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Apostila PAV - 2018

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1 
PÓS-ANESTESIA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
 
 2 
SUMÁRIO 
 
01 Introdução à Anestesiologia 03 
02 Legislação 07 
03 Comportamento animal 10 
04 Avaliação pré-anestésica 12 
05 Medicação pré-anestésica 15 
06 Circuitos Anestésicos 22 
07 Farmacocinética e farmacodinâmica 26 
08 Anestesia inalatória 32 
09 Anestesia intravenosa 35 
10 Anestessia dissociativa 44 
11 Anestésicos locais 49 
12 Monitoração 55 
13 Exames laboratoriais: Hemograma 59 
14 Exames laboratoriais: Bioquímicos 68 
15 Fluidoterapia 74 
16 Eletrofisiologia cardíaca 78 
17 Arritmias cardíacas 81 
18 Anestesia no paciente cardiopata 89 
19 Fisiologia respiratória 92 
20 Ventilação mecânica 97 
21 Planos anestésicos 106 
22 Anestesia e analgesia peridural 111 
23 Introdução ao sistema nervoso autônomo 117 
24 Inotrópicos e vasopressores 122 
25 Transfusão sanguínea 131 
26 Equilíbrio ácido-básico e distúrbios eletrolíticos 142 
27 Bloqueadores neuromusculares 149 
28 Sedação e analgesia na UTI 160 
29 Reanimação Cardio-Pulmonar 162 
30 Avaliação da dor 169 
31 Fisiopatologia da dor e tratamento 178 
32 Dor crônica 187 
33 Anestesia em paciente pediátrico 202 
34 Anestesia em paciente geriátrico 212 
35 Anestesia no endocrinopata 221 
36 Anestesia no paciente crítico 235 
37 Anestesia na torção vólvulo gástrica 240 
38 Anestesia no paciente com enfermidade neurológica 244 
39 Anestesia no paciente com ruptura diafragmática 248 
40 Anestesia no em cadelas e gatas com piometra 250 
41 Anestesia em gestantes 253 
42 Anestesia em felinos 260 
43 Anestesia em cavalos 271 
44 Anestesia em aves 279 
45 Anestesia em suínos 282 
46 Anestesia em coelhos e roedores 286 
47 Anestesia de ruminantes 290 
48 Anestesia de répteis 293 
49 
50 
51 
Anestesia ambulatorial e dissociativa 
Técnicas de Anestesia Regional 
Metodologia científica 
 
297 
309 
323 
 3 
01.INTRODUÇÃO 
Dr. Rodrigo Marucio 
 
O termo anestesia (do grego na que significa privado de e aísthesia significando 
sensação) foi sugerido pelo médico e poeta norte-americano Oliver Wendel Holmes. A palavra, 
entretanto, já existia na língua grega, tendo sido empregada no sentido de insensibilidade 
dolorosa, pela primeira vez, por Dioscórides, no século I DC. 
 Historicamente, a data de 16 de outubro de 1846 é considerada como a data em que 
se realizou a primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral. Naquele dia, às 10 horas, no 
anfiteatro cirúrgico do Massachusetts General Hospital, em Boston, o cirurgião John Collins 
Warren realizou a extirpação de um tumor no pescoço de um jovem de 17 anos, chamado 
Gilbert Abbot. O paciente foi anestesiado com éter pelo dentista William Thomas Green 
Morton, que utilizou um aparelho inalador por ele idealizado. A cena deixou de ser 
documentada fotograficamente porque o fotógrafo sentiu-se mal ao presenciar o ato cirúrgico, 
foi posteriormente imortalizada em um quadro do pintor Roberto Hinckley, em 1882. 
 Morton, que praticara com sucesso extrações dentárias sem dor, com inalação de éter, 
antevira a possibilidade da cirurgia sem dor e obtivera autorização para uma demonstração 
naquele Hospital. Ele não revelara a natureza química da substância que utilizava, dando-lhe o 
nome de letheon (do grego - esquecimento). Pressionado pela Associação Médica de Boston 
para que novas intervenções pudessem ser realizadas sem dor, teve de revelar a composição 
do letheon, que era apenas éter sulfúrico puro. A insensibilidade total durante o ato cirúrgico, 
até então, era considerada uma utopia nos meios acadêmicos. 
 À exceção da China, onde se usava a milenar acupuntura, os recursos utilizados para 
amenizar a dor no ato cirúrgico consistiam de extratos de plantas dotadas de ação sedativa e 
analgésica, além da hipnose e bebidas alcoólicas, o que não dispensava, evidentemente, a 
contenção do paciente. 
 Na Idade Média empregava-se um método originário da Escola de Alexandria, cuja 
fórmula foi encontrada no mosteiro de Monte Casino. Trata-se da esponja soporífera, que se 
preparava com os seguintes componentes: ópio, suco de amoras amargas, suco de eufórbia, 
suco de meimendro, suco de mandrágora, suco de hera, sementes de bardana, sementes de 
alface e sementes de cicuta. Modo de preparar e de usar: misturar bem, colocar em um 
recipiente de cobre com uma esponja, ferver até a evaporação total. Para usar, mergulhar a 
esponja em água quente por uma hora; a seguir colocá-la sob as narinas do paciente até que 
ele durma. Para despertar o paciente usar outra esponja embebida em vinagre. 
 O primeiro passo para a anestesia geral foi dado por Joseph Priestley, ao descobrir o 
dióxido de nitrogênio (NO2) em 1773. Coube a Humphry Davy, um aprendiz de farmácia, na 
pequena cidade de Penzance, na Inglaterra, em 1796, experimentar os efeitos da inalação do 
NO2. Ele verificou que o gás produzia uma sensação agradável, acompanhada de um desejo 
incontido de rir (donde o nome de gás hilariante). 
 Certa noite estava com dor de dente e, ao inalar o gás, notou que a dor desaparecera 
por completo. Deduziu que, se o NO2 suprimia a dor, poderia ser empregado no tratamento 
de outros tipos de dor. Em um de seus escritos, intitulado Vapores medicinais, sugeriu o 
emprego do NO2 em cirurgia: “Já que o gás hilariante parece possuir a propriedade de acalmar 
 4 
as dores físicas, seria recomendável empregá-lo contra as dores cirúrgicas”. A medicina oficial 
não tomou conhecimento da sugestão. 
 Henry Hill Hickman, médico e cirurgião inglês, avaliou em animais a ação do NO2, onde 
verificou que, sob a ação deste gás, podia realizar pequenas operações nos animais, sem que 
estes demonstrassem o menor sinal de dor. Tentou, sem êxito, obter autorização da Royal 
Society e da Associação Médica de Londres para repetir suas experiências em seres humanos. 
Sua petição foi recebida com frieza, a autorização negada e foi considerado um visionário. 
Como última tentativa, escreveu ao rei da França, Carlos X, pedindo-lhe para submeter o seu 
projeto à consideração da Academia de Paris. Em sessão de 28/9/1828, convocada 
especialmente para esse fim, a Academia deu seu parecer contrário, com um único voto a favor, 
do cirurgião Dominique Jean Larrey, que servira ao exército de Napoleão e conhecia o horror 
dos ferimentos de guerra e das amputações. 
 Velpeau, um dos mais eminentes cirurgiões da França, declarou na ocasião que 
considerava uma quimera a obtenção da insensibilidade dolorosa durante o ato cirúrgico. 
Desiludido, Hickman faleceu dois anos depois, com apenas 29 anos de idade, sem ver realizado 
o seu sonho da cirurgia sem dor. 
 Michael Faraday (1791-1867), físico inglês, estudando a liquefação dos gases e os 
líquidos voláteis, descobrira que os vapores de éter possuíam efeitos inebriantes semelhantes 
aos do dióxido de nitrogênio. Em uma nota publicada no Journal of Art and Sciences chamou 
a atenção para o fato da inalação de éter produzir insensibilidade total. Novamente, essa 
descoberta foi ignorada pelos meios médicos. 
 
Primeira descoberta da medicina -ANATOMIA MODERNA 
DATA 1543 
QUEM: Andreas Vesalius (1514-1564) 
COMO- Antes do belga Vesalius, médicos não dissecavam cadáveres. Disputando ossos 
humanos com cães em cemitérios, ele abria cadáveres à faca e se empapava de sangue um 
nome da ciência. Arriscava a vida ao mexer em órgãos infectados e podres. O resultado dessas 
aventuras está em De Humani Corporis Fabrica, Libri Septem, um livro de anatomia com 
desenhos hiperrealistas considerado uma das obras primas da medicina. 
CONSEQÜÊNCIA - Avanços no estudo de doenças e tratamentos 
 
Segunda descoberta da medicina- BACTÉRIAS 
DATA -1675 
QUEM - Antony van Leeuwenhoek (1632-1723) 
COMO -Ele não era professor nem médico, apenas um comerciante letrado com um "hobby" 
curioso: fabricar e usar microscópios. O holandês Leeuwenhoek saiu do anonimato quando 
descobriu, comsuas poderosas lentes, criaturas minúsculas agitando-se em uma pequena 
amostra da água de chuva que havia se acumulado em uma tina. Por acaso, ele acabara de 
descobrir as bactérias. Daí em diante, passou a examinar ao microscópio tudo o que via, de 
cocô de pombo ao próprio esperma. 
CONSEQÜÊNCIA -Descoberta de uma das maiores causas de doenças e mortes. 
 
Terceira descoberta da medicina- CIRCULAÇÃO DO SANGUE 
 5 
DATA -1628 
QUEM -William Harvey (1578-1647) 
COMO -Para mostrar o caminho do sangue aos incrédulos, Harvey abria um porco vivo durante 
suas palestras. Esse médico britânico dedicou a vida a estudar o funcionamento e a anatomia 
do coração, veias e artérias. O resultado está em Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et 
Sanguinis in Animalibus, obra fundamental sobre a circulação sanguínea, que pôs por terra 
conceitos errados que sobreviviam havia 14 séculos. 
CONSEQÜÊNCIA -Avanços no estudo de doenças e técnicas cirúrgicas 
 
Quarta descoberta da medicina - VACINA 
DATA -1796 
QUEM -Edward Jenner (1749-1823) 
COMO -Durante muito tempo se lutou contra a varíola. A doença matava até 40% dos doentes 
e, entre aqueles que sobreviviam, muitos ficavam cegos e desfigurados. O mal também atacava 
o gado, cavalos e porcos. O britânico Jenner descobriu que, se uma pessoa fosse contaminada 
pela ferida da varíola bovina, uma forma muito mais branda da doença, ficaria livre de pegar a 
varíola humana. Estava descoberto o princípio da vacina. 
CONSEQÜÊNCIA -Prevenção contra varíola e outras doenças graves 
 
Quinta descoberta da medicina - ANESTESIA 
DATA -1842 
QUEM -Crawford Long (1815-1878) 
COMO -Até o século 19, os pacientes costumavam desmaiar de dor e desespero durante as 
operações. Foi quando se descobriu o poder anestésico do éter. O primeiro a testar a teoria na 
mesa de cirurgia foi o americano Long, que convenceu um paciente a cheirar uma toalha 
embebida em éter até ficar inconsciente. Quando acordou, o sujeito estava sem um cisto no 
pescoço, sem memória das últimas horas e, melhor, não precisou sentir as dores atrozes da 
cirurgia. 
CONSEQÜÊNCIA -Cirurgias indolores e mais bem-sucedida 
 
