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Pancreatite Aguda 1 🏥 Pancreatite Aguda O pâncreas é um órgão retroperitoneal e altamente vascularizado (pelas artérias gástrica esquerda e pancreatoduodenal) e inervado. Essencialmente parenquimatoso, ele tem aspecto de esponja e essa característica e a sua localização são dois dificultadores da cirurgia. QUANTO MAIS PUDER EVITAR A CIRURGIA, MELHOR! Função exócrina: enzimas digestórias e produção de HCO3; Função endócrina: insulina e glucagon (pancreatite crônica pode levar à um DM1); Fases de ação do pâncreas Fase cefálica: ocorrem estímulos olfatórios e visuais que vão até o córtex cerebral e desencadeiam o início da produção de substâncias exócrinas dentro do pâncreas (liberação de gastrina já começa nessa fase); Fase gástrica: distensão gástrica causada pela chegada dos alimentos gera maior liberação de gastrina; Fase intestinal (final): liberação de colecistocinina. A secretina Tem função de estimular a secreção hidroeletrolítica inicialmente rica em bicarbonato de sódio (secreção alcanina). Age protegendo a mucosa duodenal contra o potencial lesivo do suco gástrico ácido criando um pH alcalino (≥ 7,00) que é ótimo para a ação das enzimas pancreáticas. Colecistocinina (CCK) É um polipeptídeo que tem como principal finalidade estimular as células acinares a produzir secreção rica em enzimas que atuam no processo digestório. Apenas a amilase e a lipase já são lipberadas em suas formas ativas, as demais enzimas são ativadas no inferior do lúmen intestinal alto, sendo a TRIPSINA o principal cofator de ativação. A tripsina, uma vez ativada, ativa todas as outras. A enteroquinase cliva o tripsinogênio em tripsina lá no duodeno, que ativa por sua vez todas as outras. Enzimas pancreáticas inativas Não exercem atividade digestória no tecido pancreático, são produzidas nos ácinos sob forma inativa. São reservadas nos grânulos zigmogênios separadas umas das outras. O fígado produz duas substâncias inibidoras das tripsina: alfa1 - antitripsina e alfa2 - macroglobulina. Definição da Pancreatite Aguda 🚨 É um processo inflamatório agudo do pâncreas com variável envolvimento de outros tecidos regionais ou à distância. Paciente apresentando 2 dos 3 abaixo: - Sintomas sugestivos de pancreatite; - Elevação de amilase ou lipase pelo menos 3x do normal; - Imagem consistente (TC ou RNM; cálcio ou edema no pâncreas); Classificação Quanto ao tipo: Quanto ao tempo de Quanto ao grau: Pancreatite Aguda 2 → Edematosa; → Necrotizante: duração: → Inicial (cerca de 1 semana); → Tardia (após 2ª semana); → Leve; → Moderada; → Grave (também revela necrotizante); Fisiopatologia 🚨 Ativação da enzina tripsina dentro dos ácinos levando à ativação de todas as outras enzimas digestivas, gerando um processo inflamatório local com liberação de mediadores químicos (TNF-alfa e interleucinas 6 e 8), subseguida de vasodilatação e edema inflamatório → Pancreatite Inflamatória. Processo inflamatório persistente gerando cada vez mais uma maior vasodilatação que em consequência gera um edema inflamatório significativo, congestão venosa inicialmente que aumenta ainda mais o edema gerando logo após uma congestão arterial, edema inflamatório se transformando em edema vascular resultando então em isquemia e necrose → Pancreatite Necrotizante. 🚨 FAZER OS DOIS ORGANOGRAMAS RESUMIDOS PARA POR AQUI! Primeira Fase (1ª e 2ª semanas) → Está relacionada a mais de 50% das mortes por pancreatite aguda por conta de disfunção de órgãos e SRIS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica). A grande maioria dessas mortes ocorrem nas primeiras 24h de admissão. → Relacionada ao processo inflamatório com liberação intensa de mediadores inflamatórios que pode levar a: Depressão miocárdica e choque; IRA - hipovolemia e hipotensão; Complicações metabólicas como hipocalcemia, hiperlipidemia, hiperglicemia e cetoacidose diabética; Translocação bacteriana - fonte de infecções; Segunda Fase (após a 2ª semana) → Evolução mais lenta, podendo durar semanas e até meses. → Mortalidade relacionada a: disfunção de órgãos pela necrose, necrose infectada, complicações pós intervenções cirúrgicas. Etiologia 🚨 Mecânica Litíase biliar, lama biliar; → maior causa no mundo. Tóxica Álcool, acidente escorpiano, intoxicação por organofosforados; → maior causa no Brasil, especialmente RJ. Metabólica Hipertrigliceridemia (> 1000mg/dl), hipercalcemia (>10,5 mg/dL); Medicamentosa Derivados de sulfa, antibióticos, azatioprina, anti-hipertensivos, estatinas, codeína, paracetamol, cálcio, estrogênio; Infecção Viral (hep. B, CMV, HIV, herpes simples), bacteriana (micoplasma, salmonela), fungos, parasitas (áscaris); Trauma Penetrante ou confuso; Genética Fibrose cística e outras mutações; Autoimune LES, doença celíaca, Sjogren, colangite esclerosante primária; Outros Pós CPRE, gestação, deficiência de alfa1-antitripsina Pancreatite Aguda 3 🚨 Álcool faz ativação precoce da tripsina e destruição celular. Estímulo da colecistocinina e prematura ativação enzimática, efeito tóxico direto dos metabólitos do álcool. 