Buscar

Aula 2- Noções de direito que impactam na atuação profissional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
A interdisciplinaridade entre o Direito e a Psicologia que impacta o exercício profissional do
psicólogo.
PROPÓSITO
O conhecimento do Direito, para atuação profissional dentro dos parâmetros estabelecidos na
Constituição, na Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) e nas leis esparsas
vinculadas à prática do psicólogo, permite que o psicólogo realize suas atividades de maneira
assertiva e ética.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os preceitos que compõem Carta Constitucional de 1988 e a legislação brasileira,
no que tange aos direitos humanos
MÓDULO 2
Relacionar os preceitos jurídicos ao Código de Ética do Psicólogo
MÓDULO 3
Analisar aspectos do Código de Ética do Psicólogo relacionados à responsabilidade social e ao
respeito à diversidade, à inclusão e à multicultura
INTRODUÇÃO
Este conteúdo convida a conhecer e contextualizar os tópicos fundamentais para a
compreensão dos fenômenos jurídicos, o ordenamento jurídico brasileiro, a estrutura basilar
dos três poderes, os movimentos sociais que culminaram na proclamação da Constituição
Federal de 1988, denominada "Constituição Cidadã", os preceitos celebrados nos diferentes
Tratados Internacionais, com ênfase nos princípios universais estabelecidos na Declaração dos
Direitos Humanos.
Adiante, abordaremos as leis esparsas que impactam na atuação do psicólogo. Aspectos da
legislação servirão como base para a compreensão de sua conduta profissional, pois, a partir
dela, poderá refletir sobre o Código de Ética Profissional, lapidando o olhar aguçado sobre o
fazer nos diferentes campos de atuação da Psicologia. Assim, partiremos dos Tratados
Internacionais de Direitos Humanos a fim de dar embasamento para o diálogo com o indivíduo
social, preservando o bem-estar integral e o valor maior constitucional da dignidade da pessoa
humana.
E, por último, convidaremos você a refletir sobre a relação entre os aspectos legais estudados,
vinculados à profissão do psicólogo, observando as diversas necessidades e diferenças
culturais, sociais e econômicas, a fim de contribuir para dinâmica social valorizando o respeito
à diversidade, à inclusão e à multicultura.
MÓDULO 1
 Reconhecer os preceitos que compõem Carta Constitucional de 1988 e a legislação
brasileira, no que tange aos direitos humanos
ESPECIFICIDADES NO ÂMBITO NACIONAL
E INTERNACIONAL
Vamos estudar as premissas do Direito, os tratados internacionais que abordam os Direitos
Humanos e seus impactos no ordenamento jurídico brasileiro, sobretudo na Constituição
Federal de 1988. Para tanto, é necessário ter clareza dos três poderes e da ciência normativa
do Direito. Para este fim, começaremos com um breve resgate dos aspectos inerentes ao
sistema jurídico, seu objeto de estudo, a inter-relação com a Psicologia e Sociologia. Em
seguida, abordaremos os aspectos nacionais e internacionais que precisam ser garantidos pelo
Estado e particulares para a promoção dos valores fundamentais, estabelecidos na
Constituição Federal e nos Tratados Internacionais que versam sobre Direitos Humanos.
QUAL É A INTERLOCUÇÃO EXISTENTE ENTRE
A PSICOLOGIA E O DIREITO?
No âmbito da Psicologia, entendemos que o ser humano social, para atingir a realização dos
seus objetivos de vida, necessariamente precisará atender às exigências de elementos
naturais e culturais, ou seja, render-se às leis da natureza e estabelecer o seu mundo
sociocultural (sociedade e Estado de Direito).
A Psicologia e o Direto são ciências conectadas por diversos elementos. O estudo do homem
(Psicologia), da sociedade (Sociologia), da ordem e do bem comum (Direito) prevê uma
construção conjunta, contemplando estudiosos destas três áreas afins: Psicologia, Sociologia
e Direito.
Aprofundando tal interdisciplinaridade, o homem, em sua interação social, estabelece formas
de cooperação (mesmo objetivo, interação positiva), competição (objetivos paralelos,
interação pode ser positiva) e conflito (litígio, não há diálogo, há luta, moral ou física, fazendo-
se necessária a intervenção, a mediação judicial). Nesse tripé, o Direito contribui como
instrumento de garantia e proteção da dinâmica social.
Os conflitos permeiam a vida em sociedade. Relações de cooperação, de amor e de amizade
são tão comuns quanto a intolerância, as desavenças, a discórdia. Os valores sociais, os
conceitos de moral, separam naturalmente o “certo e o errado” de uma determinada sociedade,
ou seja, atitudes lícitas e ilícitas. O Direito traz conceitualmente a missão de tornar possíveis os
nexos de cooperação, disciplinar a competição e estabelecer parâmetros que visem ao bem
comum, à harmonia e à justiça nos litígios.
CONCEITUAÇÃO DO DIREITO
Nader (2003) define o Direito como um conjunto de normas de conduta social, imposto
coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, segundo os critérios de justiça.
Vejamos com atenção cada um dos componentes dessa definição.
CONJUNTO DE NORMAS DE CONDUTA SOCIAL
Elementos importantes: normas (ordenamento jurídico, regulamentação do certo e errado, do
lícito e ilícito para uma determinada sociedade) e conduta social (o agir do indivíduo em suas
interações sociais). Ou seja, com base em seu conjunto de normas, o Estado exige uma
conduta social e um modelo de organização social, esclarecendo ao agente o como e quando
agir para que seja possível a convivência entre os homens inseridos em uma mesma
sociedade.
IMPOSTO COERCITIVAMENTE PELO ESTADO
O homem deve agir conforme os preceitos legais, mas esta ação nem sempre ocorre. Logo
entra o Estado regulando a vida em sociedade por meio da sua divisão de poderes: Executivo,
Legislativo e Judiciário. Os costumes e as decisões recorrentes dos tribunais (jurisprudência)
são fontes do Direito.
PARA A REALIZAÇÃO DA SEGURANÇA
A justiça é o resultado que se espera alcançar, o objetivo maior do Direito e, para se conquistar
a devida justiça, é preciso ter como valor a segurança jurídica em todas as suas esferas. É
imprescindível que as normas sejam dotadas de clareza. Devem ser inteligíveis e ao alcance
do homem social. A população em geral deve ter acesso ao conhecimento da ordem jurídica,
que deve estar acessível, principalmente no que tange aos seus direitos mais básicos.
SEGUNDO OS CRITÉRIOS DE JUSTIÇA
O segredo para o alcance da justiça está nas normas jurídicas. Para o Direito, a noção de
justiça passa pelo mínimo ético necessário ao bem comum, ao bem-estar da coletividade. O
exercício da justiça inclui o bem nas relações interpessoais e as garantias constitucionais
previstas no Artigo 3º da CRFB/88 que aborda o respeito à liberdade, à vida e à igualdade de
oportunidade. No Direito, numa definição padronizada do termo justiça, Ulpiano, jurisconsulto
romano, definiu que dar a cada um o seu direito é a permanente e constante vontade da
justiça.
CONTRIBUIÇÕES DO DIREITO E DO ESTADO DE
DIREITO PARA O ESTUDO DO HOMEM SOCIAL
O ordenamento jurídico brasileiro preconiza a adaptação comportamental de um grupo
social aos padrões de convivência da sociedade em que está inserido. Com isso, surge o
Direito, que pressupõe a regulação da vida em sociedade, estabelecendo os alicerces das
principais necessidades humanas, tais como: estabilidade, ordem e equilíbrio, aproximando-se
assim dos preceitos de justiça e segurança. O homem que não tem convívio social vive,
consequentemente, fora do universo das leis. O homem solitário não possui direitos e deveres.
