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Mariana Tardelli, Paula Cássia @resumex.odonto Processos infecciosos odontogênicos: Processos infecciosos na cavidade bucal - São processos que se originam da invasão dos tecidos por microorganismos (bactérias, vírus e fungos) - O isolamento de determinado microrganismo não significa que ele seja responsável pela infecção. O exemplo clássico é o isolamento do S. aureus em portadores sadios Nº de microorganismos X virulência - Resistência do hospedeiro - A virulência dos microorganismos é representada pelo conjunto de forças agressivas contra o hospedeiro, isto é, seu poder invasor e toxígeno - A resistência do hospedeiro é representada pelo arsenal defensivo de que ele dispõe contra a ação dos mo; a resistência do hospedeiro pode ser inespecífica, como a defesa orgânica geral, ou específica, desenvolvida em consequência do ataque prévio pelo mo ou de vacinação → Defesa local (barreira anatômica intacta, microbiota normal) → Defesa hormonal (imunoglobulinas e complemento) → Defesa celular (granulócitos, monócitos e linfócitos) Classificação dos processos infecciosos: - Maxilar e perimaxilar - Agudo ou crônico - Leve, moderado ou severo Origem: - Odontogênico - Complicações traumáticas - Complicações cirúrgicas - Complicações na erupção de 3º molares - Hematogênica Processos infecciosos odontogênicos: - Origem: periapical ou periodontal ABSCESSO DENTO ALVEOLAR AGUDO - É um processo lento e de longa duração - Periapical – evolução da cárie - Vias de drenagem do pus: → Trans-óssea, endodôntica, periapical, cavidade nasal/seio maxilar, extraoral Manifestações clínicas: locais ou sistêmicas LOCAIS: Dor Rubor Calor Tumefação (é quente) Desaparecimento de sulcos Salivação abundante Hálito fétido Trismo Nódulos linfáticos ingurgitadas (palpáveis) Dentes abalado, dolorido ou extraído SISTÊMICAS: Cefaleia Mal estar geral Febre Aumento da FC e FR História de calafrios, suor, anorexia “A cefaleia que frequentemente acompanha a infecção geralmente é associada a febre e é considerada como resultado do estiramento de estruturas sensitivas que circundam as artérias intracranianas dilatadas” Febre X Antibióticos - A febre constitui a reação dos mecanismos defensivos do organismo; até determinado ponto não deve ser combatido - A temperatura axilar normal é 36,5 ºC pela manhã e 37,2 ºC pela tarde, sendo a temperatura bucal aproximadamente 0,5 ºC maior do que a axilar - Alguns MO estimulam essa reação (imunoglobulinas) ELEVAÇÃO DA TEMPERATURA: - Inibe o crescimento de mo que crescem numa faixa estreita de temperatura - Estimula a atividade fagocitária dos leucócitos a produzir anticorpos. ºC normal: 36 a 36,9 Estado febril: 37 a 37,5 Febre baixa: 37,6 a 38 Febre moderada: 38,1 a 39 Febre alta: acima de 39,1 ● Devem ser combatidas! O metabolismo basal aumenta a cada grau de temperatura: Aumento da FC Aumento da FR Aumento do metabolismo Aumenta perda de líquidos através da pele e pulmões SINTOMAS ASSOCIADOS À FEBRE: Frio ou calor Cefaleia Mialgia Artralgia Fraqueza geral Calafrios recorrentes – bacteremia e abscessos Jovens → febre alta até em processos triviais Idosos → não apresentam febre, mesmo em processos graves Diagnóstico de processos infecciosos - Clínico, microbiológico, topográfico e conhecimento da história natural da doença Microbiológico Cultura → o diagnóstico microbiológico é realizado por meio de exame de cultura dos microrganismos Antibiograma → após o exame de cultura realiza-se o antibiograma, que é um teste laboratorial para determinação da sensibilidade de microorganismos a determinados antibióticos. O antibiograma representa um estado dinâmico e indica hábitos de antibioticoterapia seguidos em certa época, em certa áreas geográfica OBS: nem sempre é realizado para