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MARC 02 Raiza Fraga Puericultura Objetivos: Compreender o que é a puericultura: aleitamento materno e introdução alimentar Entender o calendário vacinal da criança Avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor Reconhecer o desenvolvimento normal e as alterações fora da curva A puericultura consiste na consulta médica periódica de uma criança onde devem estar presentes: orientações educativas, ações de promoção da saúde, ações relacionadas à prevenção de doenças e observação dos riscos e vulnerabilidades sob a qual está submetida a respectiva criança. Puericultura é a consulta periódica de uma criança feita com o propósito de avaliar seu crescimento e desenvolvimento de maneira próxima. FREQUÊNCIA DAS CONSULTAS A puericultura deve planejar suas ações com base nas características específicas da criança tomando como base cada faixa etária e as demandas envolvidas no processo de crescimento e desenvolvimento correspondente. Nos primeiros 2 anos de vida as consultas são mais frequentes devido ao processo de crescimento e desenvolvimento ser mais intenso 1º ano de vida é recomendado um mínimo de 7 consultas de rotina: na 1º semana, no 1º/2º/4º/6º/9º e 12º mês; 2º ano de vida, deve se ter um mínimo de 2 consultas de rotina: no 18º e 24º mês. Além da oportunidade de avaliar o desenvolvimento da criança, tal organização da frequência de consultas adotada pelo Ministério da Saúde toma como base o calendário de vacinação, permitindo a verificação do cartão vacinal em meses oportunos: ao nascimento, com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 12 e 15 meses. A partir dos 2 anos de idades as consultas podem se tornar anuais. Outras consultas podem ser feitas conforme necessidades devido a problemas de saúde. ANAMNESE A anamnese deve ser completa, com todos os itens de uma anamnese comum, mas devendo também abordar: Antecedentes pessoais da criança com informações desde a sua concepção, com ênfase nos antecedentes patológicos e alimentares, questionando acerca da gestação, nascimento e período neonatal. Desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) onde é preciso colher um relato da família sobre o aparecimento de habilidades motoras, aquisição de linguagem gestual e falada, controle esfincteriano e desenvolvimento socioafetivo da criança com membros da família e amigos. Puericultura MARC 02 Raiza Fraga Antecedentes vacinais devendo além de registrar as vacinas tomadas e períodos em que foram realizadas, registrar eventos adversos (locais ou sistêmicos) caso tenham ocorrido. História de formação da família, relacionamento dos pais e aceitação da criança neste processo. Habitação é um ponto importante para a compreensão do profissional acerca das condições de vida e saúde da criança e sua família, de modo a conseguir compreender se existem fatores de risco para doenças respiratórias, infecto-parasitárias e dermatológicas. Hábitos atuais da criança também devem ser questionados à família, abarcando seus respectivos hábitos: alimentares, intestinais, urinários, sono, higiene corporal e bucal, lazer e atividade física. Neste ponto, é relevante também questionar, quanto tempo a criança fica exposta a telas de telefone, tablets, televisão, etc. EXAME FÍSICO No momento do exame físico, é preciso lançar mão de algumas outras estratégias de interação (além das citadas acima) como forma de estabelecer uma relação de confiança com a criança. Logo, ter paciência e calma neste momento é fundamental, pois é importante que seja realizado um exame físico completo durante as consultas da Puericultura. Deve-se explicar para a criança (e para os pais) o que será feito no momento do exame físico independentemente da idade que esta tenha. Além disso, é importante que durante toda a consulta algum dos responsáveis esteja no consultório podendo solicitar a ajuda destes durante as etapas do exame físico. Na Puericultura nem sempre será possível realizar o exame físico na sequência crânio-caudal com costuma-se realizar nas outras áreas da MARC 02 Raiza Fraga Medicina, assim, é possível iniciar parte do exame físico com a criança ainda no colo de um dos seus familiares. Sobretudo na fase entre os 7 meses e 2 anos de idades as crianças estranham