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TEMAS 01 A 06 CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA

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DESCRIÇÃO
A relação do corpo humano e o movimento nos diferentes cenários da vida cotidiana, pela ótica das
disciplinas Cinesiologia e Biomecânica.
PROPÓSITO
Compreender os fatores que geram e influenciam as múltiplas possibilidades de movimento do corpo
humano nas atividades cotidianas, sejam elas de lazer, laboral, esportiva e funcional, sendo este
conhecimento de fundamental importância para os profissionais da área de Saúde, que trabalham com o
movimento, visando a otimização do comportamento do Sistema Locomotor.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar a importância da Cinesiologia e Biomecânica para análise e compreensão do movimento
humano, assim como as áreas de estudo da Biomecânica
MÓDULO 2
Reconhecer as diretrizes cinemáticas para construção de estratégias de interpretação do movimento do
corpo humano no espaço
MÓDULO 3
Identificar o comportamento motor do corpo humano a partir da atuação das forças agentes sobre ele
INTRODUÇÃO
A partir de agora, vamos iniciar o estudo da Cinesiologia e Biomecânica. Alguma vez você já questionou
de que maneira um determinado movimento é executado? Por exemplo: por que as pessoas podem
apresentar diferentes formas de caminhar ou correr; como o exercício de agachamento pode ser
realizado para otimizar os resultados do treinamento; qual é a melhor maneira de se sentar durante a
jornada de trabalho, para evitar um quadro de lombalgia e o que ocorre na evolução de uma criança
quando passa da postura de engatinhar para a bípede?
Essas e outras questões relacionadas ao movimento humano serão aqui discutidas nos mais variados
cenários, como em atividades do dia a dia, esportivas, laborais e terapêuticas, visando oferecer a você
um ferramental amplo, não só para observação e análise, mas também para escolha de estratégias de
intervenção, com a finalidade de uma melhor utilização do corpo humano em movimento.
 
Foto: Shutterstock.com
 A marcha (caminhada) é o padrão de deslocamento do ser humano.
Sim! O movimento do corpo humano é a nossa prioridade! O movimento humano é uma área de estudo
muito rica e trará a você uma série de informações que aumentarão significativamente sua forma de
visualizar, descrever, avaliar e explicar sobre a mobilidade nas mais diferentes situações. Vale lembrar
que a preocupação com a análise e compreensão do movimento do corpo humano data de antes da era
cristã e, ainda hoje, passados vários séculos, algumas questões continuam sem respostas e os estudos
nas áreas de Cinesiologia e Biomecânica não param de evoluir.
Ao final deste tema, você terá maior capacidade de identificar as variáveis necessárias na hora de atuar
como um profissional da área de Saúde. Agora, você está convidado a uma nova experiência, um novo
estágio para a aplicação do movimento humano, nas diferentes situações do dia a dia, sejam essas
rotineiras, como nas tarefas de casa, mas também nas atividades laborais em empresas – tema muito
abordado atualmente no que se refere a questões relacionadas à ergonomia – avançando ainda mais
para atividades esportivas, sejam elas de rendimento ou recreativas.
MÓDULO 1
 Identificar a importância da Cinesiologia e Biomecânica para análise e compreensão do
movimento humano, assim como as áreas de estudo da Biomecânica
CONCEITOS DE CINESIOLOGIA E
BIOMECÂNICA
Uma questão que muitos profissionais da área da Saúde abordam refere-se a semelhanças e diferenças
entre a Cinesiologia e a Biomecânica, pois ambas tratam do mesmo objeto de estudo, que é o
movimento.
A Cinesiologia trata da análise e interpretação do movimento humano em seu sentido mais amplo.
Então, toda e qualquer disciplina que permita uma interpretação do movimento humano pode ser tratada
pela Cinesiologia. Assim, a Anatomia, a Anatomia aplicada, a Fisiologia, a Fisiologia do exercício, a
Psicologia, a Nutrição, a Avaliação morfofuncional são disciplinas que oferecem conteúdos que
permitem entender como o movimento do corpo humano ocorre.
Você pode entender a Cinesiologia como: 
 
A ciência que estuda os movimentos do corpo humano.
 
Imagem: Shutterstock.com
A Biomecânica pode ser encarada como uma subdisciplina da Cinesiologia, pois ainda com o foco no
ser humano, ela traz para a análise do movimento os conceitos fundamentados na Física, mais
especificamente, na mecânica.
Para melhorar a compreensão, podemos afirmar que as estruturas anatômicas do corpo humano,
quando levadas ao movimento (mecânica), devem ser interpretadas a partir das diferentes
características fisiológicas desse corpo, ou seja, “há uma combinação entre o movimento (mecânica)
+ estrutura (anatomia) + função do corpo (fisiologia)”.
 
Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. 2016, pág. 16
 Cinesiologia e Biomecânica.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTUDO DO MOVIMENTO
A preocupação em entender como o movimento humano ocorre não é recente, data de antes da era
cristã, quando já existiam relatos de problemas quanto à forma de se mover do ser humano.
 
Foto: Jastrow / Wikimedia Commons/ Domínio público
 Aristóteles.
É sabido que o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) foi considerado o pai da Cinesiologia. A ele são
atribuídas questões relacionadas ao conhecimento sobre o centro de gravidade do corpo humano
(CGH), leis de movimento e de alavancas.
Diversos outros pensadores seguiram na esteira de Aristóteles, demonstrando preocupação em
entender o movimento do corpo humano, respaldados não só nas observações externas ao corpo, mas
também tentando decifrar os mecanismos internos para a realização dos movimentos.
 
Foto: Pierre-Roch Vigneron / Wikimedia Commons/ Domínio Público
 Galeno.
Cláudio Galeno (129 – 217 d.C.), médico e filósofo romano de origem grega, contribuiu a partir dos seus
achados com ensaio de motu musculorum, isto é, a relação entre os músculos agonistas e
antagonistas, nervos motores e sensitivos, além de termos como diartrose e sinartrose, que são
utilizados até hoje para classificar as articulações do corpo.
ENSAIO
Como eram denominados os artigos científicos nesta época.
javascript:void(0)
 
Foto: Francesco Melzi / Wikimedia Commons/Domínio público
 Leonardo da Vinci.
Durante a Idade Média, muito pouca informação podia ser obtida quanto aos estudos na área do
movimento humano. Por outro lado, o período Renascentista traz de volta toda a preocupação com as
ciências, sendo que é através dos estudos de Leonardo da Vinci (1452 – 1519), para muitos
considerado um gênio, que a marcha (caminhada, deambulação) humana tem os seus primeiros
registros. Tema ainda hoje muito pesquisado.
 
Foto: Justus Sustermans / Wikimedia Commons/Domínio público
 Galileu Galilei.
O físico italiano Galileu Galilei (1564 - 1642) foi considerado o "pai da Física Moderna" e o "pai da
Ciência Moderna”. Seus achados permitiram compreender conceitos como rapidez vs. velocidade,
inércia, gravidade e o comportamento dos projéteis.
 
Foto: Autor desconhecido / Wikimedia Commons/Domínio público
 Alfonso Borelli.
Os estudos de Galileu Galilei tiveram continuidade com Alfonso Borelli (1608 – 1679), que também era
físico, matemático e filósofo. Suas principais contribuições o fizeram ser considerado o “pai da
Biomecânica”. Dentre essas contribuições, podem ser citados: o livro De Motu Animalium que abordava
o padrão de locomoção do homem, a ideia da contração dos músculos para realizar um movimento e a
mecânica respiratória. Borelli descobriu ainda questões relacionadas ao equilíbrio, como o
comportamento das articulações em função das forças que atuam sobre elas. Dentre seus feitos mais
importantes, está o posicionamento do CGH em diferentes situações de equilíbrio.
A partir daí, a Cinesiologia não parou mais de evoluir e, no final do século XIX, a Biomecânica ganhou
corpo no campo das ciências, chegando em meados do século XX, mais especialmente, nas décadas de
1960 e 1970, a ter maior representatividade mundial.
CONSIDERAÇÕES ANATOMOFUNCIONAIS
Agora você pode estar pensando: Como então devo pensaro movimento do corpo humano?
Dois pontos principais serão os norteadores de seu raciocínio:
O corpo humano é constituído por um conjunto de segmentos (braço, antebraço, coxa, perna etc.) que
são unidos por articulações e, em função de seu grau de mobilidade, permite que esses segmentos
descrevam trajetórias no espaço.

Para que um movimento possa ser realizado, há necessidade de forças atuando sobre o corpo humano
e o resultado do comportamento do corpo no espaço é a resultante dessas forças.
 COMENTÁRIO
O comportamento que um segmento corporal descreve no espaço, ou seja, o movimento em torno de uma
articulação, está diretamente relacionado ao aproveitamento da energia gerada pelo(s) músculo(s) durante o
processo de contração.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Corpo humano e articulações.
Sendo assim tão importante ter sempre em foco que a base da construção do conhecimento
biomecânico está diretamente relacionada a outras ciências e, principalmente, à:
Anatomia – Permite conhecer as estruturas corporais.
Fisiologia – Permite analisar e avaliar as funções corporais.
Mecânica – Permite estudar todos os corpos que ocupam lugar no espaço e, no nosso caso, o corpo
humano.
Vamos reforçar esse conhecimento sobre a Biomecânica!
“ESTUDO ANATOMOFISIOLÓGICO E MECÂNICO DO
MOVIMENTO DO HOMEM E DE SEUS SEGMENTOS
CORPORAIS.” 
“O ESTUDO DA ESTRUTURA E DA FUNÇÃO DOS SISTEMAS
BIOLÓGICOS UTILIZANDO OS MÉTODOS DE MECÂNICA”
HATZE, 1974.
“BIOMECÂNICA É A CIÊNCIA QUE EXAMINA AS FORÇAS
INTERNAS E EXTERNAS QUE ATUAM NO CORPO E SEUS
EFEITOS”
HAY, 1981.
“BIOMECÂNICA É A CIÊNCIA QUE INVESTIGA A AÇÃO DAS
FORÇAS INTERNAS E EXTERNAS AGINDO SOBRE OS
CORPOS VIVOS. NÃO É UM CONCEITO NOVO. O QUE É
NOVO É UM AUMENTO NA AMPLITUDE DA ÁREA DE
INVESTIGAÇÃO DA BIOMECÂNICA, PARA AS MUITAS
POSSIBILIDADES DE MOVIMENTO HUMANO”
HAY, 1981.
Observe que nos dois primeiros conceitos aqui apresentados por Hatze (1974), a tese da Anatomia, da
Fisiologia e da Mecânica são reforçadas, mas ele destaca que a análise do movimento do corpo humano
deve ser pensada a partir do comportamento dos segmentos corporais no espaço.
Nossa sugestão é que você se habitue a sempre interpretar o movimento do corpo humano de maneira
“fragmentada”, até que possa entender o “todo”. Por exemplo, ao sentar-se e levantar-se de uma cadeira
as articulações dos tornozelos, joelhos e quadris são importantes, assim, tentar identificar o que possa
estar comprometendo este movimento dependerá isoladamente da avaliação de cada uma dessas
articulações.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Sentar e levantar.
Já os conceitos propostos por Hay e Miller inserem elementos novos.
Sim, pois até aqui não havíamos falado sobre forças internas e externas.
A identificação e análise dessas forças serão fundamentais para compreensão do comportamento final
do corpo e seus segmentos no espaço. Mas isso é conversa para termos daqui a pouco!
Vale destacar a aplicação da biomecânica na área da Saúde, em destaque no movimento humano, pode
estar relacionada a diversos campos. Observe:
 