O Direito precisa necessariamente refletir a vontade social e, portanto, a ordem jurídica deve
fixar os valores positivados que a sociedade estima e experimenta. O Direito não pretende
transformar a natureza humana, mas sim o exercício dos valores fundamentais, do bem
comum, da coletividade. Logo, o Direito é um espaço de convivência e adaptação social,
emanando a necessidade constante de atualização, renovação.
O Estado de Direito (nação politicamente organizada) é uma invenção humana e precisa de
contextualização. Por ser sujeito às modificaçõesdo espaço e do tempo, sua direção deve ser
mutável, dinâmica, navegando conforme os ditames sociais.
 SAIBA MAIS
O Estado de Direito, por definição, é aquele em que a Ordem Jurídica Constitucional limita o
exercício do poder exercido. A Constituição Federal, no caso do Brasil, a Constituição da
República Federativa Brasileira (CRFB), dispõe sobre a atuação do Estado, suas funções,
garantias, limitações e direitos fundamentais do cidadão brasileiro, determinando que o Estado
pode agir apenas sob a égide do texto da lei, atuando em harmonia com as normas existentes.
O Estado impõe à coletividade os princípios fundamentais do Direito Natural, refletidos no
respeito à liberdade, à vida, à segurança, à igualdade e à propriedade. O estabelecimento de
tal ordem, paz, segurança, justiça e bem comum instrumentaliza e rege os princípios e
garantias fundamentais. Este processo regulador denomina-se Direito Positivo.
ENTENDA O DIREITO POSITIVO
O Estado deve intervir no comportamento social basilarmente em função dos princípios e
garantias fundamentais. E por existir uma variação infinita de fatos sociais, a lei não se propõe
a abranger todas as possibilidades, cabendo ao legislador tratar as questões mais relevantes e
ao judiciário interpretar e decidir caso a caso, utilizando como parâmetros as fontes do direito:
a legislação (principal), a doutrina, a jurisprudência, a analogia, os costumes e os princípios
gerais do direito (fontes secundárias).
O Direito Positivo é composto de: normas jurídicas, modelos de comportamento social, fixando
limites à liberdade do homem, mediante o regramento e a imposição de condutas, com vista à
segurança e à justiça.
Como vimos, o Estado exerce seu poder coercitivo, independentemente da vontade do
cidadão. Em virtude de sua função disciplinadora, o Direito Positivo, sustentado pela chancela
do Estado, estabelece o nexo de causalidade entre três aspectos: relações sociais (fato),
justiça: causa final (valor) e regras impostas pelo Estado (norma jurídica).
Em resumo, a natureza (Direito Natural) e o Estado (Direito Positivo) possuem leis. As leis
naturais são universais, imutáveis, invioláveis, mas as leis jurídicas possuem características
próprias:
1
O Direito Positivo expressa os costumes, a cultura, os valores de determinada sociedade. Sofre
variação no tempo e no espaço, não é universal.
O Direito é mutável e dinâmico por ser considerado um elemento de adaptação social. As
mudanças sociais trazem a necessidade de atualização e renovação dos dispositivos legais,
preservando apenas os princípios e garantias constitucionais.
2
3
O Direito é incapaz de bloquear a violação de uma de suas normas, mesmo com sua força
coercitiva. Os mecanismos sociais de segurança não conseguem impedir, por si só, a práticas
do ilícito.
As leis da natureza são de obra do Criador, são previsíveis. Os fenômenos naturais
(preocupação com o porquê da ocorrência) possuem correlação entre causa e efeito. O foco do
Direito está no fim a ser alcançado pelo fenômeno jurídico (preocupação com o para quê de
determinada lei).
4
A ORGANIZAÇÃO, AS ATRIBUIÇÕES E AS
FUNÇÕES DO ESTADO
Conforme estabelecido na CRFB de 1988, em seu Artigo 3º, a finalidade do Estado é: a
constituição de uma vida social justa, solidária e livre; o desenvolvimento nacional; a
erradicação da marginalização e da pobreza e a redução das desigualdades sociais e
regionais; a promoção do bem de todos, afastando as atitudes preconceituosas relacionadas a
sexo, raça, cor, origem, idade e demais formas de discriminação.
Logo, ao longo da execução de suas atribuições e respeitando os limites da lei, o Estado
estabelece três espaços de atuação completamente autônomos: Legislativo, Executivo
e Judiciário. A divisão e independência se faz necessária como forma de coibir o abuso de
poder e impossibilitar a ingerência arbitrária entre as três estruturas, visando um Estado de
direito funcional e equilibrado, perpassando pelo Estado Democrático de Direito.
COMO DEFINIR O ESTADO DEMOCRÁTICO DE
DIREITO?
Escrita durante o processo de redemocratização após o regime militar, a Constituição da
República Federativa do Brasil é entendida como a Carta Magna (expressão em latim que
significa “Grande Carta”). E é considerada a expressão fundamental da organização do Estado
Democrático de Direito.
Com o intuito de resgatar o contexto histórico, durante o regime militar, as eleições
presidenciais eram indiretas, sendo a escolha feita pelos parlamentares. Nos idos de 1980, as
garantias sociais e individuais não eram respeitadas e os direitos sociais eram restritos, quase
culminando no estado de exceção (quando o Estado de Direito fica suspenso). Em 1984,
tivemos o movimento conhecido como Diretas Já, em que a população exigia a eleição direta
(participação popular) do presidente no ano seguinte (1985). Foram realizadas eleições de
deputados, governadores e senadores em 1986, os quais participaram da Assembleia Nacional
Constituinte.
Como resultado de um debate amplo iniciado por Ulysses Guimarães, em fevereiro de 1987, foi
promulgada a Constituição Cidadã, entre mais de 500 congressistas, considerada a estrutura
matriz para sustentar a implantação do regime democrático no Brasil. A carta constitucional
assegurou os direitos sociais fundamentais, qualificou crimes não afiançáveis (ações armadas
contra o estado democrático e a ordem constitucional e a tortura), criou dispositivos legais para
impedir golpes de qualquer natureza. Os integrantes do parlamento não tinham um projeto-
base, por isso o processo foi longo, iniciando praticamente do zero, tornando o movimento
conhecido por força da vasta participação dos grupos populares, o que fez com que esta carta
constitucional fosse considerada na história brasileira, a mais democrática. A redação
constitucional foi aprovada por Ulysses Guimarães, passando a vigorar em 5 de outubro de
1988. Tal texto engloba 250 artigos e é a Constituição mais extensa da história do nosso país.
COMO A CONSTITUIÇÃO FEDERAL SE
POSICIONA NA HIERARQUIA DAS NORMAS
JURÍDICAS?
O princípio da hierarquia entre as normas legais no Direito é estabelecido pela teoria (pirâmide)
de Hans Kelsen (jurista e filósofo austríaco), tendo no topo da pirâmide a norma de maior
relevância, que é a Constituição Federal, logo após às Emendas Constitucionais e os Tratados
que abordam os Direitos Humanos. Como vimos anteriormente, os princípios gerais do Direito
estão acima de todas as normas, são supraconstitucionais, gravitam além do próprio Direito
positivado, sendo uma fonte de inspiração e de embasamento do ordenamento jurídico.
 Itens mais relevantes da pirâmide de Hans Kelsen e a hierarquia das leis.