mais a realização do exame físico. Além disso, uma boa estratégia é deixar o exame da orofaringe e a otoscopia para serem realizados ao final, pois estes costumam causar maior desconforto na criança e se feitos logo no início podem dificultar a avaliação dos outros órgãos e sistemas. Segundo o Ministério da Saúde, as consultas seguintes à primeira não devem obrigatoriamente contar com todos os elementos de um exame físico completo, no entanto, até os 10 anos de idade recomenda que procedimentos específicos não deixem de ser realizados: Dados antropométricos, Rastreamento para displasia evolutiva do quadril Ausculta cardíaca Avaliação da visão e audição Aferição da pressão arterial Rastreamento para criptroquirdia (palpação dos testículos) Exame físico: estado geral, ganho de peso, comprimento e perímetro cefálico, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura, pressão arterial (se necessário e a partir de 3 anos de idade de rotina, anualmente); exame da cabeça, palpação das fontanelas e suturas, olhos, implantação das orelhas, otoscopia, exame da orofaringe, pescoço, tórax, abdome, genitália, membros, gânglios, pulsos e perfusão periférica; desenvolvimento neuropsicomotor e realizar as manobras de Ortolani* e Barlow** nos primeiros 3 meses de vida (avaliar displasia do desenvolvimento do quadril).Depois dos 3 meses, a limitação da abdução dos quadris, assimetria de pregas na pele (nádegas ou região inguinal) e o encurtamento de um dos membros inferiores, indicam a possibilidade de luxação displásica do quadril Orientar: A condição de saúde da criança, esclarecendo o diagnóstico à mãe ou responsável, em linguagem de fácil compreensão. A importância do aleitamento materno exclusivo, imunização, cuidados com a higiene, sono e desenvolvimento normal da criança. Sinais de alerta e se presentes procurar a Unidade de Saúde. Importância do acompanhamento de puericultura no 1º ano de vida da criança. Imunização com a vacina BCG. Medidas preventivas e terapêuticas, quando necessário: Referências e/ou especialidades, quando necessário. Retorno semanal para controle de peso, quando necessário. Estimulação adequada, quando necessária. Cuidados na prevenção de acidentes. Importância da construção do vínculo afetivo mãe/cuidador(a) com a criança. Dados antropométricos: – Esse acompanhamento sistemático permite o monitoramento das condições de saúde e nutrição da criança assistida. – Nesta etapa do exame físico deve-se realizar as medidas de: peso, comprimento/altura, índice de massa corpórea (IMC), perímetro cefálico, perímetro torácico (até os 3 anos de idade) e circunferência abdominal. O perímetro torácico não precisa ser medido em atenção básica. – As informações do peso, altura, IMC e perímetro cefálico devem ser transpostas para as curvas disponíveis na Caderneta de Saúde da Criança e as informações devem ser compartilhadas com os pais. MARC 02Raiza Fraga – Os parâmetros disponíveis na caderneta para avaliação do crescimento utilizam os seguintes gráficos: perímetro cefálico (até os 2 anos), peso x idade (0 até 10 anos), comprimento/altura x idade (0 até 10 anos) e IMC x idade (0 até 10 anos). OBS: Crianças nascidas antes do termo, ou seja, com idade gestacional (IG) < 37 semanas, devem ter um acompanhamento diferenciado e, em se tratando do DNPM e das curvas de crescimento, recomenda-se que seja realizada a correção da idade cronológica em função do grau de prematuridade para que tais crianças não tenham seu crescimento e desenvolvimento subestimados durante a avaliação. Considerando que o ideal seria nascer com 40 semanas, um prematuro que nasce com 36 semanas e tem idade cronológica de 2 meses de vida (ou seja, 8 semanas) deve ter sua idade corrigida “descontando” da sua idade cronológica as semanas que faltavam para alcançar o termo e, o que “resta” de semanas é sua idade cronológica corrigida. Na Caderneta de Saúde da Criança devem ser anotadas as medidas na idade corrigida correspondente: 40 semanas-36 semanas= 4 semanas 8 semanas (2 meses de vida)-4 semanas= 4 semanas (ou 1mês de vida) Idade cronológica corrigida = 1 mês OBS.: O perímetro cefálico deve ser corrigido até 1 ano e meio e os outros dados antropométricos, assim como o DNPM devem ser corrigidos até os 2 anos de idade. O