Foto: Shutterstock.com
Locomoção (marcha humana)
 
Foto: Shutterstock.com
Esporte (melhoria do desempenho)
 
Foto: Shutterstock.com
Clínica e reabilitação (prevenção e tratamento de lesões)
 
Imagem: Shutterstock.com
Ocupacional e ergonomia (relações entre o homem, as máquinas e o trabalho)
ÁREAS DE ATUAÇÃO DA BIOMECÂNICA
A Biomecânica pode ser dividida em interna e externa:
 
Imagem: Shutterstock.com
 Músculos e ligamentos do joelho.
Biomecânica interna – Tem como base a determinação das forças geradas dentro do corpo humano,
sejam estas a favor ou contra o movimento. Através da biomecânica interna, é possível determinar a
resultante dessas forças. São chamadas de forças internas– forças articulares (ligamentos e cápsula
articular) e musculares (concêntricas, excêntricas e isométricas). O mais importante é que são
classificadas em função das diferentes formas de solicitação mecânica. Através do estudo da
Biomecânica interna, podemos responder a seguinte questão: qual é a resultante dessas forças?

 
Imagem: Shutterstock.com
 Força da gravidade.
Biomecânica externa - Identifica e quantifica as forças que são geradas fora do corpo humano, mas
que irão interferir diretamente na condição dinâmica (movimento) ou estática (inércia). 
 
Essas são chamadas de forças externas (gravidade, atrito, resistência frontal do ar etc.), que atuam
sobre o corpo humano e trazem consequências resultantes de suas ações, como por exemplo, a força
da gravidade.
 DICA
Ao realizar a análise de um movimento, a identificação de força será sempre no plural, ou seja, forças. Isso
porque será sempre necessário identificarmos as forças externas que estão atuando sobre o corpo humano,
por exemplo, a gravidade e o comportamento das forças internas em função da postura ou movimento que se
queira realizar.
 EXEMPLO
Ao realizar o movimento de flexão do cotovelo (rosca bíceps), é necessário um trabalho combinado de outras
musculaturas para manter a postura estática. Musculaturas essas dos membros inferiores para que o
indivíduo se mantenha em pé, assim como a musculatura da região abdominal e paravertebral, para que o
indivíduo se mantenha estável e não mude a postura durante a execução do exercício.
ÁREAS DE ESTUDO DA CINESIOLOGIA E
BIOMECÂNICA
Nos últimos anos, em função da evolução no campo científico, os estudos cinesiológicos e biomecânicos
vêm apresentando uma evolução muito grande, devido ao desenvolvimento de instrumentos de
mensuração e avaliação dos movimentos do corpo humano em todos os campos de aplicação (laboral,
cotidiano, terapêutico e esportivo).
Contudo, quatro grandes áreas continuam a assegurar densidade aos achados científicos no campo do
estudo do movimento humano.
Vamos conhecer um pouco mais cada uma dessas áreas!
Antropometria
É a área mais simples de estudo da Biomecânica. Preocupa-se em determinar as características das
dimensões do corpo humano, ou seja, estatura, massa corporal e segmentar (e a distribuição dessas
massas), comprimento e volume (dimensões geométricas) dos segmentos corporais, localização do
CGH e do centro de gravidade (CG) dos diferentes segmentos corporais.
Todos esses parâmetros são necessários para que, a partir de um modelo antropométrico, seja
construído um modelo biomecânico do corpo que se queira analisar.
Na prática, as avaliações antropométricas utilizam desde recursos simples, como balança, trena
metálica, paquímetros, até sistemas altamente sofisticados, por exemplo, digitalização a laser,
ultrassonografia etc.
 
Foto: Shutterstock.com
 Antropometria (observe o modelo biomecânico na tela do computador).
Na Cinesiologia e Biomecânica, esses dados são necessários para que o movimento possa ser
modelado física e matematicamente. Assim, simulações de movimentos podem ser propostas, o que
permite uma melhor compreensão de como os movimentos estão sendo realizados e como podem ser
otimizados.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Antropometria – Dimensões dos segmentos corporais.
Cinemetria
Essa área de estudo tem como foco a análise e descrição do movimento no espaço, ou seja, se é um
movimento rápido ou lento, amplo ou curto, dentro ou fora da trajetória esperada. Dentro do enfoque
científico é a medição cinemática que permite, de maneira objetiva, identificar a velocidade e a
aceleração do movimento, discorrer sobre a distância e o deslocamento realizados no movimento, além
da posição e orientação dos segmentos corporais e do corpo humano no espaço.
Na prática, a aquisição de dados na cinemetria está apoiada das imagens do movimento a ser
analisado. Essa aquisição vale-se normalmente de recursos de fotos, filmes e vídeos para registro e
descrição dos movimentos. Os equipamentos para pesquisa científica são de alta tecnologia, como
câmeras de alta frequência (iguais ou maiores que 60 Hz), mas na atualidade vários softwares e Apps
estão disponíveis, o que funciona como tremendaferramenta para descrição do movimento. Um
smartphone com uma boa câmera permite análises de movimento de pacientes em cinesioterapia ou de
alunos que realizam treinamento.
 
Foto: Shutterstock.com
 Antropometria (observe o modelo biomecânico na tela do computador).
Vale destacar que os achados na cinemetria permitem avaliações quantitativas e qualitativas do
movimento; interpretação de posturas e posições do corpo humano em movimento para a elaboração
das estratégias de intervenção; avaliação da técnica do movimento selecionado; comparação entre
movimentos propostos, realizados por sujeitos diferentes ou pelo mesmo em momentos distintos.
 
Foto: Shutterstock.com
 Cinemetria.
Dinamometria
Essa é a terceira área de estudo da Biomecânica. Tem como base os métodos para as medições
cinéticas, ou seja, as medidas de força interna e externa que irão influenciar o movimento. As avaliações
dinamométricas na biomecânica utilizam prioritariamente: a plataforma de força (avaliação da força de
reação do solo), a distribuição de pressão plantar (baropodômetros), células de carga e aparelhos
isocinéticos (dinamometria computadorizada).
O principal objetivo é explicar como o movimento está sendo realizado, a partir das forças que estão
atuando sobre o corpo ou algum segmento analisado de forma isolada, isto é, os fatores moderadores
ambientais (ex.: força da gravidade) e as ações internas de geração de força frente a esses fatores (ex.:
contração muscular).
 
Foto: Shutterstock.com
 Dinamometria – plataforma de força.
Na prática, essas avaliações permitem a análise da técnica de execução do movimento, a investigação
da condição física, o controle da sobrecarga e a identificação e influência das forças externas e internas
que afetam o movimento.
 
Foto: Shutterstock.com
 Baropodometria de pressão plantar.
 
Foto: Shutterstock.com
 Dinamometria - Baropodometria.
Eletromiografia
Para entender a eletromiografia (EMG), você deve lembrar que toda contração muscular é uma atividade
eletroquímica. Então, a EMG é o registro da atividade elétrica de um músculo, quando este é
estimulado. É bom ter em mente que a contração da musculatura estriada esquelética ocorre como uma
ação voluntária em resposta a um estímulo, assim, alguns fatores podem influenciar os achados na
EMG, como: a velocidade de encurtamento e alongamento muscular, o equilíbrio das ações de músculos
agonistas e antagonistas, o grau de tensão muscular, a atividade reflexa e, principalmente, a fadiga
muscular.
Para coleta dos dados, são utilizados eletrodos que podem ser superficiais (sobrepostos na pele no local
do músculo que se queira avaliar) ou profundos, invasivos (dentro do corpo humano - intramusculares).
Por serem mais simples de aplicação, os estudos tendem em sua maioria a utilizarem a EMG de
superfície ou EMGSup. Esses eletrodos são conectados a um equipamento chamado eletromiógrafo,
que faz a leitura dos sinais elétricos que podem ser lidos e interpretados em um computador, através de
softwares específicos.
 
Foto: Shutterstock.com
Assim, medindo os potenciais elétricos durante o processo de contração, é possível avaliar as ações
musculares e como ocorre a participação do músculo durante a contração.
Foto: Shutterstock.com
 
Foto: Shutterstock.com
Na prática, permite considerar a técnica do movimento realizado, estimar o grau de coordenação deste
movimento, comparar situações semelhantes quanto ao controle e padrão de realização do movimento,
verificar o recrutamento dos grupamentos musculares estimulados e a fadiga induzida pela solicitação
muscular ao longo da estimulação.
Foto: Shutterstock.com
 
Foto: Shutterstock.com
Uma vez de posse dessas informações, o profissional da área da Saúde tem indicadores da habilidade e
comprometimento motor, do nível de contração muscular, dos períodos para cada tipo de excitação
muscular (concêntrica, excêntrica ou isométrica) e o comportamento dos músculos relacionados ao
movimento.
Foto: Shutterstock.com
 COMENTÁRIO
A EMG não tem por objetivo medir a quantidade de força muscular. 
 
