Prévia do material em texto
MARC 2 Thalita Albuquerque CRESCIMENTO NORMAL DA CRIANÇA Avaliar o crescimento da criança é uma atividade fundamental da prática pediátrica. O acompanhamento do peso, da altura e do perímetro cefálico (3 primeiros anos de vida) pode orientar o pediatra sobre as condições de saúde de seu paciente, do mesmo modo quando a mãe apresenta alguma queixa ou não. Morley propôs a “monitoração do crescimento” como uma ferramenta que poderia detectar precocemente se a criança estava caminhando para a desnutrição. A partir de 1980, a Unicef e a Organização Mundial da Saúde a propuseram como uma das ações básicas de saúde. Embora fosse proposta para detectar apenas a desnutrição, vários autores, envolvidos em pesquisas de crescimento, recomendaram que a monitoração teria um papel mais amplo, como um alerta para suspeitar de outros agravos que poderiam estar afetando o crescimento das crianças. A partir de então, tornou-se fundamental que o acompanhamento do crescimento fosse parte da rotina do atendimento à criança, prática defendida tanto pelo Ministério da Saúde (MS) como pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A avaliação do crescimento na rotina de atendimento à criança visa a três aspectos: • detectar precocemente o que está afetando o crescimento do paciente para interferir e obter a sua recuperação; • identificar as variações da normalidade, tranquilizar a criança e a família, evitando possíveis intervenções prejudiciais; • identificar problemas que não podem ser curados, mas que possam ser minimizados, e prover apoio ao paciente e à família ao lidar com as dificuldades (microcefalia por ex). CURVAS DE CRESCIMENTO Uma preocupação externada pelo responsável da criança quanto ao seu crescimento, é resultado de comparações realizadas no dia a dia. A avaliação do crescimento pelo pediatra também é feita por comparação, só que com curvas de crescimento. Durante boa parte do século XX, foram sendo aperfeiçoadas as técnicas para a elaboração de curvas de forma a torná-las instrumentos com maior fidelidade possível. Assim, uma variável como o peso, que não segue um padrão de distribuição normal, tem um tratamento estatístico que permite fazer sua distribuição tanto em percentis como em média e desvio padrão, como a estatura. Atualmente, têm ampla divulgação dois conjuntos de curvas: um elaborado pelo CDC 2000, e outro pela OMS. A curva do CDC foi uma reelaboração da curva do NCHS, após alguns anos de uso e uma série de críticas à sua representatividade das condições de crescimento em geral. A da OMS foi elaborada dentro de um projeto envolvendo 6 cidades de 6 países: Brasil, Gana, Índia, Noruega, Omã e Estados Unidos. O MS do Brasil adotou as curvas da OMS, e são elas que fazem parte da caderneta de saúde de cada criança. São apresentadas curvas do nascimento até 2 anos, dos 3 aos 5 e dos 5 aos 20, para comprimento/altura, e índice de massa corporal (IMC), e para o peso até os 10 anos, para os sexos masculino e feminino. As curvas dos dois primeiros anos de vida têm sido adotadas por diferentes países, pois foram construídas acompanhando o crescimento de forma longitudinal, desde o nascimento até os 2 anos de idade, de crianças de bom nível social, cujas mães não fumaram durante a gravidez e que foram amamentadas de forma exclusiva ou predominante até 4 a 6 meses de idade. Crescimento pós-natal > Ao nascer, o menino mede em torno de 50 cm, e a menina, 49 cm de comprimento, com variação de +/-2cm. O peso é, em média, de 3.300g. Crianças nascidas com peso menor que 2.500 g são denominadas de baixo peso, e entre 2.500 g e 3.000 g, de peso insuficiente. O tamanho ao nascer pode indicar se um comprometimento ocorreu no final da gestação ou durante um período mais prolongado. O pico da velocidade de crescimento em comprimento durante o período intrauterino acontece no 2º trimestre da gravidez, e o do peso, no último trimestre. Assim, se o recém-nascido (RN) apresenta um comprometimento só do peso, é maior a probabilidade de o agravo ter ocorrido nos meses finais da gestação, mas se houver uma diminuição do comprimento, é bem mais provável que o agravo tenha ocorrido há mais tempo. Isso tem implicações no crescimento, pois uma lesão crônica pode comprometer de forma bem mais acentuada e levar à baixa estatura. A correlação do tamanho ao nascer é baixa em relação à estatura final. O crescimento intrauterino é mais dependente das condições nutricionais, de saúde e do tamanho da mãe do que do seu potencial genético. Durante os dois primeiros anos de vida, a curva de crescimento pode mudar de canal mudando de percentis, em um fenômeno denominado canalização. Assim, lactentes que se encontram em percentis mais baixos da curva, mas que têm um potencial genético para serem mais altos, fazem uma recuperação logo a partir das primeiras semanas de vida em direção a percentis mais altos, e os com potencial genético para serem mais baixos iniciam a mudança de canal a partir dos 6 meses. O crescimento pós-natal pode ser dividido em três fases: fase de crescimento rápido, mas