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2a Aula - Psicopatologia II_20210811-0904

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PSICOLOGIA
Psicopatologia II
Professora Me. Patrícia O. Barbosa
patricia.barbosa@projecao.br
PSICOPATOLOGIA
NOSOLOGIA,NOSOGRAFIA E ETIOLOGIA
Semiologia psicopatológica
SIGNO
SINTOMA
SINTOMA
AS DIVISÕES DA SEMIOLOGIA
CONCEITO DE PSICOPATOLOGIA
PSICOPATOLOGIA
E QUAIS SÃO OS LIMITES?
PSICOPATOLOGIA
NORMAL E PATOLÓGICO
NA PRÁTICA ISSO IMPLICA NA...
PSICOPATOLOGIA
PSICOPATOLOGIA
FORMA E CONTEÚDO DOS SINTÔMAS
FORMA
CONTEÚDO
Temas existenciais que frequentemente se expressam no conteúdo dos sintomas psicopatológicos
E COMO SE CLASSIFICAM OS SINTÔMAS?
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE
DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO
CONCLUINDO...
Pode-se concluir, portanto, que os critérios de normalidade e de doença em psicopatologia variam consideravelmente em função dos fenômenos específicos com os quais se trabalha e, também, de acordo com as opções filosóficas do profissional. 
Além disso, em alguns casos, pode-se utilizar a associação de vários critérios de normalidade ou doença, de acordo com o objetivo que se tem em mente. De toda forma, essa é uma área da psicopatologia que exige postura permanentemente crítica e reflexiva dos profissionais.
Transtornos Mentais e Comportamentais da CID-10 
(F00 – F99)
F00 – F09
F10 – F19
F20 – F29
F30 – F39
F40 – F48
F50 – F59
F60 – F69
F70 – F79
F80 – F89
F90 – F98
F99
Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa
Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes
Transtornos do humor [afetivos]
Transtornos neuróticos, transtornos relacionados ao estresse e transtornos somatoformes
Síndromes Comportamentais associadas com distúrbios fisiológicos e fatores físicos
Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto
Retardo Mental
Transtorno do desenvolvimento psicológico
Transtornos do comportamentos e transtornos emocionais que aparecem habitualmente na infância e na adolescência
Transtorno mental não especificado
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS - 4a EDIÇÃO – TEXTO REVISADO – 2019 – DSM-V-TR 
1. Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou adolescência
2. Delirium, demência, transtorno de amnésia e outros transtornos cognitivos
3. Transtornos mentais devido a uma condição médica geral não classificados em outro local
4. Transtornos relacionados a substâncias
5. Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
6. Transtornos de humor
7. Transtornos de ansiedade
8. Transtornos somatoformes
9. Transtornos factícios
10. Transtornos dissociativos
11. Transtornos sexuais e de identidade de gênero
12. Transtornos alimentares
13. Transtornos do sono
14. Transtornos do controle dos impulsos não classificados em outro local
15. Transtornos de ajustamento
16. Transtornos de personalidade
17. Outras condições que podem ser um foco de atenção clínica
Psicopatologia II
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
Discute-se muito sobre o valor e os limites do diagnóstico psiquiátrico. Pode-se identificar, inclusive, duas posições extremas. 
A primeira afirma que o diagnóstico em psiquiatria não tem valor algum, pois cada pessoa é uma realidade única e inclassificável. 
O diagnóstico psiquiátrico apenas serviria para rotular as pessoas diferentes, excêntricas, permitindo e legitimando o poder médico, o controle social sobre o indivíduo desadaptado ou questionador. 
Essa crítica é particularmente válida nos regimes políticos totalitários, quando se utilizou o diagnóstico psiquiátrico para punir e excluir pessoas dissidentes ou opositoras ao regime. 
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
A segunda, em defesa do diagnóstico psiquiátrico, sustenta que o valor e o lugar do diagnóstico em psiquiatria são absolutamente semelhantes ao valor e ao lugar do diagnóstico nas outras especialidades médicas. 
O diagnóstico, nessa visão, é o elemento principal e mais importante da prática psiquiátrica. 
