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Livro Texto - Unidade I

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Autor: Prof. Fernando Henrique Cavalcante de Oliveira
Colaboradora: Profa. Elizabeth Nantes Cavalcante 
Organização do Estado
Professor conteudista: Fernando Henrique Cavalcante de Oliveira
Doutor em Filosofia e História da Educação pela Universidade Estadual de Campinas. Mestre em Ciências da 
Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista em Docência do Ensino Superior pela Unicesumar. MBA 
em Gestão de Projetos pela Unicesumar. Pós-graduado lato sensu em Administração de Negócios pela Universidade 
Presbiteriana Mackenzie. Especialista em Gestão Educacional pela Unicesumar. Licenciado em Pedagogia pela 
Unicesumar. Licenciado em História pelo Claretiano Centro Universitário. Bacharel em Direito pela Universidade Paulista. 
Licenciado em Filosofia pelo Claretiano Centro Universitário. Licenciado em Letras Português/Inglês pela Unicesumar. 
Bacharel em Odontologia pela Universidade Federal de Alagoas. Professor da Universidade Paulista. Pesquisador nas 
áreas de educação e tecnologias em EaD, educação, filosofia, história e ciências humanas e sociais. Professor com 
experiência por quinze anos em EaD e vinte anos em ensino presencial nos cursos de graduação e pós-graduação. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
O48o Oliveira, Fernando Henrique Cavalcante de.
Organização do Estado / Fernando Henrique Cavalcante de 
Oliveira. – São Paulo: Editora Sol, 2021.
160 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
CDU 34(20)
U510.98 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
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Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Willians Calazans
Sumário
Organização do Estado
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 AS ORIGENS DO ESTADO MODERNO ...................................................................................................... 11
1.1 Definindo conceitos ............................................................................................................................ 11
1.2 Características do Antigo Regime ................................................................................................. 13
1.3 Exemplos de Estados Absolutistas ................................................................................................. 16
1.3.1 Povo .............................................................................................................................................................. 20
1.3.2 Território ..................................................................................................................................................... 21
1.3.3 Poder Político ............................................................................................................................................ 22
1.3.4 Governo ...................................................................................................................................................... 24
1.3.5 Forma de Estado ...................................................................................................................................... 25
1.3.6 Formas de governo ................................................................................................................................. 26
2 TEORIA GERAL DO ESTADO E ORIGEM DO ESTADO ........................................................................... 27
2.1 Justificação do Estado ........................................................................................................................ 29
2.2 Teoria do Estado.................................................................................................................................... 29
2.3 Origem do Estado ................................................................................................................................. 30
3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO ......................................................................................................... 33
3.1 O Estado grego ...................................................................................................................................... 34
3.2 O Estado romano .................................................................................................................................. 35
3.3 O Estado medieval ............................................................................................................................... 38
3.3.1 Feudalismo ................................................................................................................................................. 39
3.4 O Estado medieval e a Igreja romana .......................................................................................... 39
3.4.1 Santo Agostinho e São Tomás de Aquino..................................................................................... 40
4 DAS MONARQUIAS MEDIEVAIS ÀS MONARQUIAS ABSOLUTAS .................................................. 40
4.1 A doutrina de Maquiavel ................................................................................................................... 40
4.2 O absolutismo monárquico .............................................................................................................. 40
4.3 Escritores da Renascença .................................................................................................................. 41
4.4 John Locke e a reação antiabsolutista ......................................................................................... 41
4.5 O liberalismo na Inglaterra ............................................................................................................... 42
4.6 América do Norte ................................................................................................................................. 42
4.7 França ........................................................................................................................................................ 43
4.8 Declaração dos direitos fundamentais do homem ................................................................. 43
4.9 O Estado liberal, seus erros e sua decadência ........................................................................... 44
4.10 O Estado Evolucionista .................................................................................................................... 45
Unidade II
5 OS ESTADOS MODERNOS E AS FORMAS DE GOVERNO NO MUNDO MODERNO 
E CONTEMPORÂNEO .......................................................................................................................................... 46
5.1 Conceito................................................................................................................................................... 46
5.2 Liberalismo e o Estado ........................................................................................................................ 47
5.3 Consequências do liberalismo ......................................................................................................... 47
5.4 Consequências reais do liberalismo .............................................................................................. 48
5.5 A decadência do liberalismo ............................................................................................................ 50
5.6 Considerações sobre o liberalismo ................................................................................................ 51
5.7 A reação antiliberal .............................................................................................................................. 58
5.7.1 O socialismo e a Revolução Russa ................................................................................................... 58
5.8 Considerações finais sobre o Estado Socialista Russo ........................................................... 60
5.9 Reação antiliberal e antimarxista .................................................................................................. 61
5.9.1 O fascismo e a sua doutrina ............................................................................................................... 61
5.10 Organização do Estado fascista ................................................................................................... 62
5.11 O Estado Nazista Alemão ................................................................................................................ 63
5.12 O totalitarismo do tipo fascista ................................................................................................... 67
6 FORMAS DE ESTADO ...................................................................................................................................... 67
6.1 Estados imperfeitos e perfeitos ...................................................................................................... 68
6.2 Estados simples e compostos .......................................................................................................... 68
6.3 Estado federal ........................................................................................................................................ 70
6.3.1 Estado federal ........................................................................................................................................... 71
6.4 O federalismo no Brasil ...................................................................................................................... 72
6.5 Entes federativos .................................................................................................................................. 76
6.5.1 União ............................................................................................................................................................ 76
6.5.2 Estados-membros ................................................................................................................................... 77
6.5.3 Municípios ................................................................................................................................................. 77
6.5.4 Distrito Federal ......................................................................................................................................... 78
6.6 Territórios ................................................................................................................................................. 78
6.7 Intervenção Federal (União para os Estados, Distrito Federal e municípios) ............... 78
6.8 Intervenção Estadual (Estados nos Municípios) ...................................................................... 79
6.9 Formas de governo .............................................................................................................................. 80
6.9.1 Formas de governo no pensamento de Aristóteles .................................................................. 80
6.9.2 Monarquia e República ........................................................................................................................ 81
Unidade III
7 PODER JUDICIÁRIO ......................................................................................................................................... 97
7.1 Ética .........................................................................................................................................................101
7.2 Magistratura .........................................................................................................................................102
7.3 STF (Supremo Tribunal Federal) e STJ (Superior Tribunal de Justiça) ............................105
7.3.1 Supremo Tribunal Federal – STF ......................................................................................................105
7.3.2 Superior Tribunal de Justiça – STJ..................................................................................................106
7.4 Justiça do Trabalho ............................................................................................................................107
7.5 Justiça Eleitoral ...................................................................................................................................111
7.6 Tribunal Superior Eleitoral – TSE ..................................................................................................112
7.7 Justiça Militar ......................................................................................................................................115
7.8 Justiça Comum ....................................................................................................................................121
7.8.1 Justiça Federal comum .......................................................................................................................121
7.8.2 Organização ............................................................................................................................................121
7.8.3 Tribunais Regionais Federais (TRFs) ...............................................................................................121
7.8.4 Criação ......................................................................................................................................................121
7.9 Ministério Público ..............................................................................................................................124
7.9.1 Definição ................................................................................................................................................. 124
7.9.2 Composição ............................................................................................................................................ 124
7.9.3 Carreira ..................................................................................................................................................... 125
7.9.4 Requisitos ................................................................................................................................................ 125
7.9.5 Atribuições funcionais ....................................................................................................................... 125
7.9.6 Garantias ................................................................................................................................................. 125
7.9.7 Vedações ..................................................................................................................................................126
7.9.8 Denominações ....................................................................................................................................... 126
7.9.9 Chefia ........................................................................................................................................................ 126
7.9.10 Referências Legislativas .................................................................................................................. 126
7.10 Polícia ....................................................................................................................................................127
7.10.1 Conceito ................................................................................................................................................ 127
7.10.2 Segurança Pública ............................................................................................................................. 127
7.10.3 Organização ......................................................................................................................................... 127
7.10.4 Organograma ...................................................................................................................................... 127
7.10.5 Polícia Administrativa ...................................................................................................................... 128
7.10.6 Polícia Judiciária ................................................................................................................................ 128
7.10.7 Corpo de Bombeiros ......................................................................................................................... 129
7.10.8 Carreira .................................................................................................................................................. 129
8 ADVOCACIA .....................................................................................................................................................130
8.1 Sociedade de advogados .................................................................................................................137
8.2 Deveres e sanções disciplinares ....................................................................................................140
8.3 Tributação e orçamento na Constituição de 1988 ...............................................................145
8.3.1 Tributação ............................................................................................................................................... 146
8.3.2 Limitações constitucionais ao poder de tributar .................................................................... 148
8.3.3 Competência tributária ......................................................................................................................151
8.3.4 Repartição das receitas ..................................................................................................................... 153
8.4 Fundamentos da ordem econômica ...........................................................................................153
8.5 A Constituição Cidadã e a nova ordem social ........................................................................154
8.6 Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988 ................................................................155
8.7 Processo constituinte e Regimento Interno ............................................................................155
8.8 Redação e promulgação da Constituição de 1988 ..............................................................156
9
APRESENTAÇÃO
A presente disciplina faz parte do conjunto do curso de Direito da Universidade Paulista (UNIP), bem 
como traz em sua bagagem um repertório importante para a compreensão de nossa constituição, como 
democracia, liberdades civis, república, formas de governo e sistema eleitoral, denotando para o leitor 
não apenas um conteúdo extenso para a composição disciplinar, mas muito mais para a construção de 
um conhecimento multidisciplinar que possibilite pontes e diques para o diálogo entre vários saberes 
disciplinares da área de humanas e de outras áreas da academia.
