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ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 Diagnóstico ortodôntico – análise facial O diagnóstico ortodôntico come- ça pela análise facial do paciente. A ava- liação facial é muito importante e pode- mos observar as diferenças de antes e depois do tratamento. o O que é análise ortodôntica faci- al? É o método utilizado pelos clíni- cos para avaliar e julgar a face do paci- ente. A análise nos permite definir as proporções, volumes, aparência, simetria e deformidades visuais da face. Através da análise do perfil mole da face, suas linhas e ângulos determi- narmos proporções ideais para um me- lhor equilíbrio facial. MÉTODOS DE ANÁLISE FACIAL o Exame direto; o Fotografias clínicas; o Métodos de imagem 3D (radia- ção free); o Radiografias (2D) e tomografias (3D). As análises nos ajudam a ter um diagnóstico preciso. o Os parâmetros das AFC (análises faciais clínicas) são padrões? Não são padrões. Eles variam de acordo com raça, etnia, diferenças cultu- rais, sexo, preferências pessoais, filoso- fia do clínico. IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE FACIAL o Diagnosticar e classificar as de- formidades, especialmente para casos limítrofes; o Elaborar o plano de tratamento que aborda principalmente as preocupações e reclamações do paciente; o Prever os resultados do trata- mento, estabilidade e prognósti- co. Diagnosticarelaborarprever ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 POSICIONAMENTO CORRETO DO PACI- ENTE o Posição natural da cabeça: o pa- ciente é instruído para ficar em posição ereta, olhando para fren- te na linha do horizonte (plano de Camper paralelo ao solo); o Relação cêntrica x MIH (observar se há uma discrepância muito grande entre as duas relações, pois, se houver, devemos buscar a RC); o Lábios em repouso. O posicionamento inapropriado da cabeça, da mandíbula, e da postura labial pode levar a um diagnóstico im- preciso. A avaliação da estética facial é subjetiva, pois o equilíbrio e a harmonia dos componentes faciais necessaria- mente não significam uma face total- mente simétrica e uma oclusão perfeita. VISTAS A SEREM AVALIADAS o Análise frontal; o Análise de perfil; o Análise em 45 graus. Análise em vista frontal o Análise vertical: tipo facial, sime- tria e proporção; o Padrão facial; o Altura facial; o Avaliação labial. Numa vista frontal, a face deve ser examinada para a avaliação da sime- tria bilateral, da proporcionalidade verti- cal (terços) e da postura labial em re- pouso e durante o sorriso. SIMETRIA FACIAL Traçar uma linha vertical que divide a face em duas partes. Observar se há semelhança entre as duas partes ou se existem diferenças significativas. ANÁLISE VERTICAL Avaliação do equilíbrio dos terços superior, médio e inferior, que são apro- ximadamente iguais. o Terço superior: linha do cabelo à linha das sobrancelhas (glabela); o Terço médio: linha da sobrance- lha (glabela) à linha subnasal; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 o Terço inferior: linha subnasal ao mento. Ele é dividido em duas partes. » Subnasal até a borda in- ferior do vermelhão do lábio superior: 1/3; » Borda superior do verme- lhão do lábio inferior até base do mento: 2/3. OBS: a visão em perfil também é boa para avaliar os terços da face. AVALIAÇÃO LABIAL Avaliar os lábios quanto à morfo- logia, posição, selamento (em repouso), atividade (sorriso e fala), espaço interla- bial e linha do sorriso. Em repouso o lábio superior deve tocar o lábio inferior suavemente. Duran- te o sorriso, o ideal é mostrar de ¾ da coroa dos incisivos superiores até 2 mm de gengiva. » Comprimento do lábio superior: O comprimento do lábio superior é medido do subnasal até o ponto mais inferior do lábio superior. Sua medida normal é de 19 a 22 mm. Esta medida é mais longa no sexo masculino do que no feminino. » Comprimento do lábio inferior: O comprimento do lábio inferior é medido do ponto mais superior do lábio inferior até o tecido mole do mento e, normalmente, as medidas ficam entre 38 a 44 mm. SORRISO o Análise do sorriso: arco do sorri- so, linha do sorriso, comprimento do sorriso, exposição gengival, exposição dos incisivos, espon- tâneo x cinematográfico. ARCO DO SORRISO O arco dentário superior deve acompanhar a curvatura do lábio inferior para ter-se um sorriso harmônico. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 LINHA DO SORRISO Altura do lábio superior em rela- ção às margens gengivais. o Linha de sorriso alta: quando ex- põe muito a gengiva; o Linha de sorriso adequada: mos- tra somente as papilas; o Linha de sorriso baixa: esconde uma parte dos incisivos superio- res. COMPRIMENTO DO SORRISO o Corredor bucal. É necessário que tenha um certo espaço entre a vestibular dos molares superiores e a mucosa jugal. EXPOSIÇÃO GENGIVAL Com o passar da idade, expõe-se menos os dentes superiores. Mostrar um certo grau de tecido gengival traz uma jovialidade (no máxi- mo em torno de 2mm). EXPOSIÇÃO DOS INCISIVOS Observar com os lábios em re- pouso o quanto os centrais são expostos. O ideal é que fique exposto entre 1 a 3mm. Quando não há nenhum grau de exposição, é um sinal de que quando a pessoa sorrir, ela não irá expor todos os elementos superiores (linha de sorriso baixa). SORRISO ESPONTÂNEO X CINEMATO- GRÁFICO O sorriso espontâneo é aquele carregado de emoções e o cinematográ- fico é o forçado (fazendo pose). Deve- mos buscar o sorriso espontâneo para tratar o paciente. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 OUTROS FATORES DENTÁRIOS o Overbite: a mordida profunda po- de alterar a estética do sorriso, pois as margens gengivais dos incisivos centrais podem estar mais baixas que as dos laterais; o Plano oclusal: o plano oclusal assimétrico pode afetar a estéti- ca do sorriso, pois um dente po- de estar mais baixo ou mais alto que seu homólogo; o Linha média dentária: a linha média dos ICS deve coincidir com a linha média dos ICI. o Linha média dentária x linha mé- dia da face: devem coincidir. Análise em perfil o Análise de perfil de tecido mole; o Terços faciais; o Análise da maxila; o Análise da mandíbula; o Avaliação labial. Na análise de perfil alguns ângu- los e linhas devem ser observados. ÂNGULO NASOLABIAL É o ângulo formado da ponta do nariz até o subnasal e do subnasal até a parte mais anterior do lábio. o Adulto: 90º a 110º; o Criança: 89º a 117º. ÂNGULO LABIOMENTUAL Formado pelo pogônio mole até a parte mais reta posterior do sulco labio- mentual e a ponta do vermelhão do lá- bio. Normalmente, em adultos, este ângulo é em média 120º. OBS: em indivíduos classe III o ângulo é mais aberto (>120) e em classe II é mais fechado (<120). ÂNGULO NASOFACIAL Construído da glabela ao pogônio mole e uma linha tangente ao dorso do nariz. o Adultos: 30º a 35º; o Criança: 34º a 43º. OBS: em indivíduos classe II é maior que 35 graus e em classe III é menor. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 ÂNGULO NASOMENTAL Construído de uma linha traçada no dorso do nariz e outra linha desenha- da da ponta do nariz ao pogônio mole (Linha E). o Adulto: 120º a 132º; o Criança: 120º a 135º. ÂNGULO MENTOCERVICAL Construído por uma tangente à linha submental e pela linha E. o Adulto: 110º a 120º; o Criança: 97º a 118º. ÂNGULO SUBMENTAL PESCOÇO É construído por uma tangente à linha submental e uma tangente ao pes- coço. o Homens: 126º; o Mulheres: 121º. ÂNGULO DO CONTORNO FACIAL Este ângulo é formado unindo-se a glabela, o ponto subnasal e o pogônio. o Classe I: entre 165º e 175º; o Classe II: menor que 165°; o Classe III: maior que 175°. ÂNGULO DA CONVEXIDADE FACIAL O ângulo de convexidade ajuda a definir o padrão facial (classe I, II ou III). Este ânguloé formado unindo-se a glabela, o ponto subnasal e o pogônio. Ele é suplementar ao angulo do contorno facial, ou seja, a soma destes dois ângu- los deve ser igual a 180°. o Classe I: 8° a 16°; o Classe II: maior que 16º; o Classe III: menor que 8º. LINHA PESCOÇO-QUEIXO A distância da junção pescoço região submandibular até o mento deve ser observada. O comprimento desta linha deve ser aproximadamente 40mm. LINHA DE HOLDAWAY (linha H) Conecta o pogônio ao ponto mais proeminente do lábio superior. LINHA DE STEINER (linha S) Sai do pogônio e deve ir ao ponto médio da base do nariz, tocando os lá- bios superior e inferior. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 OBS: se os lábios estiverem a frente dessa linha, pode ser uma biprotrusão labial, que pode ter sido causada por uma biprotrusão dentária. Pode também ser da morfologia do próprio lábio. LINHA DE BURSTONE (linha Sn-Pog) Linha imaginária que une o ponto subnasal e pogônio. o Lábio superior: 3mm à frente da linha; o Lábio inferior: 2mm à frente. PLANO ESTÉTICO DE RICKETTS (linha E) Sai do pogônio e vai até a ponta do nariz. o Lábio superior: 4mm atrás; o Lábio inferior: 2mm atrás. AVALIAÇÃO DA POSIÇÃO DA MAXILA E MANDÍBULA Para analisarmos a posição da maxila e mandíbula, tomamos como referência o ponto násio perpendicular. Linha que passa pelo plano de Frankfurt (pório até o infra-orbitário) e encontra perpendicularmente a uma linha que passa pelo násio de tecido mole. o Posição ideal da maxila: Sn a frente da linha (6 +/- 3mm). o Posição ideal da mandíbula: Pog tocando a linha (0 +/- 4 mm). Em homens, pogônio deve estar de 0 a 2mm atrás e em mulheres 0 a 4mm atrás. Na dentição mista, o pogônio es- tá 6 a 8mm atrás. OBS: se o pogônio estiver muito atrás dessa linha, é classe II. Se estiver próxi- mo a ela, classe I. Se estiver mais a fren- te, classe III. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 Desenvolvimento da oclusão 1. Período pré-dental; 2. Fase de dentadura decídua; 3. Fase de dentadura mista; 4. Fase de dentadura permanente. OBS: existem três dentaduras (decídua, mista e permanente) e duas dentições (decídua e permanente). A dentadura se diz respeito ao estágio de desenvolvi- mento dentário. EMBRIOLOGIA DENTAL Nas primeiras semanas de vida em- brionária inicia a odontogênese. Nela, os dentes passam por diversas fases. 1. Iniciação ou fase de botão; 2. Proliferação ou fase de capuz; 3. Morfodiferenciação ou fase de campânula; 4. Fase de coroa; 5. Formação de raiz. OBS: um dente que foi um botão não necessariamente terá formação da coroa ou raiz, pois algum distúrbio pode acon- tecer durante sua formação. OBS: dentes supranumerários são for- mados por excesso de atividade da lâmi- na dentária durante a odontogênese, aproximadamente entre a 6ª e 8ª sema- na de vida intrauterina. PERÍODO PRÉ-DENTAL Uma criança no período pré- dental deveria ter três características: 1. Rebordo só deveria tocar na regi- ão posterior: presença do espaço mesial-anterior – para amamen- tação; 2. No rodete gengival é possível ob- servar onde estarão os dentes decíduos; 3. Arco dental com formato de U. Estágios do desenvolvi- mento oclusal 1. Irrupção dos dentes decíduos; 2. Dentadura decídua completa; 3. Irrupção dos primeiros molares permanentes; 4. Irrupção dos incisivos permanen- tes; 5. Irrupção de caninos inferiores e pré-molares; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 6. Irrupção de segundos pré- molares; 7. Irrupção de caninos superiores e segundos molares permanentes; 8. Dentição permanente madura. ESTÁGIO 1 – IRRUPÇÃO DOS DENTES DECÍDUOS Este estágio, por sua vez, é divi- dido em quatro fases. 1ª fase da biogênese (por volta dos 12 meses de idade) – quatro incisivos: o Falta de sentido de oclusão (não tem DVO, pois não tem dente posterior); o Mordida profunda; o Sem definição da ATM (côndilo não tem formato definido e a ca- vidade glenóide ainda é plana). 2ª fase da biogênese (12-18 meses) – primeiros molares decíduos: o Primeiro ganho de DVO: a defini- ção da DVO será conseguida pelo equilíbrio muscular; o Diminui o trespasse vertical; o Inicia o sentido de oclusão; o Inicia a definição da ATM: quem define a anatomia da ATM é a anatomia das cúspides e fossas dos molares. 3ª fase da biogênese (18-24 meses) – caninos decíduos: o É ele que marca o padrão ântero- posterior do paciente; o Estabelecimento dos diastemas primatas. 4ª fase da biogênese (24-30 meses) – segundos molares decíduos: o Consolidação do primeiro ganho de DVO; o Diastemas inter-molares: os mo- lares decíduos não tem ponto de contato. OBS: a arcada dentária vai diminuindo no sentido anteroposterior e cresce trans- versalmente. ESTÁGIO 2 – DENTADURA DECÍDUA COMPLETA Após a irrupção de todos os den- tes decíduos. Esse estágio se estende dos 3 aos 6 anos, em média. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 Aspectos de normalidade deste estágio: o Espaçamento entre os incisivos: tipo I e II de Baume; o Relação de caninos: referência para a relação sagital; o Diastema primata: fonte de es- paço para compensar a diferença do tamanho do dente decíduo pa- ra o permanente. O espaço pri- mata pode estar presente tanto no tipo I quanto no tipo II de Baume; o Overbite (sobremordida) e over- jet (sobressaliência) – grande va- riação: » Overbite: 0-3mm; » Overjet: 0-2mm; o Espaçamento entre os molares: com o passar do tempo há perda de comprimento do arco, os es- paços vão desaparecendo; o Curvas de Wilson (curva latero- lateral, dada pela inclinação ves- tibulolingual dos dentes posteri- ores) e Spee (curva ântero- posterior dada pelo desnivela- mento entre os dentes posterio- res e anteriores): curvas ausen- tes, por causa do tipo da implan- tação do dente. Na radiografia panorâmica deve-se ob- servar: número de dentes, padrão de simetria e formação de coroa/raiz. ESTÁGIO 3 – IRRUPÇÃO DOS PRIMEI- ROS MOLARES PERMANENTES Depois de aproximadamente 3 anos da implantação da dentadura decí- dua, há a irrupção dos primeiros dentes permanentes. Normalmente são os pri- meiros molares (aos 6 anos). o O primeiro molar permanente se- gue superfície distal do segundo molar decíduo; o Segundo ganho de DVO; o Aspectos normais: » Relação de molar em to- po ou Classe I; » Caninos em “classe I” (normo-oclusão); » Overbite 0-3mm; » Overjet 0-2mm. É necessário ficar atento quanto à angulação dos primeiros molares, o ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 inferior deve estar voltado para a mesial e o superior para a distal. ESTÁGIO 4 – IRRUPÇÃO DOS INCISIVOS PERMANTENTES o Primeiro período transicional; o Dentadura mista inicial; o Aspectos normais: » Dura 2 anos (6-8 anos de idade); » Variabilidade é a regra: cronologia e posição – nem sempre a cronologia é a mesma. Se houver di- ferença na irrupção de dentes homólogos, pode- se esperar 6 meses. OBS: incisivo lateral não pode vir antes do central, senão ele fecha o espaço do central. Por volta dos 8 aos 10 anos não há troca dentária, sendo chamado de período inter transicional. ESTÁGIO 5 – IRRUPÇÃO DOS CANINOS INFERIORES E PRIMEIROS PRÉ- MOLARES o Início do segundo período transi- cional; o Normalmente aos 10 anos de idade; o Fase do patinho feio; o Sequência de irrupção é impor- tante: » Caninos inferiores devem vir antes dos primeiros pré-molares – se o pré- molar irrompe antes, há uma perda de espaço pa- ra o canino; » Trajeto dos caninos supe- riores precisa ser monito- rado nessa fase – os ca- ninos superiores tendem a ir para cima do lateral e fazem com que eles fi- quem separados. Eles podem também reabsor- ver a raiz do incisivo late- ral. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 ESTÁGIO6 – IRRUPÇÃO DOS SEGUN- DOS PRÉ-MOLARES o Talvez seja o estágio mais crítico da biogênese; o Dentadura mista final; o Padrão-ouro para interceptação; o Época ideal para observar o es- paço E: o espaço E deve ser man- tido caso o paciente estiver com falta de espaço (usa-se a barra lingual). OBS: o segundo pré-molar é muito me- nor que o segundo molar decíduo. 