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Farmacologia do Sistema Nervoso Periférico Colinérgico - Completo


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Farmacologia do Sistema Nervoso Periférico Colinérgico 
Farmacologia Neuroendócrina 
Sistema Nervoso Periférico 
> Sistema Nervoso Periférico (SNP): liga o Sistema 
Nervoso Central aos outros órgãos do corpo para que se 
realize o transporte de informações. Esse sistema é 
formado por nervos e gânglios nervosos. 
→ Nervos: 
São feixes de fibras nervosas envolvidas por tecido 
conjuntivo. Cada uma dessas fibras é formada por um 
axônio e bainhas que o envolvem. São responsáveis por 
fazer a união do SNC com os órgãos periféricos e pela 
transmissão dos impulsos nervosos. 
Os nervos podem ser: 
Nervos Espinhais: fazem conexão entre a medula 
espinhal e órgãos periféricos. Inervam o tronco, os 
membros e algumas regiões específicas da cabeça. 
Nervos Cranianos: fazem conexão com entre o encéfalo 
e órgãos periféricos. Inervam as estruturas da cabeça e do 
pescoço. 
 
→ Gânglios nervosos: 
São aglomerados de 
corpos celulares de 
neurônios situados fora do 
SNC, espalhados pelo 
corpo. 
 
 
 
 Neurônios: apresentam três partes básicas: dendritos, 
axônio e corpo celular. 
 
> O SNP é dividido em sistema nervoso somático e 
sistema nervoso autônomo, de acordo com sua atuação. 
Sistema Nervoso Somático 
> responsável pelo controle das ações voluntárias. Atua 
sob a musculatura esquelética de contração voluntária. 
> é composto por uma fibra nervosa única, que libera o 
neurotransmissor acetilcolina em receptores nicotínicos. 
Sistema Nervoso Autônomo 
> responsável pelo controle das funções vegetativas/ 
automáticas/involuntárias, como as atividades 
realizadas pelos órgãos internos. Regula as atividades 
orgânicas, garantindo a homeostase do organismo. Atua 
de forma integrada com o SNC, sob a musculatura lisa e 
cardíaca. 
> o SNA é composto por neurônios eferentes que são 
responsáveis por transportar impulsos nervosos do SNC 
ao órgão efetor (músculo liso, cardíaco e glândulas). Os 
corpos desses neurônios estão localizados em gânglios. 
Há dois neurônios na porção periférica do SNA: 
o Neurônio pré-ganglionar: localizado no interior do 
sistema nervoso central. 
o Neurônio pós-ganglionar: localizado no interior de 
gânglios periféricos, fora do SNC e que alcançam, de 
fato, o alvo de inervação. 
 
> O SNA apresenta duas subdivisões anatômicas: SN 
Simpático e SN Parassimpático. 
Sistema Nervoso Simpático 
> Estimula o funcionamento dos órgãos; é formado pelos 
nervos espinhais da região torácica e lombar da medula. 
> sistema de luta e fuga, em resposta às situações de 
emergência. 
> as fibras pré-ganglionares alcançam as fibras pós-
ganglionares por meio dos nervos. 
> fibra pré-ganglionar é curta e a pós-ganglionar longa. 
> Neurônio pré-ganglionar é colinérgico, já que libera 
Acetilcolina. 
 Algumas fibras dos neurônios pré-ganglionares 
atuam sobre a glândula adrenal, e não sobre o 
neurônio pós-ganglionar, liberando ACh em 
receptores nicotínicos. Isso vai estimular a liberação 
de adrenalina (80%) e noradrenalina (20%). 
A adrenalina não é um neurotransmissor devido à 
quantidade liberada pelas glândulas e por não ser 
liberado pelos gânglios (neurônios). Já a 
noradrenalina pode ser um neurotransmissor – por 
ser liberada pelos gânglios, e um hormônio – por ser 
liberada pela glândula adrenal. 
> Neurônio pós-ganglionar é adrenérgico já que libera 
Noradrenalina. 
 Algumas fibras dos neurônios pós-ganglionares 
atuam sobre as glândulas sudoríferas e liberam 
Acetilcolina – atuando sobre receptores 
muscarínicos. 
 
> os neurônios pré-ganglionares simpáticos estão 
localizados na coluna intermediária lateral da medula, 
entre os segmentos T1 e L3, emergindo da medula pela 
raiz ventral. Essas fibras pré-ganglionares deixam os 
nervos espinhais pelos ramos comunicantes brancos e 
fazem sinapses com os neurônios pós-ganglionares. Os 
axônios pós-ganglionares retornam aos nervos espinhais 
(medula espinhal) pelos ramos comunicantes cinzentos, e 
depois se incorporam aos nervos periféricos para inervar 
as glândulas, músculos e vasos. 
 
 
Sistema Nervoso Parassimpático 
> Inibe o funcionamento dos órgãos; é formado pelos 
nervos cranianos e espinhais das extremidades da 
medula. 
> sistema de “repousar e digerir”, funções relacionadas à 
contínua homeostasia do dia a dia. 
> fibra pré-ganglionar é longa e a pós-ganglionar curta, 
estando próximo aos órgãos efetores. 
> Neurônio pré-ganglionar é colinérgico, já que libera 
Acetilcolina. 
> Neurônio pós-ganglionar é colinérgico, já que libera 
Acetilcolina – nos receptores colinérgicos. 
> os neurônios pré-ganglionares parassimpáticos estão 
localizados no tronco cerebral ou na coluna intermediária 
da medula sacra (entre os segmentos S2 a S4). Os 
neurônios pós-ganglionares parassimpáticos são 
inervados pelo nervo vago, e ficam localizados em 
gânglios ou plexos situados próximos ou dentro da 
parede das vísceras torácicas e abdominais. 
 
Comparando... 
> Simpático: esse sistema tem um gânglio autonômico, e, 
por isso, a fibra é dividida em pré-ganglionar e pós-
ganglionar. Devido à fibra pré-ganglionar ser mais curta, 
o gânglio está mais próximo da medula. 
Neurotransmissor intermediário: acetilcolina. 
Neurotransmissor na sinapse final: noradrenalina, com 
o receptor do tipo adrenérgico (α1, α2, β1 ou β2). 
> Parassimpático: o gânglio pós-ganglionar está mais 
próximo do órgão efetor, e, por isso, este é mais curto. 
Neurotransmissor intermediário: acetilcolina. 
Neurotransmissor na sinapse final: acetilcolina, com o 
receptor muscarínico e nicotínicos. 
 
Síntese e Degradação de Acetilcolina e 
Sinapse Colinérgica 
A Colina-O-Acetil-Transferase (ChAT) é a enzima 
responsável pela síntese da acetilcolina (ACh) a partir de 
acetil-coenzima A e colina (proveniente da dieta), no 
meio intracelular do terminal axônico do neurônio pré-
ganglionar ou pós-ganglionar. Os neurônios colinérgicos 
têm em sua membrana transportadores de colina, que 
transportam este substrato para o SNC através da 
circulação sanguínea. Assim, as fontes de colina para a 
síntese de Ach provêm da circulação, além da sua 
recaptação após a liberação e degradação da acetilcolina. 
 