também de desaceleração rápida que vai dos 2,5 até os 3 anos; fase de crescimento mais estável com uma desaceleração lenta, que vai até o início da puberdade; e fase puberal com o estirão caracterizado por um crescimento rápido até atingir o pico, com desaceleração posterior até atingir a altura adulta. Em algumas crianças, é observado um pequeno estirão entre 7 e 8 anos de idade, denominado estirão do meio da infância. A criança cresce em torno de 25 cm no primeiro ano, sendo 15 cm no primeiro semestre e 10 cm no segundo. No segundo ano, cresce de 10 a 12 cm. A partir do terceiro ano, o crescimento é entre 5 e 7 cm por ano, de forma oscilante, mas com ligeiro decréscimo. Como as medidas são feitas de forma espaçada durante muito tempo, considerou-se que o crescimento ocorresse de forma contínua, mas atualmente está bem demonstrado que ele ocorre com paradas e saltos. Essa observação pode parecer acadêmica, mas com frequência o pediatra pode se deparar com períodos em que MARC 2 Thalita Albuquerque a criança não cresce e gerar alguma preocupação. Durante toda a infância, tanto a menina como o menino crescem de forma bastante semelhante, mas, durante a puberdade, as meninas apresentam o estirão em média 2 anos antes que os meninos, e com isso param de crescer mais cedo. Durante o estirão puberal, o pico de velocidade de crescimento das meninas é de 8,5 cm/ano, e o dos meninos de 9,5 cm/ano. Essa diferença no pico de velocidade, mais o aspecto de que os meninos crescem por pelo menos mais 2 anos, explicam a diferença média das alturas entre os homens e as mulheres em 13 cm. Esse é o valor utilizado para se calcular o alvo parental. Ao se avaliar se uma criança está crescendo bem ou não, é mais importante considerar a velocidade de crescimento do que a altura atual. Como as curvas são construídas e delimitadas com percentis 3 e 97 ou +/- dois desvios padrão, existe um percentual de crianças normais que terão valores abaixo de 3% no caso dos percentis, ou 2,5% no caso do desvio padrão. Dessa forma, é muito mais importante avaliar a velocidade de crescimento. Se as medidas registradas no gráfico acompanharem a inclinação das curvas, é sugestivo de que a criança está crescendo bem. Se a criança é paciente do pediatra e ele rotineiramente registra os dados no gráfico, poderá detectar que o crescimento não está se dando de forma adequada. Maturação esquelética> Quando em uma classe de crianças de 7 anos, além das diferenças de tamanho, se observa facilmente que elas apresentam ritmos de crescimento e desenvolvimento diferentes, essas diferenças podem interferir no cotidiano das crianças, seja em relação às atividades de aprendizado escolar, seja na prática esportiva, e podem se tornar mais nítidas durante a puberdade. Como referido anteriormente, as meninas iniciam a puberdade mais cedo, no entanto,pode haver meninas que iniciam a puberdade mais tarde e meninos que iniciam mais cedo. Essas diferenças no ritmo de crescimento podem ser agrupadas em três grupos genéricos: maturadores rápidos, médios e lentos. Essas diferenças de maturação refletem-se inclusive nos estirões puberais, sendo que os rápidos e os médios apresentam picos mais altos, e os lentos, picos mais baixos. Os maturadores lentos têm seu estirão puberal mais tarde, chegando às vezes a ter alturas abaixo da distribuição da referência, e apresentando velocidades abaixo de 5 cm/ano, que é a velocidade de alerta para se suspeitar de alguma doença endócrina (deficiência de hormônio do crescimento – GH – ou hipotireoidismo). A maneira mais adequada de avaliar a maturação é por meio da radiografia da mão e do punho esquerdos. Não se deve radiografar as duas mãos, pois pode alterar a imagem e distorcer a avaliação. Recomendam-se a mão e o punho esquerdos porque tanto a avaliação com o atlas como o método de Tanner foram elaborados com radiografias desse lado. Com o método do atlas, o radiologista compara o RX do paciente com os modelos apresentados e avalia com qual idade se parece. O TW2 é menos utilizado, pois emprega um procedimento mais trabalhoso, que envolve atribuir pontos para os diferentes estágios de desenvolvimento dos ossos do punho e da mão. Ao final da avaliação, soma-se os pontos e uma tabela informa a idade provável. De modo geral, aceita-se que a idade óssea apresenta, em relação à idade cronológica, uma variação de +/- 2 anos. A maioria das doenças atrasa a idade óssea, mas hipertireoidismo, obesidade e hormônios sexuais adiantam. Como o fechamento completo das epífises indica que a pessoa parou de crescer, o que esses métodos sugerem é o quanto ainda o paciente pode crescer. Assim, tendo-se dois meninos de mesma idade e mesma altura, mas um com idade atrasada e outro com idade adiantada, pode-se inferir que o menino com idade atrasada tem maior probabilidade de atingir a idade adulta com maior altura. Os dois problemas envolvendo baixa estatura, sem ser consequência de doença, que o pediatra mais enfrenta ao avaliar o crescimento de seus pacientes é o de baixa estatura familiar (ou seja, filho de pais