perímetro cefálico (PC) deve ser medido em todas as consultas até os 2 anos de vida. Na Caderneta do Ministério da Saúde é possível correlacionar tal medida com a idade, de modo que, se escore z < -2 fala-se que o PC está abaixo do esperado e se > +2 está acima do esperado para idade. Ausculta cardíaca Assim como em todo atendimento médico, a ausculta da frequência cardíaca (FC) deve ser realizada na Puericultura. Logo, é importante saber as faixas de FC, bem como a FC média em cada etapa da infância, podendo em caso de discrepâncias pensar em possibilidades diagnósticas. MARC 02 Raiza Fraga A ciência define o desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) como um processo de mudanças no comportamento motor de um indivíduo de acordo com a idade. Em outras palavras, é a capacidade que o indivíduo possui após o amadurecimento do sistema nervoso e cerebral para desenvolver tanto sinapses mentais quanto habilidades motoras. Esse processo de mudança é muito importante para o ser humano, afinal, quando o bebê nasce, seu sistema nervoso central ainda não está completamente desenvolvido. Como consequência disso, ele é totalmente dependente das pessoas que fazem parte de seu convívio. Contudo, é a partir da sua estimulação, tanto sensorial quanto motora, que o seu desenvolvimento ocorrerá e se manterá em constante evolução, auxiliando também no seu processo de aprendizagem Possui quatro estágios de desenvolvimento cognitivo: Estágio sensório-motor, que vai do nascimento aos 2 anos de idade; Estágio pré-operacional, que se estende dos 2 anos até os 6 ou 7; Estágio operatório-concreto, dos 6 ou 7 anos até os 11 ou 12; e Estágio lógico-formal, dos 12 anos em diante. Do ponto de vista biológico, o sucesso do desenvolvimento depende da integridade dos vários órgãos e sistemas, principalmente o nervoso. Este cresce e amadurece sobretudo nos primeiros anos de vida, portanto, nesse período, é mais vulnerável aos agravos e às adversidades das condições ambientais, mas também, por sua grande plasticidade, é nessa época que a criança melhor responde aos estímulos que recebe e às intervenções. O estudo do desenvolvimento compreende alguns domínios de função interligados que se influenciam entre si, são eles: sensorial, motor (dividido em habilidades grosseiras e finas), da linguagem, social, adaptativo, emocional e cognitivo. AVALIAÇÃO A avaliação deve ser um processo contínuo de acompanhamento das atividades relativas ao potencial de cada criança, com vistas à detecção precoce de desvios ou atrasos. Essa verificação pode ser realizada de forma sistematizada por meio de testes. A Caderneta de Saúde da Criança fornecida pelo Ministério da Saúde dispõe do instrumento de vigilância para o acompanhamento dos marcos do desenvolvimento de zero a 3 anos de vida. A forma de posicionar as mãos na boca, o primeiro sorriso, a primeira resposta ao estímulo visual de luzes e cores, as primeiras palavras, o engatinhar e até mesmo o andar; todos esses momentos fazem parte do desenvolvimento neuropsicomotor infantil. Por isso, desde o nascimento até os 6 ou 7 anos, a criança desenvolve habilidades que precisam ser avaliadas com atenção, pois, se houver alguma inconsistência nesse sentido, o acompanhamento profissional específico precisa ser acionado É fundamental o conhecimento do contexto familiar e social, dos fatores de risco para distúrbios do desenvolvimento, da opinião da mãe em relação ao desenvolvimento do filho e observar durante todo o atendimento o comportamento da família e da criança (quem traz, como é carregada, sua postura, seu interesse pelo ambiente e interação com as pessoas e o vínculo com a mãe). Na primeira etapa de vida, a avaliação deve ser feita mês a mês, seguindo as instruções de como pesquisar o marco do desenvolvimento por faixa etária. Caso aconteça falha em alcançar algum marco, deve-se antecipar a consulta seguinte, e iniciar uma investigação quanto ao ambiente em que a criança vive e a sua relação com os familiares. O objetivo inicial é orientar a família a estimular a criança, com foco em atividades que a ajudem a superar as dificuldades observadas. Desenvolvimento neuropsicomotor MARC 02 Raiza Fraga Desenvolvimento Social Olhar o examinador e segui-lo (180º)= 2 meses Sorriso social = 3 meses Leva mão a objetos = 4 meses Apreensão a estranhos = 10 meses Dá tchau, bate palma = 15 meses Imita atividades diárias = 18 meses Desenvolvimento Motor Sustento cefálico = 4 meses Sentar com apoio = 6 meses Sentar sem apoio = 9 meses Pinça superior = 9 meses Em pé com apoio = 10 meses Andar sem apoio = 18 meses Desenvolvimento da Linguagem Lalação = 6 meses Primeiras palavras = 12 meses Palavra frase = 18 meses Junta duas palavras = 2 anos Frases gramaticais = 3 ano Um dos instrumentos utilizados para avaliar o desenvolvimento infantil, segundo o Ministério da Saúde (2002) refere-se ao preenchimento de uma ficha intitulada “Ficha de Acompanhamento do Desenvolvimento”, na qual consta de marcos de desenvolvimento para cada idade, sendo preenchida por profissional treinado. Esta ficha contempla quatro indicadores para cada faixa etária; indicadores de desenvolvimento maturativo, psicomotor, social e psíquico. Em qualquer tipo de acompanhamento do desenvolvimento infantil é importante perceber fatos que juntos possam representar uma condição de desenvolvimento anormal ou deficitário O desenvolvimento DNPM tem uma sequência Crânio → caudal; Próximo → distal; Aquisições mais simples → mais complexas Assim, a primeira musculatura a ser controlada é a ocular. Depois, há o controle progressivo da musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco. Já o desenvolvimento motor fino se dá no sentido proximodistal. Os marcos do desenvolvimento são orientações para os pais e médicos para conseguir detectar desvios e atrasos no desenvolvimento e atuar precocemente.Esses marcos podem variar de acordo com o estímulo que a criança recebe. MARC 02 Raiza Fraga FATORES DE RISCO DE ALTERAÇÕES FÍSICAS Ausência ou pré-natal incompleto; Problemas na gestação, parto ou nascimento; Prematuridade (idade gestacional < 37 semanas); Peso abaixo de 2.500g; Icterícia grave; Hospitalização no período neonatal; Doenças graves, como meningite, traumatismo craniano e convulsões; Parentesco entre os pais; Casos de deficiência ou doença mental na família; Fatores de risco ambientais, como violência doméstica, depressão materna, drogas ou alcoolismo entre os moradores da casa, suspeita de abuso sexual etc. As alterações físicas são: Perímetro cefálico: o Recém-nascidos (RN) meninas com 37 semanas ou mais PC < 31,5 cm o RN pré-termo PC < -2 desvios-padrão Presença de alterações fenotípicas: Fenda palpebral oblíqua, olhos afastados, Implantação baixa de orelhas, Lábio leporino, Fenda palatina, Pescoço curto e/ou largo, Prega palmar única, 5o dedo da mão curto e recurvado. DNPM: requer uma avaliação contínua para se observar os atrasos e intervir precocemente. Recém-nascido: Possui tônus flexor dos membros (decorticação) Hipotonia de musculatura paravertebral Movimentos reflexos (autonômicos) Reflexo primitivos (reflexo da marcha, reflexo tônico cervical assimétrico, reflexo de sucção, reflexo da busca, reflexo de moro, reflexo de preensão palmar e plantar). A maioria some até os 6 meses. Diz-se que uma criança está em AM quando ela recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. O padrão deAM pode ser assim classificado: • AM exclusivo (AME): quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos; • AM predominante: quando a criança recebe, além do leitematerno, água ou bebidas a base de água ( água adocicada, chás, infusões) e sucos de frutas; • AM complementado: quando a criança recebe, além do leitematerno, alimentos complementares, definidos como qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementar o leite materno. O termo “suplemento” tem sido utilizado para água, chás e/ou leite de outras espécies; • AM misto ou parcial: quando a criança recebe, além do leite materno, outros tipos de leite. A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde do Brasil (MS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam AM por 2 anos ou mais, sendo de forma exclusiva nos primeiros 6 meses. É comum um bebê em AME sob livre demanda mamar de 8 a 12 vezes ao dia. Devido aos diversos fatores existentes no leite materno este tem o impacto que mais nenhuma outra estratégia possui na redução da mortalidade infantil em crianças menores de 5 anos, podendo evitar até 13% das mortes de causas evitáveis