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Aula 1- Ética Profissional e Código de Ética do Psicólogo

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DESCRIÇÃO
A ética e os direitos humanos universais como fundamentos do Código de Ética e da prática do
profissional de Psicologia.
PROPÓSITO
A Psicologia como profissão e como prática tem na ética e nos direitos humanos universais os valores
que fundamentam o Código de Ética Profissional do Psicólogo e que estabelecem os princípios
reguladores das relações dos psicólogos com a profissão e a sociedade.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os preceitos básicos do conceito de ética
MÓDULO 2
Distinguir a relevância da ética como fundamento da Psicologia
MÓDULO 3
Descrever os fundamentos, princípios e normas do Código de Ética Profissional do Psicólogo
MÓDULO 4
Reconhecer os direitos humanos universais como diretrizes que orientam as práticas psicológicas
INTRODUÇÃO
A ética é um conceito muito difundido por toda a sociedade, mas somente em algumas situações
prestamos atenção à sua importância e abrangência e em como se manifesta em todos os aspectos da
vida comunitária.
Neste conteúdo, abordaremos a ética como conceito que se faz presente em todas as áreas de atuação
da Psicologia. Os direitos humanos universais não estão dissociados da ética. Traduzidos por “direitos
fundamentais de todas as pessoas”, constituem os ideais a serem promovidos pelos psicólogos em sua
prática profissional.
POLÍTICA E “BONS COSTUMES”
Começaremos pela origem dos conceitos de moral e de ética, a etimologia, as semelhanças e as
diferenças.
ÉTICA
MÓDULO 1
 Identificar os preceitos básicos do conceito de ética
Ética vem de ethos (ética), como caráter, um modo de ser que dá forma às diferentes maneiras de
compreender a si e ao mundo e que estrutura os atos humanos.

MORAL
Moral vem de mos (moral), como costumes, regras e normas de convivência que surgem com base nos
hábitos, orientam a vida em grupo e estabelecem regras compartilhadas sobre “o certo e o errado”.
Quando comparamos esses dois termos, podemos observar neles certa sinonímia, pois os dois nos
levam a refletir sobre como os indivíduos concebem as regras e normas de conduta social e os
costumes (hábitos que, com o tempo, tornaram-se comuns a determinado grupo social) que organizam a
convivência entre pessoas de uma determinada cultura e sociedade.
SINONÍMIA
Qualidade das palavras sinônimas; relação de sentido entre dois vocábulos que têm significação muito
próximo.
É importante lembrar que a cultura grega (da qual o Ocidente herdou a ideia de ética) tem na política
sua maior característica. Na “arte de governar” a cidade (pólis), de conciliar interesses em prol de um
objetivo maior – fazer o bem —, a política (politikós) grega era indissociada da ética, pois as duas tinham
a mesma finalidade: a busca da felicidade.
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Os autores gregos clássicos convergem para um mesmo objetivo: fazer o bem comparece ora como
meio, ora como fim para se atingir a felicidade. Uma característica do conceito formulado por esses
autores diz respeito ao caráter coletivo da ética. Se na atualidade são comuns os conflitos entre a ética
“individual” e a “coletividade”, para os pensadores gregos essa seria uma falsa questão, pois o objetivo
da ética era a felicidade coletiva e um bem maior.
Se as ações pessoais promovem a felicidade individual, mas causam tristeza e descontentamento
coletivo, a felicidade nunca será plena e perderia sua finalidade.
O bem e a felicidade, nesse sentido, sempre convergiriam para a felicidade coletiva, o supremo bem, um
contentamento só atingido quando as necessidades coletivas e o bem comum se tornam mais
importantes do que os interesses individuais.
Mais tarde, aos assimilarem a cultura grega, os romanos fazem outra interpretação do conceito de ética,
traduzindo-o como uma forma de regular os costumes, como uma maneira de criar regras e normas de
convivência para a Civita, a cidade romana. Tal entendimento deu origem ao que hoje chamamos de
moral e às expressões a ela associadas, os “bons costumes”, as “regras de bem viver”.
NA MORAL! VAMOS FALAR UM POUCO MAIS DE
MORAL
Quando falamos de “moral e bons costumes”, não estamos tratando de uma aliança casual. De forma
resumida, podemos traduzir moral da seguinte forma: a convivência entre as pessoas de uma localidade
leva à criação de hábitos; os hábitos, uma vez naturalizados, organizam as relações ao criar valores
que, transformados em regras, passarão a reger a organização comunitária, ou seja, os costumes.
Com o passar do tempo, essas normas são introjetadas, ensinadas a todos desde o nascimento. Elas
acabam por definir as regras de convivência entre as pessoas e, por conseguinte, refletir as
características de uma determinada cultura. Por “transcenderem” os sujeitos e se apresentarem como
normas universais que expressam a cultura de uma determinada comunidade, elas deveriam ser
obedecidas. Não cabendo, portanto, nenhuma forma de questionamento. Eis a forma esquemática
daquilo que chamamos de moral.
Conforme nos aponta Oliveira (2007), apesar dos interesses difusos que residem na constituição dos
códigos morais (sejam políticos, religiosos, econômicos ou científicos), eles sempre se apresentam
como “lei universal”, como “verdade” que se situa para além do homem, mas que só se realiza no
singular, por meio do homem.
Segundo La Taille (2006), a moralidade como negatividade, tal como se encontra difundida atualmente,
pode ser definida como um código de regras que impedem, oprimem e barram a liberdade individual.
 COMENTÁRIO
Decerto, por definição, a moral se apresenta sob um viés conservador de costumes, sempre referidos a
um passado que busca se perpetuar no tempo e que, constantemente, se choca com os desejos
individuais de busca por autodeterminação, resultando intensos debates e questionamentos do
presente.
Desses processos contraditórios, marcados pela tensão da permanência e pela vontade social de
construção de novas possiblidades, temos como exemplo os questionamentos das diferentes
instituições durante o século XX, movimentos que, de muitas maneiras, colocaram em xeque formas de
se conceber os valores familiares, o casamento, o feminino, a sexualidade, entre outras formas de
expressão das regras morais.
De fato, não se pode negar que a moral, em suas diferentes manifestações, tenha que ser
frequentemente revisitada e revista em função da necessidade de cada tempo (em especial em relação
às questões éticas, como veremos adiante). Talvez por isso a moral se apresente hoje como algo
negativo, mas, por vezes, nos esquecemos da positividade que permite recolocar a questão:
“Como viver?”.
Mesmo que possamos (e devamos) questionar as “regras morais”, forçar os limites de sua interpretação
do mundo, a fim de criar novos costumes e formas de relação, ainda assim não se pode negar: a moral
nos fornece os parâmetros que orientam a forma de compreender e viver em sociedade, não
podendo ser ignorada ou mesmo negligenciada em nossas análises. Contudo, a moral deveria ser
definida, portanto, como uma característica humana e não como uma verdade perseguida.
Eis porque a Psicologia não pode ser uma moral, pois, se assim fosse, ela estaria desqualificando as
contradições e os dilemas individuais em nome de um ideal “universal”, não se distinguindo, por
exemplo, da religião ou de um movimento ideológico.
