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Odontologia UFPE Periodontia | Urgências em periodontia �2021.1� Urgências em periodontia LINDHE J. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. As urgências em periodontia acontecem quando o paciente chega à clínica com alguma condição considerada um processo agudo do periodonto. Esses processos agudos são “condições clínicas que se estabelecem e progridem rapidamente, envolvendo o periodonto e, às vezes, estruturas associadas, caracterizadas por dor, destruição tecidual (rápida) e infecção (com potencial para disseminação sistêmica).” Os principais processos agudos do periodonto são: ● Doenças periodontais necrosantes; ● Abscessos do periodonto; ● Gengivoestomatite herpética; ● Lesões endo-perio e ● Lesões por agentes físicos/químicos ou térmicos. Doenças periodontais necrosantes São doenças inflamatórias necrosantes (morte celular), causadas por infecção endógena, na qual alterações sistêmicas predispõem o tecido gengival à invasão de algumas bactérias da microbiota oral — apresentam maior prevalência em adolescentes e adultos jovens. Essas doenças podem ser classificadas em três tipos: ● Gengivite necrosante �GN�; ● Periodontite necrosante �PN�; ● Estomatite necrosante �EN� �NOMA�. Etiologia A etiologia dessas doenças é dividida em: ● Fator primário: bactérias oportunistas já presentes em nosso organismo; ● Fatores predisponentes: estresse, tabagismo, deficiência nutricional, imunossupressão e outros. Microbiologia As DPN são causadas por bactérias anaeróbias (espiroquetas e bacilos fusiformes). Além das bactérias presentes nos tecidos afetados, há altos níveis de anticorpos contra as bactérias. Ainda, uma resolução rápida pode ser evidenciada �GN� com a administração do Metronidazol. Gengivite necrosante Sinais e sintomas São sempre encontrados em pacientes portadores de GN� ● As úlceras gengivais crateriformes na gengiva marginal/interdental e inversão papilar; ● Vermelhidão; ● Sangramento fácil ao toque ou espontâneo ● Dor/desconforto. Algumas vezes se encontra também: ● Grande quantidade de biofilme; ● Pseudomembrana; ● Eritema linear; ● Hálito fétido; ● Linfadenopatia e febre; ● Aumento de salivação e gosto metálico. Periodontite necrosante É uma doença periodontal necrosante em que a necrose se estende também ao periodonto de sustentação. A progressão da GN para PN pode ocorrer em casos de: - Episódios recorrentes de GN; - GN em sítio com Periodontite Essa condição é mais frequente em indivíduos imunodeprimidos �AIDS� ou malnutridos. Sinais e sintomas São todos os da GN, porém mais acentuados + ● Perda, desnudação óssea e, às vezes, sequestro do tecido ósseo; ● Sintomatologia sistêmica mais frequente. Diagnóstico diferencial ● A Gengivoestomatite Herpética; ● Doenças infecciosas; ● Condições mucocutâneas; ● Lesões gengivais traumáticas www.viniciusbandeira.one http://www.viniciusbandeira.one Odontologia UFPE Periodontia | Urgências em periodontia �2021.1� Gengivoestomatite Herpética É uma manifestação do organismo ao contato com a Herpes. Nessa condição pode ser observado: ● Vesículas puntiformes ou ulcerações; ● Acúmulo de placa e inflamação gengival; ● Aumento da salivação; ● Febre; ● Linfoadenopatia. Plano de tratamento O primeiro passo é sempre tratar a fase aguda, para após haver o tratamento da condição residual. Fase aguda Na clínica: ● Remoção de debris superficial com gaze e H2O2; ● Raspagem superficial. Em casa: ● Bochechos com Clorexidina 0,12% a cada 12h durante 4�5 dias ● DPN severa ou havendo debilitação sistêmica: Metronidazol 400mg 3x/dia durante +/- 4�5 dias. Em caso de dor: Parecemtamol 500�750mg de 4/4h. Fase residual O plano de tratamento periodontal é seguido. Abscessos do periodonto “É uma infecção purulenta circunscrita, no interior da parede gengival do sulco, bolsa periodontal ou opérculo, que pode progredir para a destruição dos tecidos do periodonto de sustentação.” Formação A formação do abscesso ocorre em: 1. Agressão aos tecidos gengivais; 2. Células inflamatórias são atraídas para o local; 3. Neutrófilos liberam enzimas que dirigem células e outros componentes teciduais, formando o pus; 4. O infiltrado encapsula a região afetada para tentar impedir a disseminação da infecção. Classificação Gengival A causa mais frequente do abscesso gengival é a impacção de corpos estranhos (restos de alimento, pedaços de fio-dental, unhas e cálculos), gerando uma tumefação gengival (clinicamente). Pode ocorrer sangramento ou supuração à sondagem, sem perda de inserção. A remoção do corpo estranho que se encontra nos tecidos é realizada por meio de drenagem via sulco gengival (quando não