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ALVIM__MB_-_O_lugar_do_corpo_e_da_corporeidade_na_Gestalt-terapia_120191003-129500-16kw9t5-with-cover-page-v2 (1)

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O lugar do corpo e da corporeidade
na Gestalt-terapia 2 MONICA
BOTELHO ALVIM
Monica Alvim
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https://www.academia.edu/40511659/O_lugar_do_corpo_e_da_corporeidade_na_Gestalt_terapia_2_MONICA_BOTELHO_ALVIM?bulkDownload=thisPaper-topRelated-sameAuthor-citingThis-citedByThis-secondOrderCitations&from=cover_page
O lugar do corpo e da corporeidade 
na Gestalt-terapia
2
MONICA BOTELHO ALVIM
A Gestalt-terapia compreende a existência co m o m o v im en ­
to tem p o ral d ad o no enco ntro p esso a-m und o . C o nceb e o rg a ­
nism o e am biente co m o um a G estalt, co nfig u ração d e p artes 
que n ão p o d em ser p ensad as sep arad am ente, a não ser co m o 
ab straçõ es. Isso se exp ressa na no ção de cam p o o rganism o / 
am b iente , a p artir d a q u al se co nc lu i que a existênc ia de um 
o rg anism o se d á sem p re em relação co m o am biente , c o m ­
p o nd o um cam p o . A ex istênc ia é c o n tato , um flu xo tem p o ral 
in interru p to d ad o na exp eriênc ia n o m und o co m o o u tro que 
tend e à g eração esp o ntânea de fo rm as.
Tais fo rm as p o d em ser co m p reend id as co m o sentid o s 
p ro d uz id o s naq u ela situ ação , naq uele cam p o o rganism o / am - 
b iente , sem p re exp resso s co rp o ralm ente, p o r m eio d e g esticu- 
laçõ es - se ja um a exp ressão fac ial, um o lhar, um g esto das 
m ão s, um a p alav ra d ita o u in terro m p id a, um silênc io p ro lo n ­
g ad o . C ad a fo rm a exp ressa um a co nfig u ração , sem p re p ro v i­
só ria, que em ana d aqu ela situ ação d e in teração e a seguir,
27
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
d iante de o u tra no v id ad e o u d iferença, se d esinteg ra, exig ind o 
um m o v im ento de c riação que assim ile aq u ela d iferença - re ­
integ rand o e co nfig u rand o um a no v a fo rm a, p ro cesso que se­
gue, in fin itam ente, co m a v id a. Essa é a d escrição d o p ro cesso 
de co ntato . A exp eriênc ia v iv id a anim a m o v im ento s e g esto s 
co rp o rais que exp ressam , em fo rm as, o sentid o em fo rm ação 
no cam p o .
O cam p o não é um co nstru to ap enas m aterial. O m und o 
que p ercebem o s tem , além d a d im ensão física o u m aterial, 
uma d im ensão v ital e o u tra hu m ana, cap az de sim b o liz ação , 
que cria, co m p artilh a e co m u nica sentid o s e sig nificad o s, 
co nstru ind o um a realid ad e so c io cu ltu ral. O cam p o env o lv e 
to d as essas d im ensõ es unid as em um a to talid ad e co m p lexa, 
co m p o nd o no ssa exp eriência p ercep tiv a.
C o rp o e m ente fo rm am um a to talid ad e o rg anísm ica 
(G o ld stein, 2 0 0 0 ) e não p o d em ser p ensad o s sep arad am ente - 
nem se so b rep o r um ao o u tro . O co rp o é exp eriênc ia v iv id a no 
cam p o , co m p reensão que se ap ro x im a da id eia fen o m en o ló - 
g ica d e co rp o reid ad e. Tal n o ção , d o p o nto d e v ista d a feno m e- 
no lo g ia m erleau -p o nty ana, co nsid era a d im ensão anato m o fi- 
sio ló g ica d o co rp o v ivo (Korper) e a d im ensão v iv id a d o co rp o 
(Leib) p artes ind isso ciáv eis entre si, assim co m o d o m und o . A 
co rp o reid ad e é a exp eriênc ia v iv id a d o co rp o no m und o .
A co ncep ção g estáltica d e co rp o tam bém não se lim ita à 
d im ensão física o u m aterial de um co rp o b io ló g ico , o sso s, 
m úsculo s, ó rg ão s. C o nsid era, tam bém , a v italid ad e d o co rp o , 
sua co nd ição d e o rg anism o v ivo co m um a natu rez a que tend e 
ao equilíb rio , se aju sta e co m ung a co m o u tro s o rg anism o s de 
tend ências, p o r assim d izei; univ ersais. O qu e Perls, H efferline 
e G o o d m an (1997) d eno m inam “ an im al” faz referênc ia à v ita ­
28
Modalidades de intervenção clínica em Gestalt-terapia
lid ad e: a fisio lo g ia p rim ária, as fu nçõ es v eg etativas, a d im en ­
são de aju stam ento inerente ao co nceito de aju stam ento c ria ­
dor. A cap acid ad e de o rientação e m anip u lação está lig ad a à 
d im ensão hu m ana criad o ra e sing ular d o co rp o ; este p o d e se 
m o v im entar ru m o à c riação que restab elecerá o equ ilíb rio .
D e aco rd o co m o s au to res, qu and o o co rp o está em ação e 
m o v im ento não há sep aração entre suas p artes. Segund o eles, 
já na A ntig uid ad e A ristó teles afirm av a que funçõ es v egetativ as, 
sensação e m o tricid ad e são id ênticas em ato . A ssim , no co n ta ­
to , o co rp o é um to d o p ele, m úsculo s, co ração , p ulm õ es, san ­
g ue, fo rças instintiv as, crenças, v alo res, representaçõ es inscritas 
na carne - que é m inha e tam bém d o m und o . O m und o so cial, 
intersu bjetiv o e interco rp o ral está p resente em m im , no o u tro e 
nas co isas, tal co m o p ro p õ e M erleau -Po nty (2000) . É uma es­
p écie de fund o anô nim o que co m p artilham o s e de o nd e b ro ta ­
m o s em no ssa sing ularid ad e e liberd ad e co m o d iferenciação . 
Ele se ap resenta em no ssa co rp o reid ad e, em no sso s g esto s co r­
p o rais, em no ssò m o d o d e p ercebei; send o intrínseco a no sso s 
m o d o s d e ser e estar n o m und o . Perls, H efferline e G o o d m an 
( 1 9 9 7 , p . 43 ) enfatiz am a fo rça intrínseca d essa d im ensão so ­
c ial: n ão se p o d em co nsid erar fato res h istó rico s e cu ltu ­
rais m o d ificand o o u co m p licand o co nd içõ es d e um a situ ação 
b io física m ais sim p les, m as co m o intrínsecos à m aneira pela 
qual to d o p ro b lem a se no s ap resenta” .
A ind a que não h aja n a literatu ra fu nd ad o ra d a G estalt 
um a d em arcação d o co n ceito d e co rp o , seg uind o as p istas 
d eixad as nas o b ras d o s p io neiro s (Perls, 2 0 0 2 ; Perls, H efferli ­
ne ..e G o o d m an, 1997) e no s raro s escrito s de Lau ra Perls 
( 1992 ) - au to ra q u e m u ito su b linho u o co rp o em no ssa ab o r­
d ag em ten h o esb o çad o fo rm as e co nfig u raçõ es p ara ab o r ­
2 9
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
d ar o co rp o e a co rp o reid ad e em G estalt-terap ia (A lv im , 
2011 , 2 0 1 2 a , 2 0 1 2 b , 2 0 1 4 ) .
A prim eira p ista é essa no ção m aio r, basead a no p ensam en ­
to o rganísm ico o u de cam p o , que no s ad verte de que só se po d e 
falar so bre o co rp o co m o um a ab stração d a situação d e intera­
ção entre o rg anism o e am biente, tal co m o afirm aram Perls, H ef- 
ferline e G o o d m an (1997). M as é co m o co rp o que hab itam o s o 
m und o , interag im o s, v em o s, sentim o s, so m o s afetad o s, gesticu ­
lam o s e no s m o v im entam o s - enfim , fazem o s co ntato .
A segund a p ista que seg uim o s p ara p ensar o co rp o em 
G estalt-terap ia é a afirm ação d e que o c o n tato env o lv e aware- 
ness, sentim ento e co m p o rtam ento m o to r integ rad o s em um 
to d o no m o v im ento .