baixos) e os maturadores lentos. Puberdade> onde costuma-se utilizar a avaliação das características das mamas e dos pelos púbicos nas meninas e das características dos genitais e dos pelos púbicos nos meninos. O tamanho dos testículos pode ser avaliado pelo orquidômetro de Prader, um conjunto de bolas de forma elíptica, que vão de 1 cm até 25 cm. Até 3cm considera-se que o menino ainda tem características infantis. A puberdade começa com o aumento do testículo e isso se inicia com 4 cm. O estirão puberal tem início quando o volume testicular atinge 8cm. Na menina, a puberdade começa com o aumento da velocidade de crescimento, e a menarca normalmente ocorre quando a velocidade já ultrapassou o pico. MARC 2 Thalita Albuquerque Fatores que influenciam e controlam o crescimento> O primeiro que se deve considerar na avaliação do crescimento é a influência genética. Se não houver alguma condição de saúde que interfira no crescimento, filhos de pais altos serão altos, e filhos de pais baixos serão baixos. No entanto, essa herança não é simples e considera-se que seja uma herança poligênica. Dessa forma, pais de alturas médias, que tenham alturas díspares (um alto, outro baixo), dependendo da distribuição dos genes, poderão ter filhos baixos e altos. Uma forma de se avaliar a variabilidade da altura dos filhos em relação à altura dos pais é determinar o alvo parental. Esse alvo é estabelecido calculando-se a média da altura corrigida dos pais. Essa altura é calculada utilizando-se os 13 cm citados anteriormente. Ao avaliar um menino, deve-se masculinizar a altura da mãe, ou seja, acrescentar 13 cm à altura dela; se for menina, deve-se feminilizar a altura do pai, diminuindo 13 cm. Após a soma das duas alturas resultantes, calcula-se a média. Para determinar a variabilidade da altura dos filhos, existem diferentes recomendações, mas a preferência é pelas de Tanner. No menino, somam-se e subtraem-se 10 cm, e nas meninas, somam-se e subtraem-se 9cm. Noventa e cinco por cento dos filhos estarão dentro dessa variação. Ao se analisar a altura da criança em relação ao alvo, deve-se adotar a idade óssea em vez da cronológica. Nutrição, doenças e condições sociais influenciam o crescimento, e o papel do pediatra é tentar identificá-los para que não o prejudiquem. O crescimento é controlado por uma série de hormônios que atuam em etapas específicas, e essa atuação é geneticamente controlada. Os principais hormônios são o GH, (IGFI), hormônio tireoidiano e os hormônios sexuais, estes inclusive responsáveis pelo estirão puberal. Qualquer alteração no crescimento que não seja clinicamente identificável é indicação para referir-se a criança para um especialista. A maturação também é geneticamente controlada. Assim, na anamnese, o pediatra deve procurar identificar se os pais ou um deles foi maturador lento ou avançado. De modo geral, é mais difícil em relação ao pai do que à mãe, pois esta com frequência informa a idade da menarca; já para o pai, não existe um evento puberal tão marcante. Principais doenças que afetam o crescimento> Smith apresenta uma classificação didática sobre as deficiências de crescimento: 1. Variações da normalidade: baixa estatura familiar e maturador lento, também familiar. 2. Deficiência de crescimento por alterações esqueléticas: anomalias cromossômicas (Turner, Down), mutações genéticas, como displasias ósseas (p.ex., acondroplasia e hipocondroplasia), e síndromes de etiologia desconhecida. 3. Deficiências secundárias, de início pré-natal ou pós-natal. As de origem pré-natal podem ser consequentes ao tamanho da mãe, nível socioeconômico baixo, má nutrição, hipertensão, drogadição, consumo de álcool, hábito de fumar e infecções como sífilis, toxoplasmose, etc. As de origem pós-natal são alterações metabólicas, hipotireoidismo, deficiência do hormônio de crescimento, uso prolongado de corticosteroides, desnutrição e outras. DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Assim como a avaliação do crescimento da criança, a vigilância do seu desenvolvimento é parte essencial do conjunto de cuidados que visam a promover uma infância saudável. Dessa forma, os profissionais que atendem a criança devem estar habilitados para abordar essa demanda, por meio do conhecimento não só da sequência natural de evolução das várias funções, mas também dos fatores de risco que possam comprometê-las, assim como ter ciência das possibilidades de fazer as devidas intervenções para reverter ou reduzir um prejuízo no desenvolvimento infantil. A preocupação do pediatra para com todos os aspectos da vida da criança, e não apenas sobre sua biologia, foi de evolução insidiosa. Porém, essa preocupação tem sido crescente e proporcional à necessidade de adaptação às crianças da era contemporânea. O termo “desenvolvimento” tem sido o mais utilizado para abranger os vários aspectos interligados que caracterizam a evolução dinâmica do ser humano a partir de sua concepção. É importante enfatizar que, embora a carga genética seja fator determinante, o desenvolvimento humano emerge a partir da interação