Partiremos estabelecendo um diálogo com a origem do Estado Moderno, denotando na história 
o processo evolutivo e de construção desse Estado e como ele se configura em continentes, povos e 
culturas distintas da nossa, de matriz ocidental, de premissa filosófica judaico-cristã e permeada pelo 
pensamento do mundo greco-romano.
Na sequência, trabalharemos conceitos da República e os poderes constituídos em nossa Carta 
Constitucional, visando comparar, a partir de suas definições, realidades distintas do que acontece em 
nosso território e em outros povos, seja da América, da Europa ou do próprio Oriente Médio, com visões 
de mundo distintas de nosso modelo republicano, democrático e marcado pela conquista dos direitos 
humanos positivados, chamados aqui de fundamentais.
Desafiamos você a galgar mais um degrau em seu processo de formação, seja pelo conteúdo, seja 
pelos valores tão necessários de cidadãos e cidadãs que priorizarão cumprir a ênfase de um valor 
republicano em seu sentido etimológico, acima dos interesses privados, fazendo legitimar de fato o seu 
conceito republicano: res publica (coisa pública).
Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que se 
dedique ao menos três horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e as 
videoaulas e realizando os exercícios de autoavaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir planejando o 
que estudar, semana a semana.
Sucesso nessa nova etapa e bons estudos!
10
INTRODUÇÃO
Falar sobre a organização do Estado é identificar de fato a necessidade de refletir acerca da origem 
desse Estado moderno e contemporâneo, apontando elementos como seu nascedouro e forças políticas, 
sociais e econômicas, as quais somadas contribuíram para sua eclosão e constituição, e, ainda, identificar 
os elementos necessários de fato para uma república, monarquia ou democracia ser estabelecida na 
sociedade contemporânea.
Um exemplo evidente disso está no fato de nós, povo brasileiro, vivenciarmos uma Carta Constitucional 
que aponta para o seu povo, uma República Federativa constituída de unidades federativas que juntas 
compõem a União, e não explicarmos a um simples inquiridor do cotidiano o conceito e a definição de 
tais palavras e o que elas implicam para a nossa realidade.
Estudar os povos do crescente fértil, do Egito, da Grécia e de Roma até o advento do cristianismo 
e do próprio islamismo é transitar na história da humanidade e se permitir contemplar momentos de 
rupturas, crises, avanços e retrocessos nos desdobramentos políticos e sociais de cada povo, atentando 
para as realidades vividas ali e questionadas ou assimiladas democraticamente.
11
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Unidade I
1 AS ORIGENS DO ESTADO MODERNO
Um dos termos mais utilizados no universo jurídico em especial por palestrantes, estudantes de 
Direito e autoridades em geral, é o termo “Estado”, a partir do discurso, Estado democrático de Direito. 
Esse termo Estado tão comumente empregado em nosso cotidiano jurídico e social requer de cada leitor 
e ouvinte das práticas discursivas, uma reflexão à luz da etimologia (origem da palavra), bem como da 
conjuntura política e social que a sociedade europeia se utilizou mediante as ideias dos iluministas, bem 
como o desdobramento da Revolução Francesa.
O Estado é um organização destinada a manter, pela aplicação do Direito, às condições universais 
de ordem social. E o Direito é o conjunto das condições existenciais da sociedade, que ao Estado 
cumpre assegurar.
A forma de organização política que caracteriza a nossa época é chamada Estado. Não é raro ouvir 
designar o termo de Estado moderno ou Estado Nacional. Quem se utiliza dessa nomenclatura utiliza o 
termo “Estado”para outras formas de organização política que existiram anteriormente, e por isso, 
podem-se utilizar do nome, moderno, nacional, democrático etc.
Dessa maneira são antecedentes do Estado moderno ou nacional, o Estado absolutista, o Estado 
medieval e o Estado antigo. Aqui em nosso material utilizaremos os dois termos Estado moderno ou 
Estado, visando o emprego de ambos como termos sinônimos, para fins de esclarecimento e apontamentos.
É importante considerar que o termo Estado é um conceito jurídico, enquanto país é uma conceito 
geográfico. O nome do país pode ou não coincidir com o nome do respectivo Estado: por exemplo, Espanha 
é nome de país e de Estado, enquanto no Brasil é somente nome de país- conforme a Constituição de 
1988, o nome do Estado brasileiro é República Federativa do Brasil. Em segundo lugar, pátria também 
não tem significado jurídico; trata-se de um conceito que denota sentimentos de ordem afetiva e 
pertinente a um determinado lugar. Seu uso é fundamentalmente retórica.
1.1 Definindo conceitos
Estado
Assim sendo, a soberania territorial é exercida pelo Estado brasileiro. Perceba que esse termo, 
com “E” maiúsculo, difere-se do estado (com “e” minúsculo), que é apenas uma unidade federativa 
ou uma província do país. O Estado é, portanto, um conjunto de instituições públicas que administra 
um território, procurando atender os anseios e interesses de sua população. Dentre essas instituições, 
podemos citar as escolas, os hospitais públicos, os departamentos de política, o governo e muitas outras.
12
Unidade I
Nação
Por outro lado, o conceito de Nação, por sua vez, também possui suas diferenças e particularidades 
em relação aos demais termos supracitados. Nação significa uma união entre um mesmo povo com um 
sentimento de pertencimento e de união entre si, compartilhando, muitas vezes, um conjunto mais ou 
menos definido de culturas, práticas sociais, idiomas, entre outros. Assim sendo, nem sempre uma nação 
equivale a um Estado, ou a um país ou, até mesmo, a um território, havendo, dessa forma, muitas nações 
sem território e sem uma soberania territorial constituída.
Diferenças entre Estado e Nação
É necessário, contudo, estabelecer a diferença entre Estado e País. Enquanto o primeiro é uma 
instituição formada por povo, território e governo, o segundo é um conceito genérico referente a tudo 
o que se encontra no território dominado por um Estado e apresenta características físicas, naturais, 
econômicas, sociais, culturais e outras. No nosso caso, o Brasil é o país e a República Federativa do 
Brasil é o Estado.
Território
Território significa os limites que delimitam ou separam um território do outro formando várias 
fronteiras em todo mundo, essas delimitam o mundo em mais de 190 países, os territórios são concebidos 
através de acordos ou conflitos, esses são estabelecidos de acordo com os interesses socioeconômicos 
e culturais.
A partir das divisões dos países formam-se variadas culturas, entende-se por cultura o conjunto de 
conhecimentos humanos adquiridos a partir das relações sociais ao longo do tempo e que são passadas 
para as gerações subsequentes, é o aspecto que mais caracteriza os grupos humanos. Alguns elementos 
são determinantes na composição de qualquer cultura, seja ela arcaica ou moderna, os elementos que 
mais demonstram a identidade cultural são, principalmente, a língua e a religião.
O Estado moderno surgiu em decorrência de um processo complexo, paralelo ao desenvolvimento de 
um novo modelo de sociedade, uma sociedade predominantemente urbana, assentada sobre uma base 
capitalista e orientada por valores individualistas e leigos.
Esse Estado moderno foi precedido por um sistema feudal aliado ao poder papal e dos reis, e pelo 
Antigo Regime dos reis absolutistas que mediante ao seus desgastes políticos, sociais e religiosos, 
mediados pelas ideias humanistas, protestantes, burguesas e iluministas desaguou na Revolução Francesa 
outorgando à sociedade um Estado democrático de Direito, reconhecendo o poder do povo para o povo 
mediante a escolha desses para seus representantes no congresso e governantes no executivo.
