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Visão geral
Apresentação da disciplina:
Olá, caro(a) aluno(a)! Tudo bem com você? Pronto(a) para estudar uma disciplina que propõe trazer discussões pertinentes ao ofício de gestor? Espero que esteja mais que animado(a).
Pois bem, daremos início à disciplina de Direito Empresarial e do Trabalho, cujo conteúdo objetiva enriquecer e aprimorar o seu entendimento sobre alguns temas atinentes ao direito empresarial e ao direito do trabalho.
Isso mesmo.  Afinal, um gestor precisa conhecer a legislação atinente à relação de trabalho e ao mundo organizacional, a fim de compreender os dispositivos legais e constitucionais a serem aplicados em uma empresa.
Mas, calma. Não será necessário decorar leis, nem mesmo a Constituição. O que eu proponho é que vocês passem a refletir sobre alguns temas abordados por estes dois campos do direito.
O principal objetivo é que você se conscientize da importância dos temas a serem tratados, pelo fato deles possuírem efeitos econômicos, legais e jurídicos.
Deste modo, a primeira unidade versa sobre lições introdutórias do Direito, ao discorrermos sobre o elemento constitutivo do direito, qual seja, a norma jurídica. Para tanto, vamos conhecer a classificação e a validade da norma. Trata-se de uma reflexão preliminar do direito. No segundo momento, como um dos requisitos da validade da norma, vamos estudar o processo legislativo, a fim de entender como ocorre o processo em que o projeto de uma norma é discutido, aprovado, sancionado e, então, promulgado e publicado.
A segunda unidade destina-se ao estudo introdutório de temas relacionados ao direito do trabalho, voltados à gestão de Recursos Humanos. Vamos nos ater também a questões afetas à medicina do trabalho e sua relação com a seguridade social.
Espero que gostem da discussão proposta, na medida em que possa servir de conhecimento útil para o exercício de sua profissão.
Grande abraço,
Profª. Janaina.
 
Objetivos:
Entender a importância e os mecanismos de classificação e validade da norma jurídica;
Estudar a finalidade e as fases do processo legislativo;
Refletir sobre os institutos da Medicina do Trabalho;
Analisar temas atinentes à segurança social;
Conhecer o conceito e a natureza jurídica do Direito Previdenciário;
Compreender os princípios e os benefícios previdenciários.
Conteúdo Programático:
Unidade 1
Classificação da norma jurídica;
Validade da norma jurídica;
Processo Legislativo.
 
Unidade 2
FGTS;
PIS, PASEP, RAIS;
Medicina do Trabalho: acidente de trabalho, insalubridade, periculosidade;
Direito Previdenciário;
Princípios do Direito Previdenciário;
Benefícios previdenciários.
Metodologia:
Os conteúdos programáticos ofertados nessa disciplina serão desenvolvidos por meio das teleaulas de forma expositiva e interativa (chat - tira dúvidas em tempo real), aula atividade por chat para aprofundamento e reflexão e webaulas que estarão disponíveis no Ambiente Colaborar, compostas de conteúdos de aprofundamento, reflexão e atividades de aplicação dos conteúdos e avaliação. Serão também realizadas atividades de acompanhamento tutorial, participação em Fórum, atividades práticas e estudos independentes (autoestudo), além do material didático da disciplina.
 
Avaliação Prevista:
O sistema de avaliação da disciplina compreende em assistir à teleaula, participação no Fórum, produções textuais interdisciplinares (Portfólio), realização de avaliações virtuais e avaliação presencial embasada no material didático, teleaulas, webaula e material complementar.
 
Critérios para Participação dos Alunos no Fórum:
Quando houver fórum de discussão o aluno será avaliado quanto ao conteúdo de sua postagem, onde deverá comentar o tópico apresentando respostas completas e com nível crítico de avaliação pertinente ao nível de pós-graduação. Textos apenas concordando ou discordando de comentários de outros participantes do fórum sem a devida justificativa ou complementação não acrescentam em nada ao debate da disciplina, sendo assim, devem ser evitados. Os textos devem sempre vir acompanhados das justificativas para a opinião do discente sobre o conteúdo discutido, para que assim, possamos dar continuidade ao debate em nível adequado. Além disso, podem ser utilizados citações de artigos, livros e outros recursos que fundamentem a opinião ou deem sustentação à sua posição crítica sobre o assunto. Deve ser respeitado o tópico principal do fórum, evitando debates que não têm relação com o tema selecionado pelo professor.
Habilidades e competências
Espera-se que o(a) aluno(a), ao final das unidades, seja capaz de conhecer e diferenciar as normas jurídicas; que amplie os seus conhecimentos sobre a validade da norma; que use os conhecimentos acerca do processo legislativo para melhor compreender a vigência e revogação das leis; e que seja capaz de entender e aplicar os estudos sobre medicina do trabalho e sua relação com a previdência.
ADMINISTRAÇÃO
 
Unidade 1 – VALIDADE DA NORMA JURÍDICA E O PROCESSO LEGISLATIVO
WEBAULA 1
 
Olá, tudo bem com você? Eu sou a professora Janaina Vargas Testa, mestranda em Direito Negocial, advogada e professora. Estamos juntos, neste estudo, para iniciar uma reflexão sobre um assunto introdutório do direito: as normas jurídicas. Vamos pensar sobre a classificação e validade das normas.
Mas, o que isso significa? Significa que as normas podem ser classificadas sob diversas formas e com base em diversos critérios. A ideia em classificá-las é permitir uma melhor apreensão do alcance e significado das normas jurídicas.
A discussão a ser promovida por este estudo tem a intenção de apresentá-lo no relevante tema sobre a norma jurídica. Lembrem-se de que ela é o elemento constitutivo do direito, portanto, envolve a formação e a própria manifestação do direito.
Porém, para entender a dimensão deste assunto, além de compreender a classificação da norma jurídica, faz-se necessário refletir sobre a validade da norma jurídica.
Assim, o nosso estudo foi dividido em dois tópicos. O primeiro destina-se a compreender a classificação e a validade da norma jurídica. O segundo promove uma discussão sobre o processo legislativo, que é um dos elementos que traz validade à norma.
Vamos também realizar uma rica discussão sobre o processo de elaboração, aprovação e publicação das normas jurídicas (em geral: leis). Isso não é legal? É importante que você, ao menos, conheça procedimentos gerais do processo legislativo, bem como tenha noções gerais acerca de algumas espécies normativas.
Você sabe como e quando uma lei é publicada? Quando entra em vigor? Quem aprova os projetos? Quem sanciona? Enfim... Essas são algumas perguntas que poderíamos fazer sobre o tema que discutiremos aqui.
Você sabia que a validade da norma jurídica está intimamente relacionada com o processo legislativo? Por isso se faz essencial que você tenha, pelo menos, noções deste processo. Tenho certeza de que gostará da discussão. Vamos lá?
1. Classificação e validade da norma jurídica
 