com os fatores ambientais, portanto, é fundamental que ocorra uma ampla e adequada variação de estímulos e experiências, para favorecer todo o seu potencial. Do ponto de vista biológico, o sucesso do desenvolvimento depende da integridade dos vários órgãos e sistemas que concorrem para lhe condicionar, principalmente o sistema nervoso, que participa de toda ordenação funcional que o indivíduo irá experimentar. Neste aspecto, é importante que o tecido nervoso cresce e amadurece sobretudo nos primeiros anos de vida, portanto, nesse período, é mais vulnerável aos agravos de natureza diversa e àsadversidades das condições ambientais que podem ocasionar prejuízos relacionados aos processos em desenvolvimento. Por outro lado, por sua grande plasticidade, é também nessa época que a criança melhor responde aos estímulos que recebe e às intervenções, quando necessárias. O estudo do desenvolvimento compreende alguns domínios de função interligados, quais sejam: sensorial, motor (geralmente subdividido em habilidades motoras grosseiras e habilidades motoras finas), da linguagem, social, adaptativo, emocional e cognitivo. Esses domínios influenciam-se entre si e têm como eixo MARC 2 Thalita Albuquerque integrador a subjetividade, função de dimensão psíquica que se particulariza e possibilita a singularidade de cada um dos seres humanos. A sua avaliação deve ser um processo contínuo de acompanhamento das atividades relativas ao potencial de cada criança, com vistas à detecção precoce de desvios. Essa verificação pode ser realizada de forma sistematizada por meio de alguns testes e/ou escalas elaboradas para tal finalidade. Vale ressaltar que essas sistematizações apresentam peculiaridades e limitações relativas ao método utilizado, às faixas de idade avaliadas e à validação para cada população. Entretanto, na prática clínica diária, o fato de não se utilizar um método sistematizado não significa que o atendimento não tenha qualidade, sobretudo para o pediatra experiente que já sistematizou sua própria rotina de avaliação. Por outro lado, para o médico generalista e para outros profissionais de saúde, o uso de uma ferramenta sistematizada pode facilitar a lembrança das diferentes áreas que precisam ser abordadas. A Caderneta de Saúde da Criança, disponibiliza uma sistematização para a vigilância do desenvolvimento infantil até os 3 anos de idade. Essa ferramenta permite acompanhar a aquisição dos principais marcos do desenvolvimento. Além disso, com base na presença ou ausência de alguns fatores de risco e de alterações fenotípicas, a caderneta orienta para tomadas de decisão. Sendo um processo dinâmico, as avaliações do desenvolvimento devem acontecer em todas as visitas de puericultura, de forma individualizada e compartilhada com a família. É fundamental o conhecimento do contexto familiar e social no qual a criança está inserida: desde quando foi gerada, se planejada ou não; as fantasias da mãe durante a gestação; quem é o responsável pelos seus cuidados; como é a rotina da criança; e quais mudanças ocorreram nas relações familiares após o seu nascimento. Além disso, é importante obter dados relacionados a possíveis fatores de risco para distúrbios do desenvolvimento, como ausência de pré-natal, dificuldades no nascimento, baixo peso ao nascer, prematuridade, intercorrências neonatais, uso de drogas ou álcool, infecções e depressão durante a gestação. Também é fundamental indagar sobre a opinião da mãe em relação ao processo de desenvolvimento de seu filho. A análise processa-se por toda a duração do atendimento, observando o comportamento da família e da criança: quem traz a criança, como ela é carregada, sua postura, o seu interesse pelo ambiente e a interação com as pessoas. Além disso, como um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da criança é a reciprocidade estabelecida na relação com sua mãe ou substituta, é interessante observar o vínculo entre ambas. Quanto às aquisições motoras, reconhece-se no recém- nascido um padrão motor muito imaturo, com a presença do reflexo tônico cervical assimétrico, que lhe confere uma postura assimétrica, com predomínio do tônus flexor nos membros e intensa hipotonia na musculatura paravertebral. Seus movimentos são, geralmente, reflexos, controlados por partes primitivas do cérebro. Assim, reflexos como sucção, preensão palmar, plantar e da marcha passarão em poucos meses a ser atividades voluntárias. Outros, como o de Moro e o tônico cervical assimétrico, desaparecerão em breve, sendo que, dentro do padrão de desenvolvimento normal, não devem persistir no 2º semestre de vida. MARC 2 Thalita Albuquerque Continuando a evolução do sistema motor, durante os primeiros meses, há uma diminuição progressiva do tônus flexor e substituição pelo padrão extensor. Esse amadurecimento se faz na direção craniocaudal, sendo o quadril e os membros inferiores os últimos a adquiri-lo. A partir do 2º semestre, não ocorre mais predomínio de padrão flexor ou extensor, e assim, a criança, por meio de alternância entre os tônus, consegue, primeiramente, rolar