Sexta descoberta da medicina - RAIO X 
DATA -1895 
QUEM -Wilhelm Röntgen (1845-1923) 
COMO - O alemão Röntgen investigava uma estranha luz amarelo-esverdeada emitida por um 
aparelho em seu laboratório. Fez vários testes e, desconfiado, chamou a esposa, Bertha, para 
comprovar seu palpite. Pediu a ela que colocasse a mão esquerda sobre uma chapa fotográfica 
e ligou o tal aparelho por seis minutos. Quando revelou a chapa, encontrou o desenho dos 
ossos dos dedos de Bertha e a silhueta de sua aliança. Eram os raios X. 
CONSEQÜÊNCIA -Método para diagnósticos mais rápidos e precisos 
 
Sétima descoberta da medicina - CULTURA DE TECIDOS 
DATA -1906 
QUEM -Ross Harrison (1870-1959) 
 6 
COMO -O zoologista americano Harrison descobriu como cultivar células vivas em laboratório, 
independentemente das plantas ou animais de onde vieram. A descoberta permitiu estudar 
moléculas e células de organismos vivos, desenvolver vacinas contra poliomielite, sarampo, 
caxumba e raiva, auxiliar na busca de indícios que ajudem a descobrir a causa do câncer e da 
aids. 
CONSEQÜÊNCIA - Revolução no estudo das doenças 
 
Oitava descoberta da medicina- COLESTEROL 
DATA - 1912 
QUEM - Nikolai Anichkov (1885- 1964) 
COMO - O russo Anichkov alimentou coelhos com gemas de ovos e descobriu que o animal 
que mais mata seres humanos no mundo é... a galinha. Durante a autópsia, Anichkov notou a 
presença de placas nas artérias dos coelhinhos, iguais às encontradas nas aortas de corações 
humanos. Com essa observação, apontou para a medicina o perigo do consumo de colesterol 
e as doenças provocadas por esse tipo de gordura, como a arteriosclerose. 
CONSEQÜÊNCIA - Novos rumos para o estudo das doenças cardíacas 
 
Nona descoberta da medicina -ANTIBIÓTICOS 
DATA -1929 
QUEM -Alexander Fleming (1881-1955) 
COMO -O médico e bacteriologista escocês Fleming descobriu, em 1929, a fórmula da 
penicilina, o primeiro antibiótico do mundo. Mas foram necessários mais de 12 anos para que 
se chegasse à etapa de ministrar a nova fórmula em humanos, o que ocorreu somente durante 
a Segunda Guerra Mundial. Base dos antibióticos, a penicilina revolucionou a medicina e deu 
impulso decisivo à moderna indústria farmacêutica. 
CONSEQÜÊNCIA - A melhor arma contra bactérias 
 
Décima descoberta da medicina - DNA 
DATA -1953 
QUEM -Maurice Wilkins (1916-2004) 
COMO -A maior parte dos méritos pela descoberta do DNA coube a James Watson e Francis 
Crick. A dupla de cientistas publicou, em 1953, um artigo em que desvendavam o mistério da 
estrutura de espiral dupla que caracteriza a "chave da vida". No entanto, a façanha não seria 
possível sem os estudos do físico neozelandês Wilkins, o primeiro a isolar uma molécula de DNA 
e fotografá-la com raios X, revelando a forma helicoidal. 
CONSEQÜÊNCIA -Revolução na biologia molecular. 
 
 
 7 
02. LEGISLAÇÃO 
 
Dr. Rodrigo Marucio 
 
Responsabilidade Civil 
 
 O Conselho Federal de Medicina em sua resolução CFM Nº 1.802/2006, artigo 1º, 
dispõe aos médicos anestesiologistas que: “Antes da realização de qualquer anestesia, exceto 
nas situações de urgência, é indispensável conhecer, com a devida antecedência, as condições 
clínicas do paciente, cabendo ao médico anestesiologista decidir da conveniência ou não da 
prática do ato anestésico, de modo soberano e intransferível”. O Conselho Federal de 
Medicina Veterinária não possui legislação específica regulamentando a especialidade da 
anestesiologia. Esforços tem sido realizados nesse sentido com a fundação de órgãos 
específicos como a Associação Paulista de Anestesiologia Veterinária (2008) e o Colégio 
Brasileiro de Anestesiologia Veterinária (2012). 
 A procuradora do CRMV-PR Giorgia Bach Malacarne, em seu artigo “Responsabilidade 
Civil do Médico Veterinário”, explica que de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, 
o médico veterinário na prática da clínica, direção de hospitais e assistência técnica e sanitária 
aos animais é considerado um prestador de serviços. O proprietário do animal/paciente que 
recebe atendimento é o consumidor deste serviço. Está, portanto, o profissional sujeito às 
regras decorrentes das relações de consumo. 
 Por responsabilidade civil entende-se o dever que incumbe à determinada pessoa de 
reparar o prejuízo causado por ato próprio ou por pessoa ou coisa que dela dependa. Aplica-
se, portanto, na verificação de supostos erros profissionais, a teoria da responsabilidade civil 
subjetiva, prevista no artigo 14, parágrafo 4º do Código de Defesa do Consumidor, onde a 
culpa do profissional deve ficar suficientemente demonstrada, em uma ou mais de suas 
modalidades: negligência, imprudência ou imperícia. 
 Negligência: é o resultado do descuido e da falta de atenção. É não apresentar a 
conduta esperada para a situação, ou seja, não fazer o que deveria ser feito. A negligência é 
passiva. O tipo mais clássico de negligência médica é o abandono ao doente. Exemplo: 
especialista que no pós operatório imediato abandona o paciente deprimido ou hipoventilado. 
 Imprudência: é uma ação precipitada e sem cautela, ou seja, faz o que não deveria ser 
feito. O médico é imprudente quando, tendo conhecimento do risco e não ignorando a 
ciência médica, toma a decisão de agir assim mesmo. Exemplo: o anestesista que inicia o ato 
anestésico sem o equipamento necessário para intubação de emergência ou aspiração de um 
vômito imprevisível ou outra intercorrência. 
 Imperícia: é o desconhecimento, incompetência, inexperiência, inaptidão técnica, 
despreparo profissional, falta de qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de 
conhecimentos elementares e básicos da profissão. A imperícia não significa apenas 
desconhecer totalmente o procedimento,mas também aplicar deficientemente o 
conhecimento que o médico possui ou deveria possuir. 
 
 Caso seja instaurada uma ação judicial, o ressarcimento do dano será determinado 
somente se: 
 8 
 1) Houver comprovação do dano 
 2) Houver culpa do profissional 
 3) Houver nexo de causalidade entre a suposta lesão e a conduta do médico veterinário 
 
 Segundo o Código de Defesa do Consumidor, o proprietário do paciente pode propor 
uma ação para reparação dos danos causados por um prazo de até 5 anos, iniciando-se a 
contagem a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
 Como em qualquer outra atividade humana, a falha procedimental se faz presente, 
sendo impossível apontar-se um médico ou ser humano que nunca tenha errado. O especialista 
deve assumir o compromisso de empregar todas as técnicas, instrumentos e recursos 
disponíveis no sentido de alcançar o objetivo almejado por ele e pelo proprietário, porém jamais 
poderá garantir a quem quer que seja um resultado satisfatório do tratamento por ele instituído. 
 Sobre a importância da discussão prévia com o proprietário, o art. 94 do Código Civil 
dispõe que: “Nos atos bilaterais o silêncio intencional de uma das partes, a respeito de fato ou 
qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela 
não se teria celebrado o contrato”. Partindo do preceito contido no mencionado artigo, tem-
se a conclusão de que é imprescindível que o proprietário seja previamente esclarecido, em 
linguagem a ele compreensível, sobre a doença, os limites do tratamento proposto e eventuais 
reações adversas, além das possíveis complicações. 
 
Redução do Índice de Mortalidade 
 
 As taxas de mortalidade associadas à anestesia na veterinária vêm sendo reduzidas com 
o passar dos anos, mas ainda continuam altas quando comparadas com a medicina humana. 
Nota-se que o período de recuperação é um dos momentos em que esta taxa é maior conforme 
alguns estudos, não devendo esta fase ser negligenciada. Em outro estudo, evidenciou-se que 
quanto maior a monitoração empregada no paciente, como eletrocardiograma, oximetria de 
pulso e capnografia, e a implementação de medidas simples como a presença constante de um 
veterinário durante o procedimento anestésico reduz o risco de morte dos pacientes. 
 Em um estudo sobre os fatores de risco associados a anestesia em cães, concluiu-se 
que são fatores que aumentam a probabilidade de morte: procedimento de urgência, pacientes 
acima de 12 anos, animais com peso inferior a 5kg quando comparados a animais com peso 
entre 5 e 15 quilos entre outros. 
 Uma medida simples e que comprovadamente reduz o risco de mortalidade nos 
procedimentos anestésicos/cirúrgicos é a execução de um check list. O check list deve ser 
adaptado ao lugar em que se trabalho, mas como princípios básicos são considerados: 
 
1 - Confirmação do paciente: identificação, procedimento a ser realizado, local da cirurgia, 
histórico disponível para consulta. 
2 - Confirmação da equipe: identificar os membros da equipe com as respectivas funções 
verbalmente 
3 - Confirmação de equipamento: verificar se equipamentos anestésicos e monitores, por 
exemplo, a oximetria de pulso, estão disponíveis e funcionando 
 9 
4 - Confirmação de pós operatório: confirmar verbalmente medicações e cuidados pós-
operatórios e os responsáveis por cada função. Verificar necessidade da manutenção ou 
reposição de algum equipamento ou fármaco. 
Além do checklist, outras medidas que podem reduzir o risco anestésico são: estabilização do 
paciente antes da indução anestésica, a pré-oxigenação, monitoração e terapia suporte no pré-
anestésico, trans e pós-anestésico e o conhecimento das principais interações medicamentosas 
em anestesia. 
 
Bibliografia complementar 
 
MAKARY, A. M., DANIEL, M. Medical error—the third leading cause of death in the US. 
BMJ 2016; 353:i 2139. 
 
MALACARNE, G. B. Responsabilidade Civil do Médico Veterinário. Artigo do site do CRMV-PR 
(2008). Disponível em: http://www.crmv-pr.org.br/?p=imprensa/artigo_detalhes&id=51# 
 
CONSTANTINO, C. F. Julgamento ético do médico: reflexão sobre culpa, nexo de causalidade 
e dano. Revista Bioética 2008 16 (1): 97 – 107 
 
GIFONI, J. M. M. Cap. 112 - Erro Médico em Anestesia: O que pensam os Juízes de Direito? 
Em: Medicina Perioperatória. CAVALCANTI, I. L.; CANTINHO, F. A. F.; ASSAD, A. Rio de Janeiro: 
Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro, 2006. 
 
BRODBELT, D. C.; BLISSITT, K. J.; HAMMOND, R. A.; NEATH, P.J.; YOUNG, L.E.; PFEIFFER, 
D.U.; WOOD, J. L. The risk of death: the confidential enquiry into perioperative small animal 
fatalities. Veterinary Anesthesia and Anagelsia, 35 (5): 365 – 73, 2008. 
CARARETO, R.; ROCHA, L. S.; GUERRERO, S. N. H.; SOUSA, M. G.; NUNES, N.; DE PAULA, D. 
P.; NISHIMORI, C. E. Estudo retrospectivo da morbidade e mortalidade associada com anestesia 
geral inalatória em cães..Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 26, n. 4, p. 569-574, 2005. 
 