é possível a drenagem, faz-se anestesia via bloqueio e realiza-se uma incisão). Após isso, é prescrito bochecho com soro aquecido, em torno de 5/6 vezes no intervalo de 24h. Em uma outra sessão, é realizado o debridamento local e recomenda-se o uso de bochecho com clorexidina 0,12%. Periodontal Vários são os fatores etiológicos associados com o abcesso periodontal: - Invasão de bactérias em tecidos periodontais - Impacção de objetos estranhos; - Forças oclusais excessivas (movimentação ortodôntica inadequada, mordida cruzada); - Prescrição de antibióticos de largo espectro na ausência da raspagem para remoção da placa bacteriana; - Alterações na superfície radicular. O abscesso periodontal pode ocorrer em pacientes com periodontite pré-existente, em dois casos: 1. Exacerbação aguda — em casos de periodontite não tratada; periodontite não responsiva ao tratamento e durante a terapia periodontal de suporte. 2. Após o tratamento (raspagem, cirurgia e medicação — que varia entre antimicrobianos sistêmicos de largo espectro e outras drogas, como a nifedipina). www.viniciusbandeira.one http://www.viniciusbandeira.one Odontologia UFPE Periodontia | Urgências em periodontia �2021.1� Além disso, os abscessos periodontais podem ocorrer a partir de fatores predisponentes: ● Impacção; ● Hábitos danosos; ● Fatores ortodônticos; ● Crescimento gengival; ● Alterações da superfície radicular Manifestações clínicas A tumefação interdental é um achado clínico comum, com profundidade de sondagem aumentada. Porém, diferentemente do abscesso gengival, no periodontal há perda de inserção. Ainda, podemos ver sangramento ou supuração à sondagem e dor irradiada moderada. Além disso, o paciente pode relatar sensação de dente crescido e sensível à percussão; mobilidade dentária; febre, e/ou linfoadenopatia e evidências radiográficas de perda óssea. Características comuns entre abscessos apicais e periodontais: ● Tumefação gengival; ● Dor; ● Mobilidade dentária; ● Sensibilidade à percussão; ● Perda óssea; ● Febre ou linfoadenopatia. Diagnóstico diferencial Ainda, se a dúvida persistir, podemos usar a técnica de rastreamento com cone de guta percha (se o cone permanece na lateral, se trata de um abcesso periodontal, e caso ela vá para a apical, se trata de um abcesso periapical). Etapas do tratamento Os tratamentos são divididos em: fase aguda e da condição residual. Fase aguda 1. Avaliar o prognóstico do dente; 2. Drenagem (caso a anestesia seja necessária, utiliza-se a técnica de bloqueio para evitar disseminação da infecção e baixa eficácia do anestésico em área de inflamação); 3. Debridamento da bolsa; 4. Ajuste oclusal; 5. Prescrição de antibiótico (em casos em que o paciente apresenta manifestações sistêmicas – amoxicilina 500mg a cada 8h, por 4/5dias); 6. Bochecho com clorexidina 0,12%. Condição residual Passada a fase aguda, o tratamento da condição residual é o plano de tratamento periodontal. Pericoronário A principal diferença entre os termos abscesso pericoronário e pericoronarite (localizados no capuz pericoronário de um dente parcialmente erupcionados) é a presença ou não de pus na região de coroa (com pus, se trata de um abscesso). Sinais e sintomas ● Tumefação; ● Dor intensa ao toque; ● Exsudato purulento ou sanguinolento Geralmente ocorre em regiões de terceiro molarinferior. Além disso, pode-se observar: ● Trismo (dificuldade de abrir a boca); ● Febre; ● Linfoadenopatia; ● Astenia; ● Grande potencial de disseminação sistêmica (grande potencial de formação de celulite). Etiologia ● Acúmulo de restos alimentares e bactérias sob o opérculo (capuz pericoronário) ● Erupção dentária parcial; ● Higiene oral deficiente; ● Trauma por Antagonistas; ● Infecções respiratórias www.viniciusbandeira.one http://www.viniciusbandeira.one Odontologia UFPE Periodontia | Urgências em periodontia �2021.1� Etapas do tratamento 1. Drenagem por irrigação e debridamento leve (anestesia por bloqueio e com a pinça levanta-se o tecido; irriga a região com a seringa) 2. Prescrição de AINES; 3. Quando há envolvimento sistêmico, se prescreve amoxicilina e metronidazol; 4. Em casos de trismo: relaxante muscular; 5. Bochecho com Clorexidina 0,12%. Passada a fase aguda, faz-se o tratamento da condição residual: 1. Avaliação de erupção dentária e tipo de tecido na distal para determinar a manutenção ou não do dente (somente após a fase de terapia não cirúrgica para diminuição da inflamação); 2. Terapia não cirúrgica. 3. Extração dentária ou remoção do capuz de forma que a coroa do dente fique totalmente exposta. www.viniciusbandeira.one http://www.viniciusbandeira.one
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