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Apostila de Interpretação de texto (1)

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Em provas de concursos, os candidatos que não 
têm o hábito de ler ou que não compreendem um texto, 
não têm êxito nas outras matérias também. É bastante 
comum encontrar aqueles que não sabem ler os 
enunciados e não compreendem o que está sendo pedido 
que se faça. 
 
A compreensão e a interpretação dos textos 
devem ser a base dos estudos, tendo em vista que o 
desempenho da leitura interfere na aprendizagem de 
todas as outras matérias, além de promover a 
socialização e a cidadania do candidato-leitor. O bom 
leitor sabe selecionar o que deve ler e que efetivamente 
pode contribuir para sua compreensão sobre a 
complexidade do mundo atual. 
 
Interpretar é criar sentido, pois toda 
interpretação provoca a criação de “outro texto”. Cada 
leitor é um sujeito singular, que utiliza diferentes 
estratégias (sua experiência prévia, suas crenças, seus 
conflitos, suas expectativas e suas relações com o 
mundo) para dar sentido ao que lê, sem, no entanto, 
eliminar o sentido original do texto. Cabe, porém, 
ressaltar que é quase impossível determinar o grau de 
fidelidade de um leitor em relação ao texto original. 
 
O ato de interpretar possibilita a construção de 
novos conhecimentos a partir daqueles que existem 
previamente na memória do leitor. Esses conhecimentos 
são ativados e confrontados com as informações do 
texto, permitindo-lhe atribuir coerência àquilo que está 
lendo. 
 
Procedimentos para uma leitura eficaz: 
 
1. Leia todo o texto, com atenção, procurando 
entender o seu sentido geral. 
2. Identifique as ideias o texto (cada parágrafo 
contém uma ideia central e outras secundárias), 
estabelecendo as relações entre as partes. 
3. Procure compreender todos os vocábulos e 
expressões. Muitas vezes, o próprio texto já fornece o 
significado da palavra. Mas, na medida do possível, use o 
dicionário sempre que estiver lendo, pois com isso 
aumentará os seus conhecimentos e ampliará o seu 
vocabulário. Lembre-se de que é bastante frequente a 
cobrança do significado (tanto literal quanto contextual) 
das palavras nessas provas. 
4. Leia atentamente as instruções para a resolução 
das questões – analise com cuidado o que cada 
enunciado pede. Muitas vezes, o erro é proveniente do 
descuido (da pressa) na hora de ler as questões 
(principalmente se quando se subestima as informações 
dos comandos). 
 
Comandos para compreensão de textos 
 
Esses comandos baseiam-se em verbos que indicam 
ações visuais, ou seja, orientam o candidato às ideias 
explícitas. Por exemplo: 
Percebe-se que... Constata-se que... 
Observa-se que... O texto informa que... 
O narrador do texto diz que... 
Segundo o texto, é correto (incorreto) dizer que... 
 
Comandos para interpretação de textos 
 
Esses comandos baseiam-se verbos que indicam 
inferências, ou seja, orientam o candidato às ideias 
implícitas. Por exemplo: 
Depreende-se do texto que... 
Subentende-se das ideias e informações do texto que... 
A partir das ideias do texto, infere-se que... 
O texto permite deduzir que... 
Pode-se concluir do texto que... 
A intenção do narrador é... 
 
Comandos para medir conhecimentos gerais 
 
Esses comandos visam testar o conhecimento do 
candidato a respeito do assunto abordado no texto. 
Enfocando o assunto (tema, tese) abordado no texto... 
Considerando a amplitude do tema abordado no texto... 
Tendo o texto como referência inicial... 
 
Comandos para medir conhecimentos linguísticos 
Esses comandos visam testar o conhecimento gramatical 
do candidato e podem abordar assuntos de morfologia, 
de sintaxe, de semântica, de estilística, de coesão ou de 
coerência. 
Considerando as estruturas linguísticas do texto, ... 
Assinale a alternativa que apresenta erro gramatical. 
Aponte a construção que foge aos preceitos da norma 
culta. 
Com relação aos aspectos gramaticais do texto, ... 
Aponte a opção que preserva a manutenção do 
registro da norma culta da língua portuguesa. 
 
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
 
PRINCIPAIS TÓPICOS DE ESTUDOS 
 
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
COERÊNCIA E COESÃO 
SEMÂNTICA 
NÍVEIS DE LINGUAGEM 
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
FORMA E CONTEÚDOS OS TEXTOS 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
FIGURAS DE LINGUAGEM 
VÍCIOS DE LINGUAGEM 
TIPOLOGIA TEXTUAL 
GÊNEROS TEXTUAIS 
INTERTEXTUALIDADE 
EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS 
PROCESSOS DE COESÃO TEXTUAL 
TIPOS DE PARALELISMO 
 
 
 
 
 
 
01 
02 
02 
03 
04 
05 
05 
05 
08 
09 
15 
17 
17 
18 
20 
 
2
 
 
 
 
 Professor Dalvani Língua Portuguesa 
profguri@gmail.com facebook.com/guriDzimmermann www.profguri.blogspot.com.br
 2 
 
Erros frequentes na leitura de textos 
 
1. Extrapolação – consiste em acrescentar 
informações ausentes no texto original ou mesmo aplicá-
lo em outros contextos. 
2. Redução – ocorre quando o leitor diminui as 
informações ou a intensidade do texto. 
3. Inversão – acontece quando o leitor perde 
passagens do desenvolvimento do texto ou altera a 
orientação de seu sentido (fato que pode levá-lo a 
conclusões opostas às expressas pelo autor). 
 
 
 
 
 
Coerência e coesão textuais são dois conceitos 
importantes para uma melhor compreensão do texto e 
para a melhor escrita de trabalhos de redação de 
qualquer área. 
 
A coerência diz respeito à ordenação das ideias e dos 
argumentos, ou seja, aborda a relação lógica entre 
ideias, situações ou acontecimentos, apoiando-se, por 
vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical 
ou lexical, e no conhecimento compartilhado entre os 
usuários da língua. Pode-se dizer que o conceito de 
coerência está ligado ao conteúdo, no sentido constituído 
pelo leitor. A coerência depende da coesão. Um texto 
com problemas de coesão terá, provavelmente, 
problemas de coerência. 
 
A coesão trata basicamente das articulações gramaticais 
existentes entre as palavras, as orações e frases para 
garantir uma boa sequenciação de eventos, ou seja, é a 
correta ligação entre os elementos de um texto, que 
ocorre no interior das frases, entre as próprias frases e 
entre os vários parágrafos. Pode-se dizer que um texto é 
coeso quando elementos coesivos (conjunções, 
preposições, advérbios e pronomes) são empregados 
corretamente. 
 
 
 
 
 
A semântica é o estudo da significação das 
palavras e das mudanças de sentido ocasionadas pelo 
contexto. 
O sentido original é a sua própria significação 
etimológica, mas este também sofre constantes 
alterações no decorrer do tempo, devido à sua expansão 
ou generalização. Por exemplo, carrasco era o nome do 
algoz Belchior Nunes Carrasco e generalizou-se para 
todos os algozes. Anfitrião era personagem de uma 
comédia de Plauto e se expandiu a todos aqueles que à 
sua casa reúnem convidados e amigos. 
A palavra (signo linguístico) é uma combinação de 
conceito (idéia) e palavra (escrita ou falada), que são: 
Significante: é o elemento concreto, material, 
perceptível: os sons (fonemas) ou as letras. 
Significado: é o elemento inteligível (o conceito) 
ou a imagem mental. As palavras possuem significados 
que podem ser: 
Literal (denotativo, real): é o sentido convencional, 
que não permite mais de uma interpretação, igual para 
todos os falantes da língua.Aparece na linguagem 
científica, informativa ou técnica. 
Contextual (conotativo, figurado): é o sentido 
diferente do convencional e que raramente se encontra 
no dicionário. Só é possível descobri-lo quando se 
observa o contexto em que aparecem. É apropriado à 
linguagem artística ou literária, cujas palavras mais 
sugerem do que informam. 
Campo lexical é o emprego de famílias de 
palavras – ou de palavras cognatas (aquelas que 
descendem de um mesmo radical, de uma mesma raiz). 
Cognação quer dizer parentesco. Por exemplo, do latim 
Stella derivam estrela, estelar, estrelar, estrelado. 
Veja também: 
Campo lexical de terra: aterrar, terremoto, 
desenterrar, aterrissar, desterro, terraplanagem, 
térreo, terrestre, território, terráqueo, terracota, etc. 
Campo lexical de luz: aluno, iluminar, 
luminosidade, ilustre, ilustrado, iluminado, etc. 
Campo semântico é o emprego de palavras 
que pertencem ao mesmo universo de significação, 
formando “famílias ideológicas”. Tais palavras se 
associam por meio de uma espécie de imantação 
semântica, ou seja, embora não sejam sinônimas, 
remetem um às outras em determinado contexto. Elas se 
dividem em: 
Hiperônimos: palavras que possuem um sentido 
mais genérico. Exemplos: Economia, Direito, futebol, 
componentes automotivos, disciplinas escolares, 
pássaros, etc. 
Hipônimos: palavras que possuem caráter mais 
específico. Observe os exemplos: 
Hipônimos de Economia: deflação, déficit, 
superávit, juros, câmbio, balança, etc. 
Hipônimos de Direito: mandado, arrolamento, 
alçada, ementa, agravo, etc. 
Hipônimos de Futebol: gol, pênalti, escanteio, etc. 
 
OBS: A relação entre hipônimos e hiperônimos não 
é absoluta, pois um mesmo termo pode exercer as duas 
funções, dependendo do contexto: Vertebrado é um 
hipônimo de animal, mas é um hiperônimo de mamífero. 
Mamífero é um hipônimo de animal e de vertebrado, 
mas é um hiperônimo de roedor, de ruminante, etc. 
 
