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Universidade Eduardo Mondlane Departamento de Geologia Análise de Bacias Sedimentares Bacias Foreland Discentes: Langa, Isarena Alberto; Lourenço, Ester De Sousa Alves; Maungue, Cremilda Jéssica Ferrão; Nhacale, Carcénia Carlos; Parruque, Olga Sérgio; Pedro, Pérola Diamantino. Docente: Lic. Guidian Mavundla. Maputo, Abril de 2022 Análise de Bacias Sedimentares 2 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 Índice 1. Introdução .................................................................................................................... 3 2. Foreland Basin - definição ........................................................................................... 4 2.1. Anatomia da bacia ................................................................................................ 4 3. Mecanismo de formação da Bacia e isostasia .............................................................. 5 4. História termal da Bacia ou maturação dos sedimentos............................................. 5 5. Sedimentação e proveniência dos sedimentos ............................................................. 6 5.1. Sedimentação......................................................................................................... 6 5.2. Proveniência dos sedimentos ................................................................................ 7 6. Exemplos de bacias em Moçambique ou no mundo ................................................... 7 7. Prospectividade da Bacia ............................................................................................. 8 8. Conclusão ..................................................................................................................... 9 9. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 10 Análise de Bacias Sedimentares 3 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 1. Introdução A litosfera é considerada uma placa elástica flutuante sobre o fluido que é o manto, e é nesta que ocorrem todos processos envolvidos na formação de bacias. Aspectos como termomecânica, eustasia, clima e até erosão e suprimento de sedimentos são a chave para a compreensão dos diferentes tipos de bacia. O trabalho ira centrar-se nas bacias do tipo foreland que se enquadram no estágio final do ciclo de Wilson onde verifica-se o fechamento total do oceano e colisão das placas continentais correspondentes havendo então a sutura do cratão. Nestas bacias o espaço de acomodação é gerado por flexão para baixo em resposta a far field stress diferentemente das outras bacias como é o exemplo das bacias de rift que se formam por distensão litosférica pela aproximação de hotspots. Objectivo geral Estudo geral das bacias de foreland. Objectivos especificos Apresentar a configuração e terminologia das bacias foreland; Apresentar a história geotérmica da bacia; Fazer a análise tectono-estrutural e composicional da bacia; Apresentar exemplos de bacias foreland. Análise de Bacias Sedimentares 4 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 2. Foreland Basin - definição É uma bacia que se desenvolve adjacente e paralela a um cinturão de montanhas formando-se por imersão de massa criada pelo espessamento da crusta associada a evolução de um cinturão de montanhas que faz com que a litosfera se curve por um processo conhecido como flexura litosférica onde a largura e a profundidade da bacia do foreland são determinadas pela rigidez flexural da litosfera subjacente e pelas características do cinturão de montanhas. (Beaumont, 1980) Bacias de antepaís ou mais conhecidas por foreland, são fortemente assimétricas, com fundo inclinado em direção ao orógeno e tem subsidência diferencial onde as maiores taxas verificam-se nas proximidades da sobrecarga. O fundo da bacia é a zona sedimentar mais espessa e esse espessamento aumenta em direção ao orógeno. (Decelles, 1996) 2.1.Anatomia da bacia São parte de uma bacia foreland os seguintes elementos (Decelles, 1996 & Almeida, 2011): o Wedge-top: compreeende a zona de colisão e elevação topográfica que apresenta granulação mais grossa, deformação progressiva, abundantes discordâncias e preservação como bacias isoladas sobre blocos cavalgantes; o Antefossa (foredeep): constitui a principal área de subsidência, com maior potencial de preservação; o Forebulge: área de soerguimento com erosão de depósitos anteriores e potencial com área-fonte onde há menor taxa de geração de espaço de acomodação e maior recorrência de discordâncias por tectonismo ou queda eustática; o Back-bulge: área alem do forebulge sujeita a uma subsidência flexural secundária com a formação de bacias rasas sobre a área cratónica. Fig.1. Representação esquemática do sistema de