A norma é um elemento constitutivo do direito, ela dispõe sobre fatos e consagra valores, pode impor sanções, estabelecer condutas, ou organizar o Estado e suas competências etc.
Vamos classificar as normas jurídicas sob os seguintes critérios: quanto à hierarquia; quanto à natureza de suas disposições; quanto ao poder de autonomia legislativa; quanto à sistematização.
Começaremos, então, a conhecer cada um destes critérios. Vamos lá?
a) Quanto à hierarquia, as normas podem se classificar em (DINIZ, 2003, p. 383):
a1) normas constitucionais;
a2) leis complementares;
a3) leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções;
a4) decretos regulamentares;
a5) normas internas (despachos, estatutos, regimentos etc.);
a6) normas individuais (contratos, testamentos, sentenças etc.).
b) Quanto à natureza de suas disposições, as normas podem ser: substantivas e adjetivas:
b1) substantivas: são normas que definem e regulam relações jurídicasou criam direitos e impõem deveres. Exemplo: as disposições do Código Penal, do Código Civil etc.
b2) adjetivas: são normas que regulam o modo ou o processo de efetivar as relações jurídicas, ou de fazer valer os direitos ameaçados ou violados. Exemplo: as normas do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil.
c) Quanto ao poder de autonomia legislativa, as normas podem ser:nacionais ou locais; federais, estaduais e municipais.
c1) nacionais ou locais: se as normas vigorarem por todo o território do país, elas serão nacionais; se vigorarem em parte dele, serão locais.
c2) federais, estaduais e municipais: se as normas se tratarem no âmbito da União, serão normas federais; se as normas forem emitidas pelo Estado, serão normas estaduais; se emanadas pelos municípios, serão normas municipais. Cada uma dessas esferas territoriais tem sua competência normativa estabelecida pela norma constitucional, ou seja, a Constituição Federal estatui todas as competências de todos estes entes da Federação, prescrevendo quais tipos de normas a União Federal, os Estados e os municípios podem criar: “A Constituição Federal reserva não só à União o poder de emanar normas para reger certas situações, mas também dá aos Estados e aos Municípios certo âmbito de ação, uma esfera privativa, vedando a ingerência de qualquer poder” (DINIZ, 2003, p. 385).
São leis federais a norma constitucional e suas leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias e decretos federais, editados pela União ou qualquer de seus órgãos.
São leis estaduais a Constituição dos Estados, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias e decretos estaduais, emitidos pelos entes estaduais.
Por sua vez, as leis municipais abrangem leis, decretos, posturas, emitidos por órgãos municipais.
Importante frisar que não há hierarquia entre leis federais, estaduais e municipais, pois cada um atua em sua competência. A hierarquia existe apenas nos casos em que União (Governo Federal), Estados e Municípios possam atuar conjuntamente disciplinando o assunto, o que ocorre na competência concorrente.
Veja que uma norma municipal, ao disciplinar acerca do transporte coletivo municipal e atender ao interesse local, irá prevalecer sobre uma norma federal que verse sobre o mesmo assunto.
IMPORTANTE: As únicas normas jurídicas que têm prevalência, no Brasil, sobre as demais, são as normas constitucionais federais (DINIZ, 2003).
d) Quanto à sistematização, as normas podem ser: esparsas ou extravagantes; codificadas;consolidadas.
d1) esparsas ou extravagantes: são normas editadas isoladas. Exemplo: Lei do salário-família etc.
d2) codificadas: normas que constituem um corpo orgânico de normas sobre certo ramo do direito. Exemplo: Código Tributário Nacional; Código Civil; Código Penal; Código de Processo Civil.
d3) consolidadas: normas que formam uma reunião de leis esparsas vigentes sobre determinado assunto. Exemplo: A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Ufaaa....Terminamos a classificação das normas jurídicas. O assunto pode parecer, a princípio, sem muita importância, mas saiba que ele é essencial para a assimilação do conhecimento jurídico. Portanto, aproveite o estudo e aprenda! Até mais!
	SAIBA MAIS
Para saber mais e se aprofundar no assunto, além de buscar a bibliografia indicada no final destaweb, você pode acessar o livro “Teoria da Norma Jurídica”, de Norberto Bobbio, por meio do link:. Acesso em: 05 ago. 2014. 
 
	LINK
Aproveite também para fazer a leitura do texto indicado a seguir:
. Acesso em: 05 ago. 2014.
2. Validade da norma jurídica
 Vamos continuar o nosso estudo? Tendo em vista que agora você tem o conhecimento de que a norma jurídica pode se apresentar de diversas formas, por isso ela possui tantas classificações, vamos nos ater em outro assunto muito importante: a validade da norma.
Já conversamos, rapidamente, sobre a questão da validade, ao salientar que a norma jurídica, para ser válida, deve ser resultado de um processo legislativo. Entretanto, a discussão vai além disso. Você perceberá que o tema sobre a validade é essencialmente complexo.
Mas, espera aí? Eu disse complexo, não difícil, rs. Você vai gostar do debate! Vamos lá?
Para a autora Maria Helena Diniz (2003), a validade é um termo complexo, que se relaciona com aspectos de vigência, eficácia e fundamento: “Esses três aspectos essenciais da validade são os requisitos para que a norma jurídica seja legitimamente obrigatória. Há na norma uma relação necessária entre validade formal, fática e ética” (DINIZ, 2003, p. 386).
Se a validade de uma norma diz respeito à sua validade formal, fática e ética, conforme salientado pela autora, é exatamente pela validade formal que iniciaremos o nosso estudo.
A validade formal ou técnico-jurídica é uma qualidade da norma de direito. Esta validade diz respeito à vigência da norma, e para que ocorra essa vigência, faz-se necessária a presença de alguns requisitos (DINIZ, 2003):
1) Elaboração por um órgão competente, que é legítimo por ter sido constituído para tal fim;
2) Competência material do órgão, isto é, a matéria objeto da norma deve estar contida na competência do órgão;
3) Observância dos processos ou procedimentos estabelecidos em lei para sua produção, que nos EUA se denomina due process of law.
Vamos compreender melhor essas ideias? Veja que uma norma está vigente ou é válida sob o ponto de vista formal se for elaborada por órgão competente, ou seja, por quem tem o “poder” de elaborar esta norma; se este órgão for competente para criar uma norma sobre uma matéria determinada; e que todos os procedimentos estabelecidos legalmente para a elaboração desta norma sejam respeitados.
Assim, a validade formal ou vigência é uma relação entre normas, no que diz respeito à competência dos órgãos e ao processo de sua elaboração. Logo, vigente será a norma se emanada do poder competente com obediência aos trâmites legais (DINIZ, 2003).
Importante ressaltar que a vigência das normas jurídicas se relaciona com o espaço/tempo, na medida em que as normas têm por conteúdo processos espaçotemporais. Vamos entender melhor?
Dizer que uma norma está vigente ou que ela vale, significa afirmar que ela vigora para um determinado espaço ou para um certo período de tempo, ou seja, que se refere a um comportamento que apenas pode verificar-se num dado lugar ou num certo tempo. Pode-se afirmar, então, que as normas jurídicas têm vida própria, pois nascem, existem e morrem.
Uma norma, quando aprovada pelo Legislativo e sancionada pelo Presidente da República (ou pelo governador ou pelo prefeito), é promulgada e publicada. As normas nascem com a promulgação e só começam a vigorar com a sua publicação no Diário Oficial. Deste modo, é a promulgação que atesta a sua existência e a publicação atesta a sua obrigatoriedade, visto que ninguém poderá furtar-se à sua observância, alegando que não a conhece, conforme destaca o art. 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (BRASIL, 1942). Sendo assim, é obrigatória para todos, mesmo para os que a ignoraram, porque assim o exige o interesse público.
Veja que, quando formos discutir o tema “processo legislativo”, voltaremos à discussão sobre a promulgação e publicação. Neste momento é importante que você saiba, ao menos, que a norma passa a existir com a promulgação e começa a vigorar com a publicação, dando ciência a todos acerca dela.
Uma norma de direito pode ter vigência para o futuro sem prazo determinado, durante até que seja modificada ou revogada por outra. Não sendo temporária a vigência, a norma não só atua, podendo ser invocada para produzir efeitos, mas também ter força vinculante (vigor) até a sua revogação.
Mas, você sabe o que é revogação? Revogar é tornar sem efeito uma norma, retirando a sua obrigatoriedade. A revogação pode ser expressa, quando o elaborador da norma declarar a lei velha extinta em todos os seus dispositivos ou apontar os artigos que pretendem retirar; ou tácita, se houver incompatibilidade entre a norma novae a antiga, pelo fato de que a nova passa a regular inteiramente a matéria tratada pela anterior, conforme preconiza o art. 2º, §1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (BRASIL, 1942).
Você se recorda que mencionamos, retro, que a validade de uma norma também tem relação com avalidade fática ou eficácia. Pois bem, vamos agora nos ater a este assunto.
A validade fática ou eficácia diz respeito à questão de se saber se os seus destinatários ajustam ou não seu comportamento, em maior ou menor grau, às prescrições normativas, isto é, se cumprem ou não os comandos jurídicos, se os aplicam ou não. Isso quer dizer o quê? Se as pessoas estão seguindo as determinações da norma, ou seja, se cumprem os mandamentos desta norma. Assim, vigência não se confunde com eficácia, logo, nada obsta que uma norma seja vigente sem ser eficaz, ou que seja eficaz sem estar vigorando.
A eficácia, então, é uma qualidade da norma que se refere à sua adequação em vista da produção concreta de efeitos. Consiste a eficácia no fato real, a aplicação da norma. Logo, uma norma que nunca e em parte alguma é aplicada e respeitada, isto é, uma norma que não é eficaz em certa medida, não será considerada como norma válida, no sentido de vigente. E para ser vigente, deve ter um mínimo de eficácia.
Ora, você deve concordar que não há efeito jurídico algum se uma norma não for eficaz, ou seja, ninguém seguí-la, não é mesmo?
O mínimo de eficácia, portanto, é a possibilidade da norma ser obedecida e não aplicada ao tribunal, desobedecida pelos indivíduos a ela subordinados e aplicada pelos órgãos jurídicos, ou melhor, ser desobedecida ou não aplicada (DINIZ, 2003). A autora Maria Helena Diniz ainda afirma que é nítida a relação entre vigência e eficácia, pois a norma deixará de ser vigente se permanecer duradouramente ineficaz: “O mínimo de eficácia é condição de vigência da norma, logo, se ela nunca puder ser aplicada pela autoridade competente nem obedecida pelo seu destinatário, perderá sua vigência” (DINIZ, 2003, p. 396).
Podemos finalizar a nossa conversa sobre a validade fática ou eficácia afirmando que a eficácia seria a relação entre a ocorrência (concreta) dos fatos estabelecidos pela norma que condicionam a produção do efeito e a possibilidade de produzi-lo.
Resta-nos agora refletir sobre a validade ética ou fundamento axiológico da norma.
Você já aprendeu, em discussões feitas anteriormente, que a norma jurídica deve ser sempre uma tentativa de realização de valores, na intenção de buscar os fins necessários ao homem e à sociedade, e que as normas carregam valores. A finalidade principal da norma é implantar uma ordem justa na vida social.
A justiça, sem dúvida, é a condição primeira de todos os valores. Ela vale para que todos os valores valham. Você concorda com isso? Veja o que a autora Maria Helena Diniz nos fala a respeito da justiça:
A justiça, que compreendia todos os valores jurídicos, é a razão de ser ou fundamento da norma, ante a impossibilidade de se conceber uma norma jurídica desvinculada dos fins que legitimam sua vigência e eficácia. [...] A justiça exige que todos os esforços legais se dirijam no sentido de atingir a mais perfeita harmonia na vida social. [...] O justo objetivo, não a vontade individual, que constitui objeto da norma, é o bem devido a outrem segundo certa igualdade, numa equivalência de quantidade (DINIZ, 2003, p. 396-397). 
Deste modo, a norma jurídica não pode estar alheia aos sentimentos sociais ou aos ideais de uma comunidade, ao contrário, a norma deve corresponder aos sentimentos de justiça da sociedade em que rege.
A norma, no sentido de validade ética, deve ser a expressão da justiça e ela o será na medida em que for útil à conservação e ao aperfeiçoamento do convívio humano.
Mas, não podemos esquecer que cada época apresenta uma concepção de justiça que depende das condições sociais de certo momento e lugar, sendo certo que cada época histórica tem a sua ideia de justiça, que depende da escala de valores dominantes na sociedade. Com efeito, uma norma jurídica não pode ser, em si mesma, justa ou injusta, depende do ângulo histórico sob o qual se julga (DINIZ, 2003). Por isso, os valores jurídicos não são conceitos a priori aos quais devam ajustar-se as normas jurídicas para justificar a sua existência, mas sim a posteriori, determináveis, pelo ser humano, progressivamente, na experiência histórica.
É preciso compreender, no entanto, que o fato da ideia de justiça se conceber de forma diferentemente ao longo da história não significa que não haja historicamente valores permanentes, ou seja, constantes axiológicas, nas palavras de Miguel Reale (2006). Isso significa que uma norma pode carregar valores universais, mas também pode se adequar à realidade em que esteja sendo aplicada. Assim, a norma irá se ajustar aos valores no momento de sua aplicação.
Vamos aprofundar um pouquinho a discussão sobre justiça?
Para Maria Helena Diniz (2003, p. 399), o vocábulo justiça é análogo, mas apresenta duas significações fundamentais:
1ª) Objetiva, quando indica uma qualidade da ordem social. Caso em que o jurista vê na justiça uma exigência da vida em sociedade, um princípio superior da ordem social. Pode ainda significar a própria legislação (justiça penal, civil, trabalhista etc.) ou o órgão encarregado de sua aplicação (comparecer perante a justiça).
2ª) Subjetiva, quando designa uma qualidade da pessoa, como virtude ou perfeição subjetiva.
Todavia, em sentido próprio, esclarece a autora, a justiça é a virtude da convivência humana, ou seja, de dar a cada um o que lhe é devido, segundo uma igualdade simples ou proporcional, exigindo, portanto, uma atitude de respeito para com os outros, dando-lhes aquilo a que tenham o direito de ter ou de fazer.
A justiça aplica-se aos princípios superiores da ordem social, visto que esta só será justa na medida em que garantir ao indivíduo o seu direito; à legislação, porque esta deve assegurar a cada um o que lhe é devido no seio da sociedade; e aos órgãos encarregados da sua aplicação. Em regra, o dever de dar a cada um o que é seu vem imposto por nome jurídica, assim o justo é o que exige o direito.
Podemos, ainda, estabelecer duas modalidades de justiça. A primeira é a particular, cujo objeto é o bem do particular, e que pode ser comutativa e distributiva. A comutativa, explica Maria Helena Diniz (2003), se um particular dá a outro particular o bem que lhe é devido, segundo uma igualdade simples ou absoluta, enquanto a distributiva ocorre quando a sociedade dá a cada particular o bem que lhe é devido segundo uma igualdade proporcional ou relativa. Embora a justiça distributiva vise o interesse do particular, corresponde a uma função social, pois a sociedade, ao impor restrições aos seus membros, torna-se depositária de riquezas, de utilidades que deve distribuir, proporcionalmente aos indivíduos que a compõem. Assim, repartem-se os bens de acordo com a necessidade de cada um, e os encargos, proporcionalmente à capacidade de cada um (DINIZ, 2003).
A segunda modalidade de justiça é a social, geral ou legal, quando as partes da sociedade, governantes e governados, indivíduos e grupos sociais, dão à comunidade o bem que lhe é devido, observando uma igualdade proporcional: “Os membros da sociedade dão a esta sua contribuição para o bem comum, que é o fim da sociedade e da lei, proporcionalmente à função e responsabilidade na vida social” (DINIZ, 2003, p. 402).
Essa justiça está presente na elaboração das normas, porque estas têm por escopo promover o bem comum, na prestação de serviço militar ou público, no pagamento de impostos, na obediência às normas, na promoção do bem comum pelos clubes de pais e mestres, pelas sociedades de bairro, pelas categorias profissionais etc. Destarte, “a justiça social é a que tende diretamente ao bem comum da sociedade, subordinando a esse fim os interesses dos seus membros componentes, ordenando sua conduta em relação ao todo” (DINIZ, 2003, p. 402). Cada membro da sociedade, portanto, devea esta o necessário para a sua conservação e prosperidade, por meio da fixação de deveres de cada um com relação à sociedade em que vive ou pertence.
Muito bacana esta discussão acerca da justiça como fundamento da norma jurídica, não é mesmo? Você gostou? Julga ser importante esta reflexão? Quer aprender mais sobre o assunto?
	SAIBA MAIS
Leia os textos indicados pelos links a seguir:
. Acesso em: 05 ago. 2014.
. Acesso em: 05 ago. 2014.
2. Processo Legislativo
 