 
Relações semânticas entre as palavras 
 
SINONÍMIA: ocorre quando palavras podem ser 
substituías umas pelas outras, sem prejudicar a 
compreensão das ideias do texto. 
Por exemplo, em uma prova de concurso, a banca 
fez a seguinte assertiva: “pode-se substituir o vocábulo 
hemisférica por ”minuciosa” sem que isso altere as 
relações de sentido do texto.” A princípio, parece ser 
impossível estabelecer uma relação de sinonímia entre 
tais vocábulos, mas o texto trazia o seguinte conteúdo: 
“Eu me considero um consumidor tão educado que nunca 
compra nada sem antes fazer uma tomada hemisférica 
de preços”. Neste caso, o vocábulo minuciosa não 
somente substitui hemisférica como também é o mais 
adequado. 
 
COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAIS 
 
SEMÂNTICA 
 Professor Dalvani Língua Portuguesa 1 
 
 
 
 Professor Dalvani Língua Portuguesa 1 
 
 
 Professor Dalvani Língua Portuguesa 
 
 profguri@gmail.com facebook.com/guriDzimmermann www.profguri.blogspot.com.br
 3 
 
Veja outros exemplos: 
rival/adversário/ antagonista cara/rosto 
cloreto de sódio/sal unhas/garras 
aguardar/esperar pessoa/indivíduo 
íntegro/probo/correto/justo/honesto 
 
ANTONÍMIA: ocorre quando duas ou mais 
palavras se opõem quanto ao significado dentro do texto. 
Veja: 
feliz/infeliz bem/mal 
rico/pobre amor/ódio 
euforia/melancolia sagrado/profano 
claro/escuro 
 
PARONÍMIA: ocorre quando palavras ou 
expressões possuem grafia e pronúncia parecidas, com 
sentidos diferentes. Observe os exemplos: 
Ir ao encontro de = estar de acordo. 
Ir de encontro a = chocar-se, opor-se. 
 
Na medida em que (Loc. Causal) = tendo em vista que. 
À medida que (Loc. Proporcional) = à proporção que. 
 
Infração = violação da lei. 
Inflação = desvalorização da moeda. 
 
Cível = relativo ao direito civil. 
Civil = relativo ao cidadão. 
 
HOMONÍMIA: ocorre com palavras que possuem 
grafia ou pronúncia igual, por casa de sua origem, mas 
que têm sentidos distintos. As palavras homônimas 
podem ser: 
Homógrafas (heterófonas): possuem mesma 
grafia e pronuncia diferente, com sentidos também 
diferentes. 
Sede (ê) = vontade de beber. 
Sede (é) = administração de empresa / casa de fazenda. 
Almoço (ô) = substantivo. 
Almoço (ó) = verbo. 
Colher (ê) = verbo. 
Colher (é) = substantivo 
Homófonas (heterógrafas): possuem mesma 
pronúncia e grafia diferente, com sentidos também 
diferentes. 
Acender = atear fogo. 
Ascender = subir, elevar-se. 
Coser = costurar 
Cozer = cozinhar 
Cessão = doação (verbo doar). 
Seção = repartição / departamento, divisão. 
Sessão = duração de um evento. 
 
Perfeitas: Possuem mesma grafia e mesma 
pronúncia, com sentidos diferentes. 
OBS: As homônimas perfeitas são também 
chamadas de palavras polissêmicas, polifônicas, 
plurívocas ou, ainda, plurissignificativas. 
Real: verdadeiro / relativo à realeza / moeda brasileira 
Sentença: condenação / frase 
Mente: intelecto / verbo / sufixo 
 
FORMAS VARIANTES: palavras que, embora 
tenham um mesmo sentido, admitem grafia e pronúncia 
diferentes. Exemplos: 
cota/quota catorze/quatorze 
cociente/quociente traslado/translado 
aspecto/aspecto assoviar/assobiar 
percentual/porcentual necrópsia/necropsia 
céptico/cético projétil/projetil 
malformação/má-formação conectivos/conetivos 
caráter/carácter/caractere (só um plural: caracteres) 
aterrissar/aterrizar 
 
POLISSEMIA: consiste no fato de uma mesma 
palavra possuir significados diferentes, que se explicam 
pelo contexto. Veja exemplos: 
Passar uma mão de tinta no portão = uma demão; 
Dar uma mão = ajudar; 
Passar a mão no dinheiro do outro= roubar; 
Abrir mão de= prescindir, dispensar; 
Lançar mão de = utilizar; 
Abrir a mão = gastar; 
Pegar a mão errada da via = sentindo, direção. 
 
Obs.: O antônimo de polissemia é monossemia 
(quando uma palavra apresenta apenas um sentindo). 
 
AMBIGUIDADE ou ANFIBOLOGIA: Consiste no 
fato de uma frase admitir mais de uma interpretação. É 
um recurso linguístico muito utilizado em textos literários 
e publicitários. Observe os exemplos: 
 Anúncio em bancas de revistas: “Aprenda a 
fazer uma galinha no ponto!”. O anuncio dá a ideia de 
que querem vender livros de receitas, mas, na verdade, 
o que será vendido é uma revista de ponto-cruz. Ou seja, 
aprenda a fazer uma galinha no ponto–cruz, para 
bordar em panos de pratos. 
 Interpretação do sétimo mandamento, segundo 
Bastos Tigres: “Não furtarás – prega o Decálogo; e 
cada homem deixa para amanhã a observância do sétimo 
mandamento”. A graça vem do fato de que pelo fato de 
se utilizar o verbo no tempo futuro, as pessoas estão 
sempre prorrogando o prazo para começar a respeitar o 
mandamento. 
Não se esqueça de que a ambiguidade se 
transforma em um vício de linguagem quando 
comprometem a clareza do enunciado: 
 Vende-se leite de cabra em pó/ Vende-se leite 
em pó de cabra. 
 O deputado disse que sempre lutou contra a 
corrupção e a ética na política. 
 
 
 
 
 
 
 
A linguagem é qualquer conjunto de sinais que nos 
permite realizar atos de comunicação. Dependendo dos 
sinais escolhidos, teremos uma comunicação verbal, 
visual, auditiva, etc. Damos o nome de fala à utilização 
que cada membro da comunidade faz da língua, tanto na 
forma oral quanto na escrita. A forma oral se caracteriza 
por maior espontaneidade do que a forma escrita. 
Em decorrência do caráter individual da língua, 
podemos destacar algumas modalidades: 
 
NÍVEIS DE LINGUAGEMProfessor Dalvani Língua Portuguesa 
 
 profguri@gmail.com facebook.com/guriDzimmermann www.profguri.blogspot.com.br
 4 
 
 NORMA CULTA: é a modalidade de linguagem 
utilizada em situações formais, principalmente na escrita 
– mais planejada e bem elaborada. Caracteriza-se pela 
correção da linguagem em diversos aspectos: um 
cuidado maior com o vocabulário, obediência às regras 
estabelecidas pela gramática, organização rigorosa das 
orações e dos períodos etc. Confira no texto abaixo: 
 “(...) O mais forte e apreciável motivo para um estudo 
dos assuntos humanos é a curiosidade. Esse é um dos traços 
distintivos da natureza humana. Ao que parece, nenhum ser 
humano é dele totalmente destituído, apesar de seu grau de 
intensidade variar enormemente de indivíduo para indivíduo. No 
campo dos assuntos humanos, a curiosidade nos leva a buscar 
uma óptica panorâmica, através da qual se possa chegar a uma 
visão da realidade, tão inteligível quanto possível para a mente 
humana.” 
TOYNBEE, Arnold. Um estudo da história. Brasília: EdUnB. 1987. p. 
47. (com adaptações). 
 
 
 LINGUAGEM COLOQUIAL: usada em situações 
informais ou familiares. Caracteriza-se pela 
espontaneidade, já que não existe uma preocupação com 
as normas estabelecidas (aceita o uso de gírias e de 
palavras dicionarizadas). Embora seja uma linguagem 
informal, não é necessariamente inculta, pois a 
desobediência a certas normas gramaticais se deve à 
liberdade de expressão e à sensibilidade estilística do 
falante. É facilmente encontrada na correspondência 
pessoal (MSN, e-mail etc.), na literatura, história em 
quadrinhos, nos jornais e revistas. Veja o exemplo: 
Sei lá! Acho que tudo vai ficar legal. Pra que então ficar 
esquentando tanto? Me parece que as coisas no fim sempre dão 
certo. 
 
 
 LINGUAGEM TÉCNICA (profissional): é a 
modalidade utilizada por alguns profissionais (policiais, 
vendedores, advogados, economistas, etc.) no exercício 
de suas atividades. Exemplo: 
“Vamos direto ao assunto: interface gráfica ou não, 
muitas vezes, é preciso trabalhar com o prompt do DOS, sendo 
aborrecedor esforçar-se na redigitação de subdiretórios longos 
ou comando mal digitados”. Revista PC World, ago/2007. p. 98 
OBS: Não se deve confundir vocabulário técnico 
com jargão (modalidade coloquial). 
 
 
 LITERÁRIA (artística): é utilizada com finalidade 
expressiva, como a que é feita pelos artistas da palavra 
(poetas e romancistas, por exemplo). Observe: 
“O céu jogava tinas de água sobre o noturno que 
devolvia a São Paulo. O comboio brecou, lento, para as ruas 
molhadas, furou a gare suntuosa e me jogou nos óculos 
menineiros de um grupo negro. 
“Sentaram-me num automóvel de pêsames”. ANDRADE, 
Oswald de. Memórias Sentimentais de João Miramar. 
 
