e a dependente de manganês. ESSAS ENZIMAS ATUAM EM DIFERENTES EROS, TORNANDO-AS MENOS “PERIGOSAS”. EXEMPLO javascript:void(0) A glutationa peroxidase e a catalase catalisam reações para neutralizar a água oxigenada (peróxido de hidrogênio ou H2O2). Não enzimáticas Apontaremos agora três defesas não enzimáticas: VITAMINA E (Α-TOCOFEROL) Vitamina lipossolúvel concentrada, em sua maioria, na membrana interna da mitocôndria, ou seja, no local onde está presente a cadeia de transporte de elétrons. Lembre-se do que foi dito acima a respeito do “vazamento” de oxigênios na mitocôndria durante a realização do exercício. A vitamina E está, principalmente, depositada em um local de produção de EROs. Portanto, precisa estar presente na dieta, muito embora seu conteúdo seja bastante estável no corpo. Mesmo tendo sofrido a ação de EROs (perder elétrons), ela é capaz de recebê-los e voltar a ser vitamina E (estando pronta para nova neutralização de EROs). VITAMINA C (ASCORBATO) Trata-se de uma vitamina hidrossolúvel depositada no citoplasma e no fluido extracelular. Ela pode tanto atuar sozinha ou em associação com outras vitaminas antioxidantes, como ocorre com a vitamina E. A proteção dela às membranas dos eritrócitos (hemácias) ilustra sua importância no combate de radicais livres formados em fase aquosa (tal como plasma). Β-CAROTENO Ele é um importante precursor da vitamina A. Seu papel consiste em inibir a peroxidação lipídica (ataque de radicais livres a lipídios). Essas vitaminas exercem um papel importante: proteger as células quando as EROs estão em excesso (estresse oxidativo). Como elas são essenciais, precisam ser obrigatoriamente obtidas através da ingestão de alimentos. Imagem: shutterstock.com Como os antioxidantes atuam. MINERAIS Natureza dos minerais No organismo, os minerais participam da formação de tecidos e da regulação de diversos processos fisiológicos. Eles podem ser divididos em dois grupos em função da quantidade recomendada para sua ingestão: MACROMINERAIS MICROMINERAIS Macrominerais São aqueles cuja recomendação diária é maior do que 100mg por dia ou cujos estoques corporais são superioresa 5g. Existem sete macrominerais: Cálcio Fósforo Magnésio Potássio Sódio Cloreto Enxofre Desse grupo, o cálcio, o fósforo e o magnésio apresentam papéis importantes para o exercício: CÁLCIO Encontra-se especificamente em: Todos os laticínios (leite, queijo, sorvete e iogurte) Gema de ovo Feijões secos Ervilhas Vegetais verdes folhosos Couve-flor No organismo, o cálcio participa de: Formação óssea Ativação de enzimas Transmissão do impulso nervoso Contração muscular Potencial celular de membrana Imagem: shutterstock.com Benefícios dos alimentos contendo cálcio. FÓSFORO Esse mineral participa de: Formação dos ossos Manutenção do equilíbrio ácido-básico Estrutura da membrana celular Ativação de vitaminas do complexo B Componentes orgânicos, como adenosina trifosfato (ATP), fosfocreatina (CP), 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG) O fósforo compõe todos os alimentos que são fonte de proteínas. Eis uma lista deles: Carnes Aves Peixes Ovos Leite Queijo Feijões secos Ervilhas Produtos à base de grãos integrais Refrigerantes MAGNÉSIO O magnésio é necessário para a síntese proteica e a formação de 2,3-DPG. Presente em metaloenzimas, ele participa do metabolismo da glicose e da contração da musculatura lisa, além de ser um componente dos ossos. Ele é encontrado em: Leite e iogurte Feijões secos Castanhas Produtos à base de grãos integrais Frutas e vegetais (especialmente os verdes folhosos) Microminerais Em contrapartida aos macrominerais, há os minerais traço (com recomendação de consumo de menos de 100 mg por dia), como por exemplo ferro, cobre, zinco, cromo e selênio. Listaremos a seguir estes cinco microminerais: FERRO No organismo, ele participa da formação de hemoglobina e mioglobina e da cadeia de transporte de elétrons, além de ser essencial para o processo oxidativo. O ferro está presente em: Vísceras animais (fígado) Carne Peixe Frango Frutos do mar (especialmente nas ostras) Feijões secos e ervilhas Produtos à base de grãos integrais Vegetais verdes folhosos Espinafre Brócolis Damasco Ameixas Figos Uvas-passas Imagem: shutterstock.com Alimentos ricos em ferro. COBRE Auxilia o organismo no uso adequado do ferro e da hemoglobina, estando presente ainda nas metaloenzimas envolvidas na formação do tecido conjuntivo e em oxidações. O cobre também pode ser encontrado em: Vísceras, como o fígado Carne Peixe Aves Frutos do mar Castanhas Ovos Abacate Brócolis Bananas ZINCO O zinco atua como coenzima para diversas enzimas envolvidas no metabolismo energético. Ele também opera na função imunológica, na maturação sexual e nas sensações de gosto e cheiro. Esse mineral está em: Vísceras Carne Peixe Aves Frutos do mar (especialmente as ostras) Laticínios Castanhas Produtos à base de grãos integrais Vegetais Aspargo Espinafres CROMO Esse mineral traço aumenta a função da insulina. O cromo é encontrado em: Vísceras (fígado) Carnes Ostras Queijos Produtos à base de cereais integrais Aspargos Cerveja Ele é vendido como picolinato de cromo para aumentar a hipertrofia muscular, já que a insulina é um hormônio anabólico. No entanto, não há evidências científicas quanto ao funcionamento desse suplemento. SELÊNIO Ele atua como cofator da glutationa peroxidase (enzima antioxidante) e parte da superóxido dismutase (enzima antioxidante). O selênio está em: Carnes Peixes Aves Vísceras (rins e fígado) Frutos do mar Grãos integrais e castanhas (cultivados em solos ricos desse mineral) O PAPEL DE MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NO METABOLISMO ENERGÉTICO DURANTE O EXERCÍCIO O especialista Reury Frank Pereira Bacurau faz um resumo do módulo, abordando todos os tópicos descritos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O ÍNDICE GLICÊMICO (IG) PODE SER DEFINIDO COMO A ÁREA DA CURVA DO AUMENTO DA GLICEMIA APÓS A INGESTÃO DE 50G DE UM ALIMENTO NO PERÍODO DE 2 HORAS. TENDO EM VISTA ESSAS CARACTERÍSTICAS, O IG É UM IMPORTANTE INDICADOR REFERENTE AO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS, POIS INFORMA: A) Quanta insulina é liberada após uma refeição. B) Se um alimento é boa fonte de carboidratos complexos. C) Se determinado alimento contém mais carboidratos simples. D) O mecanismo para identificar e compensar a glicemia em jejum. E) O quanto a ingestão de determinado alimento aumenta a glicemia. 