BILLE, C.; AUVIGNE, V.; LIBERMANN, S.; BOMASSI, E.; DURIEUX, P.; RATTEZ, E. Risk of 
anaesthetic mortality in dogs and cats: an observational cohort study of 3546 cases. Veterinary 
Anesthesia and Anagelsia, 39(1):59-68, 2012. 
 
 10 
03. MANEJO COMPORTAMENTAL 
 
Como abordar o paciente felino e canino da sala de atendimento 
 
Bruna Bons 
 
A criação de vínculos cada vez mais fortes entre humanos e animais, aliado à falta de 
conhecimento da natureza comportamental dos cães e gatos e suas necessidades básicas leva 
ao surgimento de comportamentos aberrantes e anormais que podem causar problemas para 
os animais, tutores e para a equipe veterinária ou até mesmo chegar ao trágico desfecho do 
abandono. Uma correta socialização e manejo comportamental dos animais podem evitar 
situações estressantes durante o atendimento. Quais são os benefícios no manejo 
comportamental? 
 
- ↓ estresse: animais mais relaxados e dóceis 
- ↓ infecção hospitalar 
- ↓ riscos à equipe 
- ganho de tempo 
- exame físico e plano anestésico mais eficientes 
- cultivo da relação com o tutor (tutor percebe que há uma procupação com o paciente e 
fortalece relações com o veterinário). 
 
Período sensível ou de socialização 
 Podemos definir esse período como o espaço de tempo compreendido entre o início 
da maturidade sensorial e a consolidação das estruturas nervosas que controlam a resposta de 
medo perante situações novas. Nos cães o período de socialização está compreendido entre a 
3a semana e o 3o mês de vida e nos gatos entre a 2a semana e o 2o mês de vida. É ainda durante 
este espaço de tempo que se dá o desenvolvimento sensorial e locomotor do animal e, graças 
a ele, o cachorro aprende a deslocar-se, explorar o seu meio envolvente e a interagir com os 
demais. Portanto, é recomendado que o animal tenha contato com outros cães, de portes 
diferentes, gatos e fundamentalmente, com crianças, adultos e idosos. 
 É geralmente nessa fase que ocorrem as vacinações no consultório veterinário. Esse 
procedimento pode ser estressante para o animal e levar à uma associação negativa desde o 
momento da caixa de transporte até o reconhecimento do uniforme do profissional (jaleco 
branco, por exemplo). Para evitar essa memória negativa, a consulta veterinária pode ser 
programada inicialmente para ser apenas uma visita prévia ao consultório para receber petiscos 
e se familiarizar com o ambiente, sendo a vacinação realizada em uma visita separada. 
 A fase sensível é particularmente importante para a vida futura do cão e daqueles que 
irão conviver com ele. A maioria dos problemas comportamentais caninos tem origem em uma 
fase sensível deficiente ou mal conduzida. 
 
 As recomendações para diminuir o estresse na consulta veterinária se iniciam em casa, 
porém a clínica veterinária pode contribuir para diminuir o estresse dos animais, separando o 
atendimentopara cães e gatos, por exemplo. 
 11 
 
Cães 
 
- Caixa de transporte: A caixa de transporte pode servir para outras finalidades, como por 
exemplo cama ou lugar de receber petiscos. Dessa forma, o animal pode se acostumar ao 
ambiente e não ficar ansioso quando tiver que entrar na caixa para ser transportado. 
- Transporte: a caixa seja fixada no carro com cinto de segurança para evitar acidentes. 
- Focinheira: Os animais devem ser acostumados à focinheira. O treinamento pode ser feito 
gradativamente e com petiscos. 
- Feromônios: podem ser borrifados na caixa, na clínica, nos braços; D.A.P.- Dog Appeasing 
Pheromone 
- Brinquedos na recepção 
 
Gatos 
 
- Usar a caixa de transporte para associação positiva também. 
- Feromônios: Felliway® – associado à sensação de bem estar 
 Felifriend® - mais específico para socialização 
- A recepção da clínica pode dispor de vasos com lavanda, manjericão, hortelã, catnip. Gatos 
preferem lugares mais altos com uma visão ampla do ambiente. Podem ser colocadas 
prateleiras para acomodar as caixas de transporte, evitando que fiquem no mesmo nível dos 
 
 No consultório, é aconselhável colocar uma toalha sobre a mesa para evitar a sensação 
tátil desagradável das patinhas em contato com a mesa gelada. É importante ressaltar 
que a contenção manual bruta aumenta a probabilidade de luta. Gatos psicologicamente 
saudáveis e equilibrados emitem sinais de desconforto, sinalizando que a aproximação não é 
bem vinda. Caso a tentativa de captura continue, ele pode atacar. O animal sempre emite sinais 
de fuga antes do ataque. 
 
 
Bibliografia complementar 
 
RODAN, I.; SUNDAHL, E.; CARNEY, H.; GAGNON, A. C.; HEATH, S.; LANDSBERG, G.; SEKSEL, 
K.; YIN, S. AAFP and ISFM Feline-Friendly Handling Guidelines. Journal of Feline Medicine and 
Surgery (2011) 13, 364–375 
 
Dicas de como preparar a clínica para receber gatos: http://icatcare.org/catfriendlyclinic 
 
 12 
04. AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA 
 
Dr. Rodrigo Marucio 
Exame pré-anestésico 
 
Conhecer previamente o paciente e a técnica cirúrgica a ser realizada é fundamental para o 
sucesso da anestesia. Os principais objetivos da avaliação pré-anestésica são: 
 
• Determinar a condição física do paciente e determinar o risco anestésico. 
• Conversar com o tutor sobre o procedimento. 
• Expor quais são as alternativas e as possíveis complicações do caso. 
• Obter autorização do tutor por meio de um termo de consentimento escrito. 
• Investigar condições ocultas que possam trazer problemas no transoperatório. 
• Elaborar o protocolo anestésico. 
 
A primeira parte da avaliação pré-anestésica consiste na identificação e exame físico do 
animal. São dados importantes a espécie, raça, idade, peso, sexo, estado reprodutivo, estado 
nutricional e temperamento. Felídeos por exemplo, possuem uma capacidade de 
glucuronização hepática limitada e são mais suscetíveis ao laringoespasmo e à hipotermia. 
Deve-se atentar também para particularidades como: agressividade, animais braquicefálicos, 
neonatos ou pediátricos, idosos e que apresentem doenças concomitantes. 
 
 A anamnese deve conter informações sobre o jejum, histórico de anestesias e 
ocorrência de complicações, alergias, doenças concomitantes e transfusão sanguínea prévia. 
Também deve-se pesquisar se o animal está recebendo algum medicamento ou se apresenta 
sinais como: tosse, convulsão, desmaio, vômito, diarreia, dificuldade respiratória, cianose e 
náusea. A presença de algum desse sinais leva à uma investigação minuciosa da causa e 
avaliação da sua influência no procedimento anestésico. O jejum deve se adequar às 
necessidades do paciente. De maneira geral, deve-se respeitar o jejum alimentar de 6 a 8 horas 
para gatos e cães até 5 kg, de 8 a 10 horas para cães de 5 a 20 kg e de 10 a 12 horas para cães 
acima de 20 kg ou idosos. O jejum hídrico deve ser de 2 horas. Pacientes pediátricos devem 
respeitar jejum reduzido, sento estabelecido o tempo de 4 a 6 horas. Paciente neonatos não 
devem fazer jejum. 
 
 Após a anamnese é realizado o exame físico e avaliação dos exames complementares. 
Cabe ao médico anestesiologista o direito de solicitar ou não exames complementares extras 
e/ou avaliação por outros especialistas durante o exame pré-anestésico. Lembrando sempre 
que a solicitação de tais exames deve respeitar o bom senso, ou seja, deve-se saber quais 
exames podem levar a alterações de conduta para aquele paciente. 
 A partir da avaliação pré-anestésica podemos classificar o paciente quanto ao risco 
anestésico. Abaixo encontra-se o sistema de classificação adaptado da American Society of 
Anesthesiologists: 
 
 13 
 
 
(Classificação ASA) 
 
 
Sugestão de exames pré-anestésicos de acordo com a idade e a categoria de risco ASA: 
 
 IDADE 
ASA Até 6 meses 6 meses a 6 anos Mais de 6 anos 
I e II 
Hematócrito, proteína, 
glicemia 
Hematócrito, proteína 
função renal 
Hematócrito, proteína, 
função renal, ECG, 
urinálise 
III 
Hemograma, proteína, 
glicemia, função renal, 
pH, HCO3 e gases 
sanguíneos, urinálise1 
Hemograma, ECG, 
glicemia, função renal, 
função hepática, pH, 
HCO3 e gases 
sanguíneos, urinálise1 
Hemograma, glicemia, 
ECG, função renal, função 
hepática, eletrólitos (Na+, 
K+, Ca2+), pH, HCO3 e 
gases sanguíneos, 
urinálise1 
IV e V 
Hemograma, ECG, 
glicemia, função renal, 
função hepática, 
eletrólitos (Na+, K+, Ca2+), 
pH, HCO3 e gases 
sanguíneos, urinálise1 
Hemograma, ECG, 
glicemia, função renal, 
função hepática, 
eletrólitos (Na+, K+, 
Ca2+), pH, HCO3 e 
gases sanguíneos, 
urinálise1 
Hemograma, ECG, 
glicemia, função renal, 
função hepática, 
eletrólitos (Na+, K+, Ca2+), 
pH, HCO3 e gases 
sanguíneos, urinálise1 
ECG = Eletrocardiograma; HCO3 = Bicarbonato 
Observações: 1- A urinálise poderá ser requisitada apenas nos casos cujos sinais clínicos 
envolvam o trato genitourinário. 2- Faz-se necessária a avaliação de cálcio nos animais 
portadores de processos neoplásicos. Fonte: HOVET – FMVZ – USP 
 
 Devido ao diverso grau de importância dada aos padrões estéticos pelos tutores (no 
caso de cães de exposição, por exemplo), é aconselhável avisar que será feita tricotomia da 
 14 
pata para cateterização e tricotomia para eventual bloqueio regional (ex: peridural). Isso pode 
evitar a surpresa e descontentamento do tutor no momento da alta do animal. 
 Além disso, é importante lembrar e deixar claro para o tutor que todos os pacientes 
submetidos à anestesia podem apresentar eventuais intercorrências, mesmo que estes 
pacientes apresentem um baixo risco anestésico. 
 
 15 
05. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA 
 
Dr. Rodrigo Marucio 
 
 A medicação pré-anestésica, ou MPA, tem como principal intuito promover a 
tranquilização, sedação, analgesia, reduzir os efeitos indesejáveis de outros fármacos e reduzir 
a secreção das vias aéreas. Além disso, ela promove a redução dos efeitos indesejáveis de 
outros fármacos, propicia um maior miorrelaxamento, potencializa os anestésicos gerais, 
viabiliza alguns procedimentos com anestesia local e promove uma indução e recuperação mais 
suaves. 
A taxa de mortalidade no período de MPA é de 1%, e vale lembrar que animais de raças de 
pequeno porte normalmente possuem um metabolismo acelerado, necessitando de doses um 
pouco maiores do que aqueles de raças de porte grande ou gigante. Ao pacientes das raças 
braquicefálicas possuem um tônus vagal acentuado. Já os de origem oriental, uma tendência a 
excitação paradoxal. 
 As classes farmacológicas utilizadas na MPA que serão discutidas a seguir são: 
Anticolinérgicos, Tranquilizantes, Benzodiazepínicos, Sedativos, Opióides e Dissociativos. As 
doses e o tempo de duração são referentes a espécie canina. 
 