nessa faixa etária em todo o mundo. Além disso, estudos demonstram que a amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção contra mortes neonatais. Melhor nutrição: O leite humano possui todos os nutrientes essenciais para o completo desenvolvimento e crescimento da criança, sendo melhor digerido pela mesma, sendo capaz de suprir sozinho todas as necessidades nutricionais nos primeiros 6 meses e importante fonte de proteínas, gorduras e vitaminas nos meses seguintes até o 2º ano de vida. Aleitamento materno MARC 02 Raiza Fraga Menor custo financeiro: Para uma família com pouca renda, não amamentar e comprar fórmulas infantis pode representar grande parte da renda dessa família. Efeito positivo no desenvolvimento cognitivo: O aleitamento materno contribui para o melhor desenvolvimento cognitivo. Evita diarreia: Fortes evidências mostram que o leite materno protege contra diarreia, tal proteção diminui quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo, assim como diminui com o avançar da idade da criança. Inclusive, crianças não amamentadas apresentam um risco 3 vezes maior de desidratarem e virem a óbito em decorrência da diarreia quando comparadas com crianças amamentadas. Evita infecção respiratória: A proteção contra infecções respiratórias se mantém constante nos primeiros 2 anos de vida, sendo maior quando a amamentação é exclusiva até os 6 meses, assim como diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória, sobretudo, pneumonia, bronquiolite e otites. Diminui o risco de alergias: A amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, dermatite atópica, asma e outras alergias. A exposição a doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca, por isso a importância de evitar o uso de fórmulas infantis. Diminui risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes: indivíduos amamentados apresentam pressão sistólica e diastólica mais baixas, menores níveis de colesterol total e menor risco (37% menos) de desenvolver diabetes tipo 2 (DM2). Esse último benefício estende-se também à mãe, pois foi descrita uma redução de 15% na incidência de DM2 para cada ano de lactação devido a melhor homeostase da glicose em mulheres que amamentam. Proteção contra câncer de mama: A relação entre aleitamento materno e redução da prevalência de câncer de mama está bem estabelecida na literatura, estimando-se que a chance de desenvolver a doença caia 4,3% a cada 12 meses de duração da amamentação. Tal proteção independe de idade, etnia e presença ou não de menopausa. Evita nova gestação: Nos primeiros 6 meses após o parto a amamentação é um método anticoncepcional com 98% de eficácia, desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e esteja em amenorreia. A amamentação deve ser iniciada logo após o parto, pois o quanto antes ocorra a sucção há uma redução do risco de hemorragia materna e de icterícia no recém-nascido. Vale ressaltar que, mesmo que a sucção espontânea do RN não ocorra imediatamente o contato pele-pele por si só traz benefícios. Uma pega inadequada dificulta o esvaziamento da mama, o que tem repercussões para a nutrição da criança, bem como a redução da produção do leite e até mesmo fissuras e dor na mama. Para uma pega adequada é preciso que mãe e bebê estejam em posição confortável que não comprometa a capacidade da criança: abocanhar 2 cm de tecido mamário além do mamilo, respirar livremente, retirar o leite efetivamente e deglutir; os lábios devem ficar um pouco voltados para fora; mãe deve conseguir segurar com firmeza o bebê que está completamente voltado para si, podendo segurar também a mama em formato de C com o dedo polegar na parte superior e os outros dedos na parte inferior. MARC 02 Raiza Fraga Contraindicação da amamentação: As contraindicações absolutas são: mães infectadas pelo HIV, HTLV 1 e 2, uso de medicamentos incompatíveis com amamentação como radiofármacos e antineoplásicos e criança com galactosemia (que não pode ingerir qualquer leite com lactose, inclusive o humano). A suspensão temporária da amamentação deve ser recomendada nas seguintes situações: Infecção herpética: quando vesículasituada na mama, a amamentação deve ser mantida na mama sadia. Varicela: caso haja presença de vesículas 5 dias antes ou 2 dias depois do