Conhecendo a dinâmica estabelecida por HANS KELSEN:
NORMAS SUPRACONSTITUCIONAIS
Embora não sobrepostas às normas da CRFB, tais normas ultrapassam o plano internacional.
São os princípios gerais do Direito.
NORMAS CONSTITUCIONAIS
Disposições inseridas na Constituição, ou reconhecidas por ela, independentemente de seu
conteúdo. Constituição Federal e Emendas Constitucionais.
NORMAS SUPRALEGAIS
Acima das demais normas e abaixo da Constituição, Tratados Internacionais que versam
sobre Direitos Humanos.
NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS
São as leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, as leis complementares, os
decretos legislativos, resoluções legislativas, tratados, CLT.
NORMAS INFRALEGAIS (SECUNDÁRIAS –
HIERARQUIA INFERIOR)
É incapaz de estabelecer direitos e impor obrigações. São contratos, sentenças, portarias,
instruções normativas, regulamentos, circulares.
Vamos agora aprofundar o conhecimento acerca da Constituição Federal e dos Tratados
Internacionais que versam sobre Direitos Humanos.
QUAL É A ABRANGÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988?
A seguir, apresentamos um esquema resumido com a estrutura da Constituição da República
Federativa Brasileira (CRFB). A ideia não é decorar essa estrutura, mas reparar em como a
CRFB se encontra dividida,procurando entender a importância de cada uma das partes:
ESTRUTURA DA CRFB/88 - ATO DAS
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
TRANSITÓRIAS
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Artigo 1º ao 4º - As bases que constituem a República Federativa do Brasil.
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Artigo 5º ao 17 – estabelece um leque de garantias de direitos, agrupados em cinco grupos
básicos:
Capítulo I: Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.
Capítulo II: Direitos Sociais.
Capítulo III: Nacionalidade.
Capítulo IV: Direitos Políticos.
Capítulo V: Partidos Políticos.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Artigo 18 ao 43 – afirmação das atribuições dos entes federativos, estabelecendo a
organização político-administrativa.
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
Artigo 44 ao 135 – afirmação das definição das funções de cada poder (Poder Executivo, Poder
Legislativo e Poder Judiciário), e seus respectivos agentes.
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
DEMOCRÁTICAS
Artigo 136 ao 144 – estabelecimento de tópicos relativos à Segurança Nacional, definindo
quando o Governo Federal pode intervir através de decretos de Estado de Sítio, intervenção
das Forças armadas e Estado de Defesa.
TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO
Artigo 145 ao 169 - estabelecimento do sistema e dos limites tributários, relacionando os
vários tributos, os responsáveis pela cobrança, a distribuição das receitas e os elementos
normatizados para a elaboração do orçamento público.
ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
Artigo 170 ao 192 - normas de política, fundiária, urbana, 
agrícola, reforma agrária e sistema financeiro nacional, tendo como objetivo regular as
atividades financeiras e econômicas.
ORDEM SOCIAL
Artigo 193 ao 232 – aspectos vinculados ao convívio harmônico e evolução social do cidadão,
como deveres do Estado, tais como: seguridade e assistência
social, educação, cultura e esporte; 
ciência e tecnologia; comunicação social; meio ambiente; família (incluindo nesta acepção
crianças, adolescentes e idosos); e populações indígenas.
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
Artigo 233 ao 250 - disposições acerca de temas variados não presentes nos outros títulos,
sendo conteúdos específicos.
O QUE É A CONSTITUIÇÃO E COMO
INFLUENCIA SUA VIDA E A POLÍTICA DO
BRASIL
Neste vídeo, a especialista Anna Amélia Freitas reflete sobre a Constituição Federal de 1988,
seus dispositivos legais, com exemplos da aplicação na vida do cidadão.
O QUE SÃO OS TRATADOS QUE VERSAM
SOBRE DIREITOS HUMANOS?
Os tratados internacionais de direitos humanos têm como base o Direito Internacional dos
Direitos Humanos, surgindo como objeção às atrocidades ocorridas ao longo do Nazismo, por
volta do pós-guerra. Com o objetivo de extinguir as práticas abusivas, em 1945 nasce a
Organização das Nações Unidas. Pode-se dizer então que as guerras deram origem e
influenciaram o desenvolvimento da ONU (Organização das Nações Unidades) e dos Direitos
Humanos, estabelecendo garantias, direitos e o processo de internacionalização.
Por volta da década de 1980, originando-se no processo de democratização existente em
nosso país, o Brasil começou a ratificar os tratados internacionais relacionados aos direitos
humanos. O primeiro instrumento ratificado foi em 1984, da Convenção sobre a Eliminação de
formas de Discriminação contra a Mulher. Seguido de muitos outros, em lista extensa nos idos
de 1988, 1989, 1990, 1992 e 1995, estabeleceu-se regulamentações importantíssimas acerca
da proteção à criança, a mulher, aos direitos civis, econômicos, políticos, culturais e sociais,
combatendo a tortura, ações desumanas e degradantes, além de punir e erradicar a violência
contra a mulher.
Tais tratados, pactos e convenções sobre direitos humanos seguem um processo de aprovação
e, em seguida, são recepcionados e ratificados pelo ordenamento jurídico brasileiro. Os
tratados recepcionados têm força supralegal e equivalem às emendas constitucionais,
conforme estabelecido no Artigo 5º, §3º da CRFB.
O QUE SÃO DIREITOS HUMANOS?
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) passou dos setenta anos em 2018. Foi
estabelecida pela Assembleia Geral da ONU, com base em Paris, no dia 10 de dezembro de
1948. Tal declaração tem sua fundação no respeito à dignidade e ao valor de cada pessoa,
proclama universalmente a proteção aos direitos humanos, independentemente de raça, sexo,
nacionalidade, etnia, religião ou qualquer outra condição, considerado um código que
pressupõe a subordinação dos entes federativos a estes princípios e valores. Assim, inicia-se a
internacionalização dos direitos humanos, por meio da ratificação de diversos documentos
internacionais vinculados à proteção de direitos fundamentais.
O leque de dispositivos globais de proteção a estes direitos é consolidado no âmbito das
Nações Unidas. Tal sistema normativo é composto por normativos de alcance geral, como os
pactos de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, e por normativos de
alcance específico, como as convenções internacionais, que objetivam mitigar as violações
aos princípios (tortura, discriminação racial e contra as mulheres, afronta aos direitos das
crianças, dentre outras).
 ATENÇÃO
Lembrando que direitos humanos são universais, garantidos a toda pessoa humana, não
considerando em que pedaço do globo a pessoa resida, independentemente de sua crença,
cor, raça, ou qualquer outra particularidade, todos os direitos descritos na DUDH lhe estão
assegurados.
O Artigo 1º reforça esse aspecto, regulando o nascimento livre de todo ser humano, devendo
ser iguais em direitos e dignidade. Além disso, o mesmo artigo afirma que são seres racionais
e conscientes, devendo primar sempre pelo espírito de fraternidade no convívio social.
Logo após, o Artigo 5º, § 2º da mesma carta, de forma inédita, articula o Direito brasileiro com
os tratados internacionais. Ainda a mesma Carta Magna define que os direitos e garantias
constitucionais não eliminam demais princípios ou dos tratados em que o Brasil integra, um
salto importante para promoção dos diretos humanos internacionalmente propagados. A
Constituição de 1988, originariamente, incluiu no rol dos princípios fundamentais os direitos
definidos nos tratados internacionais de que o Brasil era signatário, tema considerado
vanguardista, uma vez que determinou que tais direitos somados aos constitucionalmente
garantidos têm natureza de norma constitucional e aplicabilidade imediata.