1. O que é espaço livre? Onde ele está? O espaço livre é a diferença de tamanho entre o segundo molar decíduo e o se- gundo pré-molar (que é menor). Segundo Nance: é a diferença entre a soma do diâmetro M-D de canino, se- gundo e primeiro molares decíduos para o canino permanente, primeiro e segun- do pré-molares. Segundo Gianelly: é a diferença do ta- manho do segundo molar decíduo para segundo pré-molar. Medida do espaço E: em torno de 2mm de cada lado na mandíbula e 1mm de cada lado na maxila. ESTÁGIO 7 – IRRUPÇÃO DE CANINOS SUPERIORES E SEGUNDOS MOLARES PERMANENTES o Estágio final da dentadura mista; o Alto índice de impactação dentá- ria; o Normalmente por volta dos 12 anos de idade. ESTÁGIO 8 – DENTADURA PERMANENTE MADURA As seis chaves da oclusão nor- mal: 1. Relação de molares: cúspide MV do 1º molar superior oclui no sul- co MV do 1º molar inferior e a vertente distal da cúspide disto- vestibular do 1º molar superior toca na vertente mesial da cús- pide mesiovestibular do 2º molar inferior. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 2. Angulação dos dentes: angula- ção mesiodistal; 3. Torque dos dentes: inclinação vestíbulo-lingual; 4. Rotação: ausência de rotações dentais; 5. Espaçamentos: ausência de es- paçamentos. Todos os dentes de- vem ter contatos interproximais; 6. Curva de Spee: ela deve ser plana ou suave, pois quando ela é mui- to acentuada durante os movi- mentos bordejantes haverá inter- ferência. Análise e gestão de es- paço O arco dentário pode ser medido em três parâmetros: 1. Comprimento do arco: distância entre uma linha imaginária que tangencia a distal de 2º molares decíduos (ou a mesial de 1º mo- lar permanente ou distal de 2º pré-molar) até o ponto interinci- sivos. 2. Largura do arco: distância entre caninos/pré-molares/molares até seu dente homólogo do lado oposto. 3. Perímetro do arco: distância da linha que tangencia a distal de 2º molares decíduos que passa pe- las fossas passa por cima das fossas centrais dos molares de- cíduos/pré- molares, caninos e incisivos até o outro lado. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 OBS: o comprimento do arco diminui conforme o passar do tempo. Dente não anda para trás! MUDANÇAS DIMENSIONAIS FISIOLÓGI- CAS O perímetro e comprimento di- minuem cerca de 5mm durante a fase de dentadura mista, pois o 2º molar decí- duo é maior que o 2º pré-molar. Então, quando o 2º pré-molar irrupciona, ele ocupa um espaço mais anterior e o 1º molar permanente mesializa. O comprimento do arco inferior é maior aos 5 anos do que aos 18 anos de idade. Mas, apesar disso, o arco aumen- ta em largura. Há o aumento da distân- cia intercaninos: o Na maxila há o aumento quando irrompem os incisivos centrais (11 e 21); o Na mandíbula há o aumento quando irrompem os incisivos la- terais (32 e 42). Os incisivos “empurram” os cani- nos para o espaço primata ocupação do espaço primata aumento da largu- ra. OBS: uma criança que já tem todos os incisivos permanentes em boca (+/- 9 anos) e ainda tem dentes apinhados, a tendência é só piorar a falta de espaço, pois não terá mais aumento em largura e o comprimento apenas diminui. A largura dos arcos tende a dimi- nuir com o passar dos anos, pois o com- primento também diminui e a largura é menor na região anterior. DISCREPÂNCIAS DENTOALVEOLARES A discrepância de espaço pode ser positiva (sobra de espaço) ou negati- va (falta de espaço). ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 Para fazer a análise, deve-se sa- ber em qual dentadura o paciente está: decídua, mista ou permanente. ANÁLISE DE DENTADURA DECÍDUA A dentadura decídua raramente apresenta problemas de espaço. A circunferência do 2º molar decíduo corresponde a um triângulo equilátero. A base do triângulo deve to- car na linha que tangencia a distal do 2º molar decíduo e seu ápice toca entre os incisivos. Sua bissetriz deve tocar entre o canino e o 1º molar decíduo. OBS: analisar a simetria do arco. ANÁLISE DE DENTADURA MISTA Saber antecipar qual é o tamanho dos dentes permanentes a partir de pou- cos dentes permanentes em boca. Diferença de tamanho dos dentes permanentes. ANÁLISE DE MOYERS o Análise probabilística; o Baseada na dimensão dos incisi- vos inferiores permanentes; o Indica qual a dimensão de cani- nos e pré-molares baseando-se em médias populacionais. OBS: uma criança de 8 anos com os 4 incisivos inferiores, sem troca dos den- tes posteriores e os incisivos desalinha- dos. Usar a análise de Moyers para saber se vai ter espaço – medir o tamanho dos 4 incisivos inferiores e consultar em uma tabela a probabilidade de haver espaço e o tamanho do espaço. DISCREPÂNCIAS NEGATIVAS DE ESPA- ÇO Quando tem falta de espaço, existem quatro possibilidades: manuten- ção de espaço, recuperação de espaço, criação de espaço e eliminação de espa- ço. 1. MANUTENÇÃO DE ESPAÇO Evitar a migração após a perda ou extração dentária (evitar a diminuição do perímetro do arco) – uso de mantedores de espaço. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 FUNÇÃO DOS MANTEDORES DE ESPAÇO o Perda precoce de dentes decí- duos: prevenir movimentos den- tários indesejáveis após a perda prematura de dente decíduo; o Permitir função mastigatória: avaliar corretamente a indicação; o Prevenir sobreirrupção (extrusão) do antagonista: preferencialmen- te aparelhos removíveis; o Melhorar a estética: diferenciar função mantedora de função es- tética; o Auxiliar na fala; o Auxiliar na prevenção de maus hábitos. Perda prematura de dentes anteriores: o Incisivos decíduos: não há perda de espaço se perda aconteceu após a irrupção dos caninos, en- tão não necessita de mantedor de espaço. Se a perda ocorrer an- tes a criança ficará com proble- mas de espaço; o Caninos decíduos: perda comum devido à irrupção ectópica de in- cisivos laterais. Na mandíbula essa situação é preocupante (en- caminhar – mantedor de espaço). Na maxila geralmente não é ne- cessário ação interceptora. OBS: quando ocorre a perda precoce dos caninos decíduos ocorre encurtamento da arcada por retroinclinação dos incisi- vos. Perda prematura de dentes posteriores: Avaliação mais complexa e di- nâmica. Determinar se o mantedor de espaço é necessário para: o 1º molar decíduo; o 2º molar decíduo; o Perdas múltiplas. Os mantedores de espaço têm como grande uso a preservação do es- paço E: o Gerenciamento de apinhamento dos incisivos; o Interceptação de relação classe II dentária e bloqueio da irrupção de caninos superiores; o Reserva de espaço para eventual necessidade de melhorar overjet nas más oclusões classe III leves. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 2. RECUPERAÇÃO DE ESPAÇO Recuperar espaço após a redu- ção da largura e comprimento do arco. Considerações: o Houve perda de perímetro do ar- co ou apenas do espaço para a ir- rupção do dente permanente? Muitas vezes os dentes inclinam, mas se o segundo molar decíduo ainda está presente não houve perda de espaço; o Perda de um ou mais dentes de- cíduos? Perda de apenas um dente é mais fácil de recuperar; o Análise da dentadura mista favo- rável se o espaço perdido for re- cuperado; o Recuperação mais difícil na mandíbula. 3. CRIAÇÃO DE ESPAÇO Gerar espaço quando não houver perda. É indicado para resolução de api- nhamentos leves a moderados (<6mm): o Irrupção bloqueada;o Irrupção fora do rebordo. É conseguida por expansão do arco, projeção de incisivos e distalização de molares. Deve ser feita avaliação crítica de estabilidade (recessão gengival, perda óssea...) e da estética dentofacial. 