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ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO O abdome agudo é definido como uma condição mórbida, súbita e inesperada, manifestada, fundamentalmente, pela presença de dor abdominal com menos de oito horas de evolução. Seu diagnóstico precoce assume vital importância na conduta e na evolução desses pacientes. De igual importância é tentar definir se estamos diante de um abdome agudo de tratamento clínico ou cirúrgico, sendo, então, a história clínica e o exame físico fundamentais na abordagem dessa entidade. Causas mais frequentes: apendicite e colecistite aguda APENDICITE AGUDA: É a principal causa de cirurgia abdominal de urgência - 250.000 casos/ano (EUA), pode ocorrer pela obstrução da luz do apêndice, inflamação, infecção e necrose. Além disso, apresenta dor abdominal periumbilical irradiada para a fossa ilíaca direita, náuseas e vômitos, inapetência e febre baixa. Sinal de Blumberg - Sinal de Descompressão Brusca (DB): dor à descompressão brusca da parede abdominal no ponto apendicular, mais conhecido como ponto de McBurney. Critérios de Avaliação: LARISSA RODRIGUES SANTOS TIPOS DE ABDOME AGUDO segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021 14:12 Página 1 de CIRURGIA Menor que 5: baixa probabilidade 05 a 07: observação e reavaliação Maior que 08: considerar a cirurgia Normalmente se descobre na história e exame físico (95%), com uma apresentação típica (66%), e também existem formas atípicas como apêndice retro cecal, pélvico, retro vesical. Além disso, pode acontecer em gestantes e idosos como peritonite fecal, abscesso intracavitário e sepse. Em casos duvidosos, usa-se a ultrassonografia e TC de abdome, e o tratamento cirúrgico é a laparoscopia (diagnóstico e terapêutica). Sinal do Obturador: Dor em FID ao realizar a rotação interna do MID flexionado. Flexione a coxa na altura do quadril com o joelho redobrado e gire a perna para dentro da altura do quadril. Sinal de Psoas: Paciente em DLE, dor em FID à extensão e abdução do MID. Sinal de Rovsing: Dor na FID ao deslocamento do ar no sigmoide e colo descendente ( compressão da FIE e flanco esquerdo). Dor na fossa ilíaca direita a compressão retrograda dos gases a partir da fossa ilíaca esquerda comprimindo consecutivamente o flanco esquerdo. Página 2 de CIRURGIA Sinal de Lapinsky: Dor à compressão da FID enquanto se eleva o membro inferior direito esticado. Presente no apêndice retrocecal. Sinal de Murphy: Interrupção brusca da inspiração a palpação sob o rebordo costal no ponto a borda lateral do músculo reto fizer intersecção com o gradil costal. A anamnese é de fundamental importância. A dor, anteriormente referida como o principal sintoma no abdome agudo inflamatório, localiza-se inicialmente, e mais freqüentemente, no epigástrio e na região periumbilical, para, posteriormente, localizar-se na fossa ilíaca direita. De caráter contínuo,piora com a movimentação, podendo acompanhar-se de náuseas e vômitos, além de febre e calafrios. A inspeção revela um paciente com pouca movimentação, atitude antálgica (flexão do membro inferior direito) no sentido de aliviar a dor. Manobras como pular ou tossir podem desencadear ou exacerbar a dor na fossa ilíaca direita. A dor pode ser difusa e a resistência generalizada em casos de apendicite aguda complicada com peritonite difusa. Página 3 de CIRURGIA A percussão da parede abdominal deve ser iniciada num ponto distante ao de McBurney, encaminhando-se para a fossa ilíaca direita, onde a dor a essa manobra será expressão da irritação peritoneal localizada. Por fim, a auscultação do abdome costuma evidenciar diminuição dos ruídos hidroaéreos, mais evidente quanto mais avançada a fase em que se encontra a apendicite aguda. PANCREATITE AGUDA: A pancreatite aguda é uma doença que tem como substrato um processo inflamatório da glândula pancreática, decorrente da ação de enzimas inadequadamente ativadas, que se traduz por edema, hemorragia e até necrose pancreática e peri-pancreática. Este quadro é acompanhado de repercussão sistêmica que vai da hipovolemia ao comprometimento de múltiplos órgãos e sistemas e, finalmente, ao óbito. Os sintomas são dor no andar superior do abdomen, epigástrio e flancos que pode irradiar para o dorso, além de vômitos frequentes e