CAMINHOS DA ÉTICA E DESCAMINHOS DA MORAL
A moral implica uma pergunta: “Como viver?”. A ética, em contrapartida, reformularia esta pergunta:
“Que vida eu quero viver?”.
Para o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), a ética está associada ao bem e à felicidade. Para que
uma ação possa ser considerada ética, ela deve ser racionalmente equilibrada, evitando as paixões e os
excessos que representam os vícios. E os vícios não são capazes de levar o homem à felicidade. Uma
atitude ética, portanto, deve representar a justa medida das coisas, o equilíbrio entre a falta de ação
(omissão) e o excesso.
 EXEMPLO
Tomemos como exemplo uma situação de violência contra uma pessoa incapaz de se defender. Aopresenciar a cena, como devemos agir? Se nos omitimos, poderemos ser considerados covardes; se
formos tomados pela paixão, nossas ações poderão ser consideradas temerárias, prejudicando aquele
que deveríamos proteger — e possivelmente a nós mesmos. A coragem para intervir seria a justa
medida entre a falta e o excesso de força, justa medida que os gregos chamavam de “virtude”. É
importante salientar que a virtude grega não se assemelha ao conceito da tradição judaico-cristã.
Mesmo revogado em 2005, o Código de Ética Profissional do Psicólogo de 1987 (versão anterior à atual)
traz em sua Apresentação uma definição teórica que sintetiza o que comentamos anteriormente.
“ÉTHOS, SEGUNDO ARISTÓTELES, EXPRESSA UM MODO
DE SER, UMA ATITUDE PSÍQUICA, AQUILO QUE O HOMEM
TRAZ DENTRO DE SI NA SUA RELAÇÃO CONSIGO MESMO,
COM O OUTRO E COM O MUNDO. INDICA AS DISPOSIÇÕES
DO SER HUMANO PERANTE A VIDA. SER ÉTICO É MUITO
MAIS DO QUE UM PROBLEMA DE COSTUMES, DE NORMAS
PRÁTICAS.”
(CFP, 1987, p. 3)
A ética como um modo de ser diz respeito, portanto, a uma atitude psíquica em relação a si, ao outro e
ao mundo. Por não expressar uma norma prática, mas uma disposição em relação ao mundo, a ética
não afirma como se deve ser, nem como agir, mas sim “um” modo de expressar entre tantos outros
possíveis, uma forma de agir e pensar que varia e se reconfigura continuamente a partir dos elementos
postos em relação e da necessidade.
Quando tomamos a ética com base em seu caráter eminentemente questionador, o “modo de ser” se
apresenta como uma possibilidade singular de existência que se configura a partir da análise crítica e
reflexiva de si, dos outros e do mundo, em especial quando nos relacionamos aos códigos morais.
Ilustremos essa situação com uma história inspirada em fatos reais.
Uma mulher solteira, mãe de três filhos, mora sozinha com as crianças em uma localidade perigosa e
sem acesso a serviços públicos. Para trabalhar em três empregos e ganhar o suficiente para sustentar
os filhos, ela os tranca em casa durante o dia para que não se coloquem em risco fora de casa, sem
supervisão. Como não tem com quem contar, sem apoio das políticas públicas e precisando trabalhar
para cuidar da família, essa foi a solução possível e escolhida para lidar com as contingências e a
singularidade da situação.
Moralmente, podemos apontar o absurdo da situação de uma mãe manter seus filhos em “cárcere
privado”. Para justificar nosso posicionamento, podemos tecer inúmeras justificativas e explicações dos
motivos pelos quais consideramos suas ações como morais ou imorais.
No campo ético, poderíamos dizer a mesma coisa? Poderíamos julgar suas ações e escolhas como
antiéticas? Suas ações foram omissas, temerosas ou representariam a justa medida do amor de uma
mãe que visa proteger, cuidar e sustentar seus filhos?
ÉTICA COMO REFLEXÃO SOBRE A MORAL
Apesar de já termos discutido as semelhanças e diferenças entre os conceitos de moral e ética, ainda
resta uma questão por elaborar, pois tanto a moral e seus códigos de conduta quanto a ética, com sua
reflexão e crítica, estão intimamente relacionadas ao cotidiano.
Como devemos lidar com “essa dupla tão singular”?
Pedro (2014) demonstra como esses conceitos podem ser pensados de forma separada, antagônica ou
similar. Para a autora, moral e ética formam um conjunto indissociável. Se, conforme vimos, a moral
estabelece as regras e condutas que, introjetadas, passam a delimitar as formas de compreender e lidar
com o social; por outro lado, as demandas do social são sempre marcadas por mudanças, dinamismo e
forças de seu tempo.
 Relação entre moral e ética.
A figura anterior nos permite traduzir, de forma esquemática, a relação dinâmica entre a moral e a ética.
Podemos perceber que, em alguns momentos, elas se entrecruzam e interagem de forma dinâmica,
dialogando e evitando que o “dogmatismo moral” prevaleça. Estes movimentos dialógicos permitem
(...) O DESENVOLVIMENTO DE UMA CAPACIDADE DE
INTERROGAÇÃO, REFLEXÃO E PONDERAÇÃO DE CADA
SISTEMA DE MORALIDADE EXISTENTE QUANTO À
NATUREZA E PERTINÊNCIA DAS SUAS NORMAS E REGRAS
MORAIS SECULARMENTE INSTITUÍDAS, MAS NEM SEMPRE
REPENSADAS À LUZ DO SENTIDO DOS PRINCÍPIOS QUE
AS FUNDAMENTAM (EX.: PRÁTICAS DE EXCISÃO
FEMININA; INFANTICÍDIO FEMININO); QUER, AINDA, O
CONHECIMENTO RACIONAL SUBJACENTE A UMA PRÁXIS
MORAL INFORMADA.
(PEDRO, 2014, p.4)
Por fim, é importante assinalar que os estudos sobre a ética são amplos, tomando a forma do utilitarismo
(ético é tudo aquilo que é útil) como uma deontologia. Limitamos essa discussão a suas definições
mais básicas, mas, em face da complexidade e relevância do tema, ele não deve se encerrar nessa
abordagem inicial, pode ser sempre objeto de interesse e estudo. Não são poucos os autores, as teorias
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e as interpretações sobre o conceito de ética, nem são poucas as dúvidas que a temática suscita ou
ainda há de suscitar.
DEONTOLOGIA
Conjunto de deveres profissionais de qualquer categoria profissional minuciados em códigos
específicos.
O DOGMATISMO MORAL E A REFLEXÃO ÉTICA
Neste vídeo, o especialista Mauro Carvalho reflete sobre a relação dinâmica entre moral e ética e seus
desdobramentos.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
A moral e bons costumes
O caráter questionador da ética
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Até agora, vimos como os conceitos de moral e ética se apresentam de inúmeras maneiras. Neste
módulo, vamos observar como a Psicologia, um campo de saber científico, reflete sobre suas práticas e
como a ética, em seu caráter reflexivo, fornece o norte para essas análises e para a construção de uma
“identidade” profissional.