deposição do foreland, com terminologia usada, from Strecker. Análise de Bacias Sedimentares 5 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 3. Mecanismo de formação da Bacia e isostasia As bacias foreland ocorrem em áreas adjacentes a zonas de espessamento crustal tendo como mecanismo principal de formação a subsidência flexural causada pela sobrecarga de grandes cavalgamentos. Este mecanismo pode ser visto como um ajuste compensatório em resposta a um desequilíbrio na distribuição de forças na litosfera porque as zonas de espessamento crustal alteram a distribuição de massas e tensões desta produzindo deformação permanente necessitando de redistribuição das massas para restabelecer o equilíbrio conhecido como mecanismo de compensação isostática. ( Beaumont,1980 & Mascle, 1998) A isostasia é a forma como a litosfera responde, em profundidade, a cargas geológicas. Este mecanismo descrito para as bacias foreland prevê a condição de isostasia regional que considera a existência de resistência lateral da litosfera consoante sua rigidez que deformará uma área maior que a que registou a aplicação da carga. Nas bacias foreland quanto mais rígida/competente for a placa mais estreitas e profundas serão as bacias e quanto menos competentes menor será a profundidade porém terão extensão maior.( Beaumont,1980) 4. História termal da Bacia ou maturação dos sedimentos As bacias foreland são consideradas bacias hipotérmicas com baixo gradiente geotérmico e fluxo de calor. A subsidencia rápida pode ser responsável por esses valores baixos. Com o tempo, as camadas sedimentares ficam soterradas e perdem a porosidade pela compactação de sedimentos ou mudanças físicas ou químicas como pressão ou cimentação. A maturação térmica de sedimentos envolve a combinação da temperatura e do tempo, e tem como fonte de calor o gradiente geotérmico (soterramento), os fluidos e os elementos radioactivos presentes na crusta continental como urânio em arenitos, Cu, Pb e Zn em folhelho e arenitos podendo estar presentes algumas terras raras. Os fluidos são originários dos sedimentos da bacia aquando da sua compactação e migram em resposta a deformação envolvida. Para além de minerais estes transportam também calor ao longo da bacia. A matéria orgânica é um grande indicativo do grau de maturação térmica da bacia, facto que é visto pela reflectância da vitrinite. Análise de Bacias Sedimentares 6 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 5. Sedimentação e proveniência dos sedimentos 5.1.Sedimentação A bacia do foreland recebe sedimentos que são erodidos do cinturão de montanhas adjacentes, preenchendo-se com sucessões sedimentares espessas que se distanciam do cinturão de montanhas tendo por isso a composição inversa da área fonte sendo as unidades mais jovens as primeiras a serem erodidas e depositadas na bacia, assim se tem uma distribuição invertida da coluna estratigráfica em comparação coma área fonte que é chamada “normal unrrofing sequence”. (Decelles, 1996 & Beaumont,1980) Fig.2. Modelo esquemático da sedimentação tipo “normal unrrofing sequence” associado com o desenvolvimento de um orógeno. O tempo e representado pelo T1, T2 e T3 onde se tem diferentes estágios de deformação e deposição de sedimentos. Análise de Bacias Sedimentares 7 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 As zonas de deposição, ou simplesmente depozonas, apresentam algumas características particulares em termos de sedimentação e tipo de sedimentos, isto porque estas tem estrutura interna distinta onde teremos: o Wedge-top: sedimentos sinorogênicos caracterizados por imaturidade textural (especialmente em sistemas não marinhos) consistindo tipicamente em fluxos de massa e sedimentos de plataforma de granulação fina. ( Enriquez, 2017) o Foredeep: zona sedimentar mais espessa com deposição de sedimentos de sistemas deposicionais distais fluviais, lacustres, deltaicos e marinhos. Mudanças no nível do mar relativo podem causar aumento ou diminuição da acomodação de sedimentos nesta depozona. (Decelles, 1996 e Strecker, 2012) o Forebulgue e backbulgue: correspondem a zonas distais que nem sempre estão presentes, sendo definidos por inconformidades regionais, bem como por depósitos eólicos e marinhos rasos (incluindo rochas siliciclásticas e carbonatadas de grão fino). ( Dorobeck, 1995) 5.2.Proveniência dos sedimentos Na bacia de foreland os sedimentos são provenientes ou derivados do FTB (Fold and Thrust Belt) e dos cratões. Em maior escala para o FTB. Estas bacias foreland resultam da orogenia colisional tendo por isso abundância de litoclastos e assembleias de pesados ricos em minerais metamorfizados o que ajuda na datação dessas bacias pois a idade do metamorfismo aproxima-se a idade da bacia. Estes