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2019 PORTUGUÊS PRÉ ENEM 1 Português Aspectos Gramaticais Resumo Conjunções Conjunção é a palavra invariável que tem como objetivo ligar termos ou orações de mesma função sintática. Elas podem ser classificadas como coordenativas ou subordinativas, dependendo da relação que elas estabeleçam entre as orações. Possuem fundamental importância na coesão textual, podendo ser também chamadas de “conectivos”. Além disso, há a locução conjuntiva, que ocorre quando duas ou mais palavras desempenham função de conjunção. Por exemplo: uma vez que, tanto que, desde que, ainda que, assim que, etc. Coordenativas: quando introduzem uma oração que não estabelece função sintática em relação à outra. Subordinativas: quando introduzem uma oração que exerce função sintática em relação à oração principal. Veja os exemplos: a) Rodrigo dormiu cedo, mas acordou cansado. b) Luana saiu de casa assim que começou a chover. No primeiro exemplo, a conjunção “mas” apenas conecta duas orações independentes, estabelecendo relação semântica de adversidade. No segundo exemplo, a locução conjuntiva “assim que” conecta uma oração que exerce função sintática de adjunto adverbial em relação à outra, estabelecendo valor de temporalidade. Vamos analisar, a seguir, os tipos de conjunções coordenativas e as relações semânticas que elas ajudam a estabelecer. Coordenativas • Aditivas: Indicam soma dos conteúdos, de ideia, etc. São elas: e, nem, não só... mas também, além disso, ademais, etc. Ex.: Ela não dormiu nem estudou no final de semana. • Adversativas (opositivas): Indicam contraste, quebra de expectativa. Além disso, introduzem o argumento mais forte. São elas: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, no entanto, etc. Ex.: Acordou cedo, mas voltou a dormir. • Alternativas: Indicam exclusão ou alternância entre os conteúdos. São elas: ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja, etc. Ex.: Ele vai à praia ou ao cinema hoje. • Conclusivas: Indicam conclusão lógica do conteúdo de um enunciado em relação ao outro. São elas: portanto, pois (depois do verbo), logo, então, por isso, assim, por conseguinte, etc. Ex.: Acordou cedo hoje, logo, conseguirá estudar mais. • Explicativas: Indicam por que se pode declarar algo em um enunciado em relação ao outro. São elas: porque, que, pois (antes do verbo), porquanto, etc. 2 Português Subordinativas • Integrantes: Não estabelecem relação semântica entre as orações. São elas: que, se. Ex.: Joana queria muito que Pedro viajasse. • Causais: Introduzem enunciado que indica causa do fato apresentado na oração principal. São elas: porque, porquanto, pois, como (em início de oração), já que, visto que, uma vez que, etc. Ex.: Visto que comeu tanto, passou mal. • Comparativas: Introduzem enunciado que traz um dos termos de uma comparação. São elas: como, que nem, (do) que, qual, quanto, etc. Ex.: Praia é bom como piscina. • Concessivas: Introduzem um fato que poderia inviabilizar o evento apresentado na oração principal, mas não o faz. São elas: embora, ainda que, mesmo que, por mais que, apesar de que, etc. Ex.: Embora esteja chovendo, vou à praia. • Condicionais: Introduzem enunciado que indica condição necessária para que o fato declarado na oração principal se realize. São elas: se, caso, contanto que, a menos que, a não ser que, salvo se, etc. Ex.: Vou caminhar, a menos que não esteja chovendo. • Conformativas: Introduzem enunciado em relação ao qual o fato apresentado na oração principal está em conformidade, exprimem um modelo. São elas: conforme, segundo, como, consoante. Ex.: A viagem ocorreu conforme planejamos. • Consecutivas: Introduzem enunciado que indica a consequência do fato apresentado na oração principal. São elas: de maneira que, de modo que, de forma que, que (combinada com “tal”, “tanto”, “tão”), etc. Ex.: Comeu tanto que passou mal. • Finais: Introduzem enunciado que expressa a finalidade do fato apresentado na oração principal. São elas: a fim de, para, etc. Ex.: Vou dormi para acordar cedo amanhã. • Proporcionais: Introduzem enunciado que expressa em que proporção ocorreu o fato apresentado na oração principal. São elas: à medida que, ao passo que, à proporção que, quanto mais, quanto menos, etc. Ex.: Quanto mais andava mais cansado ficava. • Temporais: Iniciam enunciado que exprime o tempo de realização do fato da oração principal. São elas: enquanto, logo que, quando, antes que, até que, assim que, desde que, etc. Ex.: Desde que foi morar fora, não o vi mais. Prononomes: Pronome Pessoais Os pronomes pessoais servem para caracterizar as pessoas de uma fala, por exemplo, a 1ª pessoa (quem fala), a 2ª pessoa (com quem se fala) e a 3ª pessoa (de quem se fala). Além disso, funcionam como elemento de coesão para a retomada de um nome anteriormente expresso. Veja o exemplo: “Levantaram Dona Rosário, embora ela não quisesse.” Os pronomes que servem de sujeito na oração chamam-se retos. Os que desempenham o papel do complemento verbal denominam-se oblíquos. Os pronomes oblíquos possuem formas tônicas e átonas: as primeiras vêm precedidas de preposição; as segundas não são partículas acentuadas, que se colocam antes ou depois do verbo, como fossem sílaba extra. 3 Português Exemplos: Vi-o. (forma átona) Veio até mim. (forma tônica) Os pronomes sujeitos (pessoais reto) são normalmente omitidos na Língua Portuguesa porque as desinências verbais bastam para a indicar a pessoa a que se refere, bem como o número gramatical (singular ou plural) dessa pessoa. Exemplo: (Eu) ando; (Nós) rimos. A 1ª pessoa do plural (nós) é conhecida como o plural da modéstia, pois é utilizado para evitar um tom impositivo ou muito pessoal de opiniões. Os escritores costumam utilizar-se do nós em lugar da forma verbal eu, por esse motivo. Essa estrutura é encontrada em redações de vestibulares, dissertações de mestrado, etc. pois o autor procura dar a impressão que as ideias que expõe são compartilhadas por seus leitores. Se os pronomes oblíquos ou objetivos exercem a função de objeto, logo eles são divididos em: a) objetivos diretos: me, te, nos, você, o, a, os, as vos, se. Também pertencem a este grupo as variações “lo”, “la”, “los”, “las”, “no”, “na”, “nos”, “nas”. b) objetivos indiretos: “me”, “te”, “se”, “lhe”, “nos”, “vos”, “lhes”. Possessivos Enquanto os pronomes pessoais denotam as pessoas gramaticais, os possessivos, o que lhes cabe ou pertence. Eles apresentam formas correspondentes à pessoa que se referem. Observe o quadro: 4 Português O emprego da 3ª pessoa do singular ou do plural pode gerar ambiguidade em uma frase por conta da dúvida a respeito do possuidor. Para evitar qualquer ambiguidade, a Língua Portuguesa nos oferece precisar o possuidor com a utilização das formas: dele(s), dela(s), de você(s), do(s) senhor(es), da(s) senhora(s), entre outras expressões. Para reforçar a ideia de posse visando a clareza e a ênfase, costuma-se utilizar as palavras: próprio, mesmo. Por exemplo: Era ela mesma; eram os seus mesmos braços. Demonstrativos São pronomes utilizados para indicar posição de algo (no espaço, no tempo ou no discurso) em relação às pessoas do discurso. Funções No tempo Este ano está perfeito. (presente) Esse ano foi/será perfeito. (passado ou futuro próximo) Aquele ano foi perfeito. (passado remoto) No espaço Este é meu carro. (próximo de quem fala) Esse é meu carro. (próximo do interlocutor) Aquele carro é meu. (distante do emissor e do interlocutor) No texto Referência a termos precedentes: o pronome “esse” e suas variações, assim como o “isso”, podem atuar anaforicamente, retomando algo que já foi dito. O pronome “este” e suas variações e o “isto” atuam cataforicamente, fazendo referência a algo que ainda será mencionado. Exemplo:A violência é o principal problema do Rio de Janeiro. Isso deve ser combatido. Este é principal problema do Rio de Janeiro: a violência. Quando queremos fazer alusão a dois termos já citados, utilizamos “aquele” e suas variações para o primeiro termo e “este” e suas variações para o último. Exemplo: João e Roberto trabalham na empresa. Aquele (João) é gerente, este (Roberto), secretário. 