e, posteriormente, já tendo dissociado os movimentos entre as cinturas escapular e pélvica, consegue mudar da posição deitada para sentada. A regra do desenvolvimento motor é que ocorra no sentido craniocaudal e proximodistal e, por meio de aquisições mais simples para mais complexas. Assim, a primeira musculatura a ser controlada é a ocular. Depois, há o controle progressivo da musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco. durante o 3º trimestre, a criança adquire a posição ortostática. O apoio progressivo na musculatura dos braços permite o apoio nos antebraços e as primeiras tentativas de engatinhar. No entanto, algumas crianças andam sem ter engatinhado, sem que isso indique algum tipo de anormalidade. O desenvolvimento motor fino se dá no sentido próximo-distal. Ao nascimento, a criança fica com as mãos fechadas na maior parte do tempo. Por volta do 3o mês, em decorrência da redução do tônus flexor, as mãos ficam abertas por período maior, e as crianças conseguem agarrar os objetos, embora ainda sejam incapazes de soltá- los. Entre o 5o e o 6o mês, conseguem apreender um objeto voluntariamente e iniciam o movimento de pinça, que será aprimorado progressivamente até se tornar completo, polpa com polpa. A partir dessa idade, o contexto cultural em que a criança se insere passa a ter uma influência maior e, consequentemente, também há maior variação entre os marcos. A avaliação do sistema sensorial, principalmente da audição e da visão, deve ser feita desde os primeiros atendimentos. É importante indagar os familiares se a criança focaliza objetos e os segue com o olhar, e se prefere o rosto materno. Isto porque, desde os primeiros dias de vida, o recém-nascido é capaz de focalizar um objeto a poucos centímetros de seu campo visual e detém nítida preferência pelo rosto humano. No exame dos olhos, deve- se estar atento ao tamanho das pupilas, pesquisar o reflexo fotomotor bilateralmente, assim como o reflexo vermelho que avalia a transparência dos meios e, no caso da suspeita de opacidades, encaminhar para um exame oftalmológico minucioso. A audição inicia-se por volta do 5o mês de gestação, portanto, ao nascimento, a criança já está familiarizada com os ruídos do organismo materno e com as vozes de seus familiares. Deve-se perguntar se o bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e repentinos, se é capaz de reconhecer e se acalmar com a voz materna e se procura a origem dos sons. A avaliação objetiva da audição pode ser feita com várias frequências de estímulos sonoros, mas no Brasil, desde 2010, tornou-se obrigatória a realização da triagem auditiva neonatal, para todos os recém-nascidos, por meio de emissões otoacústicas evocadas, comumente denominado “teste da orelhinha”. Quanto à interação social, o olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento, representam formas de comunicação, mas, entre a 4a e a 6a semana de vida surge o “sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente pela face humana. Já no 2º semestre de vida, a criança não responde mais com um sorriso a qualquer adulto, pois passa a distinguir o familiar do estranho. Assim, a criança pode manifestar um amplo espectro de comportamentos que expressam o medo e a recusa de entrar em contato com o estranho. Relativo à linguagem, durante os primeiros meses de vida, o bebê expressa-se por meio de sua mímica facial e, principalmente, pelo choro. Entre o 2oe o 3o mês, a criança inicia a emissão de arrulhos e, por volta do 6o mês, de balbucio ou sons bilabiais, cujas repetições são realizadas pelo simples prazer de se escutar. Entre 9 e 10 meses, emite balbucios com padrão de entonação semelhantes à linguagem de seu meio cultural. A primeira palavra, na maioria dos idiomas, corresponde a um encontro silábico reconhecido que se inicia com sons de m, n, p, d ou t, como “mama”, “papa” e “dada”. A linguagem gestual também aparece no 2º semestre de vida e é fruto da significação dada pelos adultos do seu meio. Nessa fase, é comum a criança apontar e obedecer aos comandos verbais como bater palmas, acenar e jogar beijinhos. Por volta dos 12 meses de idade, surgem as primeiras palavras denominadas palavras-frase. Aos 18 meses, a criança inicia frases simples e, a partir daí, ocorre um grande aumento em seu repertório de palavras. Nessa fase, também começa o diálogo com troca de turnos, isto é, a criança fala e depois aguarda a resposta do outro para nova interferência. Diante do exposto, constata-se a complexidade das múltiplas funções a serem avaliadas, e pode-se deduzir que, ao abordar uma criança com suspeita de problema no seu desenvolvimento, mesmo o pediatra experiente pode precisar de mais de um atendimento para concluir sobre sua condição. Frequentemente, é necessária uma equipe multidisciplinar com competência para esse enfrentamento, não se esquecendo do apoio psicossocial aos familiares. IMUNIZAÇÕES As recomendações das práticas de imunizações devem ser baseadas em evidências científicas frequentemente atualizadas, nas características das vacinas, na epidemiologia