PSICOLOGIA COMO PROFISSÃO DO
“AJUSTAMENTO”
MÓDULO 2
 Distinguir a relevância da ética como fundamento da Psicologia
Diante dessa situação, cabe perguntar: a postura do(a) profissional foi ética ou moral?
Não é difícil imaginar que parte dos estudantes de Psicologia afirme intuitivamente que o(a) profissional
foi moralista e que tais práticas não estariam de acordo os princípios éticos que regem a profissão. As
questões envolvidas aqui são complexas, exigindo que nos detenhamos de forma mais rigorosa nos
vários aspectos da situação descrita.
A lei que regulamenta a profissão de psicólogo (Lei n º 4119 de 27 de agosto de 1962. 13º, § 1) define
que uma das “funções privativas” do(a) psicólogo(a) é a “solução de problemas de ajustamento”.
Assim, que parâmetro utilizaremos para julgar determinada situação como normal ou anormal, como
“desajustada” ou patológica? Dito de outra forma: ao definirmos que um determinado modo de agir,
pensar ou sentir é “normal”, tudo aquilo que é diferente, que destoa, pode ser considerado patológico,
devendo, por isso mesmo, ser motivo de tratamento?
 COMENTÁRIO
Ao nos restringirmos somente à razão como parâmetro, dificilmente poderíamos achar normal uma pessoa
jogar na loteria acreditando que vai ganhar, ou alguém se definir por um signo astrológico e não pelas
características observáveis de sua personalidade, ou mesmo que você organize seu cotidiano utilizando o
horóscopo ou o mapa astral. Esses modos de pensar e agir podem ser considerados normais ou
patológicos? Racionalmente, não restaria dúvida de estarmos diante de uma patologia que poderia ser
associada à desrealização ou fuga da realidade!
Os exemplos dados anteriormente, apesar de “estranhos” à razão, podem ser considerados como
“normais”. Canguilhem (2011) afirma que o normal não é algo universal, mas uma construção histórica,
regida por interesses difusos (religiosos, políticos, ideológicos etc.) que reflete num determinado
contexto social em que aspectos racionais, místicos, religiosos, históricos, entre outros, articulam-se,
mesclam-se, contrapõe-se e dão forma a diferentes maneiras de conceber a normalidade.
Esse caráter contingencial, que surge da mescla de diferentes formas de conceber a realidade, reflete
os valores sociais, o recorte de um determinado contexto social, de maneira que aquilo que é
consideradonormal sob uma ótica não o será em outra, não podendo ser traduzido como um conjunto
de regras e práticas universais.
Em outras palavras, o normal, entendido conforme uma regra universal, só seria possível como ilusão ou
mentira, nunca como a verdade que abrangeria toda a humanidade.
Mas se a normalidade é apenas uma ilusão, uma contingência, e a Psicologia é um campo de saber que
visa compreender o homem com base em sua diversidade e complexidade, sob que critérios
poderíamos considerar uma prática humana como normal ou patológica? O que os psicólogos
“ajustariam”?
Voltemos à situação apresentada no início deste módulo. Consideremos que o(a) terapeuta seja uma
pessoa religiosa e oriente sua prática profissional pelos princípios e valores de sua crença. Sob essa
ótica, ao sugerir uma religião, o(a) profissional estaria buscando o bem. Ao tentar “ajustar” seu paciente
a uma determinada “normalidade”, ele possibilitaria um caminho para a “felicidade”.
 COMENTÁRIO
Não se pode negar suas “boas intenções”, mas é importante ressaltar que o conceito de normal é uma visão
particular do mundo e não uma forma universal. Nisso reside o desafio de classificar as ações como éticas ou
morais.
Psicologia e ditadura: a construção de uma ética profissional
Entre os princípios fundamentais que orientam o Código de Ética Profissional do Psicólogo (COEPP),
temos, no item III, a seguinte proposição:
“O PSICÓLOGO ATUARÁ COM RESPONSABILIDADE
SOCIAL, ANALISANDO CRÍTICA E HISTORICAMENTE A
REALIDADE POLÍTICA, ECONÔMICA, SOCIAL E CULTURAL”
(CFP, 2005, p. 7).
Ao não dissociar a responsabilidade social da análise da sociedade em que se insere, o COEPP
expressa a necessidade de uma reflexão sobre a história das práticas psicológicas e sua relação com a
sociedade.
Regulamentada em 1962, foi nas décadas de 1970 e 1980 (período em que vivíamos uma ditadura civil-
militar) que a Psicologia desenvolveu os fundamentos que iriam servir de base para definir o “papel” da
profissão, ao estabelecer os princípios da relação do saber psicológico com a sociedade e com o mundo
em que vive e se relaciona. Nesse período, a Psicologia conviveu com o cerceamento da liberdade (de
pensamento, política etc.) e a violação dos direitos humanos, quando foram comuns as práticas de
tortura, prisões ilegais e mortes, conforme sabemos.
A crítica à realidade social e os questionamentos a uma realidade opressora não eram validados nos
consultórios, transformando o descontentamento em questão individual passível de tratamento (ajuste).
Ante a imagem que a Psicologia construiu para si no período da ditadura, surgiam questionamentos:
para que serve, afinal, a Psicologia? Qual é o alcance de suas práticas e a quem serviria? Qual
seria o “papel” da Psicologia diante dos desafios presentes numa sociedade tão complexa,
marcada por profundos contrastes e contradições?
Já na década de 1980, o Brasil passava por um período de efervescência cultural e intelectual. O
enfraquecimento e posterior fim da ditadura propiciara um cotidiano de questionamentos de valores e
princípios que se transformaram nas bases da sociedade democrática que temos hoje.
Em sintonia com as discussões de seu tempo, a Psicologia coloca em xeque uma série de posturas e
posicionamentos que marcou a sua breve existência até aquele momento: a ideia de neutralidade e de
seu “DNA” (ajustamento). Isso por entender que essas práticas eram incompatíveis com os valores
democráticos de uma sociedade que se pretendia construir.
Ao ampliar e compreender a importância de suas práticas, a Psicologia estabelecerá, para si, um
compromisso ético baseado no respeito ao “sujeito humano” e aos princípios universais expressos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos; o compromisso de promover, no uso de suas práticas e
saberes, a liberdade, a dignidade, a igualdade e a integridade para todos.
ÉTICA DA PSICOLOGIA
Entendendo o Código de Ética como um documento que reflete a visão dos psicólogos sobre sua
prática, temos o seguinte Artigo:
“[É VEDADO AO PSICÓLOGO]... INDUZIR CONVICÇÕES
POLÍTICAS, FILOSÓFICAS, MORAIS, IDEOLÓGICAS,
RELIGIOSAS, DE ORIENTAÇÃO SEXUAL OU A QUALQUER
TIPO DE PRECONCEITO, QUANDO DO EXERCÍCIO DE SUAS
FUNÇÕES PROFISSIONAIS”
(CFP, 2005, Art. 2º, alínea D).
