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Ferramentas teóricas para o estudo psicossocial do trabalho “O trabalho é o trabalhar, isto é, um certo modo de engajamento da personalidade para responder a uma tarefa delimitada por pressões (materiais e sociais).” - Dejours • Cotidiano: acontecimentos corriqueiros do dia a dia, os quais, mesmo em sua singularidade, se relacionam com os processos sociais mais amplos. • A vida cotidiana é marcada por regularidades, mas também é espaço do ingovernável, de onde pode surgir o imprevisível e o aleatório. • O estudo da prática cotidiana na PST revela a distância entre o trabalho prescrito x trabalho real. • Existem lacunas entre o que é planejado por trabalhadores e gestores e o que é realizado - um confronto entre o plano e a realidade concreta. • Trabalhar é preencher a lacuna entre o prescrito e o real, mas o que é preciso fazer para preencher esta lacuna não tem como ser previsto antecipadamente. O caminho a ser percorrido deve ser inventado ou descoberto pelo indivíduo. • O mundo real confronta o sujeito ao fracasso, de onde surge um sentimento de impotência, irritação, cólera ou decepção. • O trabalho, naquilo que ele tem de essencial, não pertence ao mundo visível. • O que se avalia, corresponde somente àquilo que é visível (parte materializada da produção), e que não tem nenhuma proporcionalidade passível de comparação com o trabalho efetivo. • Gerir o trabalho se revela não como simples prescrição e obediência, mas como a produção de uma existência negociada [...]. → Ao fazer isso, se desmascaram as falsas promessas das tecnologias de gestão. → Elas podem e continuarão a ser usadas, mas ficam claros aqui os seus limites: as estratégias de controle têm continuamente como contraponto a astúcia daqueles que são seu objeto [...]. • A PST deve ser um tanto subversiva: ao estudar a gestão, lhe cabe revelar os mecanismos do poder; ao estudar os trabalhadores, mostrar seu papel ativo no trabalho e suas formas de resistência. • A inventividade do trabalhador imprime no trabalho uma marca pessoal e coletiva, e garante que os objetivos do trabalho se concretizem. • A gestão do trabalho não é feita apenas por gestores, há uma gestão do cotidiano feita pelos próprios trabalhadores, nos interstícios das estruturas sobre as quais eles não têm pleno controle e a partir de ações táticas para contornar as assimetrias de poder. • A ação conjunta em contextos sociotécnicos é mediada simbolicamente. Ela produz sentidos e, ao mesmo tempo, é guiada por eles. → A ação humana é sempre dotada de sentidos e, por isso, a ação e o sentido são inseparáveis • O trabalho é espaço de produção intersubjetiva, no qual o simbólico faz a mediação entre pessoas e meio técnico. Por isso, o foco nos processos construtivos, ou seja, naquilo que se produz em termos simbólicos. • A abordagem sócio-histórica de estudos brasileiros ancorados em Vygotsky situa articulações entre os âmbitos micro e macrossocial quando se analisam os processos de significação na vida cotidiana. • O sentido de uma palavra é a soma de todos os eventos psicológicos que ela desperta em nossa consciência. É um todo complexo, fluido e dinâmico, que tem várias zonas de estabilidade desigual. → O significado é apenas uma das zonas do sentido, a mais estável e precisa. → Uma palavra adquire seu sentido no contexto em que surge. Em contextos diferentes, altera seu sentido. • A relação entre identidade e trabalho envolve o lugar ocupado pelo trabalho na constituição dos sujeitos. Na complexidade do cenário social contemporâneo, ocorre uma multiplicidade de modos de trabalhar. → A construção dos processos identitários pelos sujeitos ainda tem lugar, mas são posições de sujeito transitórias e efêmeras. → Estudos reiteram o lugar ocupado pelo trabalho na constituição das identidades e revelam o quanto as peculiaridades das trajetórias laborais dialogam com os processos de constituição subjetiva.
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