ANTICOLINÉRGICOS 
 
São fármacos vagolíticos ou parassimpatolíticos devido ao fato de bloquearem os efeitos do 
nervo vago. 
 
Mecanismo de ação: 
Antagonistas competitivos de receptores colinérgicos muscarínicos 
 
Indicações: 
- Redução das secreções produzidas por alfa-2 agonistas e cetamina.- Bradicardia transanestésica. 
- Cirurgias oftálmicas. 
 
Os receptores muscarínicos são subdivididos em: 
§ M1 – localizados nos neurônios do SNC. 
§ M2 – localizados no nódulo sinoatrial e atrioventricular. 
§ M3 – localizados nas glândulas secretoras, endotélio vascular e musculatura lisa. 
 
No sistema cardiovascular: 
 
o Taquicardia (pode aumentar a incidência de arritmias e taquicardia sinusal). 
o Reduz o efeito vagal no coração, com mínima alteração na pressão arterial. 
o Pode haver um estímulo vagal inicial. 
 
 
 16 
No sistema digestório: 
 
o Reduz as secreções. 
o Diminui a motilidade do trato gastrointestinal. 
o Diminui o tônus do esfíncter esofágico e pequeno efeito sobre o pH gástrico resultando 
em refluxo gastresofágico e esofagite em cães anestesiados. 
 
No SNC: 
 
o Em doses elevadas, provocam torpor e confusão mental - bloqueio de receptores 
muscarínicos no SNC. 
o Glicopirrolato não ultrapassa a barreira hematoencefálica. 
 
Os principais fármacos dessa classe são: 
 
Atropina 
 
Dose: 0,022 – 0,044 mg/kg IV, IM, SC 
Latência: IV = 1 min, IM = 5 min 
Pico do efeito: IV = 5 min, IM = 10-20 min 
- Doses baixas IV podem causar inicialmente bradicardia por meio do bloqueio de receptores 
muscarínicos pré-sinápticos. 
- Provoca elevação de 30 – 40% da FC por aproximadamente 30 minutos. 
- Pode causar diminuição das secreções oculares por 1 a 2 dias. 
- Gatos, ratos e coelhos apresentam a enzima atropina esterase no fígado, causando rápida 
degradação da atropina. 
 
 
Escopolamina 
 
Dose: 0,01 – 0,02 mg/kg IV, IM, SC 
Uso de eleição para Equinos. 
 
Glicopirrolato 
Dose: 0,01 mg/kg IV, IM, SC 
 
TRANQUILIZANTES 
 
o Diminuem a ansiedade sem causar sedação. 
o Possuem ação subcortical. 
o Não induzem perda de consciência. 
o Fazem parte deste grupo as fenotiazinas e as butirofenonas. 
 
Butirofenonas 
 17 
 
- Droperidol: dose: 0.5 – 1 mg/kg, duração até 3 horas 
Ação antiemética 1000 vezes maior que a clorpromazina. 
 
- Azaperona: dose 1 – 4 mg/kg 
Tranquilizante de eleição para suínos 
 
Fenotiazínicos: 
Acepromazina, Clorpromazina e Levomepromazina. 
 
Mecanismo de ação: promovem depressão do sistema nervoso central (tálamo, hipotálamo, 
tronco cerebral e vias aferentes sensitivas). Em altas doses possuem efeitos extrapiramidais 
(tremores e catalepsia). No SNC bloqueiam neurotransmissores pré e pós-sinápticos de 
serotonina e dopamina. 
 
Doses: 
 
• Acepromazina: dose 0.02 – 0.05mg/kg, duração 2 – 10 horas 
Em cães, a ação tem início entre 10 e 15 minutos. O pico de efeito acontece aos 30 
minutos. 
• Clorpromazina: dose 0.2 – 0.5 mg/kg, duração 2 – 4 horas 
• Levopromazina: dose 0.2 – 0.5 mg/kg, duração 2 – 4 horas 
 
Vantagens: efeito tranquilizante, antiemético, anti-histamínico, antiarrítmico, antiespasmódico, 
antitoxêmico, não interferem na motilidade gastrointestinal, potencializam outros fármacos, 
diminuem secreções, diminuem a CAM do isoflurano em cães. 
- Diminui a incidência de vômito de 48% para 18% em cães tratados com morfina 
- Pode diminuir a frequência respiratória, porém sem alteração de pH arterial, PCO2, PO2 ou 
SatO2. 
 
Desvantagens: podem causar hipotermia, vasodilatação periférica, redução de pressão arterial, 
redução do débito cardíaco em 20-25% por até 2 horas, redução do limiar convulsivo (em 
discussão), não possuem antagonista, não produzem analgesia, causam dilatação esplênica 
levando a queda nos valores de hematócrito e hemoglobina. 
 
SEDATIVOS 
 
Agonistas α-2 adrenérgicos: 
Xilazina, Detomidina, Medetomidina, Dexmedetomidina, Romifidina 
 
Mecanismo de ação: ativam receptores α pré e pós-sinápticos a nível de SNC e periférico (SNP), 
inibindo síntese e liberação de noradrenalina. 
 
 
 18 
Efeitos: 
o Sedação. 
o Analgesia. 
o Relaxamento muscular. 
o Redução de 40-70% a CAM dos halogenados. 
o Potencialização da ação dos barbitúricos em 50-70% . 
o Redução da secreção de ADH (vasopressina). 
o Inibição da produção de insulina (efeito hipoinsulinemia e hiperglicemia). 
o Redução da liberação de ACTH e cortisol. 
o Redução da motilidade gastrointestinal e indução de vômito. 
o Aumentam a salivação. 
 
Atenção: 
o São contraindicados no 1/3 final da gestação por induzir aborto (efeito ocitócito). 
o Ruminantes são mais sensíveis. 
o Podem causar timpanismo em bovinos 
o Suínos são refratários, especialmente à xilazina. 
o Pode ser absorvido por feridas e por mucosas. 
o A dexmedetomidina está sendo utilizada recentemente em estudos com choque 
séptico. 
o Xilazina é contraindicada em cardiopatas e em pacientes em choque . 
 
Xilazina 
Possui duas fases de efeito distintas: 
§ Primeiros 5 – 10 minutos: age em receptores α1 e α2 pós-sinápticos, causando 
vasoconstrição, elevando a pressão arterial e levando a bradicardia reflexa. 
§ Após atua em receptor α2 pré-sináptico, causando uma redução nos valores de pressão 
arterial (hipotensão ou apenas retorno ao normal). 
o Podem gerar Bloqueios Atrio-Ventriculares (BAV) de 1º ou 2º. 
o Estes fármacos não posuem afinidade específica pelos receptores α2, ligando-se 
também com os α1. A relação de afinidade encontra-se na tabela a seguir: 
 
 
Fármaco Relação α2:α1 
Xilazina 160 
Clonidina 220 
Detomidina 260 
Medetomidina 1620 
Dexmedetomidina 1620 
 
Xilazina: 
Cães, gatos: 0,2 - 0,5 mg/kg 
Equinos: 0,5 – 1 mg/kg 
Bovino: 0,05 - 0,2 mg/kg IM 
 19 
 
Romifidina: 
Cães e gatos: 0,1 mg/kg 
Cavalos: 0,04 – 0.16 mg/kg 
 
Detomidina: 
Equinos: 0,01 – 0,04 mg/kg 
 
Medetomidina: 
Cães, gatos e Equinos: 0,01 – 0,04 mg/kg. 
 
 
 
 
 
BENZODIAZEPÍNICOS 
 
o Efeito sedativo, hipnótico, anticonvulsivante, amnésico e miorrelaxante. 
o Deprime o sistema límbico. 
o Aumenta a atividade gabaérgica. 
o Causa mínima depressão cardiorrespiratória. 
o Pode ter efeito paradoxal. 
o Alta taxa de ligação a proteínas plasmáticas (97-98%). 
 
Mecanismo de ação: age em receptor GABAA, impedindo influxo de cálcio, impedindo a 
despolarização 
 
Diazepam 
Dose: 0,1 – 1 mg/kg IV 
Composto cristalino, insolúvel em água, oleoso 
 
- O principal metabólito do diazepam é o desmetildiazepam ou nordiazepam. O metabólito é 
mais ativo e possui meia vida de eliminação de 3,6 horas no cão e 21 horas no gato 
- O diazepam é eliminado na urina em forma de metabólitos conjugados com ácido glicurônico. 
 
Midazolam: 
Dose: 0,2 – 0,5 mg/kg IV, IM 
Hidrossolúvel 
 
- Meia vida curta - 1,7 horas 
- Maior potência hipnótica 
- Pode causar hipotensão em doses elevadas. 
Antagonistas 
Ioimbina: 0.1 – 0.2 mg/kg IV/IM 
Atipamezole: 0.15 – 0.2 mg/kg IV/IM 
 20 
Antagonista 
Flumazenil 
Dose: 0,05 mg/kg – IV 
- Reverte o efeito em 2 a 4 min 
- Período hábil : 60 min 
 
Zoletil ou Telazol 
 
- Mistura de tiletamina com zolazepam. 
- Durante a recuperação no cão pode causar excitação, pois o zolazepam é 
metabolizado primeiro. 
- No gato, durante a recuperação, há depressão, pois a tiletamina é metabolizada 
primeiro. 
- Não utilizar em pacientes com Insuficiência Renal e felinos obstruídos. 
 
OPIOIDES 
 
Classificação: 
Agonista total: Morfina, Meperidina, Oximorfina, Fentanila, Alfentanila, Sufentanila, 
Remifentanila. 
Agonista parcial : Buprenorfina. 
Agonista-antagonista: Butorfanol, Nalbufina. 
Antagonista: Naloxona. 
 
o Causam analgesia, sedação e potencialização dos anestésicos gerais. 
o Podem provocam depressão cardiorrespiratória (principalmente em primatas). 
o Analgesia supraespinhal, espinhal e local. 
o Os receptores opióides são classificados em µ, κ, Δ, γ. 
 
Morfina 
 
Dose: 0,05 – 2 mg/kg - SC, IM, IV (para animais agitados no pós cirúrgivo 0,5 mg/kg diluídos 
em 5 mL de NaCl). 
Latência: 5 – 10 min IM, 30 seg IV . 
- Boa estabilidade cardiovascular, ótima analgesia.Entretanto, provoca náusea, vômito, pode 
ocasionar prurido, reduz a motilidade do trato gastrointestinal, pode causar retenção urinária. 
- Quando administrada pela via epidural, possui duração de 12 – 24h e pela via intratecal até 
72h. 
 
Metadona 
Dose: 0,2 – 0,5 mg/kg SC, IM, IV 
Latência:5 – 10 minutos IM, 15 – 30 seg IV 
- Sedativo, não induz vômito, baixa incidência de liberação de histamina, possui efeito 
antagonista NMDA 
 21 
- Em doses de 0,5mg/kg provoca depressão cardiovascular, reduzindo o DC em 30-40% 
 
Buprenorfina 
Dose: 10 – 30 µg/kg SC, IM, IV 
 
Meperidina 
Dose: 0,4 – 4 mg/kg – SC, IM 
Latência: 5 – 10 minutos IM 
Evitar o uso IV. 
Duração: 1h 
- Efeito analgésico fraco, boa sedação, pode provocar liberação de histamina, não induz vômito. 
- Contraindicada em mastocitomas ou outros pacientes que apresentem maior risco de choque 
anafilático. 
 