Finalizaremos a nossa conversa com o seguinte questionamento: o que é processo legislativo? O processo legislativo visa à criação de normas jurídicas. Mas será que esta criação não deve seguir trâmites e procedimentos fixados por lei? O que você acha?  Na verdade, as regras procedimentais estão constitucionalmente previstas, ou seja, previstas na Constituição Federal.
O art. 59 da Constituição Federal estabelece que o processo legislativo envolve a elaboração de (BRASIL, 1988):
I - emendas à Constituição
II - lei complementar
III - lei ordinária
IV - lei delegada
V - medida provisória
VI - decreto legislativo
VII – resoluções
O Poder Legislativo, no Brasil, ao criar um projeto de uma norma jurídica, conhecido por projeto de lei, tem o papel também de realizar um controle sobre esta nova norma, ou seja, realizar um controle preventivo da constitucionalidade. O que isso significa? Significa que se deve verificar se a nova norma a ser criada não viola o contido na Constituição Federal, pois todas as normas devem estar condizentes com o texto constitucional. Assim, os vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores podem fazer um controle prévio desta constitucionalidade por meio de uma Comissão de Constituição e Justiça. O Executivo - formado pelo prefeito, governador e presidente - também exerce um controle, no momento em que irão vetar ou sancionar a norma aprovada pelo Legislativo.
Podemos afirmar que o processo legislativo, para a elaboração e aprovação das leis ordinárias e complementares, que são as mais comuns e as normas que possuem um processo mais complexo, possui três fases: a fase de iniciativa, a fase constitutiva e a fase complementar.
A primeira refere-se à apresentação do projeto de lei; a segunda é constituída pela deliberação parlamentar, por meio da discussão e votação e pela deliberação executiva, por meio da sanção ou veto; e a terceira fase se constitui pela promulgação e publicação.
Vamos conhecer todas estas fases? Pois bem, pare e pense: qual a primeira etapa para se criar uma nova norma/lei? Apresentar um projeto de lei, não é isso? Mas quem pode apresentar este projeto?
1. Fase de Iniciativa
 
