Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Geometria Analítica e Álgebra Linear Produto Escalar Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. João Dimas Saraiva dos Santos Revisão Técnica: Profa. Me. Adriana Domingues Freitas Revisão Textual: Prof. Me. Selma Aparecida Cesarin 5 • Produto Escalar • Definição geométrica de produto escalar • Definição Algébrica • Cálculo do ângulo de dois vetores • Projeção de um vetor sobre outro • Propriedades do produto escalar • Ângulos diretores e cossenos diretores de um vetor • Interpretação geométrica do módulo do produto escalar A leitura dos textos indicados será de grande auxílio na interpretação e compreensão dos conteúdos desenvolvidos. Outro hábito auxiliar no aprendizado é o de refazer os exercícios resolvidos e as Atividades Práticas disponibilizadas ao final do conteúdo com as suas respectivas resoluções. Fique atento (a) às atividades avaliativas propostas e ao prazo de realização e envio. · Nas Unidades anteriores, estudamos vetores sob os pontos de vista geométrico e algébrico, nessa ordem. Vamos, a partir de agora, estudar o produto escalar. Produto Escalar 6 Unidade: Produto Escalar Contextualização Ao longo do desenvolvimento do conteúdo sobre vetores, discutiu-se a importância da Álgebra Vetorial na Física e na Engenharia. Vamos, a partir de agora, analisar uma situação problema que contextualize o produto escalar. Fique atento(a) para não confundir produto escalar de dois vetores com produto de escalar por um vetor, visto na Unidade I. O nome produto escalar sugere que se trata de um número real, isto é, de um escalar. O produto escalar é utilizado para calcular o trabalho realizado por uma força u cujo ponto de aplicação sofre um deslocamento v . O produto escalar é assim apresentado: u ⦁ v = | u | | v | cosθ. Essa igualdade mostra que esse número, que está associado a módulos e medida angular, pode ser calculado a partir de coordenadas em uma base ortonormal. A palavra ortonormal refere-se à base ortogonal em que os vetores são todos unitários, ou seja, têm módulo 1. Maiores detalhes e esclarecimentos sobre o significado dessa fórmula serão fornecidos ao longo da Unidade. Vamos utilizar o produto escalar para resolver o seguinte problema: um caixote de madeira é puxado 8 m acima em uma rampa sob uma força constante de 200 N aplicada em um ângulo de 25o com a rampa. Calcule o trabalho realizado. Resolução A grandeza física trabalho, notada por W, é uma grandeza escalar e tem como unidade no Sistema Internacional o joule, notado por J. A expressão para o cálculo do trabalho W é W = F ⦁ d ou W = | F | | d | cosθ e 1J = 1N • 1m (1 Newton vezes um metro). Analise o desenho a seguir que representa a situação enunciada. F 250 d W = | F | | d | cosθ ⇒ W = 200(8)cos25o = 1450 N•m = 1.450 J 7 Produto Escalar O produto escalar tem representação u ⦁ v (o símbolo “⦁” entre os vetores significa “escalar”). Então, u ⦁ v é lido como u