4. ELIMINAÇÃO DE ESPAÇO o Perder espaço após a exodontia de dentes permanentes por fina- lidade ortodôntica; o Utilizada na resolução da protru- são dentária; o Padrão de crescimento facial ver- tical; o Indicada em discrepâncias gra- ves >7-8mm. Classificação das más oclusões A má-oclusão é uma oclusão anormal caracterizada por uma relação incorreta entre os arcos dentários em qualquer plano do espaço ou por anoma- lias na posição dentária. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 OBS: é analisada em todos os planos – plano vertical (overbite), plano transver- so (mordida cruzada) e plano sagital (classe I, II, III e overjet). As más-oclusões frequentemente estão associadas com outras deformida- des dentofaciais, podendo apresentar riscos para o bem estar do paciente. Porque classificar? o Facilita a identificação da condi- ção clínica; o Ordena a avaliação de possíveis fatores etiológicos; o Melhora a comunicação entre profissionais; o Possibilita a comparação de ca- sos clínicos com aspectos seme- lhantes ou mesmo distintos. Mas, toda classificação tem uma limitação: simplificação falsa ideia de facilidade protocolos “receitas de bolo”. Dentro dos diversos grupos de cada classificação, o profissional deverá individualizar e escolher o plano de tra- tamento que será o melhor para aquele paciente. Classificar o problema individualizar o planejamento Para isso, devemos: 1. Saber a etiologia da má-oclusão; 2. Saber o grau de severidade (leve, moderada ou severa); 3. Saber as possibilidades de tra- tamento; 4. Custo-benefício de cada uma das possibilidades (biológico e finan- ceiro). CLASSIFICAÇÃO Oclusão normal normalidade Má-oclusão desvios As más-oclusões podem ter ori- gem por desarmonias: 1. Dentárias; 2. Esqueléticas: deve ser tratado idealmente enquanto o paciente está em crescimento; 3. Dentárias + esqueléticas. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 Por isso devemos sempre come- çar a classificar a má-oclusão através da análise facial. ANÁLISE FACIAL É feita em três vistas: o Frontal; o Frontal com vista do sorriso; o Lateral – sagital (perfil). Na vista frontal devemos obser- var a simetria da face e a proporção dos terços. Na vista sagital devemos obser- var se o perfil é reto, côncavo ou conve- xo. Durante a análise facial devemos responder três perguntas: a face é simé- trica? Os terços são proporcionais? O perfil é reto, côncavo ou convexo? Depois da análise facial, a oclu- são estática será classificada no plano sagital Classificação de Angle. Classificação de Angle A posição considerada estável no crânio é a do primeiro molar superior, ele é o ponto de referência. A partir daí, re- laciona-se o 1º molar inferior com o su- perior. As desarmonias, segundo ele, decorrem de alterações ântero- posteriores da arcada inferior em relação ao 1ºM superior. 1. Classe I (chave de molar); 2. Classe II; 3. Classe III. Em uma oclusão normal tem-se a chave de molar e todo o resto também está normal. Porém, nem sempre quem tem a chave de molar tem a oclusão normal, pois a pessoa pode ter outros problemas. Ex: tem a chave de molar, porém possui mordida aberta anterior – nesse caso a pessoa tem uma má-oclusão de classe I. MÁ-OCLUSÃO DE CLASSE I Há relação ântero-posterior nor- mal entre os arcos superior e inferior, evidenciada pela chave de molar. A cúspide MV do 1ºMS oclui no sulco MV do 1ºMI. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 MÁ-OCLUSÃO DE CLASSE II O 1º molar permanente inferior encontra-se distalmente ao 1ºM superior (distoclusão). O sulco MV do 1ºMI encontra-se distalizado em relação à cúspide MV do 1ºMS. o Classe II 1ª divisão: tem overjet aumentado. o Classe II 2ª divisão: não tem overjet aumentado. o Subdivisão direita: o problema é só do lado direito. o Subdivisão esquerda: o problema é só do lado esquerdo. OBS: overjet normal – trespasse horizon- tal de 1 a 1,5mm entre o incisivo superior e inferior no plano sagital. CLASSE II O que é encontrado em um paciente classe II de Angle, segunda divisão, sub- divisão direita? O sulco mesiovestibular do primeiro molar inferior está distaliza- do em relação à cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior apenas do lado direito e o paciente apresenta um overjet normal. MÁ-OCLUSÃO DE CLASSE III O 1ºM inferior encontra-se mesi- almente ao 1ºM superior (mesio- oclusão). O sulco MV do 1ºMI encontra-se mesializado em relação à cúspide MV do 1º MS. 1ª DIVISÃO 2ª DIVISÃO Subdivisão esquerda ou direita Subdivisão esquerda ou direita ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 LIMITAÇÕES DA CLASSIFICAÇÃO DE ANGLE o Não considera a dimensão trans- versa; o Não considera a dimensão verti- cal; o Não considera a oclusão funcio- nal. Precisa-se, então, complementar a classificação de Angle com a avaliação das outras duas dimensões (transversa e vertical). AVALIAÇÃO DA DIMENSÃO TRANSVER- SA 1. Existe mordida cruzada posteri- or? As cúspides dos superiores tocam nas fossas dos inferiores – metade dos dentes superiores devem ficar para fora dos inferio- res. 2. É unilateral ou bilateral? 3. Se for unilateral: com ou sem desvio funcional? OBS: quando é unilateral deve-se fazer a manipulação do paciente em RC para ver se tem desvio funcional. AVALIAÇÃO DA DIMENSÃO VERTICAL O trespasse vertical entre os in- cisivos superiores e inferiores está ade- quado? o Overbite normal: o paciente es- tando em oclusão cêntrica, os in- cisivos superiores deveriam re- cobrir 1/3 da coroa clínica dos in- cisivos inferiores. o Overbite aumentado: mordida profunda. o Overbite diminuído/negativo: mordida aberta. Classificação de Lisher Classificação do mau posiciona- mento dentário de forma individualizada olha dente por dente para ver se ele está na posição correta. OBS: a classificação de Lisher é uma avaliação interarcos, dentro do arco. A classificação de Angle é intra-arcos, ou seja, entre os dois arcos. 1. Mesioversão: dente mesializado em relação à posição normal; 2. Vestibuloversão ou labioversão: dente vestibularizado; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 3. Linguoversão: dente lingualizado; 4. Infraversão: dente com sua face oclusal/incisal aquém do plano oclusal; OBS: dente decíduo em infraversão nor- malmente está anquilosado. Dente an- quilosado é igual ao implante osseointe- grado – o osso alveolar em volta de um dente decíduo anquilosado não cresce! 5. Supraversão: dente com sua face olcusal/incisal além do plano oclusal; 6. Giroversão: rotação do dente em torno do seu longo eixo; 7. Axiversão: alteração da inclina- ção do longo eixo dental; 8. Transversão/transposição: troca de posicionamento com outro elemento dental; 9. Perversão: impactação do dente, geralmente por falta de espaço. Etiologia das más oclu- sões Etiologia estudo das causas. o Más-oclusões adquiridas: fatores ambientais; o Más-oclusões hereditárias: fato- res herdados, hereditários. EQUAÇÃO ORTODÔNTICA DE DOCKRELL (1952) Causas épocas tecido resulta- do Uma causa que atua em cima de algum tecido em um determinado tempo que leva a um resultado. OBS: resultado – má oclusão, displasia óssea, disfunções... CAUSA o Hereditariedade; o Traumatismo; o Enfermidades; o Doenças congênitas; o Má nutrição; o Agentes físicos (queimaduras, língua, dedo, chupeta...); o Hábitos. ÉPOCAS o Pré-natal; o Pós-natal; o De maneira contínua; o De maneira intermitente.ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 OBS: a agenesia ocorre no período pré- natal de forma intermitente. A sucção digital ocorre no período pós-natal de forma contínua. TECIDO o Ossos craniofaciais; o Sistema neuromuscular; o Dentes; o Tecidos moles. RESULTADO o Displasia óssea (mau posiciona- mento esquelético); o Disfunção; o Alteração dentária (má-oclusão); o Combinação. Como classificar fatores etiológicos CLASSIFICAÇÃO DE GRABER 1. Fatores extrínsecos ou gerais: tudo o que não faz parte da pes- soa; 2. Fatores intrínsecos ou locais: tu- do o que faz parte da pessoa. A causa pode ser hereditária ou ambiental e pode ter acontecido no perí- odo pré ou pós-natal. FATORES ETIOLÓGICOS HEREDITÁRIOS Não são possíveis de controlar. 