Conforme vimos anteriormente, se a moral se apresenta como um sistema de conceitos universais que
se realiza de modo individual, mas exclui as diferenças, os dilemas e os questionamentos individuais; se
a ética é definida pela construção de um “modo de ser” que se orienta pela reflexão e pelos
questionamentos individuais sobre os dilemas cotidianos, não se pode duvidar que a religiosidade e a
obediência política se apresentam como uma moral, não podendo, portanto, orientar as práticas da
Psicologia.
Vejamos o seguinte trecho do COEPP:
CÓDIGOS DE ÉTICA EXPRESSAM SEMPRE UMA
CONCEPÇÃO DE HOMEM E DE SOCIEDADE QUE
DETERMINA A DIREÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE OS
INDIVÍDUOS. TRADUZEM-SE EM PRINCÍPIOS E NORMAS
QUE DEVEM SE PAUTAR PELO RESPEITO AO SUJEITO
HUMANO E SEUS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
(CFP, 2005, p. 5)
Fruto de análises, reflexões baseadas em discussões de toda a categoria, a atual versão do Código de
Ética (2005) não visa normatizar a natureza técnica do trabalho dos(as) psicólogos(as), nem prescrever
normas rígidas que limitariam o exercício da profissão. Seu objetivo é servir como documento que
estimule a autorreflexão sobre as práticas e a percepção de como estas se relacionam com a concepção
de homem(mulher) da sociedade que se almeja alcançar.
Isso posto, ainda ficam perguntas no ar: afinal, quais valores e princípios orientam as práticas e fazeres
da Psicologia? Quais seriam os direitos fundamentais aos quais se refere o Código de Ética?
A esse respeito, a Introdução do Código não pode ser mais clara. O texto reflete, de forma objetiva, a
definição de direitos fundamentais e os conceitos expressos no Art. 5º da Constituição Brasileira de
1988 (“a constituição cidadã”), a primeira depois do período da redemocratização.
Considerados “cláusulas pétreas”, ou seja, que não podem ser modificadas por lei ou decreto, por serem
universais (inspirados na Declaração Universal dos Direitos Humanos), os valores expressos nessa
sessão da Constituição são aqueles que regem e organizam as relações sociais e as obrigações do
Estado para com o povo. Lá, encontramos o direito à liberdade de culto e de crença, de pensamento —
seja político, filosófico ou intelectual —, o direito à vida, à igualdade de gênero, a não ser descriminado
por qualquer motivo, enfim, uma longa lista de direitos.
Decerto, o direito de divergir, de ter uma opinião, encontra-se aí garantido, sendo um dos pilares de uma
sociedade democrática de direito. A própria Psicologia — com sua diversidade de teorias, seus objetos e
objetivos — reflete esses valores. É comum, por exemplo, observarmos psicólogos(as) de diferentes
“linhas” divergirem em relação a determinadas concepções teóricas e seus encaminhamentos, mas a
liberdade de defender suas convicções não significa que psicólogos(as) não tenham que se
responsabilizar por possíveis excessos cometidos na defesa de pontos de vista individuais.
 ATENÇÃO
Ter direitos significa, também, ter deveres que se traduzem, no campo da ética, em responsabilidades para
com as pessoas e a coletividade, ou seja, a liberdade individual ou coletiva de pensamento e opinião não
pode se opor aos regulamentos e resoluções, fruto de intensos debates e reflexões coletivamente
construídos, que, uma vez instituídos, definem os valores que orientam a forma como a Psicologia concebe
sua prática e os ideais de homem e sociedade que almejamos.
Uma atitude ética não implica a imposição ou a aceitação inconteste de regras, visto que estas
caracterizam a moral. Uma atitude ética implica a compreensão de que a despeito das convicções
pessoais do(a) psicólogo(a), a Psicologia é um campo do saber construído coletivamente, não cabendo
— seja por vaidade, arrogância ou ignorância— utilizar suas técnicas, teorias e práticas para satisfazer
posturas e ideais que representem somente a si ou submetê-la a uma moral coletiva, alheia à profissão.
VALORES E PRINCÍPIOS QUE ORIENTAM AS
PRÁTICAS DA PSICOLOGIA
O especialista Mauro Carvalho reflete sobre o papel do código de ética do psicólogo, destacando a
natureza técnica do trabalho dos psicólogos.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
A lei 4119 que regulamenta a profissão de psicólogo
Valores e princípios que orientam as práticas e fazeres da psicologia
VERIFICANDO O APRENDIZADO
DEONTOLOGIA E ÉTICA: DILEMAS DE UM
CÓDIGO DE ÉTICA
O Código de Ética Profissional do Psicólogo (COEPP) de 2005 foi fruto de longas discussões e debates,
e envolveu grande parte dos(as) psicólogos(as), além da contribuição de professores, pesquisadores,
MÓDULO 3
 Descrever os fundamentos, princípios e normas do Código de Ética Profissional do Psicólogo
estudantes e sociedades científicas. Vamos entender isso melhor.
Fruto de intensas discussões de toda a categoria, o atual Código de 2005 (terceiro, desde a
regulamentação da profissão em 1962) acumula uma série de sentimentos conflitantes, críticas e
divergências sobre o seu sentido e significado. À diferença dos códigos anteriores, a principal
característica do Código de 2005, nos aponta Amendola (2014, p. 676), foi “deixar de ser um
instrumento fundamentalmente prescritivo para ser um Código que permite o exercício do pensamento,
possibilitando que a ética se faça presente, enquanto associada à prática profissional”.
 COMENTÁRIO
Se por um lado, conforme veremos, essa afirmativa encontra correlato na COEPP, por outro,
encontramos nela uma contradição intrínseca, pois todo Código profissional é, por definição, uma
deontologia, um estudo da moral que estabelece os limites da prática profissional na sua relação com a
sociedade. Como pode um estudo sobre a moral ser a expressão de uma ética?
Afinal, a que se destina um código de ética?
A ética, por definição, não ignora a existência de regras e normas morais que organizam as relações
numa sociedade. Ao contrário, reconhece a sua existência, ao mesmo tempo em que a analisa
criticamente, buscando formas de agir e pensar marcadas pela inclusão das diferentes formas de
conceber a si e ao mundo. Ser ético, nesse sentido, implica a reflexão constante, um fazer que se difira
da moral por reconhecer a complexidade do outro e da realidade na busca por soluções para os dilemas
e conflitos da vida em sociedade.
A missão primordial de um código de ética profissional não é normatizar a natureza técnica do trabalho,
mas assegurar, com valores relevantes para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão
de conduta que fortaleça o reconhecimento social daquela categoria (CFP, 2005. p. 5).
Para que o processo reflexivo e dinâmico da ética seja possível, a atuação profissional do psicólogo não
pode ficar restrita à normatização das técnicas ou basear-se em valores relevantes a determinados
grupos, mas deve defender uma “concepção de homem e de sociedade” que se traduza em princípios e
normas pautadas pelo “respeito ao sujeito humano e seus direitos fundamentais” (CFP, 2005, p. 5).