escalar v . Tenha o cuidado de não confundir o símbolo de escalar “⦁” com o símbolo associado à multiplicação comum “•”. Note que, quando fizermos referência ao produto escalar, o símbolo entre os dois vetores terá mais destaque: u ⦁ v . O produto escalar sempre resulta em um número real, que pode ser positivo, negativo ou nulo (zero). Isso se deve ao ângulo formado pelos dois vetores, que pode ser um ângulo agudo, ou seja, menor do que 90o, um ângulo obtuso, isto é, maior do que 90o, ou ainda o ângulo pode ser 0o. Adiante, vamos analisar o comportamento de ângulos formados por dois vetores. Defi nição Algébrica Chama-se produto escalar de dois vetores u = x1 i + y1 j + z1 k e v = x2 i + y2 j + z2 k , e se representa por u ⦁ v ao número real u ⦁ v = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2. O produto escalar de u por v também é indicado por <u , v> e se lê “u escalar v”. Atividades 1) Dados os vetores u = 2 i - 4 j + 6 k e v = 3 i - 6 j - k , determine u ⦁ v ; 2) Sejam os vetores u = (-1, 3, 2) e v = (2, 4, -3). Calcular: a) (u - v) ⦁ (3u - 2 v) b) v ⦁ v c) 0 ⦁ u ; 3) Dados os vetores u = (4, a, -1) e v = (a, 2, 3) e os pontos A(4, -1, 2) e B(3, 2, -1) determinar o valor de a tal que u ⦁ ( v + BA ) = 5. Resoluções 1) u ⦁ v = 2(3)+(-4)(-6)+6(-1) = 6 + 24 – 6 = 24; 2) a) (u – v) ⦁ (3u – 2 v) = u – v = (–1, 3, 2) – (2, 4, –3) = (–3, 1, 5) 3u – 2 v = 3 (–1, 3, 2) – 2 (2, 4, –3) = (–3, 9, 6) + (–4, –8, 6) = (–7, 1, 12) (u – v) ⦁ (3u – 2 v) = (–3, –1, 5) ⦁ (–7, 1, 12) = 21 – 1 + 60 = 80 b) v ⦁ v = (2, 4, –3) ⦁ (2, 4, –3) = 4 + 16 + 9 = 29 8 Unidade: Produto Escalar c)0 ⦁ u = (0, 0, 0) ⦁ (-1, 3, 2) = 0 + 0 + 0 = 0; 3) u= (4, a, -1) e v = (a, 2, 3) e os pontos A(4, -1, 2) e B(3, 2, -1) determinar o valor de a tal que u ⦁ ( v + BA ) = 5. BA = A – B = (4, -1, 2) – (3, 2, -1) = (1, -3, 3) v + BA = (a, 2, 3) + (1, -3, 3) = (a+1, -1, 6) u ⦁ ( v + BA ) = 5 (4,a,-1) ⦁ (a+1, -1, 6) = 5 4(a+1) - a – 6 = 5 4a+4 - a – 6 = 5 3a−2 = 5 ⇒ 3a = 7 ⇒ a = 7 3 . Propriedades do produto escalar Para quaisquer vetores u , v e w e o número real a, é simples verificar que: I) u ⦁ v = v ⦁ u ; II) u ⦁ ( v + w ) = u ⦁ v + u ⦁ w e (u + v) ⦁ w = u ⦁ w + v ⦁ w ; III) a(u ⦁ v) = (au ) ⦁ v = u ⦁ (a v); IV) u ⦁ u > 0 se u ≠ 0 e u ⦁ u = 0, se u = 0 = (0, 0, 0); V) u ⦁ u = |u |2. De fato, vimos que o módulo do vetor u = (x, y, z) é dado por |u |2 = 2 2 2 x y z+ + . Tendo em vista que u ⦁ u = (x, y, z) ⦁ (x, y, z) = x2 + y2 + z2, conclui-se que |u | = u u ou de modo equivalente u .u = |u |2. Atividades 1) Sendo |u | = 6, | v| = 3 e u ⦁ v = 2, calcular (3u - 2 v) ⦁ (-u+ 4 v); 2) Mostrar que |u+ v|2 = |u |2+ 2u ⦁ v + | v|2. 