Uma vez sintetizada, parte da ACh é transportada e 
armazenada em vesículas sinápticas. Esse processo é 
realizado por um transportador vesicular de Ach 
(VAChT). 
Quando um potencial de ação alcança o neurônio ocorre 
uma despolarização da sua membrana que provoca a 
abertura dos canais de cálcio. O influxo de cálcio no 
neurônio catalisa uma fusão da vesícula de ACh com a 
membrana pós-sináptica, levando a liberação de ACh na 
fenda sináptica ou no órgão efetor. 
A acetilcolina atua sobre receptores colinérgicos 
muscarínicos ou nicotínicos, abrindo-os ou atravessando-
os, respectivamente. 
Degradação de Acetilcolina 
Após interagir com os receptores colinérgicos, a 
acetilcolina é degradada. A enzima Acetilcolinesterase 
(AChE) é uma proteína globular formada por monômeros, 
dímeros ou tetrâmeros que catalisa a hidrólise da 
acetilcolina na fenda sináptica, levando à formação de 
acetato e colina. 
Essa colina poderá ser redirecionada ao meio intracelular 
do terminal axônico e ser utilizada para uma nova síntese. 
A degradação impede uma estimulação exagerada dos 
receptores colinérgicos, principalmente os nicotínicos 
que são de resposta rápida por serem ionotrópico, e 
impedem estímulos ininterruptos de impulsos nervosos, 
o que pode provocar uma difusão lateral. 
> Localização da Acetilcolinesterase: membrana pós-
sináptica, citoplasma, plasma. 
> A sinapse é uma região onde há a comunicação entre os 
neurônios, entre neurônios e músculos e entre neurônios 
e glândulas. 
 
Receptores de Colinérgicos 
> Receptores Colinérgicos = Receptores de Acetilcolina 
> os receptores colinérgicos podem ser de dois subtipos: 
nicotínicos e muscarínicos, os quais respondem à 
ativação colinérgica com alta afinidade. 
Receptores Nicotínicos 
São receptores inotrópicos, ou seja, são canais iônicos 
dependentesde ligantes. Promovem uma resposta 
rápida, de curta duração e pequena amplitude. 
A acetilcolina liga-se a este canal e promove uma 
mudança de conformação tridimensional que levará a 
abertura do canal e, consequentemente, provocar a 
passagem de íons através da membrana. Os receptores 
nicotínicos são receptores do tipo excitatórios, por isso o 
influxo predominante é de cátions – sódio, potássio, 
cálcio, e não de ânions. 
O influxo de Na+ provoca uma despolarização da 
membrana pós-sináptica. Isso aproxima a membrana do 
neurônio pós-sináptico do limiar de disparo de potenciais 
de ação no órgão efetor (músculo). O potencial sináptico 
correspondente é chamado de potencial pós-sináptico 
excitatório (PPSE). 
Na junção neuromuscular há presença desses receptores 
colinérgicos. 
 
> Família de Receptores Nicotínicos: 
 Nm: expressos em músculos esqueléticos. Tem 
subunidades proteínas (α1)2β1Ꜫ 
 Nn: expressos em gânglios e medula da glândula 
adrenal. Tem subunidades proteínas (α3)2(β4)3 
 NSNC: expressos no SNC. Tem subunidades proteínas 
(α4)2(β2)3, (α7). 
Receptores Muscarínicos 
São receptores metabotrópicos, ou seja, são receptores 
acoplados à proteína G. O receptor é uma estrutura 
separada do sistema efetor (que é um canal iônico), 
diferente do ionotrópico, que o canal iônico é o receptor. 
Além disso, promove uma resposta lenta, de longa 
duração e amplificada. 
Proteína G: é uma molécula intermediária ancorada ao 
receptor pela face interna da membrana pós-sináptica. O 
tipo de proteína G indica qual via de sinalização será 
ativada na célula. 
 
Na situação de repouso, a proteína G tem três 
subunidades (alfa, beta e gama), com uma molécula de 
GDP (difosfato de guanosina) ligada à subunidade alfa. 
Quando o neurotransmissor (acetilcolina) se liga ao 
receptor e muda a sua conformação alostérica, a 
subunidade alfa da proteína G libera o seu GDP e o 
substitui por um GTP retirado do citosol. A incorporação 
do GTP separa a subunidade alfa do complexo alfa-beta- 
gama. Assim, a subunidade alfa unida ao GTP “desliza" 
internamente na membrana até encontrar, nas 
proximidades, outras proteínas integrais da membrana 
que realizam diferentes funções (representada em rosa). 
Estas últimas são chamadas proteínas efetoras – que 
pode ser um canal iônico. 
A ativação da proteína efetora, uma enzima, pode 
desencadear uma série de reações bioquímicas, tanto 
estimuladoras quanto inibitórias. 
> Família de Receptores Muscarínicos: 
 M1-M3-M5: receptores acoplados à proteína Gαq1. 
Esses receptores ímpares são ativados quando o agonista, 
Acetilcolina, liga-se a ele. Isso produz uma mudança 
conformacional na proteína Gq, que vai transformar GDP 
em GTP na subunidade alfa, levando à dissociação dessa 
subunidade. A subunidade alfaq interage com a 
Fosfolipase C (PLC) – enzima acoplada à membrana 
celular. Essa enzima será responsável por degradar 
fosfolipideos de membrana, dando origem a dois 
mediadores (segundo mensageiros) intracelulares: 
1. IP3 (inositol trifosfato) se liga a receptores do 
retículo endoplasmático e abre o canal de Ca2+, 
aumentando o nível intracelular deste cátion. 
2. DAG (diacilglicerol), interage com a proteína quinase 
PKC (aumento da sua atividade), que vai fosforilar 
alvos dentro da célula, o que depende dos seus 
subtipos. 
 
 M2-M4: receptores acoplados à proteína Gαi/0. 
A proteína Gi/0 é uma proteína inibitória que inibe a 
enzima adenilato ciclase. 
A Adenilato Ciclase é uma enzima ancorada à membrana 
celular responsável por converter ATP em cAMP dentro 
da célula. O cAMP é um mediador que interage com 
proteínas quinases, como a PKA. 
O agonista, acetilcolina, interage com o receptor 
muscarínico e provoca uma mudança conformacional na 
subunidade alfa, que vai converter GTP em GDP. Essa 
subunidade alfa se dissocia das outras, e interage com a 
adenilato ciclase, inibindo sua atividade. Assim, não há 
cAMP e a PKA não é ativada, ou seja, as proteínas 
celulares não são fosforiladas. 
 
A subunidade β/γ da proteína Gi/0 (Gβ-γi/0) interage com 
canais de K+ da membrana, levando sua abertura. Isso 
aumenta a condutância (saída) de K+ na célula, o que 
torna o meio intracelular mais negativo, ou seja, provoca 
uma hiperpolarização da membrana (potencial de 
membrana mais negativo). 
A abertura desses canais é importante nas células 
excitáveis, como células neuronais, musculares, células 
de marcapasso, para a manutenção do estado de 
repouso. 
 
Localização dos Receptores Muscarínicos 
M1 (neurais) SNC, gânglios antonômicos (SNS) 
M2 
(cardíacos) Coração, músculo liso, SNC, 
autorreceptores colinérgicos* 
M3 
(glandulares) Glândulas exócrinas e músculo 
liso 
M4 SNC 
M5 SNC 
* Autorrecepotres colinérgicos são aqueles cujos 
neurônios liberam um neurotransmissor para provocar 
uma resposta gerada por eles mesmos. O neurônio que 
liberou acetilcolina utiliza esse neurotransmissor para 
gerar um feedback negativo, ou seja, uma resposta 
indicando que é necessario reduzir a liberação de 
acetilcolina. 
Essa ACh interage com o receptor acoplado à proteina 
Gi/0, e ativa as vias inibitorias, diminuindo os niveis de 
cAMP e atividade de PKA e consequentemtne a 
fosforilação de canais de cálcio dependentes de 
voltagem, entrando menos cálcio na célula, o que vai 
diminuir a liberação de ACh. 
 