O CONTATO COMO CORPO EM MOVIMENTO ESPONTÂNEO
A v id a é m o v im ento ; a ex istênc ia, tem p o ralid ad e; o co rp o 
não é ap enas m atéria, iso lad a o u fechad a em si, d eterm inad a 
de fo ra. Tam p o u co é o cen tro irrad iad o r qued eterm ina as 
co isas. A co rp o reid ad e se faz no m o v im ento , em in teração 
co m o m und o e o o u tro , na h istó ria, na so c ied ad e. Isso im p li ­
ca afetar e ser afetad o , v er e ser v isto , sentir e ser sentid o , to ­
c a re ser to cad o . N esse m o v im ento v iv o d ad o no cam p o o rg a- 
nism o / am biente v ai se esb o çan d o um m o d o sing ular d e ser no 
m und o , de p erceber, um estilo m o to r d e and ar, ver, falar, o uv ir, 
se m o v im entar, cap az de exp ressão e d e tran sfo rm ação . É 
co m o co rp o reid ad e qu e se faz e refaz um sentid o d e si m esm o 
e do m und o , p ro cesso que Táv o ra (2014) d eno m ino u selfing. 
É a p artir d a exp eriência d a fro nteira de c o n tato que so m o s 
co nv o cad o s ao m o v im ento c riad o r de no v as fo rm as, que,
Modalidades de intervenção clinica em Gestalt-terapia
q u and o co m p artilh ad as, p o d em se to rn ar estáv eis e sed i­
m entar-se na cu ltu ra, transfo rm and o o m und o e a histó ria.
A o d escrev er o m o v im ento d e c o n tato co m o aju stam ento 
criativ o , Perls, H efferline e G o o d m an ( 1 9 9 7 , p . 44 ) no s d ão 
p istas p ara p ensar a co rp o reid ad e: “ o c o n tato é awareness do 
cam p o o u resp o sta m o to ra no cam p o ” . Tal afirm ação alud e a 
d uas d im ensõ es em inentem ente co rp ó reas: a awareness e a 
ação m o to ra, send o a p rim eira um tip o de co nsc iência p ré- 
-reflexiv a, p ercep tiv a, que env o lv e sentir, exc itam ento e fo r­
m ação de Gestalten no cam p o .
A d im ensão sensív el d a exp eriênc ia é fo c o d a G estalt- 
-terap ia e d a feno m eno lo g ia. A m b as p reco niz am a exp eriên ­
c ia d o ser no m und o co m o a o rig em d a p ro d u ção de sentid o s 
e enfatiz am a co rp o reid ad e co m o esp aço e tem p o d e nasc i­
m ento d o sentid o . M erleau -Po n ty (1994) p ro p õ e co m o tarefa 
d á feno m eno lo g ia reco lo car as essências na ex istênc ia, o que 
sig nifica d izer que o sentid o d o m und o n ão está nas id éias o u 
no p ensam ento , m as naq u ilo qu e v iv em o s, naq u ilo que o 
m und o rep resenta p ara nó s d u rante a exp eriência, antes de 
q u alq u er tem atiz ação o u reflexão que façam o s.
A n o ção feno m eno ló g iça de intencio nalid ad e o p erante 
ind ica a tend ência d a co nsc iênc ia de o p erar um a síntese p as­
siv a (esp o ntânea) no aq u i e ag o ra, q u and o o su jeito se en co n ­
tra co m u m a d im ensão no v a o u estrang eira d o m u nd o . Trata- 
-se d e um a síntese tem p o ral entre o que se ap resenta na 
exp eriência e o s ho riz o ntes d e p assad o e d e fu tu ro . D essa sín ­
tese surge um a fo rm a qu e ind ica o sentid o nascente d aquela 
exp eriência c o m o no v o o u d iferente. Esse sentid o , que não é 
d a o rd em d a reflexão , m as é irrefletid o , não d elib erad o , se 
exp ressa em no sso s g esto s co rp o rais.
3 )
lilian Meyer Frazão e Karina Okajíma Fukumitsu (orgs.)
A n o ção de awareness da G estalt-terap ia está m u ito ali ­
nhad a co m essa id eia. O sentir im p lica ser afetad o aq u i e ag o ­
ra no cam p o ^ o u seja, na in teração co m o o u tro o u a no v id a­
d e, m o b iliz and o um exc itam ento ru m o à fo rm ação de um a 
figura no cam p o . O exc itam ento m o b iliz a o s m o v im ento s d o 
co rp o , que g esticu la, se o rienta e m anip u la a situ ação , exer­
cend o um a ação m o to ra que v isa in teg rar e assim ilar a d ife ­
rença, restau rand o o eq u ilíb rio . N a G estalt que se fo rm a d u ­
rante o c o n tato , a fig ura se c o n ec ta co m o fund o - ho riz o nte 
de exp eriências já v iv id as e d e exp ectativ as fu tu ras - e se sus­
tenta nele. Esse p ro cesso tam bém é esp o ntâneo e env o lv e um 
tip o de p assiv id ad e, ind icand o que na o rg an iz ação d o cam p o 
d a exp eriênc ia não há p red o m in ância d e p artes, m ente, co rp o , 
o rg anism o o u am biente . E, ain d a, qu e o esp o ntâneo em 
G estalt-terap ia é tan to ativ o q u anto p assiv o , um m o d o inter­
m ed iário eq u id istante d o s d o is extrem o s.
O m o d o m éd io - term o p ro p o sto p o r Perls, H efferline e 
G o o d m an co m o m o d o de fu ncio nam ento d o sistem a self d e 
c o n tato s - faz referênc ia à v o z m éd ia, recu rso g ram atical em ­
p reg ad o em açõ es que n ão se enq u ad ram na v o z ativ a nem na 
p assiv a. A ssim , a G estalt-terap ia assum e o cam p o o u a situ a ­
ção co m o o rig em , u ltrap assand o um a p o sição d ico tô m ica 
entre eu e m u nd o , eu e o u tro , ressaltand o a situ ação e o p ro ­
cesso d e p ro d u ção de sentid o s co m o aç ão que so fre , d esco ­
b rir e inv entar.
A ssim , p o d em o s p ensar na awareness co m o um sab er que 
se p ro d uz n a exp eriência, qu and o d e m o d o esp o ntâneo no s 
sensib ilizam o s e g esticu lam o s em d ireção a alg o q u e está c o ­
nectad o co m a necessid ad e d o m inante no cam p o d e p resença 
aqui e ag o ra e se to rna figura.
Modalidades de intervenção clfnica em Gestalt-terapia
Tal g esticu lação co rp o ral é exp ressão esp o ntânea d o sen ­
tid o que a situ ação v ai assum ind o p ara aqu ele su jeito env o l­
v id o no cam p o , o u se ja, um tip o de co nsc iênc ia v iv id a co m o 
co rp o que se ab re à exp eriência. Perls, H efferline e G o o d m an 
(1 9 9 7 , p . 4 5 ) afirm am : “A figura (G estalt) na awareness é uma 
percepção, im ag em o u insight c laro s e v iv id o s; no co m p o rta ­
m ento m o to r, é o movimento eleg ante, v ig o ro so , qu e tem rit­
m o , que se co m p leta e tc ” . Percep ção e m o v im ento , awareness 
e co m p o rtam ento m o to r são m o d o s d istinto s de faz er referên ­
c ia à co rp o reid ad e em suas d im ensõ es ind isso ciáv eis. Basead a 
em critério s estético s, a G estalt-terap ia entend e qu e q u and o a 
awareness é um liv re flu ir que d irige a fo rm ação de Gestalten 
e o co m p o rtam ento o m o v im ento tem eleg ância, v ig o r, b rilho 
e p lasticid ad e.
O s tem as co rp o , co rp o reid ad e e m o v im ento são centrais 
rio cam p o d a d ança. Lau ra Perls ( 1992 ) m antev e estreito c o n ­
tato co m p ráticas e ling uag ens d e d an ça, m o v im ento e c o rp o ­
re id ad e, traz end o p ara a G estalt-terap ia elem ento s d aquele 
cam p o d a arte . Pratico u e trab alho u co m a eu ritm ia d e Jaq u es- 
-D alcro z e , qu e harm o niz av a ritm o e m o v im ento , bem co m o 
co m o m éto d o d e Feld enkrais, c u jo trab alh o está centrad o na 
awareness d o m o v im ento . D e aco rd o co m esse m éto d o , o sen ­
tir é base p ara a ap rend izag em d o m o v im ento , a c o rreção de 
p o stu ras e a m u d ança d e h áb ito s. Feld enkrais (1977) d iscute 
em suas au las tem as co m o as relaçõ es entre o s h áb ito s au to ­
m atiz ad o s, o p ensam ento e a awareness, v isand o au m entar a 
cap acid ad e d e p ercep ção d e si m esm o . Jo sé Â ng elo G aiarsa, 
ao ap resentar o liv ro d e M o sh e Feld enkrais ( 1 9 7 7 , p . 11), 
afirm a: “ Basta sentir co m finu ra p ara execu tar co m p rec isão . 