parto a mãe deve ficar em isolamento até que as lesões transformem-se em crostas. Além disso, até 96h após o nascimento a criança deve receber imunoglobulina antivaricela. Doença de Chagas: na fase aguda ou se sangramento mamilar ativo. Consumo de drogas de abuso: a OMS não contraindica amamentação para mulheres em uso de anfetaminas, ecstasy, cocaína, maconha e opioides, mas recomenda que as mães que façam uso temporário de tais drogas suspendam temporariamente a amamentação após o uso. Alguns autores recomendam períodos de interrupção da amamentação após o uso: Não são condições que impedem a continuidade do aleitamento: Tuberculose: Mães não tratadas ou bacilíferas devem amamentar com o uso de máscaras e restringir o contato próximo à criança devido à transmissão potencial por gotículas respiratórias. Logo, o bebê deve tomar isoniazida 10 mg/kg/dia durante 3 meses e após esse período realizar teste tuberculínico (PPD). Caso o PPD seja positivo, deve-se proceder com investigação de tuberculose pulmonar, uma vez que a criança tenha contraído a doença a terapêutica deve ser reavaliada. Caso não tenha contraído a doença, a isoniazida deve ser mantida por mais 3 meses. Caso o PPD não seja positivo, pode-se suspender a medicação e a criança deve ser vacinada com BCG. Hanseníase: Como a primeira dose da rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, a amamentação deve ser mantida e o tratamento da mãe deve ser iniciado. Hepatites: a vacina e imunoglobulina para o tipo B elimina o risco de transmissão; no caso do tipo C deve-se evitar fissuras na mama para evitar contato da criança com sangue materno. Dengue: O leite materno possui um fato antidengue que protege a criança. Cigarro e álcool : deve-se desestimular o consumo de ambos, mas o uso destes não contraindica a amamentação. Quanto ao cigarro, os benefícios do leite materno superam os riscos do cigarro, mas é importante recomendar que a mãe evite fumar no mesmo espaço em que a criança costuma ficar. No caso do álcool, doses ≥ 0,3g/kg podem reduzir a produção do leite, bem como o sabor e odor do mesmo podem ser modificados por conta do álcool, o que pode acarretar na recusa pelo lactente. Desmame: o ideal seria que ele ocorresse naturalmente (desmame natural), na medida em que a criança, sob a liderança da mãe, vai adquirindo competência para isso. O desmame abrupto deve ser desencorajado, pois, se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e, muitas vezes, rebeldia. MARC 02 Raiza Fraga No desmame natural, a criança autodesmama-se gradualmente,o que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre 2 e 4 anos, e, raramente, antes de 1 ano. Deve-se estar atento para não confundir autodesmame natural com a chamada “greve de amamentação” do bebê, queocorre principalmente em crianças menores de 1 ano. De início súbito e inesperado, a criança parece insatisfeita e, em geral, possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. Essa condição usualmente não dura mais que 2 a 4 dias. INTRODUÇÃO ALIMENTAR A partir dos 6 meses, o organismo da criança já está preparado para receber alimentos diferentes do leite materno, que são chamados de alimentos complementares. A alimentação complementar, como o nome diz, é para complementar o leite materno e não para substituí-lo. A introdução dos alimentos complementares deve ser lenta e gradual. O bebê tende a rejeitar as primeiras ofertas do(s) alimento(s), pois tudo é novo: a colher, a consistência e o sabor. No início, a quantidade de alimentos que a criança ingere é pequena e a mãe pode oferecer o peito após a refeição com os alimentos complementares. Quando introduzir a alimentação complementar, é importante que a criança receba água nos intervalos das refeições. Mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve continuar a mamar no peito até os 2 anos ou mais, pois o leite materno continua alimentando a criança e protegendo-a contra doenças. Os alimentos complementares são constituídos pela maioria dos alimentos básicos que compõem a alimentação das famílias. Complementa-se a oferta de leite materno com alimentos que são mais comuns à região e ao hábito alimentar da família. A introdução dos alimentos complementares deve ser feita com colher ou copo no caso da oferta de