2. VITAMINAS SÃO MICRONUTRIENTES IMPORTANTES PARA REGULAR OS PROCESSOS CELULARES DO ORGANISMO. DADO O PAPEL DAS VITAMINAS NO METABOLISMO ENERGÉTICO, É POSSÍVEL DIZER QUE: A) Quanto mais forem consumidas, melhor funcionará o metabolismo. B) Sua carência não afeta o metabolismo energético. C) Enzimas precisam de uma quantidade de vitaminas suficiente para sua ação. D) Atuam predominantemente no metabolismo energético anaeróbio. E) Atuam predominantemente no metabolismo energético aeróbio. GABARITO 1. O índice glicêmico (IG) pode ser definido como a área da curva do aumento da glicemia após a ingestão de 50g de um alimento no período de 2 horas. Tendo em vista essas características, o IG é um importante indicador referente ao metabolismo de carboidratos, pois informa: A alternativa "E " está correta. A estrutura dos carboidratos, quanto ao número de moléculas de glicose, não determina seu efeito na glicemia. Ou seja, a quantidade deles não é a mesma para diferentes fontes. Por isso, foi criado o IG para quantificar o quanto a ingestão de um alimento eleva a glicemia no período pós-prandial (após a ingestão e o jejum) na comparação com um alimento-referência – no caso, o pão branco ou a glicose. 2. Vitaminas são micronutrientes importantes para regular os processos celulares do organismo. Dado o papel das vitaminas no metabolismo energético, é possível dizer que: A alternativa "C " está correta. O mais importante sobre o papel das vitaminas no metabolismo energético é que elas são necessárias como coenzimas em quantidade “suficiente” (nem mais, nem menos), possibilitando, desse modo, a ação enzimática com eficiência. MÓDULO 2 Descrever as leis da termodinâmica regentes dos processos de troca de energia no ambiente e nos organismos vivos ENERGIA CONCEITOS Anteriormente, vimos que carboidratos, lipídios e, em menor grau, proteínas são utilizadas no repouso e no exercício para fornecer a energia que permite a realização do trabalho biológico. Até o presente momento, portanto, falou-se apenas dela. No entanto, chegou o momento de analisar em mais detalhes o significado de energia, ciência que a estuda, assim como o faz com as leis que determinam suas transformações. Afinal, esse conhecimento é fundamental para reforçar o entendimento de como o corpo obtém, transforma, estoca e utiliza a energia. Imagem: shutterstock.com Tipos de energia. Terminologia Tomando como ponto de partida a ciência que estuda os princípios que limitam a troca de energia, podemos atestar que ela é conhecida por dois nomes: TERMODINÂMICA ENERGÉTICA OS EVENTOS ENERGÉTICOS DO MUNDO BIOLÓGICO TÊM UMA CIÊNCIA PRÓPRIA PARA SEUS ESTUDOS: A BIOENERGÉTICA. Leis Há duas leis importantes da termodinâmica que estão plenamente presentes no contexto estudado pela bioenergética: Primeira A energia não pode ser criada nem destruída, mas apenas transformada. Tal corolário é conhecido como Primeira Lei da Termodinâmica. De acordo com essa lei, sempre que houver troca de energia ou matéria entre um sistema e suas imediações, o conteúdo total de energia do universo permanecerá constante. EXEMPLO Após o consumo de carboidratos, o corpo humano os converte em glicose. Ao oxidar completamente essa molécula, uma parte da energia é transferida para o ATP, enquanto o restante é transformado em calor e perdido para o ambiente imediato. Contudo, se fossem somados a energia transferida para a molécula de adenosina e o calor correspondente perdido, o total teria de equivaler à energia originalmente presente na glicose. A partir do que foi dito acima, podemos mencionar o princípio de conservação de energia. O queele atesta é que a energia total do universo é uma quantidade conservada. No entanto, dizer que o exemplo acima corresponde exatamente à energia original da glicose não é perfeitamente correto. Basicamente, haverá outras fontes de perda; assim, no final, a conta (valores) não será idêntica. Em seu significado exato, a referência ao princípio de conservação de energia normalmente remete a um sistema isolado (na física e na química). Trata-se, em suma, de um sistema que não troca matéria e energia com o ambiente, sendo delimitado por uma fronteira completamente restritiva à troca de matéria, à variação de volume e ao calor. Certamente, a troca de energia entre os alimentos e o corpo humano não constitui um sistema isolado. Deriva daí a necessidade de realizar essa retificação em prol da exatidão. Imagem: shutterstock.com Sistemas termodinâmicos. Segunda A Segunda Lei da Termodinâmica diz que os processos de troca de energia sempre se direcionam à aleatoriedade. ALEATORIEDADE Desordem (chamada de entropia), que sempre aumenta. COMENTÁRIO O objeto dessa lei já tinha sido mencionado indiretamente. Nos organismos vivos, sempre que a energia for transformada, a eficiência da transformação não será total, sendo alguma parte dela perdida (normalmente na forma de calor). Ou seja, quando mencionamos o calor, já estávamos falando do objeto explicado pela Segunda Lei da Termodinâmica. EM FUNÇÃO DA SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA, TODO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO BIOLÓGICA (ANABOLISMO) EXIGE A OBTENÇÃO DE UMA TREMENDA QUANTIDADE DE ENERGIA (A NECESSÁRIA PARA O PROCESSO EM SI E A PERDIDA NA FORMA DE CALOR). EXEMPLO javascript:void(0) Utilizamos a energia para formar o ATP. Imaginemos que ela venha da glicose: se a que estiver contida nesse carboidrato for exatamente a energia a ser armazenada na molécula de adenosina, não haverá a ressíntese de ATP. Afinal, parte da energia seria perdida, enquanto o restante não seria o suficiente para a adenosina. Por conta disso, a molécula de glicose precisa ter mais energia que a necessária para a ressíntese de ATP. ENERGIA CINÉTICA E POTENCIAL A energia total de um sistema pode ser dividida em potencial e cinética. Imagem: shutterstock.com Energia potencial e cinética. ENERGIA POTENCIAL Pode ser entendida como energia de posição. Na hidroelétrica de Itaipu, a água fica numa