9 Resoluções 1) (3u – 2 v) ⦁ (–u + 4 v). Vamos, primeiramente, aplicar a propriedade distributiva: 3u ⦁ (–u + 4 v) – 2 v ⦁ (-u + 4 v) = – 3u ⦁ u + 12u ⦁ v + 2 v ⦁ u - 8 v ⦁ v = = – 3|u |2 + 14u ⦁ v – 8|v|2= – 3(6)2 + 14(2) – 8(3)2 = – 108 + 28 – 72 = = – 152 2) |u+ v |2 = (u+ v) ⦁ (u+ v) = u ⦁ (u+ v )+ v ⦁ (u+ v) = = u ⦁ u + u ⦁ v + v ⦁ u + v ⦁ v = |u |2 + 2u ⦁ v + | v|2. Observação: De forma análoga, demonstra-se que |u - v|2 = |u |2 - 2u ⦁ v + | v|2. Defi nição geométrica de produto escalar Se u e v são vetores não nulos e θ o ângulo entre eles, então u ⦁ v = |u || v|cos θ A conclusão que tiramos a partir da fórmula é que: o produto escalar de dois vetores não nulos é igual ao produto de seus módulos pelo cosseno do ângulo por eles formado. Observação: θ (teta) é o nome da oitava letra do alfabeto grego, muito utilizada quando nos referimos a ângulos. Para entender como foi obtida a fórmula u ⦁ v = | u || v|cos θ, devemos recorrer à lei dos cossenos. A aplicação da lei dos cossenos Acompanhe a resolução de uma situação-problema, para entender a aplicação da lei dos cossenos (Figura 3.1): uma companhia área realiza voos diretos entre as cidades A e B e entre A e C. Porém, essa companhia pretende criar uma nova linha, na qual realizará voos partindo de A com destino a C, fazendo conexão em B. Para calcularmos a distância em linha reta entre B e C, podemos utilizar a lei dos cossenos, que é enunciada da seguinte maneira. 10 Unidade: Produto Escalar Figura 3.1 A  B B̂ CĈ bc a a2 = b2 + c2 - 2bc . cos  b2 = a2 + c2 - 2ac . cos ̂B c2 = a2 + b2 - 2ab . cos ̂C Para todo triângulo ABC, o quadrado da medida de um lado qualquer é igual à soma dos quadrados das medidas dos outros dois lados subtraída do dobro do produto desses dois lados pelo cosseno do ângulo formado por eles. Observação Para verificara demonstração da lei dos cossenos, visite os sites recomendados anteriormente. Vamos aplicar a lei dos cossenos para resolver a questão proposta. Verifique a representação gráfica (Figura 3.2) da situação-proposta acima. Figura 3.2 A B C 800 km 620 km 600 Vamos tratar essa situação por meio de vetores. Figura 3.3 A B C= 800 km - 620 km = 600 u u v v 11 Lembre-se de que a distância de A até C é a mesma que de C até A. A distância de A até B é a mesma que de B até A. O mesmo se aplica á distância entre B e C. Afinal, estamos tratando de módulo. Primeiramente, vamos utilizar a lei dos cossenos para calcular a distância de B até C: |u - v|2 = |u |2 + | v|2 - 2 |u | | v| cos 60o |u - v|2 = 8002 + 6202 – 2 • 800 • 620 • 1 2 |u - v|2 = 640.000 + 384.400 – 496.000 = 528.400 |u - v| = 528.400 = 726,91 km Agora, vamos aplicar a lei dos cossenos ao triângulo acima, para determinar o produto escalar u ⦁ v : |u - v|2 = |u |2 + | v| - 2 |u | • | v| cos 60o (I) Por outro lado, como visto na observação feita no item 2, anterior: |u - v|2 = |u |2 - 2u ⦁ v + | v|2 (II) Comparando (I) e (II), temos: |u |2 + | v| - 2 |u | • | v| cos 60o = |u |2 - 2u ⦁ v + | v|2 - 2 |u | • | v| cos 60o = - 2u ⦁ v u ⦁ v = |u | • | v| cos 60o u ⦁ v = 800 • 620 • 1 2 = 248.000 Generalizando, temos: u ⦁ v = |u | • | v| cos θ Atividade Sendo |u | = 4, | v| = 3 e 120o, o ângulo entre u e v , calcular: a) u ⦁ v b) |u+ v| c) |u - v| Resolução a) u ⦁ v = |u | | v| cos120o = (4) (3) (- 1 2 ) = - 6 12 Unidade: Produto Escalar b) Vimos que |u+ v|2 = |u |2 + 2 |u | | v| ⦁ cos120o + | v|2 |u+ v|2 = 42 + 2 (-6) + 32 = 16 – 12 + 9 = 13 |u+ v| = 13 c) De modo análogo, temos: |u - v|2 = |u |2 - |2u | | v| ⦁ cos120o + | v|2 |u - v|2 = 42 – 2(-6) + 32 = 16 + 12 + 9 = 37 |u - v| = 37 Observações: a) Vamos exemplificar com um caso particular a equivalência das expressões do produto escalar apresentadas por u ⦁ v = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 e u ⦁ v = |u || v|cos θ. Acompanhe a representação gráfica a seguir (Figura 3.4). Figura 3.4 y x z 1 1 u v |u | = 2 2 21 1 0+ + = 2 |v| = 2 2 20 1 0+ + = 1 u = (1, 1, 0) e v= (0, 1, 0) u ⦁ v = (1) (0) + (1) (1) + (0) (0) = 1 u ⦁ v = 2 (1) cos 450 = 2 2 2 = 1 Observe que ambas as expressões do produto escalar geraram o mesmo valor 1, portanto, são equivalentes. b) Vamos apresentar, sem a demonstração, dois resultados válidos para todos os vetores u e v : 1) |u ⦁ v| ≤ |u | | v| (Desigualdade de Schwarz) 2) |u+ v| ≤ |u | + | v| (Desigualdade Triangular) 13 A igualdade somente ocorre quando u e v forem paralelos e de mesmo sentido. 1) u ⦁ v > 0 ⇔ cos θ > 0 ⇔ 0o ≤ θ ≤ 90o (Figura 3.5(a)) 2) u ⦁ v < 0 ⇔ cos θ < 0 ⇔ 90o < θ ≤ 180o (Figura 3.5(b)) 3) u ⦁ v = 0 ⇔ cos θ = 0 ⇔ θ = 90o (Figura 3.5(c)) uuu v v v • A condição u ⦁ v = 0 ⇔ cos θ = 0 ⇔ θ = 90o estabelece a condição de ortogonalidade de dois vetores: Dois vetores u e v são ortogonais se, e somente se, u ⦁ v = 0. Atividades 1) Mostrar que os seguintes pares de vetores são ortogonais: a) u = (1, -2, 3) e v= (4, 5, 2) b) i ⦁ j ; 2) Provar que o triângulo de vértices A(2, 3, 1), B(2, 1, -1) e C(2, 2, -2) é um triângulo retângulo; 3) Determinar um vetor ortogonal aos vetores v1 = (1, -1, 0) e v2 = (1, 0, 1); 4) Demonstrar que as diagonais de um losango são perpendiculares entre si. Resoluções 1) a) Para que os vetores sejam ortogonais, ou seja, formem 90o, o produto escalar entre eles deve dar zero. u ⦁ v = (1, -2, 3) ⦁ (4, 5, 2) = 1(4) + (-2)(5) + 3(2) = 4 – 10 + 6 = 0 b) i ⦁ j = (1, 0, 0) ⦁ (0, 1, 0) = 1(0) + 0(1) + 0(0) = 0 14 Unidade: Produto Escalar 2) Para provar que um triângulo é retângulo, temos de mostrar que existem dois vetores que determinam os lados do triângulo cujo produto escalar é zero. Consideremos os vetores: AB = B – A =(2, 1, -1) - (2, 3, 1) = (0, -2, -2) AC = C – A = (2, 2, -2) – (2, 3, 1) = (0, -1, -3) BC = C – B = (2, 2, -2) – (2, 1, -1) = (0, 1, -1) Note que AB ⦁ BC = (0, -2, -2) ⦁ (0, 1, -1) = 0(0) + (-2)(1) + (-2)(-1) = 0 -2+2=0 Tendo em vista que AB ⦁ BC = 0, o triângulo é retângulo em B. 3) O vetor procurado é u= (x, y, z) e como ele deve ser ortogonal aos vetores v1 = (1, -1, 0) e v2 = (1, 0, 1), devemos ter: u ⦁ v 1 = (x, y, z) ⦁ (1, -1, 0) = x – y = 0 u ⦁ v 2 = (x, y, z) ⦁ (1, 0, 1) = x + z = 0 0 0 x y x y y x x z x z z x − = ⇒ = ⇒ = + = ⇒ =− ⇒ =− Logo, os vetores ortogonais a v 1 e v 2 são da forma u = (x, x, -x) ou u= x(1, 