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Aula 4- O respeito à diversidade, à inclusão e à multicultura

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07/03/2022 16:43 O respeito à diversidade, à inclusão e à multicultura
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02661/index.html#imprimir 1/48
O respeito à diversidade, à inclusão e à
multicultura
Prof. Ricardo Dias de Castro
Descrição
A valorização afirmativa de saberes e experiências de sujeitos e comunidades historicamente
subalternizados e subalternizadas, como mulheres, indígenas, negros e LGBTQIA+.
Propósito
Contribuir para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão por meio da apreciação dos princípios fundamentais do Código de Ética de Psicologia
no trabalho do profissional psicólogo e do amplo respeito ao projeto democrático de sociedade.
Objetivos
Módulo 1
A multiculturalidade étnico-racial do Brasil
Localizar a multiculturalidade étnico-racial do Brasil.
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Módulo 2
A diversidade da sexualidade humana
Reconhecer a diversidade constituinte da sexualidade humana.
Módulo 3
A produção de subjetividades e coletividades
marginalizadas no Brasil
Identificar a produção de subjetividades e coletividades marginalizadas no Brasil.
Módulo 4
As práticas de valorização à diversidade da sociedade
brasileira
Aplicar saberes e práticas de valorização da diversidade da sociedade brasileira.
A Psicologia tem um forte compromisso com a potencialização da vida, da dignidade humana e do
respeito aos princípios constitucionais e democráticos. Nesse sentido, espera-se que um estudante da
área compreenda e defenda o respeito e a valorização da diversidade de estilos, pensamentos, desejos,
religiões, corpos, sexualidades, gêneros e culturas.
Na prática da Psicologia, não tomamos os critérios de certo e errado, normal e anormal ou moral e
imoral das nossas experiências individuais e familiares. Tampouco consideramos visões únicas,
totalitárias e universais que caibam como uma “régua” para todos os sujeitos e as sociedades. Desse
modo, devemos garantir que as pessoas exerçam suas diferenças e singularidades sem que sejam
degradadas, desumanizadas ou exterminadas por isso.
Neste conteúdo, veremos alguns pontos sobre a formação sociorracial do Brasil, os debates sobre a
diversidade de gênero e sexual, as lógicas de produção da desigualdade e, por fim, os saberes e as
práticas que pretendem combater as violências e as desigualdades que se institucionalizaram no país.
Cabe destacar que o conteúdo aqui apresentado constitui uma maneira – mas não a única – de ampliar
Introdução
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1 - A multiculturalidade étnico-racial do
Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de localizar a multiculturalidade
étnico-racial do Brasil.
Formação do Brasil
A história de formação do Brasil é plural e diversa, uma vez que distintos povos participaram da construção
do país. Além de portugueses, espanhóis, holandeses e franceses, também participaram os povos indígenas
originários, que já habitavam aqui, e os povos negros, que foram sequestrados da África para servir como
escravos e viabilizar o acúmulo do capital, sobretudo, dos portugueses.
Outros povos, em tempos atuais, também atuam na constituição de nossa multicultural brasilidade, como
alemães, italianos, japoneses e chineses.
Quando falamos de multiculturalismo, referimo-nos às múltiplas expressões étnico-raciais, religiosas,
o debate sobre inclusão e diversidade.
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culturais, cosmológicas, estéticas, culinárias e linguísticas, entre outras, que foram possibilitadas a partir do
contato direto entre distintos povos mundiais que terminaram por se encontrar nesse mesmo espaço
chamado Brasil.
Sabemos da necessidade de reconhecer que o Brasil possui uma formação plural e diversa. No entanto, a
multiculturalidade não pode servir a um discurso que torne invisível a violência promovida nesse “encontro” –
nada amistoso – entre distintas culturas. Com isso, é importante reforçar que não houve equilíbrio de forças
no encontro entre esses povos.
Ainda que o Brasil faça um uso estratégico, nacional e internacionalmente, da imagem de um país que vive
uma democracia racial, em que habita uma perfeita igualdade étnica, sabemos que não é bem assim.
Raça e racismo
Origem da ideia de raça
Segundo Antônio Sérgio Guimarães (1999), a raça deve ser compreendida como uma categoria de análise
social. Dessa forma, quando a abordamos, não estamos falando de construtos biológicos ou de raças
humanas que separam os distintos povos.
Como a cultura tem o poder de golpear a natureza, a ideia da superioridade biológica de alguns povos foi e
permanece sendo um construto sócio-histórico e político das comunidades. Tal ideia tem sido muito eficaz
na manutenção e na reprodução de privilégios materiais e simbólicos que transformam diferenças entre
povos em desigualdades estruturais.
Ainda que não existam raças humanas biológicas – assim como a ciência
hegemônica do século XIX e XX quis comprovar –, a ideia social de raça ainda opera,
materializando-se nas relações humanas como verdade.
Isso ocorre porque critérios fenotípicos foram e são comprovadamente utilizados para classificar, identificar e
orientar nossas ações junto aos distintos povos.
A ideia de raça, portanto, ainda que não seja cientificamente comprovada, opera como um discurso
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ideológico imaginário. Tal discurso hierarquiza a diversidade humana, tomando traços fenotípicos como
preditores de características psicológicas, morais, intelectuais que produzem desigualdade entre os distintos
povos.
Racismos cientí�co e biológico
Considerando a origem e o uso da ideia de raça, podemos afirmar que o racismo é:
(...) mais especificamente entendido como uma construção ideológica, que
começa a se esboçar a partir do século XVI com a sistematização de ideias e
valores construídos pela civilização europeia, quando estes entram em contato
com a diversidade humana nos diferentes continentes, e se consolida com as
teorias científicas em torno do conceito de raça no século XIX.
(SCHUCMAN, 2012, p. 33).
As teorias em torno da raça são atualmente chamadas de racismo científico e racismo biológico. Os termos
são sinônimos que apontam para um campo da ciência dos séculos XIX e XX que se esforçava para provar
que povos não ocidentais e não brancos eram biologicamente inferiores aos brancos europeus.
Observe que a ciência que hoje usamos para combater o racismo já foi campo político para a manutenção da
exploração colonial.
Ser branco, em um país com histórico colonial e racista como o Brasil, produz situações de vantagens em
relação aos não brancos. Basta você pensar que a ideia de humanidade e perfeição ocidental foi produzida
pela e para a Europa.
Os europeus, com seu saber e poder, ao se encontrarem com a diversidade do mundo por meio da
colonização, em lugar de se juntarem aos diferentes, subjugaram esses grupos em uma disputa pela
acumulação do capital mundial.
Privilégios materiais e simbólicos
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Privilégios materiais e simbólicos
Diferentes pesquisas demonstram que pessoas brancas têm mais facilidades no acesso às questões
materiais, como habitação, hipoteca, educação, oportunidade de emprego e transferência de riqueza herdada
entre as gerações, entre outras formas de bem-estar social.
Relatórios das desigualdades raciais no Brasil demonstram quehá um abismo entre povos brancos e não
brancos no que diz respeito a:
Os privilégios simbólicos se somam aos materiais. As pessoas classificadas socialmente como brancas no
Brasil são lidas a partir de atributos e significados positivos ligados à identidade racial à qual pertencem,
como inteligência, beleza, educação, progresso etc. Desse modo, há uma supervalorização da branquitude
em detrimento da negritude.
B i d
Índices de mortalidade da população brasileira
Acesso ao sistema de ensino
Dinâmica do mercado de trabalho
Condições materiais de vida
Acessos ao poder institucional, às políticas públicas e aos marcos
legais
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Branquitude
Construção falaciosa de superioridade racial que faz com que sujeitos fenotipicamente brancos adquiram
privilégios materiais e simbólicos em relação às populações não brancas.
Negritude
Laços de solidariedade, afirmatividade e politização das identidades pessoais, afetivas, estéticas e sociais
entre sujeitos negros.
Schucman (2012), em sua pesquisa, conseguiu averiguar que, mesmo em situações de fragilidade
econômica, o privilégio de sujeitos brancos opera como um diferenciador humano. Ao conversar com uma
pessoa em situação de rua e perguntar-lhe sobre o que era ser branco, o rapaz, branco de olhos azuis, diz
que, em sua condição, ser branco é conseguir entrar em um shopping da zona sul (área nobre) do Rio de
Janeiro para realizar suas necessidades fisiológicas.
Já seus amigos negros não passam desapercebidos pela segurança dos shoppings e são impedidos de
circular em espaços que não são feitos para “esse tipo de gente”.
Mito da democracia racial
A ideia de que fomos e somos palco de uma composição racial e cultural diversa marca nossas construções
desde a invasão dos portugueses. No entanto, foi durante o Estado Novo – no início da Segunda República, a
partir da década de 1930 – que a “cordialidade” racial e a estigmatização das pessoas negras e indígenas
adquiriram uma função política e econômica. Como consequência, consolidou-se uma forma sofisticada e
ambígua de se operar com o racismo no Brasil.
A busca por uma identidade nacional, àquela época, produziu uma questão central: o que nos torna
brasileiros? A partir de então, muitos daqueles que se propuseram a definir uma especificidade nacional
selecionaram a problemática racial encontrada no país, destacando a particularidade da miscigenação como
algo a se pensar na construção de nossa identidade.
Mi i ã
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Miscigenação
Mistura ou cruzamento de raças diferentes.
Criação de uma identidade nacional
No projeto de modernização do Brasil, a passagem de uma economia agrário-escravista para um modelo
industrial-moderno implicou que a Lei Áurea “libertasse” os pretos escravizados para que eles se tornassem
cidadãos no sistema republicano.
A cidadania dos escravizados libertos evidentemente não foi garantida. Nesse contexto, o negro teve sua
“liberdade” individual, mas não obteve direitos nem o reconhecimento legítimo da humanidade e cidadania
brasileira.
Em outras palavras, ainda que a “libertação” tivesse sido conquistada, ela não
ocorreu desvinculada de todas as representações e condições materiais dos negros
naquele momento (SKIDMORE, 2013).
A tentativa de construir uma imagem política razoável como identidade nacional, agregada ao valor de uma
imagem de exportação do Brasil, fez da mestiçagem a marca da república brasileira. Tal ideia foi utilizada
como a maior marca positiva do Brasil frente a outros povos e nações.
Supostamente, depois de séculos de escravidão e conflitos entre brancos, negros e indígenas, o Brasil se
tornava o representante do processo de transformação de um quadro de imensa degradação humana para a
convivência pacífica entre os povos – colonizadores e colonizados.
Isso ocorreu de fato? 
O povo brasileiro é um povo que lida bem com as diferenças entre grupos sociais diversos? 
Por que até hoje persiste o conflito entre grileiros e indígenas em vários territórios brasileiros?
Racismo à brasileira
A miscigenação brasileira não significou uma construção harmoniosa entre grupos étnico-raciais distintos.
Em vista disso, militantes negros e intelectuais antirracistas começaram a nomear a ideia da amigabilidade
constitucional do brasileiro como um mito.
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O mito da democracia racial aponta para a suposta harmonia perfeita entre todos os grupos étnicos que
vivem no Brasil. Além disso, indica um princípio de igualdade de direitos, expressão cultural, artística e
religiosa compartilhado entre todos.
Esse mito é operacionalizado como verdade nas práticas sociais e políticas brasileiras, ocultando algo além
do que enuncia. Dessa forma, exerce uma violência simbólica, material, política e econômica sobre as
populações negras e indígenas brasileiras (GONZALES, 1983).
A crença em uma sociedade multirracial brasileira – pautada em princípios culturais
falsamente harmônicos – cria uma atmosfera violenta, que desresponsabiliza o
Estado e a sociedade brasileira por suas políticas explícitas de branqueamento e
miscigenação compulsória.
Tais práticas marcaram as produções intelectuais e políticas no período pós-abolição da escravatura e da
proclamação da República. Em tempos atuais, são reatualizadas e praticadas com a sofisticação comum ao
racismo à brasileira (NASCIMENTO, 2016; TADEI, 2002).
A desimplicação com processos de desumanização tem sustentado historicamente a desqualificação – e,
em um ponto mais extremo, o extermínio – dos saberes indígenas e africanos no Brasil. Tal desqualificação
comumente aparece como um problema comum, natural e individual, e não como uma produção de
hierarquias culturais forjadas pelo eurocentrismo e brancocentramento institucional do País (CARONE;
BENTO, 2002; QUIJANO, 2005).
É importante valorizar as distintas contribuições de diferentes povos para a formação nacional brasileira. No
entanto, isso jamais poderá ser feito se for negado o histórico exploratório, escravista e violento que se deu
no encontro da Europa com as experiências afro-latino-indígena-brasileiras.
O mito da democracia racista
Neste vídeo, o mestre Ricardo Dias de Castro reflete sobre as diversas concepções de racismo e discute o
mito da democracia racista no mundo e no Brasil.