1. Influência racial hereditária: po- pulação pura x miscigenação; 2. Tipologia facial hereditária: pes- soas que nasceram na mesma região e época, mas têm tipos faciais diferentes. Os tipos faci- ais têm a ver com predisposição à má-oclusão – pessoas braqui- cefálicas têm tendência a mordi- da profunda; pessoas dolicocefá- licas têm tendência a mordida aberta e pessoas mesocefálicas têm tendência a mordida normal; 3. Influência hereditária no padrão de crescimento facial e dentário: » O dente pode irromper antes do desenvolvimen- to da face; » Se os pais são classe II, os filhos serão classe II (o mesmo para classe III); ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 » Hipodontia (quando falta entre 1 e 6 dentes), oligo- dontia (quando falta mais de 6 dentes), anodontia total (quando faltam to- dos os dentes) e anodon- tia parcial (quando faltam praticamente todos); » Supranumerários; » Macro e microdontia; » Cúspide em garra; OBS: o terceiro molar não entra na clas- sificação de hipodontia. 4. Síndromes genéticas: complexo de Robin, síndrome de Treacher Collins, síndrome de Gorlin, os- teogênese imperfeita e micros- somia hemifacial; 5. Alterações ou deformidades con- gênitas: disostose cleidocrania- na, displasia ectodérmica, fissu- ras lábio-palatais, amelogênese imperfeita, dentinogênese imper- feita, odontogênese imperfeita, embriopatica com hipoplasia mandibular; Pacientes com amelogênese ou dentinogênese imperfeita, devido ao esmalte e a dentina não serem normais, não mordem com os dentes posteriores porque dói, dessa forma, a deglutição não é estabilizada pela força da muscu- latura e sim pela língua (deglutição atí- pica). Isso causa mordida aberta anteri- or. As más oclusões mais prevalen- tes relacionados à hereditariedade são: o Mordida aberta esquelética: não tocam os dentes anteriores, pois a face é muito longa; o Biprotrusão: dentes projetados para a vestibular; o Discrepâncias dento-alveolares; o Discrepâncias sagitais: classe II e III. FATORES ETIOLÓGICOS AMBIENTAIS Podem atuar no período pré-natal ou pós-natal. PRÉ-NATAIS o Má posição intrauterina do feto; o Uso de drogas durante a gravi- dez; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 o Dieta e metabolismo materno; o Doenças durante a gravidez; o Fibroma intrauterino; o Traumatismos pré-natais ou du- rante o parto; o Radiação. PÓS-NATAIS o Natureza do alimento: toda vez que há a mastigação, existe um componente de forças para hori- zontal e vertical, isso faz com que haja migração dentária para a região anterior. O apinhamento anterior ocorre por crescimento mandibular tardio e por compo- nentes de força; o Hábitos funcionais: contrações musculares aprendidas e de na- tureza complexa, fundamentais para o bom crescimento e desen- volvimento; o Hábitos nocivos: podem causar alterações ao correto crescimen- to e desenvolvimento. Depende principalmente de 4 fatores - in- tensidade, duração, frequência e predisposição genética. 4 funções vitais do sistema estomatog- nático: respiração, sucção, mastigação e deglutição. o Hábitos de sucção não nutritiva: dedos, chupeta, mamadeira, lá- bios, objetos; o Respiração oral; o Deglutição atípica; o Mastigação: unilateral, bruxismo. RESPIRAÇÃO ORAL Como a respiração oral causa má- oclusão: a língua é forçada para baixo e para frente, portanto não existe estímulo para crescimento lateral da maxila, en- tão a maxila fica atrésica, gerando mor- dida cruzada posterior e, dependendo da posição da língua, pode levar para uma classe II ou III. Como a língua fica na região anterior, há também uma mordida aberta anterior. Adaptação funcional desequilíbrio muscular. o Pressão atípica do músculo bu- cinador: pressão do bucinador de fora para dentro; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 o Não há estímulo para crescimen- to lateral da maxila: mordida cru- zada; o Língua em posição inadequada: para baixo e para frente; o Uso reduzido das narinas: palato se torna profundo; Diante disso, são esperados pro- blemas transversais (mordida cruzada), verticais (mordida aberta anterior) e sa- gitais (classe II ou III – depende da pre- disposição do paciente). É importante diagnosticar a respi- ração oral enquanto ainda criança, pois a sutura palatina mediana ainda não está fusionada e permite as alterações ós- seas. Se isso for diagnosticado quando criança, é possível evitar esses proble- mas. OBS: a respiração oral é mais severa em indivíduos dolicocefálicos. OUTROS FATORES AMBIENTAIS o Traumatismos na ATM; o Traumas dentários; o Traumas nos maxilares; o Queimaduras e cicatrizes. Cefalometria básica É um exame importante para ava- liar o paciente antes, durante e ao final do tratamento ortodôntico. Então, pelo menos três análises cefalométricas de- vem ser feitas. CEFALOMETRIA: são medidas ou estudo das proporções da cabeça e face, espe- cialmente durante o desenvolvimento e crescimento (possibilidade de avaliar crescimento, desenvolvimento, relações entre maxila e mandíbula entre si e com a base craniana, relação dos dentes com as bases maxilares e com o tecido mole). Em ortodontia, refere-se a certa combinação de medidas angulares e lineares desenvolvidas para o traçado em radiografias laterais e frontais do com- plexo craniofacial. OBJETIVOS 1. Reduzir a quantidade de infor- mações no filme para um nível utilizável – fazer um problema biológico se tornar matemático, palpável; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 2. Comparar o paciente a um grupo de referências normais; 3. Para que as diferenças entre as relações dentofaciais atuais do paciente e aquelas esperadas pa- ra o seu grupo racial ou étnico sejam reveladas; A popularização da cefalometria se deu através da análise de Downs: proporções faciais e esqueléticas de 25 pacientes caucasianos não tratados (oclusão normal). A média desses 25 pacientes foi feita. UTILIDADES 1. Pesquisar os padrões de cresci- mento do complexo craniofacial: saber se a face está crescendo de maneira correta; 2. Avaliar os relacionamentos dos principais componentes da face em relação a base do crânio: ma- xila, mandíbula e dentes; OBS: a base craniana sempre é a refe- rência, pois é a primeira estrutura a completar seu crescimento, por volta dos 6 anos de idade. 3. Reconhecimento e avaliação das mudanças ocorridas pelo trata- mento ortodôntico e/ou cresci- mento; 4. Predizer mudanças que podem ocorrer no futuro para o paciente. FORMAS UTILIZADAS PARA A AVALIA- ÇÃO CEFALOMÉTRICA 1. Medidas angulares e lineares; 2. Representar os dados normais graficamente e comparar a forma dentofacial do paciente direta- mente com a referência gráfica (template) – sobrepor as imagens do paciente e os dados normais. COMO O PACIENTE DEVE SER POSICIO- NADO O paciente deve ser posicionado de forma correta para a realização da telerradiografia. o Posição natural da cabeça: é uma orientação padronizada e reprodutível da cabeça no espaço quando se foca em um ponto dis- tante ao níveldos olhos – olhan- ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 do para o horizonte, com o plano de Camper paralelo ao solo. PRINCIPAIS PONTOS ANATÔMICOS DE REFERÊNCIA OSSO FRONTAL o Glabela: ponto mais frontal da curvatura do osso subjacente ao seio frontal. OSSO NASAL o Násio: ponto mais anterior da su- tura frontonasal no plano medial. OSSO ESFENÓIDE o Sela: ponto médio da sela túrci- ca. OSSO ZIGOMÁTICO o Orbitale: ponto mais inferior da margem inferior da órbita. Um plano muito importante pas- sa por esse ponto, o plano de Frankfurt. OBS: planos de referência horizontal – Frankfurt (pório-orbitale) e sela-násio. OSSO TEMPORAL o Pório: ponto superior