5 Português Indefinidos São os pronomes utilizados para representar a 3ª pessoa do discurso de maneira indeterminada ou imprecisa. Existem pronomes indefinidos que são utilizados na formulação de perguntas. Eles são chamados de Interrogativos. Classificação Pronome indefinido substantivo: assumem o lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo, alguém, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. Exemplo: Algo foi dito na reunião. Pronome indefinido adjetivo: qualificam um ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). Exemplo: Certas pessoas têm enxaqueca crônica. Emprego Ninguém: admite dupla negação, quando estiver atuando como sujeito. Exemplo: Não foi ninguém. Algum: Possui valor positivo, se vier anteposto ao substantivo; posposto, negativo. Exemplo: Alguma pessoa virá à festa. / Pessoa alguma virá à festa. Qualquer: não devemos utilizá-lo como sinônimo de “nenhum”. Exemplo: Ele não tem qualquer chance de conseguir o emprego. (errado) Obs.: Pronome indefinido X Adjetivos Algumas palavras podem ser pronomes indefinidos ou adjetivos. Exemplo: Certa pessoa passou por aqui. (pronome indefinido) A pessoa certa passou por aqui. (adjetivo) Exemplo 2: Toda semana eu estudava. (pronome indefinido) Toda a semana eu estudava. (adjetivo) 6 Português Pronome indefinido X advérbio Exemplo: Tenho bastantes cabelos. (pronome indefinido) Gosto bastante dela. (advérbio de intensidade) Relativos São os pronomes que representam nomes já mencionados e com os quais se relacionam. Além disso, são utilizados para unir orações e introduzem as subordinadas adjetivas. Exemplo: O perfume que adoro. (refere-se ao antecedente “perfume”). Obs.: Os pronomes relativos devem sempre vir precedidos pela preposição exigida pelo verbo da oração. Exemplo: Esse é o menino de quem gosto. /Essa é a festa sobre a qual falei. Emprego Onde: Só pode ser utilizado para fazer referência a lugares. Equivale a “em que”. Ex.: O Brasil é o país onde moro. Quem: Só pode ter como antecedente pessoa (ou coisa personificada). É sempre precedido por preposição. Ex.: Ela é a pessoa por quem fui apaixonado. Que/ o(a) qual / os(as) quais: podem fazer referência tanto a pessoas, quanto a coisas. Porém, é preciso ter atenção ao uso da preposição. Se a preposição for monossílaba “a”, “de”, “por”, devemos utilizar o pronome “que”. Se a preposição possuir duas ou mais sílabas “entre”, sobre”, “para”, utilizamos o(a) qual, os(as) quais. Ex.: O cidade em que moro é maravilhosa. Os assuntos sobre os quais falei cairão na prova. Cujo(a)(s): é utilizado para estabelecer relação de posse. Não é correto utilizar artigo após o “cujo” e suas variações. Ex.: Passei pela mulher cuja beleza é infinita. Derrubaram as casas cujas as paredes estavam caindo. (ERRADO) Quanto(a)(s): são utilizados após os indefinidos “todo”, “tanto” e “tudo”. Ex.: Fiz tanto quanto ele. 7 Português Verbos Verbo é uma palavra de forma variável que exprime o que se passa, isto é, um acontecimento representado no tempo. Tal expressividade é manifestada em indicações de ação, estado ou fenômenos da natureza. Exemplo: I. Estudamos ontem à noite. II. Choveu muito pela manhã. III. Ana continua a comer. IV. Luana estava linda na festa. Flexões verbais Os verbos podem variar em número, pessoa, modo, tempo, aspecto e voz. I. Número: Estudo (singular); Estudamos (plural) II. Pessoa: Podemos dizer que seriam os pronomes do caso reto. “Eu” e “nós” quando se trata daquele que fala; “Tu” e “vós” são a quem se fala; “Ele” ou “ela” e “eles” ou “elas” são as pessoas de quem se fala. III. Modos: Indicam certeza, dúvida, mando, suposição; são as formas possíveis dos verbos para indicar essas atitudes sobre o que se enuncia. Na Língua Portuguesa, temos 3 modos: Indicativo, Subjuntivo e Imperativo. IV. Tempo: como o próprio nome já diz, é a variação que indica o momento em que ocorre o fato expressado pelo verbo. São o Presente e as subdivisões de Pretérito (Passado) e Futuro, englobadas por seus respectivos modos. V. Aspecto: manifesta o ponto de vista do locutor sobre a ação expressa pelo verbo. Isso se reflete na divisão dos tempos verbais em perfeitas, mais-que-perfeitas e imperfeitas. Aqui, considera-se se a expressividade do verbo mostra a ação concluída, ou não concluída. Essa noção também aparece nos verbos auxiliares: Posso estudar mais. / Pode chover hoje. Exemplos: 1. Ele estudava muito. (A ação começou no passado, foi contínua durante um tempo e terminou no passado. Note que no presente, o sujeito “ele” já não estuda) 2. Ele estudou ontem. (A ação é mais pontual, não tem ideia de continuidade). 3. Ele explicou que estudara muito antes da prova. (A ação do verbo “estudar” é anterior a do verbo “explicar”) Outra questão pertinente ao aspecto verbal é o contexto em que ele acontece: 4. João começou a comer. João continua a comer. João acabou de comer. (Note que o verbo auxiliar acrescenta valores ao verbo principal, alterando, assim, seu aspecto) VI. Vozes: 1. Ativa, quando a ação do verbo é praticada pelo sujeito (Caio jogou bola na rua.) 2. Passiva, quando o sujeito sofre a ação (O muro foi pintado por mim.) 3. Reflexiva, quando a ação é praticada e sofrida pelo sujeito. (Ana feriu-se.) 8 Português Semântica dos tempos verbais: Modo: caracteriza as diferentes maneiras como podemos utilizar o verbo, dependendo da significação que pretendemos dar a ele. • Indicativo: expressa certeza de um fato. Ex.: Eu irei ao jogo. • Subjuntivo: expressa dúvida, possibilidade, hipótese, condição. Ex.: Querem que eu vá ao jogo. Se eu fosse ao jogo, sairia mais cedo. Se eu for ao jogo, avisarei. • Imperativo: expressa ordem, sugestão, súplica, pedido. Ex.: Empreste-me a borracha, por favor! Arrume essa bagunça! Tempo: indica o momento em que o processo verbal ocorre. Os tempos verbais podem ser simples (formados por apenas um verbo) ou compostos (formados pela locução “ter” (ou haver) + particípio do verbo). I) Simples Modo indicativo • Presente: Indica uma ação no momento da fala. Ex.: Eu acordo. Tu aprendes. Ele dorme. • Pretérito imperfeito: Indica uma ação ocorrida anteriormente ao momento da fala, de continuidade, habitual. Ex.: Eu acordava. Tu aprendias. Ele dormia. • Pretérito perfeito: Indica uma ação já realizada, concluída. Ex.: Eu acordei. Tu aprendeste. Ele dormiu. • Pretérito mais-que-perfeito: Indica uma ação passada, concluída antes de outro fato (ambos no passado). Ex.: Eu acordara. Tu aprenderas. Ele dormira. • Futuro do presente: Indica uma ação futura, que ainda irá acontecer. Ex.: Eu acordarei. Tu aprenderás. Ele dormirá. • Futuro do pretérito: Indica uma ação futura em relação ao passado, ação que teria acontecido em relação a um fato já ocorrido no passado. Ex.: Eu acordaria. Tu aprenderias. Ele dormiria. Modo subjuntivo • Presente: Expressa uma hipótese, desejo, suposição, dúvida que pode ocorrer no momento atual. Ex.: É conveniente que estudes para o exame. • Pretérito imperfeito: Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido. Também usado para expressar condição e desejo. Ex.: Eu esperava que ele pegasse o carro.. • Futuro: Enunciaum fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Também pode expressar possibilidade. Ex.: Quando ele vier à padaria, pegará as tortas. Compostos Modo indicativo • Pretérito perfeito: o auxiliar é flexionado no presente do indicativo. Ex.: Eu tenho dito. • Pretérito mais-que-perfeito: o auxiliar é flexionado no pretérito imperfeito do indicativo. Ex.: Eu tinha dito. • Futuro do presente: o auxiliar é flexionado no futuro do presente do indicativo. Ex.: Eu terei dito. • Futuro do pretérito: o auxiliar é flexionado no futuro do pretérito. Ex.: Eu teria dito. 9 Português Modo subjuntivo • Pretérito perfeito: o auxiliar é flexionado no presente do subjuntivo. Ex.: (Que) Eu tenha dito. • Pretérito mais-que-perfeito: o auxiliar é flexionado no pretérito imperfeito do subjuntivo. Ex.: (Se) Eu tivesse dito. • Futuro: o auxiliar é flexionado no futuro do subjuntivo. Ex.: (Quando) Eu tiver dito. Formas nominais