 
 
 
 
 
 
São as variações que uma língua apresenta, de 
acordo com as condições sociais, culturais, regionais e 
históricas em que é utilizada. A língua é um organismo 
vivo, que se modifica no tempo, a todo instante. Os tipos 
de variações mais cobrados em provas são: 
 
 EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS: vocábulos 
incorporados ao nosso idioma em sua forma original ou 
aportuguesados. No português usado hoje no Brasil, 
existe influência de várias línguas: do contato com o 
índio, incorporamos palavras como cipó, mandioca, 
peroba, carioca, etc.; a partir do processo de escravidão 
no Brasil, incorporamos inúmeros vocábulos de línguas 
africanas, tais como quiabo, macumba, samba, vatapá e 
muitos outros. 
Podemos encontrar também, no português atual, 
palavras provenientes de línguas estrangeiras modernas, 
principalmente do inglês. Veja alguns exemplos: do 
italiano (maestro, pizza, tchau, espaguete); do francês 
(abajur, toalete, champanhe); do inglês (recorde, 
sanduíche, futebol, bife, gol, clube, e muitos outros 
mais). 
 
 
 NEOLOGISMOS: São palavras novas, que vão 
sendo logo absorvidas pelos falantes no seu processo 
diário de comunicação. Umas, surgem para expressar 
conceitos igualmente novos; outras, para substituir 
aquelas que deixam e ser utilizada. Os neologismos 
podem ser criados a partir da própria língua do país 
(cegonheiro, por exemplo), ou a partir de palavras 
estrangeiras (deletar, escanear, etc.). 
 
 
 RECRIAÇÕES SEMÂNTICAS: Existem, também, 
aquelas palavras que adquirem novos sentidos ao longo 
do tempo. Por exemplo: cegonha (carreta que transporta 
automóvel, desde as montadoras até as 
concessionárias), laranja (testa de ferro, pessoa que 
empresta o nome para a realização de negócios ilícitos). 
 
 
 GÍRIAS: São palavras características da 
linguagem de um grupo social (os jovens), que, por sua 
expressividade, acabam sendo incorporadas á linguagem 
coloquial de outras camadas sociais. São exemplos de 
gírias: véi (velho), mano, bro (brother), Maneiro! 
Radical! 
 OBS: como as gírias também evoluem (elas 
surgem e desaparecem com o passar do tempo) pode ser 
que os exemplos dados já tenham caído em desuso! 
 
 
 JARGÕES: São os vocábulos característicos da 
linguagem utilizada por alguns grupos profissionais 
(médicos, policiais, vendedores, professores, etc.) e que, 
por sua expressividade, acabam sendo incorporadas à 
linguagem de outras camadas sociais. Exemplos: 
positivo, bico fino, X9 (policiais); caroço (vendedores) e 
outros. 
 
 
 REGIONALISMOS: São as variações originadas 
das diferenças de região ou de território. Veja o exemplo 
de uma variedade regional, também conhecida como 
“fala caipira”, própria do interior de alguns estados 
brasileiros: 
 
“Cheguei na bera do porto onde as onda se espaia. 
As garça dá meia vorta, senta na bera da praia. 
“E o cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia.” 
(Milton Nascimento) 
 
 
 
 
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
 
 Professor Dalvani Língua Portuguesa 
 
 profguri@gmail.com facebook.com/guriDzimmermann www.profguri.blogspot.com.br
 5 
 
 
 
 
 
Existem duas maneiras de se classificar os textos, 
quanto ao conteúdo e à forma: 
 POESIA é um gênero textual que se caracteriza 
pela escrita em versos (o verso é ordenador 
rítmico e melódico do poema), que pode 
apresentar rima e métrica e uma elaboração 
muito particular da linguagem. A poesia em geral 
reflete o momento, o impacto dos fatos sobre o 
homem e a criação de imagens que reflitam esse 
impacto. 
Leia: 
Eu canto porque o instante existe 
E a minha vida está completa. 
Não sou alegre nem sou triste 
Sou poeta. 
(...) 
Sei que canto. E a canção é tudo. 
Tem sangue eterno a asa ritmada. 
E um dia sei que estarei mudo: 
- mais nada. 
 Cecília Meireles - Motivo 
 
 PROSA é um discurso que reproduz a maneira 
natural de falar, sem métrica nem rima. As linhas 
ocupam quase toda a extensão horizontal da 
página, demarcada, fisicamente, pelo parágrafo – 
pequeno afastamento em relação à margem 
esquerda da folha. O parágrafo é o ordenador 
lógico da prosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 O modo como a linguagem se organiza está 
diretamente ligado à função que se deseja dar a ela, isto 
é, à intenção do autor. Para os seis componentes da 
comunicação, seis são as suas funções: 
Emissor: aquele que transmite a mensagem. 
Receptor: aquele com quem o emissor se comunica. 
Mensagem: aquilo que se transmiteao receptor. 
Referente: assunto da mensagem. 
Código: convenção social que permite ao receptor 
compreender a mensagem. 
Canal: meio físico que conduz a mensagem ao receptor. 
 
EMOTIVA (EXPRESSIVA) 
Está centrada na expressão dos sentimentos, 
emoções e opiniões do emissor. Reforça o aspecto 
subjetivo, pessoal da mensagem. É comum nesse tipo de 
função a presença de interjeições, reticências, pontos de 
exclamação e, ainda, de verbos na 1° pessoa. O narrador 
apresenta opiniões com as quais outras pessoas podem 
ou não concordar. Textos líricos são exemplos dessa 
função, já que expressam o estado de alma do emissor. 
 
CONATIVA (APELATIVA) 
Ocorre quando o receptor é posto em destaque e é 
estimulado pela mensagem. Há um autor querendo 
influenciar o receptor. É comum nesse tipo de texto o 
emprego do modo imperativo dos verbos e de vocativos. 
 
REFERENCIAL (INFORMATIVA) 
Ocorre quando o referente é posto em destaque e 
a intenção principal do emissor é informar. Os textos 
cuja função é referencial possuem linguagem clara, 
direta e precisa, procurando traduzir a realidade de 
forma objetiva. Alguns textos jornalísticos, os científicos 
e os didáticos são o melhor exemplo disso. 
 
POÉTICA 
Podemos encontrá-la nos casos em que o emissor 
enfatiza a construção, a elaboração da mensagem por 
meio da escolha de palavras que realcem a sonoridade, 
pelo uso de expressões imprecisas (legal, hiper, é isso 
aí). O texto não é objetivo, traz uma fala cheia de 
rodeios, transmite pouca informação. A função poética 
ocorre tanto em prosa como em verso. 
 
METALINGUISTICA 
Tem como função realçar o código – quando este é 
utilizado como assunto ou explica a si mesmo. Por 
exemplo, quando um poema tece reflexões sobre a 
criação poética, um filme tematiza o próprio cinema ou 
um programa de televisão debate o papel social da 
televisão. 
 
FÁTICA 
Ocorre quando o canal é posto em destaque. A 
função é testar o canal de comunicação. Acontece nos 
cumprimentos diários, conversas de elevador, nas 
primeiras palavras de uma aula, etc. 
Importante: 
É possível encontrar em um texto mais de uma 
função da linguagem. Portanto, cabe ao leitor identificar 
aquela que predomina e, por conseguinte, a intenção de 
seu autor. 
 
 
 
 
 
 
 
São recursos estilísticos utilizados por quem fala 
ou escreve para dar maior expressividade, intensidade, 
força ou beleza à comunicação. Ocorrem com mais 
frequência nas obras literárias, mas, para realçar uma 
ideia, aparecem também em: 
 Propagandas: “Caneta Parker: a máquina de 
escrever”. 
 Gírias: “Pai, será que dá pra descolar uma grana?”. 
 Artigos da imprensa: “Assunto novo em briga 
antiga”. 
 Músicas: “O amor é um grande laço, um passo pr’ 
uma armadilha”. 
Duas ou mais figuras podem ocorrer ao mesmo 
tempo em uma frase ou verso. Por exemplo, a hipérbole 
e a comparação: “Os moços da cidade não gostavam de 
sua cabeça, plana como mesa.” (Ignácio de Loyola Brandão) 
 
FIGURAS DE PALAVRAS apresentam uma 
mudança do sentido real para o sentindo figurado da 
palavra. 
Comparação (Analogia): é uma figura que 
consiste em tomar equivalentes coisas diferentes, para 
realçar uma possível semelhança entre elas. Em uma 
construção, quase sempre utilizamos algumas 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 
FORMA E CONTEÚDO DOS TEXTOS 
 
FIGURAS DE LINGUAGEM 
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conjunções entre os termos comparados: assim como..., 
tanto..., quanto, como, tal qual, feito etc.; Exemplos: 
“Tal qual um dois de paus ela ficou calada”. 
“A sombra das roças é macia e doce, é como uma 
carícia”. 
 
Metáfora é o emprego de uma palavra ou 
expressão fora de seu sentido normal, por haver 
semelhança real ou imaginária entre os seres que ela 
designa. A metáfora é a mais importante das figuras de 
palavras: 
Meu pai é um leão quando joga futebol. 
Voltou da praia um peru assado. 
Eu não acho a chave de mim. 
 
Metonímia ocorre quando empregamos uma 
palavra em lugar de outra, com a qual aquela se achava 
relacionada. Os principais mecanismos de substituição se 
dão pelas relações de: 
a) continente pelo conteúdo 
Passe-me a manteiga. 
Só bebi um copo. 
b) marca pelo produto 
Comeu Mc Donalds sozinho. 
Limpou com Omo. 
c) causa pelo efeito 
Sócrates tomou a morte. 
Cigarro incomoda os vizinhos 
d) autor pela obra 
Vamos curtir Gilberto Gil. 
Ela adora ler Machado de Assis. 
e) abstrato pelo concreto 
Amanhã irei aos Correios. 
Estou com a cabeça em Roma. 
f) Símbolo pelo simbolizado 
A balança impôs-se à espada. 
A cruz é a salvação. 
g) instrumento pelo ser 
O violão foi a grande atração. 
João é um ótimo garfo 
A metonímia que estabelece relação entre as 
palavras do tipo parte pelo todo recebe denominação 
específica de sinédoque. 
Os faróis apontaram na avenida. 
Havia mais de cem cabeças no pasto 
 
 Antonomásia (Epíteto) é a substituição de um 
nome próprio pela qualidade ou atributo que o distingue. 
Exemplos: 
Os brasileiros já esqueceram o Águia de Haia. 
(Rui Barbosa) 
O poeta dos escravos é o autor de célebre poema “O 
navio negreiro”. (Castro Alves) 
 
Sinestesia é uma variante de metáfora que 
consiste em atribuir, a um ser, sensações que não lhe 
são próprias, misturando sensações de sentidos 
diferentes: 
Isso me cheira a confusão. 
O sol caía com uma luz pálida e macia. 
 