1, -1), x ∈ ℝ, isto é, são todos múltiplos de (1, 1, -1), conforme sugere a Figura 3.6. Figura 3.6 v1 v2 (1, 1, -1) 4) Vamos relembrar que todo losango é um paralelogramo, cujos lados têm medidas iguais. Considere o losango ABCD ao lado A BD C uv - u v +u v (Figura 3.7) 15 Se as diagonais do losango são perpendiculares, logo o produto escalar entre elas deve ser 0. AC ⦁ BD = 0. Consideremos AB = u e AD = v , conforme se observa na Figura 3.7. AC = u+ v e DB = u - v . Logo, AC ⦁ BD = (u+ v ) ⦁ (u - v ) = u u - u v + v u - v v = |u |2 - | v|2 = 0 pois |u | = | v|. Cálculo do ângulo de dois vetores Vamos isolar cosθ na fórmula u ⦁ v = |u | ⦁ | v| cosθ. Teremos cosθ= u v u v . Essa é a fórmula a ser utilizada para calcular a medida do ângulo entre dois vetores não nulos. Atividades 1) Calcular a medida do ângulo entre os vetores u= (1, 1, 0) e v= (0, 1, 1); 2) Sabendo que o vetor v=(2,1,-1) forma ângulo de 60o com o vetor AB determinado pelos pontos A(3, 1, -2) e B(4, 0, m), calcule m; 3) Determinar os ângulos internos ao triângulo ABC, sendo A(3, -3, 3), B(2, -1, 2) e C(1, 0, 2). Resoluções 1) Primeiramente, temos de calcular : u ⦁ v = (1, 1, 0) ⦁ (0, 1, 1) = 1(0) + 1(1) + 0(1) = 1 |u | = 2 2 21 1 0 2+ + = e 2 2 20 1 1 2v = + + = cosθ= u v u v ⇒ cosθ= ( ) ( )1,1 , 0 0,1 ,1 2 2 ⇒ cosθ= 1 4 ⇒ cosθ= 1 2 É interessante que você memorize a seguinte tabela de valores trigonométricos notáveis: 300 450 600 sen 1 2 2 2 3 2 cos 3 2 2 2 1 2 tg 3 3 1 3 16 Unidade: Produto Escalar Como 0o ≤ θ ≤ 180o, concluímos que θ= 60o. Note que cosθ= 1 2 , logo, temos de nos perguntar o seguinte: Qual o ângulo cujo cosseno é igual a 1 2 ? Recorrendo à tabela, fica evidente que esse ângulo mede 60 o. Você pode estar se perguntando. E se o valor do cosseno do ângulo não aparecer na tabela, ou seja, se esse ângulo não for notável? Como proceder? A dica a seguir vale para qualquer ângulo, seja ele notável ou não. Pegue uma calculadora científica e proceda assim: Procure e pressione uma das teclas “shift”, “2ndf” ou “arccos”, dependendo do modelo de sua calculadora. Isso indica que você estará trabalhando com a segunda função; Agora, pressione a tecla “cos”, em seguida “0,5”, que corresponde a 1 dividido por 2; Pressione a tecla “=” e aparecerá no visor o valor “60”. Isso significa que o cosseno de 60o é 0,5 ou 1/2. Esteja atento(a) para que a sua calculadora esteja configurada no modo “grau”. Na maioria das calculadoras, aparecerá “D” ou “deg” na parte superior do visor da calculadora, uma referência à palavra “degree” que em inglês significa “grau”. Trocando Ideias É importante que você leia o manual de instruções da sua calculadora. Lá, você descobrirá dicas importantes sobre o próprio manuseio, além de como utilizá-la como um excelente concretizador do aprendizado. 