Tramadol 
Dose: 1 – 4 mg/kg 
Latência: 5 – 10 minutos IM 
- Efeito analgésico moderado, atua também inibindo receptação de serotonina e norepinefrina, 
sendo indicado para analgesia pós-operatória. Atualmente, sua eficácia e tempo de duração 
em cães são discutidos no Guideline for Pain treatment da AHAA. 
 
Fentanil 
Dose: 1 - 5 µg/kg 
Latência: 30 segundos IV 
- Pode causar bradicardia, principalmente se aplicado rapidamente IV. 
 
Butorfanol: 
Dose: 0,1 – 0,4 mg/kg SC, IM, IV 
 
ANTAGONISTAS: 
Naloxona: 0.04 mg/kg 
 
 
 22 
06. SISTEMAS E CIRCUITOS ANESTÉSICOS 
Dr. Adriano Carregaro 
 
 Os sistemas e circuitos anestésicos essenciais para a anestesia inalatória. Para o 
emprego deste tipo de anestesia é necessário: acesso às vias aéreas, dispor de equipamento 
específico e de um indivíduo com conhecimento e habilidades técnicas especializadas. Como 
material básico para obtenção de acesso às vias aéreas dos pacientes, pode-se citar o 
laringoscópio, o abre-bocas (dispensáveis em pequenos animais), as máscaras e por fim os 
tubos endotraqueais de diversos tamanhos. Após a correta obtenção do acesso à via aérea com 
colocação do tubo endotraqueal, este será conectado a um SISTEMA. O sistema basicamente 
é composto de um cilindro de oxigênio, válvulas redutoras de pressão, chicotes, fluxômetro 
e balão reservatório. Na medicina veterinária, praticamente todos os sistemas específicos 
incluem o vaporizador de agente anestésico. 
 
 
 
 
O combustível do sistema é o oxigênio e também o ar comprimido. Para fazer o cálculo do 
volume de oxigênio no cilindro, precisamos usar a Lei de Boyle. 
 
 
 P1 X V1 = P2 X V2 
 
P = pressão 
V = volume 
 
As pressões nos cilindros normalmente vem expressas em kgf/cm2. 
Por exemplo, dentro de um cilindro de 5 litros, temos uma pressão de 150 kgf/cm2. . 
Quando esse oxigênio está no ambiente a 1 atm (1 kgf/cm2 = 1 atm), esse oxigênio passa a ser 
750 litros. 
 
P1 X V1 = P2 X V2 
150 x 5 = 1 x V2 
750 = V2 
Quantas horas de anestesia podemos ter supondo que usamos o fluxo de 1 L/min? 
750 minutos = 12,5 horas. 
 
 23 
 A válvula redutora de pressão mostra o quanto de pressão tem no cilindro e quanto de 
pressão há na rede (no aparelho de anestesia). A pressão cilindro, pode ser, por exemplo 150 
kgf/cm2.,, porém a pressão no sistema não pode passar de 4,5 kgf/cm2.. A válvula redutora de 
pressão tem a função de diminuir a pressão do cilindro para o aparelho não ser danificado. 
 Também é possível utilizar o concentrador de oxigênio. Ele fornece acima de 90% de 
oxigênio, é portátil e sem custo (de recarga de oxigênio). Porém, depende de eletricidade e 
tem um fluxo muito baixo, no máximo 15 L/min, não sendo possível utilizar o ventilador com o 
concentrador. 
 Por isso, ventiladores que funcionam somente a partir de oxigênio são altamente 
custosos, sendo aconselhável utilizar o ar comprimido. 
 Quando a válvula redutora já vem acoplada ao cilindro, também não é possível fazer 
ventilação, pois ela permite fluxo máximo 10 L/min. 
 Os fluxometros são aqueles que liberam o fluxo em uma maior escala, em litros/min; já 
os rotâmetros possuem uma regulagem mais fina, liberando o fluxo em ml/min. Para verificar o 
fluxo, regulamos a bailarina ou esfera de metal, sendo a primeira mais precisa. 
 
Os vaporizadores podem ser calibrados ou universais, abaixo encontram-se listados as 
principais características de cada um: 
 
UNIVERSAL: serve para todos os anestésicos inalatórios (exceto desflurano), não possui 
mecanismos para compensar fluxo, temperatura ou pressão, não permite o cálculo da % 
vaporizada, não possui limite de vaporização (pode alcançar valores de até 30%). Utilizado em 
poucos lugares do mundo. 
 
CALIBRADO: é específico para cada agente, pois considera a pressão de vapor do fármaco, 
possui mecanismos para compensação de fluxo, temperatura e pressão, os pneumáticos são 
formados por um sistema de bypass, onde o dial controla o fluxo. Os semieletrônicos e 
eletrônicos não fazem bypass, a vaporização se dá em função da temperatura. Possui limite de 
vaporização (isoflurano por exemplo chega até 5%). 
 
Os circuitos possuem áreas em que não há troca gasosa. Essas áreas constituem o espaço-morto 
mecânico: 
 
Traqueias: geralmente possuem 22mm de diâmetros e 110-130cm de comprimento. 
Balão: o tamanho do balão deve ser 3x o volume corrente do paciente. Sua função é fornecer 
um meio de ventilar o paciente e dar elasticidade ao sistema. 
Canister: é utilizado em circuitos reinalatórios; a cal sodada impõe resistência ao sistema. 
 
A cal sodada que vai dentro do caníster é formada por: 95% de Ca(OH)2, 4% NaOH e 1% de 
KOH. Sua umidade ideal é de 14 a 18%. 
 
Os mamíferos produzem em média 3-5ml/kg/min de CO2, e 100g de cal sodada absorvem 20L 
de CO2. 
O recomendado é trocar a cal sodada quando ela mudar 75% de cor (ficando roxa). 
 24 
 
TIPOS DE SISTEMAS 
 
• Valvulares – reinalatórios: possuem válvulas unidirecionais que inferem maior 
resistência mecânica à respiração. Possuem também canister com cal sodada, que propicia 
pouca perda de calor e retem o CO2 liberado pelo paciente. Há um reaproveitamento do gás 
expirado, mantém calor, permite a utilização de baixos fluxos de gases frescos (10-50 
ml/kg/min), consequentemente baixa poluição ambiental. São indicados para pacientes maiores 
que 5kg. Ex.: Circuito circular valvular 
 
 
 
 
• Valvulares – Não reinalatórios: possuem válvulas unidirecionais, mas não há mistura do 
gás inspirado com o expirado. É utilizado para oxigenação ou reanimação cardiopulmonar. Ex.: 
Ambu e válvula de Hudson (ou de demanda). 
 
• Avalvulares ou Não Reinalatórios: são classificados como sistemas Mapleson, não 
possuem válvulas ou caníster. Oferecem baixa resistência mecânica à respiração, e por isso são 
indicados para pacientes com peso inferior a 5Kg. Por outro lado, apresentam maior perda de 
umidade e calor. O gás expirado é eliminado por arraste e por isso, é um sistema que necessita 
de um fluxo de gases frescos alto. Ex.: Bain e Baraka. 
 
 25 
• Avalvulares Reinalatórios: conhecido como Sistema To-and-Fro ou Vai-e-vem. 
Apresenta menor perda de umidade e calor, possui cal sodada.Utilizava-se em equinos. 
 
 
 
 
 
 26 
07. FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
 
Dr. Adriano Carregaro 
 
 Todo fármaco precisa de um receptor para agir, logo todos os fármacos que 
conhecemos e utilizamos hoje em dia foram desenvolvidos a partir da observação da ação de 
uma substância endógena em um receptor. Uma alteração química, por menor que seja, tanto 
no receptor ou na substância química tem potencial para inativar toda a molécula 
farmacológica, ou alterar seus efeitos. Lembrando sempre que nenhuma substância química 
atua com total especificidade no organismo. Isso está frequentemente associado ao 
aparecimento de efeitos colaterais não desejados. 
Um medicamento não cria uma função no organismo, apenas modifica uma preexistente. 
 
FARMACODINÂMICA 
 
Estudo dos mecanismos de ação de um medicamento sobre as funções bioquímicas e 
fisiológicas de um organismo. 
 
Receptores 
Componente do organismo com o qual a substância interage 
 
Alvos: 
1) Enzimas (ex neostigmina inibindo a acetilcolinesterase) 
2) Moléculas transportadores: contém um local de reconhecimento para identificar e 
transportar moléculas para o interior do citoplasma. Alguns medicamentos agem bloqueandoesse sistema de transporte (cocaína impede captação de catecolaminas) 
3) Receptores não ligados à proteína G 
a) Ligados à tirosinacinase: fatores de crescimento e insulina 
b) Reguladores da transcrição de ácido desoxirribonucleico: hormonios esteróides e 
tireoideanos 
4) Receptores celulares ligados à proteína G: transmissão de mensagem direta ou indireta 
As proteínas G são mensageiro entre os receptores. São compostas de 3 subunidades. 
Gs = estimulante de adenilatociclase 
Gi = inibidora de adenilatociclase 
Go= relacionada a canais iônicos 
b) Sistema adenilatociclase/monofosfato de adenosina cíclico 
Um proteína Gs é ativada e estimula a enzima adenilatociclase a produzir AMPc que é um 
segundo mensageiro de várias funções 
c) Sistema fosfolipase com fosfato de inositol 
Sistema multirregulador e envolve vários mensageiros. A Gq ativa dois compostos celulares: IP3 
e DAG. O Ip3 é hidrossúvel e entra no citoplasma para liberar Ca. O DAG é lipossolúvel e 
permanece na membrana ativando a proteína cinase C. 
d) regulação de canais iônicos: proteína Go interage com os canais iônicos, sem formar segundo 
mensageiro. Ex: GABA e NMDA 
 27 
 
 
 
Interação medicamentosa: Sinergismo 
 
a) por adição: efeito combinado de dois medicamentos é igual à soma dos efeitos isolados de 
cada um (na figura abaixo representado por A+B) 
b) por potenciação: efeito combinado é maior que a soma dos dois isolados. Nesse tipo de 
efeito as substâncias geralmente atuam por dois mecanismo de ação diferentes (na figura 
abaixo representado por A+C) 
 Antagonismo 
 
a) Farmacológico competitivo: antagonista compete com agonista pelo mesmo receptor. 
Quando acopla no receptor forma um complexo inativo. Quando aumenta a quantidade do 
agonista, ele desloca o antagonista do receptor. Pode ser parcialmente reversível ou irreversível: 
o antagonista não se desloca ou o faz muito lentamente 
b) Não competitivo: antagonista bloqueia a cadeia de eventos desencadeada pelo agonista. 
Não adianta aumentar a quantidade de agonista. 
c) Antagonismo fisiológico: subsâncias que agem em receptores diferentes porém o efeito final 
é oposto e se anula (ex: noradrenalina (vasoconstrição) e histamina (vasodilatação) 
d) antagonismo químico: reagem quimicamente entre si e não com o organismo (ex. Quelantes 
de metais) 
 
 
Exemplo de opióides 
agonistas puros, 
agonistas parciais e 
antagonistas. 
 
 
 
 28 
FARMACOCINÉTICA 
 
É o estudo do movimento de uma substância química no interior de um organismo vivo, isto é, 
dos processos de absorção, de distribuição, de biotransformação e de excreção,ou seja, tudo 
que o organismo faz no medicamento. 
 