Neste cenário teoricamente convergente com os preceitos do Estado Democrático de Direito
(estabelecido no preâmbulo da CRFB/88), há de se mencionar o exercício pleno da cidadania
(Artigo 1º da CRFB/88) e o direito à liberdade (evidenciado no Artigo 5º da CRFB/88), por
exemplo.
 VOCÊ SABIA
São antigos os ideais de democracia e a liberdade, remontam às suas construções a Grécia
Antiga, por volta dos séculos V e IV a. C. Com isso, a democracia e a liberdade se constituem
como bases fundamentais do Estado Democrático de Direito. Além de tais conceitos, o
exercício pleno da cidadania é concretizado mediante a garantia de direitos sociais, políticos e
civis e, com este intuito, a participação individual deve estar pautada no bem-estar de toda a
coletividade.
O aparato internacional, como garantia adicional de proteção aos diretos humanos, possui
mecanismos de responsabilização e controle acionáveis quando alguma instituição se mostra
insuficiente, falha ou inexistente. Nestes aspectos, observa-se a omissão do Estado na
garantia das liberdades e direitos fundamentais. Com isso, ocorre o monitoramento
internacional, atuando em casos de violação a direitos fundamentais. Uma vez que a agressão
às minorias ainda é uma realidade da sociedade brasileira, os avanços conquistados são
tímidos, revelando um caminho longo pela frente.
No entanto, a criação de órgãos internacionais regulamentares que atuam na garantia e
promoção dos Direitos é fundamental para extinguir tais práticas abusivas. Tais órgãos
configuram-se nas organizações dos direitos humanos e organizaçõesintergovernamentais e
governamentais. Conheça algumas dessas organizações:

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA (UNESCO, UNITED
NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL
ORGANIZATION)
Traz como meta a implantação da paz na mentalidade do homem. Sua atuação visa fortalecer
a conscientização de tais direitos, agindo como um catalisador para o trabalho regional,
nacional e internacional de direitos humanos.
ESCRITÓRIO DO ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES
UNIDAS PARA OS DIREITOS HUMANOS
Tem como missão proteger os direitos humanos para todo indivíduo, promover a compreensão
de tais direitos, apoiando os responsáveis na implementação e defesa destes direitos.


CONSELHO DOS DIREITOS HUMANOS
Com origem em 2006 e composto por 47 Estado-membros das Nações Unidas, é uma agenda
global que trata temas relevantes. Busca, internacionalmente, ouvir as demandas da sociedade
civil, abrindo para participação de todos os representantes, além de proteger e promover os
direitos humanos.
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS (CIDH - OEA)
Originária de 1959, em Santiago no Chile, teve seu estatuto aprovado em 1960 e nesta ocasião
foi formalmente estabelecida. Compõe o Sistema Interamericano que responde pela proteção e
promoção dos direitos humanos. Possui sete membros, eleitos por Assembleia Geral, que
executam suas atividades individualmente por um tempo de quatro anos, podendo ser reeleitos
uma vez.

Pode-se dizer que o exercício pleno dos direitos da cidadania abrange a prática efetiva e ampla
dos direitos humanos, que são estabelecidos, assegurados e regulados em âmbito nacional e
internacional.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
As leis naturais, o Estado de Direito e o Direito Positivo
A Constituição Federal na hierarquia das normas jurídicas
Compreensão da Declaração Universal dos Direitos Humanos
VERIFICANDO O APRENDIZADO
LEGISLAÇÕES VINCULADAS À PRÁTICA
DO PSICÓLOGO
A seguir, você vai conhecer as principais leis ligadas à saúde e à assistência que são garantias
fundamentais estabelecidas na Constituição Federal e nos Tratados que retratam os Direitos
Humanos. Desta forma, procuramos entender como as leis, decretos, regulamentos e normas
que regem os diferentes espaços nos quais a psicologia se faz presente impactam a atuação
profissional dos psicólogos.
Com este objetivo, seguiremos entendendo os aspectos ligados à legislação estabelecidos pelo
Conselho Federal de Psicologia e sua interseção com a atuação profissional do psicólogo. Para
o psicólogo é de fundamental importância o conhecimento destas leis, uma vez que versam
sobre as garantias e direitos fundamentais individuais, contemplando os natos, naturalizados e
estrangeiros que residem no Brasil.
LEGISLAÇÕES ESPECÍFICAS INERENTES A
ALGUNS CAMPOS DE ATUAÇÃO DO
PSICÓLOGO
MÓDULO 2
 Relacionar os preceitos jurídicos ao Código de Ética do Psicólogo
Entenda abaixo algumas leis que possuem relação com a atuação do psicólogo:
LEI Nº 8.080/1990 – SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
A redação dos artigos desta legislação que regula o Sistema Único de Saúde, principalmente
os presentes no Título I, contempla dispositivos que reforçam a garantia dos princípios
fundamentais, comprometendo-se em seu bojo com os direitos e garantias, com força federal,
uma vez que estabelece procedimentos para todo o território nacional. Segundo esta lei, a
Saúde é considerada um Direito Fundamental, que deve estar assegurado pelo Estado para
todos os cidadãos. Considera-se aqui o conceito de saúde da OMS, que vai muito além de tão
somente a ausência de doença, passando a considerar a saúde integral do indivíduo, em seus
aspectos não somente físicos, mas também psíquicos, espirituais e sociais.
LEI Nº 12.435/2011 – SUAS - SISTEMA ÚNICO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL – REGULA E ORGANIZA A
ASSISTÊNCIA SOCIAL.
Na mesma linha da Lei Nº 8.080/1990, a redação dos artigos desta legislação que regula a
Assistência Social contempla dispositivos que reforçam a garantia dos princípios fundamentais,
comprometendo-se em seu bojo com os direitos e garantias, com força federal, uma vez que
estabelece procedimentos para todo o território nacional.
LEI Nº 10.216/01 - ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL
É perceptível que em todos os dispositivos legais estudados neste material, temos a redação
direcionada para os princípios e garantias legais, com a evidente valorização das garantias
fundamentais estabelecidas na Constituição e nos tratados que versam sobre Direitos
Humanos, funcionando como reforço e compromisso setorial.
Em seu Artigo 1o, menciona as pessoas acometidas por transtorno mental, assegurando seus
direitos e proteções quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política,
nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de
evolução de seu transtorno.
No Artigo 2º estabelece-se a divulgação dos direitos do artigo para a pessoa acometida por
transtornos mentais e seus familiares ou responsáveis, conforme previsto nos sete incisos
contemplados no parágrafo único.
Por último, o Artigo 3º traz a responsabilidade do Estado com a devida e importante
participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde
mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos
portadores de transtornos mentais. O intuito é o desenvolvimento da política de saúde mental,
a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais.
A prática profissional ainda preconiza alguns elementos que estão previstos no site do
Conselho Federal de Psicologia e nos Conselhos Regionais. Para tanto, acrescentamos os
itens previstos no ícone LEGISLAÇÃO.
Conforme o estabelecido no site do Conselho Federal de Psicologia, temos como legislação
específica que regula a atuação profissional os seguintes elementos: códigos, documentos
eleitorais, leis, notas técnicas, projetos de lei e outros dispositivos reguladores.
O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO
PSICÓLOGO (COEP)
No início de sua redação, o COEP preconiza que toda profissão é definida com base em
conjunto de práticas que pretendem atender às diversas demandas sociais. Os códigos são
permeados por altos padrões técnicos e pela existência de normas éticas que visam garantir a
harmônica relação entre cada profissional, seus pares e com a sociedade como um todo.