A posição deste autor é a de que, apesar de ser absolutamente imprescindível considerar os aspectos pessoais, singulares de cada indivíduo, sem um diagnóstico psicopatológico aprofundado não se pode nem compreender adequadamente o paciente e seu sofrimento, nem escolher o tipo de estratégia terapêutica mais apropriado.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
Tanto na natureza como na esfera humana, podem-se distinguir três grupos de fenômenos em relação à possibilidade de classificação: 
Aspectos e fenômenos encontrados em todos os seres humanos. De modo geral, em todos os indivíduos a privação das horas de sono causa sonolência, e a restrição alimentar, fome; ou seja, são fenômenos triviais que não despertam grande interesse à psicopatologia. 
Aspectos e fenômenos encontrados em algumas pessoas, mas não em todas. Aqui, situam-se a maioria dos sinais, sintomas e transtornos mentais. 
Aspectos e fenômenos encontrados em apenas um ser humano em particular. 
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
A legitimidade do diagnóstico psiquiátrico sustenta-se na perspectiva de aprofundar o conhecimento, tanto do indivíduo em particular como das entidades nosológicas utilizadas. 
Isso permite o avanço da ciência, a antevisão de um prognóstico e o estabelecimento de ações terapêuticas e preventivas mais eficazes. 
Além disso, o diagnóstico possibilita a comunicação mais precisa entre profissionais e pesquisadores. 
Sem o diagnóstico, haveria apenas a descrição de aspectos unicamente individuais, que, embora de interesse humano, são ainda insuficientes para o desenvolvimento científico 
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
Do ponto de vista clínico e específico da psicopatologia, embora o processo diagnóstico em psiquiatria siga os princípios gerais das ciências médicas, há certamente alguns aspectos particulares que devem ser aqui apresentados:
O diagnóstico de um transtorno psiquiátrico é quase sempre baseado preponderantemente nos dados clínicos. Dosagens laboratoriais, exames de neuroimagem estrutural (tomografia, ressonância magnética, etc.) e funcional (mapeamento por EEG, etc.), testes psicológicos ou neuropsicológicos auxiliam de forma muito importante, principalmente para o diagnóstico diferencial entre um transtorno psiquiátrico primário (esquizofrenia, depressão primária, etc.) e uma doença neurológica (encefalites, tumores, doenças vasculares, etc.) ou sistêmica. É importante ressaltar, entretanto, que os exames complementares, não substituem o essencial do diagnóstico psicopatológico: uma história bem-colhida e um exame psíquico minucioso, ambos interpretados com habilidade.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
2. O diagnóstico psicopatológico, com exceção dos quadros psicoorgânicos (delirium, demências, síndromes focais, etc.), não é, de modo geral, baseado em possíveis mecanismos etiológicos supostos pelo entrevistador. 
Baseia-se principalmente no perfil de sinais e sintomas apresentados pelo paciente na história da doença e no momento da entrevista. 
Por exemplo, ao ouvir do paciente ou familiar uma história de vida repleta de sofrimentos, fatos emocionalmente dolorosos ocorridos pouco antes do eclodir dos sintomas, a tendência natural é estabelecer o diagnóstico de um transtorno psicogênico*, como “psicose psicogênica”, “histeria”, “depressão reativa”, etc. Mas isso pode ser um equívoco. 
A maioria dos quadros psiquiátricos, sejam eles de etiologia “psicogênica”, “endogenética” ou mesmo “orgânica”, surge após eventos estressantes da vida. 
* Transtorno Psicogênico: Tem sua origem no funcionamento psicológico. Em outras palavras, refere-se a problemas (variados) que podem surgir a partir de conflitos e de dificuldades emocionais.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
Além disso, é frequente que o próprio eclodir dos sintomas psicopatológicos contribua para o desencadeamento de eventos da vida (como perda docônjuge, separações, perda de emprego, brigas familiares, etc.). 
Muitas vezes o raciocínio diagnóstico baseado em pressupostos etiológicos mais confunde que esclarece. 
