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Atendimento de Urgência e Emergência Gastroenterologica

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Urgência e Emergência 
Gastrointestinal
Prof. Me. Diego Freitas de Araújo
Doutorando em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN-UFRJ, ligado ao grupo de pesquisados Fundamentos do Cuidado 
de Enfermagem (Nuclearte). Membro do Grupo Interdisciplinar (de Pesquisa, Ensino e Extensão) de Atenção as Situações de Desastres(UFRJ).
E-mail: diegoenfufrj@gmail.com
Emergências Gastrointestinais
Exame Físico 
ABDOMEM
Realizar uma boa anamnese é fundamental na elaboração do diagnóstico,
somente com a história clínica bem estruturada é possível elucidar 70% dos
diagnósticos das doenças do aparelho digestivo.
A anamnese aliada a um exame físico adequado tem a potencialidade de
estabelecer 80% dos diagnósticos.
Portanto, ouvir a queixa do paciente é essencial para o esclarecimento
diagnóstico.
Deve-se observar que o paciente não se limita tão somente a queixa
apresentada, é necessário abordar o paciente como um todo, conhecer seu
momento de vida, o que a patologia está causando na dinâmica familiar, ou
seja, o paciente tem que ser avaliado em sua totalidade. Por questões didáticas
iremos focar somente no aparelho digestivo
Exame Físico 
ABDOME
Estrutura da anamnese
•Identificar a história da doença atual, caracterizando os sintomas, tempo de
instalação do quadro, identificar os sintomas associados. Caracterizar o tipo de dor
(cólica, pontada, facada, queimação), frequência da dor, intensidade, fatores de
agravação ou alívio, irradiação da dor. Identificar os sintomas associados à dor, tais
como alteração de ritmo intestinal, saciedade precoce, vômitos e náuseas,
hematêmese, melena, icterícia, emagrecimento.
•Interrogatórios de aparelhos e sistemas.
•Identificar fatores de risco associados- tabagismo, etilismo, fatores sociais.
•Antecedentes patológicos, cirurgias prévias.
•Antecedentes familiares.
•Nutrição e hábitos de mastigação.
•Ocupação
Exame físico
O exame físico deve ser geral, com foco no abdome. Importante verificar os sinais vitais,
assim como o estado geral do paciente, itens necessários para realizar uma correta
classificação de risco e importante na elaboração da hipótese diagnóstica.
O exame físico deve ser considerado como uma arte que deve ser desenvolvida
diariamente pelo médico.
Após ter realizado o exame geral, iniciar o exame físico na cavidade oral do paciente.
a importância do sistema mastigatório na manutenção da higidez do aparelho digestivo.
Deve-se ter especial atenção às áreas de: assoalho da boca, porções ventro-lateral e base
posterior da língua, palatopilares anterior e posterior, espaço retromolar......
•A sequência do exame físico do abdome deve obedecer esta ordem:
•Inspeção;
•Ausculta;
•Percussão;
•Palpação
O abdome é subdividido em nove regiões:
http://production.latec.ufms.br/new_pmm/u1a5.html
Sistema de referência anatômico
Divisão em quadrantes do abdômen 
TÉCNICAS
1. Inspeção;
Na inspeção observa-se a superfície da parede abdominal, contorno, presença de
assimetrias, características da pele, presença de circulação colateral, forma do abdome e
cicatrizes cirúrgicas
2. Ausculta;
São descritos os sinais acústicos, utilizando-se do estetoscópio, auscultando-se os quatro
quadrantes do abdome, especialmente a área central, durante dois a três minutos, com a
finalidade de identificar timbre, frequência e intensidade dos movimentos hidroaéreos,
além de procurar identificar a existência de sopros.
3. Percussão;
A percussão deve ser suave, apoia-se o dedo indicador e médio da mão esquerda sobre a
parede abdominal, percutindo com a mão direita. O ruído fisiológico é o timpanismo.
4. Palpação.
Deve-se proceder à palpação superficial e profunda, com objetivo de identificar alteração
em vísceras, presença de tumorações, dor, resistência em parede.
Alterações Simétricas
Abdome retraído- muito achatado no diâmetro anteroposterior, com visibilidade dos
bordos costocondrais, cristas ilíacas e sínfise púbica. Ocorre em indivíduos com
caquexia, especialmente naqueles com desidratação importante.
Abdome globoso- apresentando distensão uniforme e regular; encontrado em
indivíduos obesos, portadores de ascites, em pacientes com grande meteorismo
intestinal (obstrução intestinal) e em portadores de grandes tumores abdominais.