Os desdobramentos sociais e políticos enviesados pela economia possibilitaram a instauração do 
Estado moderno como resultado de um momento crucial da histórias onde forças históricas e grupos 
sociais somatizaram e possibilitaram tal fase, ação e construção simultaneamente na sociedade europeia.
13
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
O Antigo Regime é a denominação do sistema político e social da França anterior à Revolução 
Francesa (1789). Durante o Antigo Regime, a sociedade francesa era constituída por diferentes estados: 
clero, nobreza e burguesia. No degrau mais alto estava o rei, que governava segundo a Teoria do Direito 
Divino na qual afirmava que o poder do soberano era concedido por Deus. O termo foi aplicado depois 
da revolução para diferenciar os dois tipos de governo.
1.2 Características do Antigo Regime
Política
A política do Antigo Regime se caracterizava pelo absolutismo. Este consistia na concentração da 
autoridade política sobre o rei com o apoio da teoria do direito divino, desenvolvida pelo filósofo Jean 
Bodin. Existia uma assembleia que reunia os três estados, mas esta só podia ser convocada quando o 
rei decidisse. O último rei a governar a França durante o Antigo Regime foi Luís XVI (1754-1793), da 
dinastia Bourbon, que morreu na guilhotina.
Economia
Durante o Antigo Regime, vigorava o mercantilismo, um conjunto de normas econômicas onde o 
Estado organizava e intervinha na economia. Segundo as ideias mercantilistas, a riqueza de um país 
estava baseado no monopólio, na acumulação de metais e na regulação da economia pelo Estado.
Sociedade
A sociedade do Antigo Regime se dividia em estamentos compreendidos entre clero, nobreza, 
burguesia e camponeses. O clero e a nobreza eram livres de impostos que recaíam sobre burgueses e 
camponeses. Por sua parte, o rei governava sob a teoria do direito divino centralizando as decisões do 
executivo, legislativo e judiciário. Para isto, ele era apoiado pela Igreja Católica.
Primeiro Estado
O primeiro Estado era representado pelo clero. A França era um país católico e à Igreja cabia os 
registros de nascimento e falecimento, a educação, os hospitais, e, claro, a vida religiosa dos franceses. A 
Igreja exercia forte influência sobre o governo porque várias figuras do alto clero, como cardeais, bispos 
e arcebispos, eram conselheiros do rei. Entretanto, havia o baixo clero, que atuava nas zonas rurais e 
pequenas cidades e que não possuíam bens.
A Igreja estava isenta de impostos e era proprietária de terras e imóveis. Desta forma, conseguiu 
acumular grande riqueza. No entanto, o Rei interferia nos assuntos eclesiásticos e aproveitava das 
cerimônias religiosas para reafirmar seu poder como representante de Deus na Terra.
14
Unidade I
Segundo Estado
O segundo Estado era constituído pela nobreza, pessoas com títulos hereditários e que ocupavam 
cargos importantes no governo. Os nobres eram proprietários de terras e viviam exaltando luxo. A fim 
de não rivalizarem com o poder do rei, haviam sido cooptados pelo monarca para viverem em Versalhes, 
na corte francesa.
A nobreza se dividia conforme a antiguidade dos seus títulos, pois alguns nobres os haviam recebido 
na época das Cruzadas. Por sua parte, havia nobres que eram antigos burgueses que conseguiram chegar 
a essa condição por terem comprado títulos de nobreza ou por se casarem com nobres que estavam 
empobrecendo. Assim como o clero, não pagavam impostos e acumulavam cargos no governo francês.
Terceiro Estado
Na base da sociedade francesa estavam as pessoas comuns, o terceiro Estado, que correspondia a 
95% da população. Nessa classe, estavam os burgueses, ricos comerciantes e profissionais liberais.
Nessa camada também estavam os camponeses e criados dos nobres, que enfrentavam dificuldades 
para manter condições mínimas de sobrevivência, como alimentação e vestuário. Sobre o terceiroEstado 
recaía pesada tributação e era o único dos estados que pagava impostos.
O Iluminismo e o Antigo Regime
O Iluminismo foi um movimento intelectual francês ocorrido entre os séculos XVII e XVIII e que 
questionava o modelo econômico, social e político da Idade Média. Para eles, nada de bom aconteceu 
nesta época e os iluministas a classificaram como “Idade das Trevas”.
Apoiado em uma nova visão a respeito de Deus, da razão, da natureza da humanidade, o iluminismo 
teve significativa influência sobre o pensamento revolucionário.
Os iluministas defendiam que os objetivos da humanidade são o conhecimento, a liberdade e a 
felicidade. Além disso, queriam um governo onde os poderes estivessem divididos e o papel do soberano 
fosse limitado. A partir de 1787, a velha organização política e social francesa começou a ser questionada 
através das ideias iluministas.
Também contribuíram para isto a crise financeira na qual a França mergulhou após o fracasso das 
colheitas de trigo nos anos de 1787 e 1788, e os gastos militares na Guerra de Independência dos 
Estados Unidos. O fracasso no campo não impediu o aumento da cobrança de impostos ao terceiro 
estado, que passa a exigir melhores condições sociais e a reforma do governo.
O rei convocou a Assembleia dos Estados Gerais para encontrar uma solução para a crise financeira. 
Contudo, tanto o primeiro, como o segundo estado não aceitavam abdicar os privilégios e integrar o 
regime de recolhimento de tributos.
15
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
O desenho da revolução ocorria com a organização da burguesia e do baixo clero, que conseguiram 
a instituição da monarquia constitucional.
A Revolução Francesa e o fim do Antigo Regime
A Revolução Francesa provocou o fim do Antigo Regime na França e posteriormente, na Europa. 
A burguesia estava ressentida da exclusão do poder e rejeitava os últimos vestígios do anacrônico 
feudalismo. Por sua parte, o governo francês estava à beira da falência; o aumento da população 
elevou proporcionalmente o descontentamento com a falta de alimentos e o excesso de impostos. No 
contexto ideológico, as ideias iluministas defendiam uma nova ordem e a teoria do direito divino deixou 
de ser aceita.
A figura do Antigo Regime exaltando a pessoa do Rei com centralização do poder sobre um homem 
via diametralmente contra a ideia do Iluminista, Montesquieu, que afirmava sobre a tripartição dos 
poderes, permitindo não mais o poder nas mãos de um homem, mas sobre instituições democráticas 
constituídas de civis eleitos pelo povo e indicados indiretamente pelos governantes no caso do judiciário.
O Estado absolutista é um regime político surgido no fim da Idade Média. Também chamado de 
absolutismo se caracteriza por concentrar o poder e autoridade no rei e de poucos colaboradores. Nesse 
tipo de governo, o rei está totalmente identificado com o Estado ou seja, não há diferença entre a 
pessoa real e o Estado que governa.
Não há nenhuma Constituição ou lei escrita que limite o poder real e tampouco existe um parlamento 
regular que contrabalance o poder do monarca. Tal ato por si só já nos aponta o perigo de um poder sem 
limites e punições frente ao abuso desse poder para com os seus súditos.
O Estado Absolutista surgiu no processo de formação do Estado Moderno ao mesmo tempo que a 
burguesia se fortalecia. Durante a Idade Média, os nobres detinham mais poder que o rei. O soberano 
era apenas mais um entre os nobres e deveria buscar o equilíbrio entre a nobreza e seu próprio espaço.
Durante a transição do feudalismo para o capitalismo houve a ascensão econômica da burguesia 
e do Mercantilismo. Era preciso outro regime político na Europa centro-ocidental que garantisse a paz e 
o cumprimento das leis. Por isso, surge a necessidade de um governo que centralizasse a administração 
estatal. Desta maneira, o rei era a figura ideal para concentrar o poder político e das armas, e garantir 
o funcionamento dos negócios. Nesta época, começam a surgir os grandes exércitos nacionais e a 
proibição de forças armadas particulares.
Nesse momento, a figura do rei era o ideal para esse contexto, o que não será posteriormente quando 
as tensões da burguesia, nobres e realidades econômicas e sociais, marcadas pela pobreza e incompetência 
para tratar dos reais desafios dessa sociedade, exigiam mudanças, o que será experimentado na Revolução 
Francesa, legando esse Estado Moderno que possibilitasse essa nova ordem social tão desejada.
16
Unidade I
 Saiba mais
Conheça mais sobre o Estado Absolutista no artigo a seguir:
BEZERRA, J. Estado Absolutista. Toda Matéria, 15 maio 2019. Disponível em: 
https://www.todamateria.com.br/estado-absolutista/. Acesso em: 1º mar. 2021.
