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ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 PROCESSOS PROLIFERATIVOS NÃO NEO- PLÁSICOS A grande diferença entre esses processos e uma neoplasia é que, neste caso, a proliferação não é autônoma. É uma proliferação reacional à ação de algum agente agressor. Um agente agressor atua na mucosa causando uma inflamação. Du- rante a inflamação são liberados medi- adores químicos que, muitas vezes, es- timulam a proliferação de algumas célu- las. Se o agente agressor é retirado, a inflamação cessa. HIPERPLASIA FIBROSA FOCAL ETIOLOGIA A hiperplasia fibrosa focal con- siste em uma lesão reacional geralmen- te causada por trauma crônico (mecâni- co ou biológico). É caracterizada pela proliferação de fibroblastos e pelo au- mento da deposição de fibras coláge- nas. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Não há predileção por sexo ou idade. É caracterizada por uma pápula que evolui para um nódulo, podendo ter base séssil ou pediculada. É possível observar em qualquer região da mucosa bucal, mas é mais comum na mucosa jugal. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS É possível observar em micros- copia muitos fibroblastos maduros por toda a lâmina própria, infiltrado infla- matório mononuclear e fibras coláge- nas. O epitélio é estratificado pavimen- toso, podendo ser queratinizado ou não. TRATAMENTO Biópsia excisional e remoção da causa. HIPERPLASIA FIBROSA INFLAMATÓRIA É causado pelo trauma mecânico de uma prótese removível, caracteriza- do pela proliferação de fibroblastos e aumenta da deposição fibras colágenas. Acomete mais os adultos, idosos e mu- lheres. O nódulo, nesse caso, é lobula- do. É mais comum em mandíbula, por vestibular. GRANULOMA PIOGÊNICO ETIOLOGIA É caracterizado pela proliferação de células endoteliais com formação de vasos sanguíneos. A causa principal é a placa bacteriana, mas pode também ser causado por algum trauma mecânico. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Acomete mais indivíduos jovens e mulheres, principalmente as grávidas. É uma pápula ou nódulo, pediculado ou séssil e avermelhado. Pode ter cresci- mento rápido. O local mais comum de ocorrer é na gengiva, mas pode se de- senvolver em outros locais da boca. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS Observa-se muitos vasos sanguí- neos na lâmina própria e infiltrado in- flamatório mononuclear. O epitélio é estratificado pavimentoso, podendo ser queratinizado ou não. TRATAMENTO Biópsia excisional e remoção da causa, porém tem bastante recidiva. FIBROMA OSSIFICANTE PERIFÉRICO ETIOLOGIA É caracterizado pela proliferação de células mesenquimais pluripotentes do ligamento periodontal (células tron- co) e é uma lesão exclusiva de gengiva e rebordo alveolar. Essas células podem se diferenciar em osteoblastos, cemen- toblastos ou fibroblastos (produzindo osso, cemento ou colágeno). A causa é o trauma biológico. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Acomete mais os adultos e não tem predileção por sexo. É caracteriza- da por uma pápula (pediculada ou séss- sil) ou um nódulo na gengiva ou rebor- do e possui áreas radiopacas em radio- grafias periapicais (cemento e osso). CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS Pode ser observado osso, ce- mento ou colágeno na lâmina própria e também células mesenquimais fusifor- mes ou ovoides que produzem material mineralizado ou fibras colágenas. O epitélio é estratificado pavimentoso, podendo ser queratinizado ou não. TRATAMENTO Biópsia excisional e remoção da causa. LESÃO PERIFÉRICA DE CÉLULAS GIGAN- TES ETIOLOGIA É caracterizada pela proliferação de células mononucleares semelhantes a macrófagos, que se fundem formando células gigantes multinucleadas seme- lhantes a osteoclastos. A causa geralmente está associ- ada ao biofilme dental e existem duas teorias: A inflamação estimula a prolife- ração de macrófagos que estão no periósteo; A inflamação estimula a saída de monócitos da circulação sanguí- nea, transformando em macró- fagos. Essa lesão é exclusiva de rebor- do alveolar e gengiva. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Não há predileção por sexo e ocorre mais em adultos. É caracterizada por uma pápula ou nódulo arroxeada, podendo ser pediculada ou séssil. A lesão pode reabsorver osso em forma de taça. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS Presença de células gigantes na lâmina própria. O epitélio é estratificado pavimentoso, podendo ser queratiniza- do ou não. TRATAMENTO Biópsia excisional e remoção da causa. LESÕES FÚNGICAS – CANDIDÍASE (micose) A candidíase é uma infecção fúngica não contagiosa, causada por fungos do tipo Candida que estão pre- sentes na nossa microbiota oral (princi- palmente Candida albicans). Pode ter manifestações agudas ou crônicas. A infecção por esse microrga- nismo é usualmente superficial, afetan- do as porções mais superficiais da mu- cosa oral e da pele envolvida. Em paci- entes mais debilitados (AIDS, imunossu- primidos) a infecção pode se estender pelo trato digestório. A C. albicans é um microrganis- mo comensal. A transformação de um estado de comensalismo para um esta- do de patogenicidade está relacionada com fatores locais e sistêmicos. FATORES DE VIRULÊNCIA Dimorfismo: esse microrganismo pode existir em duas formas bio- lógicas, em forma de levedura (não patogênica) e pseudohifa (patogênica). Capacidade de se adaptar e crescer em habitats diversos. Capacidade de formar biofilme. A capacidade de formar biofilme é devido à sua hidrofobicidade. O mi- crorganismo consegue aderir às células na camada superficial e começa a se organizar, formando colônias, secretan- do polímeros extracelulares que indu- zem sua maturação e se disseminam no biofilme. FATORES PREDISPONENTES LOCAIS Prótese removível mal adaptada; Má higiene bucal; Uso prolongado de antibióticos de amplo espectro; Quimioterapia e radioterapia de cabeça e pescoço; Xerostomia. FATORES PREDISPONENTES SISTÊMICOS Idade: neonatos e idosos; Diabetes e doenças imunossu- pressoras; Desnutrição; Drogas imunossupressoras e corticoides; Neoplasias malignas; Quimioterapia e radioterapia. Os fatores tem relação ou com a microbiota ou com a imunidade. CLASSIFICAÇÃO Pode ser aguda ou crônica, branca ou eritematosa. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 AGUDA Pseudomembranosa (colônias brancas); Atrófica (mucosa vermelha). CRÔNICA Atrófica (mucosa vermelha); Hiperplásica (placa branca que- ratótica). MUCOCUTÂNEA Localizada (boca, face, couro ca- beludo e unhas); CANDIDÍASE AGUDA PSEUDOMEMBRA- NOSA (sapinho) Essa lesão se apresenta caracte- risticamente como uma placa branca e mole (pseudomembrana). Há a forma- ção de uma pseudomembrana em qual- quer área de cavidade bucal. As placas são compostas de fun- gos, restos queratóticos, células infla- matórias, células epiteliais descamadas, bactérias e fibrina. Ao passar uma gaze é possível remover essa pseudomem- brana, permanecendo uma superfície dolorida, eritematosa, erosiva ou ulce- rada, podendo gerar dor e ardência. A candidíase pseudomembrano- sa pode ser iniciada pela exposição do paciente a antibióticos de amplo espec- tro (eliminando assim as bactérias com- petidoras) ou pela diminuição da capa- cidade imune do paciente (leucêmicos, HIV positivos). Os sintomas, quando presentes, são relativamente brandos e consistem em uma sensação de queimação da mucosa oral ou um gosto desagradável. CANDIDÍASE AGUDA ATRÓFICA A persistência da candidíase a- guda pseudomembranosa pode even- tualmente resultar na perda da pseu- domembrana, resultando uma lesão vermelha, conhecidacomo a candidíase atrófica aguda. Ao longo do dorso da língua, é possível observar áreas despapiladas e com falta de queratinização. O uso de antibióticos de amplo espectro está muito ligado com esse tipo de lesão. O paciente relata sensa- ção de queimação na língua e dor. Pacientes que possuem xeros- tomia, independente do motivo, têm uma prevalência aumentada de candi- díase atrófica aguda. CANDIDÍASE CRÔNICA ATRÓFICA (eritematosa crônica) Essas outras formas de candidía- se atrófica em geral são assintomáticas e crônicas. Nessa categoria está a con- dição conhecida como glossite romboi- dal mediana (ou atrofia papilar central). Apresenta-se como uma zona eritema- tosa bem demarcada na linha média da região posterior do dorso da língua. O eritema se deve em parte à perda das papilas filiformes naquela área. