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Rodrigo (FamAlia Valentini Livro 6)_nodrm

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Família Valentini – Livro 6
Mari Sales
1ª. Edição
 
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Copyright © Mari Sales
Edição Digital: Criativa TI
_____________________________________________
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
_____________________________________________
Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa
obra, através de quaisquer meios – tangível ou intangível – sem o
consentimento escrito da autora.
Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei
n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
 
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Sinopse
Thárcyla estava fadada a trabalhar sem fim por conta de uma dívida
que não era sua. Depois de ser remanejada de uma empresa para outra, ela
lidaria com o último Valentini e também, com seus demônios profissionais.
Ela não estava pronta para ceder e concluir esse círculo sem lutar contra.
Mas quando as coisas tinham que acontecer, o universo conspirava.
A resolução dos mistérios da família Valentini estava no fim e dependia de
Thata resolver seus próprios problemas e esquecer as pessoas a sua volta ou
ajudar seu novo chefe, Rodrigo, a libertar sua mãe para seguir sua própria
vida.
Era tempo de seguir o coração.
O encerramento tão aguardado, as cenas omitidas e todos os pontos
finais chegaram. Estão prontos para saber como tudo começou e como tudo
terminará?
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Dedicatória
À minha querida amiga Thárcyla, que muitas vezes é a última a
chegar, mas nunca é a menos importante, obrigada. Não importa o que
passamos nem as vozes que nos atormentam, a verdade é única e se resume
em amor e gratidão por ter me escolhido para betar. Nunca esqueça que seu
brilho é único e lindo!
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Antes da história de Rô e Thata
começar, vamos saber um pouco
mais do que aconteceu com a
família!
Capítulos Bônus
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Capítulo 1
Alberto
Estava nessa sala há mais tempo do que queria, na verdade, me
prenderam e não entendo com qual poder jurídico elas conseguiram fazer
isso. Não me deram oportunidade para acionar nenhum dos meus advogados
ou contatos, estava encurralado.
Meus negócios ilícitos estavam muito bem orquestrados por debaixo
dos panos, minha vingança contra os Valentini estava para se concretizar,
tudo corria na mais perfeita harmonia, mas...
Como eles tinham contato com a SAI, a mais temida organização
por pessoas como eu? Seus nomes esquisitos e ações contra corrupção
davam-lhes a reputação de impiedosas e cruéis, além dos apelidos normais
para mulheres que não estavam em seu lugar, na cozinha.
Apanhei do meu filho, finalmente conheceu minha verdadeira face e
agora, estava retornando para sua família de sangue, como nunca premeditei.
Uma merda que investi trinta anos naquele pervertido para vê-lo me dar as
costas na primeira dificuldade. Antonio deveria ser inescrupuloso como eu,
mas por algum motivo, o idiota tinha um coração.
— Você tem uma visita — a voz de mulher, em tom zombeteiro
soou pelo autofalante da sala de interrogatório que estava. A porta se abriu
mostrando uma Laila desalinhada e completamente perturbada.
Ainda estava sentado, amarrado e feito refém. Duas vezes por dia era
encaminhado para um banheiro e me serviam comida, o básico. Dormia no
chão e acordava cedo demais para ficar nessa posição na cadeira.
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Tentei me sujar, dar trabalho para que essas vadias limpassem, mas
tomei do meu próprio veneno quando me deixaram nu, deitado em cima do
meu próprio excremento e só depois de muito tempo é que vieram me limpar
e alimentar.
Há quantos dias estava aqui? Com certeza, para mim, pareciam anos.
Humilhado, não tinha mais poder sobre a minha vida. Tudo por
causa dela, Vivian Valentini, a mulher que abriu suas pernas para mim,
porém nunca me aceitou como seu verdadeiro homem, o único que a fez
sentir de verdade o que era prazer.
Que se fodesse, assumia que queria o seu amor, os seus bens e sua
vida.
Tomei seu filho, ameacei e a forcei a ter relações comigo... mas nada
adiantaria se Frank ainda estivesse vivo e quisesse me humilhar, uma vez que
expus meus sentimentos para ele. Sua mulher deveria ser minha!
— Você acabou com a minha vida! — Laila gritou e avançou em
minha direção dando tapas e me arranhando. Minhas mãos e pernas
amarradas na cadeira me impediam de rebater nessa louca.
— Sua puta, para de me bater! — Tentei desviar o tanto que
conseguia.
— Meu pai não quer mais falar comigo, minha mãe exige que me
interne em uma clínica psiquiátrica e Antonio me expulsou do clube! — Ela
me deu um tapa de mão aberta no rosto o deixando ardido e deu dois passos
para trás. — Contratei aquela traficante que tinha vínculo com a namorada de
Carlos Eduardo para sequestrar alguém da família, fiz ligações ameaçando os
irmãos, tentei seduzir Antonio, me entreguei a você, fiz tudo o que você
mandou, porque me garantiu que me daria Benjamin de volta. E o que
aconteceu? — Ela me bateu no rosto e minha vontade era de dar o troco em
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maior intensidade. — Estamos arruinados e ainda por cima, sem dinheiro!
Apesar do desespero, nenhuma lágrima escorria dos seus olhos. Fria
e calculista, ela era tão igual a mim quanto eu a ela.
— Você só está preocupada que terá que se prostituir para
sobreviver, já que não serve para nada além de abrir as pernas! — Cuspi na
sua roupa de grife e ela gritou de nojo.
— Seu desgraçado, me prometeu dar tudo o que queria se fodesse
com você e agora está cuspindo onde comeu? Por sua causa sou suspeita de
tráfico de pessoas e corrupção! — Fez um gesto de birra, como se fosse uma
criança e sorri com escárnio, o que fez com que algum arranhado, feito por
suas unhas enormes, ardesse perto do meu olho.
— Falei o que precisava para te levar para cama e fazer com que
você perturbasse a família Valentini. Sei que você e seu pai armaram para
ele, mas eu tinha muito mais poder de fogo e precisava fazer mais estragos.
— Cadê seu fogo agora? — zombou e voltou a me bater. — Eu
deveria te matar, se não fosse meu medo dessas agentes secretas.
Ri alto e bati minha testa em seu nariz com força, o que a fez gritar,
dar passos para trás e cair no chão. O sangue escorrendo a transformou em
uma mulher medonha e não linda e inabalável como sempre se portou.
— Socorro, ele me bateu!
— Você está fodida tanto quanto eu, Laila. Agora vai apodrecer no
inferno ao meu lado. Deveria ter vestido a máscara de vítima e ido chorar
para o seu papai, mas tenho certeza que foi orgulhosa demais para isso.
— Eu não nasci para ter menos do que mereço. Benjamin não
deveria ficar com aquela menina sem graça! — Depois começou a resmungar
sobre o nariz e o quanto ficaria marcada pelo o que fiz.
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— Vadia, você merece apenas isso. Tenho nojo!
— E você também, Alberto Mendes — falou em tom sombrio,
recompôs a compostura, se levantou e caminhou até a porta. — Se sou vadia,
você também será, do grande Leon Ventura.
Ela deu dois toques na porta e a mesma se abriu. Essas batidas foram
as que perdi do meu coração assim que ela pronunciou o nome do homem
mais cruel e corrupto da América Central. Nunca planejei que fosse meu
inimigo, mas Frank tinha feito as conexões certas e para que conseguisse
algumas posses, precisava ter aliados... e um deles era justamente um dos
inimigos de Leon Ventura.
— A mensageira está histérica, muito obrigada por causar todos
esses transtornos. — Umamulher completamente vestida de preto, sem exibir
seu rosto, entrou na sala e mudou minhas amarras de fixas para móveis. Seria
transferido.
— Quanto você precisa? Posso te fazer milionária, só não me leve
para Leon Ventura. Sabe o que ele faz com seus inimigos? Tiram suas peles
como se fossem cordeiros no abate.
— Que sádico, não? — falou com ironia, me forçou levantar e me
puxou, mas resisti. — Economize saliva e não me dê trabalho, não sou
corruptível.
— Dez milhões? Cinquenta? — implorei e ela forçou que andasse.
— Ficaria até tentada se você ainda tivesse esse dinheiro. Até o atual
momento, seu saldo na conta é quase zero. Você é um homem sem posses e
agora, uma presa para o cara mais malvado que você.
— Chega de conversa, Rigel. Hora do show — outra mulher, com os
mesmos trajes negros, falou da porta e me forçou a sair.
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Nunca tive medo de morrer, não criei uma ruga de preocupação com
as atrocidades que fiz o sequestro de um recém-nascido, as ameaças com
Vivian, a morte de Miguel e Frank, as corrupções... mas agora, só o que
queria era poder escapar dessas duas que me tinham muito bem preso.
— Se dizem do bem, acabam com os vilões, mas estão fazendo um
acordo com o diabo! — Comecei a espernear, mas uma picada no meu braço
me fez cair no chão.
Tranquilizante.
— De vez em quanto é bom ter o diabo devendo um favor para os
anjos da guarda — a outra mulher falou e me arrastaram pelo corredor,
depois pelas escadas.
Não tinha mais força, apenas as lágrimas, que nunca achei que
existiam, escorreram pelos meus olhos.
Era meu fim e ele seria muito, mas muito doloroso.
Quase me fez arrepender do que fiz a minha vida.
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Capítulo 2
Ray
No casamento do Ben e da Ray...
Tendas no gramado, família, amigas, irmãos de Ben e convidados de
cunho profissional faziam parte da festa. A cerimônia do padre e juiz de paz
aconteceu, tiramos milhões de fotos, cortamos o bolo e agora, estávamos
apenas eu e Ben no salão, dançando uma valsa suave e digna de final feliz
dos contos de fadas.
Meu final feliz de livro.
— Você está linda, meu amor — Ben sussurrou no meu ouvido
enquanto dançávamos apaixonados no salão. Meu riso veio sem freio e como
sempre, ele conseguia me centrar com seus lábios nos meus. Suave e
atencioso, esse homem conseguia me fazer flutuar com muito pouco.
Suspirei depois do beijo e encarei seus olhos apaixonados. Céus,
estava casada com um homem feito, um poderoso CEO, completamente fora
da minha realidade. Satisfeita, isso foi tudo com o que sonhei.