O art. 61, caput, da Constituição Federal estabelece que (BRASIL, 1988):
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Por meio da leitura do artigo supratranscrito, podemos afirmar que, regra geral, as pessoas que podem apresentar projeto de lei, ou seja, têm o poder de iniciativa para a criação de uma norma jurídica: qualquer deputado ou senador; Comissão da Câmara dos Deputados, Comissão do Senado, Comissão do Congresso, Presidente da República, STF – Supremo Tribunal Federal; Tribunais Superiores; Procurador Geral da República e o cidadão.
Mas será que todas estas pessoas podem apresentar um projeto sozinho? Em conjunto?
Veja que quando a possibilidade de apresentar o projeto for delegada a duas ou mais pessoas, estaremos diante da iniciativa concorrente. Vamos conhecer um exemplo disso? É o que ocorre na apresentação de projetos de leis ordinárias e complementares, conforme visto acima. Quando estamos diante de um projeto de emenda à Constituição, a iniciativa para apresentar o projeto também é concorrente, pois os membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; o Presidente da República e mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros, poderão apresentar projeto para emendar a Constituição Federal, conforme preconiza o art. 60, I, II, III da Constituição Federal.
Entretanto, há casos em que projetos de lei só podem ser apresentados por uma única pessoa, sendo o caso, por exemplo, da iniciativa privativa. O que isso significa? Significa que algumas leis são de iniciativa privativa de determinadas pessoas, só podendo o processo ser deflagrado por elas, sob pena de vício formal de iniciativa. Quer conhecer um exemplo de iniciativa privativa? Há casos em que a iniciativa é privativa do Presidente da República, conforme descreve o art. 61, §1º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), como, por exemplo, apresentar projetos de lei sobre a criação de cargos, funções ou empregos públicos da administração pública direta e autárquica ou aumento de sua remuneração. Logo, ninguém mais pode apresentar projeto para criar normas sobre isso, apenas o Presidente da República.
Outro exemplo de iniciativa privativa se refere à criação de normas a respeito de organização dos tribunais. Apenas o Poder Judiciário tem a iniciativa para elaborar projeto de lei sobre a organização dos tribunais.
Interessante comentar, ainda, que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, consoante prescrevem o art. 51, IV, e art. 52, XIII, ambos da Constituição Federal, também têm a iniciativa exclusiva para propor projetos de lei para fixar a remuneração dos deputados e dos senadores (BRASIL, 1988):
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
IV – [...] a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
XIII - a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
	QUESTÃO PARA REFLEXÃO
O que você acha dos próprios deputados e senadores terem o poder de iniciar um projeto para elaborar lei que cria e fixa a sua remuneração? Você acha essa previsão constitucional moral? Pense a respeito.
Você percebeu que, no início da nossa conversa, destaquei o cidadão como um dos legitimados a apresentar projetos de lei. Pois bem, trata-se da iniciativa popular. Mas, será que o povo, ou seja, o cidadão tem poder para iniciar qualquer projeto de lei?
Ora, obviamente que não cabe iniciativa popular para apresentar projetos de lei que são de iniciativa privativa do presidente, do Judiciário, da Câmara dos Deputados, dos Senadores. Porém, desde que a matéria, ou seja, o conteúdo da norma, não esteja inserido na iniciativa privativa, caberá iniciativa popular para a apresentação de projetos de leis complementares e ordinárias, nos termos do art. 61, § 2º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988):
A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Será que o cidadão poderia ainda iniciar projeto que visa à criação de norma constitucional, isto é, tem a iniciativa para propor emenda à Constituição Federal? O sistema brasileiro não admitiu expressamente a iniciativa popular para proposta de emenda à Constituição Federal, mas tão somente para elaborar projetos de leis ordinárias e leis complementares. Entretanto, o autor Pedro Lenza (2010) salientou que, por meio de uma interpretação sistemática, ao lembrar-se do art. 1º, parágrafo único e art. 14, inciso III da Constituição Federal, que estabelece o exercício do poder de forma direta pelo próprio povo e que a soberania popular será exercida mediante a iniciativa popular, permite compreender que é possível o povo iniciar projetode emenda à Constituição Federal. Todavia, não há entendimento pacífico a respeito disso. 
Para finalizarmos a discussão da primeira fase do processo legislativo, não podemos deixar de mencionar a iniciativa conjunta. Na hipótese de iniciativa conjunta, existe a presunção de consenso de vontades, estabelecendo a Constituição Federal competência para que diversas pessoas, conjuntamente, deflagrem o processo legislativo. É o exemplo do que acontece com a iniciativa para a fixação do subsídio (remuneração) dos ministros do STF – Supremo Tribunal Federal. Segundo os artigos 48, inciso XV e 96, inciso II, alínea “b”, ambos da Constituição Federal, a iniciativa para fixar o subsídio dos ministros do STF é do Poder Judiciário e do Congresso Nacional.
Resta-nos agora entender a fase constitutiva e a fase complementar.
Vamos começar, obviamente, pela fase constitutiva?
A fase constitutiva, conforme salientado retro, é formada pela deliberação parlamentar, onde haverá a discussão e votação do projeto, e pela deliberação executiva, quando haverá a sanção ou o veto da norma.
 
2. Fase Constitutiva
 
Deliberação parlamentar – discussão e votação:
Em decorrência do bicameralismo federativo (duas câmaras, ou seja, duas casas), em se tratando de projeto legislativo de lei federal, sempre haverá a apreciação do projeto de lei pelas duas Casas do Congresso Nacional: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em que uma será a Casa iniciadora, e a outra, a Casa revisora.
Isso significa que uma Casa iniciará a votação do projeto e a outra fará a revisão dele.Regra geral é na Câmara dos Deputados que se dá início à votação do projeto, e o Senado atua como Casa revisora. Assim, todos os projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do STF, dos Tribunais Superiores, dos Deputados, do Procurador Geral da República e os projetos de iniciativa popular são discutidos e votados primeiramente na Câmara dos Deputados, e encaminhados, após a aprovação, para o Senado, que atuará como Casa revisora. Apenas quando o projeto de lei é de iniciativa dos senadores ou de alguma Comissão do Senado é que o projeto é discutido e votado primeiramente no Senado e, depois, encaminhado à Câmara para a revisão.
A Casa Revisora poderá aprovar o projeto, rejeitá-lo ou emendá-lo:
Aprovado: o projeto será enviado para sanção ou veto;
Rejeitado: será arquivado.
Emendado: somente o que foi alterado deverá ser apreciado pela Casa iniciadora.
	SAIBA MAIS
Leia o artigo indicado a seguir:
. Acesso em: 05 ago. 2014.
Deliberação executiva – sanção e veto
Ao receber o projeto de lei, o Presidente da República o sanciona ou o veta. A sanção é a anuência, aceitação do projeto; enquanto o veto é a discordância, que deverá ser apresentado em 15 dias úteis da data do recebimento do projeto. Importante destacar que o silêncio do Presidente neste prazo, ou seja, em 15 dias do recebimento do projeto, caracterizará a sanção tácita.
O veto pode ser total ou parcial. O veto parcial abrange veto de artigo, parágrafo, inciso, alínea; enquanto o veto total é pela discordância em relação a todo o projeto.
Será que, ao vetar, o presidente deve fundamentar, ou seja, apresentar os motivos de sua discordância? O que você acha?
É obrigatória a exposição dos motivos do veto, eis que o Presidente comunica ao Presidente do Senado, em 48 horas, os seus motivos e fundamentos. O veto deve ser sempre expresso, motivado e por escrito, eis que não existe veto tácito. Este veto pode ser jurídico ou político, isto é, contrário ao interesse público.
Quando o Executivo apresenta o veto, este deverá ser julgado e apreciado em sessão conjunta pelo Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), dentro de 30 dias, a contar de seu recebimento. Pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, em escrutínio secreto, o veto poderá ser rejeitado, produzindo os mesmos efeitos que a sanção. Sendo derrubado o veto, o projeto deverá ser enviado ao Presidente para promulgação.
 
3. Fase Complementar
 
Conforme salientado, a fase complementar compreende a promulgação e a publicação.
 