Infinitivo impessoal: o processo verbal não possui um sujeito específico, ou seja, fala-se da ação por ela mesma. Ex.: Resolver problemas faz parte da vida adulta. Infinitivo pessoal: existe um sujeito envolvido na ação, o que a torna pessoal. Ex.: Trouxe alguns exercícios para eles resolverem. Gerúndio: indica uma noção de continuidade ao processo verbal. Muitas vezes, vem acompanhado por um verbo auxiliar. Ex.: Estou dirigindo. Viajando, expandimos nossa visão de mundo. Particípio: indica uma noção de finalização, conclusão da ação verbal. O particípio aparece nas locuções verbais de voz passiva analítica (ser + particípio) e de tempo composto (ter/haver + particípio). Ex.: Terminada a festa, os convidados já haviam partido. A festa teria acabado por volta das 5 da manjã. A reforma educacional deve ser aprovada pelos profissionais da área. 10 Português Exercícios 1. Os filhos de Anna eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. A autora emprega por duas vezes o conectivo “mas” no fragmento apresentado. Observando aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto. b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase. c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase. d) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor. e) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso. 2. (Espcex (Aman) 2017) Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram projetar do zero o genoma de um ser vivo (uma bactéria, para ser mais exato) e ‘instalá-lo’ com sucesso numa célula, como quem instala um aplicativo no celular. É um feito e tanto, sem dúvida. Paradoxalmente, porém, o próprio sucesso do americano Craig Venter e de seus colegas deixa claro o quanto ainda falta para que a humanidade domine os segredos da vida. Cerca de um terço do DNA da nova bactéria (apelidada de syn3.0) foi colocado lá por puro processo de tentativa e erro – os cientistas não fazem a menor ideia do porquê ele é essencial. (Folha de S. Paulo, 26/03/2016.) O texto informativo acima, que apresenta ao público a criação de uma bactéria apenas com genes essenciais à vida, contém vários conectivos, propositadamente destacados. Pode-se afirmar que a) para inicia uma oração adverbial condicional, pois restringe o genoma à condição de bactéria. b) e introduz uma oração coordenada sindética aditiva, pois adiciona o projeto à instalação do genoma. c) como introduz uma oração adverbial conformativa, pois exprime acordo ou conformidade de um fato com outro. d) porém indica concessão, pois expressa um fato que se admite em oposição ao da oração principal. e) para que exprime uma explicação: falta muito para a humanidade dominar os segredos da vida. 11 Português 3. O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade? Não. O riso básico – o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e da vocalização — nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas – que nós não somos capazes de perceber – e que eles emitem quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos animais é que não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada. Disponível em http://globonews.globo.com. Acesso em 31 maio 2012 (adaptado) A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele estabelece com a oração seguinte uma relação de a) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de vocalização dos ratos. b) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à vocalização dos ratos. c) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização dos ratos. d) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano causado no cérebro. e) proporção, já que à medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização dos ratos. 12 Português 4. O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área. No entanto, na primeira chance rubro- negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0. Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado). O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça. b) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo. c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência. d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado. e) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaramo Botafogo a fazer um bloqueio. 5. Aconteceu mais de uma vez: ele me abandonou. Como todos os outros. O quinto. A gente já estava junto há mais de um ano. Parecia que dessa vez seria para sempre. Mas não: ele desapareceu de repente, sem deixar rastro. Quando me dei conta, fiquei horas ligando sem parar – mas só chamava, chamava, e ninguém atendia. E então fiz o que precisava ser feito: bloqueei a linha. A verdade é que nenhum telefone celular me suporta. Já tentei de todas as marcas e operadoras, apenas para descobrir que eles são todos iguais: na primeira oportunidade, dão no pé. Esse último aproveitou que eu estava distraído e não desceu do táxi junto comigo. Ou será que ele já tinha pulado do meu bolso no momento em que eu embarcava no táxi? Tomara que sim. Depois de fazer o que me fez, quero mais é que ele tenha ido parar na sarjeta. […] Se ainda fossem embora do jeito que chegaram, tudo bem. […] Mas já sei o que vou fazer. No caminho da loja de celulares, vou passar numa papelaria. Pensando bem, nenhuma das minhas agendinhas de papel jamais me abandonou. FREIRE, R. Começar de novo. O Estado de S. Paulo, 24 nov. 2006 Nesse fragmento, a fim de atrair a atenção do leitor e de estabelecer um fio condutor de sentido, o autor utiliza-se de a) primeira pessoa do singular para imprimir subjetividade ao relato de mais uma desilusão amorosa. b) ironia para tratar da relação com os celulares na era de produtos altamente descartáveis. c) frases feitas na apresentação de situações amorosas estereotipadas para construir a ambientação do texto. d) quebra de expectativa como estratégia argumentativa para ocultar informações. e) verbos no tempo pretérito para enfatizar uma aproximação com os fatos abordados ao longo do texto. 13 Português 6. Enquanto isso, nos bastidores do universo Você planeja passar um longo tempo em outro país, trabalhando e estudando, mas o universo está preparando a chegada de um amor daqueles de tirar o chão, um amor que fará você jogar fora seu atlas e criar raízes no quintal como se fosse uma figueira. Você treina para a maratona mais desafiadora de todas, mas não chegará com as duas pernas intactas na hora da largada, e a primeira perplexidade será esta: a experiência da frustração. O universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele nunca prometeu nada, você é que escuta vozes. No dia em que você pensa que não tem nada a dizer para o analista, faz a revelação mais bombástica dos seus dois anos de terapia. O resultado de um exame de rotina coloca sua rotina de cabeça para baixo. Você não imaginava que iriam tantos amigos à sua festa, e tampouco imaginou que justo sua grande paixão não iria. Quando achou que estava bela, não arrasou corações. Quando saiu sem maquiagem e com uma camiseta puída, chamou a atenção. E assim seguem os dias à prova de planejamento e contrariando nossas vontades, pois, por mais que tenhamos ensaiado nossa fala e estejamos preparados para a melhor cena, nos bastidores do universo alguém troca nosso papel de última hora, tornando surpreendente a nossa vida. MEDEIROS, M. O Globo, 21 jun. 2015. Entre as estratégias argumentativas utilizadas para sustentar a tese apresentada nesse fragmento, destaca-se a recorrência de a) estruturas sintáticas semelhantes, para reforçar a velocidade das mudanças da vida. b) marcas de interlocução, para aproximar o leitor das experiências vividas pela autora. c) formas verbais no presente, para exprimir reais possibilidades de concretização das ações. d) construções de oposição, para enfatizar que as expectativas são afetadas pelo inesperado. e) sequências descritivas, para promover a identificação do leitor com as situações apresentadas. 7. (Fuvest 2019) Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade ou mistificação. Tomo de empréstimo a formulação de Hans Blumenberg do mito político como um processo contínuo de trabalho de uma narrativa que responde a uma necessidade prática de uma sociedade em determinado período. Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o problema da verdade. Seu discurso não pretende ter validade factual, mas também não pode ser percebido como mentira (do contrário, não seria mito). O mito político confere um sentido às circunstâncias que envolvem os indivíduos: ao fazê‐los ver sua condição presente como parte de uma história em curso, ajuda a compreender e suportar o mundo em que vivem. (ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.) Sobre o sujeito da oração “em que vivem”, a) expressa indeterminação, cabendo ao leitor deduzir a quem se refere a ação verbal. b) está oculto e visa evitar a repetição da palavra “circunstâncias”. c) é uma função sintática preenchida pelo pronome “que”. d) é indeterminado, tendo em vista que não é possível identificar a quem se refere a ação verbal. e) está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em “fazê‐los”. 14 Português 8. Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais. Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar. LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004. Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”. b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”. c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”. e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”. 9. “Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis falavam mal das vespas de cintura fina – achando que era exagero usar coletes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados e de gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E canários cantando, e beija-flores beijando as flores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo.” (LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho) No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio, que servem para caracterizar o ambiente descrito. Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e “pequeninando e não mordendo” criam, principalmente, efeitos de: a) esvaziamento de sentido b) monotonia do ambiente c) estaticidade dos animais d) interrupção dos movimentos e) dimamicidade do cenário 15Português 10. Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira- me ã toa, sem querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó. RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1998. Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a progressão temática. No fragmento, esse processo é indicado pela a) alternância das pessoas do discurso que determinam o foco narrativo. b) utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos variados. c) indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os eventos narrados. d) justaposição de frases que relacionam semanticamente os acontecimentos narrados. e) recorrência de expressões adverbiais que organizam temporalmente a narrativa. 16 Português Gabarito 1. E Na primeira ocorrência, o “mas” estabelece relação de oposição. Já no segundo, assume valor de adição, pois está somando uma ideia à outra. 2. B As opções [A], [C], [D] e [E] são incorretas, pois a) para inicia uma oração adverbial final; b) como introduz uma oração adverbial comparativa; c) porém indica adversidade e não concessão; d) para que exprime finalidade. A conjunção “e” apresenta noção de adição, o que valida a opção [B]. 3. C Há uma relação de condição, pois o rato apenas deixa de fazer a vocalização se o cientista provocar um dano em um local específico do seu cérebro. 4. D A conjunção concessiva introduz um fato que deveria impedir outro, mas não o faz. Dessa forma, notamos que ter mais posse de bola não impede que o time enfrente dificuldades. 5. C A utilização de frases estereotipadas, próprias de um contexto amoroso, desperta o interesse do leitor para uma possível história de amor não correspondida. 6. D Ao longo da argumentação, a narradora usa recursos argumentativos que reforçam os contrastes, como o uso da conjunção adversativa “mas”, de ideias contrastantes. Isso corrobora também o caráter argumentativo pelo uso do operador argumentativo, introduzindo o argumento mais forte. 7. E A oração “em que vivem” apresenta sujeito oculto, elíptico ou desinencial. Remete ao termo “indivíduos”, referido também no pronome oblíquo “os” da expressão verbal “fazê‐los”. 8. A Comecemos, então, de trás para frente. A opção E está incorreta, já que, embora apresente uma anáfora, como é sugerido, o trecho a que se faz referência não é “janela do jornal”, mas “levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando”. Na opção D também encontramos uma assertiva incorreta, já que, na verdade, “nisso” não antecipa uma informação, mas retoma o elemento “escritor”. Na opção C, o elemento o qual se refere os pronomes “isso” é “botar a cara na janela em crônica de jornal”, o que torna a opção incorreta. Isso, por sua vez, é o que torna a opção A correta, já que o elemento a que o pronome “nisso” faz referência é o mesmo, sendo a referencia uma catáfora, isto é, uma introdução do elemento a ser enunciado posteriormente. A opção B, portanto, também é incorreta, já que o termo “assim” não faz referência a um elemento presente no texto, mas cumpre a função de um adjetivo. 17 Português 9. E Os verbos no gerúndio dão ideia de ações contínuas, que acontecem ao mesmo momento da fala. Dessa forma, os neologismos com terminações em “-ndo” dão ideia de dinamicidade do cenário. 10. B A estrutura prototípica do texto narrativo apresenta a mescla entre diferentes tempos verbais. Assim, pode- se encontrar no fragmento a presença de verbos no presente e pretérito perfeito. 1 Português Figuras de Linguagem Resumo Figuras de linguagem ou figuras de estilo são recursos expressivos de que se vale um autor para comunicar-se com mais força, intensidade, originalidade e até subjetividade. Elas podem ser classificadas em: figuras de palavra; figuras de construção; figuras de pensamento. Figuras de Palavras Metáfora: é a alteração do significado próprio de um palavra, advindo de uma comparação mental ou característica comum entre dois seres ou fatos. Ex: “ O pavão é um arco-íris de plumas” (Rubem Braga) “Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos” (Cartola) Comparação: ocorre pelo confronto de pessoas ou coisas, a fim de lhes destacar características, traços comuns, visando a um efeito expressivo. Ex.: “A Via láctea se desenrolava Como um jorro de lágrimas ardentes” (Olavo Bilac) “De sua formosura deixai-me que diga: é tão belo como um sim numa sala negativa.” (João Cabral de Melo Neto) Obs.: Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos por nexos comparativos ( tal, qual, como, assim como, etc.). Hitler foi cruel como um monstro. (comparação) Hitler foi um monstro. (metáfora) Metonímia: Consiste na substituição de uma palavra por outra, com a qual mantém uma relação lógica. É importante ressaltar que essa troca não se dá por sinonímia, mas porque uma evoca/alude a outra. Há metonímia quando se emprega: • Efeito pela causa Os aviões semeavam a morte. [= bombas mortíferas (causa)] • O autor pela obra: Adorava seu Picasso e lia Machado de Assis. 