1.3 Exemplos de Estados Absolutistas
Ao longo da história, com a centralização do Estado Moderno, várias nações passaram a formar 
Estados Absolutistas. Eis alguns exemplos a seguir.
França
Considera-se a formação do Estado francês sob reinado dos reis Luís XIII (1610-1643) e do rei Luís 
XIV (1643-1715) durando até a Revolução Francesa, em 1789. Luís XIV limitou o poder da nobreza, 
concentrou as decisões econômicas e de guerra em si e seus colaboradores mais próximos. Realizou uma 
política de alianças através de casamentos que garantiu sua influência em boa parte da Europa, fazendo 
a França ser o reino mais relevante no continente europeu. Este rei acreditava que somente “um rei, 
uma lei e uma religião” fariam prosperar a nação. Deste modo, inicia uma perseguição aos protestantes.
Inglaterra
A Inglaterra passou um longo período de disputas internas devido às guerras religiosas, primeiro 
entre católicos e protestantes e, mais tarde, entre as várias correntes protestantes. Este fato foi decisivo 
para que o monarca concentrasse mais poder, em detrimento da nobreza.
O grande exemplo de monarquia absolutista inglesa é o reinado de Henrique VIII (1509-1547) e o de 
sua filha, a rainha Elizabeth I (1558-1603) quando uma nova religião foi estabelecida e o Parlamento foi 
enfraquecido. A fim de limitar o poder do soberano, o país entra em guerra e somente com a Revolução 
Gloriosa estabelece as bases da monarquia constitucional.
Portugal
O absolutismo em Portugal começou ao mesmo tempo que se iniciavam as Grandes Navegações. 
A prosperidade trazida com os novos produtos e os metais preciosos do Brasil foram fundamentais 
para enriquecer o rei. O reinado de Dom João V (1706-1750) é considerado o auge do estado absolutista 
português, pois este monarca centralizou na coroa todas as decisões importantes como a justiça, 
o exército e a economia. O absolutismo em Portugal duraria até a Revolução Liberal do Porto, em 1820, 
quando o rei Dom João VI (1816-1826) foi obrigado aceitar uma Constituição.
17
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
A afirmação do poder secular dos reis e Imperadores contra o poder espiritual dos papas tem um 
significado verdadeiramente transcendente no pensamento ocidental, na medida em que se separam os 
poderes político e religioso.
As ideias humanistas desaguando nos ideias da Reforma Protestante e no Iluminismo permitiram 
uma intensa reflexão dessa sociedade medieval que transita para um mundo moderno em um período 
de três séculos, legando os ideais das liberdades civis e de um Estado laico, livre da religião para uma 
atuação mais voltada para a sociedade civil e de esfera pública.
A filosofia do final da Idade Média acaba por distinguir perfeitamente esses dois domínios (religioso 
e político), ao ponto que no nascedouro da Revolução Francesa, a separação se estabelece entre o 
domínio do político da esfera do religioso.
Em resposta ao processo de expansão do capital no continente europeu, manifestando-se pela 
necessidade de haver uma unificação do poder, com maior centralização e concentração de forças, o 
Estado foi firmado como este guia a fim de que os interesses de classe estivessem mais equilibrados. 
O Estado centralizado, no contexto do século XV, era atinente aos propósitos do absolutismo. O rei, 
como salvaguarda da soberania, nãopoderia sofrer restrições sob pena de o poder central não se ver 
mais como poder concreto. Para este fim, foram desenvolvidas algumas instituições e modulações 
sociais e culturais:
• Unificação da língua e exigência de uma moeda comum (símbolos nacionais).
• Formação de uma burocracia profissional, com destaque para a administração racional do poder central.
• Organização de um poder militar capaz de reunir as forças públicas.
• Centralização política e monopólio legislativo.
• Oficialização de comunicados e informes gerais, institucionais, a fim de que houvesse uma maior 
regulamentação/regularização (a normatização leva à normalização).
• Definição de um sistema tributário como requisito para manter a arrecadação regular de fundos 
necessários à manutenção do Estado e de seu aparato organizacional.
Paulo Henrique Gonçalves Portela também defende a ideia de que são três os elementos constitutivos 
do Estado: território, povo e governo soberano.
O estudo do Estado... parte também do exame de seus três elementos 
essenciais... o território, o povo e o governo soberano (...) O governo soberano, 
também chamado de “poder soberano”, é a autoridade maior que exerce 
o poder político do Estado (...) a soberania é o atributo do poder estatal 
que confere a este poder o caráter de superioridade frente a outros núcleos 
de poder que atuam dentro do Estado, como as famílias e as empresas... 
(PORTELA, 2015, p. 168-169).
18
Unidade I
Outro autor que sustenta uma teoria de três elementos formadores do Estado é Sahid Maluf: 
população, território e governo.
 
No tocante à sua estrutura, o Estado se compõe de três elementos: 
a) população; b) território; c) governo (...) A condição de Estado perfeito 
pressupõe a presença concomitante e conjugada desses três elementos, 
revestidos de características essenciais: população homogênea, território 
certo e inalienável e governo independente (MALUF, 1998, p. 23).
Já Hans Kelsen defende uma teoria de quatro elementos formadores do Estado: território, povo, 
poder e tempo ou período de existência.
 
A doutrina tradicional distingue três “elementos” do Estado: seu território, 
seu povo e seu poder (...) É característico da teoria tradicional considerar o 
espaço – território –, mas não o tempo, como um “elemento” do Estado. No 
entanto, um Estado existe não apenas no espaço, mas também no tempo, 
e, se consideramos o território como um elemento do Estado, então, temos 
que considerar também o período de sua existência como um elemento do 
Estado (KELSEN, 1998, p. 299 e 314).
Por sua vez, Dalmo de Abreu Dallari também sustenta que os componentes do Estado são quatro: 
ordem jurídica, finalidade, povo e território.
 
Em face de todas as razões até aqui expostas, e tendo em conta a possibilidade 
e a conveniência de acentuar o componente jurídico do Estado, sem perder 
de vista a presença necessária dos fatores não jurídicos, parece-nos que se 
poderá conceituar o Estado como a ordem jurídica soberana que tem por 
fim o bem comum de um povo situado em determinado território. Nesse 
conceito se acham presentes todos os elementos que compõem o Estado, 
e só esses elementos. A noção de poder está implícita na de soberania, 
que, no entanto, é referida como característica da própria ordem jurídica. 
A politicidade do Estado é afirmada na referência expressa ao bem comum, 
com a vinculação deste a um certo povo, e, finalmente, a territorialidade, 
limitadora da ação jurídica e política do Estado, está presente na menção a 
determinado território (DALLARI, 2012, p. 122).
Por sua vez, Celso Ribeiro Bastos expressa uma teoria de cinco elementos do Estado: povo, território, 
governo, ordem jurídica/leis e poder.
No nosso Curso de teoria do Estado e ciência política tivemos o ensejo 
de definir o Estado como a “organização política... resultante de um povo 
vivendo sobre um território delimitado e governado por leis que se fundam 
num poder não sobrepujado por nenhum outro externamente e supremo 
internamente...” (BASTOS, 1990, p. 7).
19
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Também Antônio Sebastião de Lima sustenta uma teoria de cinco elementos do Estado, classificados 
em duas categorias: elementos materiais, que são quatro; e um elemento formal, que é o direito 
constitucional. Dessa forma, para esse autor, os cinco elementos formadores do Estado são: 
povo, território, governo, finalidade e direito constitucional.
O Estado, produto da cultura humana, sociedade política, instituição 
política... tem matéria e forma. Os elementos essenciais que lhe dão 
existência são o povo, o território, o governo e a finalidade. Esses elementos, 
em conjunto, são a estrutura do Estado, a sua constituição material. As regras 
que estabelecem os vínculos de organização e funcionamento entre esses 
elementos são a constituição formal do Estado, o seu direito constitucional 
escrito ou consuetudinário (LIMA, 1998, p. 35).