Na condição de fadiga, há um aumento na amplitude e diminuição na frequência do sinal eletromiográfico.
ÁREAS DE ESTUDO DA BIOMECÂNICA
O especialista apresenta um resumo do módulo com ênfase na explicação e aplicação prática das áreas
de estudo da Biomecânica
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS FORÇAS DE REAÇÃO DO SOLO SÃO FORÇAS MESURÁVEIS ENTRE O
CORPO E AMBIENTE. NO AMBIENTE LABORATORIAL, ESSAS FORÇAS SÃO
MENSURADAS POR UM EQUIPAMENTO CHAMADO DE PLATAFORMA DE
FORÇA. SABENDO QUE A BIOMECÂNICA ESTÁ DIVIDIDA EM ÁREAS DE
ESTUDO, ASSINALE A ALTERNATIVA ABAIXO QUE CORRESPONDE A ÁREA
QUE ENGLOBA OS TIPOS DE MEDIDA DE FORÇA E PRESSÃO:
A) Eletromiografia
B) Cinemetria
C) Antropometria
D) Termometria
E) Dinamometria
2. A MANUTENÇÃO DA CONDIÇÃO DINÂMICA OU ESTÁTICA DEVE SER
ENCARADA A PARTIR DAS FORÇAS QUE ESTÃO ATUANDO SOBRE O CORPO
HUMANO. A BIOMECÂNICA É DIVIDIDA EM DUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO, CADA
UMA DESSAS ÁREAS ESTUDA ESPECIFICAMENTE DIFERENTES TIPOS DE
FORÇAS. ASSINALE, DENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO, AQUELA QUE ESTÁ
ERRADA:
A) O atrito com o solo é estudado pela Biomecânica externa.
B) Um tênis que absorve impacto é estudado pela Biomecânica externa.
C) Os elementos articulares são estudados pela Biomecânica interna.
D) A ação da gravidade é estudada pela Biomecânica externa.
E) A gravidade é uma força interna que atua sempre no mesmo sentido.
GABARITO
1. As forças de reação do solo são forças mesuráveis entre o corpo e ambiente. No ambiente
laboratorial, essas forças são mensuradas por um equipamento chamado de plataforma de força.
Sabendo que a Biomecânica está dividida em áreas de estudo, assinale a alternativa abaixo que
corresponde a área que engloba os tipos de medida de força e pressão:
A alternativa "E " está correta.
 
Cada área de estudo trata de estudar de maneira específica os conteúdos que permitem a análise
biomecânica do movimento e a área que estuda as forças é a dinamometria.
2. A manutenção da condição dinâmica ou estática deve ser encarada a partir das forças que
estão atuando sobre o corpo humano. A Biomecânica é dividida em duas áreas de atuação, cada
uma dessas áreas estuda especificamente diferentes tipos de forças. Assinale, dentre as
alternativas abaixo, aquela que está errada:
A alternativa "E " está correta.
 
Compreender a ação das forças externas e internas que atuam sobre o corpo é o que permite estimar o
comportamento desse corpo no espaço. Juntamente, por exemplo, com o atrito e a resistência frontal do
ar, a gravidade é uma força externa que atua sobre o corpo humano.
MÓDULO 2
 Reconhecer as diretrizes cinemáticas para construção de estratégias de interpretação do
movimento do corpo humano no espaço.
BASES CINEMÁTICAS PARA ANÁLISE DO
MOVIMENTO HUMANO
 
Foto: Shutterstock.com
Agora você deve estar se perguntando: eu sei que a anatomia me permite identificar o músculo que
deve ser estimulado, a fisiologia, se um músculo responde melhor a estímulos para resistência ou força,
mas e a mecânica – como ela pode contribuir para a análise do movimento?
O primeiro passo é ter em mente que apesar de se valer da Física e da Matemática, a grande maioria
dos profissionais da área da Saúde utilizam os achados nas pesquisas em Cinesiologia e Biomecânica
como ferramentas para melhorarem suas atuações profissionais, sendo que aqui você deve pensar em
avaliação, prescrição e monitoramento do tratamento fisioterápico ou do exercício físico.
Não fique preocupado em fazer cálculos, mas em identificar a melhor maneira de lançar mão dos seus
conhecimentos biomecânicos na hora de atuar profissionalmente.
Para conhecer um pouco mais, faz-se necessário subdividir a mecânica em duas áreas, que são:
Cinemática e Cinética.
Cada área tem seu foco de atuação específico e é isso que iremos conhecer mais agora.
CINEMÁTICA
Primeiramente, é importante deixar claro que todo movimento ocorre noespaço e essa relação entre o
corpo humano, movimento e espaço é estudada pela Cinemática.
 
 
Em segundo, a principal função da Cinemática é descrever o movimento do corpo humano e de seus
segmentos, ou seja, se o movimento é rápido ou lento, amplo ou curto, na trajetória desejada ou não.
 
Foto: Shutterstock.com
 Cinemática – relação espaço-temporal.
A partir do exposto, é possível afirmar que a Cinemática estuda a relação espaço-temporal na realização
do movimento, ou seja, a forma, o padrão e a sequência dos movimentos na relação espaço e tempo.
Vamos conversar agora sobre conteúdos importantes para uma avaliação cinemática.
ESTÁTICA E DINÂMICA
“ESTÁTICA É O EXAME DOS SISTEMAS QUE NÃO ESTÃO
SE MOVENDO OU QUE ESTÃO SE MOVENDO EM
VELOCIDADE CONSTANTE A PONTO DE CONSIDERÁ-LOS
EM EQUILÍBRIO”
HAMILL, 2012.
Vale destacar que, para a Cinemática, os achados na estática de um corpo que não se move, por
exemplo, em uma postura ereta estática, são pouco relevantes, mas sim de interesse da Cinética, o que
será visto mais à frente.
E a dinâmica? 
 
A dinâmica é de total interesse da Cinemática, pois ela está preocupada em analisar o movimento dos
corpos que mudam de posição no espaço em função do tempo.
O comportamento dinâmico do corpo ou de um segmento, exigirá de um profissional que queira dominar
a análise de movimento, a condição de transladar entre a descrição e a explicação de como os
movimentos de fato ocorrerem e como podem ser melhorados.
Vamos mergulhar nesses conhecimentos!
GRANDEZAS ESCALARES E VETORIAIS
Os conceitos de Mecânica para serem entendidos devem considerar a magnitude que está relacionada
à intensidade do movimento e/ou ao sentido do movimento.
Quando um conceito é plenamente compreendido, a partir de sua magnitude, é chamado de escalar.
Por exemplo, a massa corporal fica claramente entendida quando uma pessoa afirma ter 80kg.
Agora, alguns conceitos devem expressar não só a magnitude, mas também o sentido. Quando isso
ocorre, essa grandeza é chamada de vetorial. Um vetor é representado por uma “seta”, onde, além da
intensidade, é expressa a posição inicial e final.
Além disso, existem outros conceitos que são utilizados em Biomecânica, como a distância e o
deslocamento:
Distância: É medida como o comprimento da trajetória entre o ponto do início e do final do movimento.
Assim, a distância é uma grandeza escalar.
&
Deslocamento: É medido como uma linha reta entre as posições inicial e final de um corpo. Atente-se
para dois aspectos: existe uma posição inicial e outra final, mas, além disso, esse sentido é
preestabelecido. Assim, o deslocamento é uma grandeza vetorial.
Veja a figura abaixo:
 
Imagem: Shutterstock.com
 Distância (linha cinza); deslocamento (linha vermelha).
FORMAS DE MOVIMENTO
Basicamente todos os movimentos são classificados e descritos a partir de duas possibilidades:
A) movimento linear ou de translação
B) movimento angular ou de rotação
O corpo humano e seus segmentos ao se movimentarem terão sua descrição a partir da situação A ou
B.
É importante pensar que é a possibilidade de movimento das articulações que permite aos segmentos
corporais se deslocarem no espaço, ou seja, faz que o corpo humano passe a assumir novas posições
ao longo do tempo.
Resumindo: é nas articulações que os movimentos ocorrem, levando os segmentos corporais
associados a essas articulações a descreverem trajetórias espaciais.
Agora, qual é a diferença entre movimento linear e movimento angular?
Movimento linear ou translação
É caracterizado quando todas as partes do corpo percorrem a mesma distância, na mesma direção e ao
mesmo tempo. Pode ser dividido em movimento linear retilíneo ou movimento linear curvilíneo.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Movimento linear ou translação. Observe que, ao caminhar, todas as partes do corpo se deslocam
de um ponto a outro, o que caracteriza o movimento linear.
Movimento angular ou rotação
Para que ocorra esse movimento, é necessária a existência de um eixo, pois todo movimento angular
ocorre em torno de um eixo.
É identificado quando todas as partes de um corpo se deslocam em torno de um ponto (eixo), na mesma
direção e ao mesmo tempo. Reforçando: não existe movimento angular sem eixo e, no caso dos estudos
dos movimentos do corpo humano, esses eixos podem estar localizados interna ou externamente ao
corpo.
 
Foto: Shutterstock.com
 Movimento angular ou rotação.
Veja a figura: durante o movimento de flexão do cotovelo, ocorre o deslocamento da ulna e do rádio em
direção ao úmero, onde o eixo é a articulação do cotovelo.
Movimento combinado ou generalizado
É a junção dos movimentos de translação (linear) e rotação no momento da análise (angular). É
importante deixar claro que a caracterização de cada movimento é feita isoladamente, mas o
comportamento do corpo no espaço permite entender a combinação dos movimentos lineares e
angulares.
 
 
Observe uma caminhada. O que me permite caracterizar a mudança de local e posicionamento do corpo
no espaço é a alteração do posicionamento do CGH ao longo do tempo. Essa alteração é descrita como
movimento linear, mas, para que isso ocorra, as articulações dos tornozelos, joelhos e quadris devem se
movimentar e esses movimentos são chamados de angulares, pois ocorrem em torno do eixo articular.
 
Foto: Shutterstock.com
 Deslocamento do corpo em função do movimento articular.
 RESUMINDO
O movimento de translação do corpo humano que ocorre durante a marcha é realizado devido aos
movimentos angulares das articulações, o que permite identificar a marcha como um movimento combinado
ou generalizado.
POSIÇÕES DE REFERÊNCIA: POSIÇÃO ANATÔMICA
(PA) OU POSIÇÃO FUNDAMENTAL (PF)
É vital para análise do movimento que uma posição de referência inicial seja identificada para que o
movimento seja descrito. Quando isso não ocorre, assumimos que a PA seja a nossa referência.
Observe as figuras abaixo e atente para a diferença sutil entre uma e outra. Na PF, que também pode
ser chamada de posição cinesiológica, no posicionamento dos braços, as palmas das mãos estão
voltadas para face lateral da coxa e os pés ligeiramente “abduzidos” (7 a 10 graus).
 