— Te amo, Ben — falei depois que uma lágrima escorreu e claro,
ele rapidamente limpou. — Por que eu?
— Não se preocupe, farei questão de dizer todos os dias, quando
acordar e quando dormir, o quanto é carinhosa, cheia de manias, que ilumina
o meu dia com seus risos nervosos e seus choros por causa de alguma leitura.
— Beijou meus lábios suavemente. — Foi a luz no meu caminho quando
tudo parecia nublado e escuro, a flor que coloriu meu jardim e a mulher que
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conseguiu preencher todo o espaço vazio que existia no meu coração.
No embalo da valsa, me apaixonei um pouco mais, se fosse possível,
pelo homem que me encontrou futricando em sua biblioteca. Nem em meus
sonhos mais cheios de esperança conseguiria imaginar que isso desencadearia
não só minha união, mas de Letícia e Cadu.
— Será que você olharia para mim se não estivesse na sua
biblioteca? — Deixei a dúvida me dominar.
— Nossa biblioteca, meu amor. — Deu um selinho. — Não irei
forçar sua aceitação quanto ao patrimônio que tenho, mas vou te corrigindo
aos poucos. Vai dar tudo certo.
— Não respondeu minha pergunta — insisti, porque meu coração
batia forte e minhas inseguranças queriam mostrar as garras, mesmo que a
razão começasse a gritar para os quatro ventos: vocês já se casaram, pare de
achar que amanhã ele não vai te amar mais.
Ele me afastou, fez com que desse uma volta no meu eixo e depois
me puxou para o seu corpo. O vestido era perfeito, como sempre sonhei e o
marido... será que algum dia iria acostumar a dizer que tinha marido? Que era
a senhora Valentini, esposa do irmão mais velho?
— Com essa bunda e esse cabelo preso em um rabo de cavalo, eu a
olharia a quilômetro de distância — falou sedutor, beijou meu pescoço e
suspirou perto do meu ouvido. — Queria aproveitar nossa festa até o último
momento, mas me comunicaram para que saísse imediatamente. Vamos
antecipar nossa lua de mel?
— O quê? Por quê?
E assim Benjamin anunciou para todos os convidados que tínhamos
um voo nos esperando e saímos quase que correndo de nossa própria festa.
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Sabia que algo iria acontecer, meu coração e o olhar de Letícia dizia muito
sobre isso, mas deixei os questionamentos para quando estivesse apenas eu e
Ben no carro. Amava saber das coisas, mas odiava essa parte da ação onde eu
poderia morrer, ou alguém que amava poderia se ferir.
Ainda com meu vestido de noiva, mas sem o volume por debaixo da
saia, entrei no pequeno carro do meu marido e seguimos apressados para
longe.
— Um dos seguranças nos segue com nossas malas.
— Agora me conte o que está acontecendo de verdade — pedi
colocando a mão na sua perna.
— Vai ficar tudo bem. SAI nos orientou para que ficássemos longe,
porque uma ameaça estava por aparecer no meio da festa. Apesar de ter
falado sobre um voo, não iremos para o aeroporto.
— Oh, céus, iria nos matar?
— Não sei, meu amor — beijou minha mão —, mas não vou
arriscar, não agora que estamos casados.
— Quero ver se ainda vai me querer acordando descabelada e com
um bafo horroroso — falei com minha crise de risos em ação.
Não disse nada enquanto guiava com sua mão na minha. Aproveitei
o silêncio para me controlar, suspirei ao perceber que estávamos indo em
direção ao porto e me conformei que nada seria igual a partir de hoje. Quem
tinha dinheiro para alugar um barco luxuoso? Benjamin Valentini.
Dificuldade financeira? Zero. Dúvidas sobre minha profissão?
Muitas. Só precisava controlar minha ânsia de auto sabotagem, já que tudo
parecia seguir para o caminho da resolução.
— Já andou de barco?
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— Quer dizer, aquela embarcação que cabe umas quatro pessoas e
andamos no rio?
Ele estacionou o carro, o segurança apareceu perto de nós e seguiu
para a grande embarcação, iluminada e cheia de balões com corações em um
canto.
— Passaremos nossa primeira noite como senhor e senhora Valentini
sobre o mar. Quero te amar sobre a lua e te fazer minha como um verdadeiro
cavalheiro.
Apertei sua mão, andamos passo a passo até o local esperado e um
homem nos cumprimentou um tanto acanhado.
— Levarei os senhores até perto da ilha e de lá, voltarei para o
continente, onde aguardarei ser chamado para que traga a embarcação de
volta.
— Seremos só nós dois, meu amor. Eu te amo Rayanne que gosta de
ser chamada de Ray.
Minha pele inteira se arrepiou e antes que não me permitisse ser
quem eu era, virei para ele e pulei em seus braços, envolvendo os meus no
seu pescoço e beijando sua boca com desejo latente.
Ele era meu. Benjamin Valentini era meu marido e iríamos passar
uma noite apaixonada em alto mar.
Fui pega no colo, entramos na embarcação e nos acomodamos em
um banco onde a lua nos iluminava e a brisa refrescava.
Nesse momento, minha mente teve um estalo, as ideias começaram a
surgir e quase surtei rindo com o que minha cabeça planejava fazer assim que
encontrasse papel e caneta... ou um celular.
Precisava escrever!
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***
Depois do encontro das Joaninhas Valentes com Vivian Valentini...
Meu celular não parava com as notificações, mas enquanto estivesse
com minhas amigas, não poderia olhar e surtar como toda vez que acontecia
ao receber uma mensagem desse aplicativo.
— Ray, você está muito inquieta — Paula constatou dentro do carro
que nos levava até o aeroporto.Um jato particular de Arthur nos aguardava
para voltarmos para casa.
— Estou no carro com duas grávidas, será que é contagioso? —
brinquei e me bati mentalmente como sempre fazia a cada piada sem graça
que soltava.
Oh! Droga, estava criando novos hábitos nervosos. Não poderia
piorar?
— Só contagia se a pistola de Benjamin fazer o serviço aí — Letícia
falou do banco da frente e o motorista engasgou com a saliva. — Calma,
moço, você já vai se livrar de nós.
— Estou preocupada com Thata que não respondeu nossas
mensagens hoje. Ela precisava estar com a gente — Paula comentou e
colocou a mão na barriga. — Caramba, eu me sinto tão grávida, mesmo sem
os sintomas.
— E eu... bem, ainda estou em choque, preciso saber como Cadu vai
reagir para poder dizer aliviada que estou grávida. Serei mãe, quão surreal
isso poderá ser?
— Senhora, se me permite intrometer na conversa... — o motorista
falou com cautela e Letícia movimentou a mão desconsiderando sua
preocupação.
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— Pode falar, sem papas na língua.
— Se o pai dessa criança não assumir o bebê, dê um pé na bunda
dele e vai ser feliz. Cansei de ver minha mãe implorando para meu pai fazer o
papel dele na família, o que a fez esquecer do seu papel de mãe. — Fez uma
pausa dramática e olhou para todas de relance. — Amo meus pais, mas não
faço questão nenhuma deles na minha vida. Não seja assim para o seu bebê.
Escutei Paula soluçar e Letícia fungar. Coloquei meu dedo na boca e
de nervoso, comecei a arrancar minhas unhas como se fosse uma necessidade
igual água. Que loucura! O homem tinha razão, mas esses hormônios de
grávidas era um tanto... fora da casinha.
Paramos no aeroporto, saímos do automóvel e me permiti liberar os
dedos para rir alto e descontrolada da situação, não pelo relato chocante do
motorista.
— Você ri, né? — Letícia bateu no meu braço e tentei me controlar.
— Sua hora vai chegar, você também vai ser mãe.
— Estou muito bem, obrigada. Meus planos para filhos é só quando
finalmente achar uma carreira profissional.
O celular queimou na minha mão quando Letícia revirou os olhos e
Paula me abraçou de lado ao mesmo tempo que me forçou a andar com ela.
— Cuidado, que se colocar tantos pré-requisitos para executar
alguma coisa, talvez ela nunca aconteça. — Paula se aproximou do meu
ouvido e sussurrou. — Sei que você está escondendo algo. Se precisar
desabafar, estou aqui.
Engoli em seco e acenei mordendo meu lábio inferior antes que o
riso virasse choro. Precisava contar para alguém, falar sobre minhas
descobertas pessoais, mas me sentia tão ridícula. Será que me julgariam? Será
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que Ben me aceitaria?
Depois do nosso check-in e entrada na sala de embarque, cada uma
mergulhou no seu mundo virtual e eu, no meu. Primeiro fui falar com
Benjamin.
Ray>> Como estão as coisas aí? Estou com saudades.
Ben>> Quando acho que Arthur vai entrar naquele helicóptero,
ele faz outra loucura e quase nos leva a morte. Hoje o vi nadar sem
nenhum equipamento para o mar a dentro e só fomos perceber quando
de noite ele voltou, exausto e chamando por Paula. Quando falamos da
nossa mãe, ele diz que é muito cedo para esse reencontro e some de nós.
Ben>> Também estou com saudades.
Ray>> Oh, Ben. O que será que ele pensa? Estamos esperando
para embarcar, Paula parece aflita.
Ben>> Ele não pegou no celular e a última mensagem enviada
foi de Eduardo avisando que estava tudo sob controle.
Ben>> Como foi com minha mãe? Às vezes percebo que mudei
meu foco completamente. De determinado a unir a família para dar cabo
dos meus irmãos.
Ray>> Sua mãe está bem, é um amor de pessoa. Ela nos contou o
quanto sofreu, só se afastou para proteger vocês.
Achava que esse assunto também era delicado para Ben, porque não
me respondeu, mesmo tendo visto a mensagem. Suspirei e tentei ver algo
sobre o irmão mais novo.
— Paula, alguma novidade de Tutu? — perguntei baixinho e ela
sorriu com tristeza.
— Não, amiga e nem quero saber, para falar a verdade. Preciso
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sentir seu coração, só assim a gente vai conseguir conversar e eu, contar o
que se deve.
— E se dona Vivian fosse para a ilha? — Letícia inclinou o corpo e
falou com uma cara de quem teve a melhor ideia do mundo. — Gente,
perfeito, vou falar com Josi e Alci sobre isso, já que Thata parece que sumiu
do mapa.