 
Funções do Sistema Nervoso 
Parassimpático 
→ Sistema de reserva de energia. Assim, diminui a 
atividade de funções vitais. 
→ Prepara o organismo para a sobrevivência futura. 
 Reduz a frequência cardíaca 
 Reduz a força de contração do músculo cardíaco 
 Reduz a pressão arterial 
 Reduz a frequência respiratória (brônquio-
constrição) 
 Aumenta o peristaltismo (para fazer a digestão e 
obter nutrientes/mais energia) 
 Aumenta a secreção (pancreática, salivar...) 
 Contrai a pupila (miose) 
 Aumenta a micção/tônus da musculatura lisa 
Efeitos da Ativação Parassimpática 
> os efeitos da ativação parassimpática ou efeitos 
colinérgicos são mediados, principalmente, por 
receptores muscarínicos. 
Acetilcolina – Músculo Liso 
o Receptores M3 
A acetilcolina interage com os receptores M3, que são 
acoplados à proteína Gq, mudando a sua conformação. A 
subunidade αq dessa proteína dissocia-se das outras e 
interage com a Fosfolipase C, que vai degradar 
fosfolipideos e dar origem aos mediadores DAG e IP3. 
DAG: ativa a proteína quinase PKC, que vai inibir a 
atividade da fosfatase da cadeia leve da miosina (MLPC). 
Essa inibição permite com que a cadeia leve da miosina 
seja fosforilada e leve ao aumento do tônus muscular. 
IP3: ativa a liberação de Ca2+ no meio intracelular pela 
abertura de canais de cálcio, o que vai levar a formação 
do complexo Ca2+/calmodulina. Esse complexo ativa a 
enzima fosforilase MLCK, responsável pela fosforilação 
da cadeia leve de miosina, o que leva ao aumento do 
tônus muscular. 
o Receptores M2 
A acetilcolina interage com os receptores M2, que são 
acoplados à proteína inibitória Gi/0, mudando sua 
conformação. A subunidade αi dessa proteína dissocia-se 
das outras e inibe a atividade da Adenilato ciclase, o que 
reduz os níveis de cAMP, e, consequentemente, reduz os 
níveis de PKA, a qual inibiria a MLCK (fosforilase). 
Com a enzima fosforilase ativa, ocorre a fosforilação da 
cadeia leve de miosina, que vai permitir o aumento do 
tônus muscular. 
 
 
Acetilcolina – Células Secretórias 
o Receptores M3 
A acetilcolina interage com os receptores M3, que são 
acoplados à proteína Gq, mudando a sua conformação. A 
subunidade αq dessa proteína dissocia-se das outras e 
interage com a Fosfolipase C, que vai degradar 
fosfolipideos e dar origem aos mediadores DAG e IP3. 
O IP3 (inositol trifosfato) se liga a receptores do retículo 
endoplasmático e abre o canal de Ca2+, aumentando o 
nível intracelular de Ca2+. Isso vai aumentar os níveis de 
secreções, como salivar e ácidos biliares. 
 
> Nos olhos, o aumento de cálcio estimula a contraçãodos músculos ciliares e circulares da íris, o que abre o 
canal que permite a drenagem do local. 
> Como os receptores M3 NÃO estão presentes na 
glândula suprarrenal, e sim os receptores NICOTÍNICOS, 
não há estimulo de liberação de adrenalina pela ação da 
acetilcolina liberada nos receptores M3. 
 
Acetilcolina – Olhos 
o Receptores M3 
A acetilcolina interage com os receptores M3 presente no 
músculo circular da íris e provoca contração (miose), 
provocando redução da pupila. 
A acetilcolina também interage com os receptores M3 
presente no músculo ciliares e provoca contração do 
cristalino, provocando redução do campo de visão, 
acomodando a visão para perto, porque não há 
necessidade de um grande campo de visão se você está 
em repouso – efeito cicloplégico. 
Esses efeitos permitem que haja um aumento da 
drenagem de humor aquoso no canal de Schlemm. Esse 
efeito é importante em pacientes com glaucoma, que têm 
um aumento da pressão intra-ocular; ou seja, a contração 
muscular vai liberar o canal e permitir a drenagem do 
humor aquoso, diminuindo a pressão intraocular. 
 
 
Acetilcolina – Coração 
o Receptores M2 
Os receptores colinérgicos M2 estão presentes, 
principalmente no coração e nas terminações pré-
sinápticas de neurônios centrais e periféricos. 
A maioria dos nervos que inervam o músculo cardíaco 
pertencem ao sistema nervoso simpático, principalmente 
na área dos ventrículos. A inervação parassimpática 
ocorre, principalmente, nos átrios e nos nodos auto-
excitáveis (sinoatrial e atrioventricular/células de 
marca-passo). Assim, os efeitos predominantes da 
Acetilcolina pela ativação dos receptores muscarínicos no 
coração são de nível atrial e células marca-passo, com 
menor influência desse neurotransmissor nos 
ventrículos. 
Assim, o efeito da Ach no coração é sobre as células de 
marcapasso e não sobre as células musculares e do 
miocárdio. 
> Células Marca-passo: são células especializadas na 
condução de estímulo nervoso pelo músculo cardíaco, 
estimulando sua contração – batimento cardíaco. Isto 
ocorre pela alteração do potencial elétrico da membrana 
nas células cardíacas, isto é, mudança de voltagem 
positiva para negativa (polarização) e vice-versa 
(despolarização). Este processo está relacionado às 
mudanças na concentração dos íons cálcio, sódio e 
potássio no interior destas células, as quais estão 
associadas à abertura e fechamento de canais 
na membrana plasmática. A permeabilidade das células 
marca-passo aos íons irá, por sua vez, determinar a 
voltagem das células cardíacas, desencadeando o 
potencial de ação. 
Essas células são auto-excitáveis porque não têm 
potencial de repouso, mas o potencial de marca-passo. 
A polarização e despolarização ocorre de forma 
espontânea nas células marca-passo, sem a necessidade 
de estímulo do sistema nervoso, ao contrário de outros 
tipos celulares presentes no corpo humano. 
> Tipos de células marca-passo: 
Três tipos de células marca-passo compõem o sistema de 
condução elétrica do coração. Em geral, o potencial de 
ação (polarização) é similar entre os tipos de célula 
marca-passo, porém o tempo de transmissão do impulso 
elétrico varia em relação à permeabilidade de cada tipo 
de célula ao sódio; quanto mais permeável ao sódio, mais 
rápido é o processo de despolarização celular. 
Nodo sinoatrial (SA): grupo mais comum de células 
marca-passo que apresentam alta permeabilidade ao 
sódio, realizando o processo de despolarização mais 
rapidamente em comparação aos outros tipos de células 
marca-passo. Em geral, estas células mantém a 
frequência cardíaca entre 60 e 90 batimentos por minuto. 
Nodo atrioventricular (AV): tempo de despolarização 
intermediário em relação ao nodo sinoatrial e ao feixe de 
His, em função de sua permeabilidade ao sódio. Em geral, 
mantém a frequência cardíaca entre 40 e 60 batimentos 
por minuto. 
Feixe de His ou Fibras de Purkinje: processo de 
despolarização é mais lento, já que é o tipo de célula 
marca-passo menos permeável ao sódio. Mantém a 
frequência cardíaca entre 20-30 batimentos por minuto. 
 
