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Aula 27 - Pediatria - Nem toda dor abdominal é uma doença que deve ser investigada patologicamente - Dor ao lado esquerdo geralmente está ligado a constipação (cólon descendente e sigmoide) - Parada no intestino pode ser processo inflamatório ou obstrutivo - Pancreatite em criança é causada pelo vírus da caxumba - Importante anamnese completa e minuciosa ANAMNESE - Como se obter uma boa história, algumas perguntas podem ajudar: • Motivo da procura pelo atendimento • Paciente apresenta expectativas ou suposto diagnóstico • Existe histórico de problemas abdominais ou intestinais • Trânsito intestinal regular? • Problemas ou alergias alimentares? • História de cirurgia associada ao problema? • Realiza atividade física regular? • Existem alterações de apetite? • Apresenta relação com as refeições? • Como está o hábito intestinal? - Sempre lembrar de perguntar quanto a duração e intensidade - Qualidade da dor (contínua, em cólica, aperto, facada) - De onde vem e para onde vai EXAME FÍSICO - Abordagem especial para examinar - Ambiente tranquilo e silencioso - Preservar privacidade - Colocar-se a direita do paciente - Expor todo o abdome do mamilo até região pubiana - Sempre comunicar o que será feito - Por que dividir o abdome? • Função: Facilitar descrição clínica e relação anatômica • Divisão: 4 quadrantes e 9 regiões • Quadrantes: superior direito e esquerdo, inferior direito e esquerdo - Sempre lembrar da ordem: inspeção, ausculta, percussão e palpação DOR ABDOMINAL - Inicialmente inespecífica, dor abdominal difusa - Crianças normalmente não conseguem contar a história - Alguns casos necessitam de diagnóstico rápido: apendicite - Quando atinge o peritônio o processo inflamatório está mais efetivo tornando assim uma dor mais localizada - A idade da criança pode dizer qual a possível causa da dor, sendo: • Neonatos e lactentes: Doenças congênitas ou ligadas à prematuridade (intussuscepção, volvo e obstrução intestinal) • Escolar: Infecções e constipação idiopática são mais comuns • Adolescentes: Menstruação, torção intestinal ou ovariana e infecções sexualmente transmissíveis são mais frequentes CAUSAS DE DORES ABDOMINAIS AGUDAS NÃO CIRÚRGICAS CIRÚRGICAS • Dispepsias • Constipação Intestinal • Gastroenterocolites • Parasitoses Intestinais • Pancreatite Aguda • Hepatite Aguda • Apendicite aguda. • Obstrução intestinal • Invaginação intestinal • Torções intestinais e de ovário • Peritonite aguda - Volvo Sigmóide é cirúrgico → Intestino faz uma rotação/obstrução dos vasos da artéria mesentérica passando pelo processo de isquemia, pode causar síndrome do intestino curto devida cirurgia de retirada de parte do intestino, crianças até 1 ano INVAGINAÇÃO INTESTINAL - Pode estar ligada a doenças que levam o aumento dos linfonodos abdominais - Intestino delgado entrando no intestino grosso primeira obstrução é a veia, porém a artéria continua mandando sangue. Se tem edema e sangue extravasa podendo oxidar e causar as fezes em geleia de morango indicando um sofrimento de alça. - Diagnóstico é clínico • Podendo ser realizada um USG - Tratamento colonoscópio APENDICITE AGUDA - Atentar-se ao exame físico ESCALA DE ALVARADO • Dor que migra para FID • Anorexia • Náuseas e vômitos • Dor a palpação em FID • Descompressão dolorosa em FID • Febre • Leucocitose 1 1 1 1 2 1 3 <4: Não contribui para diagnóstico de apendicite 4-7: Requer exames complementares 7>: Abordagem Cirúrgica - Sinais abdominais clássicos: • Dor à palpação no QID (sinal de McBurney) com ou sem defesa • Rigidez abdominal • Dor à descompressão brusca presente (DB+) - Sinal de Rovsing: • Compressão do QIE pode provocar dor no QID - Irritação Peritoneal: • Paciente permanece deitado e tenta não se mover TRAUMA - Dor abdominal desproporcional - Sinais de lesões acidentais: Marca de cinto de segurança • Aumenta a probabilidade de lesões intra-abdominais, principalmente se houver fratura lombar ou taquicardia persistente. Aula 27 - Pediatria - Sinais de lesões não acidentais: Queimaduras de cigarro, escoriações e hematomas) EXAMES COMPLEMENTARES - Hemograma completo → Avaliação de infeções e inflamações - Bioquímico completo → Distúrbios eletrolíticos associados são comuns - Enzimas hepáticas → Para descartar hepatobiliares ou pancreáticas - Amilase sérica e a lipase → Suspeita de pancreatite - Velocidade de hemossedimentação e proteína C-reativa podem sugerir infecção subjacente ou inflamação. - Coagulograma: tempo de protrombina e a razão normalizada internacional (INR) → Suspeita de hepatite viral. - Fezes e a coprocultura → Gastroenterite - Hemocultura → Indicada quando há risco de sepse. - Urina I e Urocultura → Suspeita de ITU. - Exames devem ser guiados pela história clínica e exame físico - Quando necessário pedir exames de imagem DOR ABDOMINAL CRÔNICA - Dor crônica se caracteriza por contínua ou recorrente - Dor aguda se caracteriza quando a criança ou familiares conseguem descrever o momento da dor, duração menor que 3 meses - A abordagem inicia com o reconhecimento da dor e sua origem, algumas perguntas podem ajudar: • Hábito intestinal detalhado • Existem outros