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 Posição anatômica.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Posição fundamental.
Todo movimento é inicialmente descrito a partir da PA ou PF. Contudo, nada impede que outra posição
inicial (PI) seja utilizada para descrever um movimento, mas, para isso, é necessário que essa PI seja
descrita, por exemplo, em postura ereta e braços paralelos ao solo com as palmas das mãos voltadas
para frente. Em breve, você irá conhecer os movimentos descritos a partir desta posição.
 
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 Posição Inicial: “ombros abduzidos e cotovelos na altura do processo xifoide”.
PLANOS E EIXOS DE MOVIMENTO
Aqui, o primeiro ponto a ser registrado é que o movimento ocorre no espaço e a referência espacial para
descrição dos movimentos é tridimensional, ou seja, direita e esquerda, anterior e posterior, superior e
inferior.
Desta forma, os planos de referência para descrição dos movimentos guardam uma relação ortogonal,
ou seja, formam ângulos de 90° entre si, e são chamados de planos cardinais.
 
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 Planos e eixos.
Esses planos são nominados a partir do seu posicionamento em relação ao corpo humano:
Plano sagital 
 
Divide o corpo em lado direito e esquerdo.
Plano frontal ou coronal 
 
Divide o corpo em parte anterior e posterior.
Plano transverso ou horizontal 
 
Divide o corpo em parte superior e inferior.
Mas, por que isso é importante?
 RESPOSTA
A partir das observações dos movimentos que ocorrem com base nessas referências, é que poderemos
avaliar se um movimento atende ou não a um determinado padrão esperado.
Vale ainda lembrar que existem diversos planos intermediários entre os planos de referência. Desta
forma, ao elevar o segmento do braço (abdução dos ombros), este movimento não obrigatoriamente
ocorreráno plano sagital ou frontal, ele poderá estar ocorrendo em um plano intermediário, esta
informação é importante pois permitirá ampliar sua capacidade de avaliar um movimento.
Você já ouviu falar em “plano escapular”?
Mais à frente, você conhecerá mais sobre esse assunto, mas, para isso, domine muito bem os
chamados movimentos básicos.
Observe as figuras abaixo e esteja atento às diferenças!
 
Imagem: Adaptada por Luís Salgueiro
 Planos intermediários.
Mas vamos continuar com planos e eixos!
Os planos já são conhecidos. Você já sabe que os movimentos ocorrem nas articulações e que esses só
podem ser classificados de duas formas (linear ou angular), sendo que, para o movimento angular, há
necessidade de um eixo. Assim, as articulações funcionam como eixos para realização dos movimentos,
o que permite o deslocamento dos segmentos no espaço.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Rosca bíceps com HBC (Halter de Barra Curta). Melhor observado no plano sagital.
Como esses eixos são chamados?
O primeiro passo é deixar claro que, para cada plano de referência (sagital, frontal e transverso), existirá
um eixo e este será perpendicular ao plano. Veja abaixo:
Plano sagital 
 
Eixo látero-lateral, medial, médio-lateral
Plano frontal 
 
Eixo anteroposterior
Plano transverso 
 
Eixo longitudinal
 ATENÇÃO
Esses eixos podem receber nomes variados dependendo do autor.
TERMOS QUE DESCREVEM MOVIMENTOS GERAIS
É importante saber que todos os movimentos ocorrem em um plano e possuem um sentido, os quais
servirão de base para sua descrição. Você pode estar se perguntando: então, se existem movimentos
nos planos de referência, como estes são chamados?
Vamos esclarecer, mas, antes disso, observe estas referências:
 
Imagem: Shutterstock.com
 Posição ou direção relativa.
Lembre-se que todos os movimentos serão descritos a partir da PA.
Veja o quadro a seguir:
Plano Eixo Movimento
Sagital Látero-lateral
Flexão: ocorre a diminuição do ângulo articular. 
Extensão: ocorre o aumento do ângulo articular. 
Hiperextensão: o segmento é deslocado além da PA. 
Frontal Anteroposterior
Abdução: movimento tem início com o afastamento do
segmento da linha média do corpo. 
Adução: é o movimento de retorno da abdução.
Transverso Longitudinal
Rotação interna (medial): o segmento é “girado” para
dentro ou medialmente. 
Rotação externa (lateral): o segmento é “girado” para
fora ou lateralmente.
Planos e eixos de movimento. Autor: Claudio Gonçalves Peixoto
Há ainda o movimento de circundução, que é classificado como um movimento “multiplanar” e
“multiaxial”, ou seja, ao longo da sua realização passa por múltiplos planos e, com isso, apresenta
múltiplos eixos.
Para que uma articulação possa realizar a circundução, ela deverá ser capaz de realizar movimentos em
pelo menos dois planos cardinais. Assim, ombro e punho, por exemplo, podem realizar a circundução, já
o cotovelo não.
A circundução pode ser descrita como o desenho de um cone imaginário no espaço, cujo vértice está na
articulação e a base no extremo distal. Veja como ocorre a circundução do ombro no nado borboleta:
 
Foto: Shutterstock.com
 Circundução.
CADEIAS CINEMÁTICAS DE MOVIMENTO
A cadeia cinemática pode ser caracterizada por um conjunto de segmentos unidos por articulações,
assim, a alteração na capacidade de movimentação de qualquer articulação de uma cadeia, tenderá a
interferir nos movimentos das outras articulações.
Por exemplo, o segmento do pé é unido à perna pela articulação do tornozelo, a perna é unida à coxa
pela articulação do joelho, a coxa é unida à pelve pela articulação do quadril e a pelve é unida à coluna
vertebral (sacro) pela articulação sacroilíaca. A sequência acima forma a cadeia de membros inferiores.
 
Foto: Shutterstock.com
 Cadeia de movimento do corpo inteiro.
Caso uma das articulações dessa cadeia esteja comprometida, as demais tentarão “compensar” esse
comprometimento.
 EXEMPLO
Muitas vezes, ao machucar o joelho, o sujeito não deixará de se deslocar, mas, para que isso ocorra, as
articulações do tornozelo e quadril tenderão a tentar compensar essa “falha”.
Por isso, é tão importante entender o conceito e, mais ainda, a aplicação dessas cadeias de movimento,
que podem ser classificadas em cadeia aberta e cadeia fechada.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Exercício em cadeia aberta de membros superiores.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Cadeia fechada de membros inferiores.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Observe que, no exemplo da cadeia aberta, os membros superiores estavam sendo analisados e o
segmento distal é a mão. No exemplo da cadeia fechada, a análise está nos membros inferiores e o
segmento distal é o pé.
Há também a cadeia mista, ou seja, no momento da análise, são identificadas as cadeias aberta e
fechada. Um bom exemplo é a análise dos membros inferiores durante a marcha. Observe que dois
momentos devem ser identificados, que são: os dois pés estão em contato com o solo = cadeia
fechada; um dos pés em contato com o solo (fase de apoio) = cadeia fechada e o outro pé livre no
espaço (fase de balanço) = cadeia aberta.
 
Foto: Shutterstock.com
 Análise da marcha em cadeia mista: em determinado momento, os dois pés estão apoiados no solo,
no outro, o apoio é realizado com um dos pés enquanto o outro permanece suspenso.
CINEMÁTICA DO MOVIMENTO HUMANO
O especialista abordará a diferença entre Cinética e Cinemática para depois fazer as relações entre
planos, eixos e movimentos, buscando uma aplicação prática com os movimentos de musculação,
Pilates e cinesioterapia.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS RELAÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO SÃO A BASE PARA A DESCRIÇÃO DOS
MOVIMENTOS DO CORPO HUMANO. ESSA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO
CORPO EM MOVIMENTO É POSSÍVEL A PARTIR DA OBSERVAÇÃO DOS
ASPECTOS CINEMÁTICOS. A CINEMÁTICA TEM UM FOCO DE ESTUDO BEM
DEFINIDO. COM BASE NOS ACHADOS CINEMÁTICOS É CORRETO AFIRMAR
QUE:
A) Para que ocorra um movimento linear o eixo deve ser paralelo ao plano.
B) A velocidade de movimento de uma articulação é estudada pela Cinemática.
C) A amplitude de movimento de uma articulação em função do tempo é estudada pela Cinética.
D) Quanto menor o número de movimentos possíveis nos planos ortogonais maior será a mobilidade de
uma articulação.
E) O segmento que serve como referência para classificação da cadeia de movimento é o proximal.
2. OS PLANOS E EIXOS DE MOVIMENTO OU ORTOGONAIS SÃO A BASE PARA
DESCRIÇÃO DOS MOVIMENTOS ARTICULARES. A PARTIR DO MOVIMENTO DE
UMA ARTICULAÇÃO, OS SEGMENTOS CORPORAIS DESCREVEM TRAJETÓRIAS
ESPACIAIS. OS CONHECIMENTOS CINEMÁTICOS PERMITEM ASSINALAR COMO
CORRETA A ALTERNATIVA:
A) O movimento de circundução é realizado em múltiplos planos.
B) Translação ou movimento linear durante a marcha ocorre na articulação do quadril.
C) Flexão é um movimento no plano sagital com eixo anteroposterior.
D) Abdução é um movimento no plano transverso com eixo longitudinal.
E) O movimento de rotação interna é oposto ao movimento de rotação medial.
GABARITO
1. As relações de tempo e espaço são a base para a descrição dos movimentos do corpo
humano. Essa análise do comportamento do corpo em movimento é possível a partir da
observação dos aspectos cinemáticos. A cinemática tem um foco de estudo bem definido. Com
base nos achados cinemáticos é correto afirmar que:
A alternativa "B " está correta.
 
Ter noção da forma, sequência e padrão de movimento em relação ao tempo e ao espaço é a base para
descrição do movimento e da Cinemática.
2. Os planos e eixos de movimento ou ortogonais são a base para descrição dos movimentos
articulares. A partir do movimento de uma articulação, os segmentos corporais descrevem
trajetórias espaciais. Os conhecimentos cinemáticos permitem assinalar como correta a
alternativa:
A alternativa "A " está correta.
 
