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CONTROLE CULTURAL DE INSETOS DISCIPLINA: ENTOMOLOGIA APLICADA Profª Dra. Ariadne Waureck Emprego de práticas agrícolas normalmente utilizadas no cultivo das plantas objetivando o controle de pragas. Práticas agrícolas rotineiras para criar um agroecossistema menos favorável ao desenvolvimento e à sobrevivência dos insetos. MIP ❖Objetivos das estratégias ✓Respeitar a capacidade de suporte do ecossistema (limite entre consumo e reposição de energia); ✓ Ruptura das condições de desenvolvimento da praga; ✓ Evitar a dispersão da praga para fora da área de cultivo; ✓ Redução do impacto da injúria: dano MIP Ferramenta fundamental para o manejo populacional Fonte: Pedro T. Yamamoto ❑ Etapas do MIP 1) Diagnose 2) Tomada de decisão 3) Controle ❑ Pragas: dano econômico VANTAGENS LIMITAÇÕES ✓ Tática preventiva e de uso planejado ✓ Dificuldades na adoção ✓ Baixo custo ✓ Baixo impacto ambiental ◼ Principais práticas: ✓ Espaçamento entre plantas ✓Consorciação/Cultivo em faixa REDUÇÃO DA CONTINUIDADE ESPACIAL RUPTURA DA CONTINUIDADE TEMPORAL ✓ Rotação de culturas ✓Época de plantio/colheita REDUÇÃO DA CONTINUIDADE TEMPORAL ❑Rotação de culturas - Prática agrícola que busca alternar anualmente, em uma mesma área, diferentes culturas sequenciais e na mesma estação do ano, segundo um plano previamente definido (sucessão ordenada de diferentes culturas num espaço de tempo, na mesma gleba). ✓ MIP - Visa reduzir o desenvolvimento de pragas (MIP) - Planejamento racional: restabelecer um equilíbrio biológico e dinâmico. ❑Rotação culturas • Plantas: propósitos comercial e de recuperação do solo. Algumas vantagens: - Produção diversificada de alimentos e outros; - Melhora características físicas, químicas e biológicas do solo; - Repõe a matéria orgânica; - Protege o solo da ação dos agentes climáticos; - Interrupção dos ciclos de pragas e doenças; - Aumenta a vida útil dos inseticidas. Exemplo: aveia preta - milheto - soja (para produção de palha) ❑Rotação culturas - Esquemas de rotação podem variar de região para região. - Sul do Brasil: favorável, devido às condições climáticas. MIP ✓ Visa reduzir o desenvolvimento de pragas. ✓ Planejamento racional - prever intervalo mínimo de tempo para retorno do cultivo de uma espécie numa mesma área; - Susceptibilidade da cultura a pragas; - Resíduos: fonte de inóculos ou hospedeiros de pragas; - (ex.: o algodão só deve voltar a ser cultivado numa mesma gleba após intervalo mínimo de dois anos). ❑ Época plantio/colheita – escape da praga - Visa dessincronizar a fase suscetível da cultura com o pico de ocorrência da praga. - Assincronia com a biologia do inseto: resistência ecológica (“Fuga do hospedeiro”). Exemplos: - Utilização de cultivares de ciclo curto e rápida floração/frutificação/maturação no controle do bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis (Coleoptera: Curculionidae) no nordeste. - Plantio no início da época chuvosa reduz os danos de cupins e formigas. REDUÇÃO DA CONTINUIDADE TEMPORAL c o lh e it a v e g e ta ç ã o fl o ra ç ã o s e m e a d u ra PLANTIO EM ÉPOCA NORMAL c o lh e it a v e g e ta ç ã o fl o ra ç ã o PLANTIO ANTECIPADO ❑ Época plantio/colheita – escape da praga ASSINCRONIA FENOLÓGICA: UMA TÁTICA IMPORTANTE EM PROGRAMAS DE MIP ❑ Espaçamento entre plantas REDUÇÃO DA CONTINUIDADE ESPACIAL Espaçamento inadequado: Estresse entre as plantas (competição por nutrientes, água, luz etc.) Plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas oportunistas Cultivo do café (IAC): Cultivo adensado: maior umidade, sombreamento e temperaturas mais amenas (extremamente favorável para a ferrugem e broca- do-café e desfavorável para o bicho-mineiro). ❑ Consorciação REDUÇÃO DA CONTINUIDADE ESPACIAL ✓ Sistema no qual duas ou mais espécies são cultivadas em conjunto, permitindo uma interação biológica benéfica para todas as espécies cultivadas. Ação - Efeito repelente contra pragas (plantas companheiras): plantas aromáticas; - Aumento da biodiversidade de predadores e parasitoides (Ex: pólen e néctar); - Barreiras contra a dispersão biológica de organismos de pragas através da cultura. ❑ Consorciação REDUÇÃO DA CONTINUIDADE ESPACIAL • Exemplo: Consórcio entre tomate e o coentro (aromática). - Redução da população da traça-do-tomateiro e mosca-branca. - Coentro (planta companheira): atua como repelente natural de pragas. Cultivo em faixa: Tipo de consórcio, com o plantio de diversas culturas, distribuídas em faixas, num mesmo local. REDUÇÃO DA CONTINUIDADE ESPACIAL Embrapa/Algodão Região semiárida Ex: Cultivo de algodão orgânico - Plantas utilizadas no consórcio: Algodão, milho, feijão, gergelim, melancia, abóbora. - Tudo na mesma área. A cada cinco faixas de algodão são plantadas cinco faixas de outras culturas. ✓ Aumento da pop. de inimigos naturais ✓ Barreira: evita a dispersão das principais pragas do algodoeiro (bicudo, mosca- branca e o pulgão). ✓ Uso de sementes ou mudas sadias - Certificação de sementes (livres de pragas e doenças) - Tratamento de sementes - Sementes bem colhidas e armazenadas em locais próprios - Mudas: viveiros certificados - Evitar infestações de insetos e doenças que se disseminam através de sementes e mudas; - Manutenção