Abdome de batráquio- caracterizada por dilatação exagerada de flanco, com aumento
de diâmetro lateral, ocorrendo em indivíduos com ascite e obesos com diminuição da
tonicidade da musculatura de parede abdominal
Abdome em avental- caracterizado pela queda do hipogástrio sobre a sínfise púbica,
ocorre em grandes obesos, associada à fraqueza da parede muscular.
Alterações Assimétricas
Peristalse
A peristalse visível pode ocorrer em pacientes emagrecidos e com musculatura
abdominal pobre, sendo possível a identificação de peristalse de alças do intestino
delgado.
A observação de peristaltismo visível tem grande importância diagnóstica, indicando
a existência de obstáculo ao trânsito intestinal; a peristalse sempre se processa no
sentido do isoperistaltismo, servindo para identificar o segmento intestinal sede das
contrações, indicando assim, a localização do obstáculo, ponto onde morrem as ondas
peristálticas.
O peristaltismo visível em estômago indica a existência de obstáculo em piloro ou em 
1ª porção do duodeno; o sinal acústico é a patinhação e o sintoma associado é o 
vômito de estase. 
A causa mais comum de obstrução de antro gástrico são o câncer gástrico e úlceras 
pépticas estenosantes. A presença de contração em estômago e peristalse visível em 
duodeno permitem a identificação de obstáculo em ângulo duodeno-jejunal.
O peristaltismo de intestino delgado
O peristaltismo do intestino grosso
Retrações
As retrações generalizadas ocorrem em indivíduos caquéticos, como nos casos de
pacientes com estenose de esôfago ou piloro ou em desidratados graves. Importante
apontar a retração generalizada que pode ocorrer na cólica saturnina, no tétano,
meningite e nas crises tabéticas.
Edema de Parede
O edema quando restrito à região abdominal indica a existência de processo
inflamatório intracavitário.
Sistema Venoso
A presença de vascularização visível em parede abdominal indica obstáculo na
circulação venosa profunda. As veias que conduzem um caudal aumentado são
caracterizadas pela sua tortuosidade e dilatação; deve-se definir o sentido da corrente
sanguínea para identificar qual dos sistemas venosos está obstruído.
os tipos de circulação colateral:
Circulação colateral tipo portal:
Circulação colateral tipo cava inferior:
Circulação colateral tipo cava superior-
Circulação colateral do tipo misto
Contorno;
Simetria (TU de ovário, fecaloma);
Movimento superficial;
Massas;
Abaulamento;
Distensão;
INSPEÇÃO
Pele: Coloração, Lesões e estrias. 
Achados inesperados como icterícia e 
cianose; 
Cicatrizes.
Cicatrizes: 
Apendicectomia: Fossa ilíaca D
Colecistectomia: Hipocôndrio D
Histerectomia: Infraumbilical 4
Hérnias: Inguino-escrotal e Umbilical
Atenção para pacientes com hemorragias peritoneais e pacientes com 
pancreatite hemorrágica!!!
Umbigo 
• A posição; 
• Formato; 
• Coloração; 
• Sinais de inflamação; 
Sinais de inflamação; 
• Drenagem; 
• Massas protusas; 
• Hérnia
Forma e volume: 
• Abdômen Normal : ao mesmo nível do Abdômen 
Abdômen globoso: Mais alto que o tórax 
1. Gravidez; 
2. Ascite; 
3. Tecido adiposo; 
4. TU de ovário; 
5. Alças intestinais repletas de ar.
INSPEÇÃO
O umbigo geralmente é plano, quando
apresenta-se com protusão, pensar na
possibilidade de ascite ou hérnia
umbilical.
AUSCULTA
Sons resultantes da motilidade intestinal;
Ruídos vasculares;
Ruídos hidroaéreos;
São descritos os sinais acústicos, utilizando-se do estetoscópio, auscultando-se os
quatro quadrantes do abdome, especialmente a área central, durante dois a três
minutos, com a finalidade de identificar timbre, frequência e intensidade dos
movimentos hidroaéreos, além de procurar identificar a existência de sopros.
Os ruídos vasculares incluem os soprosque
podem ser sistólicos ou contínuos:
AUSCULTA 
Condições normais: ar e líquidos se movem provocando suaves sons de 
borbulha
Os ruídos não ocorrem de forma regular( 5 a 20 segundos regular– 1min) 
Realizar a ausculta durante um tempo maior, o melhor momento entre as 
refeições.