sedimentos podem também fornecer dados da dinâmica da deformação, evolução da bacia, dispersão e interacção com o meio (intemperismo/erosão) e ainda geocronologia da rocha fonte pela composição química e isotopica. ( Enriquez, 2017 & Almeida, 2011) 6. Exemplos de bacias em Moçambique ou no mundo Conforme foi dito anteriormente, as bacias de Foreland são formadas por acção de uma cadeia orogénica e podem ser originadas pela subducção de placas tectónicas, colisões continentais ou acreção de terrenos. Portanto, este tipo de bacia não ocorre em Moçambique devido a tectónica que é aqui predominantemente, distensiva. Contudo, há no mundo diversas bacias de foreland como é o caso das bacia sedimentar canadense ocidental localizada a leste Análise de Bacias Sedimentares 8 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 das montanhas rochosas na América do Norte, Bacias do Magdalena, Neuquén, canguan- putamayo e do Maranoon na América do Sul , Bacia do supergrupo Windermere e Bacias de Longmen Shan a leste das montanhas Shan e Urais foreland a oeste dos Montes Urais na Asia. (Strecker, 2012)Alguns exemplos são listados na tabela abaixo. Nome da bacia Tectónica/ placas envolvidas Preenchimento (origem dos sedimentos) Bacia de Ganges Cavalgamento da Asia sobre a India Aluvial tropical Bacia do Pó Cavalgamento do Alpes e interação com subducção do Mediterrâneo Aluvial e Marinho Bacia do Golfo Pérsico Cavalgamento dos Zargos sobre a placa da Arabia Marinho, Costeiro e Aluvial Árido. Bacia dos Alpes do Norte Colisão cenozóica entre a placa da Eurásia e a Placa Africana _ Bacia do super grupo de Windermere Subducção do oceano lapetus sob Avalonia _ Bacia de Huallaga _ Marinho e Continental Tabela: Exemplos de bacias sedimentares de foreland e fonte de preenchimento das bacias, compilado de Almeida, 2011; Muscle, 1998 e Strecker, 2012. 7. Prospectividade da Bacia As bacias de foreland são importantes ambientes tectónicos de reservatórios de diversos recursos minerais. A água e o petróleo são os fluidos comuns nestas bacias que tem camadas sedimentares com propriedades de reservatórios e selantes, pode se ver o exemplo da china que tem uma sequência na bacia foreland de rocha fonte-reservatório-selante. Outros recursos presentes nestas bacias são os minerais radioactivos como Ur, Cu e Pb e alguns elementos das terras raras.(Almeida, 2011 & Allen, 2013) Análise de Bacias Sedimentares 9 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 8. Conclusão As rochas passam por diferentes processos tectónico-sedimentares como, interacção de placas, erosão e deposição que estão relacionadas a processos de intemperismo, diagênese, transporte e reciclagem de sedimentos. O estudo das bacias foreland engloba todos estes parâmetros de estudo sumarizados em mecanismos, termo-maturação, padrão e fonte de preenchimento e sedimentação. Importa referir que o preenchimento das bacias foreland tem grande influência do clima e do padrão de drenagem. O estudo das condições térmicas das bacias fornecem dados da origem tectónico, desenvolvimento da bacia até a mecânica litosférica envolvida sendo por isso este um dos parâmetros mais informativos neste estudo. Os processos metamórficos catalisados por fluidos percolantes podem promover o enriquecimento da bacia por mineralizações metassomáticas bem como a resposta flexural pode estimular estruturas cisalhantes que por sua vez geram outras estruturas. A alta produtividade de hidrocarbonetos nestas bacias tornam seu estudo imprecindível para a economia pois é destes que se podem colher indicadores de viabilidade de exploração bem como os melhores métodos de exploração a serem aplicados para o rendimento desejado. Análise de Bacias Sedimentares 10 Bacias de antepaís: foreland basin, Grupo 5 9. Referências Bibliográficas o DOROBECK, Steven L., Stratigraphic evolution of foreland basins, 1995; o STRECKER & HILLEY, Manfred R. & George E. et al, tectonics of sedimentary basins: cap. 25, Structural geomorphic and depositional characteristics of contiguous and broken foreland basins: Examples from the eastern flanks of the central Andes in Bolívia and NW Argentina, Ed. 1, USA, 2012; o BEAUMONT, Christopher, Foreland basins, Canada, 1980; o MASCLE & BREGAS, Alain & Cai Rugdefá, Tectonics and sedimentation in foreland basins: results from the Integrated Basin Studies project, 1998; o ALMEIDA, Renato, Bacias de Antepaís, GAGEO, 2011; o DECELLES & GILEST, Peter & Katherine, Foreladn Basin Systems, USA, 1996; o SANTOS, Michele, from igeológico, 2018; o ENRIQUEZ, Christian Augusto, Análise do Registro Sedimentar Mesozóico- Cenozóico, da Wedge-Top Depozone da Bacia Antepaís Andino Amazónico do Norte do Perú, Brasília, 2017.
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