Absorção: movimento do medicamento do sítio de administração até a corrente sanguínea. 
Medicamentos lipossolúveis são absorvidos mais facilmente (passam pela bicamada lipídica). 
 
As substâncias são divididas em 
1) Sem carga ou apolar: não sofrem influência do pH e atravessam qualquer barreira fisiológica 
2) ácidos orgânicos (ácido fraco): pH determina velocidade de absorção. São mais bem 
absorvidos em pH alcalino (ex no intestino 7,5 a 8,0) 
3) Bases orgânicas. (ex AL) 
 
Transporte 
 
Transporte Passivo: a maioria dos medicamentos 
Primeiro: filtração – passa pelos poros 
O tamanho da molécula é importante 
Depois ocorrre difusão passiva: Dissolvem-se da região mais concentrada para a menos 
concentrada. 
Depende da natureza lipofílica ou hidrofílica (partição óleo-água), pH e pKa 
pKa – constante de dissociação: é o pH onde o medicamente está 50 % na forma ionizada e 
50% na forma não ionizada 
As substâncias são abdorvidas na forma ionizada 
 
Transporte Mediado por Carreador: 
São componentes da membrana celular que transportam substancias para dentro da célula. 
Fazem por difusão facilitada sem gasto de energia e a favor do gradiente de concentração (ex: 
glicose) ou por transporte ativo onde há gasto de energia. 
 
Pinocitose (abs. de partículas líquidas) ou fagocitose (abs de particulas sólidas) 
Usam energia celular 
 
Barreiras 
Mucosa gastrintestinal: formado por células justapostas. As substancias não passam entre as 
células, passam através das membranas. 
 
Pele, córnea e bexiga: Não passam entre as células. Só através delas. Exclusivo para subst. 
apolares. 
Capilar: 
a) com máculas (músculos, vísceras, ossos) = apresentam zonas frouxas na junção das células e 
substâncias saem dali para o meio EC 
 29 
b) fenestrados: (rins e gls salivares, pancreas, hipofise) = livre acesso de substancias 
c) com bloqueio completo (barreira hematoencefálica) = somente através das células. 
 
Barreira Hemato-encefálica: barreira formada por capilares de parede contínua, poucas 
vesículas de pinocitose e células endoteliais unidas. Impede entrada de substâncias polares ou 
de grande peso molecular no SNC. 
 
Barreira placentária: comporta-se como as demais barreiras. Medicamentos lipofílicos e de 
baixo peso molecular atravessam facilmente. 
 
Fatores que alteram a absorção: 
 
Ligados à via de administração: área de superfície absortiva, circulação local 
Ligados ao fármaco: Solubilidade, pH local, forma química, concentração 
Ligados ao indivíduo: variabilidade fisiológica, idade, patologias 
 
Volume de distribuição 
Indica se o medicamento permanece mais tempo no sangue ou se distribui aos tecidos. É um 
fenômeno no qual o medicamento após ter chegado no sangue, sai desse compartimento e vai 
para o local de ação ou depósito. 
 
Após ser absorvido, o medicamento pode ficar livre no sangue, se ligar a proteínas plasmáticas 
ou ser sequestrado para depósito no organismo. 
Somente o medicamento livre é distribuído para os tecidos. 
 
Compartimento central (bem perfundido): coração, fígado, rins e cérebro 
Compartimento periférico = ossos, pele, depósito de gordura 
Fatores que alteram a distribuição: área de superfície absortiva, circulação local, solubilidade, 
pH local, coeficiente de partição, barreiras biológicas, ligação às proteínas plasmáticas 
 
Fármaco altamente ligados às proteínas plasmáticas: benzodiazepínicos (99%), Fenilbutazona 
(99%), Meloxicam (99%), Carprofeno (99%), Acepromazina (99%), Firocoxibe (98%), Propofol 
(95%) 
 
Fármaco com baixa ligação às proteínas plasmáticas:Metadona (85%), Fentanil (85%), 
Butorfanol (80%), Tiopental (76%), Etomidato (76%), Meperidina (70%), Lidocaína (70%), 
Remifentanil (70%), Cetamina (50%), Morfina (35%) 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
Meia-vida (t1/2): tempo para que a concentração plasmática de um fármaco se reduza à metade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biotransformação: Serve para favorecer a eliminação 
Deixa os metabólitos mais polares e menos lipossolúveis. 
 
Fase I = oxidação, redução ou hidrólise 
Convertem o medicamento original em metabólito mais polar 
Ocorrem geralmente no REL no fígado 
 
Fase II = aumenta hidrossolubilidade 
- Glicuronidação: atenção aos gatos, que possuem deficiência nessa etapa 
Conjugação com ácido glicurônico: lidocaína, propofol, alguns opioides, 
- Metilação 
- Acetilação: cães possuem dificuldade de acetilação 
- Sulfatação: suínos tem dificuldade de sulfatação 
 
Excreção: passagem do fármaco para o meio externo 
Renal: dependente de hipoproteinemia, desidratação, choque hipovolêmico, hipotensão, 
hipertensão 
Biliar 
Pulmonar 
Lacrimal, 
sudorípara 
Láctea 
 
Referência complementar 
 
KUKANICH, B.; LASCELLES, B. D. X.; PAPICH, M. G. Pharmacokinetics of morphine and plasma 
concentrations of morphine-6-glucuronide following morphine administration to dogs. Journal 
of Veterinary Pharmacology and Therapeutics. 28 (4), p. 371–376, 2005. 
 
 31 
SANO, .; NISHIMURA, R.; KANAZAWA, H.; IGARASH,I E.; NAGATA, Y.; MOCHIZUKI, M.; 
SASAKI, N. Pharmacokinetics of fentanyl after single intravenous injection and constant rate 
infusion indogs. Veterinay Anesthesia and Analgesia. 33(4):266-73, 2006. 
 
RUDIN, A.; LUNDBERG, J. F.; HAMMARLUND-UDENAES, M.; FLISBERG, P.; WERNER MU. 
Morphine metabolism after major liver surgery. Anesthesia and Analgesia. 104(6):1409-14, 2007. 
 
DERSHWITZ,M.; HOKE, J. F.; ROSOW, C. E.; MICHAŁOWSKI, P.; CONNORS, P. M.; MUIR, K. T.; 
DIENSTAG, J. L. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of remifentanil in volunteer subjects 
with severe liver disease. Anesthesiology. 84(4):812-20, 1996. 
 
 32 
08. ANESTESIA INALATÓRIA 
 
Dr. André Escobar 
 
 É a anestesia obtida por meio da absorção de um princípio ativo pela via respiratória, 
passando para a corrente circulatória e atingindo o sistema nervoso central, produzindo 
anestesia geral. 
 A anestesia inalatória possui como vantagens: mínima biotransformação pelo fígado, 
eliminação pela expiração, permite controle dinâmico do plano anestésico, recuperação mais 
rápida do que da anestesia total intravenosa, melhora da oxigenação (administração com O2.). 
Entretanto, necessita de aparelhos específicos e de profissionais especializados para sua 
realização, além de constante monitoração. 
 Ela deve promover: amnésia (perda da memória), inconsciência (falta de resposta a um 
estímulo não doloroso), imobilidade (perda dos movimentos em resposta a um estímulo 
doloroso) e Inibição da resposta autonômica simpática. 
 
 
 
 Seu mecanismo de ação não é completamente conhecido e são formuladas algumas 
hipóteses: 
 
1- Teoria lipídica (dissolviam a membrana lipídica dos neurônios, alterando sua excitabilidade) 
2 - Ativação ou inibição de diferentes alvos moleculares: Canais iônicos (GABA, glicina, 
glutamato, serotonina, acetilcolina, canais de K+) 
 
Os principais sítios de ação dos anestésicos inalatórios são: 
- Amnésia: GABAA (subunidade α-5) – Hipocampo 
- Hipnose – alvos moleculares no cérebro - GABAA (subunidade β-2) – neocórtex 
- Imobilidade – mediado na medula espinhal 
 GABAA – Pequena contribuição 
 Inibição de receptores de glutamato e canais de K+ 
 Ativação de receptores de glicina 
 33 
Características físico-químicas 
 
1) Coeficiente de solubilidade: Capacidade de uma substância de se dissolver em um meio 
2) Coeficiente de solubilidade sangue-gás: pressão parcial do anestésico quando é 
estabelecido equilíbrio entre o anestésico dissolvido no sangue e no ar alveolar 
Fatores que alteram a solubilidade: temperatura 
Fatores que alteram a solubilidade entre espécies: hematócrito (maior carreador de 
anestésicos inalatórios), proteína plasmática (concentração e estrutura entre espécies), 
concentração de lipídeos, osmolaridade 
 
 
 
 
3) Velocidade de indução e recuperação 
 
 
 
 
4) Pressão de vapor: as moléculas estão constantemente passando do meio líquido para o 
gasoso 
- Em equilíbrio em recipientes fechados (número de moléculas que passam de um estado para 
o outro é o mesmo) 
- Quanto maior a pressão de vapor, maior a capacidade de vaporização 
- Existem vaporizadores específicos para alguns agentes 
 
 34 
5) Concentração alveolar mínima (CAM): concentração alveolar mínima necessária para prevenir 
movimento em 50% dos pacientes após estímulo doloroso ao nível do mar 
 
 
 
- A CAM nas diversas espécies é consistente 
- A partir de certo ponto, o aumento da intensidade do estímulo doloroso não aumenta a CAM (estímulo 
supramáximo) 
- A CAM varia com a altitude: 
 
CAM (V%) ao nível mar = CAM (V%) local x pressão local/pressão ao nível do mar 
 
Ex.: CAM São Paulo = CAM ao nível do mar / (700/760) 
 - CAM 8% maior em São Paulo 
 
CAM Machupicchu = CAM ao nível do mar / (560/760) 
- CAM 26% maior em Machupicchu 
 
Fatores que diminuem a CAM: hipercapnia (PaCO2 > 45 mmHg), acidose metabólica, hipóxia (PaO2 < 60 
mmHg), hipotensão, hipotermia, gravidez, sedativos, tranquilizantes, opioides, anestésicos locais e gerais 
 O anestésico ideal deve ser estável sem conservantes, não inflamável, facilmente vaporizado em 
temperatura ambiente, ter baixo coeficiente de solubilidade sangue/gás (indução e recuperação rápida), 
ser potente (promover anestesia com baixa concentração inspirada),não ser irritante das vias aéreas, 
promover baixa depressão cardiovascular, não sensibilizar o miocárdio às catecolaminas, não ser 
biotransformado pelo fígado, ter baixo custo, ausência de toxicidade renal e hepática e ser 
compatível com vaporizadores existentes. 
 
Efeitos fisiológicos: 
1) Depressão respiratória dose-dependente. 
Diminui a resposta ventilatória à hipercapnia pela inibição dos quimiorreceptores de CO2 e O2 e 
pode levar à apneia. 
2) Depressão cardiovascular dose-dependente. 
Diminuição de frequência cardíaca e da resistência vascular periférica e consequente queda do 
débito cardíaco. 
3) Hipotermia. 
4) Aumento da pressão intracraniana. 
 
 35 
09. ANESTESIA INTRAVENOSA 
 
Suzane Lilian Beier 
 
A anestesia geral intravenosa provoca a depressão do SNC de forma dose-dependente 
e reversível. Os objetivos são promover hipnose, analgesia, miorrelaxamento, com estabilidade 
cardiovascular e de forma que a recuperação seja rápida e tranquila. São principalmente 
indicados para a indução anestésica e para manutenção de pacientes em UTI’s. Suas principais 
vantagens são ter baixo custo, não promover sobrecarga pulmonar e não necessita de 
equipamentos específicos. Como principais desvantagens, pode-se citar um controle de 
profundidade mais difícil e uma recuperação mais prolongada. Também pode ser utilizada em 
cirurgias de curta duração (2 – 3 horas), mas em cirurgia mais longas há um acúmulo dos 
fármacos. 
 