do stand de plantas ◼ Outras práticas Semente sadia Uso de sementes ou mudas sadias ◼ Outras práticas • Exemplo: Sphenophorus levis – Bicudo-da-cana - Fase larval: danos nos colmos, escavando galerias, afetando o stand da cultura e a produtividade. - Reduzem a longevidade dos canaviais (não passam do segundo corte). - Disseminação: trânsito de mudas (inseto praticamente não voa e seu caminhamento é lento). Controle cultural - Não realizar o plantio de mudas oriundas de áreas afetadas S. levis Danos da larva no colmo (próximo a raíz) Exemplo: Controle da Mosca-branca e formiga cortadeira em algodão no Nordeste. Planta armadilha: gergelim (Sesamum indicum L.), variedade “BRS SEDA” - Resistente a seca - Interesse econômico e nutricional • Plantio nas bordaduras - Plantar o gergelim nas bordaduras de algodão utilizando 3 a 5 fileiras para áreas pequenas de algodão (até 5 ha) e 10 fileiras para áreas maiores (a partir de10 ha). ◼ Outras práticas Cultura armadilha – plantar variedades susceptíveis ao redor ou mesmo no interior da área de cultivo, para atrair os insetos-praga para as mesmas e, sobre elas realizar o controle. Eliminar hospedeiros de pragas – eliminar plantas que que possam ser utilizadas pelas pragas como fontes alternativas de alimento e/ou abrigo. ◼ Outras práticas ✓ Exemplo - Eliminação de plantas hospedeiras antes do plantio para controle de Helicoverpa armigera, visando tornar o ambiente desfavorável à praga – redução da população de praga. ◼ Eliminar hospedeiros de pragas ✓ Práticas para eliminação de plantas hospedeiras: • Dessecação sequencial; • Eliminação de tigueras/rebrota (soja- algodão) na pós-colheita; • Eliminação da Ponte Verde na entressafra; • Adoção de vazio sanitário – depende da cultura; • Destruição de restos culturais Lei!!! • Destruição dos restos da cultura no algodoeiro - Controle do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), lagarta- rosada (Pectinophora gossypiella) e da broca-da-raiz (Eutinobothrus brasiliensis). • Rebrota após a colheita: restos culturais (soqueiras) produzem estruturas reprodutivas adequadas à alimentação e oviposição do bicudo e outras pragas por um período 3 a 4 semanas. Manejo Algodão: • Redução de mais de 70% da população de insetos em quiescência (sobrevivem a entressafra) • Recomendação: pelo menos, 70 dias isentas de restos culturais de algodoeiro - trituração dos tecidos vegetais (mecânico) - aplicação de herbicidas (químico) Controle legislativo!!! ◼ Eliminar hospedeiros de pragas Vazio Sanitário: é um período de ausência de plantas vivas (cultivadas ou voluntárias) nas lavouras de culturas como soja,feijão e algodão. Na soja por ex. pode variar de 60 a 90 dias • Períodos de vazio sanitário da soja Paraná (2017/2018): de 10 de junho a 10 de setembro (85 dias) - Período variável: Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ferrugem- asiática ) Controle legislativo!!! Feijão em MG: 15 de set a 25 de out 2017 Alagoas de jan. a mar. de 2015: feijão, milho, algodão, sorgo (milho-zaburro) e soja. Sistema de plantio – A manutenção da palhada no solo, por exemplo pode repelir algumas espécies de pragas. Considerado também um método de controle físico (radiação ultravioleta do substrato). ◼ Outras práticas Exemplo: ✓ Palha de arroz na cobertura de solo têm acentuado efeito na repelência sobre Brevicoryne brassicae no cultivo de brássicas. B. brassicae Cultivo de couve-flor em cobertura morta: palha de arroz ◼ Outras práticas: Poda ou desbaste – cortar e destruir, principalmente, os ramos de plantas perenes atacados por brocas, para evitar que as mesmas alcancem o tronco e cause a morte da planta. Controle cultural para o controle da vespa da madeira Sirex noctilio???? Preventivo: Poda das árvores: evitar o estresse entre as plantas (competição). • Praga oportunista S. noctilio ◼ Outras práticas: Ex: aspersão pode causar redução das populações de pulgões. (Pode também ser considerado como método mecânico). Manejo da água – insetos que preferem ambientes secos (irrigação) e outros se adaptam melhor em locais úmidos (drenagem). ◼ Principais práticas: Nutrição da planta – Planta equilibrada nutricionalmente é mais resistente ao ataque de pragas. • K: fundamental no metabolismo da planta, ligado à resistência dos vegetais às pragas e patógenos, atuando na translocação dos aminoácidos da fonte para o dreno. • Excesso N: pode aumentar a quantidade de aminoácidos circulantes na seiva do floema. - Aminoácidos: principal nutriente de sugadores - Aumenta a população de pulgões ✓ Redução do impacto da injúria: dano ◼ Principais práticas: ✓ Redução do impacto da injúria: dano • Variedades resistentes ou tolerantes: Cultivar plantas que desfavoreçam o crescimento, reprodução e sobrevivência dos insetos, devido às suas características morfológicas, físicas e químicas. Exemplo: • Plantio de cultivares de milho com bom empalhamento da espiga para controle da Lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea (Lepidoptera: Noctuidae); Caracterísitica morfológica de resistência. • Cultivo de milho IAC-100: resistente a percevejos Obs: Aumento da resistência pode ser via adubação (macro e micronutrientes).
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