das doenças específicas e nas características do hospedeiro. Os calendários de vacinação devem ser consultados constantemente, uma vez que sofrem frequentes modificações, seja em função da inclusão de novas vacinas ou em decorrência de alteração nos esquemas preconizados para vacinas já incorporadas. São fontes para informações dos calendários de vacinação no Brasil: Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Brasileira de Imunizações (SBIm). O ato de vacinar é uma MARC 2 Thalita Albuquerque responsabilidade social de proteção coletiva, e sua negativa deve ser considerada como negligência. Princípios gerais para a indicação de vacinas Ao se indicar um imunobiológico, devem-se conhecer suas características principais: • natureza do antígeno imunizante; • presença de adjuvantes; • via de administração; • principal método de produção; • risco de eventos adversos. Algumas orientações em relação à vacinação devem ser seguidas com o objetivo de se estabelecer normas e garantir uma cobertura e documentação adequadas: • em vacinação, não se deve perder a oportunidade; • em geral, vacina aplicada não necessita ser refeita, desde que documentada, mesmo que se tenha ultrapassado os prazos indicados para as doses subsequentes. Reinicia-se o esquema a partir da interrupção; • em caso de documentação perdida e não houver possibilidade de recuperação da informação, deve-se reiniciar todo o esquema de vacinação, adaptando-o de acordo com a idade e respeitando-se os intervalos e as vacinas recomendadas. Contraindicações gerais As vacinas de vírus vivos atenuados ou de bactérias vivas atenuadas não devem ser administradas nas condições relacionadas a seguir, salvo sob orientação médica documentada: • imunodeficiências congênitas ou adquiridas; • neoplasias malignas; • gestantes • uso de corticosteroides em altas doses, por período superior a 15 dias; • terapia imunossupressora. A vacinação deve ser adiada temporariamente nas seguintes situações: • episódios agudos de doenças com febre; • até 30 dias após o término de corticoterapia em dose imunossupressora; • até 90 dias após o uso de outras formas de imunossupressão; • até no mínimo 3 meses após transplante de medula óssea para vacinas com microrganismos não vivos e 2 anos para vacinas com microrganismos vivos; • de 3 a 11 meses após transfusão de plasma fresco ou imunoglobulinas, para vacinas com vírus vivos, em razão da possibilidade de neutralização do antígeno vacinal por anticorpos presentes nesses produtos. Calendários de vacinação da criança e adolescente VACINA BCG Constituição> A vacina BCG (Bacillus de Calmette-Guérin) utilizada no Brasil é produzida com bacilos vivos, atenuados e liofilizados de cepa de Mycobacterium bovis. Esquema vacinal > Dose única, a partir do nascimento, o mais precocemente possível. É administrada por via intradérmica (ID), na dose de 0,1 mL (região da inserção inferior do músculo deltoide direito). Uma segunda dose da vacina está recomendada quando, após 6 meses da primeira dose, não se observa cicatriz no local da aplicação. Em comunicantes domiciliares de hanseníase, independentemente da forma clínica, uma segunda dose pode ser aplicada com intervalo mínimo de 6 meses após a primeira dose. Evolução da lesão vacinal> O tempo de evolução da lesão é de 6 a 12 semanas, embora possa se prolongar por até 24 semanas. Eventualmente, pode ocorrer recorrência da lesão, mesmo depois de completa cicatrização. Durante evolução normal da lesão, pode haver enfartamento ganglionar único ou múltiplo (axilar, supra ou infraclavicular). Ocorre em cerca de 10% dos vacinados e aparece em torno da 3ª a 6ª semana após a vacinação. O gânglio é homolateral à aplicação da vacina, móvel, indolor e mede, em geral, até 3 cm de diâmetro, não sendo acompanhado de sintomas sistêmicos. Este gânglio tende a permanecer por 2 a 3 meses, quando então começa a involuir espontaneamente, sem necessidade de tratamento. Prevenção → formas graves de tuberculose e meningite tuberculosa. Manejo das reações adversas Linfadenite reacional axilar leve → apenas acompanha. Úlcera >10mm, abcesso frio e linfadenite supurada→ tratar como se tivesse infecção pelo M. Bovis regional, utilizando Isoniazida 10mg/kg/dia (apresentação: cps de 100mg e 300mg) até melhora dos sintomas. Abcesso quente→ considerar infecção por germes comuns da pele. Conduta: drenagem + antibiótico para germes da pele (cefalexina, por exemplo). Sintomas sistêmico, tais como febre, emagrecimento, linfadenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia → ocorre quando a vacina é feita de forma inadvertida em crianças imunossuprimidas. Conduta: tratar M. Bovis sistêmico com o esquema REI (Rifampicina, Etambutol e Isoniazida). Obs.: Ao contrário da M. tuberculosis, a M. Bovis responde melhor ao etambutol do que a pirazinamida. Contraindicações> •temporárias: recém-nascidos com peso < 2.000 g e lesões dermatológicas extensas afetando o local de aplicação da vacina; • absolutas: imunodeficiências congênitas e adquiridas. As crianças com exposição perinatal ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) devem receber a vacina ao nascimento, no entanto, aquelas que chegam ao serviço ainda não vacinadas poderão receber BCG se assintomáticas e sem sinais de imunodepressão. VACINA HEPATITE B Constituição> Antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HbsAg), obtido por engenharia genética, purificado e associado ao adjuvante hidróxido de alumínio. Esquema vacinal> A primeira dose da vacina hepatite B deve ser aplicada nas primeiras 12 horas de vida. A segunda dose está indicada com 1 ou 2 meses de idade e a terceira dose é realizada aos 6 meses. A dose padrão é de 0,5 mL administrada por via intramuscular (IM), não devendo ser aplicada na região glútea, pois a injeção nessa localização se associa com menor imunogenicidade. É altamente eficaz. Cria-se anticorpos protetores após a 3ª dose em 90 a 95% dos indivíduos. Aplicação → via intramuscular (IM) em braço ou vasto lateral da coxa. Não se aplica no glúteo, pois o tecido adiposo ali contidos, podem atrapalhar a imunogenicidade da vacina. Doses→ até 12 horas após nascimento, com 02 meses, 04 meses e aos 06 meses. Estas 03 últimasconjugadas na vacina pentavalente. Contraindicações> Reação anafilática prévia a qualquer MARC 2 Thalita Albuquerque componente da vacina e púrpura trombocitopênica pós- vacinal. Vacina oral de poliovírus vivos atenuados (VOP) e vacina injetável de poliovírus inativados (VIP) Constituição> Ambas apresentam na sua composição poliovírus tipos 1, 2 e 3. Atendendo a recomendação da OMS, a partir de 2016, a vacina VOP será composta por dois poliovírus: tipos 1 e 3, já que o tipo 2 tem sido associado a casos de poliomielite vacinal. Previne paralisia infantil. Existem duas vacinas: a de vírus inativos (VIP) injetável e a de vírus atenuado (VOP) oral. Vacina inativada contra pólio – VIP → contra pólio sorotipos 1, 2 e 3. É utilizada no primeiro ano de vida. Vacina oral contra pólio – VOP → contra pólio sorotipos 1 e 3. O tipo foi tirado porque suspeitava-se que ele estaria mais relacionado ao surgimento da paralisia infantil após vacinação. Esta vacinada é usada nos reforços e campanhas. oses → 02 meses (VIP), 04 meses (VIP), 06 meses (VIP), 15 meses (VOP) e 04 anos (VOP). Administração da VOP: 02 gotas, via oral. Se vomitar ou regurgitar, não repetir a dose. Contraindicações> • VIP: nos casos de reação alérgica grave prévia aos produtos contidos na vacina; • VOP: não deve ser administrada a indivíduos imunodeprimidos e seus comunicantes e em indivíduos que desenvolveram pólio vacinal associada a dose anterior da vacina. Os vírus da vacina VOP podem sofrer mutações em nível intestinal, revertendo-se ao estado de neurovirulência, podendo provocar poliomielite (poliomielite paralítica pelo vírus da vacina – VAPP). Outro problema é que os vírus mutantes que não forem completamente eliminados pelo intestino continuam circulando na comunidade, aumentando seu grau de virulência. Se as coberturas vacinais não forem elevadas, os vírus mutantes podem ocasionar poliomielite em surtos na população (poliovírus circulante derivado da vacina – cVDPV). Vantagens da VOP: administração simples, baixo custo, imunidade duradoura, imunidade local no trato gastrintestinal, imunidade de contactantes através da via fecal-oral pela eliminação de vírus vivo atenuado pelas fezes. Efeito adverso da VOP: em 1/13 milhões pode haver desenvolvimento da paralisia infantil pelo próprio vírus atenuado. Este risco só ocorre na primeira dose e com a VOP. Contraindicações da VOP: não há. Devem receber a VIP: imunossuprimidos (e seus contactantes, pela eliminação nas fezes) e transplantados de medula. VACINA ROTAVÍRUS Constituição> Previne diarreia aguda grave pelo rotavírus. É feita com vírus atenuado do sorotipo G1 que confere imunização cruzada com outros sorotipos. Esquema vacinal> A vacina monovalente incluída no PNI é indicada em 2 doses, seguindo os limites de faixa etária: primeira dose aos 2 meses (limites de 1 mês e 15 dias até no máximo 3 meses e 15 dias) e segunda dose aos 4 meses (limites de 3 meses e 15 dias até no máximo 7 meses e 29 dias). Doses→02 meses e 04 meses. Cuspiu ou vomitou a vacina, não se repete! Intervalo das doses → 1ª dose: 01 mês e 15 dias a 03 meses e 15 dias. 2ª dose: 03 meses e 15 dias a 07 meses e 29 dias. Isso para diminuir a chance de invaginação intestinal que era mais comum em crianças maiores. Efeitos adversos → corre o risco de haver invaginação intestinal, principalmente em crianças maiores. Febre em até 02 semanas pode ocorrer. Diarreia em até 21 dias, também pode acontecer. Contraindicação → imunodeprimidos e histórico de invaginação intestinal. Vacina pneumocócica 10 Previne infecções graves por pneumococo. A vacina é feita de antígenos do pneumo conjugados. O MS distribui a vacina decavalente (pneumocócica 10) que cria imunidade contra 10 sorotipos de pneumo. Doses → com 02 meses e 04 meses, com reforço aos 12 meses(01 ano). Este reforço pode ser dado até os 04 anos de idade. Lembrete: polissacarídeos isolados não causam imunidade duradoura, por isso, necessitam