A atuação dos(as) psicólogos(as), segundo essa lógica, deve manter um padrão técnico que assegure o
respeito aos valores considerados relevantes para a sociedade. Ao eleger como ideal os valores
expressos na Declaração Universal de Direitos Humanos, o Código de Ética da Psicologia estabelece,
como norte, a construção de uma sociedade igualitária e justa, ideais que traduzem, de maneira clara e
objetiva, o conceito de “responsabilidade social” adotado pela profissão.
Ao estabelecer para si a concepção de sociedade que almeja atingir e os limites que devem ser
respeitados pela Psicologia, o COEPP cumpre seu destino moral e se estabelece como uma
deontologia. Ao delimitar fronteiras tão extensas, o COEPP inova em relação aos códigos anteriores,
traçando para a profissão um território vasto e amplo, no qual o fazer ético da Psicologia encontra
espaço para desenvolver toda sua potencialidade, desfazendo as possíveis contradições conceituais
que ainda poderiam subsistir.
PRINCIPAIS ASPECTOS ÉTICOS DO CÓDIGO DE
ÉTICA
Ponto de debates acalorados, o Artigo 9º do COEPP anuncia o ideal de ética que o orienta ao afirmar
que “É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional, a fim de proteger, por meio da
confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações a que tenha acesso no exercício
profissional” (CFP, 2005, p. 13, grifo nosso).
Ensinado e discutido em praticamente todas as teorias e presente em quase todas as áreas de atuação
profissional, o sigilo pode ser considerado uma das principais marcas da atuação dos(as)
psicólogos(as). E, quanto a isso, é provável que exista uma concordância significativa sobre o tema.
As polêmicas começam no parágrafo seguinte:
“ART. 10º. NAS SITUAÇÕES EM QUE SE CONFIGURE
CONFLITO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DECORRENTES DO
DISPOSTO NO ART. 9º E AS AFIRMAÇÕES DOS PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DESTE CÓDIGO, EXCETUANDO-SE OS
CASOS PREVISTOS EM LEI, O PSICÓLOGO PODERÁ
DECIDIR PELA QUEBRA DE SIGILO, BASEANDO SUA
DECISÃO NA BUSCA DO MENOR PREJUÍZO.
(CFP, 2005, p.13, grifo nosso)
Vejamos. É dever do(a) psicólogo(a) respeitar o sigilo profissional, mas poderá decidir pela quebra de
sigilo quando decidir que essa decisão causará um prejuízo menor do que mantê-lo? Confuso? Nem
tanto.
Imaginemos o seguinte caso
Uma terapeuta psicóloga atende um paciente por muitos anos. Durante uma das sessões, ele relata que
decidiu matar sua esposa e filhos e se matará em seguida. Diferente das outras vezes, nesse dia, a
terapeuta acredita que ele vá cumprir sua “promessa” e partir para a ação, ou seja, cometer um
assassinato e, logo depois, se suicidar. Cria-se, então, um dilema para a psicóloga: manter o sigilo
sabendo que pode ser cúmplice de um crime anunciado ou alertar as pessoas que podem intervir na
situação, evitando assim um “mal maior”?
Não se pode negar que o direito à vida é um direito fundamental que devemos garantir, logo, a quebra
de sigilo profissional seria, nesse caso, uma necessidade que se justificaria por si só. Mas o caso
continua...
A psicóloga resolve, então, comunicar aos responsáveis a situação do paciente e as suas conclusões. O
evento trágico é evitado. Meses depois, a terapeuta é chamada à Comissão de Orientação e Ética
(COE, instância que avalia e delibera sobre as possíveis infrações éticas) do Conselho Regional de
Psicologia (CRP) para responder por uma denúncia de quebra de sigilo.
Ante ao desfecho pouco favorável para a psicóloga, poderíamos conjecturar: se a quebra de sigilo foi a
reposta “errada” e gerou problemas profissionais, manter o sigilo seria a única resposta possível?
Voltemos ao caso mais uma vez.
Imaginemos que a terapeuta resolva respeitar o sigilo, mas, tragicamente, o paciente cumpre sua
promessa. A terapeuta pode entender que, independentemente da quebra ou não da confidencialidade,
o desfecho do caso seria, ainda assim, imprevisível. Segundo a decisão da psicóloga, o mais importante
é que ela se manteve fiel aos princípios mais tradicionais da profissão, o sigilo profissional.
Bem, tempos depois, para sua surpresa, a terapeuta é chamada à Comissão de Orientação e Ética
(COE): parentes alegam que a morte dos seus familiares poderia ser evitada, se a psicóloga...
quebrasse o sigilo!
Ante uma aparente contradição e a ausência de respostas corretas diante de certas situações que
envolvem ética profissional, cabe-nos revisitar alguns conceitos.
Conforme vimos, a moral aponta a obrigação para com as regras e normas que regulam as relações
entre as pessoas numa sociedade. A ética, por sua vez, nos conclama à reflexão, como devo agir ante a
complexidade, o dinamismo e a peculiaridade de uma determinada situação.
Liberdade individual ou limitação da liberdade em nome da segurança da vida comunitária, eis o dilema!
Para Bauman (2011), o individualismo contemporâneotem como característica uma liberdade nunca
antes desfrutada (liberdade de escolha, de identidade etc.). Sem ser constrangido a “obedecer”
nenhuma regra ou ter alguém que lhe diga o que fazer, restaria um estado de incerteza aguda que,
transformada em angústia, levaria os sujeitos a desejarem controles que limitem sua liberdade em nome
da tranquilidade das escolhas obrigatórias, desresponsabilizando-se do resultado de suas ações.
 SAIBA MAIS
Esse estado de incerteza aguda gera enorme ansiedade também entre os psicólogos (claro!), não raro,
muitos deles questionam a “liberalidade” exagerada do Código de Ética, conclamando uma revisão, para que
as normas sejam mais claras e os limites profissionais mais explícitos.
Eis o dilema mais concreto da ética, que se realiza numa prática que conclama à reflexão permanente,
exigindo posicionamento que não implica, necessariamente, em uma boa escolha ou na certeza de
saber que fez o bem. A ética exige uma busca constante de elementos que justifiquem uma escolha
fundamentada (para atingir o “menor prejuízo”), com a avaliação dos riscos e das possibilidades
enquanto se responsabiliza por seus desdobramentos.
O SIGILO PROFISSIONAL NA PRÁTICA DO
PSICÓLOGO
Assista a reflexão do especialista Mauro Carvalho sobre a importância do sigilo profissional e apresenta
diversos exemplos de situações polêmicas na prática do psicólogo, abordando as limitações deste
princípio.
ÉTICA SOB OS HOLOFOTES TELEVISIVOS
Durante um reality show, um artista é chamado para contar a sua história. Instado a falar, não
economiza nos detalhes. Ao longo de 15 minutos, a plateia do estúdio e os espectadores assistem ao
vivo, escutam e observam atentamente enquanto o homem conta sobre angústias, medos, conflitos e
desafios pessoais. Atrás das câmeras, uma psicóloga ouve atentamente o relato, faz suas anotações e
elabora perguntas que fará logo depois, a fim de esclarecer algum ponto que, porventura, o artista
considere importante.