Catacrese é o emprego de um tempo figurado por 
falta de palavra mais apropriada. Não é propriamente 
uma figura de estilo, pois ela só existe em razão de um 
esquecimento etimológico. Veja os exemplos: 
formigueiro humano (Formigueiro = porção de 
formigas); 
realidade das coisas (Res = coisa); 
espalhar dinheiro (espalhar = separa a palha); 
péssima caligrafia (caligrafia= boa letra); 
embarcar num avião (embarcar = tomar a barca)... 
 
PERSONIFICAÇÃO (PROSOPOPEIA) é a figura 
que consiste em atribuir sentimentos ou qualidades 
humanas a seres inanimados ou abstratos. Exemplos 
“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado 
retumbante de um povo heróico...” (Hino Nacional) 
 “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma 
sacada...” (Cantiga Popular) 
 
 
FIGURAS DE SINTAXE caracterizam-se por 
apresentarem uma mudança na estrutura da oração. 
 
Elipse consiste na omissão de um termo 
facilmente subentendido, ou ainda, que por ser 
depreendido pelo contexto. Existe elipse de preposição, 
conjunção integrante, de verbo e de outros elementos do 
texto. Veja os exemplos: 
“Ele estava bêbado, (com) a calça rasgada e (com) a 
camisa na mão”. 
 
Zeugma consiste em suprimir, ocultar verbos 
(expressos anteriormente) para evitar sua repetição. 
Observe os exemplos: 
As quaresmeiras abriam a flor depois do carnaval, os 
ipês (abriam) em Junho. 
O rei da brincadeira-ê José 
O rei da confusão-ê João 
Um trabalhava na feira-ê José 
Outro (trabalhava) na construção-ê João. 
 
 Pleonasmo (estilístico) é a repetição de um 
temo já expresso ou de uma idéia já sugerida, com o 
objetivo de realçá-la, torná-la mais expressiva... Pode 
ser: 
 Semântico: “E rir meu riso e derrama meu pranto” 
(Vinicius de Moraes) 
“E quem sabe sonhavas meus sonhos por fim” (Cartola) 
 
 Sintático: A mim, só me resta esperar. 
 O que você pensa, isso não me interessa. 
 
Cuidado! Há o pleonasmo é vicioso, quando a 
repetição for considerada desnecessária ou quando a 
redundância não trouxer reforçoalgum à ideia: 
Acabamento final, Adiar para o dia seguinte, Agora já 
Ainda mais, Almirante da Marinha, Alocução breve, 
Antecipar para antes, Bonita caligrafia, Brigadeiro da 
Aeronáutica, Brisa matinal da manhã, Canja de galinha, 
Chutou com os pés, Conclusão final, Consenso geral, 
Continuar ainda, Conviver junto, Criar novos, Dar de 
graça, Decapitar a cabeça, Demente mental, Descer para 
baixo, Efusivos parabéns, Elo de ligação, Emulsão do 
óleo, Encarar de frente, Enfrentar de frente, Entrar 
dentro (ou para dentro), Erário público, Estrelas do céu, 
Exultar de alegria, Fato verídico, Faz muitos anos atrás, 
Fraternidade humana, Ganhar grátis (ou de graça), 
General do Exército, Goteira no teto, Há muitos anos 
atrás, Hábitat natural, Hemorragia de sangue, Hepatite 
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do fígado, Inaugurar novo, Introduzir dentro, Já não há 
mais, Labaredas de fogo, Lançar novo, Manter o mesmo, 
Metades iguais, Monopólio exclusivo, Novidade inédita, 
Panorama geral, Países do mundo, Pequenos detalhes, 
Prefeitura Municipal, Protagonista principal, Regra geral, 
Relação bilateral entre dois…, Repetir de novo, roeu com 
os dentes, Sair fora (ou para fora), Sentidos pêsames, 
Sorriso nos lábios, Sua própria autobiografia, Subir para 
cima, Surpresa inesperada, Vereadores da Câmara 
Municipal, Viúva do falecido. 
 
Silepse ocorre quando efetuamos a concordância 
não com os termos expressos, mas com a ideia que 
associamos, em nossas mentes. Divide-se em: 
Silepse de gênero: 
A criança nasceu. Era magnífico. 
“Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” 
Silepse de pessoa: 
“Todos os sertanejos somos assim”. 
“Os cinco estávamos no automóvel”. 
Silepse de número: 
O pelotão chegou à praça e estavam cansados. 
“Coisa curiosa é gente velha. Como comem!” 
 
Polissíndeto repetição da conjunção 
coordenativa: 
“Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Olavo Bilac) 
“Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira” (Alberto de Oliveira) 
 
Assíndeto ausência da conjunção coordenativa: 
“Suspira, chora, geme, sofre, sua...” (Olavo Bilac - adaptação) 
“Mãe gentil, cruel, traiçoeira” (Alberto de Oliveira - adaptação) 
 
Hipérbato consiste na inversão da ordem natural 
das palavras na frase. 
Os bons vi sempre passar 
No mundo graves tormentos. (Luis Vaz de Camões) 
 
Gradação consiste na sequência, que se agrava, 
de ações. 
Balbuciou, sussurrou, falou, gritou,... 
A menina sentou-se, os olhos encheram d’água, chorou. 
 
 Anacoluto consiste na quebra da estrutura 
sintática da oração. 
A menina, para não passar a noite só, era melhor que 
fosse dormir na casa de uns vizinhos”. (Rachel de Queiroz) 
 
 “Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura”. 
(Manuel Bandeira) 
 
FIGURAS DE PENSAMENTO são processos 
expressivos que introduzem uma ideia diferente da que a 
palavra habitualmente exprime. 
 
Antítese (Contraste) é a figura que salienta o 
confronto oposto entre si: 
“Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a 
Paz!” 
“Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Vinícius de Moraes) 
 
Oxímoro (Paradoxo) é a antítese levada ao 
extremo. Exemplos: 
“Tem, mas acabou!” (discurso proferido por vendedores para 
justificar a ausência de um produto na loja). 
Amor é fogo que arde sem se ver 
É ferida que dói e não se sente 
É um contentamento descontente 
É dor que desatina sem doer. (Luís Vaz de Camões) 
 
Hipérbole é uma afirmação exagerada ou uma 
deformação da verdade, visando a um efeito expressivo: 
Chorar rios de lágrimas, dizer um milhão de vezes, 
desconfiar da própria sombra, morrer de rir. 
 
Esotérico 
Não adianta nem me abandonar 
Porque mistério sempre há de pintar por aí. 
Pessoas até muito mais vão lhe amar, 
Até muito mais difíceis que eu, pra você. 
Que eu, que dois, que dez, que dez milhões. 
Todos iguais. (Gilberto Gil) 
 
Ironia é a figura pela qual dizemos o contrário do 
que pensamos, quase sempre com intenção sarcástica: O 
ministro foi sutil como uma jamanta e delicado como um 
hipopótamo... 
 
Poeminha à glória televisiva 
Não me contem! 
Ele era tão famoso 
Antes de ontem! (Millôr Fernandes) 
 
OBS: A ironia consiste em sugerir pela entonação e pelo 
contexto. Por isso, os sinais que mais evidenciam um 
pensamento irônico são: ponto de exclamação e reticências. 
 
PERÍFRASE consiste em usar expressões ou frase 
em lugar de uma palavra, com o objetivo de destacar 
uma característica que a palavra sozinha não evoca. 
Veja: Pretendo visitar o país do sol nascente. (O 
Japão) 
 
EUFEMISMO é a figura que suaviza a expressão 
de uma idéia desagradável, por meio da substituição do 
termo exato por outro menos ofensivo, menos 
inconveniente. Observe os exemplos: 
O pobre homem entregou a alma a Deus. (morreu) 
Quem faltar com a verdade, será punido. (mentir) 
 
FIGURAS DE SONORIDADE são processos 
expressivos que relacionam os sons das palavras. 
 
Aliteração consiste repetição de sons 
consonantais próximos. 
“Gil engendra em Gil rouxinol (Caetano Veloso) 
 
Assonância consiste repetição de sons vocálicos 
próximos. 
Cunhã poranga na manhã louçã. 
 
Onomatopeia consiste na tentativa de imitação 
de um som natural ou mecânico. 
Coxixo, tique-taque, zum-zum, toc-toc, miau, ... 
 
Paranomásia (Trocadilho) consiste no 
emprego de palavras parônimas (com sonoridade 
semelhante) numa mesma frase. 
Contudo ... ele está com tudo. 
 
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São alterações defeituosas que sofre a língua em sua 
pronúncia e escrita devidas à ignorância do povo ou ao 
descaso de alguns escritores. São devidas, em grande 
parte, à suposta ideia da afinidade de forma ou 
pensamento. 
Os vícios de linguagem são: barbarismo, anfibologia, 
cacofonia, eco, arcaísmo, vulgarismo, estrangeirismo, 
solecismo, obscuridade, hiato, colisão, neologismo, 
preciosismo, pleonasmo. 
 