2 Português • O continente pelo conteúdo: O Brasil chorou a morte de Ayrton Senna. • O instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo. [ = comilão] • O signo pela coisa significada A solução para o país é a ascensão da Coroa. [ Coroa = governo monárquico] • lugar pelos seus habitantes ou produtos: A América reagiu negativamente ao novo presidente. • O abstrato pelo concreto: A juventude acha que é onipotente. [a juventude = os jovens] • A parte pelo todo: “O bonde passa cheio de pernas” (Carlos Drummond de andrade) [ pernas = pessoas] • O singular pelo plural: O homem é corruptível. [ o homem = os homens] • O indivíduo pela espécie ou classe: O Judas da classe [ = o traidor] Os mecenas das artes. [ = os protetores] Figuras de pensamento Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se pretende falar. Exemplo: Ela não sabe escrever mesmo… Tirou 1000 na redação! Gradação: Enumeração gradativa (que aumenta ou diminui pouco a pouco) dentro de uma mesma ideia. Exemplo: De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada. Sinestesia: É caracterizada pela combinação e mistura de diferentes sensações, provenientes de diferentes sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição). Exemplo: O cheiro doce e verde do campo lembra a minha infância. Personificação (prosopopeia): É a atribuição de características de seres animados a seres não humanos. Exemplo: Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim. Hipérbole: É um exagero de ideias. Exemplo: “Eu nasci há 10 mil anos atrás E não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais” (Raul Seixas) 3 Português Antítese: É a utilização de termos que se opõem quanto ao seu sentido, ou seja, são palavras de sentidos opostos. Exemplo: O calor e o frio vivem em meu peito. Paradoxo: É a utilização de termos que se opõem contraditoriamente. Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente” (Luís de Camões) Eufemismo: É a suavização de uma ideia, de um fato. Exemplo: O governo procederá ao reajuste de taxas. (em vez de aumento) Antônio partiu dessa para melhor. (em vez de morreu) Figuras de construção Elipse: É a omissão de um termo que o contexto ou a situaçãopermitem facilmente suprimir. Exemplo: Deste lado da estrada, montanhas e daquele, rios. Zeugma: Essa figura de construção é uma das formas da elipse. Entretanto, consiste em participar de dois ou mais enunciados um termo apresentado em apenas um deles. Exemplo: Fui ao shopping e comprei uma blusa e também um casaco. Pleonasmo: É a repetição desnecessária de palavras para enunciar uma ideia. Exemplo: Entre já para dentro! A protagonista principal do filme ‘O sorriso de Monalisa’ é Julia Roberts. Hipérbato: É a inversão da ordem direta das palavras na oração, ou da ordem das orações no período, com finalidade expressiva. • Ordem direta: Você ainda tem muito a aprender. Polissíndeto: É o emprego repetitivo de conjunções coordenativas, especialmente das aditivas. Diferentemente do assíndeto, que é um processo de encadeamento de palavras sem conjunções. Exemplos: "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." - Polissíndeto. (Olavo Bilac) 4 Português "Vim, vi, venci." - Assíndeto. (Júlio César) Silepse: É a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, ou seja, com as ideias que elas expressam. • Gênero: Vossa excelência parece chateado. • Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente. • Pessoa: Os brasileiros somos lutadores. Anáfora: Ocorre quando uma mesma palavra ou várias, são repetidas sucessivamente, no começo de orações, períodos, ou em versos. Exemplo: “Quando não tinha nada, eu quis Quando tudo era ausência, esperei Quando tive frio, tremi Quando tive coragem, liguei” (...) À primeira vista - Daniela Mercury As figuras de linguagens sonoras combinam elementos sonoros porque estão relacionadas aos aspectos fonéticos e fonológicos da linguagem. Seus objetivos são o de explorar musicalidades possíveis com as combinações das palavras e produzir efeitos sinestésicos. Figuras de som Aliteração: É a repetição de fonemas idênticos ou semelhantes para sugerir acusticamente algum elemento, ato, fenômeno. Aparece como efeito estilístico em prosas poéticas ou poesias. Exemplo: “(...) Rato Rato que rói a roupa Que rói a rapa do rei do morro Que rói a roda do carro Que rói o carro, que rói o ferro Que rói o barro, rói o morro (...) (Chico Buarque) Assonância: Segue o mesmo princípio que a aliteração, mas nesse caso as repetições sonoras são de fonemas vocálicos idênticos ou semelhantes. Exemplo: “(...) A linha feminina é carimá Moqueca, pititinga, caruru Mingau de puba, e vinho de caju Pisado num pilão de Piraguá.(...)” (Gregório de Matos) 5 Português Paronomásia: É a combinação e/ou o uso de palavras que apresentam semelhança fônica ou mórfica, mas possuem sentidos diferentes. Exemplo: “(...) Berro pelo aterro Pelo desterro Berro por seu berro Pelo seu erro Quero que você ganhe Que você me apanhe. Sou o seu bezerro Gritando mamãe (...)”. (Caetano Veloso) Onomatopeia: É uma figura de linguagem que busca reproduzir de forma aproximada palavras que representem um som natural. Exemplo: Passa, tempo, tic-tac Tic-tac, passa, hora Chega logo, tic-tac Tic-tac, e vai-te embora Passa, tempo Bem depressa (...) (Vinícius de Moraes) 6 Português Exercícios 1. Examine a tira de Steinberg, publicada em seu Instagram no dia 20.08.2018. Tradução: 1º e 2º quadrinhos: “Não remova o cartão” 3º quadrinho: “Por favor, remova o cartão” 4º quadrinho: “Brincadeira! Faça tudo de novo” Colabora para o efeito de humor da tira o recurso à figura de linguagem denominada a) eufemismo b) pleonasmo c) hipérbole d) personificação e) sinestesia 7 Português 2. Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para a) condenar a prática de exercícios físicos. b) valorizar aspectos da vida moderna. c) desestimular o uso das bicicletas. d) caracterizar o diálogo entre gerações. e) criticar a falta de perspectiva do pai. 3. O passado anda atrás de nós como os detetives os cobradores os ladrões o futuro anda na frente como as crianças os guias de montanha os maratonistas melhores do que nós salvo engano o futuro não se imprime como o passado nas pedras nos móveis no rosto das pessoas que conhecemos o passado ao contrário dos gatos não se limpa a si mesmo aos cães domesticados se ensina a andar sempre atrás do dono mas os cães o passado só aparentemente nos pertencem pense em como do lodo primeiro surgiu esta poltrona este livro este besouro este vulcão este despenhadeiro à frente de nós à frente deles corre o cão (Ana Martins Marques. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.) Nos versos de 1 a 6, a poeta vale-se de um recurso para caracterizar tanto o passado quanto o “futuro”. Esse recurso consiste na construção de a) Índices de ironia b) Escala de gradações c) Relações de comparação d) Sequência de personificações e) Contraste de eufemismos 8 Português 4. (…) Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou. (…) (A dança do universo, 2006. Adaptado.) Em “Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador” (3º parágrafo), a expressão sublinhada constitui um exemplo de a) Eufemismo b) Pleonasmo c) Hipérbole d) Metonímia e) Paradoxo 5. Considerando-se a análise dos pressupostos e subentendidos relacionados com os elementos verbais e não verbais desse cartum, é correto afirmar que nele está presente um recurso estilístico denominado: a) comparação, cotejando os valores e o lugar dos sujeitos em uma sociedade excludente. b) paradoxo, sugerindo uma incompatibilidade ideológica referente aos que representam a força e a fraqueza. c) oxímoro, explicitando, através de conceitos contrários, elementos que se complementam no contexto público. d) antítese, denunciando, por meio de figuras e vocábulos antagônicos, a desigualdade, a opressão e a exploração social. e) metonímia, substituindo os indivíduos e suas classes sociais por nomes que apresentam entre si ideias contraditórias. 9 Português 6. O texto todo é construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é denominada de: a) Elipse b) Metáfora c) Metonímia d) personificação e) hipérbole 10 Português 7. Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o morro do Castelo, por mais que ouvissem falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como o clube. 1O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. Não obstante, 2continuavam a subir, como se fosse penitência, devagarinho, cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que desciam ou subiam, lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam espantados para elas, que aliás vestiam com grande simplicidade; mas há um 3donaire que se não perde, e não era vulgar naquelas alturas. 4A mesma lentidão no andar, comparada à rapidez das outras pessoas, fazia desconfiar que era a primeira vez que aliiam. (…) (Machado de Assis. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.) “O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas.” Nessa frase, um recurso de linguagem é utilizado para reforçar o incômodo das personagens. Esse recurso é denominado: a) Paráfrase b) Gradação c) Eufemismo d) Exemplificação e) Metáfora 11 Português 8. Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor combina eufemismos com outros recursos ou figuras de linguagem. O exemplo em que o humor é produzido por meio da superposição entre um eufemismo e uma comparação entre elementos distintos é: a) despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral (l. 5-6) b) acumulação privada de riqueza é democracia; (l. 9-10) c) Ora, poderia dizer que sou seminovo! (l. 14-15) d) são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como está. (l. 17-18) 9. Na frase: “Faria isso mil vezes novamente, se fosse preciso.”, encontra-se a seguinte figura de linguagem a) metáfora. b) hipérbole. c) eufemismo. d) antítese. e) personificação. 12 Português 10. “Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,” O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já enunciados. No texto, entretanto, ele tem um uso incomum, já que permite subentender um termo não enunciado. Esse uso indica um recurso assim denominado: a) elipse b) catáfora c) designação d) modalização e) inversão 13 Português Gabarito 1. D As figuras de linguagem mencionadas em [A], [B], [C] e [E] atribuem recursos que não foram usados para conferir efeito de humor à tirinha, já que não existe substituição de palavra com sentido triste ou grosseiro por outra de sentido mais suave, redundância de termo, exagero de significação linguística ou associação de sensações de caráter distinto. O que colabora com o efeito de humor da tirinha é a imagem de um visor de caixa automático que ultrapassa a sua função rotineira de comando de operações para “falar” com o usuário de forma jocosa, o que configura uma personificação. 2. E Para a personagem, a bicicleta que nunca sai do lugar estabelece um ponto de intersecção com o comportamento do pai. O sentido da metáfora reside aí, pois o menino estabeleceu uma analogia entre bicicleta e pai, que se esforça, mas parece não conseguir alcançar seus objetivos. 3. C Nos primeiros versos, a poeta tece uma série de comparações para caracterizar o passado (“como os detetives os cobradores os ladrões”) e o futuro (“como as crianças os guias de montanha”). 4. E A expressão “revolucionário conservador” constitui um paradoxo, raciocínio que contém contradições em sua estrutura pela fusão de dois sentidos numa mesma ideia, criando um efeito de incoerência ou ilogismo. 5. D A antítese acontece entre a imagem e o texto escrito, onde os “fracos” sustentam aqueles chamados de “fortes”. 6. B A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O poema começa a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são pássaros", isto é, que os poemas são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que "eles alçam voo", "eles" refere-se apenas aos pássaros, que, no entanto, encontram-se no lugar dos poemas. 7. B O aspecto da ladeira é apresentado, como bem aponta a alternativa [B], gradativamente, o que intensifica a percepção dos obstáculos do calçado. As características do piso pelo qual as personagens têm de caminhar são colocadas uma após a outra a fim de enfatizar o esforço das mulheres não acostumadas a andar por ruas como aquelas. 8. C Frei Betto lembra que a expressão “terceira idade” é um eufemismo para “velho”, atenuando as conotações negativas da velhice. A seguir ele recorre ao humor, usando um eufemismo geralmente utilizado para automóveis velhos, o de “seminovo”, para se referir a si mesmo, um homem já de certa idade (homem velho). 9. B É possível perceber a ideia propositalmente exagerada em “mil vezes”. 14 Português 10. A O termo se refere a “ela”, porém a ideia é entendida pelo contexto e não porque o termo foi mencionado. 1 Português Funções da Linguagem Resumo Você já deve saber que podemos utilizar vários recursos para nos comunicarmos com alguém, como gestos, imagens, músicas ou olhares. No entanto, a linguagem é a forma mais abrangente e efetiva que possuímos e, dependendo de nossa mensagem, podemos fazer inúmeras associações e descobrir o contexto ou a circunstância que aquela intenção comunicativa foi construída. Existem dois tipos de linguagem, a verbal e a não-verbal. Na primeira, a comunicação é feita por meio da escrita ou da fala, enquanto a segunda é feita por meio de sinais, gestos, movimentos, figuras, entre outros. A linguagem assume várias funções, por isso, é muito importante saber as suas distintas características discursivas e intencionais. Em primeiro lugar, devemos atentar para o fato de que, em qualquer situação comunicacional plena, seis elementos estão presentes: • Emissor: É o responsável pela mensagem. É ele quem, como o próprio nome sugere, emite o enunciado. • Receptor: A quem se direciona o que se deseja falar; o destinatário. • Mensagem: O que será transmitido, a “tradução” de uma ideia. • Referente: O assunto, também chamado de contexto. • Canal: Meio pelo qual será transmitido a mensagem. • Código: É o recurso/instrumento com o qual a linguagem é produzida. Cada uma das seis funções que a linguagem desempenha está centrada em um dos elementos acima, ou na forma como alguns desses elementos se relacionam com os outros. Veja a seguir três delas: 1. Metalinguística Refere-se ao próprio código. Por exemplo: - A palavra “analisar” é escrita com “s” ou com “z”? - “Analisar” se escreve com “s”, Marcelo. Consiste no uso do código para falar dele próprio, ou seja, a linguagem para explicar a própria linguagem. Pode ser encontrada, por exemplo, nos dicionários, em poemas que falam da própria poesia, em músicas que falam da própria música. 2. Conativa ou Apelativa Procura influenciar o receptor da mensagem. É centrada na segunda pessoa do discurso e bastante comum em propagandas. Por exemplo: “Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória.” (Gregório de Matos) 2 Português Essa função encerra um apelo, uma intenção de atingir o comportamento do receptor da mensagem ou chamar a sua atenção. Para identificá-la, devemos observar o uso do vocativo, pronomes na segunda pessoa, ou pronomes de tratamento, bem como verbos no modo imperativo. 3. Emotiva ou Expressiva De forma simplista, pode-se dizer que expressa sentimentos, emoções e opiniões. Está centrada no próprio emissor – e, por isso, aparece na primeira pessoa do discurso. Que me resta, meu Deus? Morra comigo A estrela de meus cândidos amores. Já que não levo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores. (Álvares de Azevedo) Aqui, devemos observar marcas de subjetividade do emissor, como seus sentimentos e impressões a respeito de algo expressados pela ocorrência de verbos e pronomes na primeira pessoa, adjetivação abundante, pontuação expressiva (exclamações e reticências), bem como interjeições. 4. Referencial Centraliza-se no contexto, no referente. Transmite dados e informações de maneira objetiva, direta, impessoal. A dissertação argumentativa é um tipo de texto em que um determinado ponto de vista é defendido de maneira objetiva, a partir da utilização de argumentos. Outros exemplos são textos jornalísticos, contúdos de livrosdidáticos e apostilas. 5. Fática Está centrada no canal. Objetiva estabelecer, prolongar ou interromper o processo de comunicação. — Olá, como vai? — Alô! 3 Português A função fática envolve o contato entre o emissor e o receptor, seja para iniciar, prolongar, interromper ou simplesmente testar a eficiência do canal de comunicação. Na língua escrita, qualquer recurso gráfico utilizado para chamar atenção para o próprio canal (negrito, mudar o padrão de letra) constitui um exemplo de função fática. 6. Poética Centraliza-se na própria mensagem. É o trabalho poético realizado em um determinado contexto. “De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.” (Vinícius de Morais) Como é centrada na própria mensagem, a função poética existe, predominantemente, em textos literários, resultantes da elaboração da linguagem, por meio de vários recursos estilísticos que a língua oferece. Contudo, é comum, hoje, observarmos textos técnicos que se utilizam de elementos literários para poder evidenciar um determinado sentido. Obs.: Em um texto, é comum haver a manifestação de mais de uma função da linguagem. No entanto, na maioria da vezes, com a predominância de uma sobre a(s) outra(s). 