> Funcionamento dos batimentos cardíacos nas células 
marcapasso: suponha uma célula com voltagem inicial de 
-60 milivolts. Para desencadear o potencial de ação, o 
sinal de sua membrana deve passar de negativo à 
positivo. Para que isso ocorra, é necessário aumentar a 
concentração intracelular de íons positivos como o cálcio 
(+123 mv) e o sódio (+67 mv), através da abertura de 
canais na membrana plasmática (processo de 
despolarização celular). Na voltagem inicial mencionada 
(-60 mv), os canais de sódio se abrem, o que permite seu 
influxo e aumento da voltagem da célula. Esses canais de 
sódio que se abrem quando a célula ainda está 
hiperpolarizada (negativa) são chamados de canais de 
sódio If (Funny), que lentamente levam a despolarização 
da membrana. Quando esta atinge -40 milivolts, os 
canais de cálcio se abrem, permitindo o influxo desse 
cátion, provocando uma despolarização rápida, levando 
a voltagem da célula cardíaca rapidamente até +10 mv, 
disparando o potencial de ação, que é quando ocorrerá a 
contração muscular. 
Ao atingir este novo limiar, os canais de cálcio se fecham, 
e os canais de potássio dependente de voltagem (-97mv) 
se abrem para a repolarização da célula, tornando a 
voltagem da célula negativa novamente (-60 mv). 
Ao atingir -60 mv, os canais de potássio se fecham e a 
célula torna-se mais permeável ao sódio, recomeçando o 
ciclo pelo potencial de marca-
passo. Todo este processo de 
despolarização e polarização 
da célula cardíaca (cada ciclo) 
corresponde a um batimento 
cardíaco. 
Não se observa potencial de 
repouso nas células marca-
passo porque estas estão 
sempre se despolarizando devido à entrada lenta de Na+ 
através de canais catiônicos (“pré-potencial”), o que vai 
elevar o potencial de membrana lentamente até ao limiar 
de excitabilidade que acarreta na abertura de canais de 
Ca2+, responsáveis pela fase despolarizante do potencial 
marcapasso. 
> Efeito cronotrópico negativo: a ativação dos 
receptores M2 retarda o potencial de ação na célula 
marca-passo (nodo sinoatrial), o que diminui a 
frequência cardíaca (Bradicardia). 
A efeito da acetilcolina nos receptores muscarínicos M2 
das células marca-passo ativa a proteína Gi, onde suas 
subunidades β/γ vão interagir com os canais de K+ de 
vazamento na membrana da célula cardíaca, facilitando a 
saída de K+. Isso vai provocar uma hiperpolarização da 
membrana (pico negativo). Assim, o limiar do potencial 
marca-passo passará de -70mv para -80mv. Contudo, o 
limiar de excitabilidade para a abertura dos canais de 
cálcio dependentes de voltagem permanece sendo -
40mv. Assim, é necessário entrar uma maior quantidade 
de sódio na célula para que o potencial de -80 a -40 mv 
seja atingido, e não mais de -70 a -40 mv. Apesar de haver 
um aumento de 10 mv, não há aumento na quantidade 
de canais de sódio para agilizar essa passagem, assim, 
https://www.infoescola.com/fisica/potencial-eletrico/
https://www.infoescola.com/citologia/membrana-plasmatica/
https://www.infoescola.com/biologia/sistema-nervoso/
https://www.infoescola.com/corpo-humano/
https://www.infoescola.com/biologia/permeabilidade/
demora mais tempo para atingir o limiar do potencial de 
ação, ou seja, a frequência entre um potencial de ação e 
outro diminui. Nas células marca-passo (nodo sinoatrial), 
esse potencial de ação é fundamental para a 
determinação da frequência cardíaca, a qual será 
reduzida. 
Quando o potencial de ação é disparado no nodo 
sinoatrial, o impulso nervoso elétrico é propagado para o 
nodo atrioventricular que vai transmitir o impulso para as 
paredes dos ventrículos. Isso ocorre para que primeiro 
ocorra a contração do átrio e depois a dos ventrículos. 
 
> Efeito dromotropismo negativo: a ativação dos 
receptores M2 reduz a velocidade de condução do 
impulso elétrico na célula marca-passo (nodo 
atrioventricular). 
Os receptores M2 também estão presentesno nodo 
atrioventricular. 
Para que os batimentos cardíacos ocorram de forma 
coordenada, é necessário que também haja um 
retardamento da frequência cardíaca nos ventrículos 
para que não ocorra uma arritmia cardíaca. Assim, o 
impulso elétrico precisa ser retardado primeiro no átrio e 
depois no ventrículo. Para que isso ocorra, deve haver 
uma redução da velocidade de condução do impulso 
elétrico através do coração. 
A condutibilidade é realizada por células cardíacas que 
conduzem o potencial de ação gerado nas células 
marcapasso, nodo sinoatrial, até o nodo atrioventricular 
em direção ao ápice do coração; e para todas a fibras do 
miocárdio, estimulando a contração. 
> Efeito inotrópico negativo: a ativação dos receptores 
M2 a força de contração da musculatura atrial no 
miocárdio. 
A efeito da acetilcolina nos receptores muscarínicos M2 
do miocárdio atrial ativa a proteína Gi, onde sua 
subunidade α vai inibir a adenilato cliclase, o que vai 
diminuir a síntese de cAMP e consequentemente da 
atividade da PKA. Assim, a PKA vai deixar de fosforilar os 
canais de cálcio presentes nas células cardíacas, tanto na 
membrana (receptores do tipo L) como no retículo 
sarcoplasmático (receptor de rianodina – RyR2). 
Quando esses canais estão menos fosforilados, eles 
permitem uma MENOR passagem de cálcio, reduzindo a 
condutância desse cátion. Assim, quando chegar o 
potencial de ação, uma menor quantidade de cálcio será 
liberada no citosol. Com isso, a força de contração da 
célula muscular será reduzida. Isso afeta a quantidade de 
sangue bombeada por tempo, ou seja, o débito cardíaco 
reduz. 
 
 
o Receptores M3 
Os receptores colinérgicos M3 estão presentes no 
endotélio vascular e não na musculatura lisa, onde ela 
provoca aumento do tônus muscular. Por isso, seu efeito 
será a redução do tônus muscular. 
A acetilcolina interage com os receptores muscarínicos 
M3 do endotélio, e ativa a proteína Gq. A subunidade 
alfaq interage com a Fosfolipase C, que vai degradar 
fosfolipídeos de membrana e dar origem aos mediadores 
IP3 e DAG. 
Dentro das células endoteliais, os receptores de IP3 no 
retículo (sarcoplasmático ou endoplasmático), que são 
canais de Ca2+, vão abrir, aumentando a quantidade de 
cálcio intracelular. O cálcio vai se ligar à calmodulina 
(proteína ligante de cálcio), formando o complexo 
Ca2+/calmodulina, que vai estimular a síntese da enzima 
NOS (óxido nitrico-sintetase), que catalisa a síntese de 
óxido nítrico. Esse óxido nítrico será difundido ao músculo 
liso vascular, estimulando a enzima monilato-ciclase, que 
sintetiza cGMP, que vai aumentar a atividade da PKG. 
Nessa musculatura lisa, a PKG vai fosforilar e ativar a 
fosfatase da cadeia leve da miosina (MLP fosfatase) e 
inibir a quinase da cadeia leve da miosina (MLCK), 
levando a desfosforilação da cadeia leve da miosina 
(MLC), provocando uma vasodilatação, ou seja, redução 
do tônus muscular. 
 
Acetilcolina – Pressão Arterialadm intravenosa 
Ações muscarínicas e nicotínicas da acetilcolina na 
pressão arterial pela administração intravenosa de doses 
pequenas e médias. 
 