infecções bucais, devido a previsibilidade de quais mo estão envolvidos e os antibióticos empregados resolvem 90% dos casos Streptococcus são os cocos gram + mais frequentes na cavidade oral 60% aeróbios e anaeróbios 35% unicamente anaeróbios 5% unicamente aeróbios Infecções anaeróbias primárias não existem na cavidade oral, pois tecidos sadios são bem oxigenados → Aeróbios e anaeróbios facultativos consomem o oxigênio, os anaeróbios estritos sobrevivem e multiplicam-se, interrupção do fluxo sanguíneo, material pus fétido, cultura negativa após 24 a 48 horas, presença de tecido necrótico, gangrena e formação de pseudomembrana – indicam infecção ANAERÓBICA! INDICAÇÕES PARA CULTURA E ANTIBIOGRAMA: - Infecção que dissemina rapidamente - Infecção que não responde ao tratamento convencional - Infecção recidivas - Comprometimento de defesas orgânicas Tratamento ambulatorial dos processos infecciosos da cavidade bucal: O processos infeccioso não pode ser resolvido com fórmulas simples, cada paciente e cada processos infeccioso é um caso particular que necessita ser observado. O princípio básico é a drenagem cirúrgica e remoção da causa da infecção OBJETIVOS DO TRATAMENTO: Alívio da dor Restauração da função Preservação das estruturas orgânicas vitais Prevenção de recidivas Limitação do período de invalidez Tratamento local: - LOCALIZAÇÃO DO PROCESSO - Calor úmido - O emprego de emolientes – tendem a acelerar as alterações metabólicas e a ação dos mecanismos de defesa local, assim como apressar a resolução e a localização do processo. DRENAGEM CIRÚRGICA - A drenagem cirúrgica do pus promove a redução na tensão dos tecidos, o que diminui a sintomatologia dolorosa, melhora o suprimento sanguíneo no local e apressa a chegada das defesas do hospedeiro na área ELIMINAÇÃO DO AGENTE CAUSAL - Tratamento endodôntico - Extração dental - Oportunidade da intervenção → deve ser avaliada a temperatura do paciente, em caso de envolvimento do estado geral com febre superior a 38ºC, algumas precauções devem ser tomadas previamente a intervenção. RECOMENDA-SE: Administrar imediatamente terapia antibiótica (pode drenar 1 hora depois) Instituir suporte dietético adequado (proteinoterapia) Administrar analgésicos não antipiréticos Instruir bochechos com soluções anti-sépticas mornas Aumentar o consumo de líquidos Repouso Manter terapêutica por 7 a 10 dias O tratamento cirúrgico será instituído somente após 24h sem febre OBS: em casos de ausência de febre, prescrever a terapêutica sugerida e se possível, instituir o tratamento cirúrgico recomendado Tratamento sistêmico: - Visa proporcionar conforto, contrair a infecção e favorecer o aumento da resistência orgânica do paciente Efeitos terapêuticos da antibioticoterapia - Diminuição da febre - Melhora do estado geral de saúde - Desaparecimento de adenopatias - Desaparecimento dos sinais locais de infecção Avaliação do tratamento: - Na maioria das situações 48 horas após o início do tratamento há redução apreciável da dor e do edema - Durante os curativos outros parâmetros como febre, trismo e sensações subjetivas de melhora devem ser avaliadas. Falhas no tratamento: - Tratamento cirúrgico inadequado - Comprometimento das defesas do hospedeiro - Presença de corpo estranho na ferida - Falta de medidas complementares - Problemas relacionados à antibioticoterapia - Diagnóstico microbiológico errado - Seleção incorreta do antibiótico - Falta de colaboração do paciente - Antibiótico não alcança o local de ação - Posológica deficiente Atenção! Não se emprega antibióticos nas seguintes situações clínicas: Abscessos crônicos bem localizados Alveolite seca Pericoronarite moderada Encaminhar para o cirurgião buco maxilo facial: - Dificuldade de respirar e deglutir - Desidratação - Trismo moderado à grave - Edema severo - Temperaturasuperior à 38ºC - Grave mal estar - Comprometimento das defesas do hospedeiro - Falha no tratamento inicial PERICORONARITE: - Infecção que ocorre nos tecidos que recobrem um dente geralmente semi-incluso. - Mais associada ao 3º molar inferior, 10% dos 3ºMI extraídos apresentavam pericoronarite - Quanto mais vertical há mais chances de pericoronarite - Maior prevalência entre 18 e 28 anos Fatores predisponentes: Posição dental Opérculo gengival favorecendo a proliferação bacteriana Umidade Proteção (estagnação) Temperatura constante Alimento Obscuridade Anaerobiose Irritação traumática Inflamação Diminuição da vitalidade tecidual Fatores coadjuvantes: Stress físico ou emocional Redução do fluxo salivar Aumento da virulência e/ou diminuição da resistência do hospedeiro STRESS E PERICORONARITE: - Estudando a pericoronarite relataram que em 30% dos casos avaliados havia relatos de alguma forma de stress físico ou emocional - Observaram que 66% dos pacientes com pericoronarite relataram estresse emocional precedendo as manifestações da doença POSIÇÃO DENTAL: - A pericoronarite ocorrem em 90% dos casos de terceiros molares inferiores verticais em que a coroa estava no mesmo nível da face oclusal do 2º molar inferior - Vertical – 67% - Distoangular 14% - Mesio angular 12% - Outras opções 7% Risco de pericoronarite Dentes com maior risco para pericoronarite aguda são os 3ºMI verticais totalmente irrompidos que estão em contato com o 2ºMI ou estão acima do plano oclusal e parcialmente encapsulados por tecidos moles ou duros 1992 = os autores concluíram que na população estudada, o risco para pericoronarite parece aumentar com a maior angulação vertical e com a posição mais alta do dente durante a erupção Dados bacterianos - Estudos avaliando a microbiota presente em pericoronarite mostra predominância de streptococcus vidrians e stafilococcus aureus coagulase positivos ou tem descrito uma microbiota normal na área da infecção - A presença de espiroqueta e fusobacterium em pericoronarite pode estar relacionado ao estado de higiene bucal, uma vez que esses MO são frequentemente encontrados em tecidos bucais que não têm sido mantidos limpos - O fato de espiroquetas e fusobacterium normalmente não habitarem a cavidade bucal antes da adolescência pode explicar a ocorrência de pericoronarite durante a erupção do dente decíduo. Classificação - Aguda nunca extrair nessa fase - Subaguda - Crônica Características clínicas: - Dente parcialmente erupcionado ou semi-incluso - Colonização de bactérias entre a coroa do dente e a gengiva que o recobre - Sulco profundo - Trauma dos tecidos moles que recobrem ainda que parcialmente a coroa Sinais de sintomas: Edema e dor na área do opérculo gengival Dor irradiada para o ouvido, assoalho bucal ou garganta Exsudação entre a coroa dental e o opérculo gengival Dificuldade de mastigação e deglutição Mau hálito Trismo Pode haver sangramento gengival Características sistêmicas: Febre Calafrios Mal estar Nódulos linfáticos endurecidos e palpáveis Tratamento da pericoronarite Em fase aguda consiste inicialmente em reverter o processo para uma fase subaguda ou crônica Local: - Anestesia local, devido a dor - Limpeza mecânica do espaço sob o opérculo e irrigação com peróxido de hidrogênio a 3% (ação química) - Drenagem na presença de ponto de flutuação – incisão sobre a gengiva - Irrigação com solução de digluconato de clorexidina a 0,12% ou cloreto de cetilpiridínio a 50% - Retorno em 24 horas - 48 a 72 horas depois acaba a pericoronarite - Em casa → irrigar com soro estéril, CLX ou CCP; bochechos frequentes com solução salina ou antissépticos (CLX ou CCP) - Verificar dente antagonista (se for só trauma pelo antagonista extrai o antagonista) - Confeccionar placa de mordida anterior - Desgastar