Um código de ética profissional visa estabelecer e regular padrões éticos de conduta que
devem nortear as práticas profissionais estabelecidas pela categoria profissional e pela
sociedade, responsabilizando o indivíduo por suas ações ao longo do exercício regular de sua
profissão.
Portanto, deve existir um alinhamento entre o Ordenamento Jurídico e o Códigos de Ética, uma
vez que este último deve pautar-se em alguns ditames legais, como as garantias
constitucionais, na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Faz-se fundamental
contemplar ainda algumas noções básicas de ramos do Direito, como o Civil, o Trabalhista, o
Previdenciário, o Penal, entre outros.
Na mesma linha do Direito, necessita estar ajustado ao tempo e ao espaço, sendo mutável e
dinâmico o suficiente para contemplar as mudanças culturais, sociais, profissionais,
destacando a importância do pensamento crítico e da reflexão contínua acerca da prática
profissional e decorrente atualização do código de ética.
 EXEMPLO
No livro de título sugestivo Guardiões da Ordem: Uma viagem pelas práticas psi no Brasil do
milagre, Coimbra (1995) nos apresenta uma análise de como os chamados saberes psi
(psicologia, psicanálise e a psiquiatria), em especial a psicologia e a psicanálise daquele
período, que foram, em muitos momentos, aliados a práticas coercitivas ao priorizar o
desenvolvimento da técnica e o tratamento do sofrimento íntimo e individual, ignorando ou
deixando em segundo plano as questões sociais e políticas.
Ao se abster de abordar criticamente as questões de seu tempo, os questionamentos políticos,
otemor de ser perseguido, a angústia de não poder se expressar livremente devido à censura
(dentre outros aspectos), uma vez levados aos consultórios, eram “tratados” como questões de
foro íntimo, como “desajustes” em relação às necessidades do “mundo externo”.
Os efeitos dessas práticas resultaram em uma concepção amplamente difundida na sociedade
de que a Psicologia seria um saber “elitista”, marcado pela neutralidade e, de forma geral, que
não se implicava com as questões de seu tempo, estando associado, em alguns casos
específicos, na utilização das técnicas psi (em especial a psicanálise) como ferramenta auxiliar
de técnicas de tortura realizadas neste período.
A elaboração do terceiro Código de Ética dos Psicólogos durou três anos, sendo consolidado
em 2005. Incorporou em sua formulação a evolução do contexto institucional legal do país, o
Estado Democrático de Direito tendo como estrutura basilar a Carta Magna de 1988, e as
legislações esparsas decorrentes. Em sua elaboração contou com a participação direta de
membros da categoria, entidades representativas, e múltiplos espaços de discussão sobre a
ética da profissão, suas responsabilidades e compromissos com a promoção da dignidade da
pessoa humana e da cidadania.
Desta forma, o Código de Ética Profissional do Psicólogo vigente na atualidade, em sua
redação, foi pautado na ideia de princípios gerais, e não em normas a serem seguidas pelo
psicólogo. Como premissas, foram estabelecidos pilares norteadores para seguir fielmente
suas responsabilidades e compromissos com a promoção da cidadania. Todo este processo,
que durou três anos, contou com a participação direta dos psicólogos e foi aberto também à
sociedade em todo o país.
A seguir, vamos conhecer os principais pilares norteadores do Código de Ética do Psicólogo:
1
A valorização dos princípios fundamentais como grandes pilares norteadores da relação do
profissional com a sociedade, a profissão, as entidades profissionais e a ciência.
Abriu-se espaço para a discussão acerca das relações que estabelece com a sociedade, os
colegas de profissão e os usuários ou beneficiários dos seus serviços, seus limites e
interseções relativos aos direitos individuais e coletivos.
2
3
Entender a crescente inserção do psicólogo em contextos institucionais e em equipes
multiprofissionais e a diversidade que configura o exercício da profissão.
Através da visão sistêmica da profissão como um todo, repensar os principais dilemas éticos,
não se restringindo a práticas específicas e entendendo que surgem em quaisquer contextos
de atuação.
4
Ao aprovar e divulgar o Código de Ética Profissional do Psicólogo, a expectativa dos
idealizadores do Código é torná-lo um documento capaz de descortinar para a sociedade os
deveres e as responsabilidades do psicólogo, disponibilizar estratégias para a sua formação e
nortear os julgamentos das suas ações, fortalecendo a ampliação do significado social da
profissão.
Na mesma linha da Constituição, dos Tratados, e do Direito, o Código de Ética Profissional do
Psicólogo estabelece seus princípios fundamentais (CFP, 2005, p. 7):
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade,
da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das
coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a
realidade política, econômica, social e cultural.
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional,
contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e
de prática.
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às
informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da
profissão.
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando
situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos
dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em
consonância com os demais princípios deste Código.
Você deve observar as semelhanças entre os princípios deste código, os princípios
constitucionais e a redação dos tratados que versam sobre os direitos humanos.
Cabe ao psicólogo refletir sobre todos estes fundamentos e princípios, de maneira que possa
construir uma prática crítica e reflexiva com atitudes éticas e humanitárias, respeitando os
direitos universais de todo cidadão.
 EXEMPLO
Por exemplo, ao ser questionado sobre a normalidade de determinado comportamento, o
psicólogo deve ter cuidado em relação aos julgamentos e à ideia de “ajustamento”,
especialmente em relação a pessoas que podem estar sendo apontadas como anormais.
Afinal, o que pode ser considerado normal ou anormal não se trata de uma delimitação única e
exata. Por este motivo, partir do princípio de que pessoas com comportamentos diferentes
precisam de ajuste ou acerto por parte de um psicólogo ou psiquiatra pode ser um grande
equívoco.
Que padrão podemos usar para definir determinada situação como normal/anormal, ou como
“desajustada”, e que padrões utilizamos para julgar determinada prática, discurso ou forma de
agir como normal ou patológica?
É importante entendermos que, ao definirmos que um determinado modo de agir, pensar ou
sentir é normal, tudo aquilo que é diferente, que destoa, pode ser considerado patológico,
devendo, por isso mesmo, ser motivo de tratamento e isto pode ser uma medida de controle ou
discriminativa, na maioria dos casos.
Por este motivo, para praticarmos a nossa profissão com responsabilidade e cientes do nosso
importante papel na compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e
políticos, todo profissional psicólogo deve conhecer o código de ética da sua profissão e, em
caso de dúvida, sempre consultar aos conselhos de classe que sempre estarão dispostos a
orientá-lo.
CÓDIGO DE PROCESSAMENTO
DISCIPLINAR
Resolução nº 11, de 14 de junho de 2019. Nesta data, é aprovado e entra em vigor o Código de
Processamento Disciplinar. O documento abrange livros que pretendem regular o processo
disciplinar do psicólogo. Segundo esta lei, todas as infrações disciplinares serão processadas
no Brasil pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e pelos Conselhos Regionais que se
encontram dispostos em várias regiões do território nacional. 
Assim, qualquer denúncia que seja apresentada e corresponda a uma possível infração
disciplina cometida por um profissional da Psicologia, deverá ser pesquisada pelos CFP e
Conselho regional através de um processo investigativo, podendo chegar à instauração de
algum processo disciplinar.
APROFUNDANDO O CAPUT (CABEÇA DO ARTIGO)
DOS ARTIGOS INCLUÍDOS NAS NORMAS GERAIS
(TÍTULO I)
Em seu Artigo 1º, afirma que as infrações disciplinares praticadas por psicólogas(os) serão
processadas em todo território nacional pelo CFP e pelos CRPs.