Achados: 
1. Normais ou audíveis; 
2. Ausentes: paralisia da motilidade gástrica 
Causas: íleo paralítico, anestésico etc
3. Hiperativos: aumento do tipo “trovoada” 
Causas: Inflamação intestinal e laxante. 
4. Hipoativos
A aorta torácica passa pela linha média através
do abdômen; O estreitamento da aorta pode
provocar ruídos anormais provocar ruídos
anormais- sopros abdominais.
O ruído fisiológico é o timpanismo.
Pode-se identificar quatro tipos de sons: timpânico, hipertimpânico, submaciço e maciço.
A percussão sobre uma área sólida revela o som maciço; é o típico som obtido ao se
percutir a região hepática.
O som timpânico pode ser melhor identificado em área gástrica, na posição supina,
devido ao conteúdo gasoso do estômago (bolha gástrica) e no espaço de Traube.
Importante apontar que não é um método seguro para se afirmar que existe
hepatomegalia, pois o órgão pode estar rebaixado, como ocorre em pacientes com
enfisema pulmonar.
Ao se percutir a região correspondente ao baço, obtém-se som timpânico. A área de
nítido timpanismo é denominada de espaço de Traube.
PERCUSSÃO
Mapeamento dos órgãos; 
Identificação de massa subjacentes; 
Identificação 
1. Sons maciços: Identificação dos limites do fígado 
2. 2. Sons timpânicos 
Percussão Renal para excluir a presença de lesão: ângulo costovertebral
com a superfície ulnar da mão.
Palpação suave 
Deve-se proceder à palpação superficial e profunda, com objetivo de identificar alteração 
em vísceras, presença de tumorações, dor, resistência em parede.
É importante anotar variações de sensibilidade, consistência, diâmetro, forma e mobilidade 
das estruturas palpadas.
Durante o exame deve-se observar as seguintes características:
Localização; Sensibilidade; Dimensão: Consistência; Superfície; Mobilidade; Pulsação
Nos quatro quadrantes iniciando onde não dói; 
Pressionando 1,3 cm; 
Objetivos: 1. Tônus muscular 2. Resistência da parede abdominal (tensão localizada ou geral); 
3. Presença de massas /globo vesical; 4. Pesquisar dor
Massa que apresente pulso corresponde a uma dilatação da artéria, apresenta 
aumento intermitente de volume da massa a cada sístole cardíaca. Massas 
sólidas encostadas na aorta podem transmitir a pulsação arterial, porem não 
apresenta variação de tamanho de acordo com o pulso sistólico.
Palpação profunda 
Pressionando 2,5 a 7,5 cm;
Não é feita em incisão cirúrgica ou órgãos extremamente dolorosos; 
Objetivos: 
1. Em caso de dor testar descompressão brusca ( peritonite);
PALPAÇÃO
Palpação dos órgãos da cavidade abdominal:
1. Fígado:
Geralmente não palpável no adulto normal
1 cm abaixo rebordo costal;
Técnica: Mão E abaixo do tórax posterior D Técnica: Mão E abaixo do tórax posterior
D12º costela aplicando uma pressão para cima coloca a mão D sobre o QSD a baixo da
borda inferior do fígado e pressiona suavimente para dentro e para cima. Inspiração
profunda
Achado: Contornos regulares e borda fina. (granulosa, nodular, irregular).
1. Baço: normalmente não é palpável
2. Bexiga: Não palpável normalmente;
3. Rins: Indolores (superfície ulnar da mão)
4. Viceromegalias: Hepatomegalia e Esplenomegalia.
Abdome Agudo
Quadro de instalação súbita de dor abdominal, geralmente grave, demandando a
realização de rápido diagnóstico a fim de evitar complicações irreversíveis ou a
morte do paciente. Importante observar que nem todos os quadros de abdome
agudo terão desfecho cirúrgico, a exemplo da pancreatite aguda.
Os quadros de abdome agudo podem ser classificados em:
Inflamatório:
Perfurativo:
Obstrutivo:
Hemorrágico:
Isquêmico:
A dor abdominal aguda encontra-se entre as 25 causas mais frequentes de consulta
ambulatorial em atenção primária, sendo que estudos de demanda realizados no Brasil
apontam uma prevalência de 1% entre as queixas apresentadas, segundo Trindade
(2012).
Ao realizar o atendimento de um paciente com dor abdominal aguda é essencial
diferenciar se o caso é uma emergência que demande um encaminhamento urgente
para um serviço hospitalar ou se é um caso que pode ser manejado ambulatorialmente.