BARBARISMO: 
É o vício de linguagem que consiste em usar uma 
palavra errada quanto à grafia, pronúncia, significação, 
flexão ou formação. Assim sendo, divide-se em: gráfico, 
ortoépico, prosódico, semântico, morfológico e mórfico. 
 Gráficos: hontem, proesa, conssessiva, aza, por: 
ontem, proeza, concessiva e asa. 
 Ortoépicos: interesse, carramanchão, subcistir, 
por: interesse, caramanchão, subsistir. 
 Prosódicos: pegada, rúbrica, filântropo, por: 
pegada, rubrica, filantropo. 
 Semânticos: Tráfico (por tráfego) indígena (como 
sinônimo de índio, em vez de autóctone). 
 Morfológicos: cidadões, uma telefonema, 
proporam, reavi, deteu, por: cidadãos, um telefonema, 
propuseram, reouve, deteve. 
 Mórficos: antidiluviano, filmeteca, monolinear, 
por: antediluviano, filmoteca, unlinear. 
OBS.: Diversos autores consideram barbarismo 
palavras, expressões e construções estrangeiras, mas, 
nesta apostila, elas serão consideradas 
"estrangeirismos." 
 
AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA: 
É o vício de línguagem que consiste em usar diversas 
palavras na frase de maneira a causar duplo sentidona 
sua interpretação. 
Ex.: Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado. O 
chefe discutiu com o empregado e estragou seu dia. (nos 
dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou 
paciente). 
 
CACOFONIA: 
Vício de linguagem caracterizado pelo encontro ou 
repetição de fonemas ou sílabas que produzem efeito 
desagradável ao ouvido. Constituem cacofonias: 
 A colisão. 
Ex.: Meu Deus não seja já. 
 O eco 
Ex.: Vicente mente consantemente. 
 o hiato 
Ex.: Ela iria à aula hoje, se não chovesse 
 O cacófato 
o Ex.: Tem uma mão machucada: A aliteração - 
Ex.: Pede o Papa paz ao povo. O antônimo é a 
"eufonia". 
 
ECO: 
Espécie de cacofonia que consiste na seqüência de 
sons vocálicos, idênticos, ou na proximidade de palavras 
que têm a mesma terminação. Também se chama 
assonância. 
Ex.: É possível a aprovação da transação sem 
concisão e sem associação. 
Na poesia, a "rima" é uma forma normal de eco. São 
expressivas as repetições vocálicas a curto intervalo que 
visam à musicalidade ou à imitação de sons da natureza 
(harmonia imitativa); "Tíbios flautins finíssimos gritavam" 
(Bilac). 
 
ARCAÍSMO: 
Palavras, expressões, construções ou maneira de dizer 
que deixaram de ser usadas ou passaram a ter emprego 
diverso. 
Na língua viva contemporânea: asinha (por depressa), 
assi (por assim) entonces (por então), vosmecê (por 
você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a 
significação antiga de enfeite), catar (perdeu a 
significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se 
coloca mais o pronome pessoal átono depois de forma 
verbal do futuro do indicativo), etc. 
 
VULGARISMO: 
É o uso lingüístico popular em contraposição às 
doutrinas da linguagem culta da mesma região. 
O vulgarismo pode ser fonético, morfológico e 
sintático. 
 Fonético: 
o A queda dos erres finais: anda, comê, etc. A 
vocalização do "L" final nas sílabas. 
Ex.: mel = meu , sal = saú etc. 
o A monotongação dos ditongos. 
Ex.: estoura = estóra, roubar = robar. 
o A intercalação de uma vogal para desfazer um 
grupo consonantal. 
Ex.: advogado = adevogado, rítmo = rítimo, 
psicologia = pissicologia. 
 Morfológico e sintático: 
o Temos a simplificação das flexões nominais e 
verbais. 
Ex.: Os aluno, dois quilo, os homê brigou. 
o Também o emprego dos pronomes pessoais do 
caso reto em lugar do oblíquo. 
Ex.: vi ela, olha eu, ó gente, etc. 
 
 ESTRANGEIRISMO: 
Todo e qualquer emprego de palavras, expressões e 
construções estrangeiras em nosso idioma recebe 
denominação de estrangeirismo. Classificam-se em: 
francesismo, italianismo, espanholismo, anglicismo 
(inglês), germanismo (alemão), eslavismo (russo, polaço, 
etc.), arabismo, hebraísmo, grecismo, latinismo, 
tupinismo (tupi-guarani), americanismo (línguas da 
América) etc... 
O estrangeirismo pode ser morfológico ou sintático. 
 Estrangeirismos morfológicos: 
o Francesismo: abajur, chefe, carnê, matinê etc... 
o Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, 
madona etc... 
o Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha 
etc... 
o Anglicanismos: futebol, telex, bofe, ringue, 
sanduíche breque. 
o Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc... 
o Eslavismos: gravata, estepe etc...
VÍCIOS DE LINGAUGEM 
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o Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc... 
o Hebraísmos: amém, sábado etc... 
o Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo 
etc... 
o Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis 
etc... 
o Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc... 
o Americanismos: canoa, chocolate, mate, 
mandioca etc... 
o Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze 
etc... 
o Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba 
etc... 
 Estrangeirismos Sintáticos: 
o Saltar aos olhos (francesismo); 
o Pedro é mais velho de mim. (italianismo); 
o O jogo resultou admirável. (espanholismo); 
o Porcentagem (anglicanismo), guerra fria 
(anglicanismo) etc... 
 
SOLECISMOS: 
São os erros que atentam contra as normas de 
concordância, de regência ou de colocação. 
 Solecimos de regência: 
o Ontem assistimos o filme (por: Ontem assistimos 
ao filme). 
o Cheguei no Brasil em 1923 (por: Cheguei ao Brasil 
em 1923). 
o Pedro visava o posto de chefe (correto: Pedro 
visava ao posto de chefe). 
 Solecismo de concordância: 
o Haviam muitas pessoas na festa (correto: Havia 
muitas pessoas na festa) 
o O pessoal já saíram? (correto: O pessoal já saiu?). 
 Solecismo de colocação: 
o Foi João quem avisou-me (correto: Foi João quem 
me avisou). 
o Me empresta o lápis (Correto: Empresta-me o 
lápis). 
 
OBSCURIDADE: 
Vício de linguagem que consiste em construir a frase 
de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado, 
ininteligível. Em um texto, as principais causas da 
obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o neologismo, o 
provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise 
(hipérbato vicioso), o parêntese extenso, o acúmulo de 
orações intercaladas (ou incidentes) as circunlocuções, a 
extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as 
construções intrincadas e a má pontuação. 
Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil (Em vez 
de efusão inútil de sangue). 
 
NEOLOGISMO: 
Palavra, expressão ou construção recentemente 
criadas ou introduzidas na língua. Costumam-se 
classificar os neologismos em: 
 Extrínsecos: que compreendem os 
estrangeirismos. 
 Intrínsecos: (ou vernáculos), que são formados 
com os recursos da própria língua. Podem ser de origem 
culta ou popular. 
Os neologismos de origem culta subdividem-se em: 
 Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, 
telespectador, taxímetro (redução: táxi), fonemática, 
televisão, comunista, etc... 
 Literários ou artísticos: olhicerúleo, 
sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante, prócer), 
vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc... 
OBS.: Os neologismos populares são constituídos 
pelos termos de gíria. "Manjar" (entender, saber do 
assunto), "a pampa", legal (excelente), Zico, biruta, 
transa, psicodélico etc... 
 
PRECIOSISMO: 
Expressão rebuscada. Usa-se com prejuízo da 
naturalidade do estilo. É o que o povo chama de "falar 
difícil", "estar gastando". 
Ex.: "O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além 
os fugitivos esplendores da sua magnificência astral e 
rendilhara d‟alto e de leve as nuvens da delicadeza, 
arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos." 
OBS.: O preciosismo também pode ser chamado de 
PROLEXIDADE. 
 
 
PLEONASMO: 
Emprego inconsciente ou voluntário de palavras ou 
expressões involuntárias, desnecessárias, por já estar 
sua significação contida em outras da mesma frase. 
O pleonasmo, como vício de linguagem, contém uma 
repetição inútil e desnecessária dos elementos. 
o Voltou a estudar novamente. 
o Ele reincidiu na mesma falta de novo. 
o Primeiro subiu para cima, depois em seguida 
entrou nas nuvens. 
O navio naufragou e foi ao fundo. Neste caso, também se 
chama perissologia ou tautologia. 
 
 
 
 
 
 
Os tipos textuais designam uma sequência definida 
pela natureza linguística de sua composição e, para a sua 
classificação, são observados aspectos lexicais, 
sintáticos, tempos verbais e, principalmente, as relações 
lógicas. Por sua estrutura composicional, os textos se 
dividem em: 
 
 
1. NARRATIVO 
Texto em que se discorre sobre fatos, sobrefazer 
relatos. Consiste na elaboração de um texto que relate 
episódios, acontecimentos e histórias (verdadeiras ou 
fictícias). São exemplos de textos narrativos: romance, 
novela, conto, crônica, anedota e, até, histórias em 
quadrinhos. 
A narrativa é um texto que possui uma sequência 
de acontecimentos: começo, meio e fim. No entanto, o 
escritor pode alterar essa ordem, começando a contar 
pelo meio ou pelo fim, dependendo do efeito que 
pretende alcançar. 
 
 
 
 
TIPOS TEXTUAIS 
 
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Elementos da Narrativa: 
 
1. Narrador: é quem conta a história, um ser ficcional a 
quem o autor transfere a tarefa de narrar os fatos. Há 
textos narrativos quase totalmente – ou totalmente – 
dialogados. Nesse caso, o narrador aparece muito pouco, 
ou fica subentendido. 
 
Atenção: não confunda o narrador com o autor da 
história. Este é um escritor, com uma biografia civil, um 
ser humano, que pode construir vários narradores (um 
para cada história que desejar contar). 
 
2. Personagens: são os seres que estão envolvidos com 
a história, que vivem os fatos e que são caracterizados 
física e psicologicamente. Qualquer tipo de ser – gente, 
bicho, criaturas inanimadas – pode ser personagem de 
uma narrativa. Classificam-se em: 
Principais: quando participam diretamente da trama. 
Secundários: quando participam de forma pouco 
intensa da história. 
Caricaturais: tem os traços de personalidade ou 
padrões de comportamento realçados, acentuados (às 
vezes beirando o ridículo). 
 