🚨 TODO paciente que chega na emergência tem que dosar os triglicérides! Causas relacionadas: obesidade, DM, hipotireoidismo, gravidez, medicações (estrogênio, tamoxifeno e betabloq). Manifestações Clínicas 🚨 → Dor epigástrica aguda em barra ou cinturão que pode ou não irradiar para dorso; → Náusea e vômitos (enzima digestória ativada precocemente dentro do pâncreas prejudica a digestão e o quimo fica estagnado); → Febre; → Hipersenssibilidade epigástrica; → Distensão abdominal; → Sinais de Cullen e Gray Turner (revelam hemorragia retroperitoneal e não especificamente pancreatite, aparecem apenas em casos avançados); Manifestações Sistêmicas 🚨 → Aparelho Cardiovascular: Taquicardia e hipovolemia; Hipotensão e choque; Depressão miocárdica; → Aparelho Respiratório: Derrame pleural (esquerdo) → cauda pancreática extravasa o líquido para o interstício que no caso é a pleura esquerda. Atelectasia; Insuficiência ventilatória; → Aparelho Digestivo: Icterícia → 4ª porção do colédoco é intrapancreática, se tem edema então acaba por comprimir e pausar a passagem da bile, gerando a icterícia; Hemorragia digestiva - íntima relação com o pâncreas ou alguma ulceração que piorou; Diagnóstico 🚨 Clínico - todas as manifestações já citadas Laboratorial Amilase → eleva-se entre 6 - 12h do início do quadro e volta ao normal em torno de 3 - 5 dias em casos leves; deve apresentar um aumento maior que 3x para ser critério; 🚨 Problemas da Amilase: 20% de PA por álcool não elevam (não produzem a enzima); 50% de PA TG não elevam pois o TG interfere na medida da amilase; MV Curta - pode perder o diagnóstico se deltaT > 24h de evolução; Não é específica para o pâncreas; Excretada pelo rim - alterações de acordo com a função renal; Pancreatite Aguda 4 Lipase → é exclusiva do pâncreas, é mais sensível para a pancreatite aguda alcoólica; Eleva-se em 8h com pico em 24h e retorna ao normal entre 8 a 14 dias. Eleva-se antes e normaliza depois da amilase, muito sensível para PA alcoólica; Outros testes: peptídeo ativador de tripsinogênio (elevação precoce e marca prognóstico); tripsinogênio-2 sérico e urinário; marcadores de ativação imune (interleucinas 6,8 e 10, TNF e elastase; PCR > 150 em até 48h associa-se à PA grave); Imagem RX simples de tórax, RX simples de abdome, USG abdominal total, TC e RNM. É muito eficaz pois consegue visualizar intra e extrahepático, pâncreas e árvore biliar. Preditores Clínicos Idade avançada: entre 55 a 75 anos; Pancreatite alcoólica: maior risco de necrose pancreática e intubação; Tempo curto entre o início dos sintomas e admissão hospitalar: <24h recidiva de dor abdominal; Obesidade com IMC > 30. Critérios de RANSON - Prognóstico! São critérios para avaliação de prognóstico do paciente, são utilizados quando já se fechou diagnóstico de PancreatiteAguda e sua utilização não serve para diagnóstico. 🚨 Critérios de Balthazar 🚨 Pancreatite Aguda 5 São critérios utilizados para a visualização e interpretação da tomografia computadorizada. → Estabelecem um escore de gravidade da PA definida por achados tomográficos que incluem a presença de inflamação pancreática e peripancreática, além das coleções líquidas, possibilitando a estratificação da PA em cinco graus de A - E. Tratamento 🚨 Caracterizar a gravidade → (escores e avaliar a disfunção orgânica); Solicitar exames → HC, triglicerídeos, lactato, amilase/lipase, ureia/creatinina, PCR; TC para casos duvidosos 🚨 Por que não opioides? R: Pois fazem vasoconstricção de esfíncteres, assim como também o de Oddi piorando o quadro. Conduta de prescrição: 1. Dieta Zero 2. Cateter Nasogástrico (aspiração) 3. Hidratação (reposição volêmica) 4. Analgesia → Dipirona (4ml 6/6h) ou Tramadol (50mg ou 100mg 8/8h) 5. Antiemético 6. Antibiótico 7. Cateter vesical de demora 8. Sinais Vitais (6/6h) Quando devo mandar um paciente para a UTI? 🚨 Pancreatite Aguda 6 Tratamento Cirúrgico Somente em casos de: Abscesso; Perfuração; Infecção; Hemorragia;
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