Os Sinais de Sintomas
Uma história detalhada, caracterizando a dor, quanto ao tipo de dor (cólica, queimação,
facada, pontada), localização, irradiação, intensidade, tempo de aparecimento dos
sintomas; fatores de agravação ou alívio da dor; a presença de sintomas e sintomas tais
como vômitos, distensão abdominal, hematêmese, melena, icterícia, alterações urinárias
e de hábito intestinal, emagrecimento ou febre.
A causa da dor abdominal pode ser ainda de origem extra-abdominal, em decorrência de
patologias como pneumonias ou infarto agudo do miocárdio ou em decorrência de
alterações metabólicas (por exemplo: cetoacidose diabética)
A dor abdominal pode ter origem visceral, parietal ou ser referida.
Verificar os sinais de alarme: estes são fatores preditivos de ocorrência de patologias
de maior gravidade e risco de morte. Os sinais de alarme são:
1.Dor que muda de localização;
2.Dor que desperta o sono;
3.Dor que persiste por período maior que 6 h;
4.Dor seguida de vômitos;
5.Emagrecimento involuntário.
Sinais e manobras
Carnett
Útil para diferenciar a dor abdominal de origem visceral da dor da parede
abdominal. O teste é realizado ao definir-se a área de maior dor à palpação. Em
seguida, o paciente flete a parede abdominal e o ponto é palpado de novo. A dor
que é menos intensa à palpação com o abdome fletido tem alta probabilidade de
ser visceral. E se a dor permanecer igual ou piorar com essa manobra,
provavelmente é proveniente da parede abdominal (teste positivo) ou de causa
não orgânica.
Murphy
Cessação abrupta do esforço inspiratório do paciente durante a palpação profunda do
quadrante superior direito é sugestiva de colecistite aguda.
Blumberg
Dor no ponto de McBurney à descompressão súbita. Sugere irritação peritoneal
secundária à apendicite aguda.
Rovsing
Caracteriza-se pelo aparecimento de dor no quadrante inferior direito durante a
compressão exercida no lado esquerdo. Sugere irritação peritoneal, como na apendicite
aguda e na pelveperitonite.
Abdome Agudo Inflamatório
As causas mais frequentes são a apendicite, pancreatite e diverticulite.
Apendicite Aguda
É a causa de maior frequência, provavelmente a doença cirúrgica mais comum no
abdome. Tem maior incidência nas segunda e terceira décadas de vida, sendo seu
agente fisiopatológico a obstrução do lume apendicular por fecalito ou processo
inflamatório.
O quadro clínico caracteriza-se por dor iniciada em epigástrio e região periumblical e
posteriormente em fossa ilíaca direita (FID); dor de caráter contínuo ou intermitente,
agravada pelos movimentos, acompanhada de náuseas e vômitos, febre. Não há
comprometimento do estado geral do paciente.
No exame do abdome procure identificar os sinais classicamente conhecidos:
•Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca em FID;
•Sinal de Rovsing: dor referida em FID ao se realizar a palpação profunda de fossa ilíaca
esquerda (FIE) e flanco esquerdo;
•Sinal de Lapinsky: dor em FID quando realizada a palpação profunda em ponto de
MacBurney com o membro inferior hiperestendido e elevado.
A percussão deve começar em ponto distante do ponto de MacBurney, em direção à
FID, nela ocorrerá dor à percussão, expressão do processo de irritação peritoneal
Doença desencadeada por processo inflamatório, em decorrência da ativação
incorreta de enzimas pancreáticas, que levam a edema, hemorragia e necrose
pancreática e peripancreática. Tem repercussão sistêmica desde hipovolemia até a
comprometimento de diversos órgãos e sistemas, podendo evoluir para óbito.
Pancreatite Aguda
Sendo que 80% dos casos estão relacionados ao Etanol e litíase biliar. Outras causas
estão relacionados à hipertrigliceredemia,hipercalcemia, trauma abdominal, trauma
operatório e reação à fármacos. No estudo de Ardengh (2009), 10 a 30% dos casos não
tiveram etiologia aparente, sendo que 25 a 50% tiveram recidiva nos dois anos
subsequentes, com alta morbimortalidade.
os quadros de pancreatite podem ser classificados em:
Leve:
Grave:
Abdome Agudo Perfurativo
Dentre as urgências abdominais não traumáticas, o Abdome Agudo Perfurativo é
uma das síndromes mais frequentes. É a terceira causa de abdome agudo, depois
do inflamatório e do obstrutivo.
Sua etiologia é variada e podem ser decorrentes de processos inflamatórios (úlcera
péptica e diverticulite), neoplásicos, infecciosos, ingestão de corpo estranho,
traumatismos e iatrogênicas. A mortalidade pode chegar a 10%.