sintomas associados como febre, perda de peso e mal-estar? • Tem ou já teve outras queixas de dor recorrentes como cefaleia e dor em membros • Primeira vez que sentiu esta dor • O que desencadeia esta dor - Diferenciar entre uma doença prévia ou um processo funcional recorrente Dor Abdominal Crônica Orgânica - Geralmente acompanhada de algum sintoma: • Perda de peso • Desaceleração do crescimento • Diarreia Crônica • Dor no quadrante superior ou inferior direito • Febre intermitente - Sinais de Alerta: Início da dor antes dos 4 anos Febre inexplicável ou febre intermitente Perda de peso involuntária Icterícia e ou anemia Desaceleração do crescimento Dor que acorda o paciente Perda gastrointestinal de sangue Alteração Miccional Vômitos significativos e ou diarreia crônica Hepato ou Esplenomegalia Dor persistente → quadrante superior e inferior direito, irradiação para as costas e membros Histórico familiar de doença inflamatória intestinal, doença celíaca Disfagia Massa palpável ao exame físico Artrites Alterações em hemograma - Causa de Dor Abdominal Orgânica: Dor Abdominal Crônica Funcional - Se caracteriza por: • Exacerbação e redução em cada episódio, com duração variável acompanhada de sintomas autonômicos/vasomotores como → náuseas, tontura, palidez e sudorese • Habitualmente localização periumbilical ou epigástrica • Raramente existe irradiação da dor • Duração dos episódios de dor de minutos a horas • Episódios de dor intercalados com períodos de bem-estar • Caracteristicamente durante o dia (algumas vezes é uma dor que acorda) • Pode ter intensidade que leve ao choro • Pode interromper atividades habituais (pode ocorrer dor que interrompe atividades prazerosas) • Dor psicossomática - Critérios de Roma IV → Manifestações • Síndrome do intestino irritável • Dispepsia funcional • Dor abdominal funcional • Enxaqueca abdominal - Exames que podem ser solicitados de maneira criteriosa: • Hemograma completo • Velocidade de Hemossedimentação (VHS) • Análise de urina • Parasitológico de fezes - Tratamento • Realizar o acolhimento da família • Orientar que a dor é real, e não mera simulação • Definir e explicar a doença funcional: possível papel da alteração da motilidade e da sensibilidade visceral • Tranquilizar a família sobre a ausência de doença orgânica grave • Tentar identificar e reverter possíveis fatores de comportamento que desencadeiam ou pioram o quadrodoloroso. - Definido pela infrequência de evacuações, sendo inferior a 3 vezes por semana - A causa mais comum de constipação intestinal na infância é a decisão feita pela criança para retardar a evacuação após experiencia dolorosa!! - Pode-se definir que um paciente está constipado se o mesmo apresentar manifestações como: • Eliminação de fezes duras, na forma de cíbalos, seixos ou cilíndricas com rachaduras. • Dificuldade ou dor para evacuar. • Eliminação esporádica de fezes muito calibrosas. • Sensação de esvaziamento retal incompleto após evacuar - Podem ter relação com a constipação: • Massa fecal palpável no abdome • Distensão abdominal • Fissura anal Aula 27 - Pediatria • Fezes impactadas na ampola - Para falar que o paciente é constipado deve ter um histórico de dificuldade em evacuar/ alteração que leve a isso - O não relaxamento do esfíncter anal para segurar a ida ao banheiro acarreta o ressecamento das fezes dificultando sua saída. - Outras definições para constipação são: • Pseudoconstipação ou pseudo obstipação → lactente em aleitamento materno exclusivo • Escape fecal (Soiling) → perda involuntária de parte do conteúdo fecal por portadores de constipação crônica, consequente a fezes impactadas no reto • Encomprese → Ato de defecação completa em local e/ou momento inapropriado • Incontinência fecal → falta de controle esfincteriano decorrente de causas orgânicas (espinha bífida) - Escala de Bristol vai analisar como está o padrão de fezes das crianças TIPOS DE CONSTIPAÇÃO - A constipação pode ser primária ou secundária a um distúrbio de base, sendo classificada como crônica quando os sintomas estão presentes há mais de 6 meses. • Constipação Intestinal Primária o Constipação por trânsito lento (caracterizada por propulsão prejudicada das fezes pelo cólon, seja por miopatia, neuropatia ou ambos) o Constipação por disfunção do assoalho pélvico ou distúrbios de defecação (caracterizada pela dificuldade ou inabilidade de expulsão das fezes). • Constipação Intestinal Secundária o Decorre de alguns hábitos de vida como a ingestão inadequada de líquidos e/ou fibras, sedentarismo, uso abusivo de laxantes, padrão retentor da criança. o O intestino é normal, porém faltam fibras e uma boa alimentação para auxiliar no processo de evitar a constipação - Causas constipação secundária TRATAMENTO - Deve incluir 4 etapas → não medicamentoso 1. Educação e informação dos pais 2. Catarse Inicial (desimpactação) 3. Implementação de reeducação do hábito intestinal 4. Prevenção da retenção de fezes - Medicamentoso • Hidróxido de Magnésio • Lactulose • Casos em que a criança não vai ao banheiro por medo, o uso de laxante é indicado para que ela não consiga segurar.
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