N ão são d o is tem p o s o u d uas fases - são um a só ” , ind icand o
3 3
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
que a eleg ância d o m o v im ento d epend e d a fo rça d a sensib ili­
d ad e. E no m o v im ento que o co rp o d o b ailarin o d esenha fo r­
m as no esp aço , p ro d uz ind o um a escrita p o ética co m a d ança. 
H u b ert G o d ard (apud Lo u p p e, 2 0 1 2 , p . 76 ) , o u tra figura im ­
p o rtante nesse cam p o , afirm a que é o m o v im ento que p raticao co rp o a cad a instante , o u seja, “ é a p artir d a g esticu lação 
que um co rp o se inv enta d e no v o , num a g estação p erp étu a e 
incessantem ente reno v ad a” que tam b ém escu lp e o m und o .
M erleau -Po n ty (1 9 9 4 ) ab o rd o u o m o v im ento a fu nd o , 
tend o -se d ed icad o ao estu d o d a esp ac ialid ad e, d a tem p o rali- 
d ad e e d a m o tric id ad e. D e ac o rd o co m ele, o esq u em a c o r ­
p o ral, essa esp écie d e co n sc iên c ia g lo b al d o c o rp o - in teg ra ­
ç ão d as p artes em um to d o - , n ão ex iste senão an co rad a no 
am b iente. O co rp o in teg ra suas p artes a si d e m o d o ativ o , de 
aco rd o c o m o v alo r d e cad a p arte p ara o s p ro je to s d o o rg a ­
n ism o naq u ele m o m en to , o qu e está estre itam en te re lac io n a ­
d o à fo rm aç ão d e fig u ras. Se v o u su b ir um m o rro , m eus p és 
e p ernas assum em im p o rtân c ia p rim eira; se alg u ém p ed e 
um a in d icação na ru a, so u b raço s e m ão s ap o n tan d o e ind i­
cand o d ireçõ es; se esto u so fren d o a p erd a d e u m ente q u eri­
d o e não v islu m b ro esp erança no fu tu ro , m e en co lh o e m e 
p araliso ; ao c o n trário , se v islu m b ro alg o m u ito in teressante 
q u e aco n tecerá d aq u i a p o u co , so u m o v im ento d e exp an são . 
A ssim , seg und o o f iló so fo , a esp ac ialid ad e d o c o rp o n ão é d e 
p o siç ão , m as d e situ ação : o co rp o está sem p re se an co ran d o 
no m und o .
Para M erleau -Po nty (ib id em ), a p alav ra “ aq u i” d esig na a 
anco rag em d o co rp o em um o b jeto , o b je to esse que só p o d e 
se to rn ar figura p riv ileg iad a qu and o m eu co rp o “ d esap arece” 
no fund o . Se, p o r exem p lo , em um a sala, um a m açã ap arece
3 4
Modalidades de intervenção clínica em Gestalt-terapia
p ara m im co m o fig u ra, esse o b je to em d ireção ao qu al m e 
m o v o p ara alcan çar e traz er à b o ca ap arece e faz d esap arecer 
o restante d a p aisag em - inclu ind o o m eu co rp o , que tam bém 
d esap arece e se to rn a ho riz o nte,, fu nd o . Perls, H efferline e 
G o o d m an ( 1 9 9 7 , p . 195) co rro b o ram essá.id eia afirm and o 
qu e, em um a situ ação de interesse intenso , “ não é o ‘c o rp o ’ 
que é p erceb id o em ab so lu to , m as o o b jeto em sua situ ação 
q u alificad o p elo ap etite c o rp o ral” . Para M erleau -Po nty 
(1 9 9 4 ) , o co rp o , d o tad o d e intencio nalid ad e, se m o v im enta 
“ em d ireção a ” , esp aço co rp o ral e esp aço exterio r co m p o nd o 
um sistem a p rático no qual o co rp o está p o lariz ad o p o r suas 
tarefas, d iante d e figuras p riv ileg iad as que são o p o lo de sua 
ação . Q u and o isso aco ntece , o co rp o é fu nd o , fo ra de co n s ­
c iência, taken for granted, m as co nstitu i um sup o rte ind isp en ­
sáv el p ara o c o n tato , tal co m o p ro p õ e Lau ra Perls (1992 ) .
É na ação / m o v im ento que a esp acialid ad e e a 
tem p o ralid ad e d o co rp o se realiz am : “ o m o v im ento não se 
co ntenta em subm eter-se ao esp aço e ao tem p o , ele o s assum e 
ativ am ente” (M erleau -Po nty , ib id em , p . 1 4 9 ) , co m base em 
um a “ in tenção de ap reensão ” (ib id em , p . 151) . Entre o s o b je ­
to s d o m und o à v o lta de d eterm inad a p esso a, alg uns se ap re ­
sentam a ela em p rim eiro p lano , co m o fig u ra, e rep resentam 
“ p o lo s ‘d é aç ão ” . A ssim , co m b inam d eterm inad o s v alo res es ­
p ecífico s co m p o nd o aq u ela situ ação - ab erta - que “ ex ig e” d o 
su jeito um a resp o sta à ab ertu ra d e tal situ ação , o que eq u iv a­
le à d escrição da exp eriênc ia d a fro nteira de co n tato , e o m o ­
v im ento de aju stam ento criad o r. Po r exem p lo , se v ejo uma 
criança p restes a cair e esse fato assum e na m inha exp eriência 
d eterm inad o s v alo res, to rna-se um p ro jeto . A criança é um 
p o lo d e ação , um p o nto n o ho riz o nte que faz d esap arecer o
35
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
resto d a p aisag em e p ara o nd e m e m o v o , b u scand o fechar o 
ho rizo nte fu tu ro que ap o ntav a p ara um a p o ssív el q u ed a, im ­
p ed ind o q u çd sso aco ntecesse. N aq u ele instante, a crian ça se 
d estaco u e o resto d esv aneceu , p erm itind o ap arecer tam bém a 
p o tência d o m eu m o v im ento e, co m ele, o s sentid o s q u e m e 
fazem e refazem : m eu am o r p elo o u tro , m inha ação d e cu id ar 
- o u , ao c o n trário , m eu excesso d e z elo , m eu im p ed im ento d a . 
exp eriência d e av entu ra d o o u tro .
A CORPOREIDADE COMO SUPORTE DO CONTATO
A o lo ng o d o p ro cesso d o c o n tato , tal co m o d escrito p o r 
Perls, H efferline e G o o d m an ( 1 9 9 7 ) , o co rp o se ap resenta de
m o d o s d istinto s: no p ré -co n tato , é fu nd o ind iferenciad o e, 
co m b ase n o que aco ntece no cam p o - o id d a situ ação o 
ap etite o u exc itam en to to rn a-se fig u ra. N o c o n tato , o exc ita- 
m ento v ai p ara o fund o e seu flu xo segue em d ireção a alg o 
q u e, ao s p o u co s, se d elineia d e fo rm a m ais n ítid a, faz end o 
ap arecer em p rim eiro p lano o o b jeto -fig u ra. O fu n d o -co rp o 
está d im inuíd o e as p o ssib ilid ad es d o am b iente av o lu m ad as, 
“ as em o çõ es assum em o co m an d o d a fo rça m o tiv ad o ra d o s 
anseio s e d o s ap etites” (ib id em , p . 2 2 2 ) . Já no c o n tato final 
o co rre um estad o d e ab so rção n o o b jeto -fig u ra, u m senti­
m ento sem self, esq u ecid o d e si, um a q u alid ad e n ão m ais d i­
nâm ica d e m o v im en to , m as estática o u final - ind icand o que 
nesse m o m ento há um re laxam en to d e to d a d elib eração e a 
ação é esp o ntânea e u n itária: um to d o env o lv end o p ercep ­
ç ão , m o v im ento e sentim ento .
A ssim , no p ro cesso de co n tato , é co m o co rp o reid ad e que 
p ercebo as necessid ad es d o m inantes no cam p o , sin to , o riento -
36
Modalidades de intervenção clinica em Gestalt-terapia
-m e e m o v im ento -m e p ara m anip u lar a situ ação , reto m and o 
o eq u ilíb rio e a in teg ração , assim iland o a no v id ad e.