A) Administração de 2 microgramas de acetilcolina. A 
pressão arterial diminui devido à vasodilatação 
provocada na musculatura lisa endotelial por ação 
indireta da acetilcolina no endotélio vascular pelo 
receptor M3. Essa vasodilatação reduz a resistência 
vascular periférica (já que há facilidade na passagem de 
sangue com a dilatação do vaso). 
B) No primeiro momento a acetilcolina é degradada pela 
grande quantidade de acetilcolinesterase na corrente 
sanguínea e a pressão arterial se mantem normal. 
Com a administração de 50 microgramas de acetilcolina, 
a pressão arterial diminui muito mais. Isso porque, nessa 
concentração, além de atuar na vasodilatação de forma 
indireta na musculatura lisa do vaso pelo endotélio 
vascular, a acetilcolina alcançou o nodo sinoatrial, onde 
vai contribuir para a redução da pressão arterial. Isso 
ocorre pela redução do débito cardíaco, já que a 
frequência cardíaca será reduzida (bradicardia). 
PA = RVP x DC 
DC = Força de Contração x Frequência Cardíaca 
C) Administração de atropina: antagonista competitivo 
muscarínico, que bloqueia esses receptores, impedindo 
com que a acetilcolina se ligue a ele. Com sua 
administração, ocorre aumento da pressão arterial que 
havia sido reduzida. 
A adição subsequente de 50 microgramas de acetilcolina 
não altera a pressão arterial. Isso porque, os receptores 
muscarínicos estão ocupados pela atropina. Assim, nessa 
concentração, a acetilcolina não consegue ganhar a 
competição, e não induz o efeito de redução da pressão 
arterial. 
D) Administração de 5 miligramas de acetilcolina – Efeitos 
Nicotínicos. A pressão arterial aumenta. Isso ocorre 
porque nessa concentração a acetilcolina ainda não 
consegue vencer a competição pelos receptores 
muscarínicos ocupados com a atropina. Assim, esse 
neurotransmissor vai se ligar a receptores NICOTÍNICOS 
localizados nos gânglios do sistema nervoso simpático e 
parassimpático. Na ativação simpática, o neurônio 
ganglionar pós-sináptico libera noradrenalina no órgão 
efetor, a qual vai provocar o aumento da pressão arterial. 
Além disso, na glândula suprarrenal, os receptores 
nicotínicos vão estimular a liberação do hormônio 
adrenalina que vai para a corrente sanguínea, ativando 
seus receptores e levando ao aumento da pressão 
arterial. Assim, conclui-se que para ativar os receptores 
nicotínicos é necessária uma quantidade muito maior de 
acetilcolina. 
Acetilcolina – Placa Motora 
o Receptores Nicotínicos 
Na junção neuromuscular, há uma quantidade elevada de 
receptores nicotínicos musculares. 
> Junção neuromuscular: é a junção entre a parte 
terminal de um axônio motor com uma placa motora. 
> Placa motora: é a região da membrana plasmática de 
uma fibra muscular (o sarcolema) onde se dá o encontro 
entre o nervo e o músculo, permitindo desencadear a 
contração muscular. Este é o local em que um estímulo 
elétrico tem de ser transformado em movimento, através 
de alguns mediadores químicos, como a acetilcolina, que 
são liberados na placa motora e entram por receptores 
colinérgicos nicotínicos. 
1. Terminal pré-sináptico 
2. Sarcolema 
3. Vesícula sináptica 
4. Receptor de acetilcolina 
nicotínico 
5. Mitocôndria 
Os receptores nicotínicos 
são ionotrópico, sendo 
mais permeáveis ao sódio. 
Assim, a liberação de acetilcolina na junção 
neuromuscular ativa os receptores nicotínicos, levando a 
elevada entrada de sódio na célula, o que vao provocar a 
despolarização de placa motora (potencial de placa 
motora). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acetilcolina
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pr%C3%A9-sin%C3%A1ptico&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sarcolema
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ves%C3%ADcula_sin%C3%A1ptica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitoc%C3%B4ndria
A entrada dessa quantidade de sódio vai provocar a 
abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem, 
provocando uma pequena quantidade de influxo desse 
cátion. Esse cálcio vai se ligar a receptores de rianodina 
no reticulo sarcoplasmático, desencadeando uma cascata 
de liberação de cálcio mediada por cálcio. 
Por haver muito cálcio no reticulo sarcoplasmático da 
célula muscula esquelética, sua liberação para o citosol 
provoca uma contração RÁPIDA da musculatura 
esquelética. 
A rápida dessensibilização dos receptores nicotínicos e a 
degradação rápida da acetilcolina liberada pelo neurônio 
evita que ocorra uma despolarização excessiva das 
células musculares e uma lesão muscular por excesso do 
extravasamento de cálcio. 
→ A junção neuromuscular é o local onde há maior 
quantidade de acetilcolinesterase. Isso indica que há 
muitos receptores nicotínicos. 
Agentes Colinérgicos Diretos 
São agentes (fármacos) que mimetizam os efeitos da 
acetilcolina pela ativação do Sistema Nervoso 
Parassimpático. Estes se ligam diretamente aos 
receptores muscarínicos, sendo agonistas.Ligação da Acetilcolina aos Receptores Muscarínicos 
> o sítio ativo dos receptores muscarínicos interage 
apenas com moléculas pequenas, como a acetilcolina. 
> Acetilcolina: molécula pequena com apenas um 
grupamento éster e um nitrogênio quaternário, os quais 
são importantes para ligações de hidrogênio e ligação 
iônica, respectivamente, ao receptor muscarínico. 
 
> Agonistas muscarínicos não são seletivos: os sítios de 
ligação dos receptores muscarínicos são muito similares 
devido à conservação da sequência de aminoácidos 
entre eles. Assim, a maioria dos fármacos, como a 
acetilcolina, não diferencia entre os diferentes tipos 
receptores muscarínicos. Contudo, esses agonistas não 
tem afinidade significativa para receptores nicotínicos. 
> Acetilcolina não tem potencial terapêutico: fármaco 
ruim 
A grande maioria dos fármacos são análogos estruturais 
da acetilcolina. Contudo, a sua estrutura inicial não é 
utilizada como fármaco, devido: 
1. Tem afinidade tanto por receptores muscarínicos 
como nicotínicos, o que provoca reações adversas; 
2. Tem baixo tempo de meia-vida, sendo rapidamente 
degradada por acetilcolinesterase plasmática; 
3. Não pode ser administrada por via oral (baixa 
biodisponibilidade), devido ao seu nitrogênio 
quaternário, já que moléculas carregadas não são 
absorvidas por difusão passiva, e há colinesterase 
nas células de borda em escova do intestino, sendo 
degradada antes de ser absorvida. 
> Alterações na estrutura da Acetilcolina para melhorar 
o fármaco: análogo da acetilcolina - Betanecol 
1. Metacolina: adição de uma metila no carbono beta 
da acetilcolina diminui sua afinidade por receptores 
nicotínicos – maior seletividade muscarínica. Assim, 
tem menos reações adversas. 
2. Carbacol: substituição do grupamento éster por um 
carbamato. O átomo de nitrogênio tem um par de 
elétrons livres que entra em ressonância com o 
oxigênio da carbonila, blindando o átomo de 
carbono e aumentando sua densidade eletrônica. 
Isso torna a molécula mais resistente ao ataque 
nucleofílico, que pode ocorrer no estômago, pelo 
HCl (catalisa a hidrolise da Ach); e a protege da ação 
da acetilcolinesterase, que interage com o 
grupamento éster. Assim, o tempo de meia-vida é 
mais adequado para a utilização terapêutica, 
atingindo concentrações farmacologicamente ativas 
na corrente sanguínea. Contudo, ainda tem baixa 
biodisponibilidade devido à presença do nitrogênio 
quaternário. 
3. Betanecol: metila no carbono beta – menor 
afinidade pelos receptores nicotínicos; e 
grupamento carbamato – diminui a hidrólise ácida 
e a velocidade de hidrólise pela acetilcolinesterase, 
mas ainda ocorre pela presença do nitrogênio 
quaternário. 
4. Pilocarpina: alcaloide de origem natural. Agonista 
muscarínico não seletivo, não hidrolisada pela 
acetilcolinesterase pela ausência do grupamento 
éster, mas a presença da lactona. Maior 
biodisponibilidade por via oral pela ausência do 
nitrogênio quaternário. A ligação com o sítio ativo 
do receptor muscarínico se dá pela ligação do seu 
anel imidazólico, que é uma base fraca que, em pH 
fisiológico, ioniza-se. 
 