— Será que dará certo? — perguntei receosa e voltei a olhar para o
celular na minha mão.
Quantas notificações!
Avisei que ia no banheiro e lá, abri finalmente o aplicativo que tanto
queria, esquecendo um pouquinho de Ben e todos os assuntos complicados da
família que me afligiam.
“Amei esse capítulo, posta mais.”
“Mulher, você quer me matar? Quando terá outro capítulo?”
“Gente, que lindo, que amor, quero mais!”
Com as mãos suando e coração acelerado, respondi todas as
mensagens e me debati sobre liberar ou não o próximo capítulo da história,
que já estava escrito, mas não tinha publicado.
Escritora. Com aquela viagem da lua de mel em um barco, tive a
maior inspiração da minha vida e comecei a escrever uma história de amor de
infância. Tudo a ver? Não sabia, mas precisei por no papel o que meu
coração gritava.
Publiquei os capítulos em uma plataforma, apenas para ter aonde
salvar, uma vez que escrevia pelo celular e não foi surpresa quando leitores
apareceram e hoje, quase um mês depois, estavam alvoroçados querendo
mais.
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Com pseudônimo, morrendo de vergonha das pessoas saberem sobre
mim, estou levando essa vida dupla e quase morrendo do coração de tanto
nervoso que passava a cada capítulo postado.
Terminei de conferir os comentários das minhas publicações e voltei
a ver as mensagens de Ben enquanto seguia até minhas amigas.
Ben>> Deveria ter reunido meus irmãos mais cedo. Acho que
Antonio poderia ajudar com Arthur também.
Ray>> Já que Maomé não vai à montanha, que tal fazer o
contrário? Sua mãe poderá ir até a ilha.
Ben>> Não poderia ter ideia melhor. Tão óbvio. Eu te amo,
mulher! Vou falar com Eduardo e Antonio, melhor ideia possível. Você é
fantástica!
Ray>> Quem teve a ideia foi Letícia, eu só repassei.
Sentei ao lado de Paula, que suspirou e inclinou sua cabeça no meu
ombro.
Ben>> Não me importo, você é minha e isso é tudo o que preciso
para que seja a melhor pessoa do mundo. Te amo, estou te esperando,
dormir sem você em meus braços é uma merda.
— Achei que iria sentir falta dessas trocas de mensagem carinhosas,
de declarações de amor, mas não, só queria o Arthur direto e racional de
volta.
— Tutu vai sair dessa. Ainda mais com reforços, não terá quem não
se renda.
— Você e os apelidos piores do que Josi inventa — Paula falou
tentando rir.
— Amor de família cura tudo! — Letícia declarou e deitou a cabeça
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no ombro de Paula. — Só espero que minha mãe não surte quando contar da
minha gravidez e que não vou casar.
As duas voltaram a posição ereta e iniciaram uma discussão calorosa
e amigável sobre filhos, final de ano em família e como os pais reagiriam a
novidade.
Ray>> Você pensa em ter filhos?
Ben>> Não estou ficando mais novo, mas faremos tudo no seu
tempo. Eu te espero, minha Ray.
Ray>> Não estou preparada, mas serei titia.
Ben>> Como assim? Quem está grávida?
Ray>> Ops, falei demais, não conta para ninguém, você saberá
quando chegarmos. Te amo.
Ben>> Não me importaria se fosse você a grávida. Te amo.
 
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Capítulo 3
Letícia
Depois da visita a chácara dos Valentini, onde Josi e Antonio se
esconderam...
Minha cabeça estava em Josi e sua resistência com Antonio quando
embarquei no avião com Cadu ao meu lado. Apesar de ter falado que iria
morar com ele, em outra cidade, iria apenas testar as novas águas e o novo
emprego.
Falando em trabalho, meu ex-chefe se arrependeu amargamente de
me ter dado férias. Quando apareci no escritório, depois que voltei da casados meus pais, com meu pedido de demissão, sem cumprir aviso prévio,
deixei-o sem fala. Os fofoqueiros da contabilidade não me deram uma
segunda olhada e os encarei lembrando que ninguém falaria mal de Ray e o
casamento com Ben.
— Está pensando em quê, pequena ousada? — sussurrou sedutor no
meu ouvido. Enquanto estava no assento da janela de um voo comercial, ele
estava no do meio e ninguém ao seu lado. Não duvidava que tinha comprado
apenas para não ter plateia para sua sedução.
— Antonio e...
— Porra, deixa meu irmão de lado e pense apenas em mim —
resmungou, tirou meu cabelo do caminho e beijou meu pescoço.
— Antonio e Josi — falei empurrando-o, o passageiro do outro lado
do corredor estava de olho em nós e eu, bem delicada, encarei feroz até ele
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virar a cara. — Se queria pegação, que alugasse um jatinho particular —
sussurrei zangada.
— A sua amiga precisa relaxar. — Ajeitou na cadeira, suspirou e
fechou os olhos. — Não misturar negócios com o lado pessoal.
— Como você? — Belisquei sua barriga e ele abafou uma
reclamação, mas não a cara feia para mim. — Ela tem sentimentos e não
sabemos até que ponto Antonio está envolvido com Alberto e os negócios
podre dele.
— Já tenho pessoas o investigando, não seremos feito de trouxa,
muito menos pelo meu próprio sangue.
— E você querendo empurrar minha gêmea para ele. Sem noção —
resmunguei, cruzei meus braços e senti um rebuliço na minha barriga. Droga,
será que fizemos um filho? A última coisa que precisávamos era isso, mas...
só de pensar em rejeitar um ser inocente me lembrava de Antonio e toda essa
confusão.
— Lá vai você com os pensamentos longe. Pare de se preocupar com
os outros, cidade nova, vida nova.
— Vai me dar um cartão sem limite para gastar? — brinquei e ele
tirou a carteira do bolso para fazer isso. — Era só uma brincadeira, não quero
seu dinheiro.
— É ele que pagará seu salário. — Guardou a carteira.
— E será ele que me sustentará.
— Eu vou te sustentar.
Inclinei meu corpo para minha boca ficar perto do seu ouvido e
sussurrei:
— A única coisa que você vai sustentar é meu corpo contra a parede
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no momento que entrarmos no seu apartamento.
Ele tomou minha boca com fome e precisei tomar a iniciativa para
afastar, senão protagonizaríamos um atentado ao pudor.
— Porra — resmungou arrumando a calça na virilha. Ri de seu
desconforto e voltei meu olhar para as nuvens do lado de fora da janela.
— Não acho que seu pai fez o que está escrito nos relatórios
policiais.
— Ele não fez, existe uma passagem no diário da minha mãe que
indica que ela mentiu para proteger quem mais ama. Desde o nascimento de
Arthur, ela se sustentou com base em mentiras.
— Será que foi Alberto? — Deitei minha cabeça no seu peito e ele
me abraçou com força, me consolando e também a si mesmo.
— É o único capaz de tal atrocidade, mas não há nada sobre Miguel,
o tio de Ray. Ele ainda é uma incógnita nessa tragédia.
— O importante é que Capela está do nosso lado e está ajudando a
encontrar sua mãe. Ela estava no quarto e viu tudo.
— Minha mãe... por muito tempo achei que não fosse nada além de
uma recordação. Meus avós não falavam sobre meus pais, aprendemos a
seguir a vida sozinhos.
— Não precisa mais, eu estou aqui — falei e bocejei.
— E me sinto o homem mais sortudo desse mundo, porque com
você, minha família também veio junto.
Família. Será que estávamos preparados para formar nossa própria?
***
Indo para a ilha de Arthur, depois do encontro com Vivian
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Valentini...
Falar na lata ou fazer rodeios?
Já tinha vomitado duas vezes assim que chegamos no aeroporto da
nossa cidade. Antes de entrar no helicóptero, que seguiria até a ilha onde
Paula e Arthur ficaram um tempo atrás, fiz uma oração, desliguei meu celular
e não falei mais com nenhuma das meninas.
Ray parecia estar em seu mundinho e focada no celular, Paula
suspirava de minuto a minuto, sua batalha era muito maior do que a minha e
dona Vivian... céus, minha sogra era um amor de pessoa, uma matriarca que
te fazia sentir em casa e acolhida como nos livros que lia. Não entendia como
Cadu pode ser tão arredio tendo uma mãe como ela.
Ela tinha nos recebido tão bem, aceitou mais ainda a notícia de um
filho... será que Cadu faria o mesmo?
Se o filho da mãe cogitasse uma dúvida sobre a paternidade ou o que
faríamos a partir daqui, iria virar as costas e nunca mais olharia para sua cara.
Que se fodesse a solução do mistério dos Valentini, iria pensar no
meu bebê.
Que estranho, meu bebê... nunca me vi como mãe, a última da turma
que pensei que ficaria grávida seria eu... minto, era Ray, mas antes dela era
eu.
Letícia Farias seria mãe sem estar casada. Minha mãe ia surtar e
estava confiante, pela primeira vez na vida. Agora tinha alguém para pensar
além das minhas loucuras e necessidades de agradar meus pais.
— Estamos descendo — o piloto do helicóptero falou e apertei a
mão de Paula para dar força a ela... e conseguir um pouco para mim.
Olhei para fora e lá estavam Ben e Cadu nos aguardando. Meu
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sorriso aumentou e quando a porta foi aberta e as hélices diminuindo de
rotação, os dois correram para nos encontrar.
— Lê! — Cadu me abraçou e levantou. Inspirei seu cheiro e fechei
os olhos apreciando o quanto seu calor me reconfortava e sofreria se algo
terminasse entre nós depois da revelação. — Morrendo de saudade e tesão de
você.
— Também te amo, Cadu — falei rindo, abri meus olhos e vi Paula
caminhar até um Arthur de costas ao longe.
Homens carregaram nossas malas para dentro da casa envidraçada e
Ben e Ray seguiram para o mar como dois apaixonados.
— Hei, me conte como foi com minha mãe. Ela está bem? Ela se
escondeu para nos proteger? — Segurou meu rosto e fez minha atenção ficar
inteiramente nele. Tão durão e forte, o mais confiante dos Valentini era o que
mais precisava se afirmar.
— Sua mãe é maravilhosa, Cadu. E sim, ela agiu por amor e medo
que vocês morressem por causa de Alberto. Vocês estão livres e ganharam
mais dois irmãos, porque Vinicius e Rodrigo são mais filhos do que
sobrinhos dela.