posição alta e, ao ser liberada, cai sobre turbinas, movimentando-as. Quanto mais alta for a posição da água, mais energia potencial ela terá. Ao ser movimentada, a turbina será capaz de aproveitar isso para gerar energia. Outro exemplo de energia potencial é aquela armazenada nas ligações químicas dos alimentos. ENERGIA CINÉTICA Uma vez liberada, a energia potencial se transforma em cinética de movimento (lembre-se de que a potencial era energia de posição). A dos alimentos é transferida para o ATP, aumentando, assim, a própria energia potencial dessa molécula, a qual, em seguida, colocará essa energia em “movimento” para a realização do trabalho biológico. A biossíntese de diversas moléculas é um tipo de trabalho biológico. BIOSSÍNTESE Todos os processos mencionados a seguir são exemplos de biossíntese, embora haja uma miríade de outros processos desse tipo. QUANDO SE DIZ QUE OS CARBOIDRATOS SÃO ARMAZENADOS NA FORMA DE GLICOGÊNIO, É PRECISO TER EM MENTE QUE ESTE É UM PROCESSO QUE CONSOME ENERGIA (ISTO É, UNIR MOLÉCULAS DE GLICOSE ENTRE SI PARA FORMAR GLICOGÊNIO E DISPENDER ATP). O mesmo pode ser dito em relação à: Formação de triacilgliceróis no tecido adiposo Síntese de proteínas do tecido muscular de um praticante de musculação SAIBA MAIS Nutricionistas podem, quando for necessário, aumentar a ingestão calórica de um indivíduo que treina musculação a fim de que ele tenha energia para realizar o processo de síntese proteica. SÍNTESE PROTEICA Em última instância, essa síntese é o processo que resulta na chamada hipertrofia muscular. REAÇÕES javascript:void(0) Apresentaremos a seguir três tipos de reação: ENDERGÔNICA E EXERGÔNICA Pelo que foi mencionado até aqui, é possível inferir que, em alguns casos, as reações químicas liberam energia dos compostos, enquanto, em outros, elas “acrescentam” energia aos compostos que participam dela. QUALQUER PROCESSO FÍSICO OU QUÍMICO QUE RESULTA EM LIBERAÇÃO DE ENERGIA PARA O AMBIENTE CIRCUNDANTE RECEBE O NOME DE EXERGÔNICO. EXEMPLO Quando ATP libera sua energia, resultando em ADP + Pi (fosfato inorgânico), constata-se um processo exergônico. O exergônico é um processo “ladeira abaixo”, ou seja, o ATP é mais energético que o ADP (e perde sua energia). Já os processos que armazenam ou absorvem energia são chamados de endergônicos. Ou seja, ao contrário dos exergônicos, eles são “ladeira acima”: o produto do processo tem mais energia que os reagentes (no caso de uma reação química). NO CORPO, É COMUM QUE OS PROCESSOS EXERGÔNICOS E ENDERGÔNICOS ESTEJAM ACOPLADOS. EXEMPLO A creatina fosfato tem sua ligação fosfato “quebrada” (hidrolisada) para que ADP e Pi possam ser unidos no processo de ressíntese de ATP. Ou seja, há um acoplamento claro entre uma reação exergônica e endergônica. De fato, esse acoplamento é muito importante e comum no sistema biológico. Uma vantagem dele é permitir que mais energia seja aproveitada no processo de transferência. Podemos ver então que o processo de transferência de energia no nosso organismo segue o princípio da queda d’água e da roda (como no exemplo da usina de Itaipu). Os macronutrientes originais (carboidratos, lipídios e proteínas) possuem uma quantidade considerável em suas ligações químicas. À medida que eles são metabolizados nas diferentes vias metabólicas, sua energia potencial original é gradativamente reduzida. Dessa forma, seus subprodutos têm cada vez menos energia potencial e, de forma correspondente, mais cinética. HIDRÓLISE E CONDENSAÇÃO Como mostramos, os macronutrientes perdem gradativamente sua energia potencial, enquanto seus metabólitos (produtos de suas reações) ganham a cinética. Também já mencionamos o termo “hidrólise”. O processo de hidrólise cataboliza moléculas orgânicas complexas (carboidratos, lipídios e proteínas) nas formas mais simples. Ele o faz adicionando H+ e OH- (componentes da água) a seus subprodutos. EXEMPLO Isso ocorre na quebra da sacarose (dissacarídeo, ou seja, carboidratos com dois monossacarídeos) por ação da sacarase (enzima) ou quando um dipeptídeo (composto formados por dois aminoácidos) é clivado em seus aminoácidos constituintes. Já quando uma reação acontece no “sentido oposto” (em vez de se adicionar H+ e OH- à substância que está reagindo, ambos são retirados da molécula), ocorre um processo denominado condensação. O PAPEL DAS LEIS DA TERMODINÂMICA APLICADAS AO EXERCÍCIO O especialista Reury Frank Pereira Bacurau fará um resumo do módulo, abordando todos os tópicos descritos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A REAÇÃO ADP + PI → ATP PODE SER DESCRITA COMO UMA MOLÉCULA DE FOSFATO INORGÂNICO ADICIONADA A OUTRA DE ADP, DANDO ORIGEM AO ATP. OU SEJA, O PRODUTO TEM MAIS ENERGIA QUE O REAGENTE. PODE-SE, DESSE MODO, CONSIDERAR TAL REAÇÃO COMO UMA DO TIPO: A) Endergônica B) Exergônica C) Termodinâmica D) Potencial E) Cinética 2. DE ACORDO COM A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA, PODEMOS AFIRMAR QUE: A) Os produtos de uma reação química terão mais energia que os reagentes usados para a formar. B) Os produtos de uma reação química terão menos energia que os reagentes usados para a formar. C) Os produtos de uma reação química terão a mesma energia que os reagentes usados para a formar. D) É o tipo de reação química que determina se serão os produtos ou os reagentes a terem mais energia ao final da dita reação. E) Essa lei não se aplica às reações químicas, e sim às térmicas. GABARITO 1. A reação ADP + Pi → ATP pode ser descrita como uma molécula de fosfato inorgânico adicionada a outra de ADP, dando origem ao ATP. Ou seja, o produto tem mais energia que o reagente.Pode-se, desse modo, considerar tal reação como uma do tipo: A alternativa "A " está correta. Em reações endergônicas, o produto tem mais energia que os reagentes em um processo de armazenamento e absorção de energia. A reação ADP + Pi → ATP obedece a tais características. 