Usos Clínicos dos Agonistas Muscarínicos 
→ Tratamento da hipotonia do trato gastrointestinal 
ou urinário, que é uma redução do tônus da 
musculatura lisa – Betanecol: liga-se receptores M3 
e aumenta o tônus muscular – contração. 
→ Xerostomia (Síndrome de Sjögren – destruição 
autoimune das glândulas salivares), que é a boca 
seca, ou seja, redução brusca da produção de saliva 
– Pilocarpina e Cevimelina: a cevimelina tem 
seletividade por receptores M3, que estão presentes 
nas glândulas salivares. Estimulam a produção de 
saliva. 
→ Glaucoma de ângulo aberto, que é um aumento da 
pressão intraocular, mas o canal de Schlemm está 
desobstruído – Pilocarpina e Carbacol: facilitam a 
drenagem do humor aquoso através do canal de 
Schlemm. Uso hospitalar. 
→ Glaucoma de ângulo fechado, obstrução do canal de 
Schlemm, sendo uma emergência médica – 
Pilocarpina: usado na preparação pré-cirúrgica de 
desobstrução do canal de Schlemm. Assim, quando 
desobstruído, já haverá facilitação para drenagem 
do humor aquoso. Uso ambulatorial. 
Reações Adversas dos Agonistas Muscarínicos 
→ Ativação de úlcera péptica: receptores 
muscarínicos em células glandulares aumentam a 
produção de secreções, incluindo ácido gástrico, 
provocando ulceras. 
→ Cólica abdominal: devido ao aumento do tônus da 
musculatura lisa, que inclui o aumento do 
peristaltismo. 
→ Hipotensão: a queda da pressão arterial ocorre pela 
vasodilatação, a partir da ativação dos receptores 
M3 do endotélio vascular. 
→ Broncoespasmo: aumento do tônus da musculatura 
lisa brônquica. 
Contraindicações dos Agonistas Muscarínicos 
→ Obstrução do trato intestinal ou urinário 
→ Úlcera péptica, bradicardia 
→ Arritmia cardíaca, asma. 
Agentes Colinérgicos Indiretos 
São agentes (fármacos) que mimetizam os efeitos da 
acetilcolina pela ativação do Sistema Nervoso 
Parassimpático. Estes NÃO se ligam diretamente aos 
receptores colinérgicos, agindo de forma indireta, 
aumentando a concentração de acetilcolina, pela 
inibição da sua degradação. São inibidores da 
acetilcolinesterase. 
Sítio Catalítico da Acetilcolinesterase 
> Acetilcolinesterase: proteína globular. 
> o sítio catalítico da acetilcolinesterase interage apenas 
com moléculas pequenas, como a acetilcolina. 
Isso porque, para que a acetilcolina chegue ao sítio 
catalítico dessa enzima, é necessário que ela primeiro 
passe por uma “garganta” estreita dela. No sitio 
catalítico, ocorre a hidrólise da acetilcolina, gerando 
colina e acetato. Essa hidrolise é catalisada pela tríade 
catalítica, formada por um conjunto de aminoácidos da 
enzima – serina, histidina e glutamato. 
A serina tem em sua cadeia lateral, uma hidroxila 
alcoólica que atua como nucleófilo para catalisar a 
hidrolise da acetilcolina. 
 
> Inibidores competitivos: se ligam à tríade catalítica. 
> Inibidores com mecanismo de inibição mista: se ligam 
à garganta inicial da enzima, sem interagir com o sítio 
catalítico. 
Hidrólise da Acetilcolina no Sítio Catalítico da 
Acetilcolinesterase 
→ Atuação normal da Acetilcolinesterase: 
A hidroxila alcoólica da serina, presente na tríade 
catalítica, vai atuar como nucleófilo, onde seu par de 
elétrons livres vai atacar o carbono da carbonila, 
provocando uma hidrólise e consequente saída do grupo 
abandonador, a colina. Assim, a enzima fica acetilada – 
apenas por alguns segundos. O acetato está ligado 
covalentemente à enzima. Para sua saída, uma molécula 
de água vai atuar como nucleófilo. Esta vai atacar o 
carbono eletrofílico, provocando uma hidrólise rápida 
(segundos) e liberação do acetato. Assim, ocorre a 
restauração da acetilcolinesterase. 
 
→ Inibição Reversível da Acetilcolinesterase: 
Os inibidores reversíveis fazem parte do grupo dos 
Arilcarbamatos, já que são compostos por um 
grupamento carbamato e não por um éster. O potencial 
eletrofílico do carbamato é pior do que o grupamento 
éster. Isso porque, ressonância do par de elétrons do 
nitrogênio com o átomo de carbono blinda este átomo e 
o protege contra o ataque nucleofílico. Apesar disso, a 
serina é um ótimo nucleófilo, com alta densidade 
eletrônica, por isso é capaz de atacar o carbono do 
carbamato, provocando uma hidrólise. Parte do fármaco 
é liberado e a enzima fica carbamilada. A molécula de 
água não é capaz de retirar o carbamato com tanta 
rapidez como tirou o éster. Por isso, a hidrólise da 
acetilcolina é lenta (minutos), e seu tempo de meia-vida 
é aumentado, garantindo um efeito farmacológico. 
 
> Arilcarbamatos: formados por um grupamento 
carbamato (reversibilidade); um nitrogênio quaternário 
ou um nitrogênio básico, o que confere alta afinidade à 
acetilcolinesterase; e um grupamento arila, que facilita a 
entrada pela garganta da enzima, para que cheguem à 
tríade catalítica. 
 
Os carbamatos terciários têm maior impedimento 
estérico, o que dificultaa reação de hidrólise pela água e 
permite com que o inibidor fique mais tempo ligado ao 
sitio ativo da enzima. 
O nitrogênio quaternário confere menor 
biodisponibilidade por via oral, já que não ultrapassam a 
membrana celular por difusão passiva. 
A Rivastigmina tem a maior afinidade pela 
acetilcolinesterase; boa biodisponibilidade devido à 
presença da amina terciária e não nitrogênio quaternário; 
presença de um grupamento carbamato que confere 
maior impedimento estérico à molécula. Assim, este é o 
fármaco mais utilizado, podendo ser utilizado menos 
vezes ao dia do que os outros inibidores. 
> Galantamina e Donepezila: não são substratos da 
acetilcolinesterase, apenas se ligam a porção inicial da 
enzima, impedindo a ligação da acetilcolina. São fármacos 
de ação central, usados pro tratamento de Alzheimer. 
→ Inibição Irreversível da Acetilcolinesterase: 
Os inibidores irreversíveis são ésteres do ácido fosfórico, 
cujo eletrófilo é o átomo de fósforo e não o carbono. Este 
faz ressonância com 3 átomos de oxigênio. O grupo 
abandonador é o átomo de flúor (halogênio). 
A serina interage com o fósforo e libera o halogênio, 
fincando a enzima fosforilada. A densidade eletrônica 
sobre o fosfato é muito grande, por isso, para que a água 
seja capaz de tirar esse fosfato, levará horas a dias, ou 
seja, ocorre uma hidrólise muito lenta. Isso caracteriza 
uma intoxicação colinérgica – 
substâncias TÓXICAS. Não tem 
atividade clínica. 
 