Ele beijou meus lábios e sua língua buscou a minha com um frenesi
desconhecido. Parecia algo além da paixão, meu Valentini estava finalmente
se entregando de corpo e alma para mim, sem restrições que o bloqueavam de
finalmente me amar.
— Oh, minha pequena ousada. Tire essa roupa, vamos foder no mar.
Ri de seu atrevimento, dei um passo para trás e comecei a tirar
minha blusa, mas ele me pegou no colo e saiu correndo.
— O que está fazendo?
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— Você leva tudo muito a sério, Letícia. Aqui tem muita gente para
assistir, vamos para longe...
— Estou grávida — soltei e escondi meu rosto no seu pescoço
enquanto seus passos diminuíam de ritmo até parar.
— Le-Letícia? — gaguejou e senti o tremor de seu corpo. Meus
braços em seu pescoço aumentaram o aperto e meu coração parecia que sairia
pela boca se a abrisse. — Fa-fale comigo. Escutei direito?
— Estamos transando sem camisinha há um bom tempo e quando
estive no hospital, me prescreveram antibióticos, eles cortaram o efeito do
anticoncepcional que uso. Fiz um teste de farmácia antes de ver sua mãe e já
falei para ela que será avó.
Como um tiro, rápido e certeiro.
Seu peito começou a vibrar e percebi que era de um riso silencioso.
Cadu sentou no chão comigo no seu colo e pouco a pouco o riso ganhou som
e me deixou preocupada.
Saí do seu colo nervosa e quando me ajoelhei na areia a sua frente,
percebi que havia uma lágrima não derramada em seu olho. Seu olhar era
admirado e a emoção que vi fez a enxurrada de lágrimas contidas em mim
aparecer.
— Por que está rindo e chorando? — Bati no seu braço nervosa.
— Por que você está rindo e chorando? Não é a Ray que tem esses
ataques nervosos? — Ele riu alto, me abraçou e nos rolou na areia.
— Vai ter areia até meu último fio de cabelo, Cadu! Diga alguma
coisa, vocêvai ser pai, eu vou ser mãe...
— E vamos construir uma linda família, Letícia. — Ele se
posicionou em cima de mim e entre minhas pernas. — Sabia que estava
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escondendo algo de mim, mas... um filho... — Deu um selinho e cheirou meu
pescoço. — Só penso nos hormônios que vou ter que lidar entre quatro
paredes.
— Pervertido! Eu não vou casar com você! — Comecei a chorar,
não acreditando que ele tinha recebido tão bem a notícia. Achei que
questionaria o dia da concepção, se planejava isso, se...
— Ah, mas eu vou me casar com você! Ter minha família por perto
me fez perceber que só precisava disso. Confusão familiar.
Rimos entre lágrimas e beijos carinhosos. No final, meu medo era
sua redenção. Estaríamos bem enquanto a família estivesse bem e claro, nós.
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Capítulo 4
Paula
Chegada na ilha, depois do encontro com Vivian Valentini...
Oh, meu Arthur! Vi sua silhueta ao longe, no mesmo local onde
treinamos por dois dias Kitesurf. Esse local me trazia apenas boas
lembranças, porque nada de ruim perdurou do que ficou.
Foi aqui que nos encontramos como homem e mulher e seria aqui
que nos encontraríamos como amantes e pais.
Larguei minha bolsa, sapatos e corri em direção ao amor da minha
vida, que precisei abandonar para um bem maior, para seu bem maior. Ele me
escutou aproximar, mas não fez nenhum movimento para me receber.
Virei meu rosto em direção a casa e vi dona Catarina me olhar com
alívio. Na porta, sua atenção era apenas para o homem que cuidou como se
fosse filho.
— Arthur! — chamei quando me aproximei e como resposta, ele
caminhou em direção ao mar.
Tirei minha blusa, minha calça e apenas de lingerie segui seus
passos até as águas. Esse lugar era especial para nós, foi aqui me teve pela
primeira vez e então, plantou sua semente em mim.
Imprudente, irresponsável e... obra do destino. Nós tínhamos que
acontecer, essa era a verdade e não o deixaria de lado, não precisaria mais,
porque o último passo para a nossa completa felicidade foi dado.
— Arthur, não fuja de mim! — pedi enquanto pulava as ondas para
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seguir em direção a ele.
— Quero ficar sozinho! — falou por cima do ombro e mergulhou.
Droga, o homem era um tubarão nesse mar, perderia fácil para ele.
— Não me faça nadar atrás de você com seu filho no meu ventre,
porque eu vou! — falei e mergulhei sentindo o sal queimar meus olhos, que
estavam abertos procurando por ele. — Arthur! — Submergi.
— O quê?
Ele surgiu ao meu lado e me pegou no colo como fizemos semanas
atrás. Céus, pareciam anos, milênios que nos desafiamos antes do casamento
do Ben e da Ray.
— Sei que tivemos uma conversa nem um pouco clara entre nós
sobre ter ou não um filho, ele ser parecido com você ou comigo, mas a
questão é, aconteceu, Arthur. — Coloquei minhas mãos no seu peito, em
cima do seu coração e as suas seguravam minha cintura com força. — Aqui,
na nossa primeira vez, onde a lua e toda a natureza foram nossa testemunha,
você me engravidou e me tornei a pessoa mais feliz do mundo. — Sorri com
lágrimas nos olhos, ele me encarava daquele jeito que não entedia o que
queria dizer. — Não me importo com as consequências ou o giro que minha
vida dará com essa notícia, contanto que você esteja ao meu lado.
— Você foi visitar a mulher que me separou do meu irmão — falou
com chateação e abracei seu pescoço, um pouco feliz por ele não ter rejeitado
seu herdeiro, ainda.
— Fui visitar a linda e guerreira mulher que te deu à luz, Arthur. Ela
só fez o que precisava para ter seus filhos vivos, se sacrificou por vocês. Sem
julgamentos, meu amor. Você tem seus irmãos, nada mais justo que ter sua
mãe também.
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— Ela...
— Eu te amo, Arthur Valentini. — Afastei, segurei seu rosto com
minhas mãos e beijei sua boca várias e várias vezes até sentir sua excitação.
— Amo sua família e espero, do fundo do meu coração, que nosso amor
sobreviva a essa provação. Você será um ótimo pai como sua mãe foi a
melhor para você e seus irmãos. Não tenha medo, nada de mal acontecerá,
porque não terá apenas eu para te apoiar, mas essa vida dentro de mim.
Nunca mais estará sozinho, meu amor.
Colocou minha calcinha de lado e me invadiu sem pedir permissão,
até porque, não precisava, queimava por ele tanto quanto ele estava por mim.
Beijei seus lábios e me entreguei a sua necessidade de exorcizar o que quer
que sua mente exigia e ele não estava de acordo.
Abracei sua cintura com minhas pernas com mais força, para que a
fricção perfeita acontecesse e juntos, encontrássemos nosso clímax.
Mas então, uma palavra que nunca pensei que escutaria desse
homem soou nos seus lábios.
— Eu te amo, Paula. Estou com medo e preciso que você nunca mais
saia do meu lado.
— Também te amo, Arthur. — Olhei em seus olhos. — Não tenho
mais nenhum motivo de me afastar, porque agora, estamos todos juntos,
unidos.
— Você está grávida — falou um tanto robotizado e solucei um riso
meio choro por isso.
— Sim.
— Vivian me separou do meu irmão gêmeo.
— Ele está de volta, vocês podem começar a partir daqui, isso que
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importa.
— Não quero sair dessa ilha, quero morar com você aqui e nada de
comer peixe.
Ri alto e com um suspiro aliviado, abracei meu homem e sorri de
olhos fechados. Ele estava de volta, não repudiou a criança, mas parecia que a
ficha ainda não tinha caído.
— Vamos negociar. Que tal virmos uma vez por semana ou a cada
quinze dias para cá?
Ele começou a caminhar em direção à praia, ajeitou minha calcinha e
seu short antes de sairmos da água.
— Não quero que meus irmãos te vejam assim. Porra — resmungou
e continuei grudada como um coala em seu corpo.
— Vá até a ducha, lá tem toalha e... acho que seus irmãos estão mais
preocupados com suas próprias mulheres do que comigo.
— Nosso filho não precisa de carne na sua dieta.
Como era bom tudo parecer normal, saí de seu colo e comecei a
correr pela areia. Ah, meu Arthur, os melhores embates eram com você. E
sim, a ficha dele tinha caído, mas como sempre, ele reagia do seu jeito.
— Dona Catarina vai fazer para mim — falei correndo até a ducha e
acertando meu braço em um dos registros. Pelo jeito, gravidez não me
isentava dos desastres.
Envolta de uma toalha felpuda e confortável, vi Arthur se aproximar
cauteloso e olhar em direção a minha barriga. Abri a toalha, passei a mão nela
e o vi cair aos meus pés de joelhos.
— Você não terá o mesmo problema que eu.
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— Ele será amado independente de como ele venha, meu amor —
falei alisando seus cabelos. Beijou minha barriga, se levantou e me carregou
no colo. — Vai dar tudo certo.
— Sim — respondeu seco e com minha mão no seu coração senti
que sim, daria tudo certo, porque o nosso amor transbordou e estava sendo
gerado dentro de mim.
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Capítulo 5
Josi
Depois do último capítulo do livro do Antonio...
— Você parece bem acomodado na minha cidade.
— Essa cidade não é só sua, Jojô — Tony me abraçou por trás e
demos um passo para frente na fila que enfrentávamos.
Era uma exposição de apartamentos decorados, tinha visto o anúncio
em um site de notícias que navegava, comentei com meu namorado – não
noivo, como ele costumava brincar – e Tony conseguiu uma entrada VIP. Era
o último dia do evento, queria saber como conseguiu algo tão exclusivo como
isso.
Um programa como qualquer outro, um dia de semana e...
parecíamos um casal apaixonado. Roupas mais formais, ele estava lindo de
terno como sempre, não poderia ser melhor. Não que me preocupasse com a
opinião dos outros, mas sim com a insistência de querer se casar comigo nos
últimos dias.