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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
O multiculturalismo e a formação histórica do Brasil
3:22 min.
De�nição de raça e racismo
3:35 min.
MÓDULO 1
Vem que eu te explico!
O multiculturalismo e a formação histórica do Brasil
3:22 min.
De�nição de raça e racismo
3:35 min.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
Por que ainda é relevante, científica e politicamente, o uso da categoria analítica raça para se pensar os




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processos da desigualdade social brasileira?
A
É preciso defender o uso dessa categoria, porque a existência de distintos tipos humanos é
um fato biológico.
B
É importante o uso dessa categoria, pois, ainda que não existam raças humanas de fato, a
crença na superioridade biológica de alguns povos persiste.
C
É relevante o uso da categoria raça, tendo em vista que ela é a única causa das mazelas
sociais brasileiras.
D
É primordialo uso da categoria raça, já que o racismo é baseado em uma distinção
genética que determina personalidades distintas entre diferentes povos.
E
É imprescindível que se use o termo “raça”, uma vez que o racismo se baseia em
descobertas científicas comprovadas dos séculos XIX e XX.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Antônio Sérgio Guimarães defende o uso da categoria de análise raça pelo fato de ela permanecer
sendo a palavra capaz de exprimir a ideologia do racismo. Isto é, ainda que não haja nenhuma
comprovação científica de que existem distintos tipos humanos, historicamente as populações
acreditaram na ideia de uma superioridade biológica-moral de europeus em relação aos não
europeus, como indígenas e africanos, por exemplo.
Questão 2
Sobre a formação nacional multirracial brasileira, é correto afirmar que:
A
as culturas que participaram da construção do Brasil – como a europeia, a ameríndia e a
afro-brasileira – lidam bem com as suas diferenças desde os primórdios.
B
o Brasil tem, em seu “caldeirão cultural”, a esperteza dos portugueses, a malandragem dos
negros e a indolência dos indígenas.
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C
o encontro entre os distintos grupos étnico-raciais no Brasil é marcado por um cenário de
violências e conflitos acumulados historicamente.
D
o mito da democracia racial é o nome que se dá aos fatos históricos que provam o
encontro harmonioso entre os distintos grupos étnico-raciais no Brasil.
E
o mito da democracia racial não possui efeitos discursivos e práticos na construção da
identidade nacional brasileira.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A formação nacional do Brasil se deu no encontro entre a exploração, a colonização e a
escravidão do povo ameríndio local e das populações negras sequestradas da África pelo poder
europeu-lusitano. Esses três povos conviveram na construção da brasilidade. No entanto, esse
convívio não se deu de forma democrática e harmoniosa, uma vez que havia uma lógica de poder
eurocentrado que transformava povos não europeus e não ocidentais em menos humanos ou não
humanos. Tal lógica justificou, durante muitos anos, o processo de escravização e ainda hoje
opera novas lógicas de desigualdades e desprivilégios entre brancos, negros e indígenas no
Brasil.