Da sua parte, Platão, na sua obra A República, também menciona a existência de sete elementos 
formadores do Estado: (1) povo ou conjunto de habitantes; (2) território; (3) poder; (4) governo; 
(5) princípios de justiça; (6) ordem jurídica: constituição, leis e costumes; (7) finalidade: conferir educação 
e os maiores benefícios ao povo. Vejamos:
 
Um Estado nasce... das necessidades dos homens (...) o conjunto dos habitantes 
recebe o nome de cidade ou Estado (...) O território do Estado precisa ser 
estendido (...) Teremos, pois, de cortar para nós uma fatia do território vizinho 
(...) os que governam não devem ser amantes do poder (...) não são vãs quimeras 
o que dissemos sobre a cidade e seu governo, e sim coisas que, embora difíceis, 
são realizáveis – mas realizáveis unicamente de maneira que descrevemos, isto 
é, quando haja na cidade um ou vários governantes que... tenham... na mais 
alta estima o reto e as honras que dele dimanam, prezando como a maior e 
mais necessária de todas as coisas o justo... cujos princípios serão exaltados 
por eles ao organizarem a cidade (...) a justiça é em si mesmo o maior dos bens 
(...) para educá-los de acordo com seus próprios costumes e leis... para que o 
Estado alcance no mais breve espaço de tempo a felicidade e possa conferir os 
maiores benefícios ao povo que se rege por tal constituição... (PLATÃO, 1996, 
p. 37, 39, 42, 157 e 173).
Assim, considerando todos os elementos sugeridos por todos esses autores, teremos que os elementos 
constitutivos do Estado são:
• População.
• Povo.
• Território.
• Tempo.
• Poder político.
20
Unidade I
• Governo.
• Finalidade.
• Recursos.
• Princípios de justiça.
• Ordem jurídica.
• Capacidade de manter relações com outros Estados.
1.3.1 Povo
Formado por indivíduos-cidadãos com dignidade de pessoas humanas, isto é, no dizer de Kant, por 
pessoas consideradas sempre como fins e nunca apenas como meios (KANT, 2001, p. 69-70), e chamado 
também de cidadania, o povo é a dimensão humana e humanizadora do Estado. No Estado social e 
democrático de direito, ou, simplesmente, Estado democrático de direito, o povo é o titular do seu poder 
soberano (princípio da soberania popular), como o proclamou Rousseau, e o titular do seu governo 
democrático (princípio do governo popular): o governo democrático (a democracia) é governo do povo, 
pelo povo e para o povo, como o afirmou Abraham Lincoln.
Dessa forma, o conjunto de pessoas vinculadas juridicamente a um determinado Estado se denomina 
povo. Por sua vez, esse vínculo jurídico que liga as pessoas a um Estado denomina-se nacionalidade.
De forma particular, a Constituição do Estado democrático de Direito brasileiro de 1988 registra isso 
nos incisos I, II e III, e parágrafo único do seu art. 1º, Título I:
Título I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado democrático de direito 
e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
[...] Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitosou diretamente, nos termos desta Constituição.
 
21
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Nesse sentido, o verdadeiro Estado democrático de direito (Estado do povo, pelo povo, com o povo e 
para o povo, como diriam Rousseau e Lincoln) é um empreendimento ético-jurídico-político originado, 
construído e desenvolvido pelo seu componente humano e para o seu componente humano: o povo, 
formado por indivíduos-cidadãos com dignidade de pessoas humanas. Por seu componente humano e 
para o seu componente humano, o verdadeiro Estado democrático de direito é, pois, também, um Estado 
ético, humano e humanizador.
É pelo povo e para o povo que o Estado existe. O povo é, pois, o componente criador, gestor, 
empreendedor, construtor e beneficiário do Estado democrático de direito.
Há autores que, considerando o elemento humano como o mais importante e fundamental do 
Estado, conceituam o Estado como: “conjunto de habitantes” (PLATÃO, 1996, p. 39); “universalidade dos 
cidadãos” (ARISTÓTELES, 1998, p. 41); “multidão unida numa só pessoa” (HOBBES, 2000, p. 144); “pessoa 
pública formada pela união de todas as demais” (ROUSSEAU, 1996, p. 22); “associação constituída por 
cidadãos iguais” (RAWLS, 1997, p. 230); “povo politicamente organizado”; “O Estado somos nós” etc.
1.3.2 Território
É o elemento espacial do Estado. É o espaço no qual e sobre o qual o Estado afirma seus direitos de 
soberania e governo. Esse espaço tem várias dimensões: (a) espaço territorial: solo e subsolo; (b) espaço 
fluvial: rios e lagos; (c) espaço aéreo; (d) espaço marítimo: mar territorial, plataforma continental, alto 
mar; (e) espaço ficto: embaixada, navios e aeronaves.
Num verdadeiro Estado democrático, o território, além de espaço jurídico e político, é também 
espaço moral, ético e humano, pois é nesse espaço que vive seu elemento humano, seu empreendedor, 
criador, governante e soberano: o povo e os indivíduos-cidadãos com dignidade de pessoas humanas 
que compõem o povo, ente coletivo moral, ético e humano. Além do mais, o território é também fonte 
de recursos naturais e ou materiais do Estado.
Pode-se dizer que o território é o espaço geográfico dentro do qual o Estado exerce seu poder. 
Território é o âmbito de validade da ordem jurídica estatal. Daí se dizer que o território do Estado está 
protegido pelo princípio da impenetrabilidade ou impermeabilidade.
Essa impermeabilidade tem um significado positivo e outro negativo: o positivo é o significado de que 
toda pessoa que se encontra no território do Estado está sujeita à autoridade; negativo é o significado 
de que não pode ser exercida dentro do território uma autoridade que não derive do próprio Estado.
Estado e Direito Internacional
Essa última observação traz à baila o problema da relação entre o Direito do Estado e o Direito 
Internacional, enfrentando por três teorias diferentes:
• Primado da ordem jurídica estatal: sustenta que, a rigor, só existe o Direito do Estado, inexistindo 
caráter vinculante nos pactos e convenções internacionais.
22
Unidade I
• Primado da ordem jurídica internacional: não apenas reconhece a vinculatividade do direito 
internacional, como ainda lhe atribui predominância face ao direito do Estado.
• Teoria dualista: parte do pressuposto de que os sujeitos vinculados pelo Direito Internacional 
são os Estados, não os cidadãos dos Estados. Assim para que uma norma internacional alcance 
validade interna, é necessária a sua transformação em norma do direito interno.
Delimitação do território
A delimitação precisa do território é uma característica do Estado moderno e decorre do caráter 
singular que caracteriza a noção de soberania- que como vimos, não reconhece poder igual ou superior 
no seu espaço de exercício.
A territorialização do Estado suscita a questão das fronteiras, que só então passaram a ser 
precisamente delimitadas. A soberania do Estado se estende ainda ao mar territorial.
Território e ciberespaço
É de se notar que foi a tecnologia que complicou o exercício da soberania em relação ao espaço 
aéreo – transformando os aviões em meio de transporte corriqueiro e criando satélites e veículos 
espaciais – e ao mar territorial – criando de um lado, armas de longuíssimo alcance e, de outro, meios 
para exploração econômica do mar e do seu subsolo. Como se faz para exercer soberania em um espaço 
virtual? As respostas, precisamos encontrar...
1.3.3 Poder Político
É o componente energético e coercitivo do Estado, a energia ou força coercitiva do Estado. Num 
Estado democrático de direito, como foi visto, o titular do poder político é o povo, a cidadania, os 
indivíduos-cidadãos como coletividade.
O poder do Estado tem as seguintes características: (1) é soberano ou supremo, isto é, possui a 
qualidade (ou atributo) da soberania ou supremacia; (2) é um, só um, uno, indivisível, indelegável, 
inalienável e imprescritível. A qualidade da soberania é tão inerente ao poder do Estado que ela é 
considerada como sendo o próprio poder soberano ou supremo do Estado. Vejamos isso em quatro 
pensadores da soberania ou poder supremo ou soberano do Estado: Aristóteles, Bodin, Hobbes e Rousseau.
O poder supremo do Estado como sinônimo de soberania já está em Aristóteles:
 
O governo é o exercício do poder supremo do Estado. Esse poder só poderia 
estar ou nas mãos de um só, ou da minoria, ou da maioria das pessoas (...) 
A principal dificuldade consiste em saber a quem deve caber o exercício da 
soberania (ARISTÓTELES, 1998, p. 105 e 149).
23
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Para Jean Bodin, autor francês, considerado o primeiro a tratar da soberania de forma sistemática, 
ela, a soberania, tendo as características de indivisibilidade, indelegabilidade, irrevogabilidade e 
perpetuidade, é o poder absoluto ou supremo do Estado. Paulo Bonavides, na sua obra Ciência Política, 
nos lembra disso:
 
A soberania é una e indivisível, não se delega a soberania, a soberania é 
irrevogável, a soberania é perpétua, a soberania é um poder supremo, eis os 
principais pontos de caracterização com que Bodin fez da soberania... um 
elemento essencial do Estado (BONAVIDES, 2003, p. 160).