4 Português Exercícios 1. - Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada. - Misturo coisas quando falo, não desconheço, são as palavras que me empurram, mas estou lúcido, pai, sei onde me contradigo, piso quem sabe em falso, pode até parecer que exorbito, e se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro. Mesmo confundindo, nunca me perco, distingo para o meu uso os fios do que estou dizendo. (Lavoura Arcaica, Raduan Nassar) Nos textos, em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No trecho acima, além da manifestação da função apelativa, há a predominância da função a) metalinguística, o discurso do enunciador tem como foco o próprio código. b) fática, já que o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação. c) expressiva, pois o enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito. d) referencial, já que o referente é o elemento que se sobressai sobre os demais. e) poética, pois a forma da mensagem é predominante em relação ao conteúdo. 2. 14 coisas que você não deve jogar na privada Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente e os animais. Também deixa mais difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar entupimentos: • Cotonete • medicamento e preservativo; • óleo de cozinha; • ponta de cigarro; • poeira de varrição de casa; • fio de cabelo e pelo de animais; • tinta que não seja à base de água; • querosene, gasolina, solvente, tíner. Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a destinação final adequada. MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável, jul.-ago. 2013 (adaptado). O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função conativa da linguagem, predomina também nele a função referencial, que busca a) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que beneficiarão a sustentabilidade do planeta b) informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre como fazer o correto descarte de alguns dejetos. c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do autor do texto em relação ao planeta. d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre ações de sustentabilidade está sendo compreendida. e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos utilizados de forma a proporcionar melhor compreensão do texto. 5 Português 3. O exercício da crônica Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um assunto qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, restar-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado. (MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia das Letras, 1991). Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista. b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista. c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica. d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica. e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica. 4. http://www.caceres.mt.gov.br/Noticia/5706/ saude-intensifica-acoes-de-combate-ao-mosquito-aedes-aegypti-#.XX-SWShKjIV 6 Português Todo texto apresenta uma estratégia argumentativa, da qual se derivam as escolhas linguísticas que o compõem. No caso da campanha contra a dengue, a composição textual é pautada por uma estratégia de a) exposição, pois informa o assunto de modo isento, colocando em foco a função referencial da linguagem. b) descritiva, pois descreve as ações necessárias ao combate à dengue, predominando o tipo textual injuntivo. c) comoção, pois utiliza a emoção para conscientizar a população, predominando a função conativa da linguagem. d) provocação, pois a capacidade da população em atender ao pedido é questionada. e) narração, pois utiliza a função poética da linguagem a fim de convencer o interlocutor a combater a dengue. 5. A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações. DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Predomina no texto a função da linguagem a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia. b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação. c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem. d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor. e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. 6. Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fi de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular. O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso e flimes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”, diz o brasileiro LuisMauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço. Concorda?” Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 25jun. 2014 (adaptado). Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque há a presença de elementos que a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo. b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora,. c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva. d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa. e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação. 7 Português 7. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da população negra, especialmente da mulher negra, em imagens de produtos de beleza presentes em comércios do nordeste goiano. Evidencia-se que a presença de estereótipos negativos nessas imagens dissemina um imaginário racista apresentado sob a forma de uma estética racista que camufla a exclusão e normaliza a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do material imagético aponta a desvalorização estética do negro, especialmente da mulher negra, e a idealização da beleza e do branqueamento a serem alcançados por meio do uso dos produtos apresentados. O discurso midiático- publicitário dos produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética racista construída e atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o uso de estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os sujeitos negros por meio de sua valorização estética e protagonismo na construção de uma ética da diversidade. Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade. SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens Interdisciplinar.Versão digital. Abaetetuba, n.16,jun. 2017 (adaptado). O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca característica do gênero resumo de artigo acadêmico. Na estrutura desse texto, essa função é estabelecida pela a) impessoalidade, na organização da objetividade das informações, como em “Este artigo tem por finalidade” e “Evidencia-se”. b) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em “imaginário racista” e “estética do negro”. c) metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como nas expressões “descolonização estética” e “discurso midiático-publicitário”. d) nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na formação de palavras, como “inferiorização” e “desvalorização”. e) adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista, como em “ética da diversidade” e “descolonização estética”. 8 Português 8. O canto do guerreiro Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. — Ouvi-me, Guerreiros, — Ouvi meu cantar. Valente na guerra, Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? — Guerreiros, ouvi-me; — Quem há, como eu sou? (Gonçalves Dias.) Macunaíma (Epílogo) Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói? (Mário de Andrade.) Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto. b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal. c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena. d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no relato de informações reais. e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro. 9 Português 9. Observe esta gravura de Escher: Na linguagem verbal, exemplos de aproveitamento de recursos equivalentes aos da gravura de Escher encontram-se, com frequência, a) nos jornais, quando o repórter registra uma ocorrência que lhe parece extremamente intrigante. b) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos que têm a mesma utilidade. c) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e distanciamento a experiência de quetrata. d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos construtivos do discurso. e) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma determinada sequência de operações. 