do meato acústico externo. MAXILA o Ponto A: ponto mais posterior da concavidade entre a espinha na- sal anterior e o próstion (parte mais subjacente ao osso alveo- lar); o Espinha nasal anterior (ENA); o Espinha nasal posterior (ENP): parte mais posterior do palato; OBS: o plano palatino forma-se com o encontro de ENA com ENP. MANDÍBULA o Articulare: interseção entre a borda posterior do processo con- dilar e a borda inferior da parte basilar do osso occipital; o Ponto B: ponto mais posterior da concavidade entre o pogônio e a região infradental da sínfise; o Gnátio: ponto mais anterior do processo alveolar, entre o pogô- nio e o mento – importante para traçar o plano mandibular; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 o Gônio: ponto construído entre a interseção do plano do ramo mandibular e o plano da base da mandíbula; OBS: a junção do gônio e o gnático nos dá o plano mandibular. Ele também pode ser ligado ao mento. o Mento: ponto mais inferior da sínfise mandibular; o Pogônio: ponto mais anterior do mento. PONTOS EM TECIDO MOLE o Mento mole: parte mais inferior; o Pogônio mole: parte mais anteri- or; o Sulco labial inferior; o Sulco labial superior: é como se fosse o ponto A de tecido duro; o Estômio inferior: parte mais su- perior do lábio inferior; o Estômio superior: parte mais in- ferior do lábio superior; o Subnasal: encontro do filtro com a base do nariz; o Pronasal: ponto mais proeminen- te do nariz; o Násio mole; o Glabela. Para a análise cefalométrica é necessário escolher uma linha de refe- rência horizontal: 1. Plano de Frankfurt: linha de refe- rência que liga o Pório ao Orbita- le; 2. Plano Sela-Násio; OUTROS PLANOS o Linha facial: une o násio ao pogônio; o Plano oclusal: linha entre os pon- tos que representam a metade do overbit e a interseção entre as cúspides dos 1º molares superio- res e inferiores; o Plano palatino: une a ENA e ENP; o Plano mandibular: entre o gônio e o gnátio ou gônio e mento. OBS: quanto mais divergentes são esses planos, maior é o crescimento vertical da face. Quanto mais convergentes, menor é o crescimento vertical (braquicefálico). o Linha E (linha de Ricketts): tan- gente entre a ponta do nariz e o ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 ponto mais anterior do mento mole; » Lábio inferior: 2mm atrás; » Lábio superior: 4mm atrás. o Linha S (Steinet): une o pogônio mole e o ponto médio entre a ponta do nariz e o subnasal; » Deve tocar os lábios su- perior e inferior. ANÁLISES CEFALOMÉTRICAS 1. Traçar o perfil do tecido mole; 2. Traçar o násio; 3. Traçar a maxila e incisivo superi- or; 4. Traçar molares, sínfise e incisivo inferior; 5. Traçar borda inferior da mandíbu- la e ramo ascendente; 6. Processo clinóide anterior e teto da órbita; 7. Linha crivosa do etmoide e platô do osso esfenoide; 8. Processo clinóide posterior, cli- vus e asa maior do esfenoide; 9. Contorno da órbita; 10. Fossa pterigomaxilar; 11. Processo odontóide e forame magno. AVALIAÇÃO SAGITAL 1. SNA: une S (sela), N (násio) e ponto A – 82º (+/- 2º); 2. SNB: une S (sela), N (násio) e ponto B – 80º (+/- 2º); O SNA mede o posicionamento ântero-posterior da maxila – quanto mais protrusa a maxila for, maior o ângulo. O SNB mede o posicionamento da mandí- bula.. 3. ANB: une A (subespinhal), násio e ponto B – 2º (+/- 2º). O ANB mede a discrepância sagi- tal entre maxila e mandíbula, compara- se uma com a outra. OBS: a mandíbula é o último osso da face a terminar seu crescimento. AVALIAÇÃO VERTICAL E PADRÃO DE CRESCIMENTO 1. Ângulo SN-Gn: násio-sela-gnátio – 67º; 2. Ângulo SN-GoGn: sela-násio- plano mandibular – 32º; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 3. FMA: Frankfurt-plano mandibular – 25º. OBS: se for maior – face longa (dolicoce- fálico), se for menor – face curta (bra- quicefálico). AVALIAÇÃO DOS INCISIVOS A celafometria também dá a ava- liação dos elementos dentários através de medidas lineares e angulares que vão dar a posição do dente. SUPERIORES (ângulo I.NA e distância I- NA) O ideal é que o incisivo superior tenha 22° em relação a linha que passa do násio ao ponto A com a linha que passa da incisal até o ápice da raiz. A distância linear será dada pelo ponto mais anterior do incisivo e a linha NA e idealmente deverá ter 4mm. Com essas medidas será possível saber se o incisivo como um todo está protruído ou se está vestibularizado. INFERIORES O ideal é que o incisivo superior tenha 25° em relação a linha que passa do násio ao ponto B. A distância linear será dada pelo ponto mais anterior do incisivo e a linha NB e idealmente deverá ter 4mm. o I.NS: 103º; o IMPA: ângulo formado entre oo gônio-gnátio e linha que passa no longo eixo do dente – 90º. OBS: se tem mais de 90° - dente vestí- bulovertido, se tem menos de 90° - den- tes inclinados para a lingual. ÂNGULO INTERINCISIVO Deve ser 130º. o Linha que passa da incisal ao ápice de ambos os incisivos; o Quanto maior esse ângulo, mais retroinclinado estão os incisivos. Quanto menor o ângulo maior é a biprotrusão. OBS: sobreposição ou template – obser- var as mudanças que houveram durante o tratamento. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 Pacientes portadores de fissuras labiopalatinas: do conhecimento básico à re- abilitação total A fissura labiopalatina é uma anomalia congênita (acontece durante o desenvolvimento do bebê no primeiro trimestre de gravidez), devido a não fu- são das estruturas naturais do corpo que se formam antes do nascimento. FISSURAS FACIAIS Também podem afetar outras partes da face, como olhos, ouvidos, nariz, bochechas e testas. Em 1976, Paul Tessier descreveu 15 linhas de fissuras. A maioria dessas fissuras craniofaciais é ainda mais rara e é frequentemente descrita como fissura de Tessier, usando o localizador numéri- co desenvolvido por ele. FISSURAS LABIOPALATINAS A fissura labiopalatina representa as anomalias congênitas oromaxilofaci- ais mais comuns e afeta um em cada 500 a 1000 recém-nascidos em todo o mundo. CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS LABIO- PALATINAS 1. Deve ser fácil entender e docu- mentar; 2. Deve transcender as barreiras linguísticas; 3. Deve ser aplicável à análise de dados do computador. CLASSIFICAÇÃO DE SPINA Toma como referência o forame incisivo. 1. Fissura labial; 2. Fissura palatina; 3. Fissura transforame unilateral; 4. Fissura transforame bilateral. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 No mundo, utiliza-se outra classificação: 1. Fenda incompleta do palato se- cundário; 2. Fenda completa do palato se- cundário; 3. Fissura labial: completa ou in- completa; 4. Fissura unilateral completa de lábio e palato (fissura labiopala- tina); 5. Fissura bilateral completa de lá- bio e palato. ETIOLOGIA Falha de fusão dos processos maxila- res com o processo frontonasal. Não falta nenhuma parte das estruturas, so- mente não há a fusão dos processos. o Mais comum em asiáticos e em certos grupos de índios america- nos; o Ocorre com menosfrequência em afro-americanos; o Até 13% dos casos apresentam outro problemas congênitos as- sociados; o Ocorre mais no sexo masculino; FATORES AMBIENTAIS 1. Medicamentos: anticonvulsivan- tes, benzodiazepínicos, esterói- des, anfetaminas, talidomida; 2. Epilepsia; 3. Diabetes; 4. Deficiência nutricional (princi- palmente vitamina A); 5. Estresse emocional; 6. Tabaco e álcool; 7. Infecções virais (citomegalovírus, sarampo, rubéola); 8. Ácido retinóico (roacutan). OBS: aspirina, cigarro, valium (diaze- pam), ácido retinóico. ASSOCIAÇÃO COM SÍNDROMES o A fissura labiopalatina faz parte de mais de 400 síndromes, inclu- indo as síndromes Waardenburg, Pierre Robin e Down; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 o 30% das deformidades da fissura estão associadas a uma síndro- me (recomenda-se avaliação