A promulgação é o atestado da existência válida da lei, pois ela certifica o seu nascimento. Se no prazo de 48 horas da sanção não houver promulgação pelo Presidente da República, a lei será promulgada pelo Presidente do Senado e, se não o fizer em igual prazo, pelo Vice-Presidente do Senado Federal. Promulgada a lei, ela deverá ser publicada, ato em que leva ao público o conhecimento a respeito desta lei. A publicação é feita no Diário Oficial da União e enseja a presunção de conhecimento da lei por todos, nos termos do art. 3º da LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: “Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece” (BRASIL, 1942).
O projeto de lei se torna lei com a sanção presidencial (Executivo) ou com a derrubada do veto pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores.
Mas, será que com a publicação a norma já está vigente, ou seja, já possui todos os efeitos, regendo a vida social?
Veja que existe um período conhecido como vacatio legis que, em regra, é de 45 dias. O que isso significa? Significa que a lei passará a vigorar em 45 dias depois de oficialmente publicada, se não houver disposição expressa em contrário, conforme estabelece o art. 1º da LINDB: “Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada” (BRASIL, 1942).
Assim, se na publicação da lei não dispuser nada sobre a vigência, a lei passará a vigorar 45 dias após a publicação. Mas se houver alguma disposição, tal como “a lei entrará em vigor na data da publicação” ou “a lei entrará em vigor 60 dias após a publicação”, estas disposições deverão ser respeitadas, não se aplicando a regra geral do art. 1º da LINDB. 
Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se três meses depois de oficialmente publicada.
Deste modo, uma vez publicada a lei, deveremos esperar transcorrer todo o prazo de vacatio legispara que a norma efetivamente obrigue os cidadãos a segui-la em todos os seus termos. A partir de então, a lei permanece vigente até que venha a ser revogada por outra norma.
A revogação de uma lei é a perda da vigência de uma norma e se divide em: a) Revogação expressa: a lei indicará o que está sendo revogado; b) Revogação tácita: a revogação é implícita, pois decorre da incompatibilidade da norma revogada com a norma revogadora; como a norma que declara: revogam-se as disposições em contrário; c) Revogação global (ab-rogação): a lei posterior/superior revoga todo o diploma anterior/inferior; d) Revogação parcial (derrogação): norma posterior/superior revoga parcialmente a outra norma.
A importância da iniciativa popular
Antes de conhecermos algumas especificidades do processo legislativo, é muito relevante comentar algo muito importante que envolve a democracia no país.
Pelo estudo aqui realizado, você concluiu que no sistema brasileiro, o cidadão, quando motivado por algum fato ou assunto relevante que requeira regulamentação específica, pode e deve participar da formação de uma norma, pois no Brasil é o povo quem detém, de fato, a soberania.
Em regra, esta soberania é exercida por meio de representantes eleitos, como os vereadores nos Municípios, deputados estaduais nos Estados e deputados federais e senadores nas questões de âmbito federal e nacional. Entretanto, há hipóteses em que o cidadão (todos nós) pode atuar diretamente, e este é o sentido da democracia.
É claro que, mesmo com a apresentação do projeto de lei pelo povo, haverá a participação posterior dos representantes do Legislativo, por meio da leitura e revisão do projeto, apreciação, discussão e votação do projeto de lei, inclusive submetendo-o ao Presidente da República, que poderá aprová-lo ou rejeitá-lo, devolvendo-o ao Congresso Nacional para a apreciação do veto, conforme visto nas fases constitutiva e complementar.
O Judiciário, ainda, pormeio do Supremo Tribunal Federal, poderá verificar posteriormente a constitucionalidade de referida norma, ou seja, se ela atende aos interesses da nossa Lei Maior, a Constituição Federal.
Toda esta interação decorre da tripartição dos poderes e funções do Executivo, Legislativo e Judiciário. O Estado é regido por órgãos que atuam em conjunto, exercendo o poder que o povo lhe outorgou, conforme preconiza o art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (BRASIL, 1988).
Assim, podemos inferir que por nossa escolha, as leis foram elaboradas, e que por força desta democracia, as normas se tornam obrigatórias.
Nós elegemos os nossos representantes porque o sistema político que adotamos atribui ao povo esta escolha, principalmente porque o Brasil adota como forma de governo a República, como sistema de governo o Presidencialismo e como forma de Estado, a Federação.
Algumas especificidades do processo legislativo: as Emendas à Constituição
Vamos finalizar o nosso estudo sobre o processo legislativo estudando uma espécie normativa importante, a qual você precisa saber da existência: a emenda à Constituição.
A emenda à Constituição é a forma de emendar e alterar o texto constitucional, mas esta alteração possui algumas limitações expressas na própria Constituição: limitações procedimentais ou formais; limitações circunstanciais e limitações materiais.
As limitações formais ou procedimentais se referem à iniciativa do projeto de emenda à constituição, que poderá ser apresentado e iniciado apenas pelos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; pelo Presidente da República ou por mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação. Além disso, o quórum de aprovação da emenda é diferenciado, eis que a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros de cada Casa.
A promulgação da Emenda à Constituição é feita pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (número indicativo de quantidade de vezes em que a Constituição foi alterada pelo poder constituinte derivado). Promulgada, o Congresso Nacional publica a Emenda Constitucional, não havendo a sanção ou veto do presidente.
E se o projeto de Emenda à Constituição (PEC) for rejeitado? Se o projeto for rejeitado, este não poderá ser objeto de nova apresentação na mesma sessão legislativa.
Você deve ter notado a diferença das fases do processo legislativo das leis ordinárias e complementares em relação à Emenda à Constituição, não é mesmo? O PEC tem toda uma formalidade diferenciada.
Além das limitações formais e procedimentais, o Projeto de Emenda à Constituição possui também limitações circunstanciais, de tal modo que a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, Estado de defesa e Estado de sítio, quando há certa fragilidade nas instituições democráticas do país diante de um período de calamidade, insegurança, perturbação social, guerra etc.
Talvez o mais importante a saber, neste momento, é que existem matérias que não podem ser objeto de Emenda à Constituição, chamadas de cláusulas pétreas. Você já ouviu falar disso?
O art. 60, §4º, da Constituição Federal, estabelece que nenhuma alteração/emenda à Constituição poderá abolir as cláusulas pétreas.
Isso quer dizer que nenhuma emenda poderá abolir o direito a voto secreto e universal; a separação dos poderes; a forma federativa do Estado; os direitos e garantias individuais, tais como o direito à vida, à liberdade, igualdade, propriedade, nacionalidade etc.
Você pode estar se perguntando por que a Constituição elegeu estes direitos como cláusulas pétreas. Simplesmente porque são direitos que protegem bens jurídicos maiores, carregam valores superiores e expressam o Estado Democrático de Direito que o Brasil se propõe a ser.
	VÍDEO
Como nascem os projetos de lei?
Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=L1XXdmEycZU>.
Acesso em: 05 ago. 2014.
Como são feitas as leis? 
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=BjUEPQrhRHc>. Acesso em: 05 ago. 2014.
 
PARA DISCUTIR
Acesse o fórum da disciplina e comente o que você entendeu por processo legislativo.
Participe!!
 
Até o nosso próximo encontro. Grande abraço, Profª. Janaina.
ADMINISTRAÇÃO
 
Unidade 2 – DIREITO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
WEBAULA 1
 
Neste primeiro momento, vamos nos concentrar em temáticas relativas ao Direito do Trabalho, tais como o FGTS, RAIS, PIS/PASEP e Medicina do Trabalho.
Provavelmente você já ouviu falar destas temáticas e não será difícil para você estudá-las.
Claro que é sempre importante o seu estímulo e entusiasmo pelo assunto. Sendo assim, não se esqueça de estar disposto para o estudo que se segue, ok?
 
1. FGTS – FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO
 
Acredito que você deve saber que o FGTS surgiu em substituição ao regime celetista de indenização por tempo de serviço e da estabilidade decenal. Antes do surgimento do FGTS, as pessoas que laboravam durante dez anos tinham estabilidade no trabalho e recebiam indenização se fossem dispensadas. O FGTS veio substituir esta indenização. De 1966 a 1988, o FGTS era facultativo e, a partir da Constituição Federal de 1988, tornou-se obrigatório para todos os empregados, substituindo definitivamente o regime anterior celetista.
Para você entender melhor, segue a Súmula 98 do Tribunal Superior do Trabalho que melhor traduz esta questão (RESENDE, 2013, p. 788):
TST Súmula nº 98 Equivalência - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - Estabilidade
I - A equivalência entre os regimes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da estabilidade prevista na CLT é meramente jurídica e não econômica, sendo indevidos valores a título de reposição de diferenças.
II - A estabilidade contratual ou a derivada de regulamento de empresa são compatíveis com o regime do FGTS. Diversamente ocorre com a estabilidade legal (decenal, art. 492 da CLT), que é renunciada com a opção pelo FGTS.
Vamos facilitar o entendimento dos incisos da Súmula: o item I quer dizer que, embora o FGTS apresente, na prática, certa equivalência com o antigo sistema de indenização, o empregado não poderá reclamar eventuais diferenças, pois a equivalência é jurídica, levada a efeito através da revogação de um sistema (da indenização) por outro (do FGTS).
O item II da citada Súmula esclarece que o regime do FGTS passou a ser obrigatório, pelo que substituiu o regime da estabilidade decenal.
Atualmente, a lei do FGTS é a Lei n. 8.036/1990, regulamentada pelo Decreto nº. 99.684/1990.
É importante discutir alguns termos da legislação, mas antes disso vamos nos encontrar acerca do conceito de FGTS. Para Ricardo Resende (2013, p. 788):
O FGTS é um fundo formado por recolhimentos mensais incidentes sobre a remuneração do empregado, efetuados em conta vinculada aberta à subsistência do trabalhador durante o período de desemprego, em substituição à antiga indenização celetista prevista no art. 478 da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho].
Vamos a mais uma definição?
Para Zainaghi (2012), o FGTS é um conjunto de contas e valores destinados à realização da política nacional de desenvolvimento urbano e das políticas setoriais de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana. Tem, portanto, a função de garantir o tempo de serviço de trabalhadores.
Perceba, então, que as definições acima se complementam, eis que o FGTS, além de ser um respaldo ao trabalhador desempregado, serve, também, subsidiariamente, para ser usado como investimento em programas sociais de habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana.
Sobre a natureza jurídica do FGTS, isto é, qual a natureza que o direito lhe atribui, há muita discordância entre os doutrinadores. Os estudiosos se dividem quanto a esta questão e apontam que o FGTSpode ser/é:
Contribuição parafiscal;
Indenização do tempo de serviço;
Salário diferido;
Entre outros...
Você deve estar se perguntando: mas, e agora, qual a importância disso? Como poderei classificar o FGTS?
Veja que o STF (Supremo Tribunal Federal), por diversas vezes, afastou a possível natureza tributária do FGTS. Logo, o nosso maior tribunal afirma que o FGTS não é tributo. Em que pese tal fato, não há pacificação acerca de sua natureza jurídica. Sendo assim, o importante é que você saiba que se trata de direito trabalhista, com inquestionável repercussão neste campo do direito.
Para finalizarmos este assunto, vamos nos concentrar em responder quatro perguntas a respeito do FGTS:
Quem administra o FGTS?
Quem deve recolher?
Qual o valor a ser recolhido?
Qual o prazo para o recolhimento?
Em relação ao primeiro questionamento, informo a você que o FGTS é administrado por um Conselho Curador, presidido pelo Ministro do Trabalho, e composto por membros do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento e Ministério da Ação Social (por seus ministros), pelo presidente da Caixa Econômica Federal e três representantes de empregados, estes indicados pelas Centrais Sindicais e Confederações e nomeados pelo Ministério do Trabalho.
Em relação ao segundo questionamento, vamos recorrer aos ensinamentos de Ricardo Resende (2013). O autor informa que, como regra geral, o recolhimento do FGTS é obrigatório a todo empregador. A Constituição Federal tornou obrigatório o FGTS em relação a todo empregado, urbano e rural. Antes da aprovação da PEC (Projeto de Emenda à Constituição) das domésticas, ocorrida no ano de 2013, ao empregado doméstico era facultativo o recolhimento do FGTS. A partir de abril de 2013 passou também a ser obrigatório.
	