O Artigo 2º fala sobre a possibilidade de representação por qualquer pessoa interessada e
acrescenta a possibilidade ainda de verificação de ofício pelos Conselhos de Psicologia.
Já o Artigo 3º permite que as partes atuem nos autos dos processos regulados por este Código
em pessoa ou através de procurador legal.
Ao final, em seu Artigo 4º atribui a cada processo um número de ordem, esclarecendo que
suas folhas serão numeradas e rubricadas por pessoa autorizada pelo respectivo Conselho
Regional ou Federal para garantir a autenticidade.
O CÓDIGO DE PROCESSAMENTO
DISCIPLINAR E SUAS IMPLICAÇÕES NA
PRÁTICA DO PROFISSIONAL DE
PSICOLOGIA
Neste vídeo, a especialistaAnna Amélia Freitas explica, ilustrando com exemplos, o que
considerado infração na prática do psicólogo e de que forma estas infrações podem ser
sancionadas, apresentando as possíveis consequências.
Outras leis e decretos da classe do psicólogo para conhecimento são:
2011
Lei n° 12.514/2011 – Lei das Anuidades.
1980
Lei Nº 6.839 de 30/10/1980 – Lei que trata o registro de empresas nas entidades fiscalizadoras
do exercício de profissões.
1977
Decreto Nº 79.822 de 17/06/1977 – Lei que trata da criação do CFP e dos CRPs.
1964
Decreto Nº 53.464 de 21/01/1964 – Lei que aborda temas vinculados a Profissão de
Psicólogo.
1962
Lei Nº 4.119 de 27/08/1962 – Lei que regulamento e menciona os cursos de formação em
Psicologia.
Como é possível observar, os conselhos federal e regionais versam sobre diversos temas
através de leis e notas técnicas, sendo de suma importância para o profissional psicólogo
manter-se atualizado em todas as regulamentações estabelecidas para o exercício ético da
Psicologia.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
LEI Nº 8.080/1990 – SUS – Sistema Único de Saúde
LEI Nº 10.216/01 – Assistência em Saúde Mental
Pilares e princípios fundamentais do Código de Ética do Psicólogo
VERIFICANDO O APRENDIZADO
RESPEITO À DIVERSIDADE, À INCLUSÃO E
À MULTICULTURA
Na continuação, você vai conhecer os movimentos sociais que versam sobre a urgência da
promoção de um ambiente igualitário, responsável socialmente, favorável à abertura de espaço
para a diversidade e promoção de práticas inclusivas.
MÓDULO 3
 Analisar aspectos do Código de Ética do Psicólogo relacionados à responsabilidade
social e ao respeito à diversidade, à inclusão e à multicultura
Os diversos meandres que envolvem o tema estão sendo discutidos em várias esferas sociais,
e as conquistas dos últimos anos são animadoras, embora ainda distantes da necessidade
social das minorias que historicamente foram negligenciadas pela classe dominante.
Dessa forma, nesse módulo será apresentada a aproximação necessária entre os temas
abordados e as possibilidades de contribuição na direção de uma sociedade mais inclusiva e
justa. Em seguida, serão apresentadas algumas empresas possuidoras de iniciativas
inovadoras que revelam práticas consideradas efetivas para o desenvolvimento da organização
e consequente alavancagem dos resultados financeiros, conforme demonstram vários estudos
e depoimentos inclusos no material.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
São inúmeros os instrumentos que abordam e evidenciam a responsabilidade social. Vamos
nos ater ao Código de Ética Profissional do Psicólogo, uma vez que aborda o tema com toda a
intensidade e valoração que tal compromisso merece.
A responsabilidade social pode ser considerada o compromisso que o indivíduo tem com a
sociedade e com a humanidade. O psicólogo, por sua vez, assume os compromissos
estabelecidos em seu Código de Ética para uma atuação socialmente responsável.
Logo, é necessário que o profissional da Psicologia atue em harmonia com a Constituição
Federal/88, a Declaração Universal de Direitos Humanos, pautando sua prática nos valores
afirmados em seu código de classe. É importante observar a LBI, Lei nº 13.146/2015 – Aborda
a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (constituindo o Estatuto da Pessoa com
Deficiência).
Em um artigo publicado pela revista Endeavor (2021), Claudia Sender, conselheira e
empresária, traça um paralelo entre diversidade e inclusão quando afirma que inclusão é ser
convidada para dançar, enquanto diversidade é ser convidada para a festa. Ela revela que viu
centenas de pessoas diversas entrando em empresas e não tendo espaço, não tendo voz, e,
segundo ela, precisam ser chamadas para dançar.
Na mesma publicação da Endeavor (2021), Leizer Pereira, fundador da Comunidade
Empodera, afirma que fora da inclusão não há salvação, e diz que quando faz um chamado
para que o setor privado participe de discussões, deixa claro que as empresas precisam de
diversidade de pensamentos, com visão de mundo, contextos e geografias diferentes. Acredita
que isso fará com que formem times mais diversos para resolver problemas de forma mais ágil
e criativa.
LIBERDADE, DIGNIDADE, IGUALDADE,
INTEGRIDADE
Carioca, paulista, sulista, nordestino, nortista, centro-oestino, gordo, magro, introvertido,
extrovertido, amarelo, branco, negro, pardo, alto, magro, rico, pobre, cabelo liso, cacheado,
cabelo branco, enfim, somos diversos. Também somos envolvidos por circunstâncias (etnia,
crenças, cultura, culinária, gênero, orientação sexual, personalidade), que nos tornam únicos e
diferentes uns dos outros.
Diversidade é definida como um substantivo feminino, que caracteriza tudo aquilo que é
diverso, que tem multiplicidade, que apresenta pluralidade, não é homogêneo. No escopo
social, a diversidade perpassa pela convivência de pessoas diferentes em relação a inúmeros
aspectos, como vimos acima. No dia a dia, nos deparamos com a diversidade em todos os
espaços de interação social, até mesmo o ambiente familiar abriga pessoas diferentes. Irmãos
gêmeos têm semelhanças, mas são distintos em personalidade.
 SAIBA MAIS
Neste cenário, surge o conceito de multiculturalismo: movimento social iniciado nos EUA na
década de 1970, tendo suas bases no confronto estabelecido pelos direitos civis dos grupos
dominados, uma vez que não seguem a “normalidade” estabelecida, sendo excluídos
socialmente por não pertencer à classe superior e dominante (no caso dos EUA, a
euramericana, branca, letrada, masculina, heterossexual e cristã). Este movimento ganhou
pulso e força na esfera estadunidense e mundial, uma vez que os grupos que deveriam ser
silenciados não calaram sua voz e se uniram nos movimentos alardeados pelas minorias
existentes: negros, feministas, homossexuais e os envolvidos na luta pelos deficientes
O brasileiro, em sua essência, é diverso. Fatos históricos como colonização por povos
diferentes, escravidão, índios, imigração, contribuíram para miscigenação tão presente em
nosso povo. Mas, é preciso entender que é nesta multiplicidade que se apresenta
oportunidades de aprendizagem e do exercício de habilidades diferenciadas: empatia,
inteligência emocional, visão crítica e compreensão.
Em 2020, McKinsey realizou um estudo intitulado Diversity Matters: América Latina. Através da
análise dos dados de cerca de 700 empresas, em sete países da América Latina, concluiu que
as que adotavam a diversidade eram mais felizes, saudáveis e rentáveis. 