cúspides - Extrair dente antagonista Atenção! Se a pericoronarite é bem definida, a curetagem, a drenagem e irrigação na maioria dos casos levam à resolução de todos os sintomas e sinais presentes em alguns dias. Sistêmico: Analgésicos Antibióticos → Emprego de antibióticos: Casos que não respondem a terapia mecânica Casos severos com manifestações sistêmicas (febre acima de 38ºC) Casos disseminados 1º OPÇÃO: Amoxicilina 500mg 2 comprimidos iniciais – 6/6 horas Associado ou não com Metronidazol (250mg – não dobra a dose; ou 400mg de 12/12 horas) 2º OPÇÃO: Clindamicina 600mg – alérgicos a penicilina, 2 comprimidos iniciais e outros de 6/6 horas Encaminhar ao CTBMF, em casos de: Trismo com abertura bucal limitada a 20mm Febre superior a 38ºC Edema facial severo Dor severa Mal estar geral severo Tratamento dental: Deve ser realizado quando a pericoronarite estiver na fase crônica ou subaguda CONSERVADOR: Ulotomia → incisão em U para remover o tecido, pode ter recidivas. Ausência de indicação de extração dental Dentes contíguos com prognóstico desfavorável Quando o dente tem antagonista e está em boa posição RADICAL: 48 a 72 horas depois = não existe dor, edema ou exsudação Extração dental Dente semi incluso Falta de espaço Acidentes infecciosos frequentes Atenção! A extração deve ser feita sob cobertura antibiótica: 1g de amoxicilina + amoxicilina 500mg de 6/6 horas por 5 a 7 dias Sem febre = profilática Com febre = amoxicilina + metronidazol Abscesso periodontal: - coleção purulenta que se forma nos tecidos periodontais, principalmente, na presença de bolsa periodontal, sendo rara sua ocorrência na ausência de bolsa - na ausência de bolsa periodontal esse abscesso aparece em decorrência de trauma direto ou devido a perfuração lateral da raiz dental Diagnóstico diferencial: ABSCESSO DENTO ALVEOLAR X PERIODONTAL: - aspecto clínico: dento alveolar há edema na região do ápice dental, já no periodontal terço médio da raiz - sintomatologia dolorosa:dento alveolar não há dor a sondagem ou quando se faz percussão com cabo do espelho - vitalidade pulpar:há no periodontal, mas não no dento alveolar (polpa necrosada) - aspecto radiográfico:dento alveolar verifica área radiolúcida na porção periapical do dente, enquanto no periodontal pode se notar radiolucidez ou rarefação óssea nível de terço médio da raiz. - via de drenagem: dento alveolar: via canal, na maioria das vezes, periodontal pelo ligamento periodontal ABSCESSO PERIODONTAL: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS - elevação ovóide de gengiva vizinha a superfície lateral da raiz dental - gengiva encontra-se edemaciada, avermelhada, lisa e brilhante - pode haver exsudação - o dente encontra se vital - pode haver mobilidade dental - elevação do dente no alvéolo - febre e mal estar - pode ter linfadenite - consistência e o contorno da gengiva na zona edemaciada variam - a dor é pulsátil e irradiada - há sensibilidade a percussão,a palpação e a mordida - radiograficamente a lesão é para apical e NÃO periapical - drenagem via ligamento periodontal Lesão endoperiodontal: - casos de lesão em que a polpa está necrosada e presença de bolsa periodontal, necessitando de tratamento endodôntico e periodontal Abscesso subperiosteal: - pode ocorre semanas após um processo de reparo aparentemente sem problemas da extração de um terceiro molar inferior Características clínicas: - dor localizada,moderada ou severa - tumefação endurecida no tecido muco periosteal - historia de extração dental recente (geralmente 3MI) Tratamento: Local: drenagem do processo após aparecimento de ponto de flutuação Sistêmico:analgésico, bochechos com soluções anti-sépticas e antibiótico em caso de envolvimento sistêmico (febre superior a 38 graus)
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