A noção de espaço deve considerar o comportamento tridimensional do corpo no espaço. E a partir daí,
os movimentos articulares descritos como flexão, extensão,abdução, adução, rotação interna, rotação
externa e circundução.
MÓDULO 3
 Identificar o comportamento motor do corpo humano a partir da atuação das forças agentes
sobre ele
BASES CINÉTICAS PARA ANÁLISE DO
MOVIMENTO HUMANO
Agora você deve estar se perguntando: eu já sei descrever os movimentos do corpo humano, mas,
como posso explicá-los?
É para isso que serve a Cinética! Os conhecimentos cinéticos darão a você condições de identificar e
analisar as forças que estão atuando sobre o corpo e a partir das ações dessas forças, explicar como o
movimento está sendo realizado ou a condição de equilíbrio estático está sendo mantida.
Ao entender e aplicar os princípios mecânicos que interferem no movimento, a qualidade de suas
avaliações e intervenções para prescrição de terapias e o exercício serão um grande diferencial
profissional.
A Cinética é um ramo da Física, mecânica que investiga os conceitos de força, energia e massa atuando
sobre um corpo.
Dominar esses conceitos é fundamental para que você possa identificar as condições estáticas e
dinâmicas de um corpo e como este pode se manter em equilíbrio mesmo na condição dinâmica, por
exemplo, durante a marcha e a corrida.
NOÇÕES BÁSICAS DE CINÉTICA
Vale destacar que os conceitos físicos serão contextualizados, considerando não só as estruturas
anatômicas do corpo humano, mas também o comportamento do corpo no espaço. Veja abaixo:
FORÇA
A ideia simples passa por um impulso ou tração exercida sobre um corpo, mas, na prática, deve ser
entendida como a capacidade de vencer, ceder ou igualar a uma resistência.
Você já foi apresentado às forças internas e externas. Agora, é importante que conheça também os
seguintes conceitos:
Força ou força potente 
 
Atua a favor do movimento que se quer realizar.
Resistência ou força resistente 
 
Força com ação contrária ao movimento que se quer realizar.
 EXEMPLO
Um músculo agonista (responsável pela realização do movimento) deve ser encarado como força potente,
já o antagonista (que tem ação contrária ao do movimento) deve ser encarado como força resistente.
 
Foto: Shutterstock.com
 Músculos do quadríceps, glúteos e posteriores da coxa agem como força potente e o peso corpo e a
barra que será levantada agem como força resistente.
MASSA E PESO
Muitas pessoas confundem esses termos, muito mais pelo que é aceito no senso comum, mas devem
ter compreensões distintas:
Massa (m) é a quantidade de matéria que constitui um corpo. A unidade de massa é o quilograma (kg),
como, por exemplo, a massa corporal.

Peso é a massa sofrendo a ação da gravidade (g) ou P = m x g. Vale lembrar que a gravidade é uma
força que atua verticalmente de cima para baixo, puxando os corpos em direção ao centro da terra. A
unidade de peso é o Newton (N).
 EXEMPLO
Um sujeito com uma massa de 80kg, estando no nível do mar, onde a força g é igual 9,81m/s², ou seja,
aproximadamente 10m/s², terá um peso de 800N (80kg x 10m/s²).
Você deve ter sempre em mente que, para manter a postura ereta, o corpo é obrigado a gerar uma força
interna (muscular), para vencer a ação da gravidade que puxa esse corpo para baixo. Em uma
perspectiva prática, observe que a pessoas idosas, normalmente, apresentam menor capacidade de
geração de força muscular e, assim, tendem a acentuar a cifose torácica.
PRESSÃO
É a força (F) aplicada em uma determinada área (A) ou P = F / A. Este conceito passa a assumir
especial importância quando entendemos que uma das funções dos meniscos é aumentar a área para
distribuição da carga da massa corporal acima dos joelhos.
A partir daí é correto afirmar que os meniscos tendem a diminuir a pressão interna nos joelhos e
qualquer alteração nessas estruturas tende a vulnerabilizar esta articulação.
 
Foto: Shutterstock.com
 Os meniscos aumentam a área para distribuição da carga no joelho.
VOLUME
É o espaço ocupado por um corpo. Isoladamente, o conceito de volume parece não ser tão relevante,
mas vale lembrar que o corpo humano é constituído por biomateriais de diferentes densidades, ou seja,
gordura, músculo, ossos etc.
Desta forma, ao relacionarmos as massas desses materiais aos seus volumes, teremos a densidade e
essa sim é importante na análise e interpretação do movimento humano.
A densidade (d) deve ser entendida como a relação entre a massa (m) e o volume (v) de um corpo, ou
seja, d = m / v. A unidade de densidade é kg/m3.
Na prática, 1kg de tecido muscular e de gordura tem a mesma massa, mas, como o volume ocupado
pelo músculo é menor que o volume ocupado pela gordura, o músculo é mais denso que a gordura.
 
Foto: Shutterstock.com, adaptado por Luís Salgueiro
 Comparação de dois homens com mesma massa, mas com volumes diferentes.
ENERGIA
É a capacidade de realizar trabalho. Muitas são as possibilidades de interpretação deste conceito no
corpo humano, mas, para sintetizar em função do trabalho realizado, essa energia tenderá a sofrer
variações. Por isso, é tão importante a adoção da prática do exercício físico, pois, com o aumento da
força, há fisicamente maior capacidade de reserva energética e, consequentemente, maior capacidade
de realizar trabalho.
LEIS DE NEWTON - 1ª LEI DE NEWTON (LEI DA
INÉRCIA)
Inércia deve ser entendida como a quantidade de matéria que constitui um corpo. Isso porque, o
conceito puro diz que todo corpo em repouso ou em movimento retilíneo uniforme tenderá a permanecer
nessa condição, a menos que sobre esse corpo seja aplicada uma força.
Na prática, quanto maior for a massa de um corpo, maior será a quantidade de força necessária para
que a mudança no seu estado de movimento ocorra.
 
Foto: Shutterstock.com
 Primeira lei de Newton.
 EXEMPLO
Imagine duas pessoas com quantidades de massa corporal iguais, 90kg, só que o sujeito A apresenta 20%
de gordura e 41% de massa muscular e é praticante de exercício físico regular, já o sujeito B apresenta 26%
de gordura e 35% de massa muscular e é sedentário. Parece que, para que ambos movimentem seus
corpos, a quantidade de força será igual, mas o sujeito A irá realizar essa tarefa com muito mais facilidade
quando comparado ao sujeito B.
2ª LEI DE NEWTON (LEI DA ACELERAÇÃO)
O conceito diz que a velocidade de alteração de movimento de um corpo é proporcional ao sentido e à
força que atuam sobre este corpo, sendo inversamente proporcional à massa dele, ou seja, força é igual
ao produto entre a massa e a aceleração (F = m x a).
Vamos entender com base em uma pessoa que precise executar saltos verticais sucessivos e rápidos. O
que você pensa sobre a quantidade de força necessária para realizar essa tarefa? Isso mesmo! Quanto
maior for a massa dessa pessoa, mais difícil será acelerar esse corpo e, para que isso ocorra, maior
será a quantidade de força necessária. Pense em um jogador de voleibol, que precise saltar várias
vezes de maneira rápida nos jogos e nos treinos. Percebeu o porquê desses atletas serem fortes, mas
não tenderem a ser muito hipertrofiados?
 
Foto: Shutterstock.com
 Segunda Lei de Newton – os saltadores em altura, normalmente, possuem físico longilíneo para que
a massa corporal não dificulte o salto.
3ª LEI DE NEWTON (LEI DA AÇÃO E REAÇÃO)
O conceito puro tende a não fazer muito sentido para os profissionais da área da Saúde, pois ele diz
que, para toda ação aplicada sobre um corpo, haverá uma reação de mesma intensidade e direção, mas
em sentido contrário.
O melhor exemplo que podemos vincular ao corpo humano é a marcha, mais especificamente, a força
de reação do solo (FRS) durante a caminhada. Desta forma, empurramos o solo para baixo e o solo nos
empurra para cima. Para que possamos alcançar maiores velocidades, em um mesmo tipo de piso, será
necessária maior quantidade de força para empurrar o solo e, assim, receber maior carga de retorno.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Terceira lei de Newton.
DIAGRAMA DE CORPO LIVRE
São importantes, pois permitem identificar as forças que atuam sobre o corpo e suas possíveis
consequênciasde movimento, o que facilita a análise do movimento.
Observe as forças que atuam durante a corrida na figura anterior: FRS, atrito, peso corporal e
resistência do ar. Cada uma irá, em função do seu ponto de aplicação, interferir no movimento. Por isso,
é importante localizar esses pontos para estimar o aproveitamento individual de cada músculo.
O mesmo raciocínio deve ser utilizado para interpretar a ação das forças resistentes.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Diagrama de corpo livre.
NATUREZA DOS FLUIDOS E RESISTÊNCIA
DINÂMICA
Fluido é toda substância que flui quando submetida a um estresse de deslizamento (cisalhamento). Em
Biomecânica aplicada, os dois fluidos mais estudados são o ar e a água.
 
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 Fluido passado pela mão e pelo corpo.
É importante observar o comportamento de um fluido ao passar por um corpo, pois existe a tendência a
duas diferentes formas de fluxo deste fluido em função de características estruturais do objeto em
contato com o fluido.
Esses fluxos podem ser:
 
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Laminar Ao passar pelo objeto, as camadas de fluido são regulares e paralelas.
 
Imagem: Shutterstock.com
Turbilhonar Ao passar pelo objeto, ocorre mistura das camadas de fluidos adjacentes.
FLUTUABILIDADE
Está relacionada com a possibilidade de um objeto flutuar.
Tem relação direta entre o peso do corpo humano e o peso da água deslocada, ou seja, conforme o
Princípio de Arquimedes: a força de flutuação que atua sobre um corpo é igual ao peso do líquido
deslocado pelo corpo.
 VOCÊ SABIA
O corpo humano é constituído por biomateriais de diferentes densidades. Como a gordura é menos densa
quando comparada aos músculos e ossos, pessoas com maiores percentuais de gordura tendem a flutuar
com maior facilidade quando comparadas aos sujeitos com maiores percentuais de massa muscular.
E ainda, a flutuação do corpo humano ocorre a partir do seu centro de volume, ou seja, o ponto no qual
a força de flutuação atua com maior intensidade. Por isso, também é mais fácil flutuarmos com os
pulmões cheios de ar, quando comparados à expiração plena.
 
Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J , 2016, pág. 581
 Centro de volume corporal.
PRINCÍPIO DE BERNOULLI
É uma expressão da relação inversa entre a velocidade relativa e pressão relativa no fluxo de um fluido
horizontal, ou seja, onde há alta velocidade de deslocamento do fluido, menor será a pressão; já nos
pontos de mais baixa velocidade, maior será a pressão.
 
Imagem: Shutterstock.com
 
Foto: Shutterstock.com
Princípio de Bernoulli: o formato da asa do avião altera a velocidade de deslocamento do fluxo de ar que
passa por baixo e por cima dela, possibilitando os diferentes níveis de pressão nesses locais. O mesmo
princípio pode ser aplicado às mãos do nadador em relação à água.
Na prática, observe o deslocamento horizontal dos braços submersos em uma piscina. Perceba que,
para mesma velocidade de deslocamento, quando as palmas das mãos estão voltadas para baixo, o
deslocamento ocorre de maneira mais estável, já quando as mãos estão na vertical (palma voltada para
palma), não só o movimento é lentificado, como também tende a ficar mais instável.
Por esse motivo, é tão importante conhecer a resistência dinâmica que um objeto oferece ao passar por
um fluido, ou seja, torna mais lento o movimento de um corpo através de um fluido em função da sua
forma, superfície e onda.
Então, vamos lá:
RESISTÊNCIA DE FORMA
Criada por um diferencial de pressão entre a superfície anterior e posterior de um corpo que se
movimenta através de um fluido. O exemplo já foi citado em função do posicionamento das mãos
submersas na piscina, no movimento horizontal dos braços.
RESISTÊNCIA DE SUPERFÍCIE
Deriva do atrito entre camadas adjacentes de fluido próximas de um corpo que se movimenta através do
fluido. Assim, quanto mais liso e lubrificado for um corpo, mais facilmente, um fluido irá fluir sobre ele.
Por isso, em algumas modalidades desportivas, como o ciclismo, os atletas utilizam roupas grudadas ao
corpo.
RESISTÊNCIA DE ONDA
Criada pela produção de ondas na interface entre dois fluidos diferentes, ar e água, em função do
deslocamento do corpo no fluido água. Desta forma, quanto maior for o movimento do corpo dentro do
fluido água, maior tende a ser a resistência de onda. Por esse motivo, é tão importante a técnica para
um nado mais eficaz.
COMPORTAMENTO ATIVO E PASSIVO DO
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICOÃO
COMPORTAMENTO ATIVO E PASSIVO DO
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICOÃO
Vimos que, para que um corpo se movimente, sobre ele deve haver a ação de uma força. Desta forma,
você pode estar pensando que todos os deslocamentos do corpo humano estão vinculados à ação de
uma força interna pró-movimento, mas isso deve ser repensado, pois existem formas ativas e passivas
de movimento.
Que tal conhecermos um pouco mais?
FORMA ATIVA
Ocorre quando existe uma força interna atuando diretamente para realização do movimento. Observe
que essa força atua no sentido de fazer com que o movimento desejado ocorra.
Veja alguns exemplos:
FORÇA CONTÍNUA
Considera a ação dos músculos agonistas (realizam a contração) e relaxamento dos antagonistas
(opostos à contração). São movimentos providos de menor controle motor. O foco aqui é a ação de
estimulação contínua dos agonistas. Por exemplo: um salto para um maior alcance vertical possível.
EQUILIBRADO DINÂMICO
Tem como base a ação dos receptores musculares que são sensibilizados a partir da variação no
comprimento do músculo, ou seja, os fusos musculares. Estes, em função do seu grau de estiramento,
informam ao Sistema Nervoso Central as variações no comprimento do músculo, sendo então emitido
um comando para geração de tensão muscular proporcional ao equilíbrio que se queira manter. Por
exemplo, ao permanecer na postura ereta estática, pequenas oscilações ocorrem no posicionamento do
corpo e são necessários ajustes para manutenção do equilíbrio. Observe que, com o envelhecimento,
mesmo essa postura é mais difícil de ser mantida.
MOVIMENTO DIRIGIDO
Tem como principal característica os ajustes finos necessários para realização dos movimentos, pois
estes são dotados de grande exatidão. Assim, há necessidade da ação dos músculos agonistas e
antagonistas para que o movimento possa ser executado com excelência. Por exemplo, a escrita ou a
ação de um relojoeiro ao consertar um relógio.
 COMENTÁRIO
Nos exemplos acima, fica claro que o processo de contração muscular, geração de força e realização do
movimento exige uma relação transdisciplinar que perpassa várias áreas do conhecimento.
FORMA PASSIVA
Ocorre por ação de uma força externa ao corpo humano ou a um segmento que se queira deslocar no
espaço. Usualmente, essa força pode ser a gravidade, mas também a ação de um profissional da área
da Saúde, manipulando o segmento de outra pessoa durante uma intervenção, ou ainda, uma força que
foi gerada em um momento anterior ao da análise.
Vejam alguns exemplos:
 
Foto: Shutterstock.com
Movimento gravitacional – A força que concorre para a realização do movimento é a força da
gravidade. Por exemplo, ao saltar de cima de uma caixa para o solo, o que desloca o corpo para baixo é
a ação da gravidade agindo sobre o CGH.
 
Foto: Shutterstock.com
Movimento de inércia – No momento da análise, não há força muscular, atuando para realização do
movimento. Esta foi imposta em um momento anterior. Por exemplo, fase de deslizamento da braçada
do nado de peito na natação.
 
Foto: Shutterstock.com
Movimento de manipulação – A força de manipulação é a ação de outra pessoa, sendo diferente da
ação da gravidade. Por exemplo, quando uma pessoa apresenta restrição na amplitude de movimento
articular e um profissional da área da Saúde manipula (movimenta) o segmento vinculado a esta
articulação, no intuito de, progressivamente, aumentar a amplitude de movimento. Na prática, uma
restrição identificada na articulação do cotovelo tem o antebraçomanipulado para ganho de amplitude
dessa articulação.
CENTRO DE GRAVIDADE E ESTABILIDADE DO
MOVIMENTO
Estamos chegando a um dos pontos mais importantes na análise do movimento humano. A noção da
importância do Centro de Gravidade do Corpo Humano (CGH) interferindo no movimento, a partir da
manutenção da estabilidade e equilíbrio do corpo, nas condições estática e dinâmica.
Conceitualmente, o CGH é a síntese da quantidade de massa que constitui um corpo em único ponto,
sofrendo a ação da gravidade.
 
 
Alguns aspectos deverão ser sempre considerados:
A gravidade é uma força.
Seu sentido será sempre o centro da Terra.
Essa força é mais intensa no nível do mar e vai perdendo intensidade quanto mais elevado estiver
esse corpo.
 
Foto: Shutterstock.com
 Centro de Gravidade do Corpo Humano (CGH).
A ação da gravidade atuando sobre o CGH concorre diretamente para que se verifique a estabilidade do
movimento realizado, considerando a área da base de sustentação ou área de suporte.
O que é área da base de sustentação?
 RESPOSTA
É a área formada pelo posicionamento dos pés no solo ou das partes do corpo que estão em contato com o
solo, por exemplo, em um exercício com quatro apoios, temos quatro pontos do corpo em contato com o solo.
 
Fonte: Shutterstock.com, adaptado por Luís Salgueiro
 Relação CGH, base de sustentação e equilíbrio.
A projeção do Centro de Gravidade dentro da base de sustentação aumenta a estabilidade (equilíbrio)
do corpo e, quando essa projeção estiver fora da área de sustentação, o corpo estará desequilibrado.
Na atualidade, não há mais necessidade de cálculos para determinação do CGH, isso já foi realizado no
passado, mas é importante que você saiba que o CGH tende a estar posicionado a, aproximadamente,
57% e 55% da estatura, respectivamente, para homens e mulheres, medida a partir do solo.
Contudo, hoje em dia, quando há necessidade específica da determinação da localização do CGH, isso
é feito através de tomografia computadorizada ou ressonância magnética por imagem, como no caso de
confecção de próteses que auxiliam na marcha.
Alguns fatores afetam diretamente a estabilidade e o equilíbrio do corpo humano, eles são:
Aprendizado e desenvolvimento motor 
 
Por isso, é tão importante a técnica de execução do movimento.
Força e resistência muscular 
 
A base neuromuscular para vencer uma resistência ou se manter em movimento de maneira correta. A
fadiga tende a promover desarranjo na cadeia de movimento.
A flexibilidade ou mobilidade articular 
 
Quanto mais “rígida” for uma articulação, mais difícil será promover os ajustes finos musculares, a partir
dos mecanismos de co-contração, para manutenção do equilíbrio.
SISTEMA DE ALAVANCAS
Conforme mencionado anteriormente, a Cinética permite explicar a ação das forças sobre o corpo
humano e, por consequência, os comportamentos dos segmentos corporais e do corpo como um todo.
Para isso, há necessidade de investigar a ação da força muscular, a partir da inserção de um músculo
em um osso e o efeito dessa ação sobre uma ou mais articulações.
O responsável por essas ações é o sistema de alavancas, que responde sobre o aproveitamento da
força, com base nas variações dos posicionamentos articulares, e da resistência imposta ao longo de
todo o movimento.
Essa compreensão torna-se plena ao entender o conceito de momento ou torque de uma força. Mas,
antes disso, vamos conhecer como é constituído um sistema de alavancas.
Todo sistema de alavancas é constituído por quatro elementos:
A alavanca é conceitualmente uma barra rígida e, no caso do corpo humano, são os ossos.
O eixo ou fulcro é o ponto ao redor do qual o movimento ocorre. No corpo humano, corresponde às
articulações (especialmente, as sinoviais).
A força potente ou força é atuante a favor do movimento que se quer realizar.
A força resistente ou resistência é a que tem sentido contrário ao movimento que se quer realizar.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Sistema de alavancas.
 ATENÇÃO
• Um sistema de alavancas só pode ser construído sabendo-se o movimento a ser analisado. 
• A análise deve considerar isoladamente uma articulação, assim, serão necessárias tantas análises quanto o
número de articulações que se queira observar. 
• Uma força, que foi considerada potente em um determinado movimento, pode ser considerada resistente no
movimento contrário.
Na prática, como os quatro elementos que constituem um sistema de alavancas podem ser
organizados?
 