3. Enredo: e a história em si, o conjunto encadeado dos 
fatos, organizado de acordo com a vontade do escritor. 
Todo enredo supõe um conflito. 
OBS: Uma narrativa pode apresentar um enredo linear 
– quando os fatos vão se desenrolando um depois do 
outro, em ordem cronológica de tempo – ou um enredo 
não-linear – quando a historia é interrompida por uma 
volta ao passado (para algo ser lembrado). E o que 
chamamos de flashback, muito comum em filmes. 
 
4. Espaço: o espaço da narrativa é o local onde se 
desenvolve a história, o cenário. A descrição do espaço 
serve para criar o clima que envolve o leitor nos 
acontecimentos. A descrição do espaço serve, também, 
para caracterizar, de forma indireta, um personagem. 
Pode ser: 
Físico: é o cenário por onde circulam os personagens e 
onde se desenrola a trama. 
Mental: é o retrato de uma época, a ênfase nos 
costumes de determinado período da história. 
 
5. Tempo: o tempo da narrativa é o “quando acontece” 
a história. 
Cronológico: é o tempo marcado pelo relógio, pelo 
calendário ou por outros índices exteriores (momentos 
do dia, estações do ano, fatos históricos). 
Psicológico: é os tempos subjetivos, variáveis de 
indivíduo para indivíduo. Esse tempo marca-se pelas 
sensações ou pensamentos do personagem. 
 
Foco narrativo (ou ponto de vista): 
 
 Quando o narrador participa do enredo, é 
personagem atuante, diz-se que é um narrador-
personagem. Isso constitui o foco narrativo ou ponto 
de vista da primeira pessoa. 
 Narrador-observador é o que serve de 
intermediário entre o episódio e o leitor – é o foco 
narrativo de terceira pessoa. 
 Ocorrem casos em que o narrador é classificado 
como onisciente, pelo fato de dominar o lado psíquico de 
seus personagens, antepondo-se às suas ações, 
percorrendo-lhes a mente e a alma – também sob o foco 
narrativo de terceira pessoa. 
Formas de discurso: 
 
1. O DISCURSO DIRETO caracteriza-se pela 
reprodução fiel da fala do personagem. Estrutura-se 
normalmente com a precedência de dois-pontos e inicia-
se após travessão. Via de regra, vem acompanhada por 
verbos de elocução (dizer, falar, responder, berrar, 
retrucar, indagar, etc.). Observe o exemplo: 
“...Botou as mãos na cabeça e a boca no mundo: 
- Nossa senhora, meu patrãozinho me mata!” (Fernando Sabino) 
O DISCURSO INDIRETO ocorre quando o narrador utiliza 
sua própria fala para reproduzir a fala de um 
personagem. O tempo verbal, no discurso indireto, será 
sempre passado em relação ao tempo verbal do discurso 
direto. Confira: 
“D. Evarista ficou aterrada. Foi ter com o marido, disse-lhe que 
estava com desejos.” (Machado de Assis) 
 
O DISCURSO INDIRETO LIVRE é uma mescla do discurso 
direto com o indireto. No discurso indireto livre, a fala do 
personagem se insere sutilmente no discurso do 
narrador, permitindo-lhe expor aspectos psicológicos do 
pensamento do personagem. Compare os dois exemplos: 
“Achamos o nome engraçado. Qual o padrinho que 
pusera o nome de Milagre naquele afilhado? E o português 
explicou que não, que o nome do pretinho era Sebastião. 
Milagre era apelido”. (Stanislaw Ponte Preta) 
“Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano franziu a testa, 
achando a frase extravagante. Aves matarem bois e 
cavalos, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, 
julgou que ela estivesse tresvariando”. (Graciliano Ramos) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dois textos narrativos bastante comuns em 
provas de concursos são: 
 
1.1 CRÔNICA – é toda narrativa que obedece à ordem 
do tempo (etimologicamente, a palavra vem do grego 
chrónos, que significa “tempo”). Modernamente, crônica 
é um relato sobre os acontecimentos do cotidiano 
escrita numa linguagem leve e normalmente de caráter 
jornalístico. Ela difere do conto não apenas no tamanho, 
mas também na linguagem. Ela busca a intimidade e o 
humor da linguagem. Ela busca a intimidade e o humor 
da anedota, numa linguagem cotidiana que encontra 
receptividade em todos os leitores. 
Ao mesmo tempo em que a crônica tem o caráter 
transitório de um jornal – uma vez que nasceu dentro 
desse veículo de comunicação de massa -, ela apresenta 
também um narrador (que é o próprio autor), 
personagens que se aproximam muito das pessoas da 
vida real, enredo, tempo e espaço. Na maioria dos casos, 
todos esses elementos são trabalhados numa linguagem 
poética. Muitos cronistas contemporâneos conseguem 
captar flashes, circunstâncias do cotidiano, de uma 
maneira tão lírica que fica difícil dizer que tais textos não 
assumem um caráter literário. 
Características de uma narrativa: 
 
 Encadeamento de ações e fatos. 
 As frases se organizam em uma progressão 
temporal (relação de anterioridade / 
posterioridade), tanto que não se pode alterar a 
sequência sem afetar basicamente o texto. 
 Texto dinâmico, uma vez que existem muitos 
verbos indicando movimento, ação, e, ainda, a 
passagem do tempo. 
 
 
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Cabe ressaltar que, apesar de ser um gênero 
narrativo por definição, a crônica é um texto geralmente 
híbrido (uma mescla de modalidades), que não prescinde 
da reflexão e do comentário. Leia: 
 
Mas é coisa nossa 
Eu ainda estava em jejum quando abri o jornal. 
Pensei: quem sabe tomo café primeiro? A foto é tão 
chamativa que não dá para desviar a atenção. Todo leitor da 
Folha deve ter tido o mesmo choque. Mas eu confesso que 
resisti. Pra que, meu Deus, uma foto dessas na primeira 
página? Posso falar porque tenho vivido em jornal a vidatoda: jornalista tem essa inclinação para o que é negativo. 
Há quem diga que é um traço mórbido. Hoje todo mundo 
sabe, na teoria e na prática, que o corriqueiro não é notícia. 
Aquele exemplo clássico que já está careca de tanto 
ser citado. Se um cão morde um homem, nada a noticiar. Se 
um homem morde um cão, está aí a matéria-prima. Cumpre 
apurar tudo direitinho. Se homem foi vacinado contra raiva. 
Se o cão estava quieto no seu canto ou se partiu dele a 
provocação. Nome, cor e idade da vítima. Enfim, um prato 
cheio. 
Se notícia é o inusitado, o que sai da banalidade e 
escapa ao lixo do cotidiano, então por que essa foto na 
primeira página? Esse personagem será assim tão insólito? 
Imagino que o leitor já esqueceu a foto de ontem e o 
impacto que ela nos causou. Esquecer um mecanismo é um 
ato confortável. É essencial. É o que nos permite continuar 
vivendo na santa paz de nossa consciência. Que diabo, a 
gente tem que se defender. Eu, por exemplo, quando dei 
com a foto, logo pensei com meus botões: deve ser coisa de 
Biafra. Você se lembra de Biafra. 
Biafra ou Blangladesh. Lá nos cafundós, onde Judas 
perdeu as botas. Nada a ver comigo. E decidi fugir da 
legenda. Por via das dúvidas, preferia não saber onde vive, 
ou sobrevive, aquela coisinha de olhos fechados. Ainda bem. 
Se tivesse os olhos abertos, grampeava o meu olhar e adeus 
café da manhã. A mão direita no peito lhe dá um ar contrito. 
A mão esquerda segura o pé direito. Segue a firme, a perna 
direita cruzada sobre a esquerda. Tem até graça. Uma graça 
horrível, mas tem. 
E aquela fralda imensa. Branca, farta, não o deixa 
nu. Ou nua. Não está dito qual o sexo do top model que 
posou para o fotógrafo. Tem quatro meses, diz a legenda. 
Está internado na Paraíba, com suspeita de cólera. Como 
será o nome do serzinho tão indefeso? Aí me ocorreu que 
seu nome é legião. Seu sobrenome? Brasil. Por falar nisso, 
quando é que a gente vai tomar vergonha na cara? 
RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo, 
Companhia das Letras, 1993. 
 
2.1 CRÔNICA REFLEXIVA é uma modalidade de 
crônica bastante utilizada nas provas de concurso, por 
causa de sua presença marcante em jornais e revistas de 
grande circulação. 
Na crônica reflexiva, o autor apenas tece reflexões 
filosóficas, ou seja, produz opiniões e impressões 
(humorísticas ou líricas) sobre um assunto, cativando a 
sensibilidade do leitor numa abordagem descontraída. 
 não há preocupação com a forma, já que o fluxo 
das ideias é livre. 
 Admite tanto a linguagem culta quanto 
coloquialismos, repetições enfáticas e gírias. É a 
expressão espontânea do pensamento. 
Observe o texto que segue: 
 
Os olhos de Isabel 
Instalou-se ontem no rio, um banco de olhos. Ali 
será conservada na geladeira uma parte dos olhos tirado 
de pessoas que acabam de morrer, de acidentados e 
natimortos. 
Os cegos serão capazes de distinguir a claridade; 
poderão, em muitos casos, ter a vista perfeita, recebendo 
nos olhos a córnea da pessoa morta. Já houve muitos 
casos dessa operação no Brasil, como o da jovem Isabel, 
de 18 anos, cega desde nascença, que passou a ver bem. 
Não a conheço; e estimo que seja feliz e alegre em suas 
visões e veja sempre coisas que a façam alegre. 
É pelos olhos que entra em nós a maior parte das 
alegrias e tristezas. Os meus, ainda que bastante usados, 
enxergam bem, e mesmo, em certas circunstâncias, 
demais. São, é natural, sujeitos a muitas ilusões: de 
muitas já fui ao empós, e eram miragens que me levaram 
ao meio de um deserto onde me alimentei de gafanhotos e 
lágrimas, tomando sopa de vento, comendo pirão de areia, 
como diz a canção. 
A fina membrana dos olhos não guarda a 
lembrança das visões; mas que sabemos? A matéria viva é 
uma coisa sutil e sensível que ninguém entende. O jornal 
não diz de quem eram os olhos com que hoje vê a moça 
Isabel; e ela, nunca tendo visto antes, não sabe se as 
visões de hoje são verdade ou fantasia; talvez esteja a ver 
este mundo através do filtro emocional de uma criatura já 
morta; (...) mas tenham visto o que tiveram antes, que 
ora vejam tudo em suave e belo azul, a cor dos sonhos e 
descobrimentos das navegações dos 18 anos. Que são 
tontas, mas belas navegações. 
BRAGA, Rubem. O homem rouco. Rio: editora do autor, 1963. 
 