líquidos. Se a criança está mamando no peito, três refeições por dia com alimentos adequados são suficientes para garantir uma boa nutrição e crescimento, no primeiro ano de vida. No segundo ano de vida, devem ser acrescentados mais dois lanches, além das três refeições. Se a criança não está mamando no peito, deve receber cinco refeições por dia com alimentos complementares a partir do sexto mês. A partir do momento que a criança começa a receber qualquer outro alimento, a absorção do ferro do leite materno reduz significativamente: por esse motivo a introdução de carnes e vísceras (fígado, rim, coração, moela de frango, etc.), mesmo em pequena quantidade, é muito importante. A partir dos 8 meses, podem ser oferecidos os mesmos alimentos preparados para a família, desde que amassados, desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos. Sopas e comidas ralas/moles não fornecem energia suficiente para a criança. Deve-se evitar o uso da mamadeira, pois a mesma pode atrapalhar a amamentação e é a principal fonte de contaminação e transmissão de doenças. MARC 02 Raiza Fraga BCG – Tuberculose: Deve ser aplicada em dose única o mais precocemente possível. Não se recomenda mais a revacinação de crianças que não apresentem cicatriz no local da aplicação após 6 meses. Comunicantes domiciliares de hanseníase, independente da forma clínica, podem receber uma segunda dose da vacina BCG. Em recém-nascidos filhos de mãe que utilizaram imunossupressores na gestação, ou com história familiar de imunossupressão, a vacinação poderá ser adiada ou contraindicada. Hepatite B: O esquema básico de vacinação contra a hepatite B é feito com 3 doses. A primeira dose deve ser administrada nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido. A segunda e a terceira doses devem ser aplicadas, respectivamente, 30 e 180 dias após a primeira. Em prematuros ou em recém-nascidos à termo de baixo peso (menor de 2 Kg), utilizar esquema de quatro doses (0, 1, 2 e 6 meses de vida). Nos recém-nascidos de mães portadoras da hepatite B administrar a vacina e a imunoglobulina humana contra hepatite B nas primeiras 12 horas ou no máximo até sete dias após o nascimento, em locais anatômicos diferentes. A amamentação não traz riscos adicionais ao recém- nascido que tenha recebido a primeira dose da vacina e a HBIG. DTP: A vacina tetravalente (DTP+Hib) protege contra Difteria, Tétano, Pertussis (coqueluche) e infecções graves pelo Haemophilus influenzae tipo b (inclusive meningite). Os reforços, o primeiro aos 15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos (idade máxima), são feitos com a DTP. O esquema é de 5 doses, aos 2, 4 e 6 meses com reforço aos 15 meses. Um segundo reforço deve ser aplicado entre quatro e seis anos de idade e na adolescência, uma dose entre14-15 anos. Hib: A vacina penta do PNI é uma vacina combinada contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenza tipo B (conjugada). A vacina é recomendada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade. VIP/VOP (poliomelite): as três primeiras doses, aos 2, 4 e 6 meses, devem ser feitas obrigatoriamente com a vacina pólio inativada (VIP). A recomendação para as doses subsequentes é que sejam feitas preferencialmente também com a vacina inativada (VIP). Pneumocócica conjugada: está indicada para todas as crianças até 5 anos de idade. O PNI utiliza a vacina pneumocócica conjugada 10-valente no esquema de duas doses, administradas aos 2 e 4 meses, seguidas de um reforço aos 12 meses, podendo ser aplicada até os 4 anos e 11 meses de idade. Meningocócica conjugada (meningo C): recomenda-se o uso rotineiro das vacinas meningocócicas conjugadas para lactentes maiores de 2 meses de idade, crianças e adolescentes. Calendario vacinal MARC 02 Raiza Fraga Meningocócica B recombinante: recomenda-se o uso da vacina meningocócica B recombinante para lactentes a partir de 2 meses de idade, crianças e adolescentes. Rotavírus: Existem duas vacinas licenciadas, a monovalente e pentavalente. A vacina monovalente incluída no PNI, indicada em duas doses, seguindo os limites de faixa etária: primeira dose aos 2 meses (limites de 1 mês e 15 dias até, no máximo, 3 meses e 15 dias) e a segunda dose aos 4 meses (limites de 3 meses e 15 dias até no máximo 7 meses