Deve-se, portanto, manter duas linhas paralelas de raciocínio clínico; uma linha diagnóstica, baseada fundamentalmente na cuidadosa descrição evolutiva e atual dos sintomas que de fato o paciente apresenta, e uma linha etiológica, que busca, na totalidade de dados biológicos, psicológicos e sociais, uma formulação hipotética plausível sobre os possíveis fatores etiológicos envolvidos no caso.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
3. De modo geral, não existem sinais ou sintomas psicopatológicos totalmente específicos de determinado transtorno mental. 
o diagnóstico psicopatológico repousa sobre a totalidade dos dados clínicos, momentâneos (exame psíquico) e evolutivos (anamnese, história dos sintomas e evolução do transtorno). 
É essa totalidade clínica que, detectada, avaliada e interpretada com conhecimento (teórico e científico) e habilidade (clínica e intuitiva), conduz ao diagnóstico psicopatológico.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
4. O diagnóstico psicopatológico é, em inúmeros casos, apenas possível com a observação do curso da doença. 
Dessa forma, o padrão evolutivo de determinado quadro clínico obriga o psicopatólogo a repensar e refazer continuamente o seu diagnóstico. 
Uma das funções do diagnóstico em medicina é prever e prognosticar a evolução e o desfecho da doença (o diagnóstico deve indicar o prognóstico). 
Porém, às vezes, isso se inverte no contexto da psiquiatria. Não é incomum que o prognóstico, a evolução do caso, obrigue o clínico a reformular o seu diagnóstico inicial.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
5. Como salientou o psiquiatra brasileiro José Leme Lopes, em 1954, o diagnóstico psiquiátrico deve ser sempre pluridimensional. 
Várias dimensões clínicas e psicossociais devem ser incluídas para uma formulação diagnóstica completa;
identifica-se um transtorno psiquiátrico como a esquizofrenia, a depressão, a histeria, a dependência ao álcool, etc.;
diagnosticam-se condições ou doenças físicas associadas (hipertensão, cirrose hepática, cardiopatias, etc.);
e avaliam-se a personalidade e o nível intelectual desse doente, a sua rede de apoio social, além de fatores ambientais protetores ou desencadeantes. 
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
O sistema norte americano DSM, desde o início dos anos 1980, tem enfatizado a importância da formulação diagnóstica em vários eixos. 
Também é sumamente importante o esforço para a formulação dinâmica do caso (conflitos conscientes e inconscientes implicados no caso específico, mecanismos de defesa, ganho secundário, aspectos transferenciais, etc.) e a formulação diagnóstica cultural (símbolos e linguagem cultural específica para aquele paciente, representações sociais, valores, rituais, religiosidade, etc.).
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
6. Confiabilidade e validade do diagnóstico em psiquiatria. A confiabilidade (reliability) de um procedimento diagnóstico (técnica de entrevista padronizada, escala, teste, diferentes entrevistadores, etc.) diz respeito à capacidade desse procedimento produzir, em relação a um mesmo indivíduo ou para pacientes de um mesmo grupo diagnóstico, em circunstâncias diversas, o mesmo diagnóstico. 
Ao mudar diferentes aspectos do processo de avaliação (avaliador ou momento de avaliação), o resultado final permanece o mesmo. 
Assim, quando a avaliação é feita por examinadores distintos (interraterreliability) ou em diferentes momentos tem-se o mesmo diagnóstico. 
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
Tem-se um indicador de reprodutibilidade do diagnóstico. A validade (validity) diz respeito à capacidade de um procedimento diagnóstico conseguir captar, identificar ou medir aquilo que realmente se propõe a reconhecer. 
Para saber se um novo procedimento diagnóstico é válido, é preciso compará-lo com outro procedimento diagnóstico prévio (“padrão ouro”), que seja bem-aceito e reconhecido como mais acurado, capaz de identificar satisfatoriamente o objeto pesquisado (de certo modo, mais próximo da “verdade”). 
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
A sensibilidade de um novo procedimento diagnóstico está relacionada à capacidade desse procedimento de detectar casos verdadeiros incluídos na categoria diagnóstica. 
Já a especificidade do procedimento refere-se à capacidade de identificar verdadeiros “não-casos” em relação à categoria diagnóstica que se pesquisa. 