Com base nos dados pesquisados, 11% dos executivos destas empresas são mulheres, um
número inexpressivo quando comparado ao percentual masculino de 89%. Incrivelmente, mais
da metade das empresas pesquisadas não possuem mulheres em cargos executivos. Os
dados acima revelam o quão distante estamos de conquistarmos a equidade nas
corporações. Os resultados do estudo apontam os efeitos positivos da adoção de uma cultura
empresarial baseada em direitos humanos e valores como diversidade e inclusão.
CONFIRA ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O
ESTUDO
Provavelmente, os funcionários de empresas percebidas como comprometidas com a
diversidade são mais estimulados a participar e contribuir, uma vez que possuem 11% a mais
de pessoas que relatam que podem “ser quem são” no trabalho. Eles também apresentaram
probabilidade 73% maior de relatar uma cultura de liderança em prol do trabalho em equipe e a
probabilidade de 80% de concordar que seus líderes promovem confiança e diálogo aberto.
Nestas mesmas empresas, 63% dos colaboradores indicam que estão felizes no trabalho, em
comparação com 31% dos integrantes de empresas que não são percebidas como
comprometidas com a diversidade. Por fim, na América Latina, estas empresas “diversas”, em
termos de gênero, têm 14% mais probabilidade de superar o desempenho de seus pares na
indústria.
Numa publicação na revista Você RH (2020), Juliana Américo aponta para uma pesquisa
realizada pelo LinkedIn em 2018. A pesquisa revelou que a diversidade é uma dasmacrotendências que estão transformando a área de recursos humanos nas empresas. As
demais tendências são: 
A criação de novas formas de seleção, além da entrevista

O uso do Big Data, para uma busca mais certeira e ativa dos profissionais desejados.

O uso da inteligência artificial para refinar e até automatizar parte de todo o processo de
seleção de pessoas.
O LinkedIn levantou que 78% das organizações priorizam a diversidade na hora de contratar
seus colaboradores. Porém, muitas das empresas ainda não conseguem tirar alguns planos do
papel. Além disso, o estudo verificou que 38% dos empregadores têm dificuldade em encontrar
candidatos diversos, e 27% têm dificuldade em manter os funcionários de grupos minoritários
em seus quadros.
Nesta mesma publicação (2020), Juliana Américo relata como a Boston Consulting Group
(BCG) contribui também com um estudo que trouxe dados sobre o Brasil, afirmando que
apenas 17% dos funcionários que seriam alvo das iniciativas a favor da diversidade dizem se
beneficiar delas. Tal pesquisa contou com a participação de 16,5 mil pessoas em 14 países
(dentre os países pesquisados, temos: EUA, Reino Unido, China e Finlândia, além do Brasil).
As conclusões demonstram que muitas das iniciativas não geram o impacto esperado, muito
embora a preocupação com este tema esteja presente na agenda corporativa.
Uma resposta a esta questão, segundo o BCG, é que os cargos de liderança, em sua maioria,
são ocupados por homens brancos. 
Dados da pesquisa:
1
27% dos integrantes de maiorias entrevistadas enxergam dificuldades no crescimento de
funcionários negros ou de outros grupos étnicos minoritários.
37% dos integrantes dos grupos minoritários percebem obstáculos para o seu avanço na
carreira.
2
3
Para um homem branco, heterossexual, cisgênero, com idade entre 35 e 50 anos, há uma
maior liberdade para se sentir autêntico no ambiente de trabalho. E isso permite que eles
cresçam em seus cargos e atinjam a liderança com muito mais facilidade que alguém que
pertença a algum grupo minoritário.
Portanto, a ausência do sentimento de pertencimento é um dos maiores obstáculos para as
empresas garantirem um ambiente de segurança psicológica para as minorias. Não existe a
promoção da diversidade nas equipes de trabalho sem líderes que apoiem tal movimento. 
O caminho seria traçar estratégias para a inserção de variados profissionais nos espaços de
liderança. É impossível repensar a cultura organizacional e fazer a transformação sistêmica
sem o envolvimento dos formadores de opinião e tomadoras de decisão. Com este grupo à
frente da mudança, o engajamento da equipe seguirá na direção desta nova mentalidade.
Parte-se do alinhamento da estratégia com a orientação dos gestores acerca da relevância da
diversidade para as organizações e explicitar que todos temos vieses inconscientes. Tais
vieses ocasionam decisões nem sempre racionais, pelo menos não tanto quanto se imagina. 
Pertencer significa estabelecer uma conexão com uma pessoa, um grupo social ou mesmo
uma empresa. Os seres humanos são dotados de algumas necessidades básicas, por exemplo
o pertencimento, o que incentiva a busca por relações sociais positivas e profundas. Isso nos
faz acreditar que é preciso ampliar estas conexões, porém é um movimento relativamente
novo, leva tempo e precisa do envolvimento das lideranças, altas e médias.
Estabelecer uma cultura que promova a diversidade e o pertencimento, além de um valor
estabelecido e normatizado na Constituição Federal e na Declaração Universal de Direitos
humanos, como vimos na pesquisa, pode alavancar os resultados corporativos
Por vivermos em um meio social, sofremos influência dos nossos vieses inconscientes
(conjunto de estereótipos que mantemos). Estes são reforçados por nossos grupos sociais,
sendo comum criarmos uma imagem preconcebida de pessoas distantes de nós, diferentes,
que nem mesmo conhecemos. E por ser preciso atentar-se para evitar que os impulsos
conduzam as nossas escolhas, o primeiro passo é reconhecer a existência destas imagens
preconcebidas.
DIVERSIDADE, INCLUSÃO E VIESES
INCONSCIENTES
Neste vídeo, a especialista Anna Amélia Freitas propõe uma reflexão sobre os vieses
inconscientes e seus impactos em nossas atitudes, o quanto é preciso trazermos a consciência
para evitarmos impulsos indesejáveis.
Diante do exposto e das lutas que ainda iremos enfrentar, não podemos deixar de afirmar que
são notórias as conquistas dos últimos anos na direção de um país mais igualitário. Os debates
acerca deste tema são constantes, recorrentes e multidisciplinares, abraçam inúmeros
segmentos sociais. Porém, além do discurso pró-diversidade, é preciso estabelecer um ideal
que deve ser defendido, promovido e colocado em prática pelas principais lideranças. 
 COMENTÁRIO
A construção deste ambiente idealizado, igualitário e diverso influencia positivamente a cultura
organizacional, por ser propenso a acolher as pessoas em suas diferenças. Quando temos
equipes de trabalho com perfis ecléticos, ou seja, espaços de promoção da diversidade e
valorização das diferenças individuais, a tendência é conquistar uma visão mais abrangente,
favorecendo soluções mais inovadoras, criativas, exercitando o “pensar fora da caixa”,
apresentando um diferencial competitivo e resultados financeiros superiores, uma vez que os
diferentes pontos de vista, as várias perspectivas consolidam um escopo mais amplo, menos
individualizado de um mesmo elemento. Com isso, a escuta ativa, a troca e o diálogo
construtivo edificam uma sociedade mais vanguardista, inclusiva e justa, naturalmente.
Conforme estudo da Revista Forbes (2021), a diversidade é um dos principais alavancadores
da promoção de um ambiente inovador, sendo a inovação a mola-mestra para a evolução de
uma empresa globalmente. O estímulo a um ambiente acolhedor, diverso e justo para grupos
minoritários pode ser encarado como um processo de responsabilidade social. Este ambiente
favorece os pontos de interação social, reduzindo os conflitos internos, abrindo a discussão
saudável que garante a abertura e o respeito a opiniões distintas. Em contraponto, as
divergências que anteriormente abriam espaço para embates tornam-se estímulos para a
inovação. Somando a isso, um ponto alto da diversidade é a valoração da marca, contribuindo
para imagem de todo o negócio. 