	Se quer saber mais sobre os direitos das domésticas, não deixe de ler a notícia do link a seguir:
. Acesso em: 05 ago. 2014.
Você deve saber que os servidores públicos não fazem jus ao recebimento do FGTS. Os servidores, conhecidos como estatutários, não têm direito ao fundo de garantia, simplesmente porque tais trabalhadores são protegidos pela estabilidade, não se sujeitando à despedida imotivada. Não obstante, é preciso esclarecer que o servidor público celetista (que trabalha em empresa pública, como a Caixa Econômica Federal; em sociedade de economia mista, como o Banco do Brasil) faz jus ao FGTS, embora só possam ser dispensados mediante procedimento administrativo.
Em relação ao valor a ser recolhido, o FGTS é mensal e devido, em regra, à razão de 8% da remuneração mensal do empregado, nos termos do art. 15 da Lei 8.036/1990 (BRASIL, 1990):
Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.
§ 1º Entende-se por empregador a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito privado ou de direito público, da administração pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que admitir trabalhadores a seu serviço, bem assim aquele que, regido por legislação especial, encontrar-se nessa condição ou figurar como fornecedor ou tomador de mão de obra, independente da responsabilidade solidária e/ou subsidiária a que eventualmente venha obrigar-se.
§ 2º Considera-se trabalhador toda pessoa física que prestar serviços a empregador, a locador ou tomador de mão de obra, excluídos os eventuais, os autônomos e os servidores públicos civis e militares sujeitos a regime jurídico próprio.
§ 3º Os trabalhadores domésticos poderão ter acesso ao regime do FGTS, na forma que vier a ser prevista em lei.
§ 4º Considera-se remuneração as retiradas de diretores não empregados, quando haja deliberação da empresa, garantindo-lhes os direitos decorrentes do contrato de trabalho de que trata o art. 16.
§ 5º O depósito de que trata o caput deste artigo é obrigatório nos casos de afastamento para prestação do serviço militar obrigatório e licença por acidente do trabalho.
§ 6º Não se incluem na remuneração, para os fins desta Lei, as parcelas elencadas no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
§ 7o Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se refere o caput deste artigo reduzida para dois por cento.
Ao ler o artigo transcrito acima, você deve ter percebido que para os aprendizes a alíquota é de 2% da remuneração mensal, salvo previsão mais benéfica em cláusula contratual, regulamentar ou norma coletiva.
Não se pode esquecer que, no momento da dispensa sem justa causa, o empregador deve recolher a multa compensatória cuja alíquota aplicável é de 40% sobre o montante dos depósitos mensais devidos. Entretanto, se a rescisão ocorrer por culpa recíproca ou força maior, a alíquota da multa compensatória é de apenas 20%, conforme prevê o art. 18, §2º da Lei de FGTS (BRASIL, 1990).
O último questionamento se refere ao prazo para o recolhimento. O dispositivo supracitado literalmente nos informa que o FGTS deve ser recolhido até o dia sete de cada mês, referente à remuneração do mês anterior. Importante observar que até o dia sete quer dizer que, se o dia sete não for dia útil, o pagamento deve ser antecipado para o dia útil anterior.
A título de curiosidade, irei transcrever, parcialmente, o art. 20 da Lei 8.036/1990 (Lei do FGTS), para que você conheça os casos em que é possível sacar os depósitos de FGTS (BRASIL, 1990):
Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes situações:
I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior;
II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de seus estabelecimentos, filiais ou agências, supressão de parte de suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho nas condições do art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador individual sempre que qualquer dessas ocorrências implique rescisão de contrato de trabalho, comprovada por declaração escrita da empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial transitada em julgado;
III - aposentadoria concedida pela Previdência Social;
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou arrolamento;
V - pagamento de parte das prestações decorrentes de financiamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que [...]
VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de financiamento imobiliário, observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o financiamento seja concedido no âmbito do SFH e haja interstício mínimo de 2 (dois) anos para cada movimentação;
VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote urbanizado de interesse social não construído, observadas as seguintes condições:
[...]
VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos, a partir de 1º de junho de 1990, fora do regime do FGTS, podendo o saque, neste caso, ser efetuado a partir do mês de aniversário do titular da conta.
IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores temporários regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974;
X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato representativoda categoria profissional.
XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna.
XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, regidos pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, permitida a utilização máxima de 50 % (cinquenta por cento) do saldo existente e disponível em sua conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na data em que exercer a opção.
XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for portador do vírus HIV;
XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes estiver em estágio terminal, em razão de doença grave, nos termos do regulamento;
XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a setenta anos.
XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural, conforme disposto em regulamento, observadas as seguintes condições:
[...]
XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o disposto na alínea i do inciso XIII do art. 5odesta Lei, permitida a utilização máxima de 30% (trinta por cento) do saldo existente e disponível na data em que exercer a opção.
Mais uma curiosidade que gostaria de compartilhar com vocês: há em trâmite na Câmara dos Deputados um projeto de lei que visa a aumentar as possibilidades de saque do FGTS. O Projeto de Lei n. 3334/2012 (BRASIL, 2012) propõe alterar a Lei nº 8.036/1990 com o fim de permitir o saque dos valores de FGTS após 01 (um) ano da data de rescisão do contrato de trabalho, ocorrida por qualquer motivo, mesmo que o trabalhador venha a firmar um novo contrato de trabalho. Se esse projeto for aprovado, será muito legal, não é mesmo?
	
	Quer acompanhar o andamento da aprovação ou rejeição deste projeto de lei? Acesse o site:
. Acesso em: 05 ago. 2014.
 
	Além da obrigação do FGTS, há uma contribuição social sobre o faturamento a ser recolhida pelo empregador que gostaria de comentar com você. Se trata do PIS/Pasep. Vamos lá?
2. PIS, PASEP, RAIS
 
Com certeza você já deve ter ouvido falar ou até mesmo teve direito ao recebimento de PIS ou do PASEP.
O PIS (Programa de Integração Social) foi criado pela Lei Complementar nº 7, de 07/09/1970, o PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) foi instituído pela Lei Complementar nº 8, de 03/12/1970.
E qual seria o objetivo da criação destes dois institutos?
O objetivo da criação do PIS-PASEP era promover a integração do trabalhador na vida e no desenvolvimento da empresa, na tentativa de materializar a participação do trabalhador nos lucros das empresas.
A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, o PIS e o Pasep passariam a custear o programa de seguro-desemprego e o abono do PIS. Esse último passou a ser devido apenas aos empregados que percebessem até dois salários-mínimos de remuneração mensal, sendo assegurado o pagamento de um salário mínimo, conforme propôs o art. 239, § 3º da Constituição (BRASIL, 1988).
Você deve ter compreendido, então, que o PIS e o Pasep, atualmente, estão previstos apenas para o custeio do seguro-desemprego e do abono anual e possuem natureza de contribuição social destinada ao custeio da seguridade social.
Tomando por base estas premissas, agora é o momento de saber:
o fato gerador do PIS/Pasep, ou seja, sobre o que ele incide;
a base de cálculo e a alíquota;
quem deve contribuir.
O PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. A partir disso se conclui que a base de cálculo do PIS é o valor do faturamento, e a alíquota é de 0,75%. No entanto, as entidades sem fins lucrativos, fundações e condomínios pagam o percentual de 1% sobre a folha de salários; e as pessoas jurídicas de direito público interno (administração pública) recolhem 1% sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas.
O contribuinte do PIS/Pasep é a pessoa jurídica que auferir as receitas. Logo, a pessoa física não é contribuinte do tributo, tal como o profissional liberal.
	VÍDEO
É importante que você aprenda mais sobre o assunto, assista a palestra sobre o PIS/Pasep pelo vídeo:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gmgXg-ioSY8>. Acesso em: 05 ago. 2014.
 