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2 - A diversidade da sexualidade humana
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a diversidade
constituinte da sexualidade humana
Identidades sociais e diversidade
Sabemos que existe no mundo uma infinidade de corpos, belezas, religiões, estéticas, desejos, práticas
sexuais, gostos, maneiras etc. Por que então apenas algumas dessas existências têm melhores condições
econômico-trabalhistas de vida e são mais publicamente reconhecidas como belas e importantes?
A diversidade fala das pluralidades de modos de vida que habitam o mundo. Não diz respeito somente aos
grupos étnico-raciais – brancos, negros e indígenas –, e sim às diferenças construídas a partir de outros
marcadores sociais, como classe, sexualidade, gênero, sexo e território.
A diversidade é um tema de extrema importância, uma vez que, mesmo com seu reconhecimento, os
preconceitos e as discriminações da sociedade contemporânea não têm sido amenizados e muito menos
anulados. Ao contrário, as violências e as opressões insistem em tomar modelos únicos de vida como um
padrão de normalidade e consequentemente patologizam outras formas de experiência.
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Criação de hierarquias
A discussão sobre a diversidade entre as pessoas é importante para que possamos compreender que o
problema não é ser diferente. Tudo se complica, na verdade, quando hierarquizamos as diferenças entre as
pessoas, colocando as supostamente mais normais de um lado e as anormais, de outro.
Quando a diferença cria uma hierarquia de valor, produzimos desigualdades entre existências humanas.
Nesse caso, a diversidade é prejudicada pela busca de um padrão de existência humana única.
Por que gastamos tanto tempo achando que só existe um modelo único
de existência? Por que não podemos gastá-lo valorizando as várias
formas de ser humano?
O debate sobre a diversidade será fundamental para que possamos repensar as várias formas de expressar
nossas diferenças por meio das identidades individuais e coletivas (no caso dos movimentos sociais).
Poderíamos falar de várias formas de diversidade: territoriais (periferia versus centro, favela versus asfalto),
econômicas (pobres versus ricos) ou geopolíticas (Norte global versus Sul global), entre outras. No entanto,
para nossa conversa, elencaremos três identidades que apontam para questões da diversidade.
Favela

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Asfalto
Tais identidades geram bastante confusão no pensamento cotidiano e na profissão de psicologia: sexo,
gênero e orientação sexual. Antes de continuarmos, no entanto, vamos pensar um pouco sobre o que é
identidade.
O que é identidade?
Identidade é um mecanismo psicossocial que nos iguala a alguns e, ao mesmo tempo, diferencia-nos de
outros. Por exemplo, vejamos a identidade de ser brasileiro. Quando uma pessoa se anuncia como brasileira,
uma série de expectativas – ainda que não sejam cristalizadas, únicas e determinantes – a agrupa na
existência “ser brasileira” e a afasta da existência “não ser brasileira”.
Se você é um brasileiro em terras estrangeiras, é possível que, diante de pessoas que conhecem o básico do
Brasil, você possa ser lido como alguém amigável, que gosta de abraços, gesticula bastante e aprecia futebol.
Ao mesmo tempo, as pessoas podem localizar você fora dos modos mais formais de alguns povos europeus,
que são supertímidos e conversam com certa distância corporal nos primeiros encontros.
A identidade é, nesse sentido, a articulação da diferença e da igualdade. Ela não é
um traço de personalidade e, por isso mesmo, está sempre em movimento.
A identidade é negociada entre o indivíduo e a sociedade, configurando-se como um processo de
metamorfose constante.
Você conhece pessoas que se casaram e tiveram filhos em relacionamentos heterossexuais e, em certo
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momento, resolveram assumir relações homoafetivas?
Você conhece pessoas que não viam muito sentido nas discussões sobre questões sociais, históricas e
políticas relacionadas à negritude, mas que, depois de um processo de mudança, resolveram assumir seus
cabelos crespos e transformar isso em um ato positivo e afirmativo de si?
A identidade é movimento. Sempre!
Reivindicação de direitos
A identidade pode ser estrategicamente utilizada para a reivindicação de direitos comuns a grupos que se
sentem insatisfeitos com suas situações em dada realidade histórica. É o que vemos quando grupos e
comunidades historicamente subalternizadas coletivizam suas experiências de sofrimento e politizam seus
desejos por uma sociedade mais democrática.
Essas identidades coletivas e políticas lutam por um mundo mais justo e que leve em consideração o
processo de humanização das suas experiências. Tais coletivos – os movimentos sociais – transmutam
dores e tristezas em potências reivindicatórias para a sociedade como um todo.
É o caso, entre outros, destes movimentos: feminista, negro, LGBTQIA+, dos trabalhadores rurais e sem teto.
Entenderemos melhor a seguir o que são as identidades de sexo, gênero e orientação sexual.
Identidadesexual
Vimos que as identidades agregam determinadas experiências e separam outras, marcando uma espécie “de
quem está dentro e quem está fora” de um grupo.
A identidade referente ao sexo das pessoas é recorrentemente demandada em formulários, questionários e
entrevistas das mais diversas. O marcador sexo é muitas vezes utilizado para que pesquisas possam
compreender como distintos fenômenos da vida individual, coletiva, clínica e política acontecem de formas
diferentes para distintos corpos sexuados.
Exemplo
Podemos afirmar que a taxa de violência contra a mulher, no Brasil, aumentou durante a pandemia de covid-
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19 em alguns locais. No entanto, tal afirmação só é possível porque as políticas públicas que acessam esses
casos diferenciam mulheres de homens.
Nesse sentido, ao falarmos de sexo, precisamos deixar claro que estamos abordando única e exclusivamente
a matriz genital biológica que nasce com os corpos humanos. Nesse caso, fala-se sobretudo dos órgãos
reprodutivos internos e externos.
Vejamos, portanto, quais são as identidades sexuais caracterizadas pela matriz genital biológica.
Macho, fêmea e intersex
Desde os tempos modernos, os saberes ocidentais têm considerado dois sexos como padrão: os machos e
as fêmeas. No entanto, há pessoas que nascem com elementos do corpo de macho e de fêmea – são os
chamados intersex. Antigamente, elas eram chamadas de hermafroditas. Porém, como esse termo é
estigmatizado, ele caiu em desuso.
Corpo macho
É aquele que possui cromossomicamente as marcas que desenvolverão caracteres, gônadas e genital dos
machos, como pênis, próstata, testículos etc.
Corpo fêmeo
É aquele que possui cromossomicamente as marcas que desenvolverão caracteres, gônadas e genital da
fêmea, como seios, útero, vagina e etc.
Corpos intersex
Os corpos intersex fogem do binarismo sexual e não se conformam ao macho ou à fêmea. Em vez disso, eles
são marcados pela presença de caracteres de ambos os sexos. Desse modo, pode haver um corpo que
possua uma cavidade vaginal da qual emerge um pênis, por exemplo.
Será que todos os corpos cabem na lógica binária macho versus fêmea?
Sempre houve, ao longo da história, corpos, genitálias e caracteres sexuais de machos, fêmeas e machos-
fêmeas. Sendo assim, quem disse que matrizes genitais híbridas são patologias ou bizarrices? Quem disse
que, ao nascer, os corpos intersex precisam se conformar a um corpo macho ou a um fêmea?
Você já parou para pensar que, de acordo com os registros oficiais, pessoas intersexo podem não ser
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consideradas cidadãos porque não conformam a ideia de um corpo humano perfeito? Imagine a confusão
que isso pode gerar no campo do registro civil e jurídico!
Antes de falar sobre a identidade de gênero, é preciso abordar o gênero propriamente dito.
Gênero
O gênero é uma categoria de análise sócio-histórica que se recusa a enxergar as diferenças e as
desigualdades entre homens e mulheres apenas como questões biológicas (SCOTT, 1995). Em outras
palavras, ele é uma “lente de análise” para enxergar as relações sociais e como elas padronizam, em um
contexto histórico e político, os papéis sociais distintos e desiguais para homens e mulheres.
A categoria do gênero foi historicamente utilizada pela medicina para diferenciar matriz biológica sexual de
outras construções sexuais, como a identidade de gênero. Desse modo, o conceito dele foi reivindicado
primeiramente pelos saberes psicológicos e psiquiátricos.
O objetivo era distinguir, por um lado, o sexo como natureza cromossômica-biológica (inata) e, por outro, o
gênero como construção psicossexual resultante de dimensões simbólicas e culturais.
As teóricas e militantes feministas , por sua vez, começaram a fazer uso dessa categoria para revelar que, se
não há um determinismo biológico nas convenções que separam homens de mulheres, essas lógicas de
poder podem ser transformadas.
Feministas
O feminismo é uma lente de análise-intervenção que colabora com a crítica a um mundo desigual e a
construção de um que seja marcado por menos eixos de opressão.
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Nesse sentido, todos podemos viver com as nossas existências sem que elas tenham de ser prescritas por
obrigações e convenções que não nos fazem bem.
Estamos, portanto, produzindo gênero o tempo inteiro. Todos temos de lidar, mais ou menos e de forma
alienada ou crítica, com os padrões em torno da masculinidade e da feminilidade. Por isso, é comum o uso da
expressão relações de gênero – o gênero se constrói em relação!
Você já imaginou que, se as mulheres fossem socializadas para estar em espaços
públicos de poder e decisão – como é o espaço da política institucional –,
poderíamos viver um mundo com maiores contribuições e propostas advindas dos
pensamentos delas?
Se tivéssemos mais mulheres que pensam um mundo a partir de suas experiências, certas pautas já
poderiam ter avançado, como creches municipais, segurança e iluminação de pavimentos públicos, banheiros
públicos mistos para que mães e pais entrem com seus filhos e filhas, bem como a descriminalização do
aborto.
Se os homens fossem ensinados a brincar de “casinha” e com bonecas-bebês, veríamos mais deles
estabelecendo relações de cuidado e afeto com seus filhos, além dos cuidados domésticos.
Identidades de gênero
Vimos que o gênero aponta para as invenções do masculino e do feminino tendo em vista convenções e
prescrições culturais arbitrárias. Por sua vez, as identidades de gênero mostram como as pessoas vão se
identificando corporalmente por meios simbólicos e materiais a essas construções. Nesse sentido, temos:
Homens
Pessoa identificada com o gênero masculino.
Mulheres
Pessoa identificada com o gênero feminino.
Andrógino
Pessoa que possui identificação com o gênero masculino e o feminino.
Não binário
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Não binário
Pessoa que duvida do masculino e do feminino como coisas distintas, opostas e obrigatórias.
Há outro conjunto de termos que também complexifica o debate de gênero, merecendo, portanto, ser
mencionado: cisgênero e transgênero (SIMAKAWA, 2015).
Transgênero
Durante muito tempo, foi comum o uso do binômio pessoas normais versus pessoas trans. Quando falamos
de pessoas trans, estamos abordando o segmento T da sigla LGBTQIA+: lésbicas, gays, bissexuais,
transgêneros, queer, intersex, assexuais e outros.
As pessoas trans são comumente referidas como transexuais, travestis e transgêneros, havendo uma disputa
política entre esses termos. Infelizmente, não poderemos entrar em tantos detalhes agora.
Atenção
O que importa é compreender que esses termos se referem aos corpos que não se conformam aos gêneros
que lhe foram atribuídos ao nascimento, sejam eles marcados por intervenções cirúrgicas ou não. Nesse
sentido, ser trans não está relacionado diretamente ao fato de retirar ou manter a genitália ou os caracteres
secundários indesejados.
As populações trans sempre existiram no mundo. Nesse sentido, como podemos identificar, na história da
sexualidade (BUTLER, 2010; FOUCAULT, 1985; LAQUEUR, 2001), outro termo que não reproduza a ideia de que
as pessoas trans se desviam de uma construção de gênero padrão?
Se não há padrão, e sim várias formas de se fazer gênero, qual termo poderíamos usar para evitar a ideia de
normal versus trans (anormal)? Ou de mulher e homem “de verdade” versus mulher e homem trans?
Um campo do conhecimento conhecido como estudos queer propôs um caminho. Vejamos.Cisgênero e transgênero
Segundo os estudos queer, podemos considerar cisgênero as pessoas que se identificam com o gênero
atribuído ao nascer. Dito de outro modo, pessoas cis são aquelas cuja experiência do gênero corresponde ao
sexo atribuído no nascimento.
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Já as pessoas transgênero são as que não se identificam com o gênero que lhe foi designado no
nascimento. Em outras palavras, pessoas trans são aquelas cuja experiência do gênero não corresponde ao
sexo atribuído após elas terem nascido.
Uma pessoa trans seria, por exemplo, alguém que, apesar de ser biologicamente macho, se constrói como
gênero feminino. Também pode ser uma pessoa biologicamente fêmea cuja construção se dê no campo do
gênero masculino.
Se abandonarmos a nomeação normal versus trans, assumiremos que os corpos podem se organizar das
mais diversas formas. Dessa maneira, podemos nos referir aos corpos das seguintes maneiras:
Queer
Em inglês, queer quer dizer bizarro, estranho. O termo era comumente utilizado para se referir aos grupos
LGBTQIA+ de forma pejorativa. No entanto, ele passou por uma ressignificação política; hoje em dia, tal termo
possui um campo político e acadêmico de valorização afirmativa da diversidade sexual.
Homem cis
Corpo nascido com genitália designada masculina e que se identifica, ao longo da sua vida, com o gênero
masculino que lhe foi designado ao nascer.
Homem trans
Corpo nascido com genitália designada feminina e que se identifica com o gênero masculino.
Mulher cis
Corpo nascido com genitália designada feminina e que se identifica, ao longo da sua vida, com o gênero
feminino que lhe foi designado ao nascer.
Mulher trans
Corpo nascido com genitália designada masculina e que se identifica com o gênero feminino.
Observe que, durante muito tempo, a Psicologia fez o uso distintivo entre as pessoas “normais” e as trans.
Quando derrubamos a ideia de normalidade e padrão de sexualidade, abre-se espaço para que falemos de
distintos grupos e comunidades.
Nesse sentido, o que antes era considerado normal começa a ser nomeado de outra forma – mais uma
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forma, salientamos, e não a única.
Evolução histórica dos modelos de de�nição
de sexo
Neste vídeo, o mestre Ricardo Dias de Castro reflete sobre a evolução dos diversos modelos de definição de
sexo e gênero ao longo da história segundo Butler, apontando o impacto dessas mudanças no
comportamento sexual e na sociedade.
Identidades de orientação sexual
A orientação sexual corresponde ao desejo afetivo-sexual que as pessoas constroem em suas vidas, o qual,
aliás, certamente pode variar ao longo do espaço-tempo. Com isso, qualquer ideia de rigidez no campo do
tesão afetivo-sexual é colocada em xeque.
Utilizamos o termo orientação por entendermos que as pessoas constroem suas referências para o desejo
sexual de forma muito complexa. Desse modo, não faz sentido se ater à ideia de “opção sexual”. O desejo e a
atração emocional, afetiva e sexual são complexos demais para caber em chaves esquemáticas, não é
mesmo?
Pense em um homem cis que comece a se relacionar afetiva e sexualmente com outros homens no sistema
penitenciário. Ao retomar sua liberdade, ele retorna à vida afetivo-sexual com sua esposa.
Qual é a identidade afetivo-sexual desse homem? Ele é heterossexual, homossexual, bissexual ou um gay “no
armário”? Pensar sobre isso não é tão simples, certo?
No que diz respeito à orientação sexual, podemos apresentar algumas identidades:

Heterossexual
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Vejamos que a sigla LGBTQIA+ se refere às identidades de gênero e às diversas orientações sexuais,
apontando para existências diversas de arranjos entre genitálias, gêneros e desejos. Tais existências não se
resumem ao campo da heterossexualidade cisnormativa historicamente tomada como padrão de
normalidade.
A sigla, ao fazer uso do sinal +, mostra-se aberta a toda uma infinidade de possibilidades que os seres
Heterossexual
Pessoa que sente desejo por outra do gênero oposto.
Homossexual
Pessoa que sente desejo por outra do mesmo gênero (gays e lésbicas).
Bissexual
Pessoa que sente atração afetivo-sexual por pessoas dos dois gêneros.
Pansexual
Pessoa cujo desejo se estende a mais de um gênero independentemente da identidade de
gênero e da orientação afetivo-sexual. O prefixo pan significa todos.
Assexual
Pessoa que não tem atração sexual, e sim desejo de afeto. Diferencia-se de abstinência sexual
e celibato – inclusive do celibato compulsório.
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humanos empreendem para se relacionarem e terem prazer entre si.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
O conceito de gênero e identidade de gênero
3:25 min.
Identidades de orientação sexual
2:21 min.
MÓDULO 2
Vem que eu te explico!
O conceito de gênero e identidade de gênero
3:25 min.
Identidades de orientação sexual
2:21 min.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
Sobre o gênero, podemos afirmar que:




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A
gênero é uma ideologia de produção de sexualidades dissidentes e contrárias à
heterossexualidade.
B gênero é o componente biológico da sexualidade humana.
C
gênero se refere às questões sociais, históricas e políticas responsáveis pela produção
cultural apenas do sujeito mulher, e nunca dos homens.
D
gênero é uma categoria de análise sociopolítica que se refere a como as desigualdades
históricas entre homens e mulheres são tomadas como diferenças naturais da sociedade.
E gênero é uma categoria que aponta para o desejo sexual das pessoas.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O termo gênero se refere a um campo de estudos que analisa as relações sociais estabelecidas
entre homens e mulheres. O gênero é uma forma de enxergar as relações no mundo, sobretudo o
modo como papéis e padrões sociais fazem com que diferenças aprendidas se tornem
desigualdades sociais e políticas por meio do que seria propriamente masculino em oposição ao
feminino.
Questão 2
Podemos afirmar que a identidade de gênero aponta para:
A a forma simbólica e material de construção dos corpos.
B a construção da orientação sexual dos sujeitos.
C a constituição cromossômica genital dos corpos.
D d t d b l õ d t ã t li f i i
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3 - A produção de subjetividades e
coletividades marginalizadas no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a produção de
subjetividades e coletividades marginalizadas no Brasil.
Minorias sociais
D um campo de estudos sobre as relações de construção entre o masculino e o feminino.
E Uma ideologia de construção de uma sociedade sem heterossexuais.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Se o gênero aponta para as construções simbólicas de masculino e feminino, a identidade de
gênero aponta para como os corpos sexuados vão se conformar ou não a essas normas,
produzindo-se, então, identidades que vão circular entre o homem, a mulher, o/a andrógino e os
não binários.

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Minorias sociais
Percepções de mundo
O conhecimento que temos sobre nós e sobre o mundo à nossa volta é produzido na relação da linguagem,
da cultura, do pensamento e das experiências. São várias as formas de conhecimento, como o senso comum,
a religião, a ciência e a cultura, entre outros. Desse modo, também são vários os modos de apreender o
ambiente e senti-lo por meio de uma produção de sentido complexa que nos posiciona no mundo.
Exemplo
Imagine uma noite muito fria na sua cidade. Como alguém apreende esse fenômeno estando dentro de uma
casa com cobertas e aquecedores? Como uma pessoa em situação de rua vivencia esse momento?
Ambos estão vivendo uma experiência encadeada pelo mesmo fato: o frio. No entanto, cada um experimenta
esse fato a partir de distintas sensibilidades. Muito possivelmente, a pessoa que está dormindo na rua viverá
uma experiência de terror com quedas vertiginosas de temperatura. Enquanto alguns amam a experiência do
frio debaixo das cobertas, moradores de rua podem morrer por hipotermia.
Exemplo
Uma chuva muito forte atinge uma cidade. Uma família que mora em um prédio bem construído, longe de
encostas e com bueiros livres, pode até mesmo agradecer o frescor que virá da umidade. Já uma que vive em
um morro com risco de deslizamento pode viver, no mesmo momento, uma sensação de pânico e muito
provavelmente testemunhar alguma fatalidade envolvendo vizinhos ou parentes.
O que isso quer dizer? 
Todos nós sentimos o mundo a partir de lugares sociais, simbólicos, econômicos e culturais muito distintos.
Dessa forma, há várias leituras e interpretações sobre os fenômenos da vida.
Quais são as minorias sociais?
Verificamos que o mundo é percebido e interpretado de formas diferentes pelas pessoas. A partir disso,
podemos propor a seguinte questão:
Quais vozes você tem escutado quando o assunto é desigualdade violência e opressão? A voz dos grupos
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Quais vozes você tem escutado quando o assunto é desigualdade, violência e opressão? A voz dos grupos
que historicamente se privilegiam da desigualdade ou a daqueles que sofrem os efeitos nefastos de se viver
em condições subalternas e subcidadãs? 
Certamente, você já ouviu falar no termo “minorias sociais”. Que grupos são esses?
O termo minoria pode nos levar a um erro muito complicado: o de que esses grupos são quantitativamente
menores se comparados à maior parte da população. No entanto, isso não é verdade.
Pobres, mulheres e negros, por exemplo, são maioria populacional no Brasil na comparação com a população
financeiramente estável, masculina e branca. Por que então o uso do termo minorias sociais?
Minoria se refere aos grupos que historicamente são pouco representados no espaço de decisão coletiva,
pública e política do mundo. Nesse sentido, o uso desse termo indica os grupos cujas vozes costumam não
ser consideradas pelos poderes políticos, pela mídia e pela maior parte da sociedade.
Ao mesmo tempo, os grupos minoritários têm tentado reinventar outros mundos possíveis por meio de ação
coletiva e movimentos sociais. Mundos em que suas questões sejam ouvidas, reparadas e pensadas como
condições sem as quais a democracia se veja impossibilitada em toda a sua potência e radicalidade.
Por que temos tanta dificuldade em observar as demandas das mulheres por direitos sexuais e reprodutivos?
Por que é sempre incômodo para o brasileiro comum ouvir que o racismo permanece operando como uma
prática estrutural das relações?
Por que, quando os LGBTQIA+ reivindicam direitos previstos na Constituição, isso é considerado uma afronta
para alguns setores da sociedade ou uma tentativa de forçar o mundo inteiro a ser e a pensar como eles?
Atenção
As minorias sociais nada mais são do que cidadãos comuns que se organizam coletivamente para lutar por
um mundo que faça cumprir o que já está previsto na Constituição Federal do Brasil (CFB): a de que todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
Sabemos que o que está previso na CFB não acontece de fato, não é?
Quais são os mecanismos que anulam o fato de que uma parte da população tem dificuldade de escutar as
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vozes das minorias sociais?
Como a sociedade pode deixar de ter
minorias sociais?
Apontamos que algumas vozes não são ouvidas e consideradas na construção de nosso mundo. Por que, em
um mundo tão diverso, é tão difícil ou quase impossível considerar aquilo que os sujeitos diferentes de nós
têm a dizer?
Qual é a lógica que permite que moremos em um país cuja maioria seja de mulheres, pretas e de classes
baixas ao mesmo tempo que somos politicamente representados por uma maioria de homens, brancos e
ricos?
O problema, a princípio, não é ser governado por homens, brancos e ricos, e sim o fato de eles governarem
um Brasil que leva em consideração apenas as suas experiências e situações no mundo. Ou seja, a questão é
eles ouvirem única e exclusivamente a si mesmos.
Representatividade
Não seria mais interessante para o Brasil que, junto a esses grupos que já detêm bastante poder,
pudéssemos enxergar, em cargos políticos, pessoas que se pareçam com nossas mães, avós e vizinhos? Ou
com figuras que encontramos no posto de saúde e na praça de nosso bairro? Elas, afinal, são pessoas que
sabem a dificuldade do cotidiano de uma trabalhadora comum que precisa pegar quatro ônibus lotados por
dia para ganhar um salário que paga muito mal suas contas.
Por que é tão difícil pensar em uma nação que considere os saberes e as propostas políticas de mulheres,
de favelados, de LGBTQIA+, de quilombolas, de indígenas e de outras ditas minorias sociais?
Ramón Grosfoguel (2016) descreve dois fenômenos que, juntos, têm produzido um grande estrago no que diz
respeito à diversidade do mundo. Tais fenômenos impedem que distintas vozes possam concordar, discordar
e disputar projetos de sociedade no campo democrático.
Para o autor, houve quatro genocídios e epistemícidios produzidos a partir de uma lógica eurocêntrica,
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branco-centrada e patriarcal. Esses fenômenos produziram um mundo ocidental que tem grande dificuldade
em valorizar as contribuições de representantes de grupos sociais mais diversos.
Antes de entrarmos em questões mais conceituais, vamos experimentar alguns exercícios de imaginação.
Gaste um minuto em cada um dos exercícios mentais a seguir:
1. Pense na imagem de um cientista renomado;
2. Pense na imagem do motorista de um ator famoso;
3. Pense na imagem de um empregado doméstico;
4. Pense na imagem de uma figura famosa brasileira muito bonita.
Pensou? Quais eram a raça e o gênero presentes nas imagens que você imaginou?
Já parou para refletir que existem lógicas que não controlamos, mas que são capazes de nos fazer pensar
em determinadas coisas, e não em outras? Tais coisas possuem gênero, raça, classe, sexualidade etc.
Nesse momento, é importante que presentemos algumas definições.
Episteme
A episteme pode ser entendida como um sistema de compreensão, uma cosmologia. Isto é, a forma como
uma comunidade lê a si mesma e ao mundo.
Lembra a conversa inicial sobre as várias formas de apreender o ambiente e senti-lo por meio de uma
produção de sentido complexa que nos posiciona no mundo? Isso é a episteme!
Genocídio
Genocídio é o termo que aponta para um extermínio orquestrado e deliberado de uma comunidade, um grupo,
seja ele um coletivo ou um povo. Exterminar um grupo de pessoas já é, por si só, uma ação violenta
condenável. Lembra o holocausto judeu orquestrado pela nazismo alemão nos anos 1940?
Você já parou para refletir que todasas lógicas de extermínio, ao eliminar grupos sociais, nos impedem de
acessar as formas de conhecimento desse grupo?
Voltemos ao Brasil. Quantas vezes você foi ensinado a observar o mundo, a natureza, a economia, as
relações de gênero, a maternidade, a parentalidade e a sexualidade a partir dos saberes indígenas?
Você não acessou esse conhecimento pelo fato de os indígenas não pensarem sobre o mundo ou por que
nós fomos impedidos de acessar essa produção intelectual?
Epistemicídio
Epistemicídio é o extermínio da forma de conhecimento de um grupo social. Vários genocídios e
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epistemicídios têm impedido que grande parte do mundo ocidentalizado acesse vivências, saberes e
experiências de povos distintos daqueles que se tornaram os mais poderosos.
O poder desses grupos foi sendo transmitido ao longo do tempo por meio da manutenção de seus desejos e
de suas formas de mundo em todos os âmbitos da sociedade – na cultura, na mídia, na educação e na
política institucional.
Isso só foi possível, no entanto, por meio de conflitos, colonizações e explorações. Como consequência,
determinados humanos foram alocados nos lugares do poderosos, enquanto outros foram considerados
menos humanos ou não humanos e, por isso, passíveis de escravidão e extermínio.
Vamos conhecer alguns desses genocídios e epistemicídios?
Os quatro genocídios e epistemicídios do
mundo ocidental
Para Ramón Grosfoguel (2016), houve quatro grandes extermínios populacionais produzidos a partir de uma
postura patriarcal e racista dos homens europeus. Tais extermínios marcaram a produção do conhecimento,
do mundo, da existência, da cultura, da política e da linguagem de outras esferas da vida.
Esse atravessamento é o que hoje ainda nos faz perceber o mundo a partir de um lugar e de uma visão muito
específica. Ainda assim, essa perspectiva é vendida como se representasse a visão de todo o planeta.
Sabemos que o mundo é infinitamente maior do que aquilo que alguns poucos homens europeus pensam
sobre ele. Desse modo, por que permanecemos achando que apenas o que vem dos cientistas brancos,
homens e europeus pode contribuir para a construção do mundo do conhecimento?
Por que seguimos imaginando um cientista como um homem branco de jaleco? Da
mesma forma, tendemos a nos surpreender quando vemos chefes de Estado negros
ou mulheres.
Será que o Brasil não teria a ganhar com as contribuições indígenas no que diz respeito a uma produção
alimentar sustentável e que respeite os limites da natureza? Esse conhecimento não é válido para a nação
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brasileira? Por que permanecemos achando que o conhecimento indígena é menos conhecimento, pouco
desenvolvido ou até desconhecimento?
Segundo Gosfoguel (2106), a estrutura que valoriza alguns conhecimentos em detrimentos de outros se
estruturou por meio do genocídio e do epistemicídio contra:

Muçulmanos e judeus na conquista de Al-Andalus.

Povos nativos na conquista das Américas.

Povos africanos na conquista da África e em sua
escravização nas Américas.

Mulheres europeias queimadas vivas acusadas de
bruxaria.
Extermínio da diversidade
Vários conhecimentos foram exterminados para que a ciência ocidental europeia dos homens se sustentasse
como epistemologia-método universal de conhecimento.
Como é que, no século XXI, com tanta diversidade epistêmica existente no
mundo, estamos ancorados em estruturas epistêmicas tão provincianas
camufladas de universais?
(GROSFOGUEL, 2016, p. 27)
Com essa contribuição, o que queremos dizer é que o motivo das dificuldades em ouvir as minorias sociais
se deve ao fato de que elas foram produzidas como tais. Em um mundo ideal, não faria sentido pensar em
povos subalternizados. A sociedade humana, no entanto, produziu desumanizações em sua disputa por
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poder econômico e político.
Repare que, para que o modelo de vida dos homens europeus se tornasse referência e padrão de
humanidade, foi preciso exterminar saberes e religiões de mulçumanos e judeus, tornando a Igreja Católica
hegemônica.
Foi necessário explorar e escravizar povos originários – os indígenas – em uma tentativa de impedir que suas
formas de vida fossem consideradas legítimas.
Em uma tentativa de continuar acumulando dinheiro e poder, e como consequência de mudanças na relação
da Igreja com os povos indígenas, foi necessário invadir mais territórios e sequestrar outros povos para que
eles servissem como “burros de carga” para o capital europeu. Invadiram a África, a saquearam e a
destruíram em nome do poder financeiro e político.
A fim de manter o poder dos homens, mulheres pensadoras foram chamadas de bruxas e queimadas vivas.
Percebem?
Nenhuma estrutura de poder se estabeleceu no mundo por questões divinas ou
aleatórias. Disputas, violências e processos histórico-políticos construíram o mundo
que habitamos atualmente.
Como a Europa colonizou inúmeros territórios, sua episteme – ou seja, sua visão de mundo – atravessou
grande parte do mundo ocidentalizado. Dessa forma, chegamos a isto: mulheres são dificilmente vistas como
intelectuais e figuras políticas, enquanto negros e indígenas não são considerados grupos importantes para a
construção de um projeto de mundo por uma parcela da população.
Também temos grupos que professam religiões não cristãs ou não eurorreferenciadas que são vistos como
coletivos demoníacos ou anticristos.
Você consegue pensar em outros exemplos que sejam efeitos desses genocídios e epistemicídios?
Podemos afirmar que toda minoria social foi inventada, uma vez que grupos poderosos foram tentando
aniquilar outras formas de existência para sustentar as suas como modelo padrão. Se somos tão diversos,
por que devemos viver a partir de um modelo único de mundo?
Papel do pro�ssional de psicologia
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Papel do pro�ssional de psicologia
Para ser um bom psicólogo, é preciso entender que subjetividades, potências, ineficiências e dificuldades
podem estar muito relacionadas a questões coletivas, históricas e políticas, e não apenas a questões e
sintomas individuais.
A Psicologia não pode servir a uma padronização da vida. Todo padrão é um consenso histórico e, portanto,
pode mudar. Desse modo, a Psicologia deve fomentar e valorizar a pluralidade das existências, colaborando
com o rompimento de todo ciclo desumanizante do mundo atual.
A psicologia precisa resistir à degradação humana. Nesse contexto, ainda que haja muita violência e muita
coisa por fazer, já encontramos saídas históricas. Houve e ainda há movimentos que pretendem mudar o
mundo rumo a um projeto humanitário, em que todos sejamos equitativamente humanos sem que
precisemos ser iguais.
Os quatro genocídios e epistemicídios do
mundo ocidental
Neste vídeo, o mestre Ricardo Dias de Castro reflete sobre as diversas formas de epistemicídio segundo
Grosfoguel e destaca o importante papel do psicólogo para romper com a perpetuação de processos
desumanizantes na sociedade.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
De�nição e exemplos de minorias sociais


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2:24 min.
Episteme, genocídio e epistemicídio
3:04 min.
MÓDULO 3
Vem que eu te explico!
De�nição e exemplos de minorias sociais
2:24 min.
Episteme, genocídio e epistemicídio3:04 min.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O termo minoria social é melhor definido como:
A grupos sociais numericamente inferiores em termos populacionais.
B grupos sociais sem nenhuma capacidade de reivindicar seus direitos.
C grupos sociais que possuem muito poder econômico e político.