O pior momento foi quando ele pediu minha mão em casamento para
o meu pai no almoço de domingo, assim que voltamos da cidade onde a
mansão Valentini ficava.Entre o alvoroço de perguntas divertidas que minha
mãe fez e a cara de felicidade do meu pai por ter alguém com quem pedalar
com ele, tudo continuava igual.
Antonio estava morando em um apart-hotel enquanto procurava um
apartamento de verdade para alugar. Na verdade, ele só queria fazer algo
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quando Alberto estivesse, definitivamente, eliminado de nossas vidas. Estava
cansado de vê-lo como uma sombra obscura do seu passado, por isso queria
cortar todos os vínculos.
— Olha, estão servindo champanhe! — falei entusiasmada. Com um
vestido verde e Tony de gravata no mesmo tom, estávamos entre empresários
famosos do ramo imobiliário e da Arquitetura.
— Assim que entrarmos pego para você.
— Deixe para beber depois, estou louca para conhecer a cobertura
de um edifício desses — falei entusiasmada e, segundos depois, estávamos do
lado de dentro onde luzes, música ambiente e sorrisos estavam espalhados.
Dispensamos a monitora, pegamos o folder com a apresentação do
local e subimos o elevador até o último andar. A cobertura tinha muito mais
do que uma decoração de revista, mas luxo, riqueza e espaço.
— É maior que minha casa. Olha a altura do teto dessa sala! —
Olhei para cima e reparei que havia dois andares.
— Você parece gostar de decoração.
— Na verdade, aprecio o bom gosto e sonhar não custa nada. —
Andei afastada dele e admirei o sofá e o corredor que dava acesso aos
quartos. — Meu Deus, que sonho.
E a cada exclamação, cada sonho que comentava em voz alta, Tony
anotava mentalmente os meus anseios e nem percebia. Nossa relação era
recente, as mensagens de texto constante e enquanto ele não descobrisse com
o que iria trabalhar, ele me levava e buscava no serviço, mesmo que tivesse
meus pais para ir junto.
Subi as escadas, fui até a suíte principal e a varanda privativa me
chamou atenção. O vento era forte, mas só conseguiu bagunçar um pouco o
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meu cabelo e aumentar o frio na barriga que estava sentindo. Algo
aconteceria e só não sabia explicar como sabia sobre isso.
Ao meu lado, com as mãos firmes no suporte da varanda, Tony
recebeu o vento no rosto, fechou os olhos e sorriu para si.
— Refiz os exames — falou abrindo os olhos e me encarando.
— Que exames? — perguntei, mesmo sabendo quais eram.
— Quando nos separamos pela primeira vez, fui ao médio e fiz todos
os exames necessário para que pudesse te provar que era uma pessoa
saudável e claro, limpa. Algumas doenças precisam que o exame seja refeito
e foi o que fiz. Apesar de sempre estar protegido em uma relação sexual,
preferi fazer e tirar esse empecilho de nossas vidas.
Ele tirou o celular do bolso, pesquisou alguma coisa e entregou o
aparelho para mim.
Meu coração perdeu o ritmo quando entendi o significado de suas
ações. Ele me pressionava para estar com ele, casar, mas nunca foi tão
enfático quanto com esse exame.
— Tony...
— Sei que meu passado é um grande embate para você, além do
nosso pouco tempo juntos. Passei anos me sentindo só, sem ter o almoço de
domingo, uma figura paterna que me tratasse como homem e uma figura
materna que me acolhesse como filho.
— Está dizendo isso dos meus pais? — perguntei com cautela
devolvendo o aparelho e virando meu corpo em sua direção. Ele colocou uma
mecha de cabelo atrás da minha orelha e sorriu quando ela voou novamente.
— Não pense que vejo seus pais como meus, só que esse tipo de
programa é o que me agrada e nunca pude ter. Você pode demorar uma
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semana, um ano ou dois, mas todos os dias irei te pedir em casamento até o
momento que você finalmente aceitar.
— E se eu disser que estou me sentindo pressionada com essas
perguntas? — Ofeguei quando ele colocou suas mãos na minha cintura e
juntou nossos quadris. Sua mão atrevida vagueou para minha bunda e bati no
seu braço antes que ele fosse ousado demais.
Seu sorriso malicioso me teve rendida aos seus desejos.
— Vou parar de perguntar em palavras e o farei com ação. O que
acha?
Ele me virou para que minhas costas encontrassem a parede do
edifício e me beijou como ele tinha prometido, um pedido de casamento feito
por seus lábios e sua língua na minha.
Como toda vez que ele me tocava, pegava fogo. A cada momento
íntimo que tivemos assim que chegamos nessa cidade, era como se pudesse
realizar todos os meus desejos mais secretos. Não havia nada que Tony não
conhecia muito menos o que não estava disposto a explorar.
Senti seu corpo ficar excitado, meu baixo ventre se contraiu com a
louca possibilidade de sermos pegos e antes que pudéssemos ultrapassar
limites, vozes soaram pelo quarto, fazendo com que nos afastássemos.
— Gostou do apartamento? — Antonio perguntou segurando minha
mão e caminhando para dentro do quarto, onde uma monitora e dois casais os
acompanhavam. As mulheres cobiçavam o meu homem e tentei não me
incomodar com isso.
— Com certeza, meu bem, pode fechar o negócio — falei brincando
apenas para mostrar a elas quem tinha o poder no local. Sim, me incomodei e
muito.
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Ganhei um abraço lateral e beijo na testa por isso. Além do riso
contido, a postura um tanto rígida era um indício de que ele estaria
aprontando alguma comigo.
E foi apenas depois de alguns dias que Antonio Valentini mostrou
que não só cumpria com suas promessas, mas também tinha dinheiro para
fazer acontecer. Comprou o apartamento, brigamos, ou melhor, eu briguei
com ele e estreamos o sofá, o corredor, o quarto e a banheira. Esse último
local, depois de convencida sobre o seu amor por mim e num rompante de
euforia, permiti que nos conectássemos sem nenhuma barreira.
Nosso romance havia encontrado um outro nível de intensidade.
Não havia nada mais entre Tony e eu que não fosse o meu sim.
Todavia, era a minha vez de lhe responder à altura. Ou pelo menos tentar,
porque esse homem conseguia me surpreender a todo momento.
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Capítulo 6
Antonio
— Tem certeza que me quer ao seu lado? — Josi perguntou
preocupada assim que o elevador parou no andar onde Vivian morava, minha
mãe.
— Tenho muita certeza que não te quero longe de mim.
— Você tem sorte que meu pai te adotou, ele não me libera tão
facilmente de um dia de trabalho.
Segurei com força sua mão e caminhei os poucos passos até a porta.
— Ainda bem que ele não sabe o que fazemos no nosso
apartamento. — Apesar de displicente, levantei a mão e bati na porta como se
fosse visitar um de meus irmãos, mas meu coração acelerado e a vontade de
vomitar eram toda a indicação contrária.
— Vai dar tudo certo — ela falou baixo e a porta foi aberta por uma
senhora mais baixa que eu, com cabelos grisalhos, muitas marcas de
expressão no rosto e uma silhueta levemente avantajada.
Senti minha mão suar, Josi me dar suporte e as lágrimas da senhora
escorrer.
— Eu te ajudo — minha mulher correu acudir a senhora que parecia
que iria cair. Quis fazer o mesmo, mas meus pés pareciam chumbo no chão.
Por muito tempo vi as duas entrando no apartamento, sentando no
sofá e se acalmando enquanto eu perdia minha covardia e entrava,
finalmente, naquele recinto.
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Ela era minha mãe, quem me deu em troca de dar uma vida melhor
para os meus irmãos.
Fiz meu caminho até o sofá lateral e quando sentei, Vivian voltou a
chorar e Josi a abraçar.
— Tony! — sibilou minha namorada.
Só então percebi minha postura rígida, o cenho franzido e a cara
amarrada estavam dando indicação de ferocidade. Praticamente a ameaçava
com minha postura e com um suspiro, relaxei os ombros e sentei mais
confortável no sofá.
— Me desculpa, filho — ela repetiu várias e várias vezes. Havia um
copo de água na mesa de centro, que tomou e respirou fundo várias vezes
para conter as lágrimas. Josi sentou ao meu lado e segurou minha mão com
força. Vivian sorriu para esse ato e nos olhou com carinho. — Obrigada por
estar por ele.
— Por que eu?— perguntei chateado.
Dessa vez, ela fechou os olhos, respirou fundo e soltou a verdade
que sempre quis escutar desde que me descobri sendo um Valentini:
— Quando engravidei de você e Arthur, confesso que não esperava,
tanto pelo seu pai estar com problemas nos espermatozoides quanto por eu
estar tomando alguns remédios fortes para tratamento de enxaqueca. — Ela
me olhou nos olhos sem hesitar. — Nunca pude provar a paternidade de
vocês, porque me relacionei com outros dois homens em consenso com
Frank.
— Fizemos exame de DNA. Sou filho de Franklin Valentini —
afirmei e parecia que um peso havia saído de suas costas. Ela suspirou e
sorriu olhando de mim para minha mulher.
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— No fundo sempre soube, mas estava tão presa no meu próprio
mundo de auto piedade. — Voltou a encarar apenas a mim. — Você é tão
lindo, tão parecido com seu irmão e ao mesmo tempo diferente. — Fez uma
pausa. — Assim que Alberto soube da minha gravidez, vieram as declarações
de amor, depois ameaças e por fim, a sentença final. Ele estava cego porque
Frank percebeu ou Alberto falou sobre o interesse dele em mim e paramos de
ir no clube. Não me orgulho do que fiz, só pensava no bem e união da
família.
— Por que me deu? Até Franklin parecia de acordo com isso.
— Não, Frank nunca soube de você, ninguém, na verdade. — Os
lábios de Vivian curvaram para baixo e algumas lágrimas escorreram de seus
olhos. — Por seu pai sempre trabalhar muito, nunca foi em uma consulta
comigo. Quando descobri que eram gêmeos, Alberto decretou que uma parte
minha seria dele, por bem ou por mal.
— Havia um bilhete com ameaça no seu diário — Josi falou e a
senhora acenou em concordância.