Antes de finalizar este tópico, queria apenas falar de mais um assunto com você: a RAIS. Já ouviu esta palavrinha?
A RAIS – Relação Anual de Informações Sociais é um instrumento de coleta de dados instituída pelo Decreto nº 76.900, de 23/12/75, cujo objetivo é:
[...] o suprimento às necessidades de controle da atividade trabalhista no país; o provimento de dados para a elaboração de estatísticas do trabalho; a disponibilização de informações do mercado de trabalho às entidades governamentais (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2014).
A RAIS nada mais é que um relatório de informações socioeconômicas exigidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Todo empregador deve entregá-lo anualmente.
Os dados coletados pela RAIS constituem expressivos insumos para atender às necessidades da legislação da nacionalização do trabalho; de controle dos registros do FGTS; dos Sistemas de Arrecadação e de Concessão e Benefícios Previdenciários; de estudos técnicos de natureza estatística e atuarial; de identificação do trabalhador com direito ao abono salarial PIS/Pasep (EMPRESAS..., 2014).
	
	Quer saber mais, acesse o site: . Acesso em: 05 ago. 2014
3. MEDICINA DO TRABALHO
 
O tema “medicina do trabalho” nos induz a pensar sobre diversas questões, tais como doença do trabalho, acidente de trabalho, agentes insalubres, agentes perigosos, saúde e higiene do empregado.
Em que pese tal fato, deixaremos para o próximo tópico a discussão acerca de doença e acidente de trabalho, quando formos estudar a questão previdenciária, já que estes temas envolvem questões atinentes ao trabalho e à previdência.
A CLT, em seus artigos 154 a 201 (BRASIL, 1943), cuida do tema “Segurança e Medicina do Trabalho”, ao informar sobre a incumbência dos órgãos fiscalizadores, sobre as atribuições das Delegacias Regionais do Trabalho e as obrigações do empregador e do empregado no que tange à matéria. Por isso, é imprescindível que você faça a leitura destes artigos.
	LINK
Para tanto, você pode consultar diretamente um código em que consta a CLT ou acessar o site do planalto: . Acesso em: 05 ago. 2014.
 
Um dos deveres do empregador é realizar, continuamente, exames médicos no empregado (na admissão, demissão e periodicamente), a fim de atender ao programa conhecido como PCMSO(Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). Outro dever é mapear os riscos de acidente no local de trabalho por meio do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais).
	
	. Acesso em: 05 ago. 2014.
 
Sem dúvida que o assunto medicina do trabalho nos remete à discussão acerca da saúde do trabalhador. E não há como falar de “saúde do trabalhador” sem discutir as atividades insalubres e perigosas.
Você sabe o que são atividades insalubres? Segundo o art. 189 da CLT (BRASIL, 1943), as atividades insalubres são aquelas atividades que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Trabalha em exposição a agente insalubre aquele que fica exposto à umidade, luz excessiva, calor, fungos, bactérias, poeira, barulho, ruídos etc. O contato com qualquer agente deve ultrapassar os limites de tolerância.
O trabalhador que labore em condições insalubres terá direito à percepção de um adicional de insalubridade, conforme prevê o art. 192 da CLT (BRASIL, 1943). O adicional é proporcional ao nível de contato com o agente:
	Grau mínimo
	Adicional de 10%
	Grau médio
	Adicional de 20%
	Grau máximo
	Adicional de 40%
 
Este percentual será calculado, em regra, sobre o salário mínimo, se não houver acordoou convenção que prevê base de cálculo mais benéfica.
Agora, você precisa imaginar a seguinte situação: se o empregado usar um equipamento de segurança que neutralize ou que elimine a insalubridade, mesmo assim o empregado fará jus ao adicional? Claro que não. Imagine que ele trabalhe em local com ruído excessivo, acima do limite de tolerância, mas com o uso de protetor auricular, o ruído diminua em um nível suportável. Neste caso, não faria jus ao recebimento de adicional.
A periculosidade é outro importante instituto que se relaciona com a saúde e integridade física do trabalhador. Ela está prevista no art. 193 da CLT (BRASIL, 1943). Labora em atividade perigosa ou periculosa aquele que tem contato com substâncias inflamáveis, explosivos, energia elétrica, e aquele que está exposto a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.  O trabalhador que labora em atividade perigosa tem direito a receber o adicional de periculosidade, no percentual de 30% sobre o seu salário básico.
Você precisa saber que se, porventura, algum empregado trabalhar, ao mesmo tempo, exposto a agente insalubre e a agente perigoso, terá de optar por receber apenas um adicional.
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Não deixe de ler as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho que dispõem sobre as atividades insalubres e atividades perigosas, disponíveis em: . Acesso em: 05 ago. 2014.
 
Para finalizarmos a nossa discussão sobre a medicina do trabalho, vamos nos concentrar, ainda que brevemente, na CIPA – Comissão de Prevenção de Acidentes. Você já participou de alguma CIPA?
A CIPA, em regra, é obrigatória em todas as empresas que possuam mais de 20 empregados e será composta por representantes do empregador e dos empregados. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá duração de 01 (um) ano.  A presidência dessa Comissão caberá a um empregado designado pelo empregador, ficando a vice-presidência aos empregados.
Será que todos os membros da CIPA têm estabilidade no trabalho, não podendo sofrer despedida arbitrária? Veja que apenas os titulares darepresentação dos empregados nas CIPAs não poderão sofrer despedida arbitrária, salvo se o motivo do despedimento for disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.
Não se esqueça, então, de que apenas os representantes dos empregados e seus suplentes, escolhidos/eleitos pelos empregados, é que farão jus à estabilidade no emprego desde a candidatura até um ano após o final de seu mandato.
A CIPA, como o próprio nome diz, tem o objetivo de prevenir acidentes e doenças no trabalho, criando programas/normas/procedimentos na empresa com o fim de evitá-los.
4. DIREITO PREVIDENCIÁRIO – DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL
 
Agora o nosso assunto é o Direito Previdenciário. E, para iniciá-lo, vamos entender o conceito e a natureza jurídica deste campo do Direito. Anime-se!
O Direito Previdenciário pode ser conhecido também como Direito da Seguridade Social. Este último termo, na verdade, é mais usado atualmente. Segundo o autor Sérgio Pinto Martins (2012, p. 21), o Direito da Seguridade Social:
É o conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
E qual a finalidade da Seguridade Social? Amparar os segurados nas hipóteses em que não possam prover suas necessidades e as de seus familiares, por seus próprios meios. Isso mesmo. A seguridade social entra em cena quando o indivíduo não tem condições de prover seu sustento ou de sua família, em razão de desemprego, doença, invalidez, morte, aposentadoria, proteção à maternidade ou outra causa.
 
Assim, a Seguridade Social engloba um conceito amplo, abrangente, universal, destinado a todos que dela necessitem, desde que haja previsão na lei sobre determinada contingência a ser coberta. É, na verdade, o gênero do qual são espécies a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde.
Seguridade Social         {Previdência Social
                                   {Assistência Social
                                   {Saúde
Em que pese a Seguridade Social abranger todos os itens relacionados acima, o nosso estudo se concentrará no campo da Previdência Social, com ênfase em alguns benefícios previdenciários que se relacionam diretamente com o direito do trabalho, tais como o auxílio-acidente; auxílio-doença. Vamos conhecer também o conceito de doença e acidente do trabalho.
A respeito da natureza jurídica do Direito da Seguridade Social, o entendimento é o de que não seja de natureza contratual, pois as obrigações pertencentes a este campo do direito decorrem de lei. Deste modo, a natureza jurídica da Seguridade Social é publicista, decorrente de lei e não da vontade das partes, e abrange o contribuinte, o beneficiário e o Estado, que arrecada as contribuições, paga os benefícios e presta os serviços, administrando o sistema. Martins (2012) explica que a Seguridade Social compreende um sistema de direito social.
É um direito fundamental da pessoa humana e tem característica de distribuição de renda.
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Para aprofundar o seu conhecimento acerca do direito previdenciário/direito da seguridade social leia o artigo disponível em: . Acesso em: 05 ago. 2014.
 