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D grupos sociais que gostam de se relacionar exclusivamente com outras minorias.
E
grupos sociais historicamente marginalizados e com pouca representação em espaços de
poder.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Minoria se refere a grupos historicamente pouco representados no espaço de decisão coletiva,
pública e política do mundo. Nesse sentido, o uso do termo “minoria” indica que tais grupos não
costumam ter suas vozes consideradas pelos poderes políticos, pela mídia e pela maior parte da
sociedade. Ao mesmo tempo, esses grupos minoritários têm tentado reinventar outros mundos
possíveis por meio de ação coletiva e dos movimentos sociais. Mundos em que suas questões
sejam ouvidas, reparadas e pensadas como condições sem as quais a democracia fica
impossibilitada em toda a sua potência e radicalidade.
Questão 2
Segundo Grosfoguel (2016), podemos definir o epistemicídio como:
A o assassinato de qualquer pessoa.
B o extermínio de formas de saber e conhecimento de um povo.
C a mesma coisa que genocídio.
D a valorização de saberes populares e tradicionais.
E a centralidade do conhecimento moderno, europeu, branco e masculino.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Por definição, epistemicídio é a destruição de conhecimentos ligada à de seres humanos
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4 - As práticas de valorização à diversidade
da sociedade brasileira
Ao �nal deste módulo, você será capaz de aplicar saberes e práticas de
valorização da diversidade da sociedade brasileira.
O que é inclusão?
Em um mundo tão diverso em corpos, gênero, raça, cultura, sexualidade e etnia, entre outros quesitos,
estamos acostumados a ver quase sempre as mesmas experiências em determinados locais. Por que isso
ocorre? Por que lugares importantes estão cheios de representações de homens, brancos e heterossexuais,
por exemplo?
Qual é a razão de haver poucas pessoas com deficiência em cargos de direção? Elas
são menos inteligentes? Por que há menos professores negros? Negros não seriam
bons intelectuais?
(genocídio).

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A partir desses questionamentos, podemos imaginar o seguinte: o que separa determinadas experiências de
certos lugares não é a falta de competência das pessoas, e sim de oportunidades, por conta de preconceito e
discriminação.
Sabemos que existem diferenças individuais – méritos, competências, habilidades, esforços etc. – que nos
permitem chegar a alguns lugares e a outros, não. No entanto, não é curioso que alguns grupos sociais
estejam pouco ou nada presentes em alguns locais – sobretudo, em lugares de poder?
A inclusão, nesse sentido, é o ato organizado de propor estratégias administrativas, políticas e econômicas
que movimentem organizações, empresas, instituições, coletivos e a própria sociedade a reconhecer a
ausência de alguns grupos sociais em locais de poder, decisão e representatividade.
Além do reconhecimento da ausência de alguns grupos sociais, a inclusão também é um ato deliberado de
promover ações e mudanças que recebam, compreendam e valorizem as demandas desses grupos
historicamente oprimidos.
No entanto, incluir indivíduos e grupos historicamente excluídos de lugares importantes – como cargos de
gestão em grandes empresas, vagas no ensino superior e cargos políticos – não deve acontecer sem uma
reflexão sobre esses próprios lugares.
A inclusão não pode apenas trazer pessoas e grupos subalternizados de qualquer jeito para lógicas
administrativas que já não funcionam mais. É preciso mudar as lógicas de gestão desses lugares e da própria
sociedade!
A discussão sobre a inclusão também deve pautar a alteração de códigos, vocabulários, pedagogias, valores,
culturas, rotinas administrativas, processos de recrutamento e seleção, entre outros.
O movimento de inclusão para manutenção da diversidade tem de levar em consideração uma mudança da
própria sociedade e dos coletivos que pretendem democratizar acessos.
Um exemplo de inclusão são as ações afirmativas.
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Ações a�rmativas – história e de�nição
Vejamos o que caracteriza essas ações:
A ação afirmativa pode ser vista como uma política pública que prevê o
tratamento desigual aos desiguais, denunciando as falhas na legislação de
orientação universalista, que se revela impotente para resolver problemas
derivados da persistência de padrões sociais de exclusão e discriminação ao
longo da história.
Em outras palavras, a ação afirmativa é política que visa à justiça social pelo
meio da reparação para grupos persistentemente discriminados e vítimas de
exclusão, proporcionando vantagens competitivas para membros de grupos
desprivilegiados em processos de disputa acirrada por posições sociais de
prestígio.
(FERES; DAFLON, 2015; MOEHLECKE, 2002; SILVÉRIO, 2002 apud CASTRO, 2017, p. 90-91)
Vamos conhecer agora um tipo de ação afirmativa: as cotas.
Cotas – reserva de vagas
As cotas não são o único exemplo de ações afirmativas, constituindo, antes disso, mais uma possibilidade.
No contexto brasileiro, a reserva de vagas parece ser a ação afirmativa mais atravessada por tensões e
polêmicas em debates políticos e midiáticos.
O primeiro ponto que devemos colocar em questão é: ainda que estejam abertas ao crivo da crítica e da
mudança, as ações afirmativas e as cotas não podem ser assuntos tratados como opiniões ou no âmbito do
senso comum. Há um campo de estudo vasto e complexo que, mesmo sob críticas pertinentes a essa
política pública, comprova que ela tem um papel fundamental na garantia da diversidade do mundo em locais
estratégicos da sociedade.
Nessa direção, as ações afirmativas, no Brasil, fazem cumprir princípios de igualdade e justiça social que são
constitucionais.
Atenção
A reserva de vagas tem sido historicamente utilizada para garantir que grupos sociais marginalizados – como
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negros, pobres, LGBTQIA+ e mulheres – possam ocupar e contribuir com instituições e organizações no
âmbito decisório e de gestão. Hoje em dia, tem sido muito comum o uso de processos seletivos que
selecionem líderes de grupos mais diversos.
Por mais diversos, entende-se aqueles que historicamente não eram associados aos lugares de poder e de
decisão do mundo privado ou público.
A ideia não é achar que homens heterossexuais, brancos e cristãos não possam ter vez no mundo mais. A
bem da verdade, eles sempre tenderam a ter poder. Basta olhar ao redor. Quem são as pessoas mais ricas,
poderosas e bilionárias?
A ideia agora é redistribuir o espaço comum com aqueles que historicamente não só foram associados à
falta de competência, mas também foram sendo eliminados desses processos por várias estratégias
perversas e preconceituosas.
Essa escolha não é feita mediante pena ou lamento. Ela, na verdade, é realizada pelo reconhecimento de que
trajetórias distintas e diversas têm muito a somar aos espaços coletivos por garantir uma dinâmica
democrática.
Comentário
Não esqueça: as pessoas que passam em processos seletivos,com reserva de vagas, fazem o mesmo
processo que aquelas da ampla concorrência. O mérito permanece sendo um critério de seleção!
As ações afirmativas partem de um pressuposto: mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+ têm a colaborar
com seus pensamentos, suas práticas e suas ações sobre o mundo em quaisquer espaços em que eles
estejam.
As ações são afirmativas, e não ressentidas. Não se trata de um desejo de vingança, e sim de afirmar outras
possibilidades de mundo sem que tenhamos de viver com tanta desigualdade. É por isso que todas as
minorias sociais devem estar em todos os locais ao lado das outras pessoas que sempre estiveram no poder.
Não podemos falar de igualdade, participação, sucesso, empreendimento, “todo mundo” e universalidade se
ampla parte da sociedade não se encontra presente na construção desses alicerces. Se há várias formas de
ver, compreender e intervir sobre o mundo, é primordial que possamos garantir que várias pessoas e coletivos
se sintam representados em suas demandas.
Brasil pós-abolição
A população negra escravizada no Brasil só foi formalmente liberta em 1888. Isso não significa que a
sociedade brasileira, dali em diante, aprendeu a desejar e querer negros em locais que antes eram apenas
para brancos.
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Os negros permaneceram indesejados e associados a qualquer coisa, menos a uma
condição humana mínima que pudesse ser compartilhada com outros que já
tivessem um status superior.
Em outras palavras, ainda tratando da ideia formal de igualdade, os negros continuaram em situações de
exclusão. Desse modo, eles não foram incluídos como sociedade civil e mão de obra, além de não serem
indenizados pelos séculos de exploração e maus tratos que receberam no país.
Em lugar de formar a população negra brasileira para o trabalho livre pós-abolição, o Estado brasileiro
resolveu apoiar a população imigrante italiana e alemã com recurso público, distribuindo dinheiro e terras.
Esses imigrantes foram convocados para colaborar na miscigenação do Brasil rumo a um país mais
embranquecido fenotípica e culturalmente.
O Estado apoiou explicitamente um povo estrangeiro que chegou em péssimas condições econômicas para o
Brasil. Por que não incluir nesse apoio o povo brasileiro negro e indígena que o próprio Estado deixou em
situação de desigualdade?
Inclusão como processo
A inclusão deve ser, portanto, um processo dialógico e gradual: mudam-se as organizações, muda-se a
sociedade e mudamos a nós mesmos! Basta pensar: se o Estado e alguns setores privados se beneficiaram
da desigualdade, que sejam eles mesmos, portanto, os responsáveis por garantir a inclusão e a diversidade.
Atenção
É importante reforçar que o processo de inclusão não é um fim em si mesmo. Trata-se de uma estratégia no
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combate às desigualdades. Caso seja avaliado que vivemos em um país democrático, políticas de inclusão
serão desnecessárias. No entanto, enquanto estamos longe de ser uma nação que vive uma situação de
equidade, a inclusão é o mínimo que podemos fazer para construir um mundo mais justo.
Além de construir estratégias de inclusão, é preciso haver uma lógica que faça com que os grupos excluídos
permaneçam nos locais que lhes foram hostis ao longo de muito tempo. A inclusão deve garantir que esses
sujeitos permaneçam, persistam e se sintam incluídos em espaços dispostos a revisar suas lógicas de
desigualdade.
Isso pode ser feito por meio de trainees, processos seletivos, debates, seminários e palestras que sustentem
debates históricos, políticos e estratégicos. É preciso reconhecer, além do discurso, a importância da
democratização de qualquer lugar em que haja pessoas.
Onde existem pessoas, é preciso haver diversidade.
Mercado de trabalho
Há exemplos de várias grandes corporações que fizeram processos seletivos para cargos estratégicos e
centrais com recortes de gênero, raça e classe. Também existem exemplos de empresas que, além das datas
comemorativas das minorias sociais, sustentam treinamentos e formações ao longo do ano para toda a
empresa. A ideia é mostrar que a democracia de pessoas faz bem para os valores humanísticos e até mesmo
para os lucros das organizações.
É preciso, no entanto, pensar além do lucro. A humanidade das pessoas não possui preço algum! Nesse
sentido, é importante que as empresas deem visibilidade, por exemplo, a denúncias historicamente invisíveis
que se tornaram centrais para qualquer senso de democracia nas organizações.
É necessário um espaço de ouvidoria, de denúncias e de escuta ativa sobre as violências e as opressões que
ocorrem por assédios, sexismos, racismos e capacitismos, por exemplo. Ao mesmo tempo, as empresas e as
instituições devem estar preparadas para assumir as potências de sujeitos já muito bem formados que
sempre foram barrados de lugares de poder por lógicas discriminatórias. Também é preciso que as empresas
e as instituições pluralizem e defendam as diferenças e as divergências de trajetórias, pensamentos,
estratégias, saberes e práticas nos espaços de decisão.
Não é incrível pensar que alguém que herdou milhões da família e um sujeito favelado, primeiro ingresso no
ensino superior de uma família, possam estar no mesmo espaço discutindo o que é melhor e o mais rentável
para uma empresa?
Não é interessante que homens e mulheres possam decidir juntos sobre os rumos estratégicos de uma pauta
econômica? O espaço democrático e diverso é complexo e difícil, mas será melhor e mais eficiente do que
ouvir apenas as vozes de alguns.
Papel da Psicologia
A Psicologia – como campo, ciência e profissão –, além da área dos recursos humanos, precisa combater
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qualquer perspectiva que mantenha sujeitos e coletivos em condição de sujeição.
É preciso que, na clínica, na escola, nas empresas, nas políticas públicas, no esporte e onde mais seja
possível, atuemos na direção da pluralidade da vida humana. Precisamos aprender a dialogar com vozes
plurais e com os movimentos sociais. O que eles têm a nos ensinar? Podemos e devemos fazer críticas a
eles, mas dispensá-los do debate democrático seria uma perda enorme para a sociedade.
Se, em termos gerais, nosso compromisso é com subjetividades e sociedades saudáveis, a Psicologia deve
garantir que os sujeitos sejam o que eles quiserem ser e estejam onde eles desejarem estar!
O processo dialógico e gradual de inclusão
no Brasil
Neste vídeo, o mestre Ricardo Dias de Castro reflete sobre importância do processo de inclusão de forma
gradual e dialogada a fim de promover ações afirmativas e não ressentidas no Brasil, além de destacar o
papel do psicólogo nessa tarefa.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
De�nição de inclusão e do movimento de inclusão
2:17 min.
As ações a�rmativas como políticas públicas
3:37 min.
MÓDULO 4
Vem que eu te explico!
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
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De�nição de inclusão e do movimento de inclusão
2:17 min.
As ações a�rmativas como políticas públicas
3:37 min.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Podemos afirmar que a inclusão tem como objetivo:
A impedir que homens, brancos e heterossexuais ocupem cargos bem remunerados.
B reconhecer desigualdades e propor estratégias para combatê-las.
C construir ações que valorizem o sofrimento e a dor das minorias sociais.
D incluir minorias em instituições sem que se mudeas lógicas delas.
E conservar a sociedade do jeito que ela está.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Inclusão é o ato organizado que reconhece desigualdades históricas e propõe estratégias
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Considerações �nais
O Brasil é um local radicalmente plural no que diz respeito à sua formação étnica, racial e cultural. No entanto,
administrativas, políticas e econômicas para garantir a mudança das organizações, das
instituições e da própria sociedade na direção de um mundo mais democrático.
Questão 2
O debate da inclusão e da diversidade por meio da reserva de vagas tem como objetivo principal:
A impedir que brancos, heterossexuais e cristãos estejam em lugares de poder e decisão.
B
garantir a entrada de pessoas incompetentes e sem mérito nos espaços de poder e
decisão.
C possibilitar unicamente o recrutamento e a seleção de grupos minoritários.
D
construir uma sociedade que leve em consideração as experiências de negros em
detrimentos de brancos.
E
permitir que as organizações e a própria sociedade garantam pessoas e trajetórias distintas
em espaços estratégicos.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A reserva de vagas (as cotas) são utilizadas historicamente para garantir que grupos sociais
marginalizados, como negros, pobres, LGBTQIA+ e mulheres, possam ocupar e contribuir com
instituições e organizações no âmbito decisório e de gestão. A ideia não é impedir que homens,
heterossexuais, brancos e cristãos estejam nesses lugares. O principal objetivo é redistribuir os
espaços de poder entre toda a população, tendo em vista que muitos grupos não se encontram
nesses espaços por uma questão preconceituosa e discriminatória.