2. De acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, podemos afirmar que: A alternativa "B " está correta. A Segunda Lei da Termodinâmica explica que reações ocorrem na direção da perda de energia. Com isso, fica evidente que produtos de uma reação química terão menos energia que os compostos usados para a formar, sejam essas reações exergônicas ou endergônicas. MÓDULO 3 Reconhecer o processo de transferência de energia e a acoplagem da reação de catabolismo e anabolismo no organismo humano A RESPIRAÇÃO E SUAS ETAPAS De acordo com o que falamos a respeito da Primeira Lei da Termodinâmica, a energia existente no universo só pode ser transformada entre formas diversas. São formas de energia a: LUMINOSA (SOL) ELÉTRICA NUCLEAR (DOS REATORES) TÉRMICA (DOS PAINÉIS SOLARES) MECÂNICA (PODE SER VISTA NA USINA GERADORA HIDRELÉTRICA) QUÍMICA Desse modo, a única coisa que pode acontecer com a energia é que uma de suas diferentes formas seja transformada em outra. Imagem: shutterstock.com Fotossíntese. Nos organismos vivos, os dois processos de conversão de energia mais conhecidos são a fotossíntese e a respiração (celular) . No Sol – cuja matéria se encontra em um quarto estado denominado plasma –, há um processo conhecido como “queima de hidrogênio”. De forma simplificada, esse processo de fusão nuclear ocorre por meio de uma reação entre os prótons (de dois átomos de hidrogênio). Essa união de núcleos de hidrogênio origina o elemento hélio. Parte da energia que estava nos núcleos de hidrogênio é liberada inicialmente na forma de radiação gama, sendo então convertida para energia luminosa. Ao atingir as folhas das plantas contendo o pigmento clorofila (nos cloroplastos, grandes organelas das células vegetais), essa energia é absorvida por esse pigmento e convertida em glicose a partir de duas “matérias-primas”: dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). Ou seja, a clorofila será capaz de produzir um dos carboidratos a partir desses dois elementos graças à absorção da energia radiante do Sol. SABEMOS QUE HÁ TRÊS MACRONUTRIENTES. COMO SURGEM ENTÃO OS LIPÍDIOS E AS PROTEÍNAS? Imagem: Shutterstock.com PLANTAS As plantas são capazes de transformar os carboidratos nesses dois outros tipos de macronutrientes. Por isso, é dito que os vegetais são seres que produzem o próprio alimento (ou seres autotróficos (Auto = próprio; trofo = alimento ) ). Imagem: Shutterstock.com ANIMAIS Já os animais que não podem produzir os próprios alimentos, sendo, por isso, chamados de heterotróficos (Hetero = diferente; trofo = alimento) , precisam se alimentar dos vegetais (ou de outros animais que os consumiram) para obter a energia capaz de satisfazer às suas necessidades energéticas. PODE-SE DIZER, PORTANTO, QUE TODA ENERGIA A SUSTENTAR A VIDA NA TERRA VEM DO SOL. Se existir um processo que “coloca” a energia nas ligações dos nutrientes, o que a retirar será o inverso do primeiro. Desse modo, a respiração celular, processo por meio do qual os heterotróficos retiram a energia dos nutrientes, é justamente o inverso da fotossíntese. Imagem: shutterstock.com Fotossíntese e seu processo oposto, a respiração celular. Na respiração, a energia originalmente armazenada pela planta em uma reação endergônica é transferida para a molécula de ATP em uma exergônica (o ponto de referência aqui é o nutriente), de modo que o organismo possa realizar seu trabalho biológico (ou seja, trabalho mecânico, químico e de transporte). O mecânico diz respeito ao trabalho da contração muscular. Já o químico é o da síntese de moléculas celulares, como glicogênio, triacilglicerol e proteína. Por fim, o de transporte é aquele que concentra substâncias, como sódio (Na+) e potássio (K+) nos líquidos corporais. De fato, a discrepância na concentração desses íons entre os meios intra e extracelular é o que gera a diferença de potencial de membrana das células. Sem isso, não haveria, por exemplo, a transmissão do sinal nervoso e a contração muscular. VISÃO GERAL SOBRE METABOLISMO: CATABOLISMO E ANABOLISMO O metabolismo é o conjunto das reações químicas que ocorre no organismo. Elas podem ser divididas em dois grupos: REAÇÕES DE ANABOLISMO REAÇÕES CATABOLISMO As reações químicas catalisadas por enzimas incluem algumas nas quais grandes moléculas são “quebradas” em outras menores (catabolismo) e outras em que pequenas moléculas são utilizadas para a construção de maiores (anabolismo). Imagem: shutterstock.com Anabolismo e catabolismo. CATABOLISMO Ele pode ser pensando como tendo duas grandes fases: DIGESTÃO NO TRATO GASTROINTESTINAL Ela serve para quebrar as grandes moléculas orgânicas presentes nos alimentos em outras menores, que, por sua vez, podem ser absorvidas e distribuídas pelo corpo, entrando nas várias células. DEGRADAÇÃO DAS MOLÉCULAS Uma vez dentro das células, as moléculas originalmente presentes nos nutrientes serão degradadas. Ocorre aqui um processo que já mencionamos: a energia é transferida dos nutrientes para a molécula de ATP. Cumprem-se, afinal, as duas leis da termodinâmica: a primeira, que consiste em transferência (nem criação, nem destruição de energia); e a segunda, em que as transferências rumam na direção da desorganização (perda na forma de calor). ANABOLISMO Os mesmos produtos obtidos por meio do processo de digestão são utilizados para sintetizar novas moléculas. Elas são necessárias por vários motivos: Promover crescimento e reparo celular. Repor as moléculas do organismo que foram degradadas Repor os estoques corporais de fontes de energia. Assim que o indivíduo se alimenta, há o processo de digestão (catabolismo ) ; com isso, parte do que foi absorvido e enviado para as células é armazenado (anabolismo) para depois, já que o corpo não precisa de sua energia no momento. Por fim, algum tempo depois, esses estoques serão degradados (catabolismo ) , pois já será necessário obtê-la. Pode-se perceber uma coisa nisso: embora o gasto de energia seja contínuo, nossa alimentação se dá de modo intermitente. COMENTÁRIO Mencionamos anteriormente que, embora seja didático separar as reações em exergônicas (catabolismo ou liberação de energia) e endergônicas (anabolismo ou acúmulo dela), elas, na prática, estão acopladas no organismo vivo. ENERGIA DAS LIGAÇÕES DE FOSFATO: TRIFOSFATO DE ADENOSINA (ATP) Pode-se dizer que a molécula de ATP está entre os processos catabólicos (exergônicos) e os anabólicos (endergônicos). Afinal, ela tanto precisa daqueles para ser produzida quanto permite que estes ocorram. DICA A molécula de ATP é produzida a partir de difosfato