Uma das principais características desta urgência médica é a dor de início súbito, intensa e
difusa em todo abdome, levando o paciente a procurar rapidamente os serviços de
urgência/emergência.
Nas perfurações altas, como por exemplo, as causadas pela úlcera péptica, os sucos
digestivos que extravasam, levam a uma peritonite química, seguido de proliferação
bacteriana e consequente processo infeccioso. Nas perfurações baixas do trato digestivo,
a peritonite é infecciosa desde o início, evoluindo rapidamente de um quadro focal, para
um sistêmico.
http://production.latec.ufms.br/new_pmm/u2a5.html
Uma investigação clínica bem dirigida e um 
exame físico minucioso, além de enquadrar 
a urgência como um abdome agudo 
perfurativo, podem ainda dar pistas 
importantes sobre a etiologia, extensão e 
gravidade do quadro abdominal.
O quadro clínico
No exame físico além da dor à palpação é possível identificar a
presença do sinal de Jobert, caracterizado pela perda da macicez
hepática à percussão.
Abdome Agudo Perfurativo
Úlcera Péptica
A perfuração da úlcera péptica é responsável por 5-10% das cirurgias
abdominais de urgência. Caracteriza-se pela ruptura da lesão, com
extravasamento do conteúdo digestivo (alimentos e suco gástrico, etc).
Pode ser decorrente de úlceras agudas (história de Etanol, corticoterapia,
antinflamatórios, aas), ou úlceras de evolução crônica, cujos sintomas
habituais subitamente mudam, com exacerbação da dor, desaparecimento
dos movimentos peristálticos e sinais de peritonite.
Ao exame físico:
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Divertículos
Conforme vimos anteriormente nesta Unidade, a doença diverticular predomina no
sigmoide, podendo entretanto, surgir em todo cólon, atingindo até 60% dos
pacientes com mais de 80 anos. Destes, até 25% irão evoluir com diverticulite,
sendo que ¼ destes pacientes vão apresentar complicações como a perfuração.
A dor é aguda e intensa, variando entre localizada e generalizada, dependendo de
fatores como extensão da lesão, conteúdo extravasado e bloqueio ou não. Ainda
sinais de septicemia e de irritação peritoneal.
O médico assistente, na suspeita de Abdome Agudo Perfurativo deve pesquisar a
existência de diagnóstico prévio de doença diverticular, principalmente em
pacientes idosos.
Ferimentos
O trauma abdominal é muito comum em situações de emergência. A
dificuldade em determinar a dinâmica do trauma, lesões em tórax e
nádegas que podem repercutir no abdome e alterações do sensório, devido
a traumatismo cranioencefálico, podem dificultar o diagnóstico e o
tratamento do trauma abdominal.
Manifestações clínicas do traumatismo abdominal:
Os ferimentos de dorso, períneo, nádegas e tórax podem comprometer estruturas 
abdominais. Assim, todos os ferimentos que comprometem essas regiões devem ser 
considerados abdominais, até prova em contrário
Abdome Agudo Obstrutivo
Síndrome caracterizada por presença de obstáculo mecânico ou funcional que leve
a interrupção da progressão do conteúdo intestinal.
Pode ser classificado segundo:
•Altura do obstáculo:
•Fatores desencadeantes:
•Grau de oclusão
•Tempo de instalação:
•Situação de irrigação e vitalidade de alças:
•Forma de obstrução:
De acordo com Francisco et. al. (2008), os quadros de obstrução intestinal são
responsáveis por 20% das internações hospitalares e a mortalidade è menor que
10%. Aderências é a principal causa dos quadros obstrutivos, seguido por hérnia
estrangulada e neoplasia intestinal, segundo Vidal (2005).
As patologias que podem resultar em obstrução intestinal:
Intestino delgado: aderências, hérnias inguinais, íleo biliar, bezoar, bolo de áscaris,
estrongiloidíase, tuberculose, massas abdominais tumorais (linfoma, adenocarcinoma,
metástases peritoniais, tumores mesentéricos e massas abdominais
Cólon: 55% dos pacientes têm adenocarcinoma primário de cólon, torção de volvo 12%
dos casos, diverticulite em 10% dos pacientes.
Abdome Agudo Hemorrágico
A hemorragia intra-abdominal espontânea é rara. Está presente em aproximadamente
2% dos pacientes adultos que procuram os serviços de emergência com dor abdominal.