10. O telefone tocou. — Alô? Quem fala? — Como? Com quem deseja falar? — Quero falar com o sr. Samuel Cardoso. — É ele mesmo. Quem fala, por obséquio? — Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel? Faça um esforço. — Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata? (ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.) Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função a) metalinguística. b) fática. c) referencial. d) emotiva. e) conativa. 10 Português Gabarito 1. C A função da linguagem predominante é a expressiva, pois os sentimentos, atitudes e estado do emissor são o foco da mensagem. Além disso, pode-se notar o uso recorrente da 1ª pessoa. 2. B A função referencial está focada no aspecto informacional. Dessa forma, o aspecto de orientação é apropriado a este tipo de comunicação. 3. E Uma vez que a mensagem do texto é centrada em seu próprio código, a função da linguagem que predomina é a metalinguística. No texto, o cronista apresenta, por meio de uma crônica, alguns entraves encontrados por quem escreve esse gênero textual. 4. C A campanha publicitária utiliza a emoção para provocar a reflexão e a comoção sobre o combate à dengue, além de utilizar o imperativo, que é uma característica da função conativa/apelativa. 5. E Nota-se que a mensagem do texto está centrada em seu referente e ele é exterior à linguagem e ao processo comunicativo, isto é, o texto trata de noções e informações conceituais. A função de linguagem predominante nesse texto é a referencial. 6. D O fragmento retirado da Revista Veja informa sobre o aplicativo “Whatscine”. Assim, utiliza-se a linguagem denotativa para informar sobre essa nova criação, sendo, portanto, predominante a função referencial da linguagem. Mais uma vez, o assunto clássico sendo cobrado na prova do ENEM. 7. A A função referencial tem como foco o contexto de produção da mensagem, além de ter como forma a objetividade da linguagem. O texto pode ser considerado referencial pelo uso da linguagem denotativa. 8. C A presença de interlocução mostra a manifestação da função apelativa da linguagem, inviabilizando a alternativa A; em ambos os textos predomina a linguagem formal, inviabilizando a alternativa B; no primeiro texto, não há evidencia na forma de organizaçãoda linguagem, inviabilizando a alternativa D; a função emotiva da linguagem está presente no primeiro texto e não no segundo. Por fim, é possível verificar que há pelo menos uma palavra de origem indígena em cada texto. 9. D Na imagem, é possível perceber a manifestação da função metalinguística, em que é vista a imagem do pintor desenhando. Essa função é muito utilizada em poemas que falam sobre a própria construção do poema. 11 Português 10. B A função fática é aquela responsável por testar/estabelecer a comunicação. Assim, a insistência em manter a conversa pelo telefone evidencia a função fática da linguagem. 1 Português Gêneros Textuais Resumo Gêneros Textuais Os gêneros textuais são classificados conforme as características comuns que os textos apresentam em relação à linguagem e ao conteúdo. Existem muitos gêneros textuais, os quais promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e receptor) de determinado discurso. São exemplos resenha crítica jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante, bilhete ou lista de supermercado. É importante considerar seu contexto, função e finalidade, pois o gênero textual pode conter mais de um tipo textual. Isso, por exemplo, quer dizer que uma receita de bolo apresenta a lista de ingredientes necessários (texto descritivo) e o modo de preparo (texto injuntivo). São exemplos de gêneros textuais: • Notícia • Reportagem • Editorial • Tirinhas • Charges • Fábulas • Romance • Novela • Entrevista • Receita • Diário • Crônica • Dissertação • Piada • E-mail/carta • Biografia • Manual • Bula de remédio • Artigo de opinião • Aforismo 2 Português 3 Português Exercícios 1. Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. [...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré- história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento). A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, notase essa peculiaridade porque o narrador: a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem. c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. d) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção. 4 Português 2. Mudança Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. Afolhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio. As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra. RAMOS, G. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2008 (fragmento). Valendo-se de uma narrativa que mantém o distanciamento na abordagem da realidade social em questão, o texto expõe a condição de extrema carência dos personagens acuados pela miséria. O recurso utilizado na construção dessa passagem, o qual comprova a postura distanciada do narrador, é a: a) caracterização pitoresca da paisagem natural. b) descrição equilibrada entre os referentes físicos e psicológicos dos personagens. c) narração marcada pela sobriedade lexical e sequência temporal linear. d) caricatura dos personagens, compatível com o aspecto degradado que apresentam. e) metaforização do espaço sertanejo, alinhada com o projeto de crítica social. 8 Português 3. Querido diário Hoje topei com alguns conhecidos meus Me dão bom-dia, cheios de carinho Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus Eles têm pena de eu viver sozinho [...] Hoje o inimigo veio me espreitar Armou tocaia lá na Curva do rio Trouxe um porrete a mó de me quebrar Mas eu não quebro porque sou macio, viu HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro:Biscoito Fino, 2013 (fragmento). Uma característica do gênero diário que aparece na letra da canção de Chico Buarque é o(a): a) diálogo com interlocutores próximos. b) recorrência de verbos no infinitivo. c) predominância de tom poético. d) uso de rimas na composição. e) narrativa autorreflexiva. 5 Português 4. Anfíbio com formato de cobra é descoberto no Rio Madeira (RO) Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina. Exemplares estão no Museu Emilio Goeldi, no Pará O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um anfíbio de formato parecido com uma cobra. Atretochoana eiselti é o nome científico do animal raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia registro do anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília. Nenhum deles tem a descrição exata de localidade, apenas “América do Sul”. A descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada. XIMENES, M. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 1 ago. 2012. A notícia é um gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, essa predominância evidencia-se pelo(a) a) recorrência de verbos no presente para convencer o leitor. b) uso da impessoalidade para assegurar a objetividade da informação. c) questionamento do código linguístico na construção da notícia. d) utilização de expressões úteis que mantêm aberto o canal de comunicação com o leitor. e) emprego dos sinais de pontuação para expressar as emoções do autor. 5. Diga não ao não Quem disse que alguma coisa é impossível? Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que, segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido. “Impossível”. “Impraticável”. “Não”. E ainda assim, sim. Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a bordo de um avião, impulsionado por um motor aeronáutico. Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores empreendedores
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