Corta para o comercial. Quando o programa retorna, a psicóloga está a postos, com seu diagnóstico
completo, pronto para ser lido perante as câmeras para cativar a multidão de espectadores que esperam
ansiosos a interpretação técnica daquela história.
Durante a exposição da psicóloga, nada escapa ao seu olhar atento e minucioso. Sua fala desfila
complexos, neuroses, personalidades mal estruturadas e traumas psíquicos que se sucedem numa
sequência de teorias e autores. Tudo organizado numa ordem previamente concebida para cativar o
público e demonstrar seu domínio da técnica.


Ao final do quadro: o choro do artista, o abraço da psicóloga e os aplausos efusivos denunciam o
sucesso da atração. Corta a cena. Os personagens são retirados do palco enquanto o apresentador
continua a entreter a pequena plateia com uma nova atração.
Após alguns episódios, o programa sai do ar e é remodelado. A psicóloga sai do quadro de participantes
após questionamentos de seus colegas de profissão e dos órgãos representativos da Psicologia.


Em sua defesa, ela considera não ver nada de errado no formato do reality show, aliás, considera que
sua participação divulga a profissão. Seus comentários não são vulgares, mas tecnicamente corretos.
E mais: tomara o cuidado de alertar ao participante do programa que aquilo seria apenas uma “prévia”,
um exemplo da prática da Psicologia, uma atração inocente, conclui a psicóloga.

NOS BASTIDORES DA ÉTICA
Vamos refletir um pouco sobre o caso relatado anteriormente. No Artigo 19º do COEPP, lemos o
seguinte:
“O PSICÓLOGO, AO PARTICIPAR DE ATIVIDADE EM
VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO, ZELARÁ PARA QUE AS
INFORMAÇÕES PRESTADAS DISSEMINEM O
CONHECIMENTO A RESPEITO DAS ATRIBUIÇÕES, DA BASE
CIENTÍFICA E DO PAPEL SOCIAL DA PROFISSÃO”
(CFP, 2005, p. 15)
Por mais que se possa debater as questões da técnica e a forma como as teorias foram utilizadas pela
psicóloga no reality show, o Código é claro. Não há o que discutir, afinal, ela alega que, inclusive,
divulgava as práticas da Psicologia, utilizando de forma fundamentada, técnica e teoricamente — e com
o consentimento da pessoa (conforme Art. 16º). Caso encerrado. Será? Veremos.
Ao tratar da publicidade dos serviços da Psicologia, o Artigo 20º, alínea H, adverte que “não se fará
divulgação sensacionalista das atividades profissionais”.
Numa visão geral da cena apresentada, não se pode negar que a situação poderia ser considerada um
caso de sensacionalismo — para mais ou para menos, a depender de quem irá interpretá-la —, ao
demonstrar, de maneira tendenciosa e pouco usual, como determinadas análises psicológicas são
construídas com o objetivo restrito de cativar a audiência. Essa interpretação recairia numa “infração
disciplinar”.
Ao revisar as cenas que comprovariam a existência do “crime”, talvez se percebesse que o possível
“infrator”, na verdade, não fez qualquer predição ou diagnóstico. A psicóloga apresentou suas
conclusões como “hipóteses”, algo a ser explorado, caso a pessoa desejasse, num contexto mais
“adequado”, ou seja, no consultório clínico. Dessa forma, a psicóloga não poderia ser culpada por
“previsões taxativas” de possíveis resultados. Logo, a psicóloga seria inocente.
 COMENTÁRIO
Caso fosse um debate real, poderíamos, ainda, apresentar muitos outros argumentos contra ou a favor
do caso. As questões técnicas da clínica, a utilidade ou a inutilidade de divulgar o trabalho da Psicologia
pelos meios de comunicação, a espetacularização e a banalização do saber psicológico, enfim,
poderíamos, como juízes e advogados, buscar argumentos contra ou a favor da permanência ou não
das práticas profissionais da Psicologia em programas nas diferentes mídias.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
O COEP é uma deontologia?
Nos bastidores da ética
VERIFICANDO O APRENDIZADO
“TODAS AS PESSOAS, MULHERES E HOMENS
NASCEM LIVRES E IGUAIS EM DIGNIDADE E
MÓDULO 4
 Reconhecer os direitos humanos universais como diretrizes que orientam as práticas
psicológicas
DIREITOS.”
Neste quarto e último módulo, trataremos dos direitos humanos universais que inspiram os ideais
expressos pelo Código de Ética Profissional do Psicólogo e que vão estabelecer os parâmetros éticos
que orientam a forma da Psicologia conceber suas práticas, a relação entre os psicólogos com outras
profissões e com a sociedade em geral.
Elaborada em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) surge a partir da
necessidade de estabelecer uma legislação que, uma vez pactuada por todas as nações, servisse como
guia para se evitar as atrocidades vivenciadas em duas guerras mundiais. Podemos perceber a tradução
de seu “espírito” quando a Declaração formula que os direitos humanos são inalienáveis (direitos que
não podem ser retirados ou modificados) e abrangem todas as pessoas por elas serem, simplesmente,
humanas. Nada mais simples.
 SAIBA MAIS
Em seus 30 artigos, a Declaração estabelece, por exemplo, que todas as pessoas devem ser tratadas de
maneira igualitária, não podendo ser discriminadas por sua cor, sexo, religião, idioma, nacionalidade ou
condição econômica e cultural. Isso significa que todos, sem exceção, têm direito à vida, à liberdade de
expressão, à educação e à saúde, entre outros.
Como um dos signatários da Declaração, o Brasil se comprometeu a cumprir e fazer cumprir esses
princípios. Conforme vimos, no entanto, esses direitos não se fizeram presentes de imediato no Brasil,
pois nos 21 anos de ditadura civil-militar (1964-1985) vivemos o oposto, um período marcado pela
violência e violação dos direitos.
Somente após a redemocratização, com a promulgação da Constituição de 1988 (chamada de
“constituição cidadã”), os direitos universais passaram a figurar como fundamentais, marcando, de forma
indelével, os direitos pessoais e as obrigações do Estado brasileiro na garantia de sua execução.
É importante salientar um detalhe: para que não houvesse dúvidas ou possíveis interpretações que
desvirtuassem as intenções dos constituintes eda sociedade naquele momento, o Art 5º da Constituição
de 1988, na parte dos “Direitos e Garantias Fundamentais”, expressa:
TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI, SEM DISTINÇÃO DE
QUALQUER NATUREZA, GARANTINDO-SE AOS
BRASILEIROS E AOS ESTRANGEIROS RESIDENTES NO
PAÍS A INVIOLABILIDADE DO DIREITO À VIDA, À
LIBERDADE, À IGUALDADE, À SEGURANÇA E À
PROPRIEDADE.