— “Seu sangue e sua carne foi tirado de você e colocado a leilão,
como se fosse mercadoria barata. Devolva todo e qualquer dinheiro que você
me roubou, renuncie suas posses e entregue sua mulher. Um pelo outro, filho
pela mãe, qual vale mais? Último aviso.” Esse bilhete está gravado na minha
mente, porque foi o motivo de Frank desfazer seus negócios com Alberto e
tudo piorar, quando os meninos já eram grandinhos. Estava cansada de brigar
com meu marido, suas dúvidas e chateações. Estava cansada de negligenciar
Ben, Cadu e Arthur, só queria ter meu filho de volta, já que a gravidez foi
infernal.
— Alberto nunca gostou de paz. Ele sempre dizia que era no caos
onde as melhores coisas aconteciam — falei um tanto saudoso. Quantas
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mentiras foram postas na minha cara e aceitei como verdade?
— E ele sempre esteve tão errado — falou enxugando as lágrimas.
— Ninguém sabia sobre a minha gravidez gemelar, porque me afastei, não
queria que outras pessoas sofressem como dona Judite sofreu. Esse era um
problema meu e do Frank, de mais ninguém. Nunca deveríamos ter pisado
naquele clube.
— Como você escolheu entre Arthur e eu? — perguntei ansioso, o
que mais queria saber era isso.
— Nunca houve uma escolha, meu filho — falou mesmo percebendo
meu humor sombrio. — Fui sozinha para o hospital em trabalho de parto.
Deixei os meninos com Judite e tentei, por todos os meios, proteger vocês.
Mas assim que entrei no quarto depois da cesárea e os meninos estavam ao
meu lado cada um em seu pequeno berço, Alberto entrou, pegou você no colo
e apontou uma arma para seu irmão. — Ela mordeu os lábios e deixou as
lágrimas escorrerem. — Eu não conseguia me mexer, só não gritei porque ele
dominava a situação. Como escolheria? O que poderia fazer? Falhei em
proteger você!
— Como ele saiu do hospital sem dar alarde do bebê desaparecido?
— Josi perguntou limpando as lágrimas dos olhos. Ela estava emocionada e
parecia querer confortar minha mãe, mas mantinha sua mão na minha.
— O dinheiro, minha filha... o maldito dinheiro me fez definhar
vendo meu filho ir embora nos braços de um despeitado. Comprou a todos no
hospital, com dinheiro ou ameaça, não averiguei, porque estava morrendo aos
poucos, por dentro, por uma parte de mim ter sido arrancada dessa forma.
Gritar e ver seu irmão morrer? Calar e te ver partir?
E foi por essas palavras que me soltei, ajoelhei na frente daquela
senhora e a abracei com toda a força que tinha. Meus olhos se encheram de
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lágrimas a cada soluço que ela dava. Meus lábios sorriam de nervoso a cada
“meu filho” que proferia.
Nunca me deu, fui tirado dela. Ela não teve escolha!
— Oh, meu filho, quantas vezes sofri calada para não prejudicar seu
irmão. O quanto me culpo por ele ser tão fechado e racional por não ter
conseguido dar o amor que ele merecia, porque pensava em você. — Ela
beijou minha testa e minhas bochechas enquanto escutava o choro baixo de
Josi atrás de mim. — Vem, minha filha, você faz parte disso também!
— Precisamos da senhora, dona Vivian, não vá passar mal — Josi
brincou em meio ao choro e abracei minha mãe com força. Caramba, se
Alberto não estiver morto agora, eu o faria com minhas mãos, porque me
privou de ter o que sempre ansiei.
Lar.
Inspirei profundamente e senti o saudoso cheiro de lar.
— Uma das enfermeiras que participou disso com Alberto teve a
compaixão de ter tirado uma foto com sua máquina pessoal e revelado antes
de sair do hospital. Nunca pude denunciar, porque Alberto, mesmo sem dizer
que você estava vivo ou não, continuava me ameaçando e ameaçando. Até
que tudo acabou com a morte de Frank e finalmente abri mão da minha
felicidade para que os meninos tivessem paz. Para eles e para mim.
— Mãe...
E as duas choraram mais ainda comigo pronunciando essa palavra. O
choro não fazia mais parte do que sentia, mas um grande sorriso sim.
Levantei as duas e nos mantivemos abraçados por um tempo até que tudo
parecesse mais normal do que surreal.
— Você nunca me deu, mãe — falei em tom divertido, mas ela
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levou a sério.
— Claro que dei, nunca fui capaz de lutar por você, nunca...
Beijei sua bochecha e a abracei sentindo seu calor e energia. Para
mim, isso era assunto resolvido, o que importava era o daqui para frente,
como minha Josi tanto falava.
— Há algo que você pode fazer para se redimir, mãe. — Afastei das
duas e encarei minha mãe e a mulher chorosa e preocupada. — Convencer
Josi a se casar comigo.
— Oh meu Deus, sim, mais netos! Alci vai tratar da minha
Fibromialgia e vou cuidar de todos eles!
— Palhaço — Josi falou enxugando as lágrimas e tentando controlar
a euforia da sogra. — Antes de mais nada, precisamos programar sua viagem
para encontrar o resto da prole.
— Prole? — Vivian perguntou.
— Ben, Cadu, Tutu... ah, esse é o Totô! — Josi pulou para longe
quando tentei pegá-la, o clima parecia outro na sala.
— Vou para onde vocês quiserem, só preciso conversar com
Vinicius e Rodrigo.
— Eles não são seus filhos — falei indignado.
— Meus filhos do coração, Antonio — minha mãe colocou a mão no
meu rosto e me reconfortou. — Meu coração é dividido em seis pedaços, não
há necessidade de conflito.
— Pelo que sei, Rodrigo não te quer viajando — Josi comentou.
— Um passo de cada vez, não é mesmo? — Dona Vivian se afastou
e suspirou. — Fiquem para o almoço, quero saber tudo sobre sua vida, filho.
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— Seguiu para a cozinha.
— O que será que ela achará da minha formação em putaria? — falei
baixo para Josi, que riu revirando os olhos.
— E seu mestrado em exagero? Você será o orgulho da mamãe! —
Apertou minha bochecha e a trouxe para perto, para que meus lábios
tocassem os seus.
— Eu te amo — agradeci ao mesmo tempo que me declarei, entre
um beijo e outro.
— Também te amo e minha sogra.
Tudo daria certo, afinal.
 
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Está na hora de conhecer a história
de Rô e Thata e como tudo
finalizará!
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Prólogo
Rodrigo
Quando Vinicius, Alci e Thata foram no apartamento para as duas
usarem o sala-cinema de Rodrigo...
Assimque estacionei o carro na garagem do meu apartamento
percebi que não estava sozinho. Minha mente não parava de remoer as
últimas tentativas frustradas de negociação sobre a compra de GPlus
Tecnologia pela RV Assessoria.
A última coisa que queria era companhia. Aquele idiota do William
estava me tirando do sério com suas exigências para o fechamento da compra
da sua empresa quase falida. Já estava pagando um preço acima do mercado,
meus clientes seriam os dele, as dívidas deveriam ser quitadas por esse
sonegador de impostos e não por mim.
Estava travando uma batalha que dentro de mim, parecia sem
fundamento e não encontrava os argumentos necessários para o fechamento
dessa transação. Era óbvio que seu pedido para que pagasse a compra e os
impostos era abusivo.
Irritado e impaciente, lembrei que Vinicius colocou uma estranha
dentro de casa e está ameaçando o segredo tão bem cuidado sobre minha mãe
estar usando uma outra identidade. Dona Violeta estava sendo descuidada,
visivelmente mostrava que estava desistindo de viver e não a culpava. Seu
fardo era muito grande, eu mesmo não suportava parte dele. Se alguém
descobrisse sua verdadeira identidade, ela provavelmente poderia ser morta.
Abri a porta do meu apartamento pronto para expulsar meu irmão de
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lá, mas não o encontrei na sala. Segui para a cozinha e senti o cheiro de
pipoca pairando no ar. Estava na minha sala-cinema, ótimo, qualquer coisa só
o trancava lá e ficava no terraço limpando minha mente para finalmente
encontrar a resposta que precisava.
GPlus Tecnologia seria minha pelo preço que planejei pagar!
Estufei o peito e marchei até a sala. Preparado para a guerra, perdi
completamente o prumo quando vi uma mulher deitada em uma das cadeiras.
Quase na horizontal, ela parecia derrotada, seu braço estava caído para fora
da cadeira e a boca levemente aberta.
Não entendi o motivo do meu coração começar a acelerar a cada
passo que dava em sua direção. Quando parei ao seu lado, minhas mãos
suaram ao constatar que essa era aquela garota que ficava à sombra de
William, a funcionária que ele dizia ser seu braço direito, mas nunca soltou
um elogio sobre ela. Apesar de não termos sidos apresentados formalmente,
sabia de sua existência e sua submissão àquele egocêntrico despertou meu
lado curioso.
Odiava não saber de tudo... também odiava saber demais.
Sentimentos da área profissional e pessoal se mesclavam ao encarar o rosto
cansado dessa mulher.
Ajeitei seu braço na poltrona, coloquei a coberta de forma que
cobrisse todo o seu corpo e não resisti ao alisar seu cabelo cheio de cachos e
sentir os fios dos cabelos sedosos nos meus dedos.
Choque... isso que senti, a estática que nela se acumulava foi
transferida para mim e só queria poder ter mais liberdade e sentir o resto do
seu corpo.
O quê? Devo estar ficando louco, precisava fechar logo esse negócio
antes que pisasse na bola como meu irmão. Serei o último da família a fazer
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algo de errado, ainda mais quando havia um alvo nas costas da minha mãe e
sua família de sangue.
Raramente usava meu sobrenome paterno, justamente para não
levantar suspeitas e proteger minha mãe. No contrato social da empresa,
apenas o nome de Violeta estava, ninguém rastrearia uma mulher que foi
deserdada formalmente pela família, certo?
A garota se mexeu em seu sono e falou algumas palavras que
entendi perfeitamente:
— Já vou entregar, William. Só preciso terminar de enviar o e-mail.
Presenciei muitos terrores noturnos da minha mãe para saber o
quanto essa menina estava sendo afetada pelo seu trabalho.
Menina? Olhei para seu corpo coberto pela coberta e percebi que não
havia nada inocente nela. Curvas femininas, corpo de mulher, ela era...
atraente.