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Alguns pacientes com glossite romboidal mediana podem apresentar sinais de infecção pela Candida em ou- tras superfícies orais. Esta apresentação da candidíase eritematosa tem sido chamada de candidíase multifocal crôni- ca. Além do dorso lingual, os sitos Ge- ralmente envolvidos são a junção entre o palato duro e o mole e as comissuras labiais. A estomatite por dentadura a- presenta-se como áreas vermelhas difu- sas ou pontuais que acompanha a área chapeável da prótese (na área de conta- to entre a prótese removível e o palato). A área é lisa e brilhante, indolor e possui um crescimento lento. A queilite angular ou queilocan- didíase acontece geralmente pela perda da DVO ou deficiências nutricionais. A saliva se acumula nas comissuras, man- tendo-as úmidas e favorecendo a infec- ção por fungos. Pode ser dolorida, com áreas ulceradas. CANDIDÍASE CRÔNICA HIPERPLÁSICA Apresenta-se como placas bran- cas não removíveis à raspagem. Esse é o tipo mais raro de candidíase e geral- mente está localizada na região na regi- ão anterior da mucosa jugal. Não podem ser diferenciadas clinicamente de uma leucoplasia co- mum. Deve ser feito diagnóstico dife- rencial: leucoplasia, líquen plano e cera- tose friccional. DIAGNÓSTICO Clínico; Citologia esfoliativa; Cultura; Biópsia. TRATAMENTO Antibióticos poliênicos (nistatina – suspensão oral 100.000U/ml); Antibióticos imidazólicos (mico- nazol gel oral 2%, cetoconazol 200mg); Antibióticos triazólicos (flucona- zol 100mg). Geralmente são dados por um período de 14 dias. CANDIDÍASE MUCOCUTÂNEA É um tipo mais grave de candidí- ase. A intensidade da candidíase está relacionada à gravidade do defeito imu- nológico. O paciente começa a apresentar candidíase nas unhas, na pele e em ou- tras superfícies mucosas. As lesões orais apresentam-se com placas brancas não removíveis (candidíase hiperplásica crônica). LESÕES FÚNGICAS – PARACOCCIDIOI- DOMICOSE A paracoccidioidomicose é uma micose profunda causada pelo Paracoc- cidioides brasiliensis. É observada com maior frequência na América Latina e zona rural. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 A paracoccidioidomicose tem uma grande predileção por homens, chegando a uma relação de 25 homens para cada 1 mulher. Acredita-se que esta diferença seja atribuída ao efeito protetor dos hormônios femininos (o estrógeno inibe a transformação da forma de hifas para a forma patogênica de leveduras). O fungo da paracoccidioidomi- cose também apresenta dimorfismo, mas, ao contrário da candidíase, sua forma patogênica é a levedura. Acredita-se que a maioria dos casos de paracoccidioidomicose apre- senta-se inicialmente como uma infec- ção pulmonar decorrente de uma aspi- ração dos esporos dos microrganismos que vão para os alvéolos pulmonares. O P. brasiliensis pode se espalhar por via hematogênica ou linfática para uma variedade de tecidos. A infecção pode ficar muitos anos controlada em forma de um gra- nuloma, mas durante algum episódio deficiência imunológica maior ou quan- do o microrganismo aumenta a sua viru- lência, a doença surge. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS É possível observar uma hiper- plasia pseudoepiteliomatosa (o epitélio invade exageradamente o tecido con- juntivo, porém permanece com as ca- racterísticas de um epitélio normal). OBS: no caso de uma lesão maligna (carcinoma), o epitélio invade o conjun- tivo, porém tem células diferenciadas e com características de malignidade. O P. brasiliensis desencadeia uma resposta inflamatória granulomato- sa, caracterizada por coleções de ma- crófagos epitelioides e células gigantes multinucleadas (células de langhans). OBS: são poucas as doenças que indu- zem a resposta inflamatória granuloma- tosa, geralmente são doenças com mi- crorganismos de baixa patogenicidade, porém de altíssima resistência. INFECÇÃO PULMONAR PRIMÁRIA Tosse; Hemoptise (saída de sangue pe- lo nariz); Dispinéia; Febre (baixa); Perda de peso. INFECÇÃO BUCAL As lesões orais apresentam-se como úlceras moriformes que geral- mente acometem a mucosa alveolar, gengiva e palato. Os lábios, língua, oro- faringe e mucosa jugal também podem ser envolvidos. Macroqueilia (aumento do vo- lume do lábio); Sialorréia; Úlcera – estomatite moriforme (lesão patognomônica): finas granulações, com pontos ectási- cos ou purpúricos com fundo brancacento. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Periodontopatias (gengiva in- flamada, retração gengival, mo- bilidade dental). DIAGNÓSTICO O principal diagnóstico para essa lesão é através do exame microscópico, a partir de uma biópsia incisional. Os exames radiográficos e teste sorológicos também são indicados. TRATAMENTO O tipo de tratamento vai depen- der do estágio da doença. É uma doen- ça de difícil tratamento, por se tratar de uma micose profunda. O mínimo do tratamento são seis meses e pode se estender até dois anos. Antifúngicos: cetoconazol (risco leve – 200/400mg ao dia) ou an- fotericina B (quando há risco de vida). LESÕES VIRÓTICAS HERPESVÍRUS SIMPLES O HSV-1 se adapta melhor e atua de forma mais eficiente nas regiões o- ral, facial e ocular (atração por células epiteliais). Já o HSV-2 é um vírus que se adapta melhor às regiões genitais. A exposição inicial de um indiví- duo sem anticorpos contra o vírus é denominada infecção primária que pode ser clínica ou subclínica, quando a pes- soa não apresenta sinais da doença. Essa infecção primária ocorre geralmen- te em faixas etárias jovens e a partir daí, o vírus segue pelos nervos sensitivos e é transportado para os gânglios sensitivos associados. Com a infecção do HSV-1, o gân- glio do trigêmeo apresenta a região de latência mais frequente. O vírus utiliza os axônios dos neurônios sensitivos para se deslocar e atingir a pele ou mu- cosa periférica, esses episódios podem acontecer durante um quadro de imu- nossupresão. GENGIVOESTOMATITE HERPÉTICA AGU- DA – GEHA A GEHA é o padrão mais comum de infecção primária sintomática pelo HSV (herpesvírus simples) e mais de 90% dos casos são resultantes da infec- ção pelo HSV-1. A maioria dos casos de GEHA ocorre entre os 6 meses 5 anos de ida- de, com pico de prevalência entre os 2 e 3 anos de idade. OBS: quando acontece em adolescente chama faringoamigdalite. PATOGÊNESE Contágio FATORES DE RISCO Condições sócio-econômicas (exposição precoce); Idade; Exposição a aglomerações; Incubação 3-10 dias Infecção clínica ou subclínica ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Higiene deficiente. ASPECTO CLÍNICO O início é abrupto e frequente- mente acompanhado por sinais prodô- micos, acompanhado por febre, mal estar, linfadenopatia e astenia.As manifestações clínicas variam de uma debilidade leve a intensa e a- contece de 2 a 3 dias depois dos sinais prodrômicos. Vesículas; Úlceras (cobertas por crostas ou pseudomembranas); Cura (10 a 14 dias depois). Inicialmente, na mucosa afetada desenvolvem-se diversas vesículas pun- tiformes, que rapidamente se rompem e formam inúmeras lesões pequenas e eritematosas (úlceras rasas). Tanto a mucosa oral móvel quanto a aderida podem ser afetadas e pode ultrapassar e atingir a borda adjacente do lábio (re- gião perioral). Em todos os casos, a gengiva a- presenta-se aumentada, dolorosa e eritematosa. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Herpangina (mas a herpangina acontece no palato mole e é sa- zonal – ocorre na primavera e verão); Faringoamigdalites; Lesões vesículobolhosas; Úlceras aftosas recorrentes. TRATAMENTOS Os tratamentos são paliativos: analgésicos e antitérmicos (sem AAS), anestésicos locais e alimentação não ácida. MEDICAMENTO Aciclovir 200mg (nos sinais pro- drômicos) – 5 comprimidos ao dia. Malvacitrin (solução ou spray). HERPES RECORRENTE As infecções recorrentes podem ocorrer tanto no local da inoculação primária como em áreas adjacentes à superfície epitelial suprida pelo gânglio envolvido. O herpes labial é, então, uma doença secundária à presença do vírus herpes simples latente no gânglio do trigêmeo. A localização mais comum de recorrência do HSV-1 é a borda adjacen- te dos lábios (região de semimucosa). A recorrência também pode afetar a mu- cosa bucal principalmente em pacientes imunossuprimidos (só na mucosa óssea suportada – gengiva inserida e palato duro). FATORES DE RISCO Luz ultravioleta; Traumatismos físicos; Ciclo menstrual; Stress emocional. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 ASPECTOS CLÍNICOS Os sinais prodômicos são ardên- cia, coceira, dormência, prurido e calor localizado. Esses sinais aparecem de 6 a 24h antes do desenvolvimento das le- sões. Desenvolvem-se vesículas pe- quenas e eritematosas. Essas vesículas na grande maioria das vezes se unem e em dois dias se rompem e formam cros- tas no local. OBS: há uma carga viral muito grande no líquido da vesícula. Quando a lesão é intrabucal o paciente pode achar que é uma afta, mas afta não ocorre em mucosa aderia a osso e geralmente a herpes ocorre no palato duro. A lesão é uma úlcera co- berta por uma pseudomembrana. A cicatrização normalmente o- corre entre 7 e 10 dias. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Traumatismos; Cancro sifilítico. TRATAMENTO O tratamento é sintomático. Aciclovir (pomada) no início da doença: 5 vezes ao dia na área afetada durante 5 dias; Aciclovir solução para casos in- trabucais; Penvir 125mg: 10 comprimidos (casos com muita recidiva) – 1 comprimido a cada 12h durante 5 dias. Faz o mesmo esquema depois de 30 dias e depois de 60. HERPES ZOSTER Varicela zoster É uma infecção secundária. Após a infecção inicial pelo VZV, o vírus é transportado para os nervos sensitivos e estabelece sua latência. O herpes zoster clinicamente evidente ocorre após a reativação do vírus, com o envolvimen- to da distribuição do nervo sensitivo afetado. A prevalência do acontecimento dessa doença aumenta com a idade. Além disso, imunossupressão, trata- mento com drogas citotóxicas, radiação, presença de neoplasias malignas, senili- dade e abuso de álcool são fatores pre- disponentes para reativação. FATOR DE RISCO Deficiência imunológica; Stress; Idade. ASPECTO CLÍNICO Dor unilateral; Catapora Latência (em qual- quer dermátomo) Reativação Manifestação da doença ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Vesículas (72h depois da dor); Unilateralidade; Neurite pós-herpética (corticói- de como tratamento). Dentro de três a quatro dias, as vesículas começam a postular e ulcerar, e a formação de crostas desenvolve-se após 10 dias. As lesões tendem a seguir o trajeto do nervo afetado e terminam na linha média. Tem duração de mais ou menos um mês e meio e deixa manchas e cica- trizes. É uma lesão muito característica e não se confunde com nenhuma outra. Para diagnóstico diferencial é importan- te observar a unilateralidade. TRATAMENTO O tratamento é sintomático. A febre deve ser tratada com antipiréticos que não contenham aspirina. Antipruri- ginosos podem ser administrados para diminuir o prurido. As lesões cutâneas devem per- manecer secas e limpas, a fim de preve- nir infecções secundárias. Para a neurite pós-herpética se usa prednisona 20mg por 7 dias, pela manhã. PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV) É um vírus de DNA resistente ao calor e ao formol. O HPV infecta células do epitélio e no microscópio podemos ver o efeito do vírus na célula. O HPV também é um vírus que faz latência. Infecções produtivas: doença e manifestações clínicas; Infecções não produtivas: infec- ta, faz latência e em algum mo- mento da vida ele pode se mani- festar (transformações celulares – câncer de colo de útero). HPV – VERRUGA VULGAR É uma doença infectocontagiosa causada por vírus do grupo HPV benig- nos. É uma lesão pequena, bem de- limitada e em forma de nódulo. Essa verruga pode ser mucocutânea. ETIOPATOGENIA HPV-2, HPV-4, HPV-40 infecção A infecção geralmente se dá de uma pessoa que tem a doença para uma que não tem. Pode ocorrer tam- bém por auto-inoculação. Os vírus HPV têm substâncias em seu envoltório viral para as quais há receptores para células epiteliais. Então eles penetram nas células epiteliais e produzem uma proliferação desse epité- lio. auto-inoculação espalhamento ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 ASPECTOS CLÍNICOS Pápula ou nódulo com superfície rugosa (pequenas projeções digitifor- mês) e esbranquiçada. O nódulo pode ser séssil ou pediculado. Tem consistência firme e é ge- ralmente indolor, pois não há exposição do conjuntivo. As verrugas tendem a serem isoladas umas das outras. Pode dar em pele, semimucosa ou mucosa. OBS: a verruga próxima de saída dos ductos salivares não tem coloração es- branquiçada. Normalmente a biópsia é excisi- onal e conservadora. Dependendo do caso usa-se ácido tricloroacético (70%). Esse ácido destrói as camas superficiais e atinge os vírus. HPV – PAPILOMA BUCAL O papiloma escamoso é uma lesão infectocontagiosa e mais preva- lente em indivíduos de 30-50 anos. É caracterizado por um aumento de vo- lume tecidual, pediculado (podendo também ser séssil), de consistência a- molecida, superfície irregular com as- pecto "digitiforme" ou de "couve-flor". Tem coloração esbranquiçada ou aver- melhada/eritematosa. Costumam se localizar em língua, lábios e no palato mole, embora possam acometer qual- quer local da boca. Normalmente a le- são é assintomática e solitária, mas, alguns pacientes (principalmente os imunossuprimidos) podem desenvolver lesões maiores e múltiplas. DIAGNOSTICO DIFERENCIAL Verruga vulgar, hiperplasia epi- telial focal e condiloma acuminado (DST). ASPECTO HISTOLÓGICO DAS LESÕES POR HPV Grande proliferação das células do epitélio e também grande hiperpla- sia epitelial. É possível observar proje- ções digitiformes. As células infectadas apresentam degeneração coliocítica (núcleo picnótico e degeneração do citoplasma). AIDS A infecção pelo HIV pode ser inicialmente assintomática ou pode ser observada uma resposta aguda. A síndrome viral aguda ocorre caracteristicamente uma a seis semanas após a exposição inicial em 50 a 70% dos indivíduos. Essa síndrome regride em algumas poucas semanas e, no ge- ral, durante esse período a infecção pelo HIV não é consideradaou investi- gada. Segue-se por um período assin- tomático variado. Algumas lesões e doenças são muito comuns em pacientes infectados pelo HIV. Sarcoma de Kaposi (neoplasia maligna de células endoteliais); Candidíase pseudomembranosa; ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Leucoplasia pilosa (no bordo la- teral da língua as papilas filifor- mes crescem muito) – está rela- cionada com a doença avança- da; Doença periodontal (GUNA ou gengivite linear). DOENÇAS BACTERIANAS SÍFILIS A sífilis é uma doença infecto- contagiosa causada pelo Treponema pallidum (espiroqueta aeróbia). Esse microrganismo é extrema- mente vulnerável ao meio seco e ao calor, portanto os modos primários de transmissão são o contato sexual ou da mãe para o feto (contato direto). A bactéria causa infecção no local onde ela penetra, depois ao pro- duzir muitas toxinas e subprodutos, ela se dissemina e pode causar doença em qualquer parte do corpo. OBS: em doenças virais acontecem os sinais prodrômicos antes da doença, em doenças bacterianas a bactéria primeiro causa a infecção local (na porta de en- trada) e depois o indivíduo tem os sinais de bacteremia (gânglios infartados, fe- bre e mal estar). ESTÁGIOS DA SÍFILIS Primária; Secundária; Latente; Terciária. DIAGNÓSTICO Teste sorológico: VDRL (exame de varredura, não é específico) ou FTA-Abs. O FTA-Abs é um exame muito mais caro e só se pede se não se tem a certeza sobre o diagnóstico de sífilis, quando a lesão não é tão característica. O VDRL é comumente mais pedido, pois é mais barato e, juntamente com o e- xame clínico, possibilita fechar o diag- nóstico de sífilis. Microscopia em campo escuro de material colhido das lesões; Biópsia insicional (cora em negro pela prata). SÍFILIS PRIMÁRIA Infecção 2-6 semanas lesão na porta de entrada CANCRO O cancro sifilítico aparece entre duas a seis semanas depois do contato com a bactéria e é seguido por uma linfadenopatia satélite (linfonodos pal- páveis macios e móveis). Geralmente cicatriza em 6 semanas, mesmo sem nenhum tratamento. Dessa forma, o indivíduo muitas vezes acha que era uma lesão qualquer que já está curada, porém o Treponema pallidum continua na circulação sanguínea. A cavidade oral é a localização mais comum para o aparecimento do cancro após a região genital. As lesões orais são vistas mais comumente nos lábios, mas outras regiões incluem a língua, palato, gengiva e amígdalas. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 O cancro é uma lesão única, ul- cerativa de bordos elevados, coloração vermelha escura e é indolor (pouca sen- sibilidade). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Herpes recidivante cicatrizando; Traumatismo; Granuloma piogênico; Carcinoma (em fase inicial). SÍFILIS SECUNDÁRIA É chamada também de sífilis disseminada ou sistêmica. Infecção primária disseminação via hematogênica ou linfática 4 a 10 semanas manifestação secun- dária regressão espontânea em até dois anos. A sífilis secundária é descoberta clinicamente entre 4 a 10 semanas após a infecção inicial. As lesões secundárias da sífilis podem surgir antes que a lesão primária tenha sido completamente resolvida. Durante o período da sífilis se- cundária geralmente dá-se o apareci- mento de sintomas sistêmicos. Febre; Mal estar; Cefaleia; Perda de peso; Dor músculo-esquelética; Dor de garganta; Linfadenopatia cervical; Roséolas sifilíticas: erupções cu- tâneas maculopapulares (pápu- las múltiplas eritematosas em forma de meia lua). Não coça e nem dói; Ceratose palmo plantar; Placa mucosa: lesões na boca (altamente transmissível). OBS: Nessa fase, a sífilis simula acne (manifestações acneiformes) e queilite. A placa mucosa é uma lesão ul- cerativa bem delimitada e possui uma pseudomembrana translúcida, lisa e brilhante, com aspecto de aderida. Há uma área erosiva por baixo da pseudo- membrana. CISTOS Os cistos terão origem de ele- mentos epiteliais ou mesenquimais que participam da formação do dente. Na fase de embriologia, as células mesen- quimais que migraram da crista neural e as epiteliais da lâmina epitelial primária começam a se interagir, formando a lâmina dentária (origina dente) e lâmina vestibular (origina sulco vestibular). A partir do surgimento da lâmina dentária, vai haver a formação de cinco fazes: capuz, botão, campânula, forma- ção do dente e raiz. A coroa e a raiz do dente se ori- ginam da lâmina dentária e a dentina e polpa se originam do mesênquima (pa- pila dentária). A lâmina dentária prolifera, for- mando o epitélio interno, epitélio ex- terno e retículo estrelado (órgão do esmalte). As células do epitélio interno ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 interagem com as células do mesên- quima para formar pré-ameloblastos e pré-odontoblastos. A partir união do epitélio interno e externo forma-se a alça cervical e a bainha epitelial de Hertwig, da qual se origina a raiz. Papila dentária: dentina e polpa; Epitélio externo, retículo estre- lado e epitélio interno: esmalte; Bainha epitelial de Hertwig: ce- mento, ligamento periodontal e osso alveolar. CLASSIFICAÇÃO Cistos odontogênicos: de desen- volvimento ou inflamatórios. Cistos não odontogênicos; Pseudocistos; Cistos glandulares. Os cistos odontogênicos resul- tam da proliferação de remanescentes epiteliais associados à formação dos dentes. Os cistos não odontogênicos se originam da proliferação de epitélio da linha de fusão dos ossos ou processo embrionário dos maxilares. Os pseudocistos são cavidades patológicas que não são revestidas por epitélio. Os cistos glandulares formam ca- vidades revestidas ou não por epitélio. Quando é revestido por epitélio, é o próprio epitélio da glândula. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CISTOS O cisto é uma cavidade patológi- ca revestida por epitélio, recoberta por uma cápsula de conjuntivo fibroso. Em seu interior contém uma substância líquida ou semissólida. A lesão cística se inicia pela proli- feração de restos epiteliais, devido a algum estímulo. Formam-se ilhotas ce- lulares e as células do interior ficam sem irrigação e, consequentemente, sofrem degeneração e necrose. Na ca- vidade formada há enzimas de degene- ração que atraem líquidos tissulares, devido ao aumento da pressão interna. Esse líquido, por expansão, faz a lesão crescer (crescimento ilimitado). Assintomáticos e de crescimento lento (pode causar expansão das corticais ósseas); Achados ocasionais em exames radiográficos de rotina (por se- rem assintomáticos) ou por ex- pansão óssea; A maioria acontece na região posterior de mandíbula, em in- divíduos do sexo masculino e em adultos jovens; A imagem radiografia é radiolú- cida uni ou multilocular; Podem provocar deslocamento de estruturas adjacentes; Punção aspirativa líquida – ama- relo citrino (o tom amarelado se dá pela presença de cristais de colesterol); Diagnóstico final é feito a partir da biópsia; ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 A remoção é cirúrgica conserva- dora ou descompressão (em ca- sos de lesões grandes); Bom prognóstico (o osso repara em torno de 6 meses a um ano). OBS: método para diferenciar cisto de lesão tumoral – punção aspirativa. O cisto possui um líquido amarelado no interior e o tumor não. O diagnóstico é clínico, radiográ- fico e histopatológico. CISTOS ODONTOGÊNICOS INFLAMATÓRIOS Cisto periapical (radicular); Cisto residual; Cisto paradentário. DESENVOLVIMENTO Cisto dentígero; Cistode erupção; Ceratocisto odontogênico; Cisto gengival do recém-nascido; Cisto gengival do adulto; Cisto periodontal lateral; Cisto odontogênico calcificante. OBS: os únicos cistos extra-ósseos são o gengival e o de erupção. CISTOS INFLAMATÓRIOS CISTO PERIAPICAL É originado a partir dos restos epiteliais de Malassez como resultado de uma inflamação (necrose pulpar). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Pico de frequência na 3ª década de vida até a 6ª década e pre- dominância nos leucodermas; Assintomático de crescimento lento; Dentes sem vitalidade pulpar; Mais comum na maxila, princi- palmente na região anterior; Pode haver presença de fístulas (infecção secundária); Raro em dentes decíduos. São geralmente descobertos em exames radiográficos de rotina. Podem causar reabsorção óssea, mas geral- mente não produzem expansões. Na radiografia se vê uma área radiolúcida bem delimitada, unilocular, na maioria das vezes circunscrita por uma linha radiopaca de esclerose óssea. TRATAMENTO Endodontia ou apicetomia com curetagem direta da lesão; Somente endodontia: a maioria das lesões periapicais regride após a remoção do estímulo in- flamatório; Descompressão em casos de cis- tos muito grandes. CISTO RESIDUAL É o cisto radicular que permane- ce nos maxilares após a retirada do den- te associado. Assintomático; Sempre em áreas edêntulas; ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Achado radiográfico; CISTO PARADENTÁRIO É um cisto inflamatório na face lateral da raiz/coroa originado do epité- lio reduzido do esmalte ou restos epite- liais de Malassez. Acontece só em den- tes em processo de formação e erup- ção. OBS: processo inflamatório em torno do folículo pericoronário. Normalmente acontece na regi- ão distal de terceiros molares semi- inclusos com história de pericoronarite. O cisto se localiza lateralmente ao den- te e ele é vital. Na radiografia observa-se uma imagem radiolúcida arredondada com limites definidos, corticalizada e late- ralmente ao dente (terço cervical). ASPECTO HISTOLÓGICO DOS CISTOS IN- FLAMATÓRIOS Cavidade patológica revestida por um epitélio pavimentoso estratifi- cado não queratinizado, envolto por uma cápsula de tecido conjuntivo fibro- so com infiltrado inflamatório mononu- clear (crônico). OBS: a cavidade sempre está em conta- to com o epitélio. Pode ter imagem negativa de cristais de colesterol. CISTOS DE DESENVOLVIMENTO CISTO DENTÍGERO Tem origem do acúmulo de lí- quidos ou fluidos entre o epitélio redu- zido do esmalte e a coroa do dente in- cluso, está unido pela junção ameloce- mentária. OBS: para ser cisto dentígero o dente precisa estar dentro do osso. É parecido com o cisto paradentário, porém, no cisto paradentário, o dente já rompeu o osso na erupção. Tem predileção por indivíduos do sexo masculino, entre os 10 e 30 anos. São assintomáticos e em sua mai- oria acomete os 3os molares inferiores, caninos superiores e pré-molares inferi- ores. Geralmente estão associados com supranumerários ou odontomas e ra- ramente com dentes decíduos. São assintomáticos e descober- tos em exames de rotina. Os cistos mai- ores podem causar expansão óssea. O cisto dentígero pode se trans- formar em um ameloblastoma unicísti- co. OBS: no cisto dentígero o dente está incluso e não há estímulo inflamatório, já no cisto paradentário o dente já está em erupção e o estímulo é inflamatório. TIPOS Central; Lateral; Circunferencial. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Na radiografia observa-se uma imagem radiolúcida de tamanho variá- vel, unilocular, tem o contorno regular bem definido e corticalizado. O dente incluso envolvido pode estar deslocado. HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por um epitélio pavimentoso estratifi- cado não queratinizado, envolto por uma cápsula de tecido conjuntivo fibro- so frouxamente arranjado (as fibras colágenas são muito delicadas e dá a impressão de ser frouxo). Esse epitélio tem duas ou três camadas de células, pois é originário do epitélio reduzido do esmalte. TRATAMENTO Quando é viável, faz-se apenas a remoção do teto do cisto expondo co- roa do dente, para que ele possa erup- cionar. Em outros casos, remove-se o cisto juntamente com o dente. CISTO DE ERUPÇÃO (variação extraóssea do cisto dentígero) O dente já rompeu a crista ós- sea, porém ainda não atingiu o meio externo (não rompeu a gengiva). Há um tecido fibroso denso que impede a e- rupção desse dente (patogênese). Há a separação do folículo dentário que en- volve a coroa de um dente em erupção com acúmulo de líquido. Acontece muito em molares in- feriores, mas também pode acometer qualquer dente em processo de erup- ção. É assintomático e ocorre princi- palmente em crianças menores de 10 anos de idade. Clinicamente, observa-se uma tumefação (nódulo) mole e translúcida na mucosa gengival, podendo ser da cor da mucosa ou mais arroxeado. À palpa- ção é possível sentir a coroa do dente. Radiograficamente não se ob- serva nada, pois a lesão é de tecido mo- le. Na maior parte das vezes o cisto de rompe espontaneamente, caso isso não aconteça pode ser feito uma exci- são na mucosa. HISTOPATOLÓGICO É igual ao do cisto dentígero. Na lâmina pode aparecer o fragmento de mucosa gengival, dessa forma seria possível observar o epitélio da mucosa, a lâmina própria e a cavida- de cística. CERATOCISTO ODONTOGÊNICO (cisto x neoplasia) Tem origem de remanescentes celulares da lâmina dentária. Então não há a formação do dente. FATORES DE CRESCIMENTO Fatores desconhecidos do epité- lio; Atividade enzimática na cápsula fibrosa. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 É um tipo de cisto mais agressivo e localmente invasivo (cresce através dos espaços medulares). Acomete mais comumente a mandíbula (ramo e região posterior), homens na faixa dos 10 aos 40 anos. São assintomáticos e normalmente não causam expansão óssea. OBS: crescem mais em comprimento do que em largura, por isso menos expan- são. Não estão associados com den- te, pois o cisto é originário de remanes- cente da lâmina própria. Se não houve formação completa da lâmina própria, não há dente. O líquido encontrado dentro da cavidade é mais consistente, esbranqui- çado e um pouco mais amarelado, por causa da queratina encontrada nele. Esse cisto está muito relaciona- do com a síndrome de Gorlin-Goltz (sín- drome do carcinoma nevóide basocelu- lar). É uma síndrome hereditária autos- sômica dominante. Múltiplos ceratocistos; Carcinomas basocelulares múlti- plos; Anomalias das costelas e vérte- bras; Calcificações intracranianas. Na radiografia é possível obser- var áreas radiolúcidas, podendo ser uni ou multiloculadas e circunscritas por uma linha radiopaca. Podem ser: Colateral (entre os pré-molares e caninos inferiores): quando a- contece nessa região parece um cisto periodontal lateral; Circundante: envolve a coroa de um dente, parece cisto dentíge- ro; Substituição: na região onde não tem dente, parece cisto residual; Externo: região de ângulo e ra- mo da mandíbula, parece ame- loblastoma. O ceratocisto pode causar deslo- camento de algum dente ou reabsor- ção. HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por um epitélio pavimentoso estratifi- cado paraceratinizado fino, sinuoso com superfície corrugada, interface epitélio- conjuntivo plana e células da camada basal empaliçadas com núcleos bem corados. A cavidade é envolta por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso com cistos filhos. OBS: o epitélio é fino (frágil), sinuoso (difícil de remover), possui a camada basal muito corada ecamada de quera- tina corrugada. Além disso, no conjunti- vo existem cistos filhos (ou satélites). Durante a remoção cirúrgica pode res- tar algum fragmento. Além disso, ele possui cistos filhos (ou satélites) no te- cido conjuntivo que podem ser deixados na remoção. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 TRATAMENTO CISTO GENGIVAL DO RECÉM-NASCIDO São pequenos cistos superficiais contendo ceratina, encontrados na mu- cosa alveolar de recém-nascidos. Esse cisto tem origem de remanescentes da lâmina dentária. São lesões comuns, tendo sido relatadas em metade dos recém- nascidos, entretanto, como desapare- cem espontaneamente por seu rompi- mento na cavidade, raramente são no- tadas ou removidas por biópsia. CISTOS DE INCLUSÃO Pérolas de Epstein: cistos que se localizam ao longo da rafe pala- tina do recém-nascido (próximo à papila incisiva). Origina-se do epitélio ao longo da linha de fu- são dos processos palatinos. Nódulos de Bohn: são remanes- centes epiteliais de glândulas sa- livares menores. Encontrados no palato duro ou mole. Todos esses cistos se caracteri- zam por pápulas múltiplas esbranquiça- das, geralmente com 2mm de diâmetro. HISTOPATOLÓGICO Observa-se o epitélio de mucosa e a lâmina própria, que é onde se en- contra a lesão. Cavidade patológica revestida por epitélio pavimentoso estratificado paraceratinizado e dentro da cavidade tem-se uma quantidade variável de ce- ratina. Sua cápsula é a própria lâmina própria (tecido conjuntivo fibroso adja- cente). TRATAMENTO Normalmente não existe uma conduta a ser adotada, pois essas lesões se rompem espontaneamente na cavi- dade oral, expondo seu conteúdo e de- saparece. CISTO GENGIVAL DO ADULTO É o correspondente extraósseo do cisto periodontal lateral. Sua origem é de remanescente da lâmina dentária. Geralmente é descoberto por acaso, quando não há tumefação. Canino e pré-molares inferiores (gengiva inserida); 5ª a 6ª década de vida; Tumefação indolor. Pápula ou nódulo bem delimita- do, a coloração pode ser semelhante à mucosa normal ou mais azula- da/acinzentada. HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por epitélio pavimentoso estratificado Remoção cirúrgica Cauterização química Acompanhamento ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 não ceratinizado, envolto por uma cáp- sula de tecido conjuntivo fibroso. Por ser de tecido mole, observa-se também o epitélio da mucosa. TRATAMENTO Remoção cirúrgica conservado- ra. CISTO PERIODONTAL LATERAL O cisto periodontal lateral é um cisto incomum que ocorre ao longo da superfície lateral da raiz de um dente. Tem origem de remanescentes da lâmi- na dentária. OBS: alguns autores acreditam que ele tem origem da proliferação do epitélio reduzido do esmalte. Caninos e pré-molares inferio- res; Assintomáticos (descobertos por acaso); Raramente crescem levando a tumefações; Dentes associados são vitais; Acomete mais indivíduos do se- xo masculino acima de 30 anos. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS Imagem radiolúcida unilocular bem delimitada localizada late- ralmente a raiz de um dente com vitalidade pulpar. A lâmina dura é preservada (o que diferencia de um cisto radi- cular). Algumas vezes ele pode apre- sentar uma imagem radiolúcida multilo- cular (cisto botrióide). HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por um epitélio pavimentoso estratifi- cado não ceratinizado e envolto por uma cápsula de tecido conjuntivo fibro- so. TRATAMENTO Remoção cirúrgica conservadora com preservação dos dentes envolvi- dos. CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE (tumor odontogênico de células fan- tasmas, cisto de Gorlin) Tem origem de remanescentes da lâmina dentária. Neoplasia x Cisto Apresenta uma grande diversi- dade no aspecto histopatológico. Em algumas vezes são lesões sólidas sem cavidade (neoplasia) e outras vezes pos- sui a cavidade (cisto). Tem comportamento clínico va- riável, infiltrativo e até maligno. Podem estar associados a outros tumores (o- dontoma, tumor odontogênico adeno- matóide ou ameloblastoma). Mandíbula e maxila (predileção por região anterior – incisivos e caninos); Assintomático; ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Ocorre na faixa dos 33 anos; Pode ser extraósseo, apresen- tando-se como massas gengivais sésseis ou pediculadas; Podem ter áreas de calcificação em seu interior. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS Área radiolúcida unilocular ou multilocular bem delimitada, pode estar envolvendo a coroa de um dente inclu- so. É possível observar áreas de calcifi- cação (pode estar presente ou não). HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por epitélio pavimentoso estratificado não ceratinizado. Nesse epitélio, obser- vam-se áreas de ceratina enoveladas e presença de células volumosas, algumas vezes claras, chamadas de células fan- tasmas. Na cápsula de tecido conjuntivo fibroso existem áreas de calcificação. TRATEMENTO Remoção cirúrgica. As lesões com comportamento agressivo apre- sentam caráter recidivante. CISTOS NÃO ODONTOGÊNICOS (de desenvolvimento ou fissural) Revestidos por epitélio que fi- cam na linha de sutura de processos ósseo-embrionários no desenvolvimen- to. Não são originados de nenhuma estrutura que posteriormente formará o dente. CISTO NASOLABIAL Tem origem intraóssea, mas cresce extraósseo. Uma teoria considera o cisto na- solabial um cisto fissual, originado de remanescentes epiteliais retidos ao lon- go da linha de fusão dos processos nasal lateral, nasal mediano e maxilar. Uma segunda teoria sugere que estes cistos se desenvolvem pela depo- sição de epitélio do ducto nasolacrimal. Ocorre mais em adultos do sexo feminino. Lesão de crescimento lento e assintomático. Observa-se uma tumefação in- traoral e o levantamento da asa do na- riz. Radiograficamente pode-se ob- servar a inversão do soalho da fossa nasal, caso a lesão já esteja maior. HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por epitélio pseudoestratificado cilíndri- co ciliado e cápsula de tecido conjuntivo fibroso. OBS: epitélio respiratório – o cisto está próximo das vias aéreas. O epitélio pode ser pavimentoso estratificado paraceratinizado. TRATAMENTO Remoção cirúrgica. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 CISTO NASOPALATINO Acredita-se que o cisto se origine de remanescentes do ducto nasopalati- no. Acomete mais os homens, entre a 4ª e 6ª década de vida. Algumas lesões causam tumefa- ção na região anterior do palato próxi- mo a papila incisiva, drenagem e dor, mas geralmente são assintomáticos e de crescimento lento. Pode estar na papila incisiva, no forame incisivo ou no conduto incisivo. As radiografias oclusais revelam uma área radiolúcida arredondada ou oval, unilocular próximo ou entre as raízes dos incisivos centrais superiores. Em uma radiografia periapical observa-se uma área radiolúcida em formato de coração, por causa da so- breposição da espinha nasal anterior. OBS: diagnóstico diferencial em lesões pequenas – forame incisivo. Faz radio- grafia pela técnica de Clark para ver se tem duas imagens (forame e cisto) ou uma imagem só (forame). HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por epitélio pseudoestratificado cilíndri- co ciliado e cápsula de tecido conjuntivo fibroso. OBS: o histológico é igual para esses cistos fissurais, o que vai diferenciar é a localização desse cisto. TRATAMENTO Remoção cirúrgica conservado- ra. CISTO PALATINO MEDIANO É um cisto que se origina do epi- télio retido ao longo da linha de fusão embrionária dos processos palatinos. Esse cistopode ser difícil de ser diferenciado do cisto do ducto nasopa- latino. É caracterizado por uma tume- fação flutuante e firme na linha média do palato, posteriormente a papila inci- siva. Normalmente é assintomático e acomete mais os indivíduos jovens de ambos os sexos. OBS: alguns autores acreditam que esse cisto seja na verdade a projeção do cis- to nasopalatino. Pode parecer com um tórus pa- latino, porém a consistência é macia. O tórus é osso, então é duro. HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por epitélio pseudoestratificado cilíndri- co ciliado e cápsula de tecido conjuntivo fibroso. TRATAMENTO Remoção cirúrgica conservado- ra. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 PSEUDOCISTOS São cavidades patológicas que não são revestidas por epitélio, por isso são chamados de pseudocistos. CISTO ÓSSEO SIMPLES (cisto ósseo traumático, cisto ósseo hemorrágico, cisto ósseo solitário e ca- vidade óssea idiopática) O cisto ósseo simples é uma ca- vidade binigna, vazia ou contendo líqui- do dentro do osso, desprovida de reves- timento epitelial. A teoria que melhor explica a o- rigem desse cisto é a do trauma. A partir de um trauma na região, ocorre uma hemorragia e a formação de um coágulo, que se organiza e poste- riormente é substituído por uma neo- formação óssea. No caso do cisto, esse coágulo se degenera e forma-se assim a cavidade. São de crescimento lento, assin- tomático e descobertos por aca- so; Tem predileção por região pos- terior de mandíbula; Predileção por sexo masculino; 10 a 20 anos de idade. Radiograficamente, observa-se uma área radiolúcida unilocular na regi- ão posterior de mandíbula. Muitas ve- zes há uma projeção da lesão entre as raízes de um dente (lesão festonada – muito característico desse cisto). OBS: é raro, mas pode ser multilocular. HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por uma fina cápsula de tecido conjun- tivo fibroso vascularizado e celularizado. Observa-se tecido mineralizado (osso) adjacente. HIPÓSTESE DIAGNÓSTICA Ceratocisto ou ameloblastoma, pois a cavidade óssea idiopática não é tão comum. O diagnóstico desse cisto é prin- cipalmente baseado nas características clínicas e radiográficas, junto com acha- dos cirúrgicos. Pode ser encontrada cavidades vazias com paredes brilhantes ou uma pequena quantidade de líquido sanguinolento. TRATAMENTO Curetagem da lesão com pro- moção de sangramento, para ter a for- mação de um novo coágulo que poste- riormente será substituído por uma neoformação óssea. CISTO ÓSSEO ANEURISMÁTICO O cisto ósseo aneurismático é um acúmulo de líquido intra-ósseo de espaços cheios de sangue com tamanho variável, circundado por tecido conjun- tivo fibroso. A origem é controversa, ou é uma lesão primária ou representa al- guma forma de acidente vascular em uma lesão pré-existente. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Crescimento lento, assintomáti- co e descoberto por acaso; Acomete mais mulheres (1ª e 2ª década de vida); Predileção pela região posterior de mandíbula. OBS: às vezes pode levar a uma assime- tria facial. Radiograficamente, observa-se uma área radiolúcida unilocular ou mul- tilocular frequentemente associada com expansão e afinamento da cortical. As bordas radiográficas podem ser bem definidas ou difusas. Pode ser confundida com uma lesão fibro-óssea (em pacientes crian- ças) ou ceratocisto e ameloblastoma (em pacientes jovens adultos). HISTOPATOLÓGICO Cavidade patológica revestida por tecido conjuntivo fibroso apresen- tando vasos sanguíneos de grande cali- bre e células gigantes multinucleadas. TRATAMENTO Normalmente são tratados por curetagem ou enucleação e pode ser realizada a canulização (descompres- são). CISTOS GLANDULARES São cavidades revestidas pelo epitélio da própria glândula ou até mesmo sem revestimento epitelial. Podem ser formar por: Ruptura: quando o ducto se rompe (traumatismo), a secre- ção de mucina extravasa no te- cido conjuntivo. A cavidade po- de ser parcialmente recoberta pelo epitélio da glândula, ou sem revestimento epitelial. Ge- ralmente a mucina é circundada por infiltrado inflamatório mo- nonuclear. Obstrução: ocorre a obstrução do ducto e a mucina ficará acu- mulada. A cavidade vai ser re- vestida por epitélio da glândula. Sialolitíase: cálculo que obstrui o ducto da glândula. OBS: clinicamente não há como distin- guir qual foi a formação do cisto. MUCOCELE (cisto de extravasamento glandular) Lesão que resulta da ruptura de um ducto de glândula salivar e conse- quentemente derramamento de mucina no tecido conjuntivo. Pode também ser resultado de uma dilatação do ducto decorrente de uma obstrução, nesse caso é considera- do um cisto verdadeiro, porque terá um revestimento epitelial. Clinicamente é possível observar uma tumefação em forma de cúpula, azulada ou translúcida. Muitos pacientes relatam histó- ria de tumefação que periodicamente ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 desaparece (pois o teto do cisto é rom- pido e há o extravasamento do líquido). Logo depois ela s forma novamente. Tem predileção por crianças e adultos jovens e acomete principalmen- te o lábio inferior, mas pode acometer qualquer lugar da boca. OBS: quando a mucocele está localizada mais profundamente a coloração será parecida com a da mucosa normal – diagnóstico diferencial com as hiperpla- sias. TRATAMENTO Remoção da lesão por divulsão e remover também as glândulas adjacen- tes. HISTOPATOLÓGICO Pelo exame histológico é possí- vel saber se foi uma mucocele por obs- trução ou por ruptura. Se existir epitélio da própria glândula revestindo é uma mucocele por obstrução. Se houver área de mucina extra- vasada circundada por um tecido de granulação reacional é uma mucocele por ruptura. RÂNULA É um termo usado para mucoce- les que ocorrem no soalho da boca. Tem a mesma origem das mucoceles, ou por ruptura ou obstrução glandular. Tumefação flutuante azulada com forma de cúpula no soalho bucal. Tendem a serem maiores que uma mu- cocele. Localizam-se lateralmente à linha média. TRATAMENTO Transfixação ou marsupialização. SIALOLITÍASE Os sialolitos são estruturas calci- ficadas que se desenvolvem no interior do ducto da glândula (deposição de sais de cálcio ao redor de um acúmulo de restos orgânicos no lúmen do ducto). OBS: esses restos orgânicos podem ser constituídos de muco, bactérias, células epiteliais do ducto ou corpos estranhos. Acontece mais comumente em indivíduos jovens e adultos de meia idade. Normalmente o paciente queixa de dor. Desenvolvem-se mais frequen- temente no interior do ducto da glându- la submandibular. Se o cálculo estiver localizado na porção terminal do ducto ele pode ser palpado. Os sialolitos aparecem no exame radiográfico como massas radiopacas, porém nem todos os cálculos podem ser visíveis devido ao grau de calcifica- ção. TRATAMENTO Remoção do cálculo. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 TUMORES ODONTOGÊNICOS Os tumores odontogênicos são tumores benignos que derivam de es- truturas presentes na odontogênese. Lâmina dentária; Tecidos epiteliais; Ectomesênquima; Tecidos epiteliais e ectomesen- quimais. TUMORES EPITELIAIS São compostos somente por epitélio odontogênico, sem qualquer participação do ectomesênquima. Ameloblastoma; Tumor odontogênico epitelial calcificante (tumor de Pindborg); Tumor odontogênico adenoma- tóide; Tumor odontogênico ceratocisto (TOC) – cisto; MISTOS São compostos por epitélio o- dontogênico e por elementos do ecto- mesênquima.O tecido mineralizado dentário pode ou não ser formado nes- sas lesões. Odontoma (composto ou com- plexo); Fibroma ameloblástico; Fibro-odontoma ameloblástico. MESENQUIMAIS São compostos principalmente por elementos do ectomesênquima. Apesar de o epitélio odontogênico po- der estar incluído nessas lesões, ele não parece ter um papel essencial em sua patogênese. Fibroma odontogênico; Mixoma; Cementoblastoma. CARACTERÍSTICAS COMUNS DOS TU- MORES Homens e mulheres; Adultos jovens até a 4ª década de vida; Maxila ou mandíbula (principal- mente região posterior de man- díbula); Assintomáticos; Crescimento lento; Causam expansão óssea. TUMORES EPITELIAIS AMELOBLASTOMA É o tumor odontogênico clini- camente significativo mais comum. Teo- ricamente, ele pode ter origem dos res- tos da lâmina dentária secundária, de um órgão do esmalte em desenvolvi- mento (ameloblastos), do revestimento epitelial de um cisto odontogênico, ou das células basais da mucosa oral. São tumores de crescimento lento, localmente invasivos e ocorrem em três diferentes situações: Sólido ou multicístico (86% dos casos); Unicístico (13% dos casos); Periférico – extraósseo (1% dos casos). ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 AMELOBLASTOMA SÓLIDO OU MULTI- CÍSTICO Não há predileção por gênero; Acomete principalmente a faixa dos 30 a 40 anos; Região posterior de mandíbula; Assintomático e de crescimento lento; Lesões menores são descober- tos durante exame radiográfico, porém lesões maiores podem causar expansão óssea (tumefa- ção); A dor e parestesia são incomuns, mesmo em lesões grandes, pois é uma lesão benigna que infiltra pelos espaços medulares; A característica radiográfica mais típica é aquela de uma lesão radiolúcida multilocular. É frequentemente descrito como “bolhas de sabão” ou “favos de mel”, se as lojas forem maiores ou me- nores, respectivamente. A expansão vestibular ou lingual das corticais geralmente está presente e a reabsorção das raízes dos dentes adja- centes ao tumor é comum. OBS: lesão sólida – não tem cavidade e a punção aspirativa é negativa. HISTOPATOLÓGICO O ameloblastoma sólido ou mul- ticístico possui seis subtipos histológi- cos: folicular, plexiforme, acantomato- so, células granulares e desmoplásico, sendo o folicular e o plexiforme os mais comuns. Em um mesmo tumor, pode e- xistir mais de um subtipo e deve-se clas- sificar com o subtipo que mais predo- mina. PADRÃO FOLICULAR Observa-se a presença de ni- nhos/folículos de epitélio odontogênico proliferando em um estroma de tecido conjuntivo fibroso celularizado e vascu- larizado. Os ninhos epiteliais consistem em uma região central de células frou- xamente arranjadas que lembram o retículo estrelado do órgão do esmalte. Uma única camada de células colunares altas hipercromadas, dispostas empali- çadas, semelhantes à ameloblastos, cerca essa região central. O núcleo des- sas células está localizado no polo opos- to à membrana basal (polarização inver- tida). Podemos ver pequenas áreas císticas no interior do epitélio, devido à uma degeneração. PADRÃO PLEXIFORME O tipo plexiforme consistem em cordões longos e anastomosantes de epitélio odontogênico. Esses cordões são delimitados por células colunares altas, circundado as células epiteliais arranjadas mais frouxamente. Entre os cordões, há um estroma de tecido con- juntivo fibroso celularizado e vasculari- zado. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 PADRÃO ACANTOMATOSO O padrão acantomatoso refere- se a uma metaplasia escamosa, frequen- temente associada à formação de cera- tina nas regiões centrais das ilhas epite- liais de um ameloblastoma folicular. PADRÃO DE CÉLULAS GRANULARES Ninhos de epitélio odontogênico proliferando em um estroma de tecido conjuntivo fibroso. As células mais peri- féricas são cuboidais e na área central, observam-se células cujo citoplasma possui grânulos. PADRÃO DE CÉLULAS BASAIS É o tipo menos comum. Essas lesões são compostas por ninhos de células basaloides uniformes. Não há retículo estrelado na porção central dos ninhos. Tanto as células periféricas quanto as centrais são basaloides. PADRÃO DESMOPLÁSICO Desmoplasia: produção exacer- bada de tecido conjuntivo fibroso e fi- bras colágenas. Esse tipo de ameloblastoma con- tém pequenas ilhas e cordões de epité- lio odontogênico em um estroma den- samente colagenizado. Os ninhos estão “espremidos” pelo estroma. OBS: não há diferença de comporta- mento clínico entre os diferentes pa- drões. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO Enucleação e curetagem (recidi- va de 55 a 90%); Ressecção em bloco com mar- gem de segurança de 1 a 2cm (recidiva de 15%) – é o trata- mento mais indicado. AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO Tem comportamento semelhan- te ao das lesões císticas, porém é mais agressivo. Alguns autores acreditam que essa lesão já se inicie como um tumor e outros acreditam que ela venha de uma transformação do epitélio cístico. Pacientes jovens, entre a 1ª e a 2ª década de vida; Região posterior de mandíbula; Assintomático e crescimento lento; Pode causar expansão óssea; Punção aspirativa positiva: líqui- do translúcido, cor de palha; Normalmente está relacionada com dentes inclusos; Pode provocar reabsorção de ra- ízes de dentes adjacentes. Essa lesão pode ser confundida principalmente com um cisto dentígero e o diagnóstico é através do exame his- topatológico. Na radiografia podemos obser- var uma imagem radiolúcida, arredon- dada, unilocular e bem delimitada. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 HISTOPATOLÓGICO Existem três variantes histopato- lógicas descritas para o ameloblastoma unicístico. TIPO LUMINAL Cavidade revestida por um epi- télio ameloblástico. Esse epitélio apre- senta células colunares altas hipercro- máticas, dispostas empaliçadas, com núcleo de polarização invertida. Há uma cápsula tumoral de tecido conjuntivo fibroso vascularizado e celularizado. OBS: acima da camada de células colu- nares, há uma camada de células dis- postas frouxamente, lembrando o retí- culo estrelado. TIPO INTRALUMINAL Nesse tipo de ameloblastoma, o epitélio ameloblástico prolifera em dire- ção à cavidade tumoral. TIPO MURAL Por fim, nesse tipo, o epitélio ameloblático prolifera tanto em direção à cavidade, quanto em direção ao teci- do conjuntivo. OBS: as células colunares altas estão voltadas para o tecido conjuntivo. TRATAMENTO Esses tumores normalmente são tratados como cistos através da enucle- ação (quando é luminal e intraluminal). Entretanto, o paciente deve ser manti- do sob acompanhamento por longo período, pois pode recidivar. Quando é mural, normalmente faz-se a ressecção em bloco, mas quando o paciente é jovem, tenta-se primeiro fazer a enu- cleação e acompanhá-lo. AMELOBLASTOMA PERIFÉRICO (extra-óssea, lesão de tecido mole) É uma lesão incomum, sendo responsável por cerca de 1% de todos os ameloblastomas. ORIGEM A partir de restos epiteliais o- dontogênicos abaixo da mucosa oral (restos epiteliais de Serres) – é a teoria mais aceita; Células epiteliais basais do epité- lio de superfície. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Pacientes de meia-idade; Nódulo pediculado ou séssil que acomete mucosa gengival ou al- veolar posterior; 1,5cm de diâmetro; Mandíbula; Crescimento lento e assintomá- tico. OBS: pode lembrar um processo prolife- rativo não neoplásico. Como é lesão de tecido mole, geralmente não há imagem, porém às vezes o osso pode apresentar uma pe- quena erosão. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO99654-2337 HISTOPATOLÓGICO Observa-se a mucosa (epitélio estratificado pavimentoso ceratinizado), lâmina própria (tecido conjuntivo fibro- so) com pouco infiltrado inflamatório crônico. Mais profundamente, próximo ao osso alveolar, é possível observar ninhos de epitélio odontogênico. Na periferia dos ninhos, há célu- las semelhantes aos ameloblastos, e a parte central é semelhante ao retículo estrelado. OBS: os subtipos mais comuns são o folicular, plexiforme e de células basais. TRATAMENTO O comportamento clínico é inó- cuo, sendo assim, o tratamento é a ex- cisão cirúrgica local e, se houver recor- rência (25%), repete-se a excisão cirúr- gica com osteotomia periférica. TUMOR ODONTOGÊNICO EPITELIAL CALCIFICANTE (tumor de Pindborg) Antigamente achavam que esse tumor era uma variante do ameloblas- toma. É uma lesão incomum responsá- vel por menos de 1% de todos os tumo- res odontogênicos. Sua histogênese é incerta, mas acredita-se que se origina das células do estrato intermediário. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 30 a 50 anos, sem predileção por gênero; Região posterior de mandíbula; Assintomático de crescimento lento; Lesões maiores podem causar expansão óssea; Radiograficamente a lesão apre- senta-se como uma área radiolúcida- multilocular, podendo estar relacionada ou não com dentes inclusos. É possível observar áreas de mineralização. Essa área de mineralização ocor- re ao redor da coroa do dente relacio- nado. Quando não há mineralização fazer diagnóstico diferencial com ame- loblastoma multicístico, ceratocisto, mixoma, cisto ósseo aneurismático e lesões vasculares benignas intraósseas. Quando tem mineralização de- ve-se fazer diagnóstico diferencial com o fibro-odontoma ameloblástico. Quando ela se apresenta como uma lesão unilocular, deve-se fazer di- agnóstico diferencial com o cisto odon- togênico calcificante e com o TOA. HISTOPATOLÓGICO O TOEC apresenta discretas i- lhas, cordões ou lençóis de células epi- teliais poliédricas em um estroma fibro- so. Essas células estão unidas por pon- tes intercelulares e são hipercromáticas. Algumas células mostram consi- derável pleomorfismo nuclear, mas sem indicação de malignidade. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Grandes áreas de material acelu- lar, amorfo e acidófilo estão presentes (amiloides). Nesse material há a deposi- ção de sais de cálcio (calcificações con- cêntricas do tipo anel de Liesegang). TRATAMENTO Ressecção conservadora com osteotomia periférica (recidiva 15%). TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMA- TÓIDE No TOA há apenas a proliferação do epitélio que formam estruturas que se assemelham à ductos de glândulas salivares. Ele representa 3 a 7% dos tumores odontogênicos. ORIGEM Epitélio do órgão do esmalte; Remanescentes da lâmina den- tária. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 10 a 19 anos; Mulheres; Região anterior de maxila; São pequenos (até 3cm); Assintomáticos de crescimento lento; Pode causar tumefação na regi- ão. Normalmente está relacionado com dente incluso, principalmente o canino e normalmente ultrapassa a jun- ção cemento-esmalte. Radiograficamente se apresenta como uma área radiolúcida unilocular que pode apresentar finas mineraliza- ções, lembrando flocos de neve. Diagnóstico diferencial com cisto dentígero, ameloblastoma unicístico e ceratocisto. HISTOPATOLÓGICO O TOA é uma lesão bem definida que geralmente está envolvida por uma espessa cápsula fibrosa. É composto por células epiteliais fusiformes que formam lençóis, ou ni- nhos (rosetas) em um estroma fibroso escasso. Algumas áreas possuem um lú- men, lembrando ductos de glândula salivar. As células ao redor do lúmen são colunares altas, lembrando amelo- blastos. Essa área seria uma tentativa de formação abortiva de esmalte. Áreas de calcificação podem estar dispersas por todo o tumor, sendo descritas como material dentinoide ou amiloide. TRATAMENTO Remoção da lesão juntamente com o dente relacionado. A recidiva é rara, porque o tumor é bem encapsula- do. TUMORES MISTOS ODONTOMA É o tipo de tumor odontogênico mais comum. Eles são considerados como anomalias do desenvolvimento (hamartoma). ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Os odontomas são subdivididos em tipo composto e tipo complexo. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS GERAIS Duas primeiras décadas de vida; Assintomático de crescimento lento (descobertos por acaso); Lesões relativamente pequenas, mas lesões maiores podem levar à expansão óssea; Relacionados com dentes inclu- sos. ODONTOMA COMPOSTO É formado por múltiplas estrutu- ras pequenas, semelhantes a dentes. Esses dentículos são envoltos por uma área radiolúcida e contornados por um halo radiopaco. Acontece normalmente na regi- ão anterior de maxila e o diagnóstico é dado pela radiografia. OBS: os restos de epitélio odontogênico podem começar a se proliferar e dar origem aos odontoameloblastomas. Histologicamente é possível ob- servar a imagem negativa do esmalte, dentina e polpa. Organizados como se fosse um dente normal, porém não tem o tamanho de um dente normal e pode ter uma forma mais rudimentar. Estro- ma de tecido conjuntivo fibroso. ODONTOMA COMPLEXO É formado por uma massa que não exibe semelhança anatômica com um dente. Radiograficamente observamos uma área radiopaca, envolta por uma área radiolúcida, com halo radiopaco. Normalmente acontece na regi- ão posterior de mandíbula. Deve ser feito diagnóstico dife- rencial com osteoma, displasias cemen- to-ósseas focais, osteítes condensantes e esclerose óssea idiopática. TRATAMENTO Excisão local para ambos os ca- sos. Casos de recidiva são raros. FIBROMA AMELOBLÁSTICO É considerado como um tumor misto verdadeiro, em que tanto o tecido epitelial quanto o mesenquimal são neoplásicos. Não há a formação de teci- do mineralizado. Pode representar um estágio inicial de desenvolvimento de um odon- toma. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Jovens (1ª a 2º década de vida); Sexo masculino; Região posterior de mandíbula; Tumores maiores podem causar expansão óssea; Assintomáticos e de crescimento lento. Radiograficamente observa-se uma lesão radiolúcida uni ou multilocu- lar, com margens bem definidas e escle- róticas. Pode estar associado com dente incluso. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 HISTOPATOLÓGICO Há a proliferação do tecido me- senquimal (tecido conjuntivo frouxo com células fusiformes, ovoides e estre- ladas, lembrando a polpa dentária). O epitélio se prolifera em forma de cordões que se anastomosam. Esse epitélio tem de 2 a 3 camadas de célu- las, sendo que as periféricas são coluna- res altas, hipercromáticas, dispostas em paliçada com polarização invertida, lembrando ameloblastos. As células do interior são dispostas frouxamente lembrando o retículo estrelado. TRATAMENTO Excisão cirúrgica local no caso de lesões menores e mais delimitadas. Em casos de lesões maiores, faz-se a res- secção conservadora sem margem de segurança. O prognóstico é bom com baixa recidiva. FIBRO-ODONTOMA AMELOBLÁSTICO O fibro-odontoma ameloblástico é definido como um tumor com carac- terísticas gerais de um fibroma amelo- blástico, mas que também contém es- malte e dentina. Alguns autores acreditam que o FOA pode representar um estágio de desenvolvimento de um odontoma. Crianças em torno dos 10 anos (1ª e 2ª década de vida); Sem predileção por sexo; Região posterior de mandíbula; Assintomático e de crescimento lento; Descoberto ao acaso em fase i- nicial, porém se a lesão estiver grande pode causar tumefação. Radiograficamente o tumor pode seruni ou multilocular, com limites irre- gulares e contém quantidade variável de material calcificado, com densidade semelhante aos tecidos dentários. Em alguns casos, pode apresentar reabsor- ção de raízes. Quando observamos na radio- grafia o tecido mineralizado e uma lesão multilocular, temos que fazer diagnósti- co diferencial com o TOEC. Se a lesão for unilocular, o diagnóstico diferencial será com o cisto odontogênico calcifi- cante e com o TOA. OBS: ao fazer a punção, descarta-se o cisto e biópsia para saber qual é o tu- mor. HISTOPATOLÓGICO Podemos observar um estroma de tecido conjuntivo fibroso e prolifera- ção de epitélio odontogênico em forma de cordões e formação de tecido mine- ralizado. TRATAMENTO O tratamento normalmente é a excisão cirúrgica com osteotomia peri- férica. O tumor se destaca facilmente de seu leito ósseo, ele é bem circunscri- to e não invade o osso. O prognóstico é bom. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 TUMORES MESENQUIMAIS MIXOMA 25 a 30 anos de idade (3ª déca- da); Sem predileção por sexo; Região posterior de mandíbula; Lesões maiores podem causar expansão óssea; Crescimento lento e assintomá- tico. Radiograficamente, o mixoma se apresenta como uma lesão radiolúcida multilocular. Pode causar reabsorção dos dentes na região do tumor. As margens da lesão são irregu- lares e as trabéculas ósseas formam ângulos retos, dando um aspecto de raquete de tênis. O tecido tem consistência gela- tinosa, por causa da proliferação do mesênquima. HISTOPATOLÓGICO O tumor é composto por células casualmente arranjadas de formato estrelado, fusiforme ou arredondado, em um estroma abundante e frouxo, que contém somente algumas fibrilas colágenas e grande quantidade de subs- tância fundamental amorfa (glicoprote- ínas). TRATAMENTO Curetagem em lesões pequenas e ressecção em bloco em lesões maio- res, pois a lesão não é encapsulada e invade as trabéculas ósseas. A taxa de recidiva é em torno de 25%. CEMENTOBLASTOMA É um neoplasma odontogênico de cementoblastos. O cementoblasto- ma representa menos de 1% dos tumo- res odontogênicos. Pacientes jovens, com menos de 25 anos; Mais comum em mandíbula; Envolve principalmente o pri- meiro molar inferior e pode a- contecer também em pré- molares; Assintomático e de crescimento lento; Se atingir tamanhos muito gran- des, pode causar tumefação por vestibular ou lingual. Radiograficamente, o tumor apa- rece como um aumento de volume ra- diopaco que está fundido a um ou mais dentes. É circundado por um halo radio- lúcido. O contorno da raiz do dente en- volvido está geralmente obscurecido, como resultado da reabsorção radicular e fusão do tumor com o dente. O liga- mento periodontal não é mais visto na- quela região. Deve-se fazer diagnóstico dife- rencial com osteoma, displasia cemen- to-óssea focal e hipercementose. Na hipercementose é possível ver o ligamento periodontal e não há reabsorção das raízes. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 HISTOLÓGICO Tecido mineralizado contendo numerosos cementoblastos volumosos e um estroma de tecido conjuntivo fi- broso vascularizado e celularizado. TRATAMENTO O tratamento pode ser a extra- ção do dente juntamente com o tumor ou, se a lesão estiver em apenas uma raiz, tenta-se amputar somente aquela raiz que está associada. A recidiva é de 22%. LESÕES FIBRO-ÓSSEAS BENIGNAS As lesões fibro-ósseas são um grupo diverso de processos caracteriza- dos pela substituição do osso normal por tecido fibroso contendo um produ- to mineralizado neoformado. Displasia fibrosa; Displasia cemento-óssea: o Periapical; o Focal; o Florida. Fibroma cemento-ossificante. Para que se chegue a um diag- nóstico correto devem-se associar as características clínicas, radiográficas, cirúrgicas e histopatológicas. FASES Osteolítica: substituição do teci- do ósseo por tecido fibroso, sendo a lâmina dura também substituída. A imagem radiográfica é radiolú- cida. Cementoblástica: ocorre a depo- sição de material mineralizado no interior da lesão. A imagem radiográfica é radiolú- cida com pontos radiopacos dentro. Madura: já há grande deposição de material radiopaco, mas exis- te sempre uma área radiolúcida em torno da lesão. DISPLASIA FIBROSA É caracterizada pela substituição do osso normal por uma proliferação excessiva de tecido conjuntivo fibroso celularizado entremeado por trabéculas ósseas irregulares. A displasia fibrosa é uma condi- ção que resulta de uma mutação no gene GNAS1 (etiopatogenina). Esse Ge- ne ativa o metabolismo celular. A severidade clínica da condição depende do momento durante a vida fetal ou pós-natal em que ocorre essa mutação. Se a mutação ocorre em uma das células-tronco indiferencia- das no início da vida embrioná- ria, as células ósseas, endócrinas e os melanócitos irão sofrer alte- rações; A mutação pode ocorrer apenas nos osteoblastos e, nesse caso, pode ser em osteoblastos so- mente da mandíbula ou também de outros ossos. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 CLASSIFICAÇÃO Monostótica: quando acomete apenas um osso – displasia fi- brosa craniofacial; Poliostótica: quando acomete mais de um osso e geralmente está associado com as síndromes de Jaffe-Linchtenstein e de Mc- Cune Albright. DISPLASIA FIBROSA MONOSTÓTICA Sem predileção por sexo; Acomete mais indivíduos da 2ª década de vida; Acomete os ossos da face, mas principalmente a maxila. Clinicamente, podemos observar uma tumefação por vestibular, mas po- de se estender por palatina. Essa tume- fação é recoberta por mucosa íntegra, é mal delimitada e tem consistência dura. Geralmente a lesão é unilateral. Radiograficamente, podemos observar uma lesão radiopaca mal deli- mitada, lembrando aspecto de vidro despolido. Nos estágios iniciais da lesão, ela pode ser marcadamente radiolúcida, pois ainda não houve a deposição de material mineralizado. Além disso, não se vê o ligamento periodontal. DISPLASIA FIBROSA POLIOSTÓTICA Nesse tipo de displasia, mais de um osso é afetado. Quando, além dos ossos afetados, o indivíduo apresenta manchas café com leite, ele é portador da síndrome Jeffe-Linchtenstein. Quando, além das manchas, também apresenta problemas endócri- nos como puberdade precoce, hiperti- reoidismo e adenomas de hipófise, o indivíduo é portador da síndrome Mc- Cune Albright. Essas manchas café com leite são unilaterais e possui as bordas irre- gulares, geralmente localizadas no tron- co e coxas. HISTOLÓGICO DAS DISPLASIAS Histologicamente, podemos ob- servar um tecido conjuntivo fibroso e trabéculas ósseas de tamanho e forma- tos irregulares. Essas trabéculas assu- mem formatos curvilíneos e se parecem com a escrita chinesa. Com a maturação da lesão, as trabéculas vão se tornando maiores, os espaços medulares menores, e o osso se torna mais denso e mineralizado. TRATAMENTO DAS DISPLASIAS FIBROSAS Proservação; Cirurgia conservadora (osteo- plastia – apara óssea): nesse ca- so, há possibilidade de recresci- mento entre 25 a 50%. OBS: não há a transformação maligna dessa lesão. DISPLASIA CEMENTO-ÓSSEA A displasia cemento-óssea ocor- re nas áreas de suporte dos dentes nos ossos gnáticos e é provavelmente a le- são fibro-óssea mais comum encontra- da. ESTOMATOLOGIA I – PUC MINAS 2018 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Como as características histopa- tológicas compartilham muitas similari- dades com a displasia fibrosa e com o fibroma ossificante, para o diagnóstico deve-se levar em consideração as carac- terísticas clínicas. A displasia cemento-óssea surge em estreita
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