precoces, distensão abdominal, taquicardia, sudorese, febre e torpor e coma. O exame físico da pancreatite aguda nas formas leves (80 a 90%) mostra um paciente em regular estado geral, por vezes em posições antálgicas, sinais de desidratação e taquicardia. O abdome encontra-se distendido, doloroso difusamente à palpação profunda, especialmente no andar superior e com ruídos hidroaéreos diminuídos. Algumas vezes, é possível palpar abaulamentos de limites indefinidos, os quais sugerem a presença de coleções peripancreáticas. Nas formas graves de pancreatite aguda (10 a 20%), o paciente se encontra em estado geral ruim, ansioso, taquicárdico, hipotenso, dispnéico e desidratado. O abdome encontra-se distendido, doloroso difusamente e com sinais de irritação peritoneal difusa. É possível identificar equimose e hematomas em região periumbilical (sinal de Cullen) ou nos flancos (sinal de Grey Turner). Os ruídos hidroaéreos encontram-se reduzidos, ou mesmo abolidos. Nessa eventualidade, impõe-se tratamento em unidades de terapia intensiva e por equipe multidisciplinar. DIVERTICULITE: A diverticulite dos colos caracteriza-se pelo processo inflamatório de um ou mais divertículos, podendo estender-se às estruturas vizinhas e causar uma série de complicações. A doença diverticulaR dos colos compreende a diverticulose universal dos colos, a doença diverticular do sigmóide e o divertículo do ceco, cada uma dessas formas com características peculiares. Neste capítulo, serão abordados aspectos clínicos da diverticulite do sigmóide. Essa doença é mais comum em pessoas acima de 50 anos de idade, fato que contribui para o aumento da sua morbimortalidade. O sintoma principal é a presença de dor abdominal geralmente localizada na fossa ilíaca esquerda ou na região suprapúbica, à semelhança de uma apendicite do lado esquerdo. A dor, algumas vezes do tipo contínua e outras do tipo cólica, localiza-se desde o início em fossa ilíaca esquerda podendo, em determinadas circunstâncias, irradiar-se para a região dorsal do mesmo lado. É possível encontrar Página 4 de CIRURGIA em fossa ilíaca esquerda podendo, em determinadas circunstâncias, irradiar-se para a região dorsal do mesmo lado. É possível encontrar anorexia e náuseas. As alterações do trânsito intestinal estão caracterizadas por obstipação e algumas vezes diarréia. Quando o processo inflamatório atinge a bexiga ou o ureter, o doente manifesta sintomas urinários do tipo disúria e polaciúria. Ao exame físico encontraremos o paciente febril, pouco taquicárdico. O abdome se encontra discretamente distendido, e os ruídos hidroaéreos, diminuídos. A palpação evidenciará sinais de irritação peritoneal (descompressão brusca positiva, percussão dolorosa) localizados em fossa ilíaca esquerda, região suprapúbica ou, às vezes, generalizada. Em muitas situações, é possível palpar uma massa dolorosa na fossa ilíaca esquerda. O toque retal freqüentemente evidenciará dor em fundo-de-saco. Não devemos esquecer que, em algumas circunstâncias, o quadro clínico da diverticulite do sigmóide pode assumir características de abdome agudo perfurativo ou, mesmo, abdome agudo obstrutivo. ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO: O abdome agudo obstrutivo, síndrome decorrente de uma obstrução intestinal, é uma afecção muito freqüente que engloba uma grande percentagem das internações causadas por dor abdominal. Página 5 de CIRURGIA É causado pela presença de um obstáculo mecânico ou de uma alteração da motilidade intestinal que impede a progressão normal do bolo fecal. A obstrução intestinal compreende dois grandes grupos, segundo a causa da interrupção do trânsito: causa mecânica, que leva aos quadros de obstrução mecânica, e distúrbio da motilidade intestinal, queleva aos quadros de íleo adinâmico ou paralítico ou neurogênico (pseudo-obstrução). As causas mecânicas ocorrem pela presença de obstáculos intraluminares, como, por exemplo, cálculos biliares e bolo de áscaris, ou por fatores extraluminares, tais como as obstruções intrínsecas causadas por tumores, hematomas etc. ou pelas compressões extrínsecas, como, por exemplo, as aderências, hérnias, tumores etc. Página 6 de CIRURGIA como, por exemplo, as aderências, hérnias, tumores etc. ABDOME AGUDO PERFURATIVO: O abdome agudo perfurativo é uma das síndromes