de adenosina (ADP) e fosfato inorgânico (Pi) durante o catabolismo de substratos como a glicose, o glicogênio e os ácidos graxos (lipídios). Ela é utilizada em processos, como, por exemplo, a contração muscular, o transporte ativo e a biossíntese. O SISTEMA ATP/ADP + PI SERVE PARA TRANSFERIR ENERGIA ENTRE OS PROCESSOS PRODUTORES E OS UTILIZADORES DELA. ATENÇÃO A ideia não é a de criar energia, pois, conforme preconiza a Primeira Lei da Termodinâmica, isso não é possível. DEVE-SE NOTAR QUE O ATP É A ÚNICA FORMA DE ENERGIA QUÍMICA QUE PODE SER CONVERTIDA EM TODAS AS FORMAS ENERGÉTICAS UTILIZADA NOS ORGANISMOS VIVOS. Portanto, em uma analogia com o papel que o dinheiro tem na economia, é possível dizer que o ATP constitui a moeda corrente da célula. Porém, infelizmente, há uma falha nela: aquele pode ser acumulado para uso posterior; este, não. A energia liberada pelo ATP está em sua ligação fosfato, a chamada “ligação (fosfato) de alta energia”. SAIBA MAIS Esse conceito surgiu de estudos realizados na década de 1930 que tinham como objeto de investigaçãoa glicólise (ou via glicolítica), os nucleotídeos de adenina e outros compostos relacionados. Eles propiciaram a identificação de muitos intermediários fosforilados. Segundo a visão dessa época, esses compostos de fosfatos poderiam ser classificados em dois grupos: DE BAIXA ENERGIA (GLICOSE 6-FOSFATO) DE ALTA ENERGIA (ATP) No entanto, atualmente já se sabe que, na comparação com outros componentes com fosfatos, o ATP, na realidade, ocupa uma posição intermediária – e não de topo. De qualquer maneira, o termo “ligação fosfato de alta energia” persistiu para descrever as ligações em componentes, como, por exemplo, ATP, ADP, creatina fosfato (ou fosfocreatina) e fosfoenolpiruvato. Quando a ligação fosfato desses compostos é hidrolisada, ela libera grandes quantidades de energia. Imagem: shutterstock.com Ligação fosfato. DEPÓSITOS DE SUBSTRATOS ENERGÉTICOS NO CORPO HUMANO A tabela a seguir apresenta os substratos energéticos do corpo humano que são passíveis de serem utilizados como fonte de energia. Primeiramente, repare que, na primeira coluna, a palavra “estoque” foi escrita entre aspas. Eis o motivo: as proteínas corporais, embora possam ser utilizadas, estão formando os tecidos. Assim, todas as vezes que elas sofrerem catabolismo, algum tecido terá esse constituinte sendo utilizado. Observe ainda que a quantidade de carboidratos estocados é muito menor (apenas cerca de 2%) que a de triacilgliceróis no tecido adiposo. De fato, na maioria dos organismos animais, há uma preferência pelos lipídios como estoque principal de energia; afinal, eles são cinco vezes mais eficientes que os carboidratos como fonte de armazenamento energético. “Estoque” tecidual Reserva em gramas Reserva em Kcal TAG (Triacilgliceróis) no tecido adiposo 9.000 80.491,07 Glicogênio hepático 90 21,49 Glicogênio muscular 350 83,59 Glicose no sangue e extracelular 20 4,77 Proteína corporal 8.800 35.826,89 Substratos energéticos presentes no corpo humano. Tabela: Extraída de NEWSHOLME; LEECH, 1983. HUMANO Considerando um homem com 12% de gordura. Imagem: shutterstock.com Depósitos de gordura (tecido adiposo). INTERAÇÃO ENTRE O METABOLISMO DE CARBOIDRATOS, GORDURAS E PROTEÍNAS javascript:void(0) No organismo humano, todas as células precisam de energia para manter a vida. Acontece, porém, que, dadas as particularidades de algumas dessas células, o tipo de fonte energética que elas podem usar é diferente da maioria dos outros tipos celulares. EXEMPLO Também chamadas de eritrócitos ou células vermelhas do sangue, as hemácias não possuem mitocôndrias. Qual é a implicação disso? Como as vias de produção aeróbias de energia se localizam nessas organelas, bem como o uso de proteínas e/ou lipídios depende delas, as hemácias não podem: Utilizar o metabolismo aeróbio para transferir energia. Empregar lipídios ou proteínas como fonte energética. Desse modo, dadas as características constitutivas das hemácias, elas só podem usar glicose – e, especificamente, de modo anaeróbio (via glicolítica). Imagem: shutterstock.com Respiração celular esquematizada. Outro tecido particular – e que precisa ser mencionado – é o Sistema Nervoso Central (diremos cérebro como sinônimo, embora isso esteja errado em termos anatômicos). Diferentemente das hemácias, os neurônios dele possuem mitocôndrias; contudo, esse tecido faz uso contínuo de glicose. VOCÊ SABIA Quando se diz que a glicemia (concentração de glicose do sangue) precisa ser mantida dentro de certa faixa de valores, isso se dá para que o sistema nervoso não entre em colapso. Você se lembra dos dados fornecidos no quadro acima? Ele mostra que a quantidade de combustível prioritário para o cérebro é muito pequena. Para complicar, apenas o fígado contém o glicogênio armazenado que pode ser degradado e “lançado” na corrente sanguínea (ou seja, para manter a glicemia), sendo utilizado por outros tecidos. Isso significa que o fígado: Não armazena glicose (na forma de glicogênio) para uso próprio. O outro estoque de glicogênio presente no músculo esquelético só pode ser usado no próprio local (a musculatura não libera seus carboidratos no sangue). Quanto de glicogênio há no fígado? Calcula-se que entre 80 e 100 gramas, o que é bem pouco em relação à necessidade de glicose de tecidos, como, por exemplo, cérebro, fígado, coração e músculos (o que soma mais de 300 gramas por dia). ATENÇÃO Rins, coração e músculos esqueléticos podem usar outras fontes – e o fazem em grande quantidade – que não a glicose. COMO A GLICEMIA É MANTIDA SE O FÍGADO CONTÉM MENOS GLICOGÊNIO QUE O NECESSÁRIO PARA ATENDER ÀS NECESSIDADES TECIDUAIS? Pela ingestão intermitente de alimentos, isto é, pelo fato de o ser humano se alimentar em intervalos regulares ao longo do dia. Portanto, as peculiaridades dos diferentes tecidos implicam uma inter-relação do metabolismo de macronutrientes distintos. EXEMPLO No estado de repouso, as proteínas fornecem de 2% a 5% da energia necessária ao organismo; os carboidratos, 35%; e os lipídios, 60%. A via aeróbia de produção de energia na condição de repouso, portanto, utiliza mais de um substrato energético – e isso é feito em diferentes proporções para cada um deles. Nesse estado, os lipídios possuem o maior estoque de energia no corpo humano. TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA O especialista Reury Frank Pereira Bacurau fará um resumo do módulo, abordando todos os tópicos descritos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O ANABOLISMO E O CATABOLISMO SÃO FORMAS DE ATUAÇÃO DO METABOLISMO. O CATABOLISMO PODE SER EXEMPLIFICADO COMO: A) A união de aminoácidos e a degradação do glicogênio. B) A digestão e a formação de glicogênio. C) A quebra de ATP e a formação de creatina fosfato. D) O uso intracelular de nutrientes e a síntese de lipídios. E) A digestão e a quebra de nutrientes dentro da célula. 