(BRASIL, 1988)
É importante lembrar que este Artigo e seus incisos (78 no total), dada sua importância, configuram
“causas pétreas”, ou seja, não podem ser alterados, modificados ou retirados pelos governantes de
momento ou para atender interesses de qualquer espécie.
DIREITOS HUMANOS PARA HUMANOS DIREITOS?
É possível que, em algum momento, você tenha ouvido a frase que serve de título para este tópico.
Normalmente, ela vem seguida de frases polêmicas: “Direitos humanos é para proteger bandido! Cadê
os direitos humanos das vítimas?”, “Bandido bom é bandido morto!”.
Muitas vezes nos deparamos com essas frases. Mobilizadas pelos afetos e sentimentos, as pessoas
passam a desejar o sofrimento (e mesmo a morte!) daquele que, por algum motivo, é identificado como
causa de desassossego e sofrimento.
Historicamente, essa forma de perceber o mundo tem motivado todo tipo de violência, guerras e
genocídios; ódio a uma determinada etnia, a uma religião, aos emigrantes, a um pensamento político.
Pela via moral, o ódio e a vingança são sempre afetos indesejados, o que nos leva a querer nos livrar
deles e de seus efeitos. Na impossibilidade dessa tarefa, porque os afetos são imanentes, ou seja,
indissociáveis da existência humana, resta outro caminho: eliminar as causas pelo extermínio daquele
que, com sua diferença, tornou-se a causa do sofrimento — se, por um momento, você chegou a pensar
na violência racial, sexista ou homofóbica, você está no caminho certo!
 VOCÊ SABIA
Os direitos humanos são, por definição, um princípio que só pode ser perseguido por meio de uma atitude
ética, pois é ela que conclama a existência de modos de ser marcados pela convivência entre as diferenças,
conclamando à construção de formas de coletividade inclusivas, marcadas pela liberdade, pelo fim da
segregação, da intolerância ou do preconceito.
Para que os direitos humanos se estabeleçam, precisamos, num exercício constante, pessoal ou
profissional, refletir sobre nossa moralidade, em especial quando ela busca impor ao outro
“normalidades” pretensamente universais, mas que refletem somente uma visão restrita de si e do
mundo.
 EXEMPLO
Num contexto restrito, teríamos, por exemplo, não uma liberdade plural, mas a imposição de uma
sexualidade, uma religiosidade, uma crença, uma ideologia, um posicionamento político, surgidos da
definição estreita do que é bom/mal, certo/errado, normal/patológico etc. Em outras palavras, essa ideia
poderia ser traduzida assim: “Tudo que é bom é aquilo que me é familiar; mau é aquilo que desconheço, que
é diferente. O que é “estranho” aos meus valores e ideais não me servem, por isso odeio e quero sua
eliminação”.
Nesse sentido, as formulações da Declaração Universal dos Direitos Humanos surgem como um ideal a
ser permanentemente perseguido. Pregar a igualdade e a convivência, sem distinção, permite-nos
interrogar nossas próprias limitações, nossa incapacidade e a necessidade de promover, pela via da
ética, a reflexão, construindo formas de conviver com as diferenças e a capacidade de refletir a
diversidade humana. Para isso servem os ideais: eles nos apontam o caminho a seguir e o que
devemos alcançar.
Por fim, voltemos ao começo: direitos humanos para humanos direitos?
Com certeza, essa frase está equivocada. Humanos direitos são aqueles que pregam a eliminação das
diferenças? Reformulemos, então, a frase sob a ótica do que discutimos até agora: “Direitos humanos
inclusive para humanos (supostamente) direitos”.
Direitos para todos, independentemente da forma de pensar, da cor da pele, da etnia, da sexualidade,
da religiosidade etc. Direitos humanos para aqueles que, sob a ótica moral, imaginem-se como
“humanos direitos”.
LEGISLAÇÃO, CÓDIGO E DIREITOS HUMANOS
Nos módulos anteriores, discutimos como os direitos universais/fundamentais influenciaram a
construção de uma “identidade” para a Psicologia e como eles inspiraram a elaboração do Código de
Ética Profissional do Psicólogo. Para compreendermos a dimensão desses princípios norteadores,
devemos ir além, buscando nas resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP) sua tradução mais
fidedigna.
“O PSICÓLOGO BASEARÁ O SEU TRABALHO NO
RESPEITO E NA PROMOÇÃO DA LIBERDADE, DA
DIGNIDADE, DA IGUALDADE E DA INTEGRIDADE DO SER
HUMANO, APOIADO NOS VALORES QUE EMBASAM A
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS.”
(CFP, Princípios Fundamentais, p. 7)
Imagine a seguinte cena
Um paciente transexual procura terapia porque se sente descriminado e oprimido por seus familiares e
pela sociedade em geral. Durante os atendimentos, ele narra cenas de agressão, violência e, não raro,
desprezo, indiferença e até mesmo “nojo” por parte de algumas pessoas que repudiam sua identidade
de gênero e opção sexual. Mesmo estranhando o comportamento do(a) terapeuta quando este(a)
pergunta sobre um suposto desejo de “voltar a ser hetero-cis”, as sessões se sucedem até que um dia
o(a) terapeuta torna-se mais explícito e afirma que “ele deveria se reconverter, adequar-se a seu gênero
biológico, pois só assim conseguiria uma solução para suas demandas”.
Quando adentramos no campo das questões de gênero e sexualidade, não são poucas as controvérsias
e os debates que se revelam sobre o tema. Para compreendermos o histórico recente dessa questão,
sua relação com o tema deste módulo e as repercussões para a Psicologia, começaremos com a
Resolução 01/99, que proíbe aos(às) profissionais da Psicologia de exercer ou promover práticas que
favoreçam a patologização de comportamentos ou de práticas homoeróticas.
Fruto, ainda que tardio, de um consenso internacional construído ao longo de décadas, a Resolução
01/99 expressa as conclusões de uma série de lutas, debates e reflexões desenvolvidos pela categoria.
Seus Artigos, nesse sentido, regulamentam o entendimento de que a homossexualidade não é uma
patologia e sim uma possibilidade de viver o sexo e a sexualidade de seu corpo, livre de preconceitos
sociais.
As consequências dessa Resolução são imediatas: “não se poderia mais tratar aquilo que não é
doença”, ou seja, o psicólogo não teria mais liberdade de adotar tratamentos não solicitados ou de
promover terapias de cunho “reconversivo” (homo/hétero), práticas que, anos depois, receberam o nome
de “cura gay”.
 SAIBA MAIS
Ainda hoje, décadas depois, essa regulamentação continua a repercutir, pois ainda existem psicólogos(a)
que defendem a “eficácia de suas técnicas reconversivas”, mesmo sem evidências técnicas ou teóricas que
as fundamentem. Reivindicam o direito de exercer as técnicas reconversivas e consideram que as limitações
impostas pela Resolução seriam uma restrição à “liberdade de pensamento e crença”, a despeito das
evidências de que essas práticas profissionais representem o “dogmatismo moral” em sua mais clara
expressão.