Também para Hobbes o poder do Estado é poder soberano, que ele, ressaltando sua característica 
de indivisibilidade, chama também de “soberania”, “o maior dos poderes humanos”, “poder comum”, 
“grande autoridade”:
 
O maior dos poderes humanos é aquele que é composto pelos poderes de 
vários homens, unidos por consentimento numa só pessoa, natural ou civil, 
que tem o uso de todos os seus poderes na dependência da sua vontade: é o 
caso do poder de um Estado (...) Portanto não é de admirar que seja necessária 
alguma coisa mais, além de um pacto, para tornar constante e duradouro seu 
acordo: ou seja, um poder comum que os mantenha em respeito, e que dirija 
suas ações no sentido de benefício comum. A única maneira de instituir um 
tal poder comum... é conferir toda a sua força e poder a um homem ou a 
uma assembleia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por 
pluralidade de votos, a uma só vontade (...) à multidão assim unida numa só 
pessoa chama-se Estado, em latim, civitas. É esta a geração daquele grande 
Leviatã, ou antes... daquele Deus mortal (...) Aquele que é portador dessa 
pessoa chama-se soberano, e dele se diz que possui poder soberano (...) o 
poder soberano é conferido mediante o consentimento do povo reunido (...) 
É evidente que quem é tornado soberano não faz antecipadamente nenhum 
pacto (...) E se fizer tantos pactos quantos forem os homens, depois de ele 
receber a soberania esses pactos seriam nulos (...) Portanto é inútil pretender 
conferir a soberania através de um pacto anterior (...) Quando se confere a 
soberania a uma assembleia de homens, ninguém deve imaginar que um 
tal pacto faça parte da instituição (...) a grande autoridade é indivisível, e é 
inseparavelmente atribuída ao soberano (...) o poder soberano inteiro (que 
já mostrei ser indivisível) tem que pertencer a um ou mais homens, ou a 
todos...” (HOBBES, 2000, p. 83, 143-147,150 e 153).
Do seu lado, Rousseau, quem colocou o poder soberano ou soberania nas mãos do povo, afirmando as 
suas características de indivisibilidade e inalienabilidade, chama a soberania também de “força comum”, 
“poder absoluto”, “autoridade soberana”:
 
24
Unidade I
Do pacto social (...) “Encontrar uma forma de associação que defenda e 
proteja com toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado, 
e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedeça, contudo, a si mesmo 
e permaneça tão livre quanto antes”. Esse é o problema fundamental cuja 
solução é fornecida pelo contrato social (...) esse ato de associação produz um 
corpo moral e coletivo composto de tantos membros quantos são os votos da 
assembleia, o qual recebe, por esse mesmo ato, sua unidade, seu eu comum, 
sua vida e sua vontade. Essa pessoa pública, assim formada pela união de 
todas as demais, tomava outrora o nome de Cidade, e hoje o de República 
ou de corpo político, o qual é chamado por seus membros de Estado quando 
passivo, soberano quando ativo e Potência quando comparado a seus 
semelhantes. Quanto aos associados, eles recebem coletivamente o nome 
de povo e se chamam, em particular, cidadãos, enquanto participantes da 
autoridade soberana (...) o poder soberano não tem nenhuma necessidade 
de garantia em face dos súditos (...) Dos limites do poder soberano (...) o 
pacto social dá ao corpo político um poder absoluto sobre todos os seus, e é 
esse mesmo poder que, dirigido pela vontade geral, recebe, como ficou dito, 
o nome de soberania (...) Pela mesma razão por que é inalienável, a soberania 
é indivisível (ROUSSEAU, 1996, p. 20-24, 34-39).
Para Rousseau, então, da mesma forma que para Bodin e Hobbes, o poder do Estado, o poder soberano 
ou soberania é indivisível. Quanto ao titular do poder soberano ou soberania, porém, Rousseau opõe-se 
a Bodin e Hobbes. Para Bodin e Hobbes o titular da soberania é um indivíduo: o monarca, o príncipe. 
Já para Rousseau, o dono, o titular do poder soberano ou soberania é o povo, a cidadania, os cidadãos 
como coletividade.
Num verdadeiro Estado democrático de direito, porém, a soberania (ou poder soberano ou supremo) 
popular não é mera força coercitiva, mas é também, principalmente, soberania humana e humanizadora, pois 
é o poder do povo soberano, seu elemento humano, povo formado por indivíduos-cidadãos com dignidade 
de pessoas humanas. Em razão disso, a soberania do povo é também soberania justa (socialmente justa, 
essencialmente), dialógica, cooperativa, pacífica e pacificadora, isto é, soberania ética ou moral, pois ela se 
autolimita, autorregula e autogoverna pelos princípios éticos ou morais da justiça social.
1.3.4 Governo
O Governo – terceiro elemento do Estado – é uma delegação de soberania nacional, no conceito 
metafisico da escola francesa. É a própria soberania posta em ação, no dizer de Esmein.
Segundo a escola alemã, é um atributo indispensável da personalidade abstrata do Estado. 
Positivamente, é o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da 
administração pública.
Dessa forma, o governo seria apenas uma das instituições que compõem o Estado, com a função 
de administrá-lo. Os governos são transitórios e apresentam diferentes formas, que variam de um lugar 
para outro, enquanto os Estados são permanentes.
25
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Sendo assim, governo é o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da 
administração pública. Deve ser soberano, ou seja, absoluto. No plano interno o poder soberano não 
encontra limites jurídicos. Já no plano internacional a soberania estatal encontra limites no princípio da 
coexistência pacífica das soberanias estatais.
1.3.5 Forma de Estado
Os Estados são divididos conforme indicado a seguir.
Estados unitários
São aquelas formas estatais clássicas, em que se identificam grupos populacionais e território 
tradicionais, com governo nacional único, não importando o grau de descentralização interna dos 
órgãos que o constituem. Exemplo: Brasil.
Estados compostos
Trata-se de uma pluralidade de Estados, perante o direito interno, mas que se projeta na esfera 
jurídica internacional como uma unidade.
• Estado federal: é constituído por Estados-membros conservando autonomia e personalidade 
jurídica de direito público interno. Todavia, a soberania estatal e a personalidade jurídica de direito 
internacional concentram-se num mesmo ente central (União). Podem se formarem por agregação 
ou por segregação. Agregação são Estados pré-existentes que renunciam à própria soberania para 
aglomerarem-se sob nova formação comum, que passará a ser detentora única da personalidade 
de direito público externo. Exemplos: EUA; Segregação o Estado é formado pela descentralização 
de um Estado unitário em vários centros de competência autônomos. Exemplo: Brasil.
• Estado confederal: caracteriza-se pela reunião permanente de Estados independentes e soberanos, 
geralmente com a finalidade de defesa externa e paz interna. A reunião é precedida por tratado 
internacional, reservando-se a cada um dos Estados o desligamento a qualquer tempo da 
confederação. Exemplo: Sérvia e Montenegro.
Estado unitário
Sociedade de estados
Puro
Descentralizado 
administrativamente
Descentralizado 
administrativa e 
politicamente
Confederação
Federação
Formas de estado
Figura 1 
26
Unidade I
1.3.6 Formas de governo
Classificação de Aristóteles
As formas de governo dividiam-se entre normais e anormais.
• Normais: aquelas cujo objetivo era o bem da comunidade.
Ainda podem se subdividir em:
— Monarquia: o governo de uma só pessoa.
— Aristocracia: o governo de uma classe restrita.
— Democracia: o governo de todos os cidadãos.
• Anormais: aquelas que visavam somente a vantagens para os governantes.
— Tirania: forma corrompida de monarquia, governo legítimo, mas injusto; governo que não 
respeita princípios constitucionais; exercício despótico do poder.
— Oligarquia: forma corrompida de aristocracia. Governo em que o poder fica concentrado em 
mãos de uma classe aristocrática.
— Demagogia: forma corrompida de democracia. Estado corrupto da democracia.
Classificação de Maquiavel
Governo da minoria
• Monarquia: forma de governo que se caracteriza pela presença dos seguintes fatores: 
vitaliciedade do governante; hereditariedade como mecanismo de sucessão governamental; 
a irresponsabilidade do monarca pelos atos que praticar; e a ausência de representatividade 
popular. Subdivide-se em:
— Monarquia absoluta: em que os poderes reais são ilimitados.
— Monarquia de estamentos (ou monarquia de braços): na qual o poder é descentralizado 
e delegado.
— Monarquia constitucional: aquela em que o monarca só exerce funções limitadas, geralmente 
restritas ao âmbito do Poder Executivo.