Imagem: Shutterstock.com
 Alavanca de 1º gênero.
Primeiro gênero, primeira classe, interfixa, interapoio ou equilíbrio 
 
O ponto de apoio está entre a força potente e a força resistente.
 
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 Alavanca de 2º gênero.
Segundo gênero, segunda classe, inter-resistente ou força 
 
A força resistente está localizada entre o apoio e o ponto de aplicação da força potente.
 
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 Alavanca de 3º Gênero.
Terceiro gênero, terceira classe, interpotente ou velocidade
 
A força potente está localizada entre a força resistente e o ponto de apoio.
Agora sim é hora de conversarmos sobre o momento ou torque articular!
Torque ou momento de força é o efeito rotatório de uma força ao redor de um eixo de rotação
(articulação).
É medido como o produto da força pela distância perpendicular ( ), entre a linha de ação da força e o
eixo rotação.
A menor distância perpendicular entre a linha de ação da força e um eixo de rotação é chamada de
braço do momento da força (BMF).
 
Imagem: Shutterstock.com
 Torque articular.
Na prática, quanto maior for BMF, mais facilmente essa força será aproveitada para fazer o movimento,
o que irá promover uma vantagem mecânica para realização do movimento.
Já, quando o BMF é curto, muita força é necessária para que o movimento ocorra a favor dessa força, o
que promove uma desvantagem mecânica.
Lembre-se que sobre uma alavanca existirão a força potente e a força resistente.
Quando o BMFpotente (BMFp) for maior que o BMFresistente (BMFr), haverá vantagem mecânica.
Por outro lado, quando o BMFr for maior que o BMFp haverá desvantagem mecânica.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Vantagem mecânica (BMFp>BMFr).
Como as alavancas de terceiro gênero, considerando a função agonista ou a ação concêntrica, são as
mais comuns no corpo humano, na maioria das atividades, o corpo humano trabalha em desvantagem
mecânica.
TIPOS DE CARGAS MECÂNICAS ATUANDO
SOBRE OS BIOMATERIAIS
Aqui, você deve estar consciente que carga é sinônimo de força, ou seja, que diferentes tipos de forças
atuam sobre as estruturas biológicas (biomateriais).
Mas quem são esses biomateriais?
 RESPOSTA
No caso do estudo da Cinesiologia e Biomecânica, consideraremos basicamente os seguintes biomateriais:
ossos, músculos, tendões, ligamentos e cápsula articular.
As cargas são aplicadas às estruturas biológicas com base no sentido longitudinal da própria estrutura,
por exemplo, um osso longo.
 
Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J, 2016, pág. 95 e 99
 Cargas mecânicas.
Quando a cargas são aplicadas na mesma direção longitudinal da estrutura, são consideradas cargas
axiais e, quando essas cargas são aplicadas fora dessa direção, são consideradas não axiais.
CARGAS AXIAIS
Compressão ou esmagamento 
 
São cargas aplicadas concentricamente à estrutura biológica, tendendo a promover o esmagamento ou
diminuição no comprimento dela.
Tensão ou tração 
 
São cargas aplicadas excentricamente à estrutura biológica, tendendo a promover o estiramento ou
aumento no comprimento da mesma.
 
Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J, 2016, pág. 95
 Cargas axiais.
CARGAS NÃO AXIAIS
Torção ou rotação 
 
São cargas aplicadas em torno do eixo longo da estrutura biológica.
Cisalhamento ou deslizamento 
 
São cargas aplicadas paralela ou tangencialmente às estruturas biológicas.
Inclinação ou curvamento 
 
São cargas que tendem a “dobrar” a estrutura biológica, ou seja, identificando compressãoem um dos
lados e tensão do lado oposto dessa estrutura.
 
Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J, 2013, pág. 95 e 99
 Cargas não axiais.
CARGAS COMBINADAS
É a identificação de mais de um tipo de carga atuando simultaneamente sobre a estrutura.
 ATENÇÃO
A identificação do tipo de carga é importante, pois a assimilação desta nos diferentes biomateriais é distinta.
Os “estresses” provocados por essas cargas, desde que bem administrados, concorrem diretamente
para integridade estrutural e como consequência funcional dos biomateriais.
TIPOS DE DEFORMAÇÕES
A ideia de deformação pode parecer estranha, mas aqui deformação deverá ser entendida como
mudança no formato original do biomaterial.
Imagine um músculo que não seja estimulado em sua capacidade de encurtamento e estiramento.
Como este se tornaria forte?
As deformações podem ser de dois tipos:
DEFORMAÇÕES ELÁSTICAS
DEFORMAÇÕES PLÁSTICAS
Então, é relevante destacar que todos os biomateriais apresentam característica elásticas e plásticas,
sendo essas diferentes para cada estrutura. E ainda, que os biomateriais podem sofrer deformações
plásticas quando são carregados além dos seus limites elásticos. O ponto entre o limite elástico e a
passagem para a região plástica é chamado de ponto de cessão ou cedência.
 
Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J, 2013, pág. 100
 Gráfico carga (tensão) x deformação.
BASES CINÉTICAS PARA ANÁLISE DO
MOVIMENTO HUMANO
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O especialista explicará os tipos de alavancas, buscando sempre uma aplicação prática.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A CINÉTICA PERMITE EXPLICAR DE QUE MANEIRA O MOVIMENTO OCORRE
A PARTIR DA AÇÃO DAS FORÇAS QUE ESTÃO ATUANDO SOBRE O CORPO.
ASSIM, OS CONHECIMENTOS CINÉTICOS FUNCIONAM COMO BASE PARA
INTERPRETAÇÃO DOS MOVIMENTOS E PERMITEM ESTIMAR ALGUNS
COMPORTAMENTOS. SENDO CORRETO AFIRMAR QUE:
A) A 3ª lei de Newton explica o maior gasto de energia para correr na areia.
B) A densidade de um corpo é estabelecida pela relação massa x peso.
C) A massa de um corpo tem como unidade de referência o Newton (N).
D) A 1ª lei de Newton está relacionada com a variação da velocidade de deslocamento do corpo.
E) A 3ª lei de Newton não pode ser aplicada ao corpo humano, pois este é constituído por diferentes
tipos de massas.
2. A ATUAÇÃO DAS CARGAS MECÂNICAS SOBRE OS BIOMATERIAIS TENDE A
PROMOVER DEFORMAÇÕES QUE PODEM OU NÃO SEREM REVERSÍVEIS.
ASSIM, AS ESTRUTURAS BIOLÓGICAS RESPONDEM DE MANEIRA DISTINTA
AOS DIFERENTES TIPOS DE CARGAS. SOBRE AS CARGAS MECÂNICAS, É
CORRETA A SEGUINTE ALTERNATIVA:
A) As cargas de compressão e tensão são não axiais.
B) A carga de inclinação ou curvamento promove compressão nos dois lados da estrutura biológica.
C) A carga de cisalhamento tende a promover um deslizamento entre as estruturas biológicas.
D) No movimento de rotação da coluna vertebral em postura ereta, identifica-se somente a carga de
curvamento.
E) Na postura ereta, a tíbia (normal) sofre uma carga de tensão.
GABARITO
1. A Cinética permite explicar de que maneira o movimento ocorre a partir da ação das forças que
estão atuando sobre o corpo. Assim, os conhecimentos cinéticos funcionam como base para
interpretação dos movimentos e permitem estimar alguns comportamentos. Sendo correto
afirmar que:
A alternativa "A " está correta.
 
Os conceitos e noções cinéticas básicas dão ao profissional da área da Saúde condições de estabelecer
melhores avaliações e intervenções. Para alcançar maior velocidade em determinado tipo de piso, é
necessário aplicar maior quantidade de força para empurrar o solo, recebendo, assim maior carga de
retorno. A areia, principalmente, a fofa, não cumpre com este papel.
2. A atuação das cargas mecânicas sobre os biomateriais tende a promover deformações que
podem ou não serem reversíveis. Assim, as estruturas biológicas respondem de maneira distinta
aos diferentes tipos de cargas. Sobre as cargas mecânicas, é correta a seguinte alternativa:
A alternativa "C " está correta.
 