2) Vamos adaptar a fórmula cosθ= u v u v , para calcular cos60o = v AB v AB . Vamos, primeiro, determinarAB = B-A=(4,0,m) - (3, 1, -2) = (1, -1, m+2). O próximo passo é calcular | v| = ( )22 22 1 1 6+ + − = e ( ) ( )2 22 1 1 2AB m= + − + + = 2 21 1 4 4 4 6m m m m+ + + + = + + . Substituindo os resultados obtidos em cos60o = v AB v AB , temos: ( ) ( ) ( )2 2,1 , 1 1, 1, m 21 2 6 m 4m 6 − − + = + + = ( ) ( ) ( )( ) 2 2 1 1 1 1 2 6 24 36 m m m + − + − + + + = 2 2 1 2 6 24 36 m m m − − − + + = 2 1 6 24 36 m m m − − + + 17 2 1 1 2 6 24 36 m m m − − = + + (vamos elevar ambos os membros ao quadrado para eliminar a raiz quadrada, o que facilita a resolução) ( ) ( ) 222 22 2 11 1 1 2 46 24 36 6 24 36 mm m m m m − + − − = ⇒ = + + + + ⇒ 1 4 = 2 2 1 2 6 24 36 m m m m + + + + Agora, vamos fazer a multiplicação cruzada: 6m2 +24m +36 = 4(1 +2m +m2) 6m2 +24m +36 = 4 +8m + 4m2 6m2 +24m +36 -4 -8m - 4m2 = 0 2m2+16m+32=0 (vamos dividir todos os termos da equação por 2, pois isso facilita a resolução). m2+ 8m+16=0 (a=1,b=8 e c=16) Vamos utilizar a fórmula de Báskara para resolver a equação do 2^º grau: 2 4 2 b b ac a − ± − x1 = ( )( ) ( ) 28 8 4 1 16 2 1 − + − = 8 0 4 2 − + = − x2 = ( )( ) ( ) 28 8 4 1 16 2 1 − + − = 8 0 4 2 − − = − A raiz é dupla e m= -4. 3) Observe a figura seguinte: A  B C Temos de calcular os ângulos , ˆ ˆA B e C e, para isso, vamos utilizar a fórmula cosθ = u v u v ( ) ( ) ( )2, 1, 2 3, 3, 3 1, 2, 1AB B A= − = − − − = − − ( ) ( ) ( )1, 0, 2 3, 3, 3 2, 3, 1AC C A= − = − − = − − ( ) ( )2 22 1 2 1 6AB = − + + − = ( ) ( )2 22 2 3 1 14AC = − + + − = 18 Unidade: Produto Escalar cos ˆ AB ACA AB AC = ( ) ( ) 1, 2, 1 2, 3, 1cos 6 ˆ 14 A − − − − = = ( )( ) ( ) ( )( )1 2 2 3 1 1 84 − − + + − − = 2 6 1 84 + + = 9 84 ≅ 0,982 cos  ≅ 0,982 ⇒ cos  = arc cos 9 84 ≅ 10,89o = 10o 53’ Observação: 10,89o equivale a 10o + 0,89o e sabemos da correspondência 1o = 60’ (um grau = 60 minutos) Então, recorremos à regra de três simples: Grau Minuto 1o 60’ 0,89o x’ Fazendo a multiplicação cruzada, temos: x’ = 0,89(60) ⇒ x’≅ 53’ Agora, vamos calcular o ângulo B ( ) ( ) ( )3, 3, 3 2, 1, 2 1, 2,1 BA A B= − = − − − = − ( ) ( ) ( )1, 0, 2 2, 1, 2 1,1 , 0BC C B= − = − − = − ( ) ( ) ( )2 2 2 1 2 1 6BA = + − + = ( ) ( )2 22 1 1 0 2BC = − + + = ( ) ( )1, 2,1 1,1 , 0 cos 6 2 ˆ BA BCB BA BC − − = = = ( ) ( )( ) ( )1 1 2 1 1 0 12 − + − + = ( ) 1 2 0 4 3 − − + = 3 2 3 − Vamos racionalizar o denominador da expressão 3 2 3 − . 19 3 2 3 − • 3 3 = 3 3 2 9 − = ( ) 3 3 2 3 − = 3 2 − (note que racionalizar o denominador equivale a eliminar a raiz do denominador da fração) B̂ = arc cos 3 2 − = 150o Agora, vamos calcular o ângulo C ( ) ( ) ( )3, 3, 3 1, 0, 2 2, 3,1 CA A C= − = − − = − ( ) ( ) ( )2, 1, 2 1, 0, 2 1, 1, 0CB B C= − = − − = − ( ) ( ) ( )2 2 2 2 3 1 14CA = + − + = ( ) ( )2 22 1 ( 1) 0 2CB = + − + = ( ) ( )2, 3,1 1, 1, 0 cos 14 2 ˆ CA CBC CA CB − − = = = ( ) ( )( ) ( )2 1 3 1 1 0 28 + − − + = 2 3 0 28 + + = 5 28 ≅ 0,9449 Ĉ = arc cos 5 28 ≅ 19,11o ≅ 19o 7’. Observe que a soma dos ângulos internos de um triângulo dá 180o. Sendo assim, ˆ ˆ ˆA B C+ + = 180o ⇒ 10,89o + 150o + 19,11o = 180o. Ângulos diretores e cossenos diretores de um vetor Seja o vetor v= x i + y j + z k não nulo. Observe, na Figura 3.8 a seguir, a indicação dos ângulos diretores. Ângulos diretores de v são os ângulos α, β e γ que v forma com os ângulos i , j e k , respectivamente. 