A aplicação de fármacos intravenosos pode ser classificada da seguinte forma: 
 
• Bólus – loading dose – é aquela aplicação realizada em menos de um minuto. 
• Bólus intermitente – aplicação repetidas de bólus, causam picos intermitentes na concentração 
plasmática do fármaco. 
• Infusão Contínua (IC) – fármaco aplicado de forma contínua por um tempo prolongado. 
• Bólus + IC – realiza-se a aplicação de um bólus para alcançar a concentração plasmática 
desejada rapidamente, e mantem-se a IC para manter essa concentração plasmática. 
• Taxa de infusão Variada (TVI) – A taxa de infusão muda com o tempo conforme necessidade do 
paciente. 
• Infusão alvo controlada (TCI) – feita com equipamentos especiais, com um programa que analisa 
através da farmacocinética e regula velocidade da bomba de infusão, assim como a anterior 
visam evitar o efeito cumulativo dos fármacos. 
 
Obs.: Para atingir a concentração plasmática terapêutica só com infusão contínua, necessitaria 
de 4 a 5 tempos de meia-vida plasmática do fármaco, pois as doses são reduzidas. 
 
• Infusão rápida – de 1 a 30 minutos 
• Infusão lenta – de 30 a 60 minutos 
• Infusão contínua – acima de 1 hora 
 
A maioria dos fármacos necessitam de bolus inicial antes de começar a infusão contínua. 
Uma exceção a essa regra é o remifentanil que não necessita de bolus inicial devido a sua 
farmacocinética. 
Para evitar - se o acúmulo de drogas e a recuperação prolongada pode se fazer a 
administração intravenosa realizada com redução na taxa de infusão com o passar do tempo 
(TVI) e o modo TCI – Target Controlled Infusion. 
 
 
 
 36 
Na TVI a concentração do fármaco administrada ao longo do tempo vai diminuindo: 
 
 - Fentanil: bólus 5mg/kg, 
 IC: 30 µg/kg/h por 30 minutos 
 20 µg/kg/h por 30 minutos 
 10 µg/kg/h por 60 minutos 
 
 
 - Propofol para caninos: bólus 4 – 5 mg/kg 
 IC: 0.3 mg/kg/min por 20 minutos 
 0.2 mg/kg/min por 15 minutos 
 0.1 mg/kg/min até o fim 
 
Já no TGI há um software que controla a velocidade de infusão da bomba conforme a 
concentração desejada do fármaco no plasma ou sítio efetor em mcg/ml. Exemplos de 
equipamentos que realizam esse modo de infusão são a Harvard Pump e o Diprifusor. 
As vantagens da TCI são a indução suave, transição fácil para a manutenção da 
anestesia, controle de profundidade anestésica e recuperação rápida. 
 
Fármacos utilizados na medicina veterinária para anestesia venosa: 
 
v BARBITÚRICOS 
 
Fármaco TIOPENTAL FENOBARBITAL PENTOBARBITAL 
Latência 15 – 30 seg 12 minutos 30 – 60 seg 
Ação ultracurta Longa Curta 
Duração 10 – 20 min 6– 12 horas 60 – 120 min 
 
TIOPENTAL 
Caracteristicas físico químicas 
Sal sódico (ácido fraco/base forte) 
pKa: 7.6 
pH: >10 
Uso exclusivo IV 
 
Concentração recomendada para uso (diluição em água destilada) em: 
- Cães 2,5%. 
- Felinos 1,25% 
- Equinos 5%. 
 
O mecanismo de ação do tipopental é a potencialização do receptor GABA, 
aumentando o tempo de duração do canal aberto e a frequência de abertura do canal. Esse 
fármaco é altamente lipossolúvel o que exige cuidado ao utilizar em animais obesos. Além 
disso, o seu uso exige cautela em cães da raça Galgos, pois esses possuem baixa gordura 
 37 
corporal (redistribuição muito rápida), baixa concentração sérica de albumina, além de 
deficiência no metabolismo hepático (enzima p450), o que pode promover uma recuperação 
com excitação. 
As contra indicações são: obstrução intestinal, torção gástrica, piometra e qualquer 
quadro de choque endotoxêmico ou de acidose, pois nessa situação há um aumento da fração 
livre ativa do tiopental. 
 
Farmacocinética: Possui efeito cumulativo, metabolismo sistema microssomal hepático 
com dessulfuração e oxidação, a eliminação é renal e a meia vida do tiopental é de t1/2b = 5-
12 hs. 
 
Farmacodinâmica: 
Sistema cardiovascular: provoca depressão cardiorrespiratória, do centro vasomotor, 
reduz a contratilidade cardíaca, 
SNC: reduz consumo de O2 cerebral, fluxo sanguíneo cerebral, pressão intracraniana e 
causa depressão do centro termorregulador. 
Sistema urinário: redução do fluxo sanguíneo renal – FSR, taxa de filtração glomerular 
– TFG e do volume urinário = DU. 
Sistema respiratório: depressão do centro bulbar – apneia, redução do volume minuto, 
redução da frequência respiratória, redução da sensibilidade à hipoxia e hipercapnia e 
hipercapnia e acidose respiratória. 
Útero : redução do tônus uterino, depressão fetal. 
Olho: midríase inicial, seguida de miose e redução da pressão intraocular. 
 
Doses: 
Canino: 7 – 12,5 mg/kg 
Felino e Equino: 4 – 5 mg/kg 
 
v COMPOSTOS IMIDAZÓLICOS 
 
O Etomidato é o representante desta classe mais utilizado, portanto as características 
descritas referem-se a este fármaco. 
O Etomidato tem como solvente o propilenoglicol que causa dor a injeção, flebites e pode 
causar reações alérgicas. A hemólise também pode ocorrer devido a hiperosmolaridade e para 
evitar se deve se diluir essa fármaco a aplicação. 
 
Propriedades físico químicas: 
pH: 5.1 
Osmolaridade: 4965 – muito alta 
Taxa de ligação a proteinas: 76% 
Solvente: propilenoglicol 
Farmacocinética: Não tem efeito cumulativo, ação ultra curta, alta lipossubilidade, tempo de 
meia vida de 3 minutos e metabolizado por esterases hepáticas e plasmáticas, cujo metabólito 
é inativo a excreção e por vias renal e biliar. 
 38 
Farmacodinâmica: 
Ação depressora semelhante ao GABA. 
 
Sistema cardiovascular: reduz pressão artérial, aumenta discretamente a frequência cardíaca, 
volume sistólico e o débito cardíaco e reduz resistência vascular periférica. 
SNC: reduz consumo de O2 cerebral, reduz fluxo sanguíneo cerebral, reduz pressão 
intracraniana. Sem redução da pressão arterial média, a perfusão cerebral é mantida ou até 
aumentada. 
Sistema respiratório: redução do volume corrente, aumento da frequência respiratória, 
redução do volume minuto. Apnéia não é comum. 
Sistema digestório: redução da motilidade e tônus aumento de secreções após cessar 
administração, pode ter vômito durante a indução se o animal não estiver bem sedado. 
Desvantagens: pode provocar mioclonias (por isso seu uso deve ser sempre associado a 
benzodiazepínicos), tromboflebite, inibição na síntese de cortisol (pois inibe o metabolismo do 
cortisol) e da aldosterona quando usado em infusão contínua. 
 
Dose: 
Caninos e felinos: 0.5 – 2 mg/kg 
Obs.: Associar com benzodiazepínico, fentanil e/ou lidocaína. 
 
v ALQUIFENÓIS 
O propofol é o representante desta classe mais utilizado, portanto as características 
descritas referem-se a este fármaco. 
 È uma emulsão aquosa a 1%: - 10% de óleo de soja - 2,25% de glicerol - 1,2% de 
fosfolipídeo de ovo purificado. 
 
Propriedades fisico quimicas: pH: 7.0, baixa solubilidade em água e de aspecto leitoso. 
 
Farmacocinética: metabolização principalmente hepática, com conjugação com ácido 
glicurônico, mas também em pulmão, intestinos, plasma e rins.Os metabólitos são inativos e 
excretados pela urina. 
CUIDADO: Felinos tem dificuldade de conjugação, portanto cuidado com infusões contínuas 
prolongadas.Os galgos tem baixa concentração sérica de albumina e família das p450 
deficiente, o que provoca um despertar mais lento. 
O uso exclusivo do propofol é pela via intravenosa, a latência e semelhante ao tiopental 
mas a recuperação é mais rápida devido ao clearence. 
 
Farmacodinâmica: 
Sistema cardiovascular: redução da sensibilidade barorreflexa a queda da PA, redução da 
pressão arterial, redução da frequência cardíaca, redução da resistência vascular periférica, 
redução do débito cardíaco (venodilatação) em 40 a 60%. 
Em doses equipotentes comparado ao tiopental: maior depressão, não causa arritmias, 
intensifica arritmias causadas por adrenalina, aumenta fluxo sanguíneo coronariano 
(vasodilatação coronariana) e reduz consumo de oxigênio miocárdico. 
 39 
SNC: potencialização do GABA, redução do fluxo sanguíneo cerebral , redução da pressão 
intra-craniana e efeito miorrelaxante. 
Sistema respiratório: apnéia velocidade-dependente, redução da frequência respiratória, 
hipercapnia com acidose respiratória e redução da PaO2 = hipoxemia. 
 
Outros efeitos indesejáveis: 
 
Hipotermia: Depressão do centro termorregulador. 
Dor a injeção: Pode causar dor na injeção IV. 
Tremores musculares: contrações involuntárias com hiperextensão dos membros anteriores e 
posteriores relaxados. 
 
Conservação: Cuidado! frasco após aberto deve ser descartado por conta da contaminação. 
 
Doses: 
Cão e Gato: 2 – 5 mg/kg com MPA e 6 – 8 mg/kg sem MPA. 
*Apenas o Propofol, sem coadjuvante. 
 
v DERIVADOS DAS FENICICLINAS 
 
Os principais representantes na medicina veterinária são Cetamina e Tiletamina. 
 
Caracteristicas físico químicas: 
- pH: 3.5 – 5.5 (dor à aplicação por via IM). 
- Taxa de ligação a proteínas: 53% 
- Solúveis em água. 
 
 Promovem a anestesia dissociativa que consiste em: catalepsia (perda do tônus com 
rigidez muscular), incapacidade de responder a estímulos, manutenção dos reflexos, 
inconsciência total ou parcial e analgesia. 
 
- Depressão do sistema tálamo-cortical. 
- ‘Excitação’ do sistema límbico-hipocampal. 
- Efeito antitoxêmico por redução do TNF. 
 
Utilização: Agentes indutores anestésico, analgesia preventiva, manutenção anestésica , 
analgesia co-adjuvante e e feito antitoxêmico. 
 
CETAMINA 
Mistura racêmica R e S. 
O enantiômero S produz mais analgesia e tem o clearence mais elevado. 
Farmacocinética: Sofre biotransformação hepático gerando metabólitos norquetamina (ativo) 
e hidrocetamina (inativo) e eliminação renal (80% na forma inalterada em felinos, sendo contra 
indicado seu uso em nefropatas e felinos com obstrução uretral) e biliar. 
 40 
 
Biodisponibilidade: 
Via intramuscular – 93% 
Via oral – 20% 
Via intranasal – 50% 
Via retal 30% 
 
Duração: 10 – 20 minutos IV e 30 min IM. 
 