mais frequentes entre as urgências abdominais não-traumáticas. A perfuração de vísceras ocas pode ocorrer devido a processos inflamatórios (úlceras pépticas, doenças inflamatórias intestinais), neoplásicos e infecciosos do aparelho digestivo (infecções por Salmonella tiphy, citomegalovírus, tuberculose intestinal etc.) ou a uso de medicamentos (antiinflamatórios). Pode ainda ser decorrente da ingestão de corpos estranhos, traumatismos e iatrogenias (procedimentos diagnósticos e terapêuticos). Ainda hoje, a mortalidade da perfuração visceral se encontra entre 8 e 10%. Página 7 de CIRURGIA A intensidade dos sintomas e a gravidade de quadro clínico dependerão do local e do tempo de evolução da perfuração, do tipo de secreção extravasada e das condições do doente. Inicialmente, ocorre uma inflamação peritoneal de natureza química, principalmente nas perfurações altas do trato digestivo, seguida de invasão bacteriana secundária e progressivo processo infeccioso, com repercussões locais e sistêmicas. Em relação ao intestino grosso, a peritonite é séptica desde o início. Algumas vezes, a sintomatologia não é tão exuberante, podendo estar “mascarada” por sintomas decorrentes de afecções clínicas associadas comuns em doentes idosos e imunossuprimidos. As perfurações podem ocorrer em peritônio livre com extravasamento de líquido e difusão por toda a cavidade abdominal ou, então, se apresentar de forma bloqueada, com dor e sinais peritoneais localizados, correspondentes à topografia da víscera comprometida. Em tais situações, pode haver retardo no diagnóstico e tratamento da doença. Diagnóstico laboratorial é inespecífico. Os exames podem punção abdominal, lavagem peritoneal e, quando ambos falham no diagnóstico, o exame endoscópico pode contribuir. ABDOME AGUDO VASCULAR: A variabilidade dos vasos envolvidos, a extensão do órgão acometido e os diferentes níveis de comprometimento do tecido resultam em uma infinidade de apresentações clínicas. Entre as várias possibilidades de dor abdominal, precisa-se de atenção aos quadros de isquemia intestinal. Isquemia Aguda: Redução súbita do fluxo sanguíneo em determinada parte ou todo o intestino de tal intensidade que não seja possível manter o metabolismo basal, levando à morte celular e necrose. Dentre as causas, encontra-se embolia (origem cardíaca, aórtica, tumoral ou cristais de colesterol) da artéria mesentérica superior, trombose mesentérica, torção do omento, torção de pedículo de cisto ovariano e infarto esplênico. Esse fenômeno cursa com altas taxas Página 8 de CIRURGIA trombose mesentérica, torção do omento, torção de pedículo de cisto ovariano e infarto esplênico. Esse fenômeno cursa com altas taxas de mortalidade, em torno de 70%. A dor abdominal é o sintoma mais frequente, seguida por vômitos, MEG, hipotensão arterial, pulso fino, cianose de extremidades, alteração nas características das fezes, febre, dor abdominal mal definida. Paciente pode apresentar dor à palpação superficial e profunda, descompressão brusca dolorosa (nem sempre), distensão abdominal, ruído hidroaéreo ausente, toque retal com saída de líquido necrótico. Pede-se RX para observar pneumomatose intestinal e líquido necrótico na cavidade (patognomômico) ABDOME HEMORRÁGICO AGUDO: As causas de hemorragia são numerosas e incluem doenças variadas como ruptura de aneurisma de aorta, neoplasias malignas, processos inflamatórios erosivos, ruptura de baço, cisto ovariano hemorrágico, necrose tumoral, endometriose e principalmente gravidez ectópica rota. Por ser causado por várias doenças, nem sempre os dados clínicos permitem definir sua origem. Pode ocorrer em qualquer idade, sendo maior incidência nos homens. A dor abdominal, principal sintoma, cuja presença, intensidade e localização dependem da causa, manifesta-se isolada ou concomitante a evidência de hipovolemia e choque. Paciente apresenta dor súbita e difusa no abdome à palpação de fraca intensidade, descompressão brusca dolorosa e ruídos hidroaéreos diminuídos. Além disso, MEG, palidez, pulso fino e rápido, hipotensão, sudorese e rebaixamento do nível de consciência. Observa-se paracentese e lavado abdominal abdominal e, o USG é usado para ver líquido livre na cavidade. Página 9 de CIRURGIA Página 10 de CIRURGIA
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