Os inibidores irreversíveis fazem parte do grupo dos 
Organofosforados. São utilizados como inseticidas e 
gases bélicos. Estes são ésteres ou tioésteres do ácido 
fosfórico, que são moléculas muito lipofílicas. Por isso, 
são facilmente absorvidos pela pele, podendo causar 
intoxicações. Os seus efeitos são devido à inibição 
irreversível da acetilcolinesterase nas sinapses nervosas. 
Intoxicação de Organofosforados 
> Efeitos muscarínicos: salivação, broncoconstrição, 
aumento das secreções e bradicardia. 
> Efeitos nicotínicos (concentrações moderadas do 
intoxicante): taquicardia e fasciculação muscular 
(contração muscular pequena, local, momentânea e 
involuntária). 
> Tratamento Farmacológico: 
→ Antagonista muscarínico: atropina, vai controlar 
as ações muscarínicas. 
→ Regenerador da Aceticolinesterase: pralidoxima. 
Este fármaco tem em sua estrutura um potente 
nucleófilo que pode entrar no sítio catalítico da 
acetilcolinesterase fazendo o papel da água, sendo 
capaz de retirar o organofosforado do sitio para 
regenerar a enzima. 
→ Anticonvulsivante: diazepam 
Envelhecimento do Organofosforado 
O éster fosfórico sofre um envelhecimento no sítio 
catalítico da acetilcolinesterase. 
A molécula de água tenta hidrolisar o éster fosfórico para 
a regeneração da enzima. Contudo, nesse derivado do 
ácido fosfórico, há 3 grupamentos de éster. Isso indica 
que é possível que a enzima seja o grupo abandonador ou 
o éster presente na molécula. Assim, se o grupo éster for 
o grupo abandonador, o fosfato continua ligado 
covalentemente ao sítio ativo da enzima, mas agora 
carregado negativamente. Essa carga realiza ressonância 
na molécula, blindando ainda mais o átomo de fósforo e 
impedindo a hidrólise pela água. Se outro éster 
abandonar a molécula, haverá mais uma carga negativa, 
e assim suscetivelmente, até que seja impossível que a 
pralidoxima regenere a acetilcolinesterase. 
Usos Clínicos dos Inibidores da Acetilcolinesterase 
→ Glaucoma de ângulo aberto – fisostigmina, 
neostigmina: aumenta a drenagem do humor 
aquoso. 
→ Glaucoma de ângulo fechado - fisostigmina 
→ Hipotonia do trato gastrointestinal ou 
genitourinário – neostigmina: uso pré-cirúrgico. 
→ Tratamento e diagnóstico da Miastenia gravis 
(doença autoimune que ataca os músculos 
esqueléticos – receptores nicotínicos) – 
piridostigmina, neostigmina: inibem a degradação 
da acetilcolina na junção neuromuscular, onde há 
maior quantidade de acetilcolinesterase. Assim, vão 
aumentar o tempo de sobrevivência da acetilcolina 
nessa região, podendo ativar mais os receptores 
nicotínicos e reestabelecer a função motora no 
paciente. Tratamento paliativo – não cura, mas 
estabelece a função motora por um tempo. 
→ Reversão do efeito de bloqueadores musculares não 
despolarizantes (são antagonistas dos receptores 
nicotínicos musculares, utilizados para a realização 
de procedimentos cirúrgicos – paralisante muscular) 
– neostigmina: promove o retorno da 
movimentação muscular voluntária, aumentando o 
tempo de acetilcolina no local. 
→ Intoxicação por antimuscarínicos - fisostigmina 
→ Doença de Alzheimer – rivastigmina, galantamina, 
donepezila 
Reações Adversas dos Inibidores da 
Acetilcolinesterase 
→ Salivação excessiva, devido à estimulação dos 
receptores M3 nas glândulas salivares, já que a 
acetilcolina será pouco degradada. 
→ Ativação de úlcera gástrica 
→ Cólica abdominal 
→ Bradicardia e hipotensão (doses baixas) – devido 
aos efeitos muscarínicos. 
→ Bradicardia e hipertensão (doses moderadas) – 
devido aos efeitos nicotínicos. 
→ Broncoespasmo 
→ Não há vasodilatação, porque não há inervação 
vagal nos seios vasculares, então não há liberação 
de acetilcolina nessa região. 
Contraindicações dos Inibidores da 
Acetilcolinesterase 
→ Obstrução do trato gastrointestinal ou urinário 
→ Úlcera péptica 
→ Bradicardia 
→ Arritmia cardíaca 
→ Asma 
→ Arritmia cardíaca, asma. 
Antagonistas Muscarínicos 
> Os antagonistas bloqueiam os receptores 
muscarínicos, induzindo o efeito inverso da acetilcolina. 
Isso é devido, principalmente, ao tamanho grande dessas 
moléculas. 
> Exemplos de Antagonistas Naturais: 
→ Atropina: alcaloide da Atropa beladona. Protótipo 
dos antagonistas muscarínicos. Mistura racêmica 
da hiosciamina. 
→ Escopolamina: alcaloide da Datura stramonium. 
Estereoisômero puro da hioscina. 
 
> Antagonistas muscarínicos: são antagonistas 
competitivos, reversíveis, a maioria não seletivo para os 
receptores muscarínicos, mas não se ligam aos 
nicotínicos. Não há necessidade de restrição de tamanho 
dos fármacos, já que não precisam mudar a conformação 
e ativar o receptor. 
* Falta de seletividade: ocorre pela conservação do sítio 
de ligação da acetilcolina entre os diferentes receptores. 
Assim, as moléculas não são capazes de diferenciar esses 
sítios. 
 
> Semelhança da Atropina e 
Acetilcolina: 
 
 
 
Efeitos Antimuscarínicos 
→ Diminuição das secreções (ex.: salivar, brônquica, 
sudorese, secreção gástrica – tratamento da úlcera 
gástrica) 
→ Midríase: dilatação da pupila 
→ Broncodilatação (especialmente em pacientes 
asmáticos) 
→ Relaxamento musculatura intestinal, trato biliar, 
trato urinário 
→ Taquicardia: aumento da frequência cardíaca. 
Bloqueio de receptores M2 no nodo sinoatrial. 
→ SNC: sedação, amnésia 
Atropina: Relação Ocupação X Efeito 
 
Em doses muito baixas de atropina, esse antagonista não 
altera a frequência cardíaca. Com o aumento da sua 
concentração, em uma dose farmacologicamente ativa, 
mas ainda baixa, a atropina ainda não ganhou a 
competição com a acetilcolina e por isso observa-se o 
efeito inicial de bradicardia (baixa frequência cardíaca) – 
efeito paradoxal. 
No nodo sinoatrial, os receptores muscarínicos M2 estão 
presentes nas células de marcapasso e nos neurônios 
colinérgicos. Os receptores M2, por serem auto-
receptores, medeiam um feedback negativo. Assim, 
quando há grande quantidade de acetilcolina sendo 
sintetizada e os receptores muscarínicos do órgão alvo 
estão começando a ser ocupados pela atropina, esse 
neurotransmissor se liga ao receptor colinérgico presente 
no neurônio pós-sináptico e sinaliza a parada da sua 
síntese. 
Em baixas concentrações, a atropina bloqueia 
receptores pré-sinápticos presentes no neurônio pré-
sináptico. Assim, não há mais feedback negativo. Isso faz 
com que esse neurônio continue produzindo e liberando 
acetilcolina na fenda sináptica, aumentando a acetilcolina 
transitória que vai se ligar aos receptorespós-sinápticos, 
provocando a bradicardia. 
 