Doses: 
Caninos: 2 – 4 mg/kg IV; 5 – 8 mg/kg IM. 
Felinos: 2 – 3 mg/kg IV; 7 – 10 mg/kg IM e 20 – 40 mg/kg VO. 
 
Farmacodinâmica: 
SNC: aumento da PIC e a vasodiltação cerebral, inibe recaptação de norepinefrina, estimula o 
sistema nervoso simpático. 
Portanto é contraindicado para: Traumas cranianos, cirurgias de SNC e epiléticos. 
 
Sistema cardiovascular: aumenta frequência cardíaca, pressão arterial, débito cardíaco e 
contratilidade do miocárdio. 
Sistema respiratório: apnéia transitória, padrão apnêustico, intubação – manutenção reflexo 
laringotraqueal. 
Efeito analgésico: por antagonismo NMDA, agonista de receptores opióides e interação direta 
com canais de sódio (efeito de anestésico local). 
Outros efeitos: Aumenta a pressãointra ocular (PIO). 
 
DOSES CETAMINA para analgesia adjuvante: 
 
CÃO e GATO 
0,5 mg/kg, IV bolus. 
0,6 mg/kg/h = (10ug/kg/min) IV, infusão contínua. 
 
Conclusões em relação ao uso de cetamina: 
 
 É segura como agente indutor nos casos de pacientes com instabilidade 
hemodinâmica. 
Em infusão contínua, reduz a CAM dos anestésicos inalatórios em cães, gatos e equinos 
de forma concentração dependente. 
 Baixas doses de cetamina além de promover analgesia quando associada a opioides, 
reduz o requerimento destes. 
As utilizações de associações farmacológicas são muito interessantes para reduzir a 
dose total dos fármacos e desta forma, reduzir a ocorrência dos efeitos indesejados. Na indução 
anestésica, as associações reduzem a dose necessária de propofol. Os benzodiazepínicos não 
são tão eficazes na redução da dose de propofol, mas fornecem um maior relaxamento 
 41 
muscular, importante em algumas cirurgias. Utilização de acepromazina na MPA normalmente 
propricia uma recuperação mais suave. 
 
Sugestões de associações para indução de anestesia geral: 
 
• Propofol 2mg/kg + Cetamina 0,5 a 1mg/kg. 
• Propofol 3mg/kg + BNZD 0.2 mg/kg. 
• Propofol 2mg/kg + Fentanil 2.5 – 5.0ug/kg. 
• Propofol 3mg/kg + Lidocaína 1.5mg/kg. 
• Cetamina 2-5mg/kg + BNZD 0.5mg/kg. 
• Etomidato 0.5-2.0mg/kg + BNZD 0.25mg/kg. 
• Etomidato 0.5-2.0mg/kg + Fentanil 2.5ug/kg + BNZD 0.25mg/kg. 
 
Definições: 
 
 PIVA - Parcial Intravenous Anesthesia ou Anestesia Parcial Intravenosa ou Anestesia 
Balanceada. 
Ou seja, uso da anestesia inalatória e intravenosa. 
 
PIVA associações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 42 
TIVA - Total Intravenous Anesthesia ou Anestesia Total Intravenosa. 
 
Técnicas de anestesia total intravenosa por infusão contínua: 
 
Cão: 
• Propofol - 0,2– 0,4 mg/kg/min com: 
o Remifentanil 0,15 – 0,3 µg/kg/min. 
ou 
o Fentanil 20 - 30 µg/kg/h. 
e/ou 
o Cetamina 10 µg/kg/min. 
e/ou 
o Lidocaína 50 ug/kg/min (desligar 30 minutos antes do término do 
procedimento). 
 
 Ventilação mecânica – ou Suplementação oxigênio. 
 
Exemplos de Protocolos em Cães: 
1) MPA acepram 0,05 mg/kg + morfina 0,5mg/kg (IM). 
 Indução Propofol 4-5 mg/kg. 
 Manutenção PROPOFOL 0,3 mg/kg/min primeiros 20 min 0,2 mg/kg/min mais 15 
minutos 0,1 mg/kg/min até o final da cirurgia. 
 
Analgesia fentanil infusão 20 - 30ug/kg/h bomba ou bolus intermitente 5 ug/kg a cada 
15 min Lembre-se - desligar o fentanil 15 min antes do término da cirurgia em casos de cirurgias 
prolongadas. Ventilação mecânica / suplementação com oxigênio. 
 
 
2) MPA acepram 0,05 mg/kg + morfina 0,5 mg/kg (IM) 
Indução Propofol 2 mg/kg + cetamina 1 mg/kg + fentanil 2.5 – 5.0ug/kg - IV 
Manutenção PROPOFOL 0,2 mg/kg/min primeiros 20 min 0,1 mg/kg/min até o final 
Analgesia fentanil 20-30 µg/kg/h Ventilação mecânica / suplementação de oxigênio. 
 
3) MPA acepram 0,05 mg/kg + morfina 0,5 mg/kg (IM) 
 Indução Propofol 2 mg/kg + cetamina 1 mg/kg. 
 Manutenção PROPOFOL 0,2 mg/kg/min primeiros 20 min 0,1 mg/kg/min até o final 
Analgesia remifentanil 0,2 µg/kg/min até o final da cirurgia Ventilação mecânica. 
 
4) MPA acepram 0,05 mg/kg + metadona 0,5mg/kg (IM) 
Indução Propofol 2 mg/kg + cetamina 1mg/kg. 
Manutenção PROPOFOL 0,3 mg/kg/min primeiros 20 min 0,2 mg/kg/min até o final 
Analgesia cetamina infusão 10 ug/kg/min bomba Suplementação de oxigênio. 
 
 
 43 
Exemplo de Protocolos para Gatos: 
1) Gatos tranquilos/calmos: 
 MPA - metadona 0,3mg/kg + acepram 0,05 mg/kg 
 Indução Propofol 2 mg/kg + cetamina 1mg/kg 
Manutenção PROPOFOL 0,2 mg/kg/min primeiros 15 min 0,1 mg/kg/min por 10 
min 0,05 mg/kg/min até o final. 
 Analgesia cetamina infusão 10 ug/kg/min. 
 Suplementação de oxigênio 
 
 44 
10. ANESTESIA DISSOCIATIVA 
 
Dr. André Escobar 
 
 A anestesia dissociativa é caracterizada por toda anestesia capaz, de maneira seletiva, 
de dissociar o córtex cerebral, causando analgesia e “desligamento”, sem perda dos reflexos 
protetores. 
 
Anestesia dissociativa NÃO é considerada anestesia geral! 
 
Características clínicas: 
- Estado cataléptico. 
- Excitação. 
- Analgesia. 
- Movimentos involuntários não associados a dor. 
- Hipertonicidade. 
- Manutenção dos olhos abertos. 
- Respiração apneustica. 
- Aumento das secreções, FC, PAM, PIO e PIC. 
 
Indicações: 
• Procedimentos cirúrgicos menos complexos associado à anestesia local (ex. castração de 
equinos machos). 
• Contenção química de animais domésticos e selvagens. 
• Parte do protocolo de indução e manutenção anestésica. 
• Analgesia. 
 
Vantagens: 
• Fácil de realizar (aceitável em campanhas de castração de cães e gatos). 
• Custo reduzido: não há necessidade de aparelhos específicos. 
• Pode-se realizar procedimentos a campo, associado à anestesia local (ex: castração equinos). 
• Não deprime tanto o sistema cardiovascular. 
• Alto índice respiratório. 
• Recuperação de melhor qualidade do que anestesia inalatória em equinos (< 1 hora). 
• Não há exposição do anestesista aos anestésicos inalatórios. 
 
Desvantagens: 
• Efeito cumulativo – recuperação com delírio. 
• O controle do plano anestésico é mais difícil. 
• Administração suplementar de O2 é mais difícil a campo. 
• Depende de metabolismo hepático. 
 
Ação no SNC: 
Depressão direta do córtex e tálamo. 
 45 
Incapacidade receber\processar informações sensoriais. 
Estimulação do sistema límbico e hipocampo. 
 
Mecanismo de ação: 
- Antagonismo NMDA . 
- Agonista de receptores opioides. 
- Antagonismo muscarínico. 
- Ação gabaérgica. 
- Bloqueio da recaptação de catecolaminas. 
- Bloqueio de canais de sódio e potássio. 
- Agonista opioide sigma. 
 
1 - Glutamato – neurotransmissor (Sinapse) 
- Potenciação de longa duração. 
- Melhoria duradoura na transmissão do sinal entre dois neurônios. 
- Receptores: AMPA e NMDA no SNC. 
 
AMPA – Despolarização da célula pós-sináptica e transmissão do impulso nervoso. 
A maioria das respostas pós-sinápticas de baixa atividade. 
 
 NMDA– Receptor bloqueado por uma molécula de magnésio. 
◦ Aumento da despolarização intracelular repele o magnésio permitindo a transmissão do 
impulso nervoso. 
- Doses necessárias para bloquear receptores NMDA são baixas. 
 
Características farmacológicas 
- Alta lipossolubilidade. 
- Boa absorção pelas vias IM, SC, IN, VO e retal. 
- Rápida distribuição. 
- Metabolismo hepático. 
- Produz norcetamina – metabólito ativo, com potência semelhante à cetamina e pode provocar 
recuperação prolongada. 
 
Apresentações da cetamina: 
- Cetamina Racêmica: Solução: 50% S(+) + 50% R(-) . 
- Cetamina (S+): menores efeitos colaterais, 2X mais potente. 
Clearence: 35% mais elevado. 
Volume de distribuição semelhante. 
Maior efeito analgésico. 
Maior afinidade receptores NMDA. 
Menos efeitos adversos. 
Metabolismo mais rápido. 
Eliminação e recuperação mais rápidas. 
Recuperação mais tranquila. 
 46 
Latência: 
Depende da via: 0,5 até 5 minutos 
 
 1⁄2 eliminação é curta: 
- Cão: 61 minutos 
- Cavalos: 42 minutos (40% fica no animal após ele ficar em posição quadrupedal) 
- Vacas: 108 minutos 
 
Efeitos Farmacológicos 
SNC: 
- Inconsciência/catalepsia em dose alta. 
- Ativação do sistema límbico (excitação). 
- Analgesia (melhor somática ). 
- Ação anestésica local (potencializa efeito dos anestésicos locais). 
- Provoca vasodilatação cerebral + hipertensão. 
- ↑ fluxo sanguíneo cerebral (FSC). 
- ↑ pressão intracraniana (PIC) (hipercapnia). 
- ↑ Pressão intraocular (PIO). 
- Ação anticonvulsivante em discussão. 
- Delírio pós-anestésico. 
- Ataxia. 
- Aumento de atividade muscular. 
- Sensibilidade ao toque. 
- Possíveis recuperações violentas. 
 
Sistema Cardiovascular: 
- Efeitos dose-dependentes. 
- Efeito estimulante diminuído quando associado com a MPA. 
- Efeito simpaticomimético central (pode induzir arritmias indiretamente). 
- Bloqueia a recaptação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). 
- Efeito inotrópico positivo. 
- ↑ Frequência cardíaca. 
- ↑ Débito cardíaco. 
- ↑ Pressão arterial.

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