2. A GLICOSE, EM SUA FORMA ESTRUTURAL, NÃO PODE SER ARMAZENADA. PORTANTO, É POSSÍVEL QUE ELA SEJA CONVERTIDA EM GLICOGÊNIO PARA SER ESTOCADA. O LOCAL DE ARMAZENAMENTO DELE REPERCUTE NA SUA FUNÇÃO. TENDO EM VISTA OS ESTOQUES DE GLICOGÊNIO HEPÁTICO, PODEMOS DIZER QUE ELE TEM A FUNÇÃO DE MANTER A GLICEMIA PARA: A) Abastecer tecidos específicos que somente utilizam a glicose como fonte de energia. B) Abastecer o músculo esquelético de fonte de carboidratos para o exercício. C) A glicose ser utilizada no metabolismo do próprio fígado. D) Armazenar glicose em quantidade suficiente para manter o cérebro funcionando. E) A liberação da glicose na corrente sanguínea a fim de ser usado apenas pelas hemácias. GABARITO 1. O anabolismo e o catabolismo são formas de atuação do metabolismo. O catabolismo pode ser exemplificado como: A alternativa "E " está correta. O metabolismo é o conjunto das reações químicas que ocorre no organismo. Essas reações podem ser divididas em dois grupos: anabolismo e catabolismo. As reações catabólicas são as reações químicas catalisadas por enzimas, inclusive de algumas nas quais grandes moléculas são “quebradas” em outras menores para a construção de moléculas maiores (anabolismo). 2. A glicose, em sua forma estrutural, não pode ser armazenada. Portanto, é possível que ela seja convertida em glicogênio para ser estocada. O local de armazenamento dele repercute na sua função. Tendo em vista os estoques de glicogênio hepático, podemos dizer que ele tem a função de manter a glicemia para: A alternativa "A " está correta. O glicogênio muscular é utilizado no fornecimento de glicose como substrato energético para a contração muscular. O que está armazenado no fígado tem a função de liberar glicose na corrente sanguínea a fim de manter os níveis dele adequados e a manutenção da homeostase. Tecidos específicos, como, por exemplo, os do sistema nervoso, não são capazes de obter energia de outras fontes que não seja a glicose. MÓDULO 4 Identificar os componentes do gasto calórico diário e suas formas de mensuração MENSURAÇÃO E PRODUÇÃO DE CALOR PELO CORPO Mencionamosanteriormente que a respiração celular é o oposto da fotossíntese. Realmente, toda a energia terrestre provém do Sol. A das ligações químicas dos macronutrientes, em última instância, provém de vegetais que, utilizando a energia luminosa, realizam as reações químicas necessárias à formação de carboidratos, lipídios e proteínas. Imagem: shutterstock.com Os seres humanos comem os vegetais e outros animais para obter a energia necessária à sua sobrevivência. Embora ela se encontre em várias formas intercambiáveis, eles só conseguem converter a energia química em mecânica por meio de uma série de reações químicas presentes nas vias metabólicas altamente controladas. ATENÇÃO O corpo humano também converte energia química em térmica, que acaba sendo útil para a manutenção da temperatura corporal. No entanto, isso se trata de uma consequência da conversão da química na mecânica. No ato de converter a energia química dos substratos energéticos em mecânica, a maior parte da energia é, na verdade, perdida na forma de calor. Ou seja, da que se encontra em uma molécula de glicose (carboidrato ) , mais de 70% não se converte em contração muscular, e sim em calor (energia térmica) . Como seres humanos não conseguem transformar a energia térmica em trabalho biológico, eles precisam perder todo esse calor, especialmente, durante a prática de exercícios. Isso justifica o fato de a transpiração – que faz parte de um mecanismo de perda de calor denominado evaporação – aumentar durante a prática de exercícios. Embora as formas de energia sejam intercambiáveis no sistema formado pelo universo, as pessoas não conseguem converter todas as formas de energia umas nas outras. Uma implicação prática disso é que a produção de calor pode ser usada para mensurar o gasto energético do exercício ou qualquer situação pela qual passa o ser humano vivo. Chamado de calorimetria direta, o método empregado para tal usa um aparelho denominado calorímetro. Imagem: shutterstock.com Calor produzido durante o exercício captado por meio de uma câmera térmica. EXEMPLO Em alguns poucos locais do mundo, existem grandes calorímetros nos quais as pessoas entram e permanecem em seu interior, enquanto seu gasto calórico é mensurado. Também é por meio deles que a energia dos alimentos é mensurada. ENERGIA DOS ALIMENTOS Não pode ser coincidência que eles tenham sua energia popularmente descrita como “calorias”. Também é possível determinar o gasto calórico por meio do consumo de oxigênio, o qual, aliás, deve estar presente na célula para que a respiração celular ocorra. Essa forma de registro do gasto calórico por meio do consumo de oxigênio é chamada de calorimetria indireta. javascript:void(0) TAXA DE TROCA RESPIRATÓRIA A produção de energia pela via aeróbia do corpo, como se sabe, utiliza, principalmente, os carboidratos e os lipídios. Também é sabido que, para o funcionamento dessa via, é necessário que o oxigênio seja utilizado. Esse processo resultará na produção de dióxido de carbono (CO2). Existe uma forma não invasiva de estimar o porcentual de contribuição de carboidratos e lipídios para o metabolismo energético. Em outras palavras, é possível medir de forma aproximada quanto cada um desses combustíveis contribui num dado momento do exercício aeróbico. COMO ISSO FUNCIONA? É feita uma relação (taxa) entre o volume de CO2 produzido (VCO2) e o de O2 consumido (VO2), formando, portanto, o VCO2/VO2. Esse processo