ser conjugados com outros compostos para gerar maior imunidade. Vacina meningocócica C Previne quadros de meningite grave pelo meningococo tipo C. A vacina é feita de antígenos do meningococo conjugados. Doses → com 03 meses e 05 meses, com reforço aos 12 meses (01 ano) e na adolescência (de 11 a 14 anos). Este reforço pode ser dado até os 04 anos de idade. Tríplice viral – SRC É feita de vírus atenuado e previne sarampo, caxumba e rubéola. Hoje em dia, as vacinas de sarampo e caxumba são feitas a partir de fibroblastos de embriões de galinha, sendo assim, pessoas que possuem alergia a ovos, podem receber a vacina. Sobre o componente da rubéola, há uma preocupação de filhos de gestantes que recebem a vacina poder desenvolver a síndrome da rubéola congênita. Por isso, é recomendado não engravidar em pelo menos 30 dias (01 mês) após receber o imunizante. Contraindicação → uso prévio de hemoderivados e imunoglobulinas, pois podem interferir na resposta imune à vacina. Os seguintes intervalos de tempo devem ser esperados: Concentrado de hemácias: 05 meses. Sangue total: 06 meses. Plasma ou plaquetas: 07 meses. Imunoglobulinas: de 08 a 11 meses. Tetraviral e varicela isolada É composta pela tríplice viral + varicela (vírus vivo atenuado). Previne varicela (catapora). Dose →15 meses (para aqueles que já receberam a tríplice viral aos 12 meses). A vacina da varicela isolada está indicada em uma 2ª dose (a primeira estava contida na tetraviral) entre 4 e 6 anos incompletos (5 anos 11 meses e 29 dias). Febre amarela É feita com vírus vivo atenuado a partir de ovos, por isso, que já teve reação grave à proteína de ovo, não pode utilizar. Administração → subcutânea. Indicação → áreas endêmicas ou de transição. População alvo→ crianças a partir de 09 meses até adultos de 59 anos de idade. Hoje em dia, considera-se pelo menos 02 doses. Ver indicações abaixo. A MARC 2 Thalita Albuquerque vacina deve ser tomada, pelo menos, 10 dias antes de viagem para área endêmica, no intuito de desenvolver imunidade antes da viagem. Contraindicado em amamentação exclusiva antes de 06 meses de idade do lactente. Se houver vacinação, suspender o aleitamento por idealmente 28 dias (no mínimo 10 dias). O vírus pode sair pelo leite materno e causar doença na criança. Não se deve doar sangue por 30 dias (01 mês). Indicações de reforço: Se 05 anos com apenas 01 dose anterior → 01 dose aos 09 anos. Se >05 anos até 59 anos nunca vacinados → recebe 01 dose. Se >05 anos e receberam 01 dose quando tinha >05 anos → considerar imunizado e não receberá vacina. Em resumo: só toma uma 2ª dose quem foi vacinado antes dos 05 anos. Influenza É derivado um vírus inativado. Previne quadros graves de influenza (gripe). Doses→ crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias). Crianças com ≤08 anos, quando tomar a primeira vez a vacina de influenza, esta deve receber 02 doses com intervalo de 01 mês entre elas. Em crianças ≥09 anos e adultos, mesmo se for a primeira vez que recebe a vacina, esta deve ser apenas 01 dose. Febre amarela e influenza são contraindicadas em pessoas que já tiveram reação alérgica grave a proteína do ovo. Vacina contra HPV O vírus do papiloma humano (HPV) é responsável pelo câncer de colo uterino e verrugas genitais. Os sorotipos 16 e 18 são oncogênicos respondem por 70% de neoplasia de colo uterino. Os sorotipos 6 e 11 não são oncogênicos e respondem por 90% das verrugas genitais. O uso de preservativo não protege 100% contra o HPV. Cerca de 50% da população sexualmente ativa vai entrar em contato com o HPV. Por isso a importância da vacinação. Existem no mercado 02 vacinas, ambas recombinantes. Quadrivalente contra sorotipos oncogênicos e não oncogênicos (tipo 6, 11, 16 e 18). Indicada para meninos e meninasdos 09 anos aos 26 anos. Oncogênica recombinante (ativa contra HPV 16 e 18). Indicada para meninasdos 10 aos 25 anos. O fabricante indica 03 dosesaos 0, 02 e 06 meses, masisso não é na prática utilizada, segundo o ministério da saúde. Não são vacinas que utilizam vírus vivos, portanto, pode ser usada por imunodeprimidos. Gestantes não podem utilizar pela falta de estudos de efeitos colaterais. Atual recomendação do ministério da saúde: Meninas → 02 doses (0 e 6 meses) de 09 a 14 anos. Meninos → 02 doses (0 e 6 meses) de 11 a 14 anos. Mulheres e homens HIV+, segue o esquema de 03 doses (0, 02 e 06 meses) dos 09 aos 26 anos. Hepatite A É realizada em dose única aos 15 meses. Essa dose pode ser feita até 05 anos incompletos (04 anos, 11 meses e 29 dias). Sarampo – bloqueio vacinal devido a surtos É feito com a vacina tríplice viral, devido a surtos ocasionais. Se criança<1 ano – utiliza 1 dose a partir dos 6 meses de idade, as doses de 12 meses (tríplice viral) e 15 meses (tetraviral) deverão ser feitas normalmente. Se criança >01 ano → nesses casos, já foi tomada a de 12 meses (tríplice viral) e deve antecipar a tetraviral que seria realizada com 15 meses, mas as vacinas deverão ter no mínimo 30 dias (01 mês) de intervalo entre as doses. MARC 2 Thalita Albuquerque MARC 2 Thalita Albuquerque