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Resenha - ESCRITORES CRIATIVOS E DEVANEIOS

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Resenha - ESCRITORES CRIATIVOS E DEVANEIOS 
 
 Freud inicia esse texto levantando questionamentos sobre sua curiosidade em saber de onde um 
escritor retira seu material e consegue posteriormente impressionar seus leitores com sua produção 
quando essa é capaz de desperta suas emoções. Ou seja, Freud tem a intenção de pesquisar os 
processos criativos. Para Freud os próprios escritores criativos buscam diminuir a distância entre eles e 
o homem comum, quando com muita frequência afirmam que todos somos poetas e somente com o 
último homem morrerá o último poeta. 
 Em razão da ocupação favorita e mais intensa da criança ser o brinquedo ou os jogos, Freud 
indaga se não deveríamos procurar, já na infância, os primeiros traços de atividade imaginativa. Não 
poderíamos dizer que, ao brincar, toda criança está se comportando como um escritor criativo? Um 
mundo próprio é criado nesse momento, ou seja, a criança reedita a realidade de forma que mais lhe 
agrada. 
 Para o autor, seria errado supor que a criança não leva esse mundo a sério. A brincadeira é 
levada muito a sério pela criança e ela despende muita emoção nesse período da brincadeira. Pois a 
antítese de brincar é o que é real. Apesar de toda a emoção com que a criança vivencia seu mundo de 
brinquedo, a realidade é distinguida por ela perfeitamente. Ela faz ligação emocional com objetos e 
situações reais e é essa conexão que diferencia o ‘brincar’ infantil do ‘fantasiar’. 
 Indo mais adiante Freud percebe que a linguagem sustenta essa relação entre o brincar infantil e 
a criação poética. Assim, ele examina com maior cuidado a oposição entre a realidade e o brincar. E 
percebe que a irrealidade do mundo imaginativo do escritor tem consequências importantes para a 
técnica de sua arte. 
 Para Freud a criança ao crescer pára de brincar mas, não renuncia esse prazer. Ela na verdade 
substitui uma coisa pela outra, ou seja, agora no lugar de brincar ela fantasia. Constrói castelos no ar e 
cria o que conhecemos como devaneios. 
 Freud pontua que as fantasias das pessoas são menos fáceis de observar do que o brincar das 
crianças. A criança brinca sozinha ou estabelece um sistema psíquico fechado com outras crianças, mas 
mesmo que não brinque em frente dos adultos, não lhes oculta seu brinquedo. O adulto, ao contrário, 
envergonha-se de suas fantasias, escondendo-as das outras pessoas. O brincar da criança é determinado 
pelo desejo de ser grande. A criança está sempre brincando ‘de adulto’, imitando em seus jogos aquilo 
que conhece da vida dos mais velhos. Já do adulto espera-se que não continue a brincar ou a fantasiar, 
mas que atue no mundo real; pois alguns dos desejos que provocaram suas fantasias são proibidos ou 
infantis; assim, o adulto envergonha-se de suas fantasias. 
 Contudo, a 'necessidade' fará com que aquilo de que sofrem e aquilo que dá felicidade às 
vítimas de doenças nervosas (suas fantasias) sejam reveladas ao médico, pois esperam ser curadas 
através do tratamento mental. 
 Freud examina algumas características do fantasiar e percebe que toda fantasia é a realização de 
um desejo da pessoa insatisfeita, pois somente o insatisfeito fantasia e trata isso como uma correção da 
realidade insatisfatória. Para o autor, os desejos motivadores são vistos naturalmente em dois grupos 
principais: ou são desejos ambiciosos, que se destinam a elevar a personalidade do sujeito, ou são 
desejos eróticos. 
 Para o autor as diversas fantasias, produtos da atividade imaginativa, não deve ser 
estereotipados ou inalteráveis. Ao contrário, elas se adaptam às impressões mutáveis que o sujeito tem 
da vida, alterando-se a cada mudança de sua situação e recebendo de cada nova impressão ativa uma 
espécie de ‘carimbo de data de fabricação.’ 
 É muito importante a relação entre a fantasia e o tempo. E parece flutuar entre três tempos – os 
três momentos abrangidos pela nossa ideação. O trabalho mental vincula-se a uma impressão atual, a 
alguma ocasião motivadora no presente que foi capaz de despertar um dos desejos principais do 
sujeito. Dali, retrocede à lembrança de uma experiência anterior (geralmente da infância) na qual esse 
desejo foi realizado, criando uma situação referente ao futuro que representa a realização do desejo. O 
que se cria então é um devaneio ou fantasia, que encerra traços de sua origem a partir da ocasião que o 
provocou e a partir da lembrança. Dessa forma o passado, o presente e o futuro são entrelaçados pelo 
fio do desejo que os une. O desejo utiliza uma ocasião do presente para construir, segundo moldes do 
passado, um quadro do futuro. 
 A neurose ou a psicose ocorrem quando as fantasias se tornam exageras trazendo sintomas 
penosos que afligem o sujeito. 
 Para Freud os sonhos noturnos são fantasias que foram reprimidas e enviadas para o 
inconsciente e chegam a nossa consciência de forma distorcida. 
 Freud então percebe que os escritores criativos utilizam temas preexistentes a partir da memória 
de uma vivência anterior para criar o próprio material. 
 Para Freud a continuação (substituição) do brincar infantil é o que constitui a semelhança entre 
uma obra literária e os devaneios. E a diferença entre eles está na superação, pois a verdadeira 
satisfação que usufruímos de uma obra literária procede de uma libertação de tensões em nossas 
mentes. nos deleitando em nossos próprios devaneios, sem auto-acusações ou vergonha.

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