constitui a chamada taxa de troca respiratória (T) ou quociente respiratório. NESSE PONTO, VOCÊ PODE ESTAR SE QUESTIONANDO: COMO O CONSUMO DE O2 E A PRODUÇÃO DE CO2 PODEM DETERMINAR O SUBSTRATO EMPREGADO SE TANTO CARBOIDRATOS QUANTO LIPÍDIOS USAM O2 E PRODUZEM CO2 AO SEREM UTILIZADOS NA VIA AERÓBIA? O mistério é resolvido ao se notar que as quantidades de carbono, hidrogênio e oxigênio são diferentes: GORDURA (ÁCIDO PALMÍTICO) – C16H32O2 OXIDAÇÃO: C16H32O2 + 23O2 → 16CO2 + 16H2O PORTANTO, A T = VCO2 / VO2 = 16CO2 ÷ 23O2 = 0,70 CARBOIDRATO (GLICOSE) – C6H12O6 OXIDAÇÃO: C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O PORTANTO, A T = VCO2 / VO2 = 6CO2 ÷ 6O2 = 1 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Se o quociente respiratório apresenta valor 0,7, sugere-se que há predominância na degradação de gorduras. Por outro lado, se o quociente respiratório apresenta valor 1, sugere-se a degradação de carboidratos. Lembre-se de que, em intensidades mais leves de exercício, há uma predominância no uso de lipídios para o fornecimento de energia. Contudo, à medida que a intensidade dele aumenta, os carboidratos passam a fornecer mais energia, tornando-se predominantes. Como você pode notar, o consumo de gorduras requer que mais oxigênio seja consumido, ou seja, por litro de oxigênio, os carboidratos são um combustível mais eficiente que os lipídios. Isso reforça o porquê de o aumento da intensidade de exercício resultar no consumo maior de carboidratos. Na tabela a seguir, observaremos a taxa de utilização de gorduras e de carboidratos de acordo com a taxa de troca respiratória: T Em alguns livros, essa taxa pode ser chamada de quociente respiratório, e a letra Q é utilizada nesses casos. T % de gorduras % de carboidratos 0,70 100 0 0,75 83 17 0,80 67 33 0,85 50 50 0,90 33 67 0,95 17 83 1,00 0 100 Porcentual de gorduras e carboidratos metabolizados pela troca respiratória . Tabela: Elaborada por Reury Frank Pereira Bacurau . Na tabela, à medida que se desce pelas linhas, notamos que a contribuição porcentual de gordura diminui, enquanto a de carboidratos aumenta. Podemos então afirmar que, ao se descer nas linhas, ocorre um aumento na intensidade do exercício. Verificamos também que a letra T é chamada de não proteica pelo fato de se ignorar a contribuição porcentual – na qual T foi medida – das proteínas para o exercício realizado. Apontamos anteriormente que as proteínas apresentam alguma contribuição energética apenas no exercício aeróbio prolongado. No entanto, não foi dito naquele momento o que se torna relevante depois de 3 a 5 horas de exercício. Ou seja, para todos os propósitos, é razoável admitir que a contribuição porcentual das proteínas pode ser desprezada nesse método. TAXA METABÓLICA javascript:void(0) CONCEITO Como já frisamos, o metabolismo significa o conjunto das reações de síntese (anabolismo ou reações endergônicas) e de degradação (catabolismo ou reações exergônicas). Especificamente, parte do catabolismo se refere à necessidade de obter energia para atender a determinadas necessidades orgânicas. Imagem: shutterstock.com Relação entre o consumo de nutrientes (ingestão calórica) versus o gasto calórico determinado. Todas as necessidades de energia do organismo podem ser classificadas em três componentes: EFEITO TERMOGÊNICO DO ALIMENTO EFEITO TÉRMICO DA ATIVIDADE FÍSICA TAXA METABÓLICA DE REPOUSO (TMR) Dos três, o componente que representa o maior porcentual do gasto energético diário total (GEDT) é a TMR. Para entender esse conceito, lembre-se de que cada pessoa precisa de um mínimo de energia a fim de que suas funções vitais ocorram (neste caso, considera-se que ela está acordada, e não em repouso). QUANDO O MÍNIMO NECESSÁRIO PARA O CORPO MANTER SUAS FUNÇÕES VITAIS NO ESTADO ACORDADO ESTÁ SENDO MENSURADO, ESSE VALOR RECEBE O NOME DE TAXA METABÓLICA BASAL (TMB). Como vimos no tópico sobre calorimetria, a mensuração do calor corporal é um indicador do gasto energético; desse calor, a TMB reflete a soma total das principais fontes de produção de calor do corpo. De fato, ela representa de 60% a 75% do GEDT. Um inconveniente na mensuração da TMB é que a pessoa precisa ficar, pelo menos, de 12 a 18 horas em jejum antes da medida, pois o consumo de alimentos aumenta o gasto calórico devido aos processos de digestão, absorção e assimilação dos nutrientes consumidos. Além disso, quem está sendo avaliado não pode realizar atividade física por, no mínimo, duas horas antes da mensuração,já que a contração muscular também aumenta o gasto calórico. Por fim, ao chegar ao laboratório, o sujeito precisa ficar deitado por 30 minutos em decúbito dorsal num ambiente com temperatura controlada (termoneutro). Se tudo isso for seguido, o valor do metabolismo basal ficará entre 0,8 e 1,43 quilocalorias por minuto. Essa variação se deve a itens como: Sexo Idade Tamanho corporal global (estatura e massa corporal) Massa corporal livre de gordura ATENÇÃO O conhecimento da TMB tem importância prática por vários motivos. Um deles é que ele permite estabelecer um ponto de referência para a realização de programas de emagrecimento por intermédio de restrição calórica, exercício ou combinação desses dois fatores. Não se deve, portanto, impor um deficit calórico no qual a energia ingerida pelo sujeito fique abaixo do metabolismo basal; afinal, isso atrapalhará o processo de emagrecimento devido à ativação de mecanismos fisiológicos que dificultam o próprio emagrecimento. Por conta de toda a preparação necessária para mensurar a TMB, costuma-se adotar a TMR em seu lugar. Basicamente, a medida da TMR, por não exigir tantas restrições, incorpora um gasto calórico acima daquele mínimo necessário à vida (TMB). EMBORA AS DUAS TAXAS SEJAM USADAS COMO SE FOSSEM SINÔNIMOS, A TMB É MAIS BAIXA E MAIS PRÓXIMA DO CONCEITO DE NECESSIDADE ENERGÉTICA MÍNIMA PARA A SOBREVIVÊNCIA DO ORGANISMO. O gasto oriundo da prática da atividade física é o que representa o segundo maior percentual do GEDT (cerca de 15% a 30% do GEDT). Note, porém, que essa atividade configura o fator com o maior potencial de manipulação do gasto energético humano. EXEMPLO Indivíduos – saudáveis em sua maioria – conseguem manter taxas metabólicas 10 vezes