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em função do preconceito e da discriminação, essa pluralidade não tem gerado uma sociedade
democraticamente racial.
Ao mesmo tempo, ainda que tenhamos cada vez mais figuras diversas em todos os locais da nossa vida,
permanecemos com uma dificuldade enorme de valorizar e reconhecer a pluralidade da vida no nível da raça,
da classe, da sexualidade e do gênero, entre outros quesitos. Essa dificuldade se dá porque as sociedades
foram criando sistemas estruturais de desigualdade, os quais, por sua vez, eliminavam o espaço da
existência de sujeitos considerados fora do padrão da normalidade.
Vimos, no entanto, como tem sido possível, sobretudo no âmbito da Psicologia, pensar um mundo em que a
diferença e a diversidade não sejam um obstáculo, e sim a nossa potência humana. Isso pode e deve ser feito
por meio de ações e movimentações que congreguem saberes e fazeres que valorizam a diferença.
A diferença pode ser a nossa maior potência - e não a nossa degradação como humanidade.
Podcast
Neste podcast, o mestre Ricardo Dias de Castro refletirá sobre as diversas formas de preconceito e
discriminação observadas no Brasil atual, apontando a importância do papel do psicólogo para valorizar e
reconhecer a pluralidade de raça, classe, sexualidade e gênero.

Referências
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GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo: Editora 34, 1999.
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Psicologia: ciência e profissão. v. 22. 2002. p. 2-13.
Explore +
Veja os seguintes vídeos:
Documentário A negação do Brasil.
Curta-metragem Vista minha pele.
Vídeo História da Psicologia e das relações étnico-raciais, disponível no YouTube.
Vídeo Psicologia e relações de gênero e sexualidade, disponível no YouTube.
Vídeo Gênero é ciência, do canal NãoEIdeologia UFMG, disponível no Youtube.
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Relações raciais: referências técnicas para a prática da(o) psicóloga(o). Ele está disponível no site do
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).
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