20 Unidade: Produto Escalar Figura 3.8 X Y Z β α γ v i k j Cossenos diretores de v são os cossenos de seus ângulos diretores, isto é, cos α, cos β e cos γ. Para o cálculo desses valores, utilizaremos as fórmulas a seguir. cos α= v i v i = ( ) ( ) ( ) , , 1, 0, 0 1 x y z v = ( ) ( ) ( )1 0 0 x y z v + + = x v cos β = v j v j = ( ) ( ) ( ) , , 0,1 , 0 1 x y z v = ( ) ( ) ( )0 1 0 x y z v + + = y v cos γ = v k v k = ( ) ( ) ( ) , , 0, 0,1 1 x y z v = ( ) ( ) ( )0 0 1 x y z v + + = z v Observação: Note que os cossenos diretores de v são exatamente as componentes do versor de v : ( ), , x y zv v v = = , , x y z v v v = (cos α, cos β, cos γ) Vimos anteriormente que o versor é um vetor unitário, daí conclui-se: cos2 α + cos2 β + cos2 γ = 1 Atividades 1) Calcular os ângulos diretores de v = (1, -1, 0); 2) Os ângulos diretores de um vetor são α, 30o e 60o. Determinar α.; 3) Um vetor v do espaço forma com os vetores i e j ângulos de 60o e 120o, respectivamente. Determinar o vetor v , sabendo que | v| = 2. 21 Resoluções 1) ( )22 2 1 1 0 2v = + − + = cos α = 1 cos 2 x v α⇒ = ⇒ 1cos 2 α = 2 2 = 2 4 = 2 2 Verifique na tabela de valores trigonométricos notáveis, ou utilize a calculadora científica: α = arc cos 2 2 = 45o cos β= 1 cos 2 y v β − ⇒ = ⇒ 1cos 2 α = − 2 2 = - 2 4 = - 2 2 β = arc cos 2 2 − = 135o cos γ= 0 cos 2 y v γ⇒ = ⇒ 0cos 2 γ = = 0 γ = arc cos(0) = 90o Logo, α= 45o, β= 135o e γ = 90o 2) Vamos utilizar a relação: cos2 α + cos2 β+cos2 γ=1 cos2 α + cos2 30o + cos2 60o = 1 cos2 α + 2 23 1 2 2 + =1 cos2 α + 3 1 4 4 + =1 cos2 α + 1 = 1 cos2 α = 1-1 cos2 α = 0 cos α = ± 0 cos α= 0 a=arc cos 0 = 90o 22 Unidade: Produto Escalar 3) O vetor procurado é v =(x,y,z). No nosso exercício, α= 60o e β = 120o. Sabemos que cos α= x v e � � � �60 60 1 2 º cos º cos 60o = x v ⇒ 1 2 = 2 x ⇒ x = 1 Faremos o mesmo para y: cos 120o = x v ⇒ - 1 2 = 2 x ⇒ x = - 1 Foi fornecido que | v| = 2, o que nos leva a ( )22 2 2 2 2 2 1 1 2x y z z+ + = ⇒ + − + = (vamos elevar ambos os membros ao quadrado para eliminar a raiz). ( )( )222 2 21 1 2z+ − + = 12 + (-1)2 + z2 = 4 1+1+ z2 = 4 z2 = 4 – 1 – 1 z2 = 2 z = ± 2 Logo, temos duas possibilidades para o vetor procurado: v = (1, -1, 2 ) ou v = (1, -1, - 2 ) Projeção de um vetor sobre outro Sejam os vetores u e v não nulos e θ o ângulo entre eles. Objetivamos decompor um dos vetores, digamos v , tal que v = v 1 + v 2 sendo v 1 // u e v 2 ⊥ u . A Figura 3.9 a seguir ilustra as duas situações possíveis. O ângulo θ pode ser agudo (Figura 3.9(a)) ou obtuso (Figura 3.9(b)). 