Q u and o , d iante d e um a no v id ad e, o in teresse é v iv id o e a 
.fig ura é fo rte , sig nifica que esta co rresp o nd e à necessid ad e 
d o m in ànte n o cam p o . O flu xo d e awareness está d esim p ed id o 
e as d im ensõ es d o sentir, d o exc itam ento e d a fo rm ação de 
Gestalten m o v im entam o p ro cesso d e co n tato . N esse caso , a 
fig ura anco ra o co rp o , que d esap arece no fund o d a p ercep ção , 
m as está p resente, ap o iand o a ação . O m o v im ento é fluid o e 
o rg an iz a o sistem a self d e co n tato s, m antend o a p lasticid ad e 
d a estru tu ra o rg anism o / am biente.
O sup o rte em erg e d o fu nd o , d aq u ilo que fo i antes assim i­
lad o , tend o se to rn ad o h áb ito , inclu ind o alguns au to m atis- 
m o s que fac ilitam o c o n tato . É nesse sentid o que Lau ra Perls 
( 1 9 9 2 , p . 4) afirm a qu e 6 co rp o é um sistem a d e sup o rte que 
p ro v ém su stentação a p artir d a resp iração e d e su a base (p és, 
p ernas e qu ad ris) p ara qu e “ a p arte su p erio r d o co rp o p erm a­
neça liv re p ara o rien tar e m anip u lar” . Tais fu nçõ es, en fatiz a ­
d as p ela au to ra, referem -se à cap acid ad e d e lid ar co m o o u tro , 
o d iferente, a no v id ad e. A resp iração é um a fu nção fisio ló g ica 
que env o lv e tro c a co nstan te e intensa co m o am b iente . Q u an ­
d o há exc itam ento , a resp iração seintensifica, o m o v im ento 
d e ab ertu ra em d ireção ao m und o é fluid o . Q u and o o e x c ita ­
m ento é in ib id o , a resp iração fica co n tid a, o m o v im ento de 
exp an são p ara o m und o se in terro m p e, o exc itam ento é senti ­
d o co m o ansied ad e.
Q u an to m ais su p o rte o su jeito tem , m aio r é sua c ap ac i ­
d ad e c riad o ra e sing ular, o que lhe p erm ite d esenv o lv er um 
estilo . Lau ra Perls ( ib id em , p . 86) d efine estilo co m o “ um 
m o d o m ais integ rad o d e fu n c io n am en to , co m p o rtam en to e
3 7
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu Corgs.)
exp ressão ” . Para ela (id em ), o estilo é um m o d o ú nico de fa ­
zer c o n tato e p o d e ser “ in tensam ente p esso al, um d esenv o lv i­
m ento ind iv id ual ú n ic o ” , aind a que tam b ém se p o ssa atrib u ir 
estilo a g ru p o s e c lasses, m o v im ento s artístico s e p erío d o s d a 
histó ria. A au to ra p ro p õ e que o p ro p ó sito d a terap ia se ja 
“ estab elecer e d esenv o lv er estilo , isto é, um m o d o integ rad o 
e in teg rad o r d e exp ressão e execu ção d o s m o v im ento s e g es­
to s” (id em ).
U m a n o ção sem elh ante d e estilo está m u ito p resente nas 
d iscu ssõ es d e M erleau -Po n ty (1991 ) so b re a arte e está en ­
v o lv id a co m um tip o d e p ensam ento qu e n ão to m a o re feren ­
c ial de ad eq u ação co m o c ritério d e v erd ad e. O estilo é en ten ­
d id o nesse filó so fo co m o u m sistem a d e eq u iv alências 
p ercep tiv as que nasce esp o ntaneam ente d o trab alh o d o c o r ­
p o , um a in tenc io nalid ad e m o to ra, um trab alh o d o s o lho s e 
d as m ão s. Esses o lh o s e m ão s qu e o lham , g esticu lam , d es­
m o ntam e rem o ntam o m und o têm o p o d er d e, tal co m o o 
artista, d esatar o laço co stu m eiro d as co isas. Trab alh o que 
v ai co m p o nd o um m o d o sing ular de p erceber, um sistem a de 
eq u iv alências p ercep tiv as que se m o stra na o b ra e, eu d iria, 
no estilo de ex istir d ad o na esp o ntaneid ad e d o co rp o que 
co nstró i um a o b ra ex istenc ial. Estilo que se m o stra na v id a e 
no m o d o de fazer co n tato .
Lau ra Perls (1992) ressalta a im p o rtância de o terap eu ta 
atentar p ara as atitu d es que se to rnaram có d ig o s não escrito s 
de co m p o rtam ento so cial e p esso al: háb ito s, m aneiras e m a- 
neírism o s. Laura d efine háb ito co m o p ad rõ es p esso ais de co m ­
p o rtam ento , m o d o s de fazer co ntato que se to rn am au to m áti­
co s. Se facilitam o c o n tato , co nfig u ram -se co m o sup o rte; se, ao 
co ntrário , o b lo q u eiam , co nfig u ram -se co m o de resistência.
38
Modalidades de intervenção clinica em Gestalt-terapia
D iv erso s filó so fo s, antro p ó lo g o s e so c ió lo g o s d esenvo lvem 
a no ção de háb ito em suas reflexõ es so b re o co rp o e a cultura. 
A ind a que co m d iferenças e nu anças, em g eral o co rp o é co nsi­
d erad o d im ensão fund am ental ná fo rm ação d o m und o e da 
cu ltura. M arcei M au ss (2003) intro d uz iu o co nceito de habitus 
ao escrever so b re as técnicas d o co rp o . Pierre Bo urd ieu (2002) 
d esenv o lv eu a n o ç ão d e corp<L so c ialm en te in fo rm ad o , c o n ­
sid erand o o háb ito um p rincíp io g erad o r d as p ráticas so ciais. 
M erleau -Po nty (1991) su b linha a d im ensão hab itu al d o co rp o 
co m o um a zo na quase im p esso al que in co rp o ra, aind a que 
m antend o um estilo p ró p rio , o que está sed im entad o na cu ltu ­
ra. Ne^sa p ersp ectiv a, tal co m o p ro p õ e M au ss, o co rp o é si­
m ultaneam ente o o b jeto o rig inal so b re o qu al o trab alh o da 
cu ltu ra se d esenv o lve e a ferram enta o rig inal co m a qual aqu e ­
le trab alho se realiz a (M au ss apud C so rd as, 2 0 0 8 , p . 109) .
C o m p artilham o s fo rm as d e p erceber, sentir e in terp retar 
o m u nd o , fo rm as essas fo rjad as na cu ltu ra: jo v ens qu e falam 
e se co m u n icam d e d eterm inad as m aneiras, p o v o s d e d iferen ­
tes cu ltu ras, g ru p o s d e d iferentes b airro s e co nd içõ es so c iais 
que g esticu lam d e m aneiras d istintas e se d irig em ao m und o 
de m o d o co rp o ralm ente c arac terístic o , sentind o , p ensand o 
e g esticu land o .
Lau ra Perls ( 1992 ) d isting ue m aneira d e m aneirism o s. A s 
p rim eiras são háb ito s p esso ais g eralm ente aceito s que im p li­
cam a fac ilitação d o co n tato . M u ito frequ entem ente ad q u iri­
d o s p o r in tro jeção , sem qu e se este ja c iente d e seu sig nificad o 
e p ro p ó sito , p o d em ser fig u ra n o trab alh o terap êu tico qu and o 
a situ ação o exig e.
O s m aneirism o s, p o r o u tro lad o , o rig inalm ente co nsc ien ­
tes, são d isp o sitiv o s q u e, q u and o au to m atiz ad o s, p arecem
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
exag erad o s e d esp ro p o rcio nais ao co n tato a q u e eles su p o sta ­
m ente d ariam su p o rte . A ind a assim , arg u m enta a au to ra, p o ­
d em fazer p arte d o estilo d e um a p esso a o u g ru p o se fo rem 
integ rad o s ao fund o d a so cied ad e - p o r exem p lo , se d ão su ­
p o rte a um co n tato d esejad o p o r aq u ela so cied ad e o u classe. 
C o m o exem p lo , p ensem o s em certo s có d ig o s g estu ais de eti ­
qu eta so c ial, co m o seg urar um a x ícara d e c h á, no s có d ig o s 
que o rientam o d esfilar de m o d elo s nu m a p assarela, o u aind a 
o s p asso s d e d ança d e d eterm inad o ritm o m u sical em um a 
cid ad e, co m o o funk no R io de Jan eiro .
A ssim , no m aneirism o o co rp o é a m eta e não o fund o . 
Para ad q u irir aqu ele g estu al é p reciso treinar, rep etir o s g esto s 
v árias v ezes. Q u and o m e m o v im ento co m um a esp o ntaneid a ­
de m o to ra que m e co necta co m a situ ação e exig e d e m im um 
m o d o de reso lu ção , o m o v im ento é co n creto e centrífu g o ; 
m eu co rp o é um a esp écie de v eícu lo d o m o v im ento , d esap are ­
ce no fund o e seu p ro jeto m o to r v isa ao m und o o u ao o u tro . 