Escutei risos vindo de um dos quartos e fechei os olhos brevemente
para não surtar com meu irmão trazendo sua namoradinha para foder aqui.
Saí da sala-cinema e fui para a cozinha procurar algo para me entorpecer.
Precisava de álcool ou então... me entupir com esse cheiro de pipoca
que impregnou no apartamento. Já que não teria meu momento de paz e
reflexão, faria questão de atrapalhar o momento perfeito do meu irmão.
Pare de ser tão frio com seu irmão, minha mãe falou quando levou
comida para mim no quarto há alguns dias atrás. Interrompi o jantar feliz dos
despreocupados com a vida sim, porque Vinicius parecia ter esquecido que
nossa mãe estava em primeiro lugar. Já tinha perdido uma, não perderia a
outra porque ele confiou na pessoa errada.
Não era fácil viver sabendo que seu pai biológico tinha uma amante
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e morreu em um acidente de carro com ela. O fardo era grande ao viver
sabendo que você teria duas mães na sua vida e ambas estavam sendo
ameaçadas pelos próprios pais por causa de dinheiro. Meus avós só pensavam
nisso.
Caralho de dinheiro!
Isso me lembrou de William e o que precisava fazer para encerrar
essa negociação. Agora, mais do que nunca, queria ter poder dentro da GPlus
Tecnologia, apenas para saciar minha necessidade de saber o que motivava
essa garota a se rebaixar tanto. Talvez, o valor que eu planejava teria que ser
mudado, apenas para ganhar essa guerra.
Eles tinham um caso?
Ela precisava de dinheiro?
Não percebia o quanto era feito de capacho?
O pouco que conheci desse homem me fez perceber que ele tinha
uma ótima visão de futuro, para os softwares que desenvolvia e os
atendimentos, mas um péssimo costume de não controlar seus ativos e
remunerar muito mal seus funcionários. Esse tipo de profissional tinha
posição certa numa empresa, mas como dono não funcionava. Ele continuaria
fazendo gestão, mas as decisões teriam que passar por mim.
Quando vi Alcilene passar pela sala e ir até a varanda em busca do
pote de pipoca, senti meu coração acelerar novamente, mas não de incerteza,
e sim de resolução. Sabia o que faria, só precisava calcular as consequências
dos meus atos.
 
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Capítulo 1
Rodrigo
No mesmo dia em que as Joaninhas encontraram Vivian Valentini...
— Willian, nós vamos fechar esse contrato de compra hoje, ou
vamos encerrar essa negociação! — coloquei em cheque o homem que era
mais velho que eu, tinha muito mais experiência e também, muito mais ego.
Era segunda-feira, fiz questão de vir pessoalmente na empresa e
claro, minha intenção era encontrar com a mulher que me nublou a mente o
final de semana inteiro. Vinicius e sua namorada estavam aprontando uma
com minha mãe e ela parecia mais passiva que teimosa como sempre foi.
As coisas estavam mudando de cenário, minha família estava
mudando de vibração e eu só queria fechar a porra desse negócio!
Sim, estava além de frustrado.
— Você precisa ser maleável, rapaz. Não posso destinar metade do
valor que você irá me pagar para o pagamento de impostos. Você precisa
dividir esse valor comigo. Além do mais, já fez investimento na minha
empresa, só precisamos acertar o parcelamento com o Órgão Federal.
Ele fazia questão de me diminuir e diferente dos outros dias, eu
estava afetado. Iria mostrar quem era o rapaz!
Meu celular apitou avisando ser uma mensagem de Vinicius.
Colocava um som diferente, porque ele e minha mãe sempre estiveram como
prioridade para mim.
Aproveitei o momento para distrair minha mente e recobrar minha
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postura profissional antes que falasse algo indevido e colocasse tudo a perder.
Fiz um sinal com o dedo mostrando meu celular e olhei a tela.
Vinicius>> Já que você não vai me dar brecha de falar
pessoalmente, que seja por mensagem. Thárcyla é amiga de Alcilene,
funcionária da GPlus e está trabalhando além do devido. Falei com
Willian no final de semana e como representante do setor jurídico,
informei que ela não deveria fazer nenhum trabalho extra sem estar
previamente acordado entre as partes e se bobear, com o sindicato.
Thata poderiamuito bem processar a empresa e tirar milhões. Faça algo
ou eu farei.
— Pode assinar os papéis — falei em tom seco e guardei o celular.
— Assumo todos os pagamentos das dívidas da empresa, mas quero todo o
financeiro e contábil transferido para o prédio comercial até amanhã.
Enquanto ele me olhava em choque, tentava controlar meu coração
de sair pela boca e meus punhos acertarem esse imbecil. Agora, mais do que
nunca, faria-o experimentar do próprio remédio.
Tirei os papéis da minha pasta e entreguei a William, que tinha todas
as indicações de que achava que eu estava fazendo alguma pegadinha.
— Estamos discutindo há meses esses impostos, rapaz. O que
mudou? — Ele folheou o contrato. — Você alterou alguma cláusula aqui?
— Aproveito as oportunidades quando elas surgem, William, você
deveria fazer o mesmo. Leia e assine, quero deixar a documentação no
jurídico assim que chegar na RV.
Como previ, ele chamou o homem do financeiro e os dois ficaram
relendo o contrato e acertando os pontos da mudança de local físico como
solicitei.
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Peguei o celular e reli mais de cinco vezes a mensagem do meu
irmão. Se tivesse um pouco mais de força e o aparelho fosse mais frágil, com
certeza tinha quebrado em pedaços.
Estava zangado, irritado e... curioso. Mas não poderia abrir minha
boca na hora errada, não poderia dar um passo antes dele assinar o contrato e
eu ter plenos poderes nessa empresa.
Faça algo ou eu farei.
Caramba, não precisava de nenhum combustível a mais para que
tomasse uma atitude. Eu farei e serei letal.
— Com licença — Thárcyla falou baixo e suave batendo na porta e
se encolhendo sobre o olhar repreensor do chefe. Ela tinha um tablet em sua
mão e com passos rápidos, se aproximou de William. — Preciso liberar essa
atualização daqui dez minutos, por isso interrompi — justificou-se e nem
olhou para mim, tão focada e preocupada estava.
Ah, mas ela não teria essa vantagem sobre mim. Se estava
perturbado com ela além dos meus problemas de família e da aquisição dessa
empresa, ela também compartilharia comigo o fardo.
Compartilharia comigo o bônus também.
— Olá, tudo bem? — chamei sua atenção e seus olhos arregalados
para mim foi toda a indicação de que ela sabia quem eu era e o que tínhamos
passados juntos no final de semana. — Sou Rodrigo Valentini, dono da
empresa RV Assessoria. Você é...?
— Ah... oh... — Ficou sem jeito quando estendi minha mão e deixou
o tablet com seu chefe para me cumprimentar. — Sou Thárcyla, Suporte de
Sistema e...
— Pronto, está liberado. Depois nos falamos — o chefe a dispensou
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entregando o dispositivo eletrônico, mas eu ainda não tinha terminado com
ela.
— Hum, que interessante. Você conhece todos os Sistemas
fornecidos pela GPlus? — perguntei com ar superior e formal, o que deixou
William irritado.
— Vá antes que você perca o prazo da atualização — praticamente
enxotou a garota e com um olhar de desculpas para mim, saiu e fechou a
porta. — Tenho uma equipe específica que sabe sobre os Sistema e pode te
dar treinamento necessário. Ela é minha peça chave na equipe.
Fingi admiração para sua colocação quando o que mais queria era
revirar os olhos e trocar a cláusula do contrato, onde o mantém na chefia por
dez anos enquanto ele ainda tiver interesse.
Algum tempo se passou até que ele rubricasse e assinasse todas as
vias do contrato de compra, além do responsável pelo financeiro acordasse
com a troca de espaço físico. Guardei os papéis, que teriam as assinaturas
autenticadas em cartório assim que chegasse à RV, cumprimentei os dois
com um aperto de mão amigável e um sorriso falso nos lábios, como o do
William.
O cabo de guerra de quem podia mais começou.
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Capítulo 2
Rodrigo
 
— Bem-vindos a RV Assessoria. Irei fazer alguns remanejamentos
de pessoal conforme o plano estratégico elaborado por vocês e minha equipe.
— Sim, claro, o quanto antes. Se puder contratar mais
programadores, temos uma demanda... — Tentou mostrar que não estava
afetado e que ainda se mantinha no controle.
— A equipe de transição começa hoje à tarde, mas EU vou começar
agora mesmo. Preciso de alguém estratégico e de confiança para trabalhar
comigo nas reuniões para apresentação dos Sistemas e elaboração do plano
estratégico pessoal. Poderia comunicar a moça que veio aqui que ela foi
promovida? Thárcyla, certo?
— Mas... — Ele arregalou os olhos e bati no seu ombro como um
camarada, mas a verdade era que queria socar seu rosto. Embates a parte,
aqui falávamos apenas de negócios.
— Pode solicitar um novo colaborador para o seu quadro de
funcionário com a minha equipe, mas ela vem comigo agora.
— Thata é uma boa moça, além de muito dedicada. Fico feliz por ela
— o homem do financeiro falou para chamar minha atenção, mas não vi nada
além de abutres em cima de uma carne fresca. Ela não se tornaria uma
carniça, não quando o poder estava em minhas mãos.
Acenei para os dois, fiz indicação para que me levassem até a sala da
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mulher e William estufou o peito para mim em pleno corredor da sua
empresa.
— Sei que comprou a empresa, mas ainda tenho poder aqui. Ela não
vai com você hoje! Tem muitas coisas que precisa repassar para quem
ocupará sua vaga.
— Uma ótima oportunidade para mudarmos esse cenário e se não
me engano, está relacionado no planejamento de transição. Pessoas nunca
deverão ser únicas em um trabalho, quando uma falhar, outra poderá assumir.
Você conhece o trabalho dela, poderá treinar o novo integrante — falei com
ironia e para minha sorte, Thata saiu da sala com o celular na mão. Ela
escondeu o aparelho e parou no meio do caminho quando nos viu.
— Eu só ia ao banheiro... — tentou se justificar e meu sangue ferveu
ao perceber que o cara parecia regular até suas horas de descanso.