Apesar de rara, pode ser fatal, com taxas de mortalidade que chegam a 40% nos
pacientes não-operados e de 100% nos operados sem identificação do foco
hemorrágico
As causas são numerosas e incluem doenças como a ruptura de aneurisma da aorta ou
de outras artérias viscerais, o traumatismo abdominal, as neoplasias malignas de vísceras
sólidas, os processos inflamatórios erosivos...
A dor abdominal
Quando a perda sanguínea
Nos casos de hemorragia intra-abdominal, súbita, maciça e contínua, o paciente pode
evoluir rapidamente para o choque. Nessa situação, deve-se iniciar as medidas de
reanimação e adiar os procedimentos diagnósticos
Hematoma Retroperitoneal Espontâneo
A hemorragia retroperitoneal espontânea pode originar-se em qualquer órgão ou vaso 
dessa região.
As causas mais frequentes de hematomas retroperitoneais espontâneos são doenças
dos rins, das glândulas suprarrenais, do pâncreas, além de doenças vasculares e
coagulopatias.
Em cerca de 60% das hemorragias retroperitoneais espontâneas, as causas são
tumores renais.
Abdome Agudo Isquêmico
O Abdome Agudo Isquêmico é uma síndrome em que uma das principais
características é a dor abdominal intensa, desproporcional às alterações do exame
físico.
A apresentação da doença isquêmica intestinal irá depender da localização,
comprometimento do órgão e acometimento vascular. Recebe a classificação de:
isquemia mesentérica aguda, isquemia mesentérica crônica e isquemia colônica.
Hemorragia Digestiva
Apresenta-se como uma das causas que levam à internações de urgência. Portanto,
entender os elementos que a caracterizam e a conduta são fundamentais para reduzir
a morbi-mortalidade destes pacientes. A hemorragia digestiva caracteriza-se por
hematêmese e melena (hemorragias por causas situadas acima do ligamento de Treitz,
alta), enterorragias (hemorragias por causas abaixo do ligamento de Treitz, baixa).
Projeto diretrizes. Geralmente as expressões da hemorragia digestiva alta (HDA) são a
hematêmese e a melena, contudo em HDA com grande volume, pode ocorrer
enterorragias, assim como lesões de cólon direito ou delgado terminal, podem
ocasionar melena
Hemorragia Digestiva Alta (HDA) Hemorragia Digestiva Baixa (HDB)
Varicosa e não varicosa
O objetivo do tratamento da HDA é a correção do choque hipovolêmico, realização da
hemostasia, prevenção do ressangramento e complicações associadas à HDA.
Frente a um paciente com hemorragia digestiva deve-se avaliar estado hemodinâmico,
existência de palidez cutâneo mucosa, temperatura de extremidades, enchimento do leito
ungueal, sinais clínicos de doença hepática, pulso e pressão.
A perda sanguínea pode ser avaliada pelos parâmetros de frequência do pulso e pressão
arterial.
Doenças do aparelho digestivo
Doenças do Esôfago e Estômago
Doença do refluxo gastroesofágico
Todos os indivíduos normais apresentam episódios de refluxo gastroesofágico ao longo
do dia. A defesa normal esvazia o esôfago rapidamente e os fatores de defesa protegem
a mucosa esofágica. O hábito alimentar, utilização de etanol e tabaco interferem
diretamente neste mecanismo.
Quadro Clínico
Sintomasde pirose/ azia e regurgitação são muito sugestivos de DRGE
Atualmente o diagnóstico é fechado por um quadro clínico compatível e a presença de
sintomas típicos por mais de duas vezes por semana e mais de dois meses de duração
Exames subsidiários
Endoscopia digestiva alta identifica a presença de esofagite em apenas metade dos
portadores de DRGE, sendo muito útil para o estadiamento da intensidade desta doença.
Guias de conduta americanos sugerem tratamento direto, sem investigação
complementar nos casos de sintomas típicos, quando não houverem sinais de
complicações ou sinais de alerta
Úlcera péptica
A doença ulcerosa péptica teve grande diminuição em sua prevalência nas últimas 
décadas e o reconhecimento da sua fisiopatologia muito ajudou neste progresso
O clássico aforisma “sem ácido sem úlcera” continua válido. Trata-se de uma 
doença onde os fatores de proteção da mucosa gastroduodenal são vencidos pelos 
fatores agressivos. Em cerca de 80% das úlceras gástricas e 95% das duodenais, à 
bactéria espiralada H. pylori toca o papel central da etiologia.
Quadro Clínico
A dor epigástrica com ritmo é o sintoma 
mais típico.
No caso da úlcera duodenal o ritmo é doe-come-passa enquanto nos 
portadores de úlcera gástrica é come-doe-passa.