Apesar de ambos serem do tipo M2, esses receptores 
estão presentes em maior quantidade no neurônio pré-
sináptico e, por isso, a atropina se liga primeiro neste – 
maior probabilidade. Além disso, uma menor ocupação 
dos receptores pré-sinápticos é mais suficiente para 
ativá-los do que dos receptores pós-sinápticos. 
Conforme ocorre aumento gradativo da dose de atropina, 
este antagonista consegue ganhar a competição com a 
acetilcolina e passa a interagir e inibir os receptores 
muscarínicos. Em altas doses de atropina, a ocupação é 
quase de 100%, e o efeito observado é o de taquicardia. 
O conhecimento dessa dose é importante para o seu uso 
em emergência médica, a fim de se obter o efeito 
desejado com a aplicação da atropina. 
Sensibilidade Tecidual Diferenciada ao Bloqueio 
Muscarínico 
Os efeitos de antagonistas muscarínicos é diferente em 
tecidos distintos, ou seja, alguns tecidos são mais 
sensíveis ao efeito do bloqueio muscarínico que outros. 
Isso é importante para a escolha da dose que será 
aplicada no paciente. 
Numa dose baixa de atropina já há grande inibição da 
salivação, enquanto que a velocidade de micção não é 
afetada por essa mesma dose de atropina. A acomodação 
visual e a frequência cardíaca precisam de uma dose 
muito maior para serem inibidas pelo antagonista. Isso é 
devido ao número de mecanismos compensatórios para 
cada um dos efeitos muscarínicos. Por exemplo, a 
produção de saliva é mediada por dois estímulos: 
acetilcolina e noradrenalina. Assim, quando há bloqueio 
de um desses, os efeitos serão significativos. Já para o 
controle da frequência cardíaca, há o SN Simpático, SN 
Parassimpático, Sistema Renina-Angiotensina-
Aldosterona e 
Barorreflexo, ou seja, 
muitos sistemas podem 
controlar o efeito 
antagonista da atropina, 
fazendo com que a 
frequência cardíaca volte 
ao normal. Assim, é 
necessária uma dose 
muito maior para afetá-la. 
Contudo, quando se utiliza a atropina em altas doses para 
aumentar a frequência cardíaca, também ocorre a 
redução da salivação – que precisa de baixas doses para 
que isso ocorra. Esse, portanto, é um efeito adverso do 
uso da atropina. 
Uso Clínico de Antagonistas Muscarínicos 
→ Atropina: 
 Parada cárdio-respiratória: cardio-estimulante. 
 Braquicardia sinusal 
 Reversão do bloqueio AV (é quando o ventrículo para 
de bombear sangue, já que o impulso elétrico não 
passa mais do átrio para o ventrículo): o efeito da 
atropina é bloquear os receptores M2 no nodo 
atrioventricular, induzindo um efeito dromotrópico 
positivo. 
 Pré-anestésico: 
- Bloqueio de reflexos vagais, durante a cirurgia 
- Prevenção do aumento de secreção brônquica 
causada por anestésicos inalatórios 
 Intoxicação por organofosforados 
 Colírio midriático 
→ Escopolamina: 
 Colírio midriático (dilatação da pupila) 
 Cinetose (uso transdérmico em crianças) 
 Antiespasmódico 
Comercializada na forma de N-butilbrometo 
(Buscopan). O grupamento butila ligado ao nitrogênio 
básico, faz com que o nitrogênio passe a ser 
quaternário, estando sempre 
com uma carga positiva. Isso 
diminui a passagem da 
escopolamina pela BHE e, 
consequentemente, os 
efeitos colaterais. 
Antagonistas Sintéticos 
 
> Exemplos de Antagonistas Sintéticos: 
→ Ipratrópio: antagonista muscarínico 
broncodilatador em casos de asma e DPOC 
(Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Uso 
inalatório: solução/aerossol – 3x dia 
A inflamação crônica leva ao aumento do tônus 
colinérgico, tendo mais Ach sendo liberada nas 
vias aéreas, o que provoca maior bronco- 
constrição. Assim, um antagonista muscarínico 
atua bloqueando o efeito da acetilcolina e 
provocando bronco-dilatação. 
→ Tiotrópio: antagonista muscarínico 
broncodilatador em casos de asma e DPOC. Uso 
inalatório: pó – 1x dia. Este é mais lipofílico, por 
isso é difícil de formular como solução, mas tem 
efeito mais prolongado. Reação adversa: boca 
seca, pela atuação nas glândulas salivares. 
Ambos apresentam um nitrogênio quaternário na sua 
estrutura, fazendo com que a biodisponibilidade por via 
oral seja baixa. Por isso, ambos têm uso inalatório. Essa 
baixa disponibilidade faz com que pouco desse fármaco 
atinja a circulação sistêmica quando deglutido na inalação 
ou absorvido no alvéolo. Isso reduz reações adversas. 
 
Antimuscarínicos Usados no Tratamento da 
Bexiga Urinária Hiperativa 
 
→ Trospium e Oxibutinina forma os primeiros a 
serem desenvolvidos, por isso tem menor 
seletividade. 
→ Os outros tem mais seletividade pelos receptores 
M3 em detrimento do M2. Por isso são 
preferencialmente utilizados. 
A baixa seletividade por receptores M2 faz com 
que haja menor efeito cardíaco sobre os 
pacientes, principalmente os idosos, que 
geralmente tem hipertensão arterial. 
→ Tolterodina: tem maior seletividade tecidual 
pela musculatura lisa da bexiga, que responde à 
tolterodina em concentrações mais baixas dela. 
Antimuscarínicos Usados em Oftalmologia 
> Emprego: indução de midríase e cicloplegia em exames 
oftálmicos 
- Preferir uso de fármacos de curta duração de ação 
 
Ciclopentolato e Tropicamida têm menor duração de 
efeito. Usados para exames oftalmológicos. 
Antagonistas Muscarínicos de Ação Central 
> Emprego: 
→ Tratamento sintomático da doença de Parkinson 
(terapia de segunda linha) 
→ Utilizados como monoterapia ou em associação 
→ Moléculas mais lipofílicas 
→ Importantes reações adversas (ações periféricas) 
 
Contraindicações dos Antagonistas Muscarínicos 
→ Glaucoma – porque vão dificultar a drenagem do 
humor aquoso. 
→ Retenção urinária/constipação intestinal – 
porque vão agravar o caso, dificultando a micção 
e peristaltismo. 
→ Xerostomia 
→ Gravidez, lactação 
→ Atenção com idosos (memória recente) 
Intoxicação: “Dry as a bone, blind as a bat, red as a beet, 
mad as a hatter” 
Tratamento: medidas de suporte, resfriamento do corpo, 
fisostigmina (sn), benzodiazepínicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caroline Menezes 
Aula Farmacologia Neuroendócrina – Profa Gilda Neves 
UFRJ – Farmácia