— Pode ir e demorar o tempo que precisar. Depois volte para a sua
mesa e recolha seus pertences, você está sendo remanejada — falei
entusiasmado apenas para que o chefe dela ficasse vermelho de tão irritado.
Além do mais, não tinha motivo para ser mais um carrasco em sua vida, de
mim, ela só teria o lado bom.
Com a boca aberta, Thata vi o homem do financeiro a parabenizando
e o chefe se afastando sem dizer uma palavra amigável. Meu olhar estava
impassível e profissional, fiquei aguardando no corredor até seu retorno que
foi em pouco tempo.
— É sério tudo isso? — sussurrou e se aproximou esfregando as
mãos na calça jeans. — O que está acontecendo?
— GPlus agora faz parte da RV Assessoria. Vou te acompanhar para
pegar suas coisas. Você irá trabalhar comigo.
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— Ah... como assim? Vou sair daqui e trabalhar em outro lugar? É a
mesma função? É...
— Você pode recusar a qualquer momento, Thárcyla. Só me dê à
oportunidade de te mostrar esta promoção de cargo e o quanto acho que está
preparada para ele. — Blefei, porque queria mostrar que ela poderia mais,
mesmo que não soubesse de suas aptidões. Se William tentava blindar, com
certeza ela era um diamante raro, lindo e que aguentava pressão.
— Mas... Eu realmente preciso passar algumas coisas para o William
e alguns colegas, porque...
— Eles vão dar consta sozinhos — rebati seco e forcei um sorriso de
boca fechada para amenizar seu olhar assustado. Não estava com raiva dela e
sim do seu chefe. — Vamos lá?
Ela olhou tão fundo nos meus olhos que tive medo dela comentar
alguma coisa sobre o nosso encontro no meu apartamento e toda a discussão
familiar. Thata suspirou, seguiu para sua sala e enquanto se organizava e
repassava algumas coisas para seus colegas, eu me apresentava como novo
proprietário. Esse era o papel da equipe de transição, mas não perderia o
gosto de mostrar a esses homens e mulheres que havia uma nova direção e
não era mais William.
Imaturidade profissional? Talvez sim, mas o papel já estava assinado
e meu dinheiro investido nesse negócio, então, a partirdaqui, quem dava as
cartas era eu.
— Estou pronta — falou colocando a alça da bolsa em seu ombro e
segurando duas xícaras com canetas e outros enfeites típicos femininos.
Abri a porta da sua sala, me despedi de forma coletiva e a
acompanhei pelo corredor.
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— Posso falar com William? — pediu receosa e estendeu os itens da
sua mão. — É apenas um agradecimento.
Ela sorriu com simpatia para mim e me vi arrebatado pela sua
espontaneidade e senso de gratidão. O cara usava e abusava dela, pelo o que
meu irmão falou e ela ainda iria agradecer? O quê, pelo amor de Deus?
Qual era sua história, Thárcyla?
Ela foi sorridente e voltou cabisbaixa, se bobear, controlando o
choro. Não devolvi seus pertences, equilibrei junto com minha pasta e
seguimos para fora daquele pequeno prédio.
Entreguei suas coisas quando precisei desativar o alarme. Ela rodeou
o carro enquanto jogava minha pasta no banco de trás e me acomodava no
assento do motorista.
Iria mostrar a essa mulher que trabalhar não precisava de tanto
sacrifício. Claro, exigia dedicação, mas não sofrimento diário. Fazer o que
gostava poderia ser prazeroso e não sufocante.
Caramba, de alguma forma, estava me vendo como ela, trabalhando
como se fosse minha punição. Seria Thata a pessoa que me mostraria o
verdadeiro prazer de ser relações publicas da RV?
Escutei fungadas quando comecei a guiar o carro e não me permiti
questionar nada pessoal.
Por enquanto.
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Capítulo 3
Thata
Estou entre chorar, ligar para Alci ou apenas responder as
mensagens das meninas sobre o encontro delas com dona Violeta, ou melhor,
dona Vivian. Confessava que queria estar com elas, mas William me fez
trabalhar no domingo à tarde por conta de um chamado de cliente urgente e
praticamente estava a base de café para me manter em pé.
Não queria lidar com explicações, estava exausta de afirmar que só
me submetia a essa jornada, porque precisava.
Mas então, Rodrigo apareceu aqui, ele também não deveria ter
falado com a mãe – ou tia. Meu Deus, estava confusa demais, eram muitos
problemas na empresa que deixei para trás, um chefe que me chamou de
ingrata sem nem mesmo eu ter controle do meu destino na empresa. Se não
me queria longe da GPlus, por que concordou com minha mudança de cargo?
Mas então... Alci me socorreu no final de semana, Viny falou com
William e... droga, será que estão achando que eu pedi por isso? Tudo isso
não passou de um favor pessoal?
— Vinicius falou alguma coisa para você sobre mim?
— Sim. Mas antes que você ache que fiz algo por ele, fiz por mim
— respondeu sério e me olhou de relance. — Ninguém manda em mim, eu
faço o que acho ser melhor.
— Falou algo para William? — Meu coração se apertou, porque via
naquele homem quase que uma figura paterna. Ele me ensinou tanto, foi o
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único que estendeu a mão quando mais precisei e agora, estava o deixando
para trás. Não queria que minha saída fosse assim, mas não poderia perder
uma oportunidade de mudança de cargo. — Eu não pedi isso.
— Falei que precisava de alguém para me acompanhar nas reuniões
com os clientes, que soubesse dos sistemas e que fosse um tanto... estratégica
— falou com ironia e isso me incomodou, parecia que estava zombando de
mim.
— Gosto de trabalhar e costumo me aprofundar em todas as áreas
que envolvem meu serviço. Por isso que William me chamava de estratégica,
eu sei me moldar conforme precisam de mim.
— Pelo salário que você recebe? — Parou no semáforo e me olhou
com chateação. — Estudei sobre o negócio e pessoas como você são
chamadas de Full Stack. Bem, algo mais abrangente que desenvolvimento,
banco de dados, infraestrutura, entre outros, mas um Full Stack em um
âmbito geral. Preciso de alguém assim comigo e sei que você pode fazer isso.
Engoli em seco, um elogio desses nunca foi me direcionado e o
medo de não atender as expectativas era grande. Sabia de muitas coisas, mas
não profundo quanto especialistas.
— Ou não? — ele insistiu que respondesse à pergunta silenciosa e a
lágrima que estava controlando para não escorrer dos meus olhos caiu. Ainda
bem que foi do lado que ele não via, por isso limpei rapidamente para não ser
vista.
Se dou conta?
Se quero?
Meu celular começou a vibrar na minha mão e o grupo das
Joaninhas Literárias não parava de apitar. O que será que estava
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acontecendo? Será que poderia olhar e não levar bronca?
— Enquanto você estiver fazendo seu trabalho com dedicação e
profissionalismo, que acho que você faz, não há problema em olhar celular
ou tirar dez minutos para descansar. Eu não sou William.
Oh, céus, Alci falou com Viny que falou com ele, só podia!
Com as mãos suando, debloqueei o celular e exclamei surpresa sobre
o que estava na tela.
— O que foi? — perguntou assustado e parou o carro em frente ao
portão de um prédio empresarial.
— As meninas falaram com sua mãe e foi tudo bem. Letícia e Paula
estão grávidas, Josi ainda está recusando os pedidos de casamento de Antonio
e...
— Estamos todos em perigo, Thárcyla — ele falou sombrio, mas
meu coração recebeu como insegurança. Um homem tão imponente como ele
tinha medo de ser feliz. Como não via?
Lembrei da nossa interação no final de semana, a briga com o irmão
e a intuição que segui ao tentar defendê-lo de qualquer agressão. Ele também
tinha o seu lado da história para contar, não poderíamos tirar conclusões
precipitadas antes de realmente ouvi-lo.
Esperei o carro parar, não respondi nenhuma das milhões de
mensagens que tinha no grupo e no meu privado e virei meu corpo para o
dele antes de sair.
O clima sobre o assunto profissional foi trocado pelo familiar, algo
que estava mais assertivo no meu coração do que qualquer outra coisa.
— Rodrigo, Alberto está sendo entregue, nesse momento, para
alguém que pode... neutralizá-lo, digamos assim. Temos amigas que estão
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nos protegendo e quero dizer sim, de ameaças de morte.
Ele tirou o cinto e virou na minha direção. Seu olhar era sofrido e
curioso.
— Ele tinha conexões...
— Antonio era sua conexão. Todo o patrimônio corrupto foi extinto.
Dona Vivian está segura, não faríamos nada de mal para prejudicar os
Valentini e vocês.
— E você acha que esses filhos, que a abandonaram, merecem uma
segunda chance? — Surpreendi por sua pergunta ser sincera e nenhum pouco
irônica.
— Quem somos nós para achar se devem ou não uma segunda
chance? — Sorri e percebi que esse homem estava olhando demais para o
meu rosto, analisando demais minha fisionomia. Mordi meu lábio e vi o erro,
porque ele os devorou com os olhos. Precisava sair da zona pessoal e voltar
para o profissional. — Obrigada pela oportunidade de mostrar meu trabalho.
Vamos?
Saí do carro e tentei me manter em pé com minhas duas xícaras
preciosas nas mãos. Uma era das Joaninhas e a outra do meu livro favorito.
Não poderia me deixar afetar ou mesclar sentimentos. Rodrigo me atraiu
desde nosso embate no seu apartamento, mas diferente daquele dia, hoje ele
parecia muito mais amigável.
— Vamos, vou te apresentar a empresa e providenciarmos suas
credenciais. Seus documentos e acertos trabalhistas serão feitos pela semana,
quando o administrativo da GPlus vier para cá.
— E o que motivou a compra da GPlus? — perguntei e segui ao seu
lado, sua mão ficou nas minhas costas e seu calor parecia querer penetrar
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minha roupa e a minha pele.
Oh, céus, será que todo dia seria assim?
— Usamos o software de CRM deles desde nossa criação e por
questões financeiras, entenda-se aqui como falência, fizemos uma proposta
para compra antes que isso acontecesse — falou com naturalidade e ponderei
se ele estava compartilhando coisas tão sigilosas comigo porque confiava em
mim ou porque fazia parte da minha nova função. — Não preciso dizer que
todas as nossas conversas são confidenciais, inclusive

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