Um procedimento com alta sensibilidade identifica quase todos os casos, mas pode falhar reconhecendo erroneamente um não-caso (falso-positivo) como caso.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
Outro procedimento com alta especificidade pode ter a qualidade de apenas reconhecer casos verdadeiros, mas pode falhar, deixando de reconhecê-los, considerando-os como não-casos. 
Obviamente, o ideal de um procedimento diagnóstico é que ele seja confiável (reprodutível), válido (o mais próximo possível da “verdade” diagnóstica), com alta sensibilidade e especificidade.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico – Cap. 5
A avaliação do paciente
A avaliação do paciente, em psicopatologia, é feita principalmente por meio da entrevista. Aqui a entrevista não pode, de forma alguma, ser vista como algo banal, um simples perguntar ao paciente sobre alguns aspectos de sua vida. 
A entrevista, juntamente com a observação cuidadosa do paciente, é, de fato, o principal instrumento de conhecimento da psicopatologia. 
Por meio de uma entrevista realizada com arte e técnica, o profissional pode obter informações valiosas para o diagnóstico clínico, para o conhecimento da dinâmica afetiva do paciente e, o que pragmaticamente é mais importante, para a intervenção e o planejamento terapêuticos mais adequados.
A avaliação do paciente
A entrevista psicopatológica permite a realização dos dois principais aspectos da avaliação: 
A anamnese, ou seja o histórico dos sinais e dos sintomas que o paciente apresenta ao longo de sua vida, seus antecedentes pessoais e familiares, assim como de sua família e meio social. 
O exame psíquico, também chamado exame do estado mental atual. Apresentam-se, a seguir, alguns dos aspectos considerados mais relevantes sobre a técnica de entrevista em psicopatologia.
AVALIAÇÃO FÍSICA
O exame físico do paciente com transtornos mentais, ao contrário do que alguns supõem, quando realizado de forma adequada, pode ser um excelente “instrumento” de aproximação afetiva, principalmente com pacientes muito regredidos, inseguros, e mesmo com os pacientes psicóticos.
A avaliação do paciente
O Psicodiagnóstico:
A área desenvolvida pela psicologia clínica, denominada “psicodiagnóstico”, representa, de fato, um importante meio de auxílio ao diagnóstico psicopatológico. 
Embora haja contribuições dessa área a quase todos os aspectos da psicopatologia, os testes de personalidade e os rastreamentos (screening) para “organicidade” são os mais utilizados na prática clínica diária. 
Os testes projetivos, “abertos”, mais utilizados são: o teste de Rorschach; o TAT (Teste de Apercepção Temática, de Murray); o Teste de Relações Objetais – TRO de Phillipson; o Teste das Pirâmides, de Pfister; e o HTP-F (teste de desenho da casa-árvore-pessoa-família), de Buck (2003). 
Dependem muito da habilidade, do conhecimento e da experiência interpretativa do psicólogo clínico que os utiliza
A avaliação do paciente
Exames complementares:
Os exames complementares laboratoriais, neurofisiológicos e de neuroimagem também são um auxílio fundamental ao diagnóstico psicopatológico, particularmente na detecção de disfunções e patologia neurológicas e sistêmicas que produzem síndromes e sintomas psiquiátricos (Dalgalarrondo e Jacques de Moraes, 2004).
Os exames laboratoriais de sangue, urina e fezes, assim como asbiópsias e as diferentes avaliações da patologia clínica, devem ser sempre utilizados de acordo com a boa prática médica geral.
O EEG, é bastante útil no diagnóstico diferencial dos quadros confusionais agudos (delirium), na classificação das diferentes formas de epilepsia, e como parte da avaliação dos transtornos do sono (polissonografia).
Referencias Bibliográficas
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Grupo A, 2011. 
KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.; GREBB, Jack A. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
Psicopatologia II
Dúvidas
  
 Psicopatologia II
Obrigada!
Atenciosamente
Professora Patrícia O. Barbosa
Mestre em Psicologia
Professora do Centro Universitário Projeção –Campus 1
patricia.barbosa@projecao.br 
@psipatriciabarbosa

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