Q u and o execu to um m o v im ento calcu lad o , estu d ad o , trab a ­
lhad o , o co rp o - m o v im entand o -se e g esticu land o de d eterm i­
nad a fo rm a - é a m eta d a aç ão , send o o m o v im ento centríp e- 
to . A quele qu e, na v id a co tid iana, g esticu la co m m aneirism o s 
exerce um p ap el d esco nectad o da situ ação ; estam o s d iante de 
um m o v im ento d esinteg rad o , de um a existênc ia cu jo fluxo 
está im p ed id o .
O co rp o só ap arece co m o figura e co m o d im ensão iso lad a 
q uand o não está integ rad o à situ ação , qu and o há ro m p im en ­
to da to talid ad e m ente/ co rpo / m und o . N esse caso , o fluxo de 
atvareness está im p ed id o e o exc itam ento não p o d e flu ir em 
d ireção à fig ura d e interesse. A estrutura fig u ra-fu nd o é p o u co 
nítid a, sem b rilho ou vigo r, e o m o v im ento p erd e eleg ância, se
4 0
Modalidades de intervenção clinica em Gestalt-terapia
to rn a m ecânico q u rep etitiv o . A m u scu latu ra que se co ntrai 
p ara im p ed ir o exc itam ento d e flu ir p o d e se to rn ar um a fo rm a 
fixad a, esp écie d e fisio lo g ia secu nd ária, c rô n ica e in co nsc ien ­
te . Q u and o essa fisio lo g ia sub stitu i a esp o ntaneid ad e m o to ra 
d ad a p ela fu nção eg o d o sistem a self d e co n tato s, está institu í­
d a a situ ação neu ró tica, tal co m o a d efine a G estalt-terap ia 
(Perls, H efferline e G o o d m an, 1-99-7).
Perís, H efferline e G o o d m an (ib id em , p . 2 3 3 , 2 5 2 ) afir­
m am que om o m en to de in terru p ção d o p ro cesso de c o n tato 
carac teriz a háb ito s n eu ró tico s esp ecífico s: antes d a no v a e x ­
c itaç ão , d u rante a e x c itaç ão , c o n fro n tan d o o am b ien te , d u ­
rante o c o n flito e o p ro cesso d e d estru ição o u n o c o n tato fi­
nal. O esfo rço m u scu lar d e c o n traç ão qu e v isa in ib ir o flu xo 
d o exc itam en to está serppre p resente , c rian d o um a o p o sição 
entre fo rças de exp an são e c o n tração e resu ltand o q u ase 
sem p re em d o res e tensõ es m u scu lares. Esses são háb ito s ina­
cessív eis, um a fisio lo g ia secu nd ária.
A ssim , na situ ação de neu ro se, o flu xo de fo rm ação de 
figuras está em p errad o , p o is o exc itam ento que alim enta esse 
p ro cesso enco ntra-se b lo q u ead o p o r um a ação m uscu lar im ­
p ed itiv a que se to rno u inco nsciente . Um háb ito co rp o ral de 
cerrar o m ax ilar,'ap ertar o s láb io s, co ntrair o s o lho s, a g ar­
g anta etc . im p ed e o flu xo d o exc itam ento p ro v eniente de de­
term inad a necessid ad e qu e p erm anece no fund o .
D iante de Gestalten in acab ad as, o fund o p erd e a ho m o ­
g eneid ad e, não p o d end o d ar su p o rte à em erg ência de um a fi­
g ura nítid a, fo rte e bem d efinid a.
N as situ açõ es de co n flito , o fund o enco ntra-se perturba­
d o ; o qu e está em jo g o são as p rem issas da ação , ou seja, ne ­
cessid ad es, im agens de si, v alo res, exp ectativ as so c iais, m o ral
41
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajíma Fukumitsu (orgs.)
in tro jetad a etc . que não têm harm o nia entre si, g erand o m o ­
v im ento s hesitantes, que v ão e v êm - sem v igo r, eleg ância nem 
p lasticid ad e. A s figuras que em erg em nessas situ açõ es são fra ­
cas, d ébeis e inexp ressiv as, não co rresp o nd end o à necessid ad e 
d o m inante no fund o . N esses caso s, um falso co nflito p o d e d ar 
lugar ao co nflito o rig inal, p ro p o rc io nand o um aju stam ento 
p ro v isó rio , um a o rg aniz ação frág il d o sistem a self. Perls, H ef- 
ferline e G o o d m an (1997) ap o ntam a d úv id a o bsessiv a co m o 
um exem p lo de falso co nflito .
Em sum a, q u and o o flu xo de awareness está im p ed id o , 
as d im ensõ es d o sentir, exc itam en to e fo rm aç ão de Gestalten 
estão p re ju d icad as, tal c o m o d escrev em o s sin tetic am en te 
a seg uir:
Sentir
A d im ensão d o sentir lig ad a a aceitar a afetação so frid a q u an ­
do da exp eriência da fro nteira (A lv im , 2 0 1 4 ) está p reju d icad a 
ou p erd id a, p rev alece um estar d esco nectad o d o m und o e da 
situ ação p resente, p o d end o hav er alg um g rau de d essensib ili- 
z açào ao cam p o . N ão há ab ertu ra p ara o que aco ntece aqu i e 
ag o ra, o que se m o stra na situ ação terap êu tica. H á fixaçõ es 
e tensõ es m usculares c rô n icas (sensação d e em erg ência c rô n ica 
co m p ro p rio cep ção red uz id a, p ercep ção ag u çad a). Tensõ es e 
d o res p red o m inam nas sensaçõ es co rp o rais.
Excitamento
O exc itam ento , lig ad o à d ireção exp ansiv a ao m und o e à fo r­
m ação de figura no cam p o , está p re ju d icad o .Tal co m o d iscu ­
tim o s antes, o exc itam ento é im p ed id o p o r f ixaçõ es e tensõ es 
m usculares que se to rn aram in co nscientes, fo rm as fixad as
Modalidades de intervenção clínica em Gestalt-terapia
que im p ed em sea f lu xo , hav end o p red o m ín io d e m o v im ento s 
d e co n ten ção , c o m p reju íz o d o s g esto s de exp ansão .
Formação de Gestalten
A d im ensão d a fo rm ação de Gestalten, que reúne em um to d o 
significante um a figura de interesse sustentad a so bre o fund o do 
co rp o v iv id o e d o exc itam ento ,'está p rejud icad a p elo im p ed i­
m ento d o fluxo . Em co nsequência desse p ro cesso , as Gestalten 
que se fo rm am são fracas, sem ,brilho o u vigor, p o uco d efinid as.
Isso se exp ressa na ação co rp o ral, que se ap resenta co m 
g esto s v acilantes, entreco rtad o s, letarg ia, p o u co interesse, 
co ntraste entre o co nteú d o d a fala e a fo rm a d o g esto , não 
hav end o eleg ância no m o v im ento .
Tam b ém p o d em su rg ir fig u ras fo rtes, m as que se ap re ­
sentam co m o falso s c o n flito s, p o d end o ser exp ressas p o r 
m o v im ento s de v erb aliz ação excessiv a, fala re tó ric a, rep eti ­
tiv a, g esticu lação in tensa, assim co m o exp ressõ es em o c io ­
nais. A fala p o d e aind a se ap resentar em elip se, su p rim ind o 
co nteú d o s, A em o ção co m o fo rç a m o tiv ad o ra que v ia de 
reg ra sinaliz a a d o m in ânc ia p o d e estar tam b ém exag erad a 
o u im p ed id a.
Q u and o as em o çõ es estão im p ed id as e p red o m ina a ra ­
c io n aliz ação , o s m o v im ento s são m ecânico s, au to m ático s, re ­
p etitiv o s, d esco nectad o s d o cam p o e d a situ ação terap êu tica.
O p ro cesso de p ro d u ção de sentid o s, d ad o na co rp o reid a- 
d e, no m o v im ento de ag ressão , co m assim ilação o u alienação , 
está p re ju d icad o . H á f ix aç ão e p erd a da cap acid ad e criad o ra 
e inv entiv a de fo rm ação de fo rm as-sentid o . A p erso nalid ad e 
d eixa d e ser um a fu nção -p ro cesso p ara transfo rm ar-se em um 
o b je to , um co n ju nto d e in tro jeto s.