Princípios do Direito Previdenciário
Antes de iniciarmos qualquer discussão sobre os princípios do Direito Previdenciário ou da Seguridade Social, faz-se necessário relembrarmos o conceito de princípio.
Nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2012), os princípios são proposições básicas que fundamentam, inspiram e orientam as ciências. Para o direito, o princípio seria o fundamento, a base que irá informar e inspirar as normas jurídicas.
Logo, você pode concluir que o princípio servirá de motivação no momento de elaborar e de aplicar o direito.
Há alguns princípios que são específicos da Seguridade Social, e outros que são aplicados em todos os ramos de direito (princípios gerais), tais como o princípio da igualdade, da legalidade e do direito adquirido.
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Leia os artigos indicados a seguir para entender sobre estes princípios:
 
Princípio da isonomia
. Acesso em: 05 ago. 2014.
 
Princípio da legalidade
. Acesso em: 05 ago. 2014.
 
Princípio do direito adquirido
. Acesso em: 05 ago. 2014.
Agora, vamos discutir os princípios específicos do Direito Previdenciário:
Começaremos com o princípio do solidarismo ou da solidariedade. A solidariedade pode ser considerada um postulado fundamental do Direito de Seguridade Social, previsto inclusive na Constituição Federal. Ocorre a solidariedade na Seguridade Social quando várias pessoas economizam em conjunto para assegurar benefícios quando as pessoas do grupo necessitarem. As contingências são distribuídas igualmente a todas as pessoas do grupo. Quando uma pessoa é atingida pela contingência, todas as outras continuam contribuindo para a cobertura do benefício do necessitado (MARTINS, 2012).
A Seguridade Social no país tem também como postulado básico a universalidade. Este princípio pressupõe a ideia de que todos os residentes no país farão jus a seus benefícios, não devendo existir distinções, principalmente entre segurados urbanos e rurais. Os segurados facultativos (aqueles que não são obrigados por lei a contribuir), se recolherem a contribuição, também terão direito aos benefícios da Previdência Social.
Deve haver universalidade de cobertura e universalidade do atendimento.
A Constituição Federal disciplina sobre a uniformidade e equivalência de benefícios e serviços às populações urbanas e rurais. Isso significa que não pode haver distinção. Logo, a uniformidade é um princípio da Seguridade. Pela uniformidade, trabalhadores urbanos e rurais têm direito ao mesmo plano de proteção social. A equivalência determina que o valordas prestações deve ser proporcionalmente igual, isto é, os benefícios devem ser os mesmos, porém o valor da renda mensal é equivalente, mas não é igual, já que urbanos e rurais têm formas diferenciadas de contribuição para o custeio da seguridade.
A seletividade é princípio voltado para o legislador, que deverá selecionar as contingências geradoras das necessidades que a seguridade deve cobrir. Trata-se de opção política que deve levar em conta a prestação que propicie maior proteção social e maior bem-estar. A seletividade, enquanto princípio da Seguridade Social, está relacionada com a distributividade. A distributividade impõe que a escolha recaia sobre as prestações que tenham maior potencial distributivo. A distribuição nada mais é do que uma justiça social, redutora das desigualdades. Deve-se distribuir para os que mais necessitam de proteção, com a finalidade de reduzir desigualdades (MARTINS, 2012).
Seletividade e distributividade possibilitam que a lei seja interpretada de modo a conceder ou estender prestações de forma diversa da prevista expressamente pela legislação, buscando sempre reduzir as desigualdades.
Outro princípio importante da Seguridade Social é a irredutibilidade do valor dos benefícios. A prestação do benefício deve suprir com dignidade o segurado (cidadão) e não poderá ser reduzida. Trata-se de uma segurança jurídica em benefício do segurado e busca evitar que a inflação acabe por aviltar salários e benefícios previdenciários.
A equidade na forma de participação do custeio é importante fator na Seguridade Social, pois aqueles que estiverem em iguais condições contributivas é que terão de contribuir da mesma forma. O autor Sérgio Pinto Martins (2012) esclarece que se trata de justiça fiscal, pois o trabalhador, por exemplo, não pode contribuir da mesma forma que a empresa, já que não tem as mesmas condições financeiras. Esta equidade deve ser respeitada pelo legislador ordinário que, ao elaborar a lei, deve observar o tratamento de custeio.
O art. 195 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) também prevê que a seguridade seja financiada por toda a sociedade, por meio da empresa, dos trabalhadores, dos entes públicos etc. Este é o princípio da diversidade da base de financiamento ou formas de custeio da seguridade.
Toda a sociedade deve financiar a seguridade social.
A gestão, ou seja, a administração da Seguridade Social deve ser democrática, por meio da formulação de políticas públicas de seguridade e no controle das ações de execução. Por isso, a gestão é quadripartite e conta com a participação de representantes dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do poder público. Assim, apresenta-se como princípio o caráter democrático e descentralizado na administração da seguridade social. É descentralizado porque quem se encarrega da execução da legislação previdenciária é o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, que é uma autarquia federal.
O último princípio a ser destacado da Seguridade Social é conhecido por alguns doutrinadores comoprincípio da preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço e, para outros, comoprincípio da contrapartida. Leia abaixo o artigo da Constituição Federal que expressa este princípio (BRASIL, 1988):
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
Isso significa que não é possível criar, instituir, majorar ou estender benefícios se não houver, primeiramente, uma fonte para custear o aumento deste benefício ou para custear um novo benefício criado.
	Não poderá ser criado ou majorado um benefício sem lei que estabeleça a fonte para custear esta nova despesa.
Benefícios Previdenciários
 
Agora vamos nos ater a um assunto muito importante: os benefícios devidos aos segurados e aos seus dependentes pela Previdência Social. A minha pretensão é apresentar a você os principais benefícios e suas respectivas contingências (requisito/situação/condição que permitirá o gozo do benefício). Após esta etapa inicial, faça a leitura dos textos indicados e assista aos vídeos sugeridos para aprofundar o seu conhecimento, ok?!
Benefícios concedidos aos segurados (segurado não é apenas quem recebe benefício, mas quem também paga a contribuição):
Aposentadoria por invalidez – art. 42 a 47 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – incapacidade total e permanente, isto é, que impossibilite o segurado de exercer a mesma ou qualquer outra atividade que lhe garanta a subsistência, devidamente comprovada mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência;
Aposentadoria por idade – arts. 48 a 51 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – trabalhador urbano: 65 anos homem/ 60 anos mulher; trabalhador rural: 60 anos homem/ 55 anos mulher;
Aposentadoria por tempo de contribuição – arts. 52 a 56 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – é garantido, regra geral, àqueles que completarem 35 anos de contribuição, se homem, e 30, se mulher;
Aposentadoria especial – arts. 57 e 58 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – exercer atividade sujeita a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, de forma permanente, e não ocasional nem intermitente, com a efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos;
Auxílio-doença – arts. 59 e 63 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – estar incapacitado para a atividade habitual por mais de 15 dias. Trata-se de incapacidade temporária;
Salário-família – arts. 65 a 70 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – ser segurado empregado ou avulso com renda bruta não superior a R$ 1.025,81, para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos ou inválidos de qualquer idade;
Salário-maternidade – arts. 71 a 73 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – ser mãe, adotar ou obter guarda judicial para fins de adoção de criança de até 08 anos de idade;
Auxílio-acidente – art. 86 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido, resultante da consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, inclusive acidente de trabalho;
O auxílio-acidente, comentado acima, tem o objetivo de indenizar o segurado prejudicado em razão da redução de sua capacidade laborativa. O valor do auxílio corresponde a 50% do salário do benefício.
E já que estamos falando em auxílio-acidente, é o momento de discorrermos sobre o acidente de trabalho. Você já sofreu algum acidente de trabalho? Espero que não!
Mas, afinal, o que é acidente de trabalho? Para se caracterizar um acidente de trabalho, devem estar presentes três requisitos: 01) o evento danoso (acidente/infortúnio); 02) as sequelas incapacitantes ou a morte (consequencial) e 03) o evento lesivo tenha sido ocasionado durante a prestação do labor (nexo causal).
Nos termos do art. 19 da Lei 8.213/91 (BRASIL, 1991), acidente do trabalho é o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade de trabalho.
Também é considerado acidente de trabalho a doença profissional, ou seja, aquela doença produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade (art. 20 da Lei 8.213/91) (BRASIL, 1991).
Também é considerado acidente de trabalho a doença do trabalho, ou seja, aquela doença adquirida ou desencadeada em função das condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente (art. 20 da Lei 8.213/91) (BRASIL, 1991).
	doença profissional
	~
=
	doença do trabalho
Iremos voltar agora à nossa discussão sobre os benefícios. Estudamos os benefícios concedidos aos segurados.

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