Dispepsia funcional (gastrite)
O termo “gastrite” tende ao desuso entre os gastroenterologistas. Este termo é usado
indiscriminadamente por pacientes para descrever uma ampla gama de sintomas,
podendo induzir o médico generalista a erro diagnóstico como se fosse um entidade
específica. Para os médicos patologistas representa a inflamação específica da
mucosa gástrica. Esta inflamação, que seria a verdadeira gastrite não tem correlação
com os sintomas apresentados pelo paciente.
Quadro Clínico
Trata-se de doença funcional do aparelho digestivo com alta prevalência. Utiliza-se a 
classificação de Roma III para definir os distúrbios funcionais do aparelho digestivo e 
o principal para o sistema gastroduodenal é DISPEPSIA FUNCIONAL, cujos critérios 
são:
Alteração do Hábito Intestinal
Diarreia
A diarreia é uma síndrome clínica podendo ter diversas etiologias, sendo caracterizada
pelo aumento do número de evacuações, do volume e diminuição da consistência das
fezes. O número de evacuações consideradas normal varia entre três vezes ao dia a
três vezes por semana.
Quadro Clínico
A diarreia (CASTILHO et al, 2012; FARTHING e SALAM, 2012) pode ser classificada
segundo:
Cronologia:
1.Aguda: presença de 3 ou mais evacuações de consistência aquosa em período de 24
h;
2.Persistente: episódios de diarreia com duração maior que 14 dias;
3.Crônica: episódios de diarreia com duração acima de 30 dias.
Presença de sintomas associados:
1.Disenteria: diarreia sanguinolenta, sangue visível, muco e febre.
Classificação de gravidade da desidratação segundo parâmetros clínicos:
Hidratado ou desidratação mínima: Consciência alerta, sede normal, tem lágrimas, mucosas
úmidas; pulsos, perfusão capilar, frequências cardíaca e respiratória normais; extremidades
quentes, turgor da pele preservado; débito urinário normal ou diminuído.
Desidratação leve ou moderada: Consciência normal, porém apresenta-se mais agitado ou
irritado, com sede, há diminuição das lágrimas, as mucosas encontram-se secas, olhos
ligeiramente encovados,; o pulso está acelerado, pressão arterial normal ou levemente
diminuída, perfusão capilar prolongada; extremidades encontram-se com a pele fria, há
diminuição do turgor da pele( <2 segundos); débito urinário diminuído.
Desidratação grave: ocorre letargia ou inconsciência, tem dificuldade ou não consegue ingerir
líquidos, há ausência de lágrimas, as mucosas estão secas, os olhos encovados e sem brilho;
Respiração profunda; hipotensão ou choque, inicialmente há aumento da frequência cardíaca
e, posteriormente, diminuição da frequência indicando agravação do quadro; os pulsos são
filiformes ou não palpáveis, perfusão capilar prolongada ou mínima; extremidades com pele
fria e cianótica; há diminuição do turgor da pele (>2 segundos).
Diarreia crônica
As diarreias crônicas também apresentam múltiplas etiologias, devendo-se estabelecer
o provável diagnóstico etiológico a fim de estabelecer a conduta de investigação
pertinente com a realidade do serviço.
Classificação da diarreia crônica e etiologia:
1- Diarreias aquosas.
Diarreia osmótica:
Diarreia secretória:
Diarreia gordurosa:
Diarreia inflamatória:
Hérnias Abdominais
Hérnia pode ser definida como qualquer protrusão de uma víscera além de sua
cavidade natural. Acometem até 10 % da população ao longo da vida ( ALEXANDER
e SCOTT, 2013). Segundo Nyhus et al (1991), a herniorrafia é a cirurgia mais
realizada em todo o mundo, estima-se a ocorrência de 20 milhões de herniorrafias
por ano
A palavra “hérnia” é derivada do latim – ruptura, sendo definida como uma protusão
anormal de órgão ou tecido através de defeito da parede circundante; podendo ser
congênita ou adquirida. Cerca de 75% das hérnias estão na região inguinal, sendo
2/3 indiretas. A incidência em homens é 25 vezes maior que em mulheres.
Entre os fatores predisponentes temos, nos jovens os defeitos anatômicos 
congênitos; nos idosos, o enfraquecimento da musculatura. Outros estados como 
desnutrição, gravidez ou aumento da pressão abdominal também promovem 
aumento na incidência desta patologia.