2.3 FÁBULA é uma narrativa de caráter alegórico, que 
trabalha o imaginário e que pretende transmitir alguma 
lição de fundo moral, tendo geralmente animais como 
personagens. Quando ela utiliza objetos inanimados, 
recebe o nome de apólogo. A fábula constitui uma forma 
simples de narrativa. Suas raízes remontam à 
Antiguidade greco-romana, com Esopo e Fedro. La 
Fontaine, poeta francês, foi quem introduziu e aprimorou 
as fábulas antigas, fazendo com que chegassem até nós. 
No Brasil, coube a monteiro Lobato recriar as 
fabulas de La Fontaine. E, mais recentemente, Millôr 
Fernandes atualizou algumas histórias clássicas e criou 
outras de humor e filosofia, como mostra o exemplo 
abaixo: 
 A causa da chuva 
Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que 
os animais ficaram inquietos. Uns diziam que ia chover logo, 
outros diziam que ainda ia demorar. Mas não chegava a uma 
conclusão. 
-Chove só quando a água cai do telhado do meu 
galinheiro - esclareceu a galinha. 
-Ora, que bobagem! – disse o sapo de dentro da 
lagoa. Chove quando a água da lagoa começa a borbulhar 
as gotinhas. 
-Como assim? – disse a lebre. Está visto só que só 
chove quando as folhas das árvores começam a deixar cair 
as gotas d‟água que têm dentro. 
Nesse momento começou a chover. 
- Viram? – gritou a galinha. O telhado de meu 
galinheiro está pingando. Isso é chuva. 
- Ora, não vê que a chuva é a água a lagoa 
borbulhando? – disse o sapo. 
- Mas, como assim? – tomou a lebre. Parecem cegos! 
Não vêem que a água cai das folhas das árvores. 
 Moral: Todas as opiniões estão erradas. 
 Millôr Fernandes (adaptado) 
2. DESCRITIVO 
Texto em que é feito a caracterização de uma 
pessoa, um animal, um objeto ou uma situação qualquer, 
inseridos num certo momento estático do tempo. 
Diferentemente do texto narrativo, que relata as 
transformações de estado que vão ocorrendo 
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progressivamente com pessoas ou coisas, o texto 
descritivo põe em relevo as propriedades e aspectos 
desses elementos num certo estão, considerado como se 
estivesse parado. 
Nos enunciados descritivos, podem até aparecer 
verbos que exprimam ação, movimento, mas os 
movimentos são sempre simultâneos, não indicando 
progressão de um estado anterior para outro posterior. 
Se ocorrer essa progressão, inicia-se um percurso 
narrativo. O fundamental na descrição é que não haja 
progressão temporal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A descrição é um processo de caracterização que 
exige sensibilidade daquele que descreve, para 
sensibilizar também aquele que lê. Sendo assim, ela se 
baseia na percepção – nos cincos sentidos: visão, tato, 
audição, paladar e olfato. Observe o trecho a seguir: 
 
A Terra 
 
Ao sobrevir das chuvas, a terra (...) transfigura-se 
em mutações fantásticas, contrastando com a desolação 
anterior. Os vales secos fazem-se rios. Insulam-se os 
cômoros escalvados, repentinamente verdejantes. A 
vegetação recama de flores, cobrindo-os, os grotões 
escancelados, e disfarça a dureza das barracas, e arredonda 
em colinas os acervos de blocos disjungidos- de sorte que 
as chapadasgrandes, intermeadas de convales, se ligam em 
curvas mais suaves aos tabuleiros altos. Cai a temperatura. 
Com o desaparecer das soalheiras anula-se a secura 
anormal dos ares. Novos tons da paisagem: a transparência 
do espaço salienta as linhas mais ligeiras, em todas as 
variantes da forma e da cor. 
Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul 
carregado dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante o 
expandir revivescente da terra. E o sertão é um vale fértil. É 
um pomar vastíssimo, sem dono. 
Depois tudo isso acaba. Voltam os dias torturantes; 
a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez 
da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a 
intermitência das chuvas - o espasmo assombrador da seca. 
A natureza compraz-se em um jogo de antíteses. 
CUNHA, Euclides. Os sertões - campanha de Canudos. Rio de 
Janeiro: Editora Francisco Alves. 1982. Pagina 37-38. 
 
A apresentação conjunta de traços físicos e 
psicológicos permite que a descrição se torne mais 
concreta, mais sensível e mais capaz de fazer o leitor 
realizar em sua imaginação o objeto descrito/ ser 
descrito. Mesmo assim, às vezes. E possível visualizar a 
descrição sob dois enfoques: 
 
2.1 OBJETIVO – que procura descrever a realidade. De 
maneira direta e objetiva, sem acrescentar nenhum juízo 
de valor. O autor torna-se impessoal e a linguagem 
utilizada é denotativa. 
Leia a descrição abaixo e observe que, à medida 
que você avança no texto, a imagem do ser descrito vai-
se formando em sua mente: 
Era um burrinho pedrês. Miúdo e resignado, vindo 
de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no 
sertão. Chamava-se de Sete-de-Ouros, e já fora tão bom, 
como outro não existiu e nem pode haver igual. 
Agora, porém, estava idoso, muito idoso. Tanto, 
que nem seria preciso abaixar-lhe a maxila teimosa para 
espiar os cantos dos dentes. Era decrépito mesmo a 
distância: no algodão bruto do pelo – sementinhas escuras 
em rama rala e encardida: nos olhos remelentos, cor de 
bismuto, com pálpebras rosadas, quase sempre oclusas, em 
constante semi-sono; e, na linha, fatigada e respeitável – 
uma horizontal perfeita, do começo da testa à raiz da cauda 
em pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo as moscas. 
ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Livraria 
José Olympio Editora, 1976. 
 
Observe a descrição objetiva de uma personagem 
feminina, de Aluísio de Azevedo: 
Rita havia parado no pátio. 
Cercavam-na homens, mulheres e crianças; todos 
queriam novas dela. Não vinha em traje de domingo; trazia 
casaquinho branco, uma saia que lhe deixava ver o pé sem 
meia num chinelo de polimento com enfeites de marroquim 
de diversas cores. No seu farto cabelo, crespo e reluzente, 
puxado sobre a nuca, havia um molho de manjericão e um 
pedaço de baunilha espetado por um gancho. E toda ela 
respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de 
trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o 
atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para 
a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e 
brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce 
fascinador. 
AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. São Paulo: Editora 
Scipione, 1995, p. 37 
 
2.2 SUBJETIVO – que busca transmitir o estado de 
espírito do autor diante da coisa observada ou sua 
opinião sobre ela. Ele faz uma representação particular 
do objeto, normalmente usado à linguagem conotativa. 
Leia o auto-retrato da poetisa Cecília Meirelles, num 
determinado momento de sua vida: 
 
Eu não tinha esse rosto de hoje, 
Assim calmo, assim triste, assim magro, 
Nem estes olhos tão vazios, 
Nem o lábio amargo, 
Eu não tinha estas mãos sem força 
Tão paradas, e frias, e mortas. 
Eu não tinha esse coração que nem se mostra 
Eu não dei por essa mudança 
Tão simples, tão certa, tão fácil. 
Em que espelho ficou perdida a minha face? 
 
Observe a descrição subjetiva de uma 
personagem feminina, de Machado de Assis: 
 
Assomado à porta, levantou o reposteiro e deu entrada 
a uma mulher, que caminhou para o centro da sala. Não era 
uma mulher, era uma sílfide, uma visão de poeta, uma 
criatura divina. 
Era loura; tinha os olhos azuis, que buscavam o céu ou 
pareciam viver dele. Os cabelos, desleixadamente 
penteados, faziam-lhe em volta da cabeça, um como 
resplendor de santa; santa somente, não mártir, porque o 
sorriso que lhe desabrochava os lábios era um sorriso de 
bem–aventurança, como raras vezes há de ter tido a terra. 
Um vestido ranço, de finíssima cambraia , envolvia-lhe 
o corpo, cujas formas, aliás, desenhava, pouco para os 
olhos, mas muito para a imaginação. 
A chinela turca. In: obra Completa. Rio de Janeiro: Editora 
Aguilar. 1986 p.301 (adaptado) 
Características de uma descrição: 
 
 Encadeamento de informações. Todos os 
enunciados apresentam ocorrências simultâneas. 
 Riqueza de detalhes e a presença abundante 
dos adjetivos. 
 Não existe temporalidade (datas), tanto que se 
pode alterar a sequência, sem afetar basicamente o 
sentido. 
 Uso dos cinco sentidos. 
 Texto estático, pois faz um uso reiterado de 
verbos de estado (e não de ação). 
 