4 3'
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
A terap ia v isa restabelecer o flu xo d a awareness p ara res­
g atar a esp o ntaneid ad e, o u seja, açõ es m o to ras criad o ras, 
o rientad as jJara as figuras fo rm ad as a p artir d a necessid ad e 
d o m inante no cam p o , p erm itind o o cresc im ento e a fo rm ação 
de no vas rep resentaçõ es, O o b jetiv o é restau rar o fu ncio na ­
m ento p leno d o sistem a self de co n tato s, a p artir d as fu nçõ es 
id , ego e p erso nalid ad e.
A TERAPIA COMO EXPERIMENT-AÇÃO:
MOVIMENTO CRIADOR A PARTIR DO CORPO SENSÍVEL
O m éto d o terap êu tico p reco niz a co ncentrar-se na estrutura d a 
situ ação co ncreta e co nv id ar o c liente a um a p resença sensív el 
que lhe p erm ita p erceber co m o se sente e g esticu la aqu i e ag o ­
ra co m ig o (terap euta). N a situ ação terap êu tica, cliente e tera ­
p euta co m p õ em um cam p o de exp eriência aqui e ag o ra, env o l­
v id o s num a relação de alterid ad e. N esse enco ntro co m o o u tro 
co rp o que é, ao m esm o tem p o , sem elhante e d iferente, há ex ­
p eriência de fro nteira e co ntato co m o aju stam ento criad o r.
A terap ia deve co ncentrar-se na estrutura d a situ ação 
co ncreta p ara p erceber e trab alh ar sua unid ad e e “ d esunid a- 
d e” , v isand o restau rar o flu xo de awareness. Bu scand o o en ­
g ajam ento de terap eu ta e cliente na situ ação , q u er p resentifi- 
car as fixaçõ es e tensõ es que im p ed em o exc itam ento d e fluir, 
am p liand o a p ercep ção d e si co m o co rp o reid ad e. D e aco rd o 
co m Lau ra Perls ( 1 9 9 2 , p. 13), “ o continuam de awareness se 
d esenv o lve q u and o se rem o v em o u d isso lv em as b arricad as, 
as tensõ es m uscu lares, as in terferências, as G estalt fixad as. 
C o ncentra-se nas Gestalten fixad as e em co m o isso o c o rre ” . 
O trab alh o terap êu tico deve co ntatar esses h áb ito s g rad u al­
4 4
Modalidades de intervenção clinica em Gestalt-terapia
m ente, p ara que q cliente to lere a ansied ad e o riu nd a d o en- 
frentam ento d a no v a situ ação - lem brand o qu e, se a situ ação 
de v id a não o ferece co nd içõ es m ínim as d e sup o rte, esse trab a ­
lho p o d e não flo rescer.
O fo co no aqu i e ag o ra e na p ercep ção d a fo rm a que se 
ap resenta na situ ação d irige o trab alho . O terap euta seco nec ­
ta co m a fo rm a p o r m eio da p ró p ria co rp o reid ad e, im p licad o 
na situ ação terap êu tica, aqu i co nsid erad a um a situ ação de in ­
teração , cam p o de p resença e d e exp erim entação . C o nv id a o 
o u tro a reto rnar à exp eriência sensív el, p ara resg atar a d im en ­
são d o sentir e se ab rir à exp eriência d a fro nteira de co ntato 
eng ajad o na situ ação , co m sua p resença sensível e co rp o ral.
A ssim , o trab alh o co m a co rp o reid ad e im p lica o terap eu ­
ta em um a escu ta co m o co rp o , exp eriência que d eno m ino 
estética, co m base no s d iálo g o s co m a arte que v enho estab e ­
lecend o em o u tro s estud o s e p esq uisas (A lv im , 2 0 0 7 , 2 0 1 2 a , 
2 0 1 4 ) . A exp eriência estética d isting ue-se d a leitura intelec ­
tu al; é um tip o de p ercep ção que se ab re à exp eriência d o 
o u tro , não o red u z ind o a um o b jeto que co nceitu o , c lassifico 
o u in terp reto . A p ercep ção estética é aq u ela que busca a ver­
d ad e (o u essência) d o o b je to , assim co m o ela é d ad a im ed ia- 
tam ente .no sensível (D u frenne, 2 0 0 4 , p . 80) .
A n o ção de id d a situ ação , p ro p o sta p o r Perls, H efferline 
e G o o d m an (1997 ) , faz referênc ia ao fu nd o ind iferenciad o de 
p o ssib ilid ad es, situ açõ es in acab ad as, sensaçõ es, afeto s. Fenô ­
m eno s que aind a não p o d em ser no m ead o s, p o rtan to , co m o 
isso (fu nção id ). Essa d im ensão sensív el e p ré-reflexiv a d ad a 
na situ ação o u no cam p o d u rante o p ré -co n tato co nsiste em 
um estad o de in d iferenciação d o cam p o de exp eriênc ia d o 
q u al am b o s, terap eu ta e c liente, fazem p arte.
Lilian Heyer Fratão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
A fo nte d o exc itam ento está no id d a situ ação , não h a ­
v end o p o r isso c o n tato . N ão está em alg u m a p ro fu nd ez a d o 
eu ou no inco nsciente , tam p o u co no estím u lo d o am biente, 
m as na situ ação co ncreta. A fu nção id d o sistem a self d e c o n ­
tato s p arte d a co rp o reid ad e co m o fund o d e o nd e em erg e o 
exc itam ento p ara a fo rm ação d a figura. A ssim , o id d a situ a ­
ção d á ind íc io s da necessid ad e d o m in ante , send o , tal co m o 
co m p reend o , p o nto de p artid a d o d iálo g o terap êu tico - fu n ­
d ad o no c o n tato e na exp eriência irrefletid a, um d iálo g o entre 
co rp o s em que o p o n to de p artid a é a p resença sensível na 
escuta e na fala.
N essa p resença sensív el p o d em o s enco n trar o s m eio s 
p ara relac io nar a figura fraca de p rim eiro p lano co m o seu 
fund o , “ trazer o fund o m ais p lenam ente p ara a awareness” , 
tal co m o no s reco m end am Perls, H efferline e G o o d m an
(1 9 9 7 , p. 217 ) . R elac io n ar a figura co m seu m o tiv o faz surg ir 
no v o s exc itam ento s que m o v im entam o cam p o e exig em um 
trab alh o ; as figuras fracas to rnam -se d esinteressantes e a ex ­
p eriência se av iv a.
A G estalt-terap ia é, assim , um a p o lítica d a exp eriência 
que trab alha co m esse m o v im ento d ialético de id entid ad e e 
d iferença entre co rp o s que g esticu lam esp o ntaneam ente um 
em d ireção ao o u tro , co m p o nd o “ um a unid ad e que se ap o ia 
so b re as realid ad es d as d iferenças entre o eu e o tu ” (Buber 
apud H o land a, 1999 , p . 6).
O sentir se d á n o cam p o d o aqu i e ag o ra, n o enco ntro 
co m o m und o e co m o o u tro , qu and o tem o s um a co nsciência 
fug id ia e esco rreg ad ia da exp eriênc ia. É ap enas na relação 
co m o utrem que p asso de tal co nsciência esco rreg ad ia, desse 
sentim ento fugaz de p o ssib ilid ad e, a um a co ncretu d e da reah-
4 6
Modalidades de intervenção clínica em Gestalt-terapia
z ação d aq u ilo qp e sinto (M erleau -Po nty , 2 0 0 0 ) . A ntes de ver 
o o u tro co m o p ensante , v e jo -o co m o su jeito estesio ló g ico , que 
co m o co rp o reid ad e está eng ajad o no m u nd o , sente, é afetad o , 
se m o v e e o lh a. Q u and o ele o lh a p ara a m esm a p aisag em que 
eu , m o v e-se em d ireção ao m esm o lu g ar que eu o u d iz algo 
que eu estav a ap enas fo rm u land o , m inhas sensaçõ es g anham 
co ncretu d e no m und o e p erceb o que aq u ilo que v ejo e sinto é 
hu m ano , v isív el e sensív el.