Tem sido proposto por algumas empresas o chamado Censo da Diversidade, uma forma
considerada eficaz que visa conhecer os colaboradores de uma empresa. O objetivo é fazer
um diagnóstico rápido do corpo funcional de uma determinada organização. A proposta é que
estes dados sejam analisados com o intuito de tomarmos decisões sinérgicas com a promoção
de um ambiente diverso, inclusivo e igualitário. 
O passo a passo para realização do Censo é:
1
Identificar o quantitativo de mulheres, pessoas com deficiência, pessoas negras, pessoas
idosas, público LGBTI+, entre outros públicos minoritários;
Identificar a percepção de cada público no que tange a instituição (se sentem respeitados ou
passam por situações preconceituosas) e embasar-se nos dados levantados;
2
3
Após o levantamento de informações, e ao iniciar o processo de mudança organizacional, de
uma cultura limitante para a inclusiva, o recomendado é partir dos próprios colaboradores;
Formar Comitês de Diversidade que discutam estas questões faz com que, naturalmente, a
empresa adote posturas inclusivas. Estes grupos ocupam-se da criação e implementação de
ações de diversidade, monitorando o ambiente no que diz respeito à inclusão. Para a
transformação e a construção de espaços seguros, diversos e inclusivos, é o primeiro passo
para a valorização dos direitos humanos;
4
5
Uma boa iniciativa no caminho das práticas inclusivas é apoiar projetos e organizações sociais
que lidam com públicos diversos.
O censo funciona como base para elaboração de um plano de ação e definição de
regulamentações internas. Porém, este é um assunto novoe, portanto, ainda não normatizado,
podendo conflitar com a lei de proteção de dados (LGPD), principalmente por esta lei ser
regida pelo princípio da não discriminação. Tal princípio considera algumas informações
pessoais de fórum íntimo e sensíveis e para o levantamento destes dados, o empregador
precisa garantir uma forma anonimizada (sem qualquer identificação do respondente) e
identificar justificativas legais na LGPD que autorize esta coleta. O amparo legal sugerido para
este procedimento é permeado pela subjetividade, podendo ser insuperável.
Atendo-se à conceituação do termo minoria, tido como público-alvo do Censo da Diversidade,
está relacionado às relações de dominação de um grupo em relação ao outro, sem ser
necessariamente menor quantidade numérica.
Naturalmente, e pela expressão quantitativa de seus membros, o grupo maioritário tem voz,
define o que é certo e errado, influencia a cultura organizacional e estabelece a forma como as
pessoas devem agir, construindo aos poucos a noção da norma, ou seja, do que é “normal”.
Moldam os comportamentos esperados e aceitáveis naquele meio. Tudo que está fora destes
padrões de “normalidade” precisa ajustar-se a ela. Em contraponto, o grupo “minoritário”
costuma ser alvo de comportamentos preconceituosos, discriminatórios e intolerantes. São
inadequados à norma estabelecida. Obviamente, estas interações entre um grupo dominante e
o outro dominado são prejudiciais ao desenvolvimento emocional e social do indivíduo e
infelizmente ainda estão presentes em nossa sociedade, gerando a violência, a opressão, a
segregação e a exclusão de tais minorias.
Por fim, as ideias de diversidade e inclusão andam juntas e muitas vezes se confundem.
Diversidade diz respeito à construção de ambientes plurais, sinérgicos a todos os perfis
profissionais, independentemente de suas diferenças. A Inclusão refere-se às medidas práticas
que abrem espaço para as mudanças culturais de uma organização, como a iniciativa do
Censo da Diversidade, por exemplo.
A diversidade e a inclusão tornam-se uma realidade quando as pessoas coexistem em
ambientes múltiplos, baseados na convivência harmônica entre pessoas diferentes, inseridas
em distintas circunstâncias, condições, pensamentos e características. Conviver nestes
ambientes, integradores de culturas distintas é um aprendizado rico e único, exigindo de seus
integrantes boa capacidade de adaptação, flexibilidade e compreensão.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Definição de diversidade e multiculturalismo
O Censo de Diversidade e a sua função
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como visto, o diálogo entre o Direito e a Psicologia é de extrema importância para o
desenvolvimento de temas vinculados ao homem inserido em uma sociedade. O conhecimento
do ordenamento jurídico brasileiro, no que tange à dinâmica social que insere ou exclui o
indivíduo dos grupos de pertencimento, agrega valor à formação do psicólogo. O exercício da
profissão, embasado nos dispositivos legais do Direito Positivado somados aos estabelecidos
pelo Conselho Federal de Psicologia, viabiliza normas éticas e altos padrões técnicos.
O Código de Ética Profissional do Psicólogo é um documento importante de normatização que
procura fomentar a autorreflexão, pautada na visão do indivíduo social, de modo a
responsabilizar o profissional pelas suas ações e consequências do exercício regular de sua
profissão, entendendo os reflexos do mesmo para a harmonização da vida em sociedade.
Aprofundar o conhecimento das leis inerentes à atuação profissional traz a fundamentação
teórica necessária para o bom entendimento dos temas em questão. É importante ressaltar que
o trabalho do psicólogo é singular, ele se constrói na relação existente entre o profissional e o
indivíduo, permeado pelas contextualizações históricas, culturais, sociais e econômicas.
 PODCAST
Agora, a especialista Anna Amélia Freitas finaliza falando sobre os desafios na prática do
psicólogo de acordo com as leis e o código de ética.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AMÉRICO, J. Como criar empresas realmente diversas: novo desafio do RH. Você RH,
2020. Consultado na internet em: 4 nov. 2021.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília:
Conselho Federal de Psicologia, 2005.
COIMBRA, C. M. B. Guardiões da Ordem: uma viagem pelas práticas psi no Brasil do
“Milagre”. Oficina do autor: Rio de Janeiro, 1995.
UNICEF. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Consultado na Internet em: 22
jul. 2021.
ENDEAVOR BRASIL. Diversidade e Inclusão nas empresas é construir o Brasil do
futuro. 2021. Consultado na internet em: 4 nov. 2021.
FORBES, ESG. Minorias não chegam a 10% dos colaboradores nas empresas brasileiras,
revela pesquisa. FORBES, ESG, Negócios. 2021. Consultado na internet em: 4 nov. 2021.
KELSEN, H. Teoria geral do direito e do estado. Tradução de Luis Carlos Borges. São
Paulo/Brasília: Martins/Universidade de Brasília, 1990.
MCKINSEY. Diversity Matters: América Latina. 2020. Consultado na internet em: 4 nov. 2021.
NADER, P. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Imprenta, 2003.
EXPLORE+
Assista ao filme Estrelas além do tempo. Você pode refletir sobre a importante
participação de minorias, como no caso das mulheres, no filme, para o desenvolvimento
de projetos e grandes conquistas.
Leia o artigo Case Dow: diversidade, capacitação e inclusão, no qualvocê conhecerá
uma interessante iniciativa que prepara pessoas negras para processos seletivos.
Assista ao vídeo Diversidade - Psicologia, Educação e Deficiência - Parte 1 –
Legendado. Neste vídeo, refletimos sobre as dificuldades e conquistas de pessoas com
deficiência no Brasil.
Leia o artigo: O multiculturalismo e a proteção das minorias. Este artigo busca
responder como garantir a aplicação dos direitos fundamentais sem desrespeitar a
particularidade das minorias e grupos vulneráveis.
CONTEUDISTA
Anna Amélia Freitas

Continue navegando