23 uu vv v1 v1 v2v2 O vetor v 1 é chamado projeção ortogonal de v sobre u e indicado por v 1= proju v . Sabemos que v 1//u , logo v 1 = au e como v 2= v - v 1 = v - au é ortogonal a u , vem v - a u ⦁ u = 0 ou v ⦁ u - au ⦁ u = 0. Da expressão v ⦁ u - au ⦁ u = 0, vem: v ⦁ u - au ⦁ u = 0 ⇒ - au ⦁ u = - v ⦁ u ⇒ (vamos multiplicar ambos os membros por -1) ⇒ au ⦁ u = v ⦁ u ⇒ a= v u u u . Vimos que v 1 = au , logo concluímos que uproj v = v u u u u . Interpretação geométrica do módulo do produto escalar Vimos que uproj v = v u u u u . Vamos supor que o vetor u seja unitário, isto é, |u| = 1, logo teremos uproj v = ( v ⦁ u ) u pois u ⦁ u = |u |2 = 1 e, portanto, | uproj v | = |( v ⦁ u ) u | = |( v ⦁ u )| |u | ou | uproj v |= | v ⦁ u | Ideias-chave Então, O comprimento do vetor projeção de v sobre u , sendo u unitário, é igual ao módulo do produto escalar de v por u . 24 Unidade: Produto Escalar Atividades 1) Determinaro vetor projeção de v = (1, 1, 2) sobre u = (-2, 3, 1); 2) Dados os vetores v = (1, 3, -5) e u = (4, -2,8), decompor v como v = v1 + v 2, sendo v 1 // u e v2 ⊥ u .; Resoluções 1) v = (1, 1, 2) sobre u = (-2, 3, 1) v ⦁ u=1(-2)+ 1(3)+ 2(1)= -2+3+2=3 u ⦁ u=(-2)2 + 32 + 12=14 uproj v = v u u u u = 3 14 (-2, 3, 1) = 6 9 3, , 14 14 14 − = 3 9 3, , 7 14 14 − 2) Analise a Figura 3.9 e sabendo que v1= uproj v = v u u u u , vamos determinar os produtos escalares v ⦁ u = 1(4) + 3(-2) + (-5)(8) = 4 – 6 – 40 = - 42 e u ⦁ u = 42 + (-2)2 + 82 = 16 + 4 + 64 = 84. Daí, vem v1= uproj v = v u u u u = = -42/84 (4, -2, 8) = -1/2 (4 -2 8) = (-2, 1, -4). Após calcularmos o vetor v1=(-2,1,-4), vamos decompor o vetor v . Sendo v = v1 + v 2 ⇒ v 2= v - v1 = (1, 3, -5) – (-2, 1, -4) = (3, 2, -1) Observamos que v2 ⊥ u , pois o produto escalar entre eles é zero. Vejamos, v2 ⦁ u = (3, 2, -1) ⦁ (4, -2, 8) = 12 – 4 - 8 = 0 25 Material Complementar Para aprofundamento de estudos, consulte: 1) CAMARGO, Ivan de. Geometria Analítica: um tratamento vetorial. 3.ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2005. 2) JULIANELLI, José Roberto. Cálculo Vetorial e Geometria Analítica. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008. 3) WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica. 2. ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 2000. 4) ANTON, H. Álgebra Linear com aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2001. 26 Unidade: Produto Escalar Referências BOULOS , Paulo, CAMARGO, Ivan de. Geometria Analítica: i, tratamento vetorial – São Paulo: Mc Graw-Hill 2005, 3 edição LIMA, Elon Lages. Coordenadas no Espaço – Rio de Janeiro: Coleção do professor de Matemática, 1993. SIMMONS, George F. Cálculo com Geometria Analítica – São Paulo: Mc Graw-Hill 1987. SWOKOWSKI, Earl W. Cálculo com geometria analítica – volume 2. São Paulo: Makron Books do Brasil Editora Ltda, 1994, 2 edição VENTURI, Jaci J. álgebra Vetorial e Geometria Analítica – Curitiba: Scientia et Labor – Editora da UFPR, 1990, 3 edição WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica – São Paulo: Makron Books Ltda, 2000 www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
Compartilhar