e 29 dias). Hepatite A: A vacina deve ser administrada em duas doses, a partir dos 12 meses de idade. O PNI oferece a vacina em dose única aos 15 meses de idade. Influenza: Está indicada para todas as crianças e adolescentes a partir dos 6 meses de idade. Existem disponíveis duas vacinas influenza: tri e quadrivalente, sendo que a segunda contempla uma segunda variante da cepa B. Contraindicações: Reações anafiláticas aos componentes da vacina, Reações anafiláticas a proteínas do ovo. SARAMPO, CAXUMBA E RUBÉOLA/SCR E SCRV – VARICELA: É composta pela combinação de vírus vivos e atenuados de sarampo caxumba, rubéola e varicela. Aos 12 meses de idade: devem ser feitas, na mesma visita, as primeiras doses das vacinas tríplice viral (SCR) e varicela (V), em administrações separadas, ou a vacina tetraviral (SCRV). Aos 15 meses de idade deverá ser feita uma segunda dose, preferencialmente com a vacina SCRV, com intervalo mínimo de três meses da última dose de varicela e SCR ou SCRV. Febre amarela: está indicada para residentes ou viajantes para as áreas com recomendação da vacina (pelo menos 10 dias antes da data da viagem). Crianças acima de 9 meses. Nas áreas com recomendação de vacina, face à situação epidemiológica atual, de acordo com o PNI, recomenda-se apenas uma dose da vacina na vida, sem necessidade de reforços. No entanto, a ocorrência de falhas vacinais primárias, especialmente em crianças com idade inferior a dois anos, faz com que a aplicação de uma segunda dose seja desejável, em geral a partir dos 4 anos de idade. Lactantes de bebês menores de 6 meses de idade, quando vacinadas, devem ser orientadas para a suspensão do aleitamento materno por 10 dias após a vacinação. Aguardar idealmente 30 dias para aplicar a vacina de febre amarela após a aplicação da tríplice viral, devido à possível interferência na resposta imune. MARC 02 Raiza Fraga MARC 02 Raiza Fraga MARC 02 Raiza Fraga DNPM: requer uma avaliação contínua para se observar os atrasos e intervir precocemente. Recém-nascido: Possui tônus flexor dos membros (decorticação) Hipotonia de musculatura paravertebral Movimentos reflexos (autonômicos) Reflexo primitivos (reflexo da marcha, reflexo de colocação das pernas, reflexo tônico cervical assimétrico, reflexo de sucção, reflexo da busca, reflexo de moro, reflexo de preensão palmar e plantar). A maioria some até os 6 meses O desenvolvimento DNPM tem uma sequência Crânio → caudal; Próximo → distal; Aquisições mais simples → mais complexas Os marcos do desenvolvimento são orientações para os pais e médicos para conseguir detectar desvios e atrasos no desenvolvimento e atuar precocemente. Esses marcos podem variar de acordo com o estímulo que a criança recebe. 2 meses: segue objeto, sorri no contato social, presta atenção nas vozes, já consegue levantar a cabeça de bruços, faz barulhos (arrulhar). 4 meses: sorri espontaneamente, ri alto, começa a balbuciar, rola de barriga para cima e sustenta a cabeça de bruços, já pega objetos com a mão e leva a boca. 6 meses: senta sem apoio ou com, traz objetos a boca, transfere objeto de uma mão para outra, faz preensão palmar, balbucia palavras com sílabas “bababa, lalala”. 9 meses: bate palma, começa a falar mamãe, se coloca sentada, fica em pé, faz a pinça de preensão com polegar, tem medo de estranhos. 1 ano: caminha, entrega objetos a outra pessoa, já brinca com brinquedos, possui relativa independência. 18 meses: sobe escadas, já consegue comer sozinha, coloca o sapato, já corre firmemente, constrói torre de cubos, formam frases, criam brincadeiras. 2 anos: corre sozinho, aumenta as habilidades de 18 meses, já entende historinhas, pede água, já ajuda se despir. CALENDÁRIO VACINAL A imunidade adquirida pode ser de forma ativa e passiva, e é sempre específica contra um agente etiológico. Ativa: natural (exposição ao agente) artificial (vacinação) Passiva: natural (aleitamento materno e passagem placentária) Imunoglobulinas BCG: intradérmica – previne contra as formas graves da tuberculose Rotavírus: oral (gotinha) Poliomelite VOP : oral (gotinha) Varicela : subcutânea Febre amarela: subcutânea SCR : subcutânea Poliomelite VIP : intramuscular Hepatite B: Pneumo10 valente: Meningo C: BCG:
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