Ter noção da atuação das cargas mecânicas permitirá estimar o comportamento do biomaterial e as
cargas de cisalhamento são decorrentes de deslizamentos entre estruturas anatômicas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com certeza, muitas descobertas foram realizadas, mas o mais importante foi você ter tido contato com
a ciência que estuda os movimentos do corpo humano. Observe que essa curiosidade não é de hoje e
data de antes da era cristã, com questionamentos que são presentes, como no exemplo da marcha
humana, sendo tão verdadeiro quando passamos a observar a indústria dos calçados e as evoluções
tecnológicas das últimas décadas.
Outro ponto a ser destacado é a noção do comportamento do corpo no espaço, a partir das forças que
atuam sobre este. Então, a Cinemática e a Cinética passam a ser hierarquicamente disciplinas vitais
para a modelagem físico-matemática do movimento.
Na Cinemática, três componentes devem nortear suas observações: a velocidade, a amplitude e a
trajetória dos movimentos segmentares e, por conseguinte, do corpo humano. Para tanto, lembre-se das
formas de realização, dos planos e eixos, da descrição e das cadeias de movimento. Considere que,
apesar de poder ser analisada isoladamente, o movimento de uma articulação tende a gerar
comportamentos adaptativos nas demais articulações do sistema locomotor, em especial, nas
articulações da mesma cadeia.
Finalizando, falamos da Cinética, pois é ela que explica como os movimentos serão realizados. Para
isso, é importante ter clareza nas forças (externas e internas) que estão atuando sobre o corpo. Isso
permitirá que você interceda para a execução técnica do movimento dentro de um padrão estabelecido,
por exemplo, se a condição de equilíbrio está sendo mantida. Então, foque em observar a base de
sustentação do corpo humano, a tendência à assimilação das cargas impostas aos biomateriais, em
função da intensidade, sentido e deformações possíveis.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
HALL, S. Biomecânica Básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
HAMILL, J.; KNUTZEN, K.M. Bases Biomecânicas do Movimento Humano. 3. ed. São Paulo: Manole,
2012.
HATZE, H. L. The meaning of the term "biomechanics". In: Journal of Biomechanics. v. 7, n. 2, p. 189-
90, 1974.
HAY, J. G. Biomecânica das Técnicas Desportiva. 2. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1981.
MILLER, D. I.; NELSON R.C. Biomechanics of Sport: a Research Approach. Philadelphia: Lea &
Febiger, 1973.
EXPLORE+
Para ampliar seu conhecimento sobre os conteúdos apresentados:
Leia os artigos:
Análise biomecânica e cinesiológica de posturas mediante fotografia digital: estudo de casos,
sobre cinemetria.
Cadeia cinética aberta e fechada: uma reflexão crítica e domine os diferentes aspectos sobre
cadeia de movimento.
Distribuição da pressão plantar: definição, caracterização e aplicações no estudo do movimento
humano, em que os movimentos são explicados a partir da dinamometria.
Tecnologias para a análise do movimento humano, sobre as novas tendências no estudo da
Cinesiologia e Biomecânica.
>Visite os seguintes portais na web:
O site da International Society of Biomechanics para saber mais sobre a Biomecânica pelo mundo.
A página da Sociedade Brasileira de Biomecânica para conhecer a Biomecânica no Brasil.
CONTEUDISTA
Claudio Gonçalves Peixoto
 CURRÍCULO LATTES
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DESCRIÇÃO
A Biomecânica da lesão musculoesquelética e os fatores que predispõem os indivíduos a
desenvolverem lesões.
PROPÓSITO
Conhecer a mecânica da lesão e os mecanismos que possam ter concorrido é essencial para
os profissionais da área da saúde estabelecerem estratégias de intervenção e traçar o
diagnóstico e prognóstico adequados para prevenção e reabilitação.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar o conceito de lesão a partir dos principais fatores biomecânicos
MÓDULO 2
Reconhecer os principais fatores biomecânicos que podem contribuir para as lesões e
disfunçõesdos membros inferiores
MÓDULO 3
Identificar o comportamento dos membros superiores sob a influência dos diferentes tipos de
cargas mecânicas e fatores predisponentes às lesões
MÓDULO 4
Reconhecer as possibilidades de lesão no esqueleto axial decorrentes da assimilação das
cargas mecânicas
INTRODUÇÃO
Falar sobre lesão é algo complexo, pois vai além do comprometimento da função física do
corpo humano. Usualmente, uma lesão vem acompanhada de mudança de hábito ou rotina e,
durante esse período, o “custo” físico da lesão tende a vir acompanhado de “desconforto”
psicológico e até mesmo comprometimento econômico (financeiro).
 
Foto: Shutterstock.com
 Lesões em diferentes áreas do corpo.
Algumas lesões, dificilmente, têm como ser evitadas, por exemplo, aquelas que ocorrem em
modalidades em que há contato físico entre os adversários. Porém, essas podem ter uma
menor incidência quando os atletas são orientados em função das demandas mecânicas, às
quais serão submetidos. Por exemplo, o uso de equipamento adequado em função do tipo de
gramado em que uma partida de futebol será jogada, ou a utilização de um bracing (órtese)
para tentar estressar menos uma articulação já comprometida.
 
Foto: Shutterstock.com
 Bracing – região do tornozelo.
Uma pessoa procura um profissional da área da saúde para se condicionar fisicamente em
busca de saúde e qualidade de vida, ou para iniciar um processo de recuperação de uma
lesão. Dessa forma, quando os conhecimentos dos mecanismos lesivos são desconsiderados
em função das características estruturais e funcionais do praticante, com certeza, a lesão bate
à porta. Por exemplo, uma pessoa com alterações posturais e funcionais exigirá do profissional
conhecimento diferenciado para sua intervenção. Um outro caso é a “padronização” do
exercício com aplicação de um mesmo modo, independente do grau de condicionamento e o
histórico do sujeito.
É sobre esses assuntos e problemas que vamos estudar a partir de agora!
MÓDULO 1
 Identificar o conceito de lesão a partir dos principais fatores biomecânicos
Vamos iniciar trabalhando alguns conceitos importantes.
LESÃO
Entender o que é uma lesão vai muto além da sua definição. Na realidade, há espaço para
mais de uma definição para lesão, pois, ao pensarmos no corpo humano, devemos entender
que os músculos, ossos e articulações apresentam diferentes padrões de respostas aos
fatores causadores de uma lesão, ou seja, cargas mecânicas.
O que é uma lesão?
Apesar de várias definições, em todas elas, há uma alteração no estado de normalidade do
tecido biológico. Aqui, abordaremos as lesões do sistema locomotor, em especial, aquelas que
são causadas por fatores mecânicos, como sobrecarga exagerada ou frequência de
estimulação excessiva.
 ATENÇÃO
Toda lesão tende a acompanhar algum tipo de incapacitação que afeta além do aspecto físico.
Isso porque também há possibilidade de fragilização emocional e consequências econômicas,
uma vez que o tempo de recuperação interfere diretamente na volta da rotina normal de vida
do indivíduo.
Essa incapacidade é comentada por Hall e Brody (2001) quando destacam a impossibilidade
da participação em atividades específicas condizentes com a idade e o sexo, associados ao
contexto social e ao ambiente físico. Por isso, uma vez lesionado, o sujeito tende a apresentar
limitações funcionais que podem ser caracterizadas pela ineficiência na execução de um
movimento cotidiano. Por exemplo, elevar os braços para colocar um objeto em uma prateleira.
 
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 Elevação dos braços acima da linha dos ombros.
Agora que você já está familiarizado com o que é uma lesão e suas consequências, vamos
destacar alguns conceitos que irão ajudar na compreensão não só da dinâmica da lesão, mas
também das estratégias de recuperação.
As estratégias são as seguintes:

A mecânica deve ser lembrada em função do conceito de energia (capacidade de realizar
trabalho) e das forças (externas e internas) que estão atuando sobre o corpo. É sobre uma
base mecânica sólida que a estrutura do corpo humano (anatomia) consegue melhor
desempenhar suas funções (fisiologia) em respeito às caraterísticas do sujeito.
Os exercícios propostos a determinada pessoa e que você esteja atento não só ao que se
refere à execução, mas a todo o cenário em que se desenvolve a atividade.


O mecanismo é um processo físico que permite determinar a reação de um corpo em função
de uma determinada ação. Desse modo, a leitura do resultado passa a ser fundamental para a
estimativa das consequências dessa ação. Por exemplo, ao solicitar que um indivíduo dê saltos
verticais sucessivos, espera-se que ele tenha uma boa percepção cinestésica, domine a
técnica do salto (coordenação dos membros inferiores e superiores), tanto na decolagem
quanto na aterrissagem. Caso esse domínio não exista, há uma grande possibilidade de
insucesso na tarefa, que poderá vir acompanhado de torção do tornozelo no momento da
atividade ou de lombalgia após a atividade.
 RESUMINDO
Conhecer o mecanismo possibilita o profissional da área da saúde a eleger as melhores
estratégias de intervenção.
Na prática, ao conhecer o mecanismo, você consegue responder:
Como essa lesão aconteceu?
Um exemplo é a punição aplicada aos atletas de futebol em função do chamado “carrinho”
(deslizamento do corpo horizontalmente), porque, caso o oponente esteja com os pés fixos no
solo, a carga aplicada nos membros inferiores passa a ser um perigoso mecanismo lesivo.
Assim, os atletas devem ser orientados (quando perceberem) a darem um breve salto para que
seu corpo seja atingido em suspensão.
 
Foto: Dziurek / Shutterstock.com
 “Carrinho” no futebol.
Perceba que os mecanismos lesivos são combinados, ou seja, a carga aplicada somada à
fragilidade estrutural, por exemplo.
Estabeleça a seguinte relação:
O estímulo proposto atende às demandas anatomofisiológicas e mecânicas do indivíduo, ou
esse indivíduo está preparado para praticar a modalidade esportiva?
Uma vez lesionado, há um processo de descondicionamento físico, em que se exigirá tempo
para retornar à mesma condição física anterior à lesão. Dessa forma, as cargas e os estímulos
deverão ser ajustados de acordo com o tipo de lesão e os protocolos de recuperação. Por
exemplo, ao observar a articulação do joelho, mesmo uma “simples” lesão meniscal, pode
tornar-se um grande problema caso o método de treinamento empregado não seja ajustado.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Lesão meniscal. Ajustes aos estímulos devem ocorrer para que não ocorra o agravamento
da lesão, ou até uma nova lesão.
Nesse contexto, a dor deve ser considerada dentro dos quadros de lesão. Segundo Treede,
dor:
É UMA EXPERIÊNCIA SENSORIAL E EMOCIONAL
DESAGRADÁVEL ASSOCIADA A UMA LESÃO
TISSULAR POTENCIAL OU REAL OU MESMO A
NENHUMA LESÃO, EMBORA AINDA ASSIM DESCRITA
COM TERMOS SUGESTIVOS DE QUE O DANO
TECIDUAL HOUVESSE DE FATO OCORRIDO.
(2018, p. 2)
Observe que a dor está associada a uma lesão e, por isso, é importante que seja feita a
diferença entre dor aguda e crônica.
Lombalgia.
Imagem: Shutterstock.com
Dor aguda
Desempenha uma função de alerta. Por exemplo, dor na região lombar ao pegar um objeto no
solo. Essa dor desaparece ao se reestabelecer a postura ereta.

Dor crônica
É aquela que perdura por um período maior, mesmo sem fator causal no momento. Por
exemplo, a lombalgia crônica em qualquer postura (em pé, sentado, deitado).
Vale destacar que, muitas vezes, uma dor aguda que pode ter sido gerada por um
mecanismo lesivo, quando negligenciada, pode evoluir para uma dor crônica. Por exemplo,
dor nos joelhos ao realizar o exercício leg press (Exercício de “Pressão de Pernas”) , quando
não bem avaliada, pode evoluir para uma dor crônica em função de uma condropatia patelar
bilateral.
 
Foto: Shutterstock.com
 Leg press – exercício de pressão de pernas.
PRINCÍPIOS DE LESÃO
Agora, vamos conhecer alguns princípios de lesão, fundamentais para

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