ge- nética). COMO É DIAGNOSTICADA UMA FENDA? A fissura labiopalatina pode ser facilmente diagnosticada através do ultrassom no segundo semestre de gra- videz, porém a fissura palatina é difícil diagnosticar. TRATAMENTO O tratamento é sempre interdis- ciplinar. A equipe deve levar em conside- ração as diversas características associ- adas à gravidade das deformidades dos lábios e fendas palatinas. EQUIPE INTERDISCIPLINAR o Cirurgião plástico; o Ortodontista; o Fonoaudiólogo; o Otorrinolaringologista; o Cirurgião maxilofacial; o Dentista pediátrico; o Protesista; o Geneticista; o Enfermeira; o Pediatra. OBS: tríade cirurgia plástica + orto + fo- noaudiologia. PROTOCOLO DE TRATAMENTO Queiloplastia 3 meses Palatoplastia 12-18 meses Fase 1 ortodontia 7-8 anos Enxerto ósseo 9 anos Fase 2 ortodontia Dentadura per- manente Cirurgia ortogná- tica Após crescimento Rinoplastia Após os 15 anos ou após cirurgia ortognática OBS: a fase 1 da ortodontia visa preparar o paciente para a primeira cirurgia visan- do a parte óssea (enxerto ósseo), que deve ser feito quando o canino perma- nente está com 2/3 da raiz formada – momento ideal. CIRURGIA PLÁSTICA Regra dos 10: a criança precisa atingir essa regra para passar pela primeira ci- rurgia – queiloplastia. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 OBS: as tensões cicatriciais levam a um déficit no crescimento sagital do terço médio da face. Palatoplastia: quanto maior o gap entre as duas partes, mais difícil é a união entre elas. FONOAUDIOLOGIA Por causa da fissura, há uma dificuldade em criar o selamento entre a boca do bebê e o mamilo o leite tem dificuldade para sair. A fonoaudióloga entra também para auxiliar na fala. OTORRINOLARINGOLOGIA o Um tubo de timpanostomia é frequentemente inserido no tím- pano para arejar o ouvido médio; o É benéfico para a capacidade au- ditiva da criança; o Alguns problemas de fala resul- tam diretamente de diferenças anatômicas, como inadequação velofaríngea. ORTODONTIA Com a realização das cirurgias de lábio e palato na primeira infância, as forças musculares e cicatriciais são ca- pazes de alterar o crescimento da maxila e imprimir formas atrésicas ao arco den- tário superior. Discrepâncias sagitais: perfil côncavo, deficiência da face médica, classe III esquelética, com mordida cru- zada anterior e posterior. A CULPA É SÓ DAS CIRURGIAS? o Fatores intrínsecos associados à própria fissura; o Fatores genéticos; o Para que o correto desenvolvi- mento do fissurado ocorra, qual- quer reparo cirúrgico da fissura, idealmente, deveria ser adiado até que o crescimento estivesse completo; o Entretanto, a nutrição, a fala, a deglutição, a estética e o bem- estar psicológico do paciente dependem dessas cirurgias; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 PRINCIPAIS MOMENTOS DE INTERVE- ÇÃO 1. Enxerto ósseo: reestruturar a di- mensão transversa da maxila; 2. Correção da má-oclusão: orto- dontia corretiva; 3. Correção de deformidade esque- lética: tratamento orto-cirúrgico. A ortodontia em pacientes adultos Quais os cuidados que devemos ter para se tratar de um paciente adulto? O diagnóstico e planejamento dos pacientes adultos são diferentes? O que devemos levar em consideração na esco- lha do tratamento do paciente adulto? Tratamento conservador x não conservador? TRATAMENTO CONSERVADOR O tratamento conservador para adultos é, por definição, o movimento dentário realizado para facilitar outros procedimentos odontológicos necessá- rios para controlar a doença (ex: doença periodontal), restaurar função que foi perdida e/ou melhorar a aparência e es- tética. OBJETIVO: produzir a melhor combinação de oclusão dental, aparência dental e facial, e estabilidade do resultado para aumentar o benefício do paciente. O QUE ENVOLVE UM TRATAMENTO CONSERVADOR o Reposicionamento dentário para a instalação de próteses; o Alinhamento dos dentes anterio- res para estabilização dos dentes e/ou melhora da estética; o Correção de mordidas cruzadas; o Tracionamento ortodôntico para aumento de coroa clínica; DOCUMENTAÇÃO ORTODÔNTICA o Set fotográfico completo; o Modelos de estudo; o Panorâmica; o Periapicais: para ver o estado pe- riodontal; o Radiografia cefalométria. Modelos montados em articula- dor podem ser necessários, pois eles facilitam o planejamento de procedimen- tos restauradores associados ao trata- ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 mento ortodôntico: pacientes podem ter alterações de MIH e RC. Uma vez que todos os problemas tenham sido identificados e categoriza- dos a oclusão pode ser reestabeleci- da com a posição existente ou alguns dentes deverão ser deslocados para atingir resultados satisfatórios, estáveis e ideais? Há necessidade de extrações? É possível resolver o problema somente com aparelho ou é necessária a cirurgia ortognática? OBS: adultos não têm mais crescimento ósseo. OBJETIVOS DA ORTODONTIA CONSER- VADORA 1. Melhorar a saúde periodontal, eliminando áreas de acúmulo de placa bacteriana e melhorando o contorno da tábua óssea adja- cente aos dentes; 2. Estabelecer proporções favorá- veis entre coroa-raiz e posicionar os dentes de modo que as forças oclusais sejam distribuídas ao longo do eixo do dente; 3. Facilitar o tratamento restaurador posicionando corretamente os dentes. TRATAMENTO NÃO CONSEVADOR Para indivíduos cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida, buscam melhora da aparência dentária e facial para alcançar vantagens sociais. O tratamento não conservador é muito indicado para a estética facial e para distúrbios do sono (síndrome da apneia obstrutiva). Riscos associados ao tra- tamento ortodôntico 1. Não identificar os desvios de normalidade na época correta: O clínico geral e o odontopedia- tra deveriam saber identificar os proble- mas que estão acontecendo durante o desenvolvimento da criança. Um clínico geral deveria, neces- sariamente, pedir uma radiografia pano- râmica da criança que está atendendo contar os dentes e ver se existe al- ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 guma assimetria no desenvolvimento e erupção dos dentes permanentes. 2. Padrão de crescimento geneti- camente desfavorável: Saber identificar se a má-oclusão tem origem esquelética, dentária ou am- bas. Toda vez que estivermos frente a uma má-oclusão de origem esquelética temos que saber que o problema é de formação óssea. Há um limite até onde é possível atuar. É impossível controlar o crescimento crânio-facial. Não é possível prever o cresci- mento da maxila e da mandíbula quando a má-oclusão for de origem esquelética. 3. Problemas relacionados à má hi- giene bucal: Cárie, doença periodontal, gengi- vite, entre outros. O aparelho é um nicho para retenção de biofilme e deve ser higienizado corretamente. 4. Uso inadequado de aparelhos or- todônticos; 5. Reabsorção radicular: Quanto mais tempo de uso de aparelho,maior é a chance de reabsor- ção radicular. A reabsorção pode ser de maior ou menor gravidade e pode levar até a perda do dente. Ancoragem esquelética na ortodontia Movimento dentário ortodôntico es- tímulo mecânico estímulo biológico. O estímulo mecânico é aplicado na coroa do dente. A força deve ser transduzida em estímulo biológico a força é transmitida da coroa para a raiz e da raiz para o ligamento periodontal e osso alveolar. De um lado, o LP e o osso alveo- lar serão pressionados e, do lado contrá- rio da força, essas estruturas são tensio- nados. Na área de pressão, o organismo produz osteoclastos reabsorção ós- sea. Na área de tensão, o organismo produz osteoblastos neoformação óssea. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 Esse processo de perda e ganho de osso é chamado de remodelação ós- sea. É esse processo que permite que o dente mude de lugar. Terceira lei de Newton - para toda força de ação existe uma reação igual e con- trária. Isso é um problema, pois em cer- tas situações apenas um dente precisa ser movido, mas para isso outros tam- bém vão mudar de posição. Isso faz com que a ortodontia se- ja um tratamento longo e demorado, pois é um processo biológico. O corpo tem que reagir a partir do estímulo mecânico, isso demora no mínimo 4 semanas. OBS: para aplicar a força em algum de- terminado dente, outro deve servir de ancoragem. FORÇAS RECÍPROCAS o O movimento dentário cria forças recíprocas; o Ancoragem pode ser obtida a partir de dentes, mucosa, osso, implantes ou extra-oralmente. ANCORAGEM o Maximimar os movimentos dese- jados; o Minimizar os movimentos indese- jados; o Gerenciar o espaço no tratamen- to ortodôntico, evitando perda de ancoragem; o Para obter o efeito desejado, a ancoragem deve ser considerada no plano horizontal, vertical e sa- gital. o O movimento dentário aumenta com o aumento da força até um ponto em que diminui; o Após esse ponto, aumentar a for- ça simplesmente tensionará as unidades de ancoragem com efeito negativo nos dentes da an- coragem. FORÇA IDEAL Os níveis de força gerados de- pendem: o Das propriedades do aparelho; o Do material do fio; o Da deflexão; ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 o Do comprimento e a espessura afetando o controle da força; Uma força suave contínua é mais eficaz para garantir a movimentação dentária pretendida, ocorrendo cerca de 14 dias após a compressão do ligamento periodontal. OBS: movimento de corpo e verticaliza- ção requerem maior força, pois uma maior superfície dentária deve ser mo- vimentada. A necessidade de tratamento or- todôntico que exija a adesão mínima do paciente incentivou a pesquisa sobre o uso de implantes como ferramentas de ancoragem. IMPLANTES E MINI-IMPLANTES Os implantes dentários também são utilizados na prática ortodôntica para ancoragem implante não movimenta. Com isso, surgiram os mini- implantes (Temporary Anchorage Device – TAD). Foram introduzidos como dispo- sitivos de ancoragem esquelética tempo- rária. Diferenças: 1. Os implantes protéticos conven- cionais necessitam da osseoin- tegração. Eles só são carregados após essa osseointegração e de- vem ser permanentes; 2. A força no mini-implantes pode ser aplicada na mesma hora da colocação e são removidos em pouco tempo; 3. Os implantes convencionais es- tão sujeitos a altas forças inter- mitentes de mastigação, mas as forças que atuam nos TADs são leves e contínuas; 4. A direção do carregamento e o tamanho dos implantes variam entre os dois sistemas. Inicialmente, os implantes en- dósseos (localizados nas regiões edêntu- la, palatina ou retromolar) foram introdu- zidos na ortodontia para melhorar a an- coragem. Devido ao seu tamanho, esses implantes requerem tamanho de osso suficiente. Para ampliar as aplicações clíni- cas em ortodontia e diminuir o trauma ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 cirúrgico, foram desenvolvidos dispositi- vos menores que podem ser colocados em vários locais próximos à arcada den- tária. Alguns estudos sugerem que pe- ríodos de cicatrização desses implantes menores podem ser reduzidos ou mesmo evitados, em comparação com implantes dentários, palatais ou retromolares. Atualmente, 2 tipos de TADs são utilizados na ortodontia: 1. Mini-implantes de parafuso; 2. Mini-placas ósseas. APLICAÇÕES CLÍNICAS Minimizar a preocupação com a cooperação do paciente retração dos dentes anteriores, ortodontia lingual, ortopedia e expansão. Procedimentos que não podem ou dificilmente podem ser alcançados com ortodontia convencional retra- ção de toda a dentição, distalização e mesialização de molares, intrusão de dentes posteriores/anteriores. Quando o movimento de um úni- co dente é difícil de ser realizado ancoragem dentária insuficiente, doença periodontal, verticalização e desimpac- tação. OBS: miniplacas e implantes extra- alveolares são passíveis de maior aplica- ção de força do que os mini-implantes. Os mini-implantes e mini-placas reduzem os efeitos colaterais nos outros dentes, pois eles estão ancorados no osso e não no dente. Interceptação das mor- didas cruzadas posterio- res Mordidas cruzadas na região pos- terior e anterior não podem permanecer, elas sempre devem ser interceptadas saber diagnosticar e saber o momento certo de tratar. A mordida cruzada é a relação anormal no sentido vestíbulo-lingual, de um ou mais dentes da maxila e mandíbu- la, quando os arcos dentários se encon- tram em uma relação cêntrica. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 OBS: em ortodontia, o canino é conside- rado um dente posterior. Então, de cani- no para trás, a mordida cruzada é poste- rior. Devemos sempre manipular o paciente, pois em MIH pode-se ter uma condição diferente da RC. A mordida cruzada pode ser mar- cada por um cruzamento lingual o dente maxilar está por dentro do dente mandibular. Ela pode ser também marcada por um cruzamento vestivular (relação Brodie) o dente maxilar está comple- tamente para fora do dente mandibular. A cúspide P do superior não oclui na fossa central do inferior, nesse caso de cruzamento vestibular, ela toca na cúspide V do inferior (pior condição de tratamento). OBS: a mordida cruzada posterior não tem autocorreção, ela piora com o tem- po. Então, o quanto antes tratar, melhor. Prevalência 5 a 18%, dependendo do lugar. Os grandes responsáveis pelo aparecimento e desenvolvimento da mordida cruzada são os problemas respi- ratórios poluição. CLASSIFICAÇÃO 1. Quanto à área comprometida: a. Basal (esquelética): base maxilar menor que o ta- manho da mandíbula atresia palatina; b. Dentária (alveolar): den- tes inclinados para dentro a base maxilar man- tém sua dimensão, porém os dentes estão inclina- dos. ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 O tratamento da mordida cruzada dentária é mais fácil. Para mordida cru- zada basal, é necessário um aparelho fixo para expandir a base da maxila. 2. Quanto ao desvio funcional: a. Com desvio: interferência oclusal que leva a um desvio (linha média não coincide); b. Sem desvio: tratamento muito mais simples. 3. Quanto ao número de lados afe- tados: a. Unilateral (assimétrica): arco não parabólico; b. Bilateral (simétrica): arco parabólico. OBS: quando faz expansão, a cúspide palatina fica mais baixa do que antes sequela vertical. Pode gerar mordida aberta anterior ou piorar a que já existe. CAUSAS DA MORDIDA CRUZADA 1. Genética; 2. Fatores ambientais: o Desequilíbrio muscular: sucção não nutritiva e respiração oral; o Interposição lingual; o Alimentação (alimenta- ção pastosa e macia não gera estímulo para o crescimento maxilar); o Morfologia dentária (den- te em formato ou posição que não é o ideal) - irrup- çãoectópica; o Traumatismo; o Causas idiopáticas. MOTIVOS PARA TRATAMENTO PRECOCE 1. Aproveitar a bio-elasticidade ós- sea (osso mais plástico e macio quando é criança); 2. Redirecionar o germe do dente permanente ao expandir a arcada de uma criança muito nova; 3. Proporcionar um melhor relacio- namento esquelético; 4. Eliminar posições inadequadas da ATM; 5. Contribuir com a autoestima do paciente. FORMAS DE TRATAMENTO o Ortodontia (quando envolve ape- nas movimento dentário); ORTODONTIA – PUC MINAS 2019 Michele Carvalho 99654-2337 o Ortopedia (quando envolve ex- pansão da base óssea); o Cirurgia. Expansão lenta, feita com apare- lhos removíveis ou fixos objetivo de movimentar alvéolo (para casos de mor- dida cruzada dentária). Expansão rápida, com aparelhos fixos objetivo de romper a sutura do palato - disjunção palatina (para casos de mordida cruzada esquelética). A força para disjunção deve ser pesada e em curto espaço de tempo. Duas ativações por dia durante duas semanas são capazes de romper a sutu- ra.
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