Num tempo mais recente, a Resolução CFP 01/2018 reforça os princípios expressos na Resolução
01/99, ampliando sua interpretação ao estabelecer “normas de atuação para as psicólogas e os
psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis”. Em seu Art. 4º, a Resolução CFP 01/2018
vai além ao afirmar que:
“AS PSICÓLOGAS E OS PSICÓLOGOS, EM SUA PRÁTICA
PROFISSIONAL, NÃO SE UTILIZARÃO DE INSTRUMENTOS
OU TÉCNICAS PSICOLÓGICAS PARA CRIAR, MANTER OU
REFORÇAR PRECONCEITOS, ESTIGMAS, ESTEREÓTIPOS
OU DISCRIMINAÇÕES EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
TRANSEXUAIS E TRAVESTIS.”
(CFP, Resolução 01/2018)
Nas considerações que introduzem o texto dessa Resolução, temos uma explicação que expõe a
necessidade de afirmação deste artigo:
“CISNORMATIVIDADE [CORRESPONDÊNCIA ENTRE O
SEXO E O BIOLÓGICO] REFERE-SE AO REGRAMENTO
SOCIAL [MORAL] QUE REDUZA DIVISÃO DAS PESSOAS
APENAS A HOMENS E MULHERES, COM PAPÉIS SOCIAIS
ESTABELECIDOS COMO NATURAIS, POSTULA A
HETEROSSEXUALIDADE COMO ÚNICA ORIENTAÇÃO
SEXUAL E CONSIDERA A CONJUGALIDADE APENAS
ENTRE HOMENS E MULHERES CISGÊNEROS.”
(CFP, Resolução 01/2018)
O debate, no entanto, não se restringe às questões de gênero, pois dada a insistência de alguns(mas)
psicólogos(as) em promoverem o preconceito, desta feita étnico-racial, houve na Resolução 18/2002
(Artigos 2º, 3º e 4º) a necessidade de reafirmar que, aos psicólogos, é vedado exercer ações que
favoreçam o preconceito de raça ou etnia, que não podem ser omissos ante ao crime de racismo e, por
fim, que não devem utilizar os instrumentos ou as técnicas da Psicologia para manter ou reforçar
preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminação racial.
Ao pregar a igualdade de direitos e a fraternidade, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
espelhada no Código de Ética nos oferece, como já discutimos anteriormente, uma visão da sociedade
que desejamos como profissionais de Psicologia.
Ao promover a discriminação e a opressão, seja ela direcionada às questões de gênero, étnico-raciais
ou sexistas, certos(as) psicólogos(as) da área não refletem os avanços e as conquistas de uma
profissão que tem como ideal a promoção da “liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do
ser humano”. Eles externam apenas deficiência técnica, limitação pessoal e profissional, características
incompatíveis com a responsabilidade social que assumimos quando escolhemos a Psicologia.
DIREITOS HUMANOS INCLUSIVE PARA
HUMANOS (SUPOSTAMENTE) DIREITOS
Neste vídeo, a partir do uso de exemplos, o especialista Mauro Carvalho reflete sobre os sentimentos de
desconforto associados a grupos e práticas que socialmente tentamos eliminar ou excluir e a forma
como o psicólogo precisa se posicionar.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
O que são os Direitos Humanos?
A polêmica envolvida na “cura gay”.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONCLUSÃO
Como vimos, a ética e os direitos humanos universais inspiraram a elaboração do Código de Ética
Profissional do Psicólogo, documento que revela uma visão abrangente sobre como a Psicologia
concebe seu campo de saber, marcado pela necessidade de aprimoramento técnico e teórico
permanente e pelo estabelecimento de parâmetros para a atuação profissional.
Vimos ainda que o Código de Ética da Psicologia é fruto de um processo histórico de amadurecimento.
Ao se propor como um documento orientador e não uma prescrição de práticas, procurou, em suas
atualizações, renovar a reflexão sobre os diferentes aspectos do exercício profissional. Em síntese, o
Código de 2005, o mais recente, busca estabelecer os parâmetros e as diretrizes para o trabalho de
psicólogos(as) e servir de base para os ideais de sociedade que a Psicologia adota para si e que busca
promover por meio de suas práticas.
Durante todo o trajeto escolhido para discutir esse conteúdo, os encontros (e desencontros) entre a
ética, a prática dos(as) psicólogos(as), o código de ética e os direitos humanos forneceram muitas
possibilidades de análises, embates, dúvidas e questionamentos sobre como esses temas se articulam
nos espaços onde os(as) psicólogos(as) se fazem presentes.
 PODCAST
Agora, o especialista Mauro Carvalho finaliza demonstrando a relação entre o COEP, os direitos
humanos universais e a prática do psicólogo.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AMENDOLA, M. F. História da construção do Código de Ética Profissional do Psicólogo. In:
Estudos e Pesquisa em Psicologia. Rio de Janeiro, ago. 2014, v. 14, nº 2.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômano. São Paulo: Edipro, 2002.
Bauman, Z. A ética é possível num mundo de consumidores? Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. São Paulo: Forense Universitária, 2011.
COIMBRA, C. M. B. Guardiães da ordem: uma viagem pelas práticas psi no Brasil do “Milagre”. Rio de
Janeiro: Oficina do Autor, 1995.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Código de Ética Profissional do Psicólogo, 2005.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Resolução Nº 2, de 15 de agosto de 1987. Código de
ética profissional do psicólogo. Consultado na Internet em: 15 set. 2021
ESPINOSA, B. Ética. Coleção “Os Pensadores”. Rio de Janeiro: Abril, 1980.
FREUD, S Totem e tabu: contribuição à história do movimento psicanalítico e outros textos. Rio de
Janeiro: Companhia das Letras, 2018.
FREUD, S. Mal-estar na cultura. São Paulo: Autêntica, 2010.
LA TAILLE, I. Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2013.
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948.
PEDRO, A. P. Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades em torno de um conceito.
In: Kriterion, Belo Horizonte, dez. 2014, nº 130, p. 483-498.
SILVA, F. F. Psicologia no contexto da ditadura civil-militar e ressonâncias na contemporaneidade.
Psicologia: Ciência e Profissão, 2017, 37 (n. spe), p. 82-90.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, assista no Youtube:
À live A Psicologia em defesa da despatologização das identidades de gênero e sexualidade,
realizada pelo Conselho Federal de Psicologia em comemoração aos 22 anos da Resolução 01/99,
que estabelece as normas de atuação para psicólogos e psicólogas em relação à orientação
sexual.
À live Pensando o lugar da religiosidade e da laicidade na Psicologia, realizada pelo Conselho
Regional de Psicologia 05 (Rio de Janeiro), com a participação de Héder Lemos Bello e Tatiana
Lionço, na qual discutem as questões relacionadas à religiosidade e à laicidade na Psicologia.
À aula aberta Psicanálise brasileira nos tempos da ditadura: os casos de Amílcar Lobo e Hélio
Pellegrino, realizada no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
À entrevista Entre nós: ética, direitos humanos e Psicologia, com Vera Paiva, membro da
Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia.
CONTEUDISTA
Mauro Carvalho

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