maiores que o gasto da TMB durante exercícios, como, por exemplo, caminhada rápida, corrida, escalada, pedalar bicicleta e natação, já que eles são contínuos e utilizam grandes grupos musculares. Isso é muito importante para programas de emagrecimento nos quais é preciso aumentar a diferença entre a ingestão e o gasto calórico. Enquanto muitos indivíduos ficam procurando fórmulas mágicas para elevar a TMB/TMR, maiores quantidades de atividade física aumentam o gasto calórico facilmente – desde que, obviamente, a pessoa tenha capacidade física para tal. A termogênese induzida pela dieta (TID) é terceiro componente do GEDT. Pode-se dizer que ela represente cerca de 10% do que uma pessoa gasta diariamente. Em alguns lugares, esse componente é chamado de efeito térmico do alimento. A TID pode ser dividida em duas partes. TERMOGÊNESE OBRIGATÓRIA A termogênese obrigatória é a energia necessária para digerir, absorver e assimilar os nutrientes presentes nos alimentos. TERMOGÊNESE FACULTATIVA Conhecida como termogênese facultativa, a segunda parte se relaciona com a atividade do sistema nervoso simpático. TERMOGÊNESE FACULTATIVA Alguns estudos sugerem que os obesos têm componente “defeituoso”, o que contribui para que eles poupem energia e continuem com excesso de peso. A TID, em geral, está em seu auge cerca de uma hora após a refeição. Quando alguém saudável ingere alimentos, a energia deles é absorvida em sua quase totalidade. No entanto, o organismo desse indivíduo gasta a energia que já está nele para processá-lo. Se for descontada a energia gasta na digestão, na absorção e na assimilação, será como se o conteúdo calórico da refeição não fosse totalmente aproveitado. ATENÇÃO A TID varia entre 10% e 30% da energia presente naquele que foi ingerido, embora tal variação dependa da quantidade e do tipo de alimento. Quando só se consome proteína, a TID é de quase 25% da energia do alimento ingerido. Esse maior gasto se deve a: Ativação do processo digestivo. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Maior trabalho do fígado para assimilar e processar as proteínas ou para transformá-las em outros nutrientes, como a glicose. MÚLTIPLOS DA TAXA METABÓLICA DE REPOUSO Quando se trata de realizar um exercício, existe a necessidade de saber “quão impactante” ele é para o organismo. Sabemos que a prática deles aumenta o gasto energético do organismo acima do repouso. Termos como intensidade e duração são muitos usados para tentar traduzir o efeito que determinado esforço está impondo ou já impôs à fisiologia do corpo humano. Entretanto, há inconvenientes nisso. TRANSFORMÁ-LAS EM OUTROS NUTRIENTES Chamado de gliconeogênese, esse processo será particularmente ativo à medida que o tempo em jejum for aumentando. EXEMPLO Ainda que, para realizar uma maratona, seja necessária praticamente a mesma quantidade de calorias, determinada pessoa pode realizá-la numa intensidade tal que ela seja concluída em aproximadamente 2 horas (utilizando cerca de 80% de sua potência aeróbica máxima (VO₂máx) , enquanto, para outra, a prova seja concluída por volta de 3 horas (com o emprego de cerca de 55% de seu VO₂máx). Neste exemplo, uma mesma quantidade total de calorias foi gasta, mas isso ocorreu em intensidades diferentes, o que, na prática, também afetou os sistemas fisiológicos de modo distinto. O EXEMPLO DA INTENSIDADE PODE SER DISCUTIDO DE MANEIRA SEMELHANTE NA QUESTÃO DA DURAÇÃO. javascript:void(0) EXEMPLO Duas pessoas decidem pedalar na mesma velocidade, ou seja, na mesma intensidade, porém, uma decide percorrer o dobro da distância da outra. Eis outro exemplo em que um importante parâmetro (a distância), normalmente, empregado para traduzir o impacto do exercício no corpo, fica prejudicado pelo arranjo no qual a atividade foi feita. Dessa forma, foi pensado um sistema de classificação da atividade física relativo ao gasto calórico. Esse sistema considera o quanto ela exige de aumento de gasto calórico em comparação à TMR (quantas vezes acima deste valor). O termo múltiplos da TMR é igual ao consumo de oxigênio em repouso: Cerca de 250 ml.min-1 para o homem de tamanho comum Por volta de 200 ml.min-1 para a mulher de tamanho comum Ou seja, esse consumo de oxigênio para cada um dos sexos corresponde à TMR. ATENÇÃO Observe que, neste caso, não se “desconta” o peso corporal. Dissemos que essa medida vale tanto para homens quanto para mulheres de “tamanho comum”. Contudo, em busca de maior precisão, o MET pode ser expresso por quilo de peso. Nesse contexto, 1 MET equivale a 3,5 ml.Kg.min-1. Portanto, quando se diz que uma atividade tem gasto calórico equivalente a 5 MET, isso significa que ela aumenta o metabolismo em cinco vezes em relação àquele registrado no momento de repouso. Gasto energético (homens) Nível kcal/min l/min ml/kg/min METs Leve 2,0 a 4,9 0,40 a 0,99 6,1 a 15,2 1,6 a 3,9 Moderado 5,0 a 7,4 1,00 a 1,49 15,3 a 22,9 4,0 a 5,9 Pesado 7,5 a 9,9 1,50 a 1,99 23,0 a 30,6 6,0 a 7,9 Muito pesado 10,0 a 12,4 2,00 a 2,49 30,7 a 38,3 8,0 a 9,9 Extremamente pesado ≥12,5 ≥2,50 ≥38,4 ≥10,0 Classificação em cinco níveis de atividade física com base no gasto energético . Tabela: Extraída de McARDLE; KATCH; KATCH, 2016. Gasto energético (mulheres) Nível kcal/min l/min ml/kg/min METs Leve 1,5 a 3,4 0,30 a 0,69 5,4 a 12,5 1,2 a 2,7 Moderado 3,5 a 5,4 0,70 a 1,09 12,6 a 19,8 2,8 a 4,3 Pesado 5,5 a 7,4 1,10 a 1,49 19,9 a 27,1 4,4 a 5,9 Muito pesado 7,5 a 9,4 1,50 a 1,89 27,2 a 34,4 6,0 a 7,5 Extremamente pesado ≥9,5 ≥1,90 ≥34,5 ≥7,6 Classificação em cinco níveis de atividade física com base no gasto energético . Tabela: Extraída de McARDLE; KATCH; KATCH, 2016. Consideremos a indisponibilidade de um calorímetro ou de um analisador de gases para medir o consumo de oxigênio e dióxido de carbono, é possível, ainda assim, calcular o gasto calórico diário por meio de fórmulas. EXEMPLO A fórmula de Harris-Benedict, segundo Roza e Shizgal (1984), prevê a TMB considerando a idade, a massa corporal e a estatura, uma vez que os três contribuem para as diferenças individuais no gasto energético de repouso. No caso das mulheres, a equação é a seguinte: TMB (KCAL/24H) = 655 + (9,6 X MASSA CORPORAL
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