27
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
• Ditadura: governo exercendo arbitrária e absolutamente o Executivo e o Legislativo e, 
excepcionalmente, também o Judiciário.
Governo da maioria
• República: caracterizada pela temporariedade, o governo deve ser exercido por tempo 
determinado, ainda que prevista a reeleição; eletividade, com exigência de eleições periódicas; 
responsabilidade dos agentes públicos; e representatividade popular.
Sistema de governo
• Sistema presidencialista: encontra-se esse sistema nos países cuja forma de Governo é a 
República; Presidente da República exerce o Executivo acumulando as funções de Chefe de Estado 
e Chefe de Governo; investidura e o exercício do mandato do Presidente independem da vontade 
do Legislativo; Legislativo não se sujeita a dissolução e seus membros são investidos em mandato 
com termo certo; divisão e independência entre os Poderes; e plano de governo é estabelecido e 
observado sem a influência do Legislativo, salvo no tocante à posterior prestação de contas.
• Sistema parlamentarista: encontra-se nos países que adotaram a forma de governo a Monarquia 
constitucional; Poder Executivo é dividido entre a chefia do Estado (exercida pelo monarca ou 
pelo Presidente)e a chefia do Governo (de atribuição do Primeiro-Ministro); Chefe do Estado 
nomeia ou indica o Primeiro-Ministro; Primeiro-Ministro é quem nomeia ou indica os demais 
Ministros; o governo deve confiança ao Parlamento, quebrada a confiança, formalizada por uma 
moção de desconfiança ou voto de censura (ambos de deliberação do Parlamento), é dissolvido o 
governo; e o Chefe do Estado poderá dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.
• Sistema diretorial: nesse sistema, as funções executiva e legislativa concentram-se em uma só 
entidade (Assembleia). Exemplo União Soviética
2 TEORIA GERAL DO ESTADO E ORIGEM DO ESTADO
São inúmeras as teorias que visam explicar o momento de formação do estado, destacam -se três:
A primeira determina que o Estado exista desde sempre assim como a própria sociedade, visto que, 
a organização social em que vivemos permeada por poder e autoridade delimita o comportamento 
dos indivíduos.
A segunda teoria propõe que primeiro surgiu a sociedade, e que só depois, para atender às 
necessidades ou às conveniências dos grupos sociais apareceu a figura do Estado, que formou-se em 
momentos diferentes de cada lugares, surgindo de acordo com as condições concretas de cada lugar.
A terceira posição é aquela que só admite como Estado a sociedade política dotada de certas 
características muito bem definida. Nessa concepção, o Estado pode ser visto como conceito histórico 
concreto quando do surgimento da ideia e da prática da soberania, o que ocorre no século XVII. É 
28
Unidade I
possível, segundo alguns autores, determinar o ano do nascimento do Estado, que seria 1648, quando 
foi assinada a paz de Westfália. Alguns consideram ainda a paz de Westfália como o ponto de separação 
entre o Estado Medieval e o Estado Moderno, e em cujos tratados foram fixados os limites territoriais 
resultantes das guerras religiosas. Dessa maneira, destaca-se como características do estado a existência 
de poder organizado, território, povo e soberania.
Exemplo de aplicação
Reflita sobre as teorias naturalistas e contratualistas na origem do Estado.
As teorias naturalistas afirmam que o Estado formou-se de forma espontânea. Apesar de não serem 
coincidentes, apresentam como ponto comum a ideia de concepção natural do Estado.
• Origem familial ou patriarcal: estas teorias situam o núcleo social fundamental na família e 
afirmam que cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado.
• Origem em atos de força, de violência ou de conquista: essas teorias sustentam, em síntese, 
que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe submeter um grupo mais fraco, 
nascendo o Estado dessa conjunção de dominantes e dominados.
• Origem em causas econômicas ou patrimoniais: o Estado teria sido formado para se 
aproveitarem os benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as diferentes atividades 
profissionais, caracterizando-se, assim, o motivo econômico. Destaca-se aqui Engels que além 
de negar que o Estado tenha nascido com a sociedade, afirma que ele “é antes um produto da 
sociedade, quando ali se chega a determinado grau de desenvolvimento.” Uma de suas principais 
obras, “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”.
• Origem no desenvolvimento interno da sociedade: segundo estas teorias, o Estado é um 
germe, uma potencialidade, em todas as sociedades humanas, as quais, todavia, prescindem dele 
enquanto se mantêm simples e pouco desenvolvidas. É o próprio desenvolvimento espontâneo da 
sociedade que dá origem ao Estado.
Existem também as teorias que sustentam a formação contratual dos Estados. Seus adeptos têm em 
comum a crença de que foi a vontade de alguns homens, ou então de todos os homens, que levou à 
criação do Estado. De maneira geral, os adeptos da formação contratual da sociedade é que defendem 
a tese da criação contratualista do Estado.
29
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
ORIGEM DO ESTADO
As teorias sobre a origem do Estado são resultantes de 
racioncínios hipotéticos, entre eles se destacam:
• teorias da origem familiar;
• teorias de origem patrimonial;
• teorias da força.
Nessas teorias o problema da origem do Estado é 
equacionado sob o ponto de vista histórico-sociológico.
Figura 2 
2.1 Justificação do Estado
As principais teorias de justificação do Estado estão indicadas a seguir:
• Teoria do direito sobrenatural: para essa teoria, o estado foi fundado por Deus, o rei é ao 
mesmo tempo sumo-sacerdote, representante de Deus na ordem temporal e governador civil. 
Exemplos: Tibete – faraós no Egito – imperadores na china.
• Teoria do direito divino providencial: para essa teoria o Estado é de origem divina, porém por 
manifestação providencial da vontade de Deus. O poder vem de Deus m as não por manifestação 
visível e concreta de sua vontade, mas, sim, através do seu povo, o poder vem de Deus em abstrato. 
Os homens conformando-se com a vontade divina, devem reconhecer e acatar a vontade do estado. 
Dotados de livre-arbítrio no seu procedimento, os homens organizam os governos, estabelecem as 
leis e confirmam as autoridades nos cargos e ofícios, sob a direção invisível da providência divina 
sempre presente. São representantes dessa teoria, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
• Teorias racionalistas: são denominadas teorias racionalistas, todas aquelas que justificam o 
Estado como de origem convencional, isto é, como produto da razão humana. Encontram-se 
dentre elas, as teorias contratualistas – para eles, o estado nasceu de um acordo utilitário e 
consciente entre os indivíduos.
2.2 Teoria do Estado
O conceito de Estado não é unívoco, visto que pode ser examinado sob os ângulos filosófico, político 
e estritamente jurídico.
O conceito filosófico, delineado por Georg Hegel (1770-1831), evidencia que o Estado deduziria a 
realidade da ideia de uma ética, consistente na síntese do espírito absoluto, a partir da dialética entre 
a família (tese ou espírito subjetivo) e a sociedade (antítese ou espírito objetivo), de arte que “o Estado 
seria uma realidade da vida ética, da vontade substancial, em que a consciência mesma do indivíduo se 
eleva a comunidade e, portanto, ao racional em si e para si”.
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Unidade I
O conceito sociológico, desenhado por Max Weber (1864-1920), expressa que o Estado detectaria 
o monopólio da força física legítima, consubstanciado na institucionalização da violência pelo aparato 
estatal, de maneira que “o Estado seria um agrupamento de dominação que apresenta caráter 
institucional e que procurou, com êxito, monopolizar, nos limites de um território, a força física legitima 
como instrumento de domínio e que, tendo esse objetivo, reuniu nas mãos dos dirigentes os meios 
materiais de gestão”.
O conceito estritamente jurídico, desenvolvido por Georg Jellinek (1851-1911), exprime que o 
Estado deteria o poder político, constituído sobre determinado território e dirigido a certa população, de 
sorte que “ o Estado seria um fenômeno histórico no qual certa população, assentada em determinado 
território, e dotada de um poder originário de mando”.
2.3 Origem do Estado
A origem do Estado e o fundamento do poder político são motivos de divergência entre correntes 
doutrinárias.
• Teoria da origem patriarcal: elaborada por Robert Filmer, defende a sociedade política como 
resultado da ampliação ao desenvolvimento da sociedade humana. Os patriarcas sucessivos 
tinham por seu direito de paternidade uma autoridade real sobre os filhos. Este domínio sobre o 
mundo inteiro, que Adão exercia para obediência e do qual as patriarcas desfrutavam coma se 
o tivessem recebido dele para transmissão legítima, se igualava, por suas dimensões e por sua 
amplitude, a soberania absoluta de todos os monarcas que existiram desde a criação.