Em no ssa exp eriência co m o o u tro , além de co m p artilh ar 
u m a natu rez a d ad a p ela d im ensão fisio ló g ica d o co rp o e um a 
co nd ição existencial de ser um co rp o que vê e é v isto , sente e 
é sentid o , tam bém co m p artilham o s um a d im ensão so cio cu l- 
tu ral; am b o s p ertencem o s a um m esm o fu nd o , um tem p o 
só c io -h istó rico , um a cu ltu ra d e o nd e b ro tam o s co m o sing u la­
rid ad es. Tal d im ensão se ap resenta em nó s, co rp o ralm ente; 
em no ssas fo rm as de p erceber, sentir, ag ir e falar, send o p arte 
de um fund o inv isív el que M erleau -Po nty (1994) d eno m ina 
“ an ô n im o ” p ara ind icar que não é p esso al - não p o d e ter um 
no m e, p o is é de to d o m und o e de ning uém . Tam p o u co p o d e 
ser q u alificad a o u p red icad a, p o is é p ré-reflexiv a. Tal d im en ­
são lig a-no s uns ao s o u tro s e no s p ro p o rc io na a sensação de 
ser p arte de um m esm o m u nd o , co m p artilhand o a m esm a car­
ne, nascend o d o m esm o so lo , u m terreno co m u m de hu m ani­
d ad e que am bo s hab itam o s e exp erienciam o s co m o ethos, 
lu g ar d e aco lh im en to e p ertencim ento , m o rad a (A lv im e C as ­
tro , 2 0 1 5 ) .
C o m p artilham o s fo rm as d e sentir d iante da v io lência, d o 
ab and o n o , da so lid ão , d o s p erig o s, d o ser am ad o , d o n asc i­
m en to , d a m o rte. Essas fo rm as d e sentir são so b retu d o c o rp o ­
rais e g estu ais, co m p artilhad as e rep ro d u z id as na cu ltu ra,
4 7
Lilian Meyer Frízão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
co m o háb ito s que p o rtam sentid o s. Perls, H efferline e G o o d ­
m an (1997 , p . 212) afirm am a esse resp eito :
V
Uma emoção é a awareness integrativa de uma relação entre o 
organismo e o ambiente, Como tal, é uma função do campo 
numa situação emocional, a emoção não é sentida até que aceite­
mos o comportamento corporal correspondente - é quando cerra­
mos o punho que começamos a sentir a raiva.
A exp eriência d a alterid ad e é tam bém d iferença e estra ­
nham ento . D escentra-no s, p ro v o cand o d eseq u ilíb rio e d esin ­
teg ração que exig em um trab alh o , p ráxis d o co rp o . Essa p rá- 
xis é m o v im ento criad o r, um exerc íc io de lib erd ad e que no s 
co lo ca na d im ensão d a sing u larid ad e. A ssim , co m no ssas 
açõ es criad o ras no exerc íc io d a liberd ad e que no s d á id entid a­
de e um no m e p ró p rio , transfo rm am o s e refaz em o s o m und o 
e a cu ltu ra.
O ap elo ao p o iético qu e faço em m eus d iálo g o s co m a 
arte env o lv e a co m p reen são d e que a c lín ica co m u ng a d o p o ­
tenc ial d a arte m o d erna e c o ntem p o rân ea: ser um a p o lítica 
da exp eriênc ia, d o co rp o e d a c riaç ão . É co m esse ho riz o nte 
que entend o qu e o d iálo g o c lín ico , b asead o n a alterid ad e, 
p recisa, em alg uns m o m ento s, p ro v o car um “ d esaju stam ento 
c riad o r” (A lv im , 2 0 1 4 ) qu e im p u lsio ne a c riaç ão : que d esna­
tu raliz e o o lh o , d escentre a p ercep ção e v alo riz e a exp eriên ­
c ia d a estranhez a p ara aco rd ar o co rp o , g erand o m o v im ento s 
e açõ es criad o ras.
O terap eu ta tem co m o tarefa co nv id ar o o u tro p ara um a 
exp eriência estética que se d irija p ara o âm b ito d o sensível e 
d o co rp o , d esv iand o o d iálo g o de um a fala em itid a p elo eu-
48
Modalidades de intervenção clinica em Gestalt-terapia
-p erso nalid ad e, Racio nalizad a, p ara um a fala esp o ntânea que 
seja fo rm a v ib rante em erg ind o d o cam p o em resp o sta à situ a­
ç ão p resente.
É p reciso ab rir-se à d iferença e à sing ularid ad e d o o u tro , 
p erm itind o qu e o exc itam ento p ro d uz id o na exp eriência da 
fro nteira n ão seja im p ed id o p elo p ensam ento , pela m o ral ou 
p o r in tro jeto s, m as flu a na d ireção ind icad a p ela esp o ntanei­
d ad e m o to ra co m sup o rte, co m b ase, integ rad o ao cam p o e ao 
estilo sing ular d o su jeito , g erand o assim ilação e cresc im ento .
Pro p o m o s um d iálo g o terap êu tico que seja “ p ro -v o cação ” , 
o u seja, em p ro l d a v o z e d a fala institu inte, revo lv end o as ca ­
m ad as sed im entad as que m antêm a v id a inerte e rep etitiv a e 
p ro v o cand o d esv io s, ab rind o vered as no g rand e sertão .
N a h istó ria d a G estalt-terap ia, d esenv o lv eu-se um a falsa 
d ico to m ia entre fru stração e su p o rte . O d esaju stam ento c ria ­
d o r (A lv im , 2 0 1 4 ) v isa fru strar a fo rm a rep etid a, afirm and o o 
qu e está p resente na situ ação : a fo rm a fixad a, a figura sem 
b rilho - co nv id and o o o u tro a b u scar no fund o d o cam p o , no 
id d a situ ação , as m o tiv açõ es que sustentam a figura p resente.
Afirmar a existência, entretanto, não é só admirar e fruir a forma 
vigorosa e plástica. É também enxergar a monotonia, a desarmo­
nia da forma enrijecida. Valorizar e reconhecer a potência plástica 
dessa forma - a melhor forma que pode ser construída em algum 
momento do passado e a única que parece estar disponível agora 
- é que oferece o suporte para que ela possa ser assumida e vista, 
experimentada agora. Afirmar a existência significa também [...] 
romper a monotonia da repetição neurótica, frustrando o que se 
repete através da afirmação daquilo que está presente na situação 
[...]. (Alvim, ibidem, p. 305)
.4 9
Lilian Meyer-Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
O trab alho terap êu tico que v isa ao flu xo d e awareness e 
à criação não p rescind e d o d esenv o lv im ento de funçõ es de 
sup o rte, tarefa que d epend e d o ap o io d o terap eu ta e de sua 
cap acid ad e de awareness e de co n exão co m o que se ap resen ­
ta - assim co m o d o que o cliente tem d isp o nív el e de que tip o 
de sup o rte lhe falta, tal co m o reco m end a Lau ra Perls (1992) . 
Ela fala de suas ferram entas:
Cada terapeuta desenvolve um estilo próprio: eu - com um back- 
ground de música, euritmia, dança moderna, abordagens corpo­
rais ocidentais e existencialismo tanto oriental como ocidental, 
familiaridade com diversas línguas e sua literatura - trabalho 
muito com awareness corporal, respiração, postura, coordenação, 
continuidade e fluidez no movimento, expressão facial, gestos, 
voz. (Ibidem, p. 86)
D iv erso s G estalt-terap eu tas, assim co m o Lau ra, v isam d i­
retam ente à awareness c o rp o ral, trab alhan d o co m resp iração , 
m o v im ento , p o stu ra. C ito co m o referênc ia atu al Ru ella Frank 
(d ançarina, co reó g rafa e G estalt-terap eu ta) que inv estig o u as 
exp eriênc ias de m o v im ento ao lo ng o d o d esenv o lv im ento 
b uscand o co m p reend er sua co n trib u ição p ara a fu n ção o rg a ­
niz ad o ra d o sistem a self. Seu m éto d o de trab alh o p arte d o 
m o v im ento , co m exerc íc io s insp irad o s em p ad rõ es in fantis, 
v isand o a m ud anças no sistem a neu ro m u scu lar d as crianças 
co m o d esenv o lv im ento d e flexib ilid ad e e fo rça, am p liação de 
awareness e m u d ança no s p ad rõ es de resp iração , g esticu la- 
ção , p o stu ra (Fran k , 2 0 0 1 ) . Su san G reg o ry , tam b ém rad icad a 
no s Estad o s U nid o s, é can to ra lírica e G estalt-terap eu ta, ten ­
d o d esenvo lv id o trab alho s lig ad o s a resp iração , v o z , p o stura
5 0
Modalidades de intervenção clinica em Gestalt-terapia
e m o v im ento . N o ^Brasil, v ário s G estalt-terap eu tas trab alham 
nessa d ireção , p ro m o v end o d iálo g o s co m d iv erso s au to res de 
teo rias e p ráticas co rp o rais. C ito , a títu lo d e exem p lo , alguns 
d eles: Fatim a M artu ccelli (São Pau lo ), R o sa . C ristina C av al­
cante (R io de Jan e iro ) , N ay la Reis e M au ra A lves (Brasília).