 
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3. DISSERTATIVO 
Texto em que se faz uma exposição de opiniões, 
de pontos de vista, fundamentados em argumentos e 
raciocínios baseados na vivência, na leitura, na conclusão 
a respeito da vida, dos homens e dos acontecimentos. 
O texto dissertativo baseia-se, sobretudo, em 
afirmações que transmitem um conceito relativo, pois 
suscitam dúvidas, hesitações. Nele, aparecem os pontos 
de vista diferentes e conflitantes e os graus de verdade 
e/ou falsidade. 
Em um texto dissertativo devem ser usados 
adequadamente os pronomes, as conjunções; 
observadas a concordância, a regência, a crase e as 
corretas relações semânticas entre as palavras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estrutura padrão da dissertação: 
 
 Introdução: é o parágrafo de abertura, 
responsável pela apresentação do assunto, em que é 
lançada a tese (tópico frasal ou idéia principal) a ser 
desenvolvida nos parágrafos seguintes. 
 Desenvolvimento: é a parte fundamental da 
dissertação, em que se desenvolve o raciocínio ou o 
ponto de vista sobre o assunto, por meio de argumentos 
convincentes. Do desenvolvimento, depende a 
profundidade, a coerência e a coesão do texto. Cada 
argumento (idéia secundária) a ser trabalhado deverá 
ocupará um parágrafo. 
 Conclusão: É a parte final o texto, em que se faz 
um arremate das ideias apresentadas. É mais comum, na 
conclusão de um texto que o autor ofereça uma sugestão 
para o problema levantado. Mas, às vezes, ele se limita a 
passar a solução do problema para o leitor, por meio de 
uma pergunta. 
 
O discurso na dissertação: 
 
 1° pessoa do singular – imprime extrema 
subjetividade no texto e é encontrada com mais 
frequência nos textos literários. 
São exemplos do uso da 1° pessoa nos textos: Eu 
acho, eu acredito, a meu ver, no meu entender, para 
mim, na minha opinião, etc. 
 1° pessoa do plural – também atribui certo grau 
de subjetividade ao texto. Autores que optam pela 1° 
pessoa do plural buscam maior interatividade com o 
leitor, no sentido de incluí-lo como participante das ideias 
do texto. Exemplo: Vivenciamos atualmente tempos de 
globalização da pobreza... (consenso) 
Cuidado! Existe uma 1° pessoa do plural que não 
inclui o leitor – é o chamadoplural de modéstia. Isso 
acontece quando um autor produz e assina, sozinho, um 
texto no qual ele expressa “Para citarmos um 
exemplo...”. 
 3° pessoa (ideológica) – imprime objetividade 
no texto, dano à expressão do pensamento um caráter 
mais universal. O uso da 3° pessoa facilita a persuasão, 
já que confere maior credibilidade às ideias. Ex: “A 
política econômica do governo Lula não promove, de 
fato, o bem-estar social.” 
 
3.1 ARGUMENTATIVO – texto em que o autor quer 
provar a veracidade (ou falsidade) de ideias, por meio de 
uma argumentação lógica. Nesse tipo de texto, o autor 
visa a convencer/persuadir o leitor – por meio de 
argumentos, provas evidentes, testemunhos - de forma 
impessoal e objetiva, o que confere ao texto um caráter 
imparcial, facilitando a aceitação das ideias expostas. 
Observe o exemplo: 
 
CARO DATA VERMIBUS 
 
Carne dada aos vermes. Alguns gramáticos 
extravagantes vêem nas sílabas iniciais da expressão latina 
CAro DAta VErmibus a origem da palavra cadáver. A ciência, 
no seu esforço de salvar vidas, logrou, no entanto, a dar-lhe 
outra finalidade mais nobre: a de suprir a falência de órgãos 
de pessoas vivas, substituídos por partes que dele possam 
ser retiradas. Contra esse benefício para a humanidade, 
levantam-se barreiras à utilização de órgãos removidos de 
cadáveres, se não há, para isso, consentimento familiar, 
com a invocação de princípios que orientam a ética méica. 
Benjamim Bentham estabeleceu que o direito e a 
moral ocupam círculos concêntricos; o raio maior seria o da 
moral. O direito, portanto, seria o mínimo ético. Posta a 
premissa, o debate da retirada de órgãos de cadáveres 
deve, necessariamente, ferir-se no campo da Ética. 
Contudo, grande diferença vai entre a Ética, como é 
considerada no âmbito da Filosofia, e a disciplina imposta ao 
exercício de profissões liberais pelos seus órgãos de classe. 
Na Axiologia, os valores são vistos dentro de uma escala, 
estabelecida segundo os costumes e a cultura os povos. 
O sentido dessa escala é o de oferecer fundamentos 
para dirimir o conflito que se instale entre esses valores. O 
conflito é inerente à vida de relação, tanto que, na 
organização do estado, é prevista a instituição de um poder 
só para dirimi-lo: o judiciário. Nenhum país, com foros de 
civilização há de colocar a vida em segundo plano na escala 
de valores. Tudo o que se fizer para a salvação de uma vida 
é, por princípio, ético. A ética, aplicada no uso de partes do 
cadáver, para restituir a saúde de pessoas ou salvar-lhes a 
vida, põe-se diante o seguinte dilema: preservar o cadáver 
para satisfazer o desejo da família? 
A discussão a lei da doação presumida de órgãos é, 
diante da ética, absolutamente estéril. Os primeiros 
transplantes não dependeram de lei e ainda hoje, como 
antes, a ética lhes dá o necessário suporte. A retirada de 
órgãos de cadáveres, para transplante, é ética até contra a 
vontade, em Vida, o morto. O direito, ainda dentro do 
mínimo ético, colocaria esse ato em face do estado de 
necessidade, que o Código Penal considera excludente de 
ilicitude. 
O artigo 24 do Código Penal calha, no caso, como uma 
luva. Se a única alternativa para salvar uma vida é o 
transplante de órgão de cadáver, a sua retirada, para esse 
fim, é inteiramente abonada pelo estado de necessidade. 
Conduta em sentido inverso é irrelevante para a 
configuração de crime por omissão, se o médico podia e 
devia evitar a morte ou curar a doença. É inconcebível que 
todo o pensamento penal tenha sido formulado contra a 
Ética. Não há ética que se sustente contra da vida. Por 
sentimento da família, leve-se em maior conta o daquela 
ligada ao paciente que espera pelo órgão. Se é inevitável a 
dor de uma, pela falta do órgão, ou de outra, pela retirada, 
a solução, sempre conflituosa, deve ser buscada na tabela 
de valores. O cadáver servirá aos vermes ou ao paciente 
Características de uma dissertação: 
 
 Encadeamento de ideias e raciocínio. 
 Os assuntos são tratados de maneira abstrata 
e genérica. 
 As relações internas e a coerência entre as 
frases é que lhe garantem o sentido, já que são os 
mecanismos de coesão (conjunções, preposições e 
pronomes relativos, demonstrativos) e as palavras 
abstratas que integram a estrutura básica do texto. 
 
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vivo. Este morrerá ou viverá penosamente. Vida ou saúde 
versus morte ou doença. Para que lado deveria pender a 
Ética? 
SILVA, Edelberto Luiz da. Correio Braziliense, 11/1/98 
 
3.2 EXPOSITIVO – texto que consiste na 
ordenação/exposição de ideias sobre um determinado 
assunto. Sua característica básica é o cunho reflexivo-
teórico. A dissertação-expositiva segue a mesma 
estrutura de uma dissertação argumentativa: introdução, 
desenvolvimento e conclusão. A diferença reside no fato 
de que na introdução, em lugar da tese, apresenta-se a 
idéia principal o texto. Admite essencialmente a 
linguagem culta – simples ou mais elaborada. Lembre-se 
de que linguagem culta não significa rebuscamento. Leia: 
 
A maioria dos comentários sobre crimes ou se limitam 
a pedir de volta o autoritarismo ou a culpar a violência do 
cinema e da televisão, por excitar a imaginação criminosa 
dos jovens. Poucos pensam que vivemos em uma sociedade 
que estimula, de forma sistemática, a passividade, o rancor, 
a impotência, a inveja e o sentimento de nulidade nas 
pessoas. Não podemos interferir na política, porque nos 
ensinaram a perder o gosto pelo bem comum; não podemos 
tentar mudar nossas relações afetivas, porque isso é 
assunto de cientistas; não podemos, enfim, imaginar modos 
de viver mais dignos, mais cooperativos e solidários, porque 
isso é coisa de obscurantista, idealista, perdedor ou ideólogo 
fanático, e mundo é os fazedores e dinheiro. 
Somos uma espécie que possui o poder da imaginação, 
da criatividade, da afirmação, e da agressividade. Se isso 
não pode aparecer, surge, no lugar, a reação cega ao que 
nos impede de criar, de colocar no mundo algo de nossa 
marca, de nosso desejo, de nossa vontade de poder. Quem 
sabe e pode usar – com firmeza, agressividade, criatividade 
e afirmatividade – a sua capacidade de doar e transformar a 
vida, raramente precisa matar inocentes de maneira bruta. 
Existem mil outras maneiras de nos sentirmos potentes, de 
nos sentirmos capazes de imprimir um curso à vida que não 
seja pela força das armas, da violência física ou da evasão 
pelas drogas, legais ou ilegais, pouco importa. 
COSTA, Jurandir Freire. In: Quatro autores em busca do 
Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p.43 (com adaptações). 
 
3.4 INJUNTIVO – é um texto instrucional, que indica 
procedimentos a serem realizados. A intenção pode ser 
persuasiva ou apenas instrutiva. São exemplos de textos 
injuntivos as receitas, os manuais de instruções, as bulas 
de remédios, etc. Neles, predominam: 
 Verbos empregados no modo imperativo; 
 Emprego do padrão culto da língua; 
 Linguagem clara e acessível a todo tipo de 
pessoas; 
 Função referencial da linguagem. A função 
conativa também é bastante recorrente. 
 
Veja um exemplo de texto injuntivo (extraído da 
prova do Ministério da Saúde – aplicada pelo 
CESPE/UnB) 
 
Cuidados para evitar envenenamentos: 
 
 Mantenha sempre medicamentos e produtos tóxicos 
fora do alcance das crianças; 
 Não utilize medicamentos sem orientação de um 
médico e leia a bula antes de consumi-los; 
 Não armazene restos