• Teoria da origem patrimonial: elucidada par Friedrich Engels, defi ne a sociedade política 
coma resultado da garantia da propriedade e da sociedade humana. Em outras palavras, a 
riqueza passa a ser valoriza da e respeitada como bem supremo. Os homens vivem em sociedadeporque precisam uns dos outros para sobreviver. O Estado nasce para proteger os homens e suas 
propriedades. Além disso, o Estado teria sido formado para se aproveitarem dos benefícios da 
divisão do trabalho, integrando-se as diferentes atividades profissionais, caracterizando-se, assim, 
o motivo econômico.
• Teoria do desenvolvimento interno da sociedade: aquelas sociedades que atingem maior grau 
de desenvolvimento e alcançam uma forma complexa têm absoluta necessidade do Estado, e então 
ele se constitui. É o próprio desenvolvimento espontâneo da sociedade que dá origem ao Estado.
• Teoria da força: a superioridade de força de um grupo social permitiu que este submetesse um 
grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjunção de dominantes e dominados.
Além das teorias abordadas sobre a formação originária do Estado, a criação deste pode se dar por 
formação derivada, mediante:
• Fracionamento: quando uma parte do território se desmembra e passa a constituir um novo 
Estado, seja por meios pacíficos ou violentos.
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ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
• União: quando há uma união de Estados, constituindo-se apenas um.
• Teoria do contrato social: a teoria contratualista, da origem convencional da sociedade humana, 
teve sua gênese mais remota nas especulações filosóficas dos sofistas, de senvolvendo-se na Idade 
Média através da Escola Espanhola. Identificou se com o jusnaturalismo a partir de Hugo Grotius, 
que deu as bases doutrinárias desenvolvidas pelos filósofos do século XVII. Em Emmanuel Kant 
atingiu o contratualismo uma sólida precisão científica.
No mundo moderno foi Thomas Hobbes o mais destacado expositor da ideia do pacto social. Mas 
Hobbes partia do pressuposto de que o homem, em estado de natureza, era de uma ferocidade instintiva 
impeditiva da convivência pacífica. Vivia em estado de luta permanente. 0 homem é o lobo do homem 
– foi sua máxima. Consequentemente os homens realizaram o pacto voluntário constitutivo do Estado, 
delegando cada um, ao governo organizado, a totalidade dos seus direitos naturais de liberdade e 
autodeterminação. Convencionaram todos a sua submissão física e espiritual ao poder diretivo, em 
benefício da paz social e da segurança de todos. Daí a sujeição total do homem ao Estado e o absolutis-
mo necessário do poder soberano.
Os chamados “contratualistas” são os filósofos que defendiam que o homem e o Estado fizeram uma 
espécie de acordo - um contrato - a fim de garantir a sobrevivência.
O ser humano, segundo os contratualistas, vivia no chamado Estado Natural (ou estado de natureza), 
onde não conhecia nenhuma organização política. A partir do momento em que o ser humano se sente 
ameaçado, passa a ter necessidade de se proteger. Para isso, vai precisar de alguém maior e imparcial, 
que possa garantir seus direitos naturais.
Assim, o ser humano aceita abdicar sua liberdade para se submeter às leis da sociedade e do Estado. 
Por sua parte, o Estado se compromete em defender o homem, o bem comum e dar condições para que 
ele se desenvolva. Esta relação entre o indivíduo e o Estado é chamado de contrato social.
Thomas Hobbes
Thomas Hobbes nasceu em 1588 e faleceu em 1679, na Inglaterra. Assim pôde testemunhar as 
mudanças políticas inglesa durante as revoluções burguesas.
Para Hobbes, os homens precisavam de um Estado forte, pois a ausência de um poder superior 
resultava na guerra. O ser humano, que é egoísta, se submetia a um poder maior, somente para que 
pudesse viver em paz e também ter condição de prosperar.
Não por acaso, Hobbes chama o “Estado” de Leviatã, um dos nomes que o diabo recebe na Bíblia, com o 
propósito de reforçar que é a natureza perversa do homem que o faz buscar a união com outros homens.
O Estado, por sua parte, terá o dever de evitar conflitos entre os seres humanos, velar pela segurança 
e preservar a propriedade privada. Desta maneira, somente o rei, que concentra o poder das armas e 
da religião, poderia garantir que os homens vivessem em harmonia.
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Unidade I
Contrato Social sob a ótica de John Locke
John Locke nasceu em 1632 e faleceu em 1702, na Inglaterra. Sua vida discorreu no mesmo período 
da Revolução Inglesa que redefiniu o poder monárquico britânico.
Segundo Locke, o homem vivia num estado natural onde não havia organização política, nem social. 
Isso restringia sua liberdade e impossibilitava o desenvolvimento de nenhuma ciência ou arte.
O problema é que não existia um juiz, um poder acima dos demais que pudesse fiscalizar se todos 
estão gozando dos direitos naturais. Então, para solucionar este vazio de poder, os homens vão concordar, 
livremente, em se constituir numa sociedade política organizada.
O homem poderá influir diretamente nas decisões políticas da sociedade civil seja através do exercício 
da democracia direta ou delegando a outra pessoa seu poder de decisão. Este é o caso da democracia 
representativa, na qual os cidadãos elegem seus representantes. Por sua parte, o Estado tem como fim 
zelar pelos direitos dos homens tais quais a vida, a liberdade e a propriedade privada.
Jean-Jacques Rousseau
Jean-Jacques Rousseau nasceu na Suíça, em 1712 e faleceu na França, em 1778, onde passou a 
maior parte de sua vida.
Ao contrário de Hobbes e Locke, Rousseau vai defender que o homem, no seu estado natural, 
vivia em harmonia e se interessava pelos demais. Para Rousseau, a vida numa sociedade em vias de 
industrialização não favoreceu os homens no seu aspecto moral.
À medida que o desenvolvimento técnico foi ganhando espaço, o ser humano se tornou egoísta 
e mesquinho, sem compaixão pelo seu semelhante. Por sua vez, a sociedade tornou-se corrupta e 
corrompia o ser humano com suas exigências para suprir a vaidade e o aparentar daquela sociedade.
Desta maneira, Rousseau relaciona o aparecimento da propriedade privada com o surgimento das 
desigualdades sociais. Assim, era preciso que surgisse o Estado a fim de garantir as liberdades civis e 
evitar o caos trazido pela propriedade privada.
As ideias de Rousseau serão aproveitadas por vários participantes da Revolução Francesa e também, 
posteriormente, ao longo de todo século XIX pelos teóricos do socialismo.
Vejamos o esquema abaixo em resumo com as ideias propostas acima com seus conceitos e visões 
de mundo acerca do Contrato Social:
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ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Quadro 1 
Filósofo Thomas Hobbes John Locke J.-J. Rousseau
Natureza 
humana O homem é egoísta.
O homem é bom, mas faz a 
guerra para se defender.
O homem é bom, porém a 
propriedade o corrompeu.
Criação do 
estado
Evitar a destruição 
mútua.
Proteger a propriedade 
e assim fazer o homem 
progredir.
Preservar a liberdade civil e 
os direitos dos homens.
Tipo de 
governo
Monarquia absoluta, mas 
sem a justificativa do 
Direito Divino.
Monarquia parlamentarista, 
sem a justificativa do Direito 
Divino.
Democracia direta.
Influência Teria do Direito Moderno. Revolução Inglesa e Constituição Americana.
Revolução Francesa e 
comunismo.
Citação “O homem é o lobo do homem.”
“Onde não há lei, não há 
liberdade.”
“A natureza fez o homem 
feliz e bom, mas a sociedade 
deprava-o e torna-o 
miserável.”
3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO
O Estado é uma organização destinada a manter, pela aplicação do Direito, as condições universais 
da ordem social. Desde o aparecimento como organização, o Estado vem sempre evoluindo.
Sobre a evolução histórica, fala-se na chamada lei dos três estados, formulada por Augusto Comte 
– cada manifestação do pensamento humano passa sucessivamente por três graus teóricos: o estado 
fictício ou teológico, o estado metafísico ou abstrato e o estado positivo ou científico.
Queiroz Lima adotou essa doutrina da seguinte forma:
• O Estado primitivo foi teocrático, isso se explica pelas teorias do direito divino sobrenatural.
• Surge a noção metafísica do Estado, deslocando para a vontade do povo a origem do 
poder soberano.
• Segue-se a noção positiva do Estado, no qual a soberania decorre das próprias circunstâncias 
objetivas, da lei ou da concepção

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