Lau ra Perls, que fo i g rand e resp o nsáv el p ela ênfase na 
awareness c o rp o ral no m éto d o d a G estalt-terap ia, não é a 
ú nica influ ência. Tan to Fritz Perls q u anto Paul G o o d m an, de 
m o d o s d iferentes, fo ram m u ito insp irad o s p elas p ro p o stas de 
W ilheim Reich . N o entan to , o trab alh o co rp o ral no s m o ld es 
de um a terap ia co m o co rp o não é a característica d efinid o ra 
d o m éto d o p sico teráp ico d a G estalt-terap ia.
O trab alh o , tal co m o p ro p o sto o rig inalm ente na literatu ra 
fu nd ad o ra, se d á no d iálo g o terap êu tico a p artir d a situ ação 
co ncreta, aqu i e ag o ra, b uscand o lib erar o flu xo d a awareness. 
Trab alh ar o d esenv o lv im ento de sup o rte d em and a am p liar a 
p ercep ção de si co m o co rp o reid ad e, o u seja, co m o co rp o v iv id o 
no m und o co m o o u tro , co rp o que sente, se afeta, se exc ita e 
tem a p o tência d e ag ir p ara transfo rm ar o m und o e a situ ação . 
Trab alh ar a awareness é trab alh ar a co rp o reid ad e.
Partind o da co m p reensão d a co rp o reid ad e no co ntato e na 
neuro se'aqui desenvo lv ida, as d iretrizes de um a ação terap êutica 
co erente co m essa co m p reensão p o d em ser assim sintetizad as:
• V isam o s a que a pesso a am plie a p ercep ção de si co m o 
co rpo reid ad e, o u seja, perceba-se aqui e ag o ra nessa situação .
• Estab e le cer u m c o n tato d a p esso a co m a situ ação 
im p lica assu m ir q u e eu , terap eu ta, faç o p arte d a situ a ­
ç ão , send o , p ara e la, um o u tro , ap resentan d o -m e co m o 
id entid ad e e d iferen ça. So u o u tro c o rp o que, co m o o
Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
c liente, p o d e v er e ser v isto , sentir e ser sen tid o , ag ir e 
so frer a ação .
• E p reô iso co nv id á-la p ara um a p resença sensív el, que 
lhe p erm ita p erceber co m o se sente e g esticu la aqu i e ag o ra 
co m ig o na situ ação . Esse co nv ite p ara co nectar-se co m o 
corpo / sensível é feito co m m eu (do terap euta) corpo / 
sensível na situ ação . Escu tand o co m o co rp o , p o r m eio de 
uma exp eriência estética d iante d o o u tro (cliente), buscan ­
d o a verd ad e no sensível, p ercebo as Gestalten fracas, o s 
falso s co nflito s e, so b retud o , o s d ébeis sinais d a d o m inân- 
cia na situ ação . A o m esm o tem p o , v o u sinalizand o p ara ela 
isso que vejo sentindo: co m o v o cê se sente ag o ra, há alg u ­
m a sensação o u afeto p resente qu and o fala d isso ? A lgo 
d iferente se p asso u ag o ra? N o ta esse m o v im ento d o pé? 
N o to sua fala entreco rtad a, o que está aco ntecend o ag o ra? 
Percebi surg ir aqui um a tristez a, um a aleg ria, um ar so lene.
• N ad a d isso está o rientad o p elo p ensar rac io n al, m as 
p o r um a exp eriência estética e sensív el que m e d irig e p ara 
alg um as figuras no cam p o - ap o iad as no fu nd o de m i­
nhas exp eriências co m essa p esso a, no fund o d a m inha 
fo rm ação teó rica, p ro fissio nal e de v id a, no fu nd o co m um 
que co m p artilho co m essa p esso a send o um co rp o 
b io p sico sso c ial-esp iritu al que em erge d esse cam p o e de 
um m esm o tem p o só c io -histó rico .
• O rientand o m inha ação terap êu tica p elo id d a situ a­
ção , co nv id o a p esso a a entrar em c o n tato c o m a d o m i- 
nância, c o m o fund o da situ ação , traz end o -o m ais p lena­
m ente p ara a awareness.
• Esse é um co nv ite e m eus sinais n ão são reg ras o u cri­
tério s de v erd ad e, m as ap enas p ersp ectiv as. Q u and o essas
5 2
Modalidades de intervenção clínica em Gestalt-terapia
interv ençõ es terap êu ticas sinaliz ad o ras enco ntram eco na 
o u tra p esso a, na necessid ad e d o m in ante , elas p ro v o cam 
um a exp eriência, um a no v id ad e na situ ação que d eno m i­
no d esaju stam ento criad o r. N essa situ ação , m eu sentir se 
enco ntro u co m o d ela.
• A ap o sta é que um a exp eriência atual de d iálo go aqui e 
ag o ra co m ig o p erm ita ao cliente enfrentar o co nflito entre a 
necessid ad e e o excitam ento e as prem issas da sua ação (m o ­
ral intro jetad a, “ d ev erías” , crenças, valo res) e po ssa trazer o 
fund o m ais p lenam ente p ara a awareness, fazend o surgir 
no vo s excitam ento s e em ergir um a figura fo rte que tenha 
co rresp o nd ência co m a necessid ad e d o m inante no fund o .
• Lib erand o o flu xo d o exc itam ento e g erand o m o v i­
m ento s p lástico s e eleg antes, integ rad o s co m o cam p o , há 
cresc im ento e fo rm ação de no v as rep resentaçõ es e o siste ­
m a selfàt c o ntato s fu ncio na p lenam ente a p artir d as fu n ­
çõ es id , ego e p erso nalid ad e.
Esse m o d o d e co nsid erar a co rp o reid ad e na c lín ica g estál- 
tica é cap az d e no rtear d iv ersas fo rm as m eto d o ló g icas ad o ta ­
d as ao lo ng o de um p ro cesso terap êu tico o u até m esm o de 
um a sessão de terap ia. A s interv ençõ es terap êu ticas p o d em , 
assim , assu m ir d iv ersas fo rm as, d e aco rd o co m o estilo do 
terap eu ta e o s recurso s d isp o nív eis n o fund o de sua exp eriên ­
c ia. C ito a seg uir alg um as d essas fo rm as:
• À exp erim entação co m b ase n a p resença e nas v iv ên ­
c ias n o cam p o e n a re lação p sico teráp ica.
• O trab alho num a ab o rd ag em m ais d ialó g ica, centrad a 
na fala.
5 3 '
Lilian Meyer Frazào e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)
• O uso de exp erim ento s c lássico s, tais co m o a cad eira 
v az ia, o trab alho co m so nho s, a fantasia d irig id a.
• A u tilizSção de recurso s exp ressiv o s co m o d ram atiz a ­
çõ es, d esenho , p intura.
• A m eto d o lo g ia da arteterap ia g estáltica.
• O trab alho de awareness co rp o ral co m resp iração , 
m o v im ento , p o stu ra, m assag ens.
É fund am ental sublinhar que to d as essas m o d alid ad es de 
trab alho são p ro p o siçõ es que v isam p ro p iciar a exp eriência no 
aqui e ag o ra, e não técnicas a ser ap licad as. Precisam estar 
sempre o rientad as pela necessid ad e sing ular de cad a p esso a em 
cad a m o m ento da sessão o u d o p ro cesso terap êu tico . N ão são 
técnicas, m as p o ssib ilid ad es de trab alho que resp o nd am ao que 
se ap resenta co m o necessid ad e no cam p o . Em to d as elas, o 
alv o é aqu ilo d e m ais essencial no trab alh o g estáltico : integ ração 
de sentim ento , ação e p ensam ento no cam p o organism o / 
am biente, restaurand o o fluxo de awareness e a cap acid ad e de 
criação que p erm ita urna existência fluid a e p lástica.
Tud o isso no s leva a reto m ar a id eia de Lau ra Perls d e que 
o p ro p ó sito da terap ia seja d esenv o lv er estilo , um m o d o in te ­
g rad o e integ rad o r d e exp ressão e execu ção d o s m o v im ento s 
e g esto s.
C o nclu ím o s su b linhand o o caráter étic o , estético e p o líti ­
co da G estalt-terap ia, essa p ro p o sta p sico teráp ica que v isa à 
sing ularid ad e d a esp o ntaneid ad e co rp o ral e p ro p õ e a exp eri­
m entação no d iálo g o terap êu tico c o m o um co nv ite-d esafio de 
v iver a d iferença e na d iferença. Para que, “ c o n -fian d o ” e d an ­
çand o co m o o u tro , se p o ssam d esenhar no v as fo rm as no 
esp aço -tem p o d a v id a.
5 4
Modalidades de intervenção clinica em Gestalt-terapia
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