Quadro clínico
Tratamento
Íleo paralítico
O íleo paralítico (íleo, íleo adinâmico) é um distúrbio no qual os movimentos contráteis normais 
da parede intestinal cessam temporariamente. Como a obstrução mecânica, o íleo para lítico 
impede a passagem do conteúdo intestinal. Ao contrário da obstrução mecânica, o íleo para 
líticora ramente acarreta perfuração. O íleo paralítico pode ser causado por uma infecção ou por 
um coágulo de sangue no interior do abdômen, pela aterosclerose que reduz o suprimento 
sangüíneo ao intestino ou por uma lesão de uma artéria ou veia intestinal.
Ele também pode ser causado por distúrbios extraintestinais como, por exemplo, a insuficiência 
renal ou concentrações anormais de eletrólitos no sangue (p. Ex., concentração baixa de 
potássio ou elevada de cálcio). Outras causas de íleo paralítico incluem determinados 
medicamentos eo hipotireoidismo (hipoatividade da tireóide). O íleo paralítico é comum nas 
primeiras 24 a 72 horas após uma cirurgia abdominal.
O que causa o estrangulamento intestinal
O estrangulamento (obstrução do suprimento sangüíneo ao intestino) usualmente é devido a 
uma das três causas mostradas a seguir.
Avaliação de casos clínicos
Marina 55 anos, queixa-se de dores abdominais em cólica, de instalação súbita há
aproximadamente 10 h, acompanhada de náuseas e vômitos, além de distensão abdominal.
Nega febre. Os vômitos aliviam as dores, contudo os sintomas logo voltam. Tem a sensação de
que a barriga está inchada. Marina refere que não consegue eliminar os gases há duas horas.
Antecedentes pessoais: 2 partos cesáreas, histerectomia, colecistectomia.
1. Situação Aguda classificada como de baixo risco, devendo ser atendida no dia.
2. Situação aguda, classificada como vermelha, necessitando de atendimento médico 
imediato e encaminhamento a serviço de maior complexidade.
3. Situação aguda ou crônica agudizada, classificada como amarela, podendo esperar por 
atendimento médico após realização de medidas de conforto pela enfermagem.
4. Situação aguda, classificada como vermelha, necessitando de atendimento médico 
imediato, devendo ser observada e medicada no serviço de saúde.
Como você classificaria o quadro apresentado por Marina em relação 
à Classificação de Risco e Vulnerabilidade?
Qual a sua hipótese diagnóstica provável?
1. abdome agudo inflamatório.
2. abdome agudo isquêmico.
3. abdome agudo hemorrágico.
4. abdome agudo obstrutivo.
Considerando a sua hipótese diagnóstica qual a conduta mais 
indicada?
1. Fazer medicação para alívio das dores e solicitar Rx simples de abdome.
2. Fazer medicação para alívio das dores e solicitar ultrassonografia de abdome.
3.Fazer medicação para alívio das dores e regular uma vaga para serviço de maior 
complexidade.
4. Não fazer medicação para alívio das dores e encaminhar ao especialista via 
agendamento de consulta.
5. Não fazer medicação para alívio das dores e regular uma vaga para serviço de maior 
complexidade.
Mário, 70 anos, apresenta melena há dois dias, com sensação de fraqueza e tontura.
Há 3 h, com hematêmese, sudorese fria, palidez e tontura. Antecedentes pessoais:
etilismo há 20 anos. Ex físico: PA 80/50 FC 123 bpm, hipocorado, pulsos filiformes,
com sudorese fria. Presença de aranhas vasculares em tronco e abdome,
ginecomastia, presença de hepatomegalia, piparote positivo.
Qual o diagnóstico sindrômico?
1. cirrose hepática.
2. etanolismo.
3. abdome agudo hemorrágico.
4. hemorragia digestiva.
Frente à sua hipótese diagnóstica, qual a conduta mais adequada,
considerando as possibilidades de recursos na atenção básica?
1. Solicitar exames para esclarecimento diagnóstico.
2. Solicitar endoscopia digestiva alta.
3. Reposição volêmica.
4. Encaminhar para serviço de maior complexidade, via regulação de vaga.
5. Reposição volêmica e encaminhamento para serviço de maior complexidade.
Ferdinando é um paciente com 73 anos, tabagista de longa data, apresenta dor
abdominal difusa de instalação súbita, de localização indefinida, acompanhada de
sensação de angústia. Ex físico: abdome distendido e doloroso difusamente, ruídos
hidroaéreos diminuídos, macicez hepática preservada.
Qual sua hipótese diagnóstica?
1. abdome agudo hemorrágico.
2. abdome agudo isquêmico.
3. abdome agudo inflamatório.
4. abdome agudo obstrutivo.

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