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VOCÊ CONHECE O PLANO DE PARTO E A IMPORTÂNCIA PARA AUTONOMIA DA GESTANTE? Palavras-chave: pré-natal; assistência de enfermagem; protagonismo, parturiente. 1 INTRODUÇÃO O trabalho de parto é relatado frequentemente de forma temerosa, caracterizado sempre como um momento extremamente doloroso e repleto de intervenções desnecessárias, como a episiotomia e o Kristeller. Intervenções, essas que não possuem benefícios comprovados que reflitam na mãe e no bebê. Diante desse cenário traumático, a autonomia que a mulher necessitaria ter no momento de parir é totalmente negligenciada (MOUTA et al., 2017). Tendo como objetivo principal, atender as escolhas da mulher durante o parto, segundo a lei Nº 13448 de 04/07/2017, o plano de parto é um documento feito pela gestante, que pode ser redigido em forma de carta, lista de itens ou o preenchimento de um modelo pré-existente. Nessa carta contém as preferências da parturiente desde o parto até o nascimento do bebê. Após concluído, esse documento deve ser apresentado ao médico-obstetra ou a maternidade responsável pela prestação de cuidados a mulher ainda no pré-natal, devendo ser cumpridas todas as solicitações da gestante, salvo em casos que possam colocar em risco a mãe e o recém- nascido (BRASIL, 2017). De acordo com Ramos et al. (2018), a atuação da enfermagem obstétrica é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como essencial para redução de intervenções desnecessárias e diminuição da mortalidade perinatal. Essa assistência baseada em sensibilidade, encorajamento e humanização proporciona a parturiente segurança, força e conforto no momento de parir. Com o auxílio de informação e tecnologias de cuidado, a enfermagem resgata na mulher a autonomia até então renunciada. Justifica-se que o tema proposto é de suma relevância para evidenciar a necessidade da realização de um pré-natal de qualidade, desmistificar a crença de que o parto é um processo parcialmente patológico e alocar a parturiente para o posto de protagonista, mediante contribuição do plano de parto, uma vez que este proporciona confiança, autoconhecimento, autonomia, respeito e, portanto, um parto humanizado e com menos intervenções desnecessárias. Consequentemente surgiu o seguinte questionamento: Por qual motivo a mulher continua sendo coadjuvante no momento de parir? Tem-se como hipótese, o atual modelo obstétrico pautado em um cenário excessivamente medicalizado, que dispõe a gestante como incapaz de conduzir o parto de forma autônoma, em conjunto com um acompanhamento pré-natal deficiente no que tange sua continuidade e qualidade da atenção ofertada. O presente estudo tem como objetivo geral, avaliar como o plano de parto pode proporcionar autonomia para a gestante. Sendo os objetivos específicos: evidenciar a importância do plano de parto e analisar como a atuação da enfermagem pode contribuir para a autonomia das parturientes. 2 METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica exploratória, onde foi o levantamento de dados foi realizado por intermédio de fontes secundárias, isto é, por meio de artigos, dissertações e teses nas bases de dados SCIELO – Scientific Eletronic Library Online e no sítio da BVS –Biblioteca Virtual em Saúde. As buscas ocorreram no período de agosto de 2021 a fevereiro de 2022. Como critério de inclusão dos materiais literários neste estudo, definiu-se o período de publicação de pelo menos oito anos pela possibilidade de poder ser encontrado um maior número de artigos científicos sobre o tema e como critérios de exclusão, foram rejeitados os materiais literários que não tinham relação direta com o tema proposto pelo trabalho. Os dados encontrados foram analisados qualitativamente através da compreensão do contexto social da pesquisa, enfatizando as experiências vivenciadas mediante o objeto de estudo. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo Gomes et al. (2017), o plano de parto deve ser confeccionado a partir do momento que a gestante conhece a fisiologia do parto, o direito de exercer escolhas, os benefícios da valorização do parto normal, os riscos de intervenções desnecessárias, como a cirurgia cesárea sem indicação correta, entre outras informações primordiais ligadas ao processo parturitivo. De acordo com Mouta et al. (2017), o parto na sociedade contemporânea ainda é assistido por um modelo hospitalocêntrico que caracteriza a mulher como sendo incapaz de desempenhar o processo de parturição de forma autônoma, sendo assim, submetida a técnicas médicas desnecessárias. Em consequência do atual cenário que ainda estabelece o médico como protagonista do parto, muitas gestantes não se mostram ativas durante o trabalho de parto, ainda que instruídas de forma adequada. Em conformidade com Oliveira e Penna (2017), a relação médico/parturiente é marcada por um saber médico incontestável e um não saber por parte da paciente. A hipermedicalização do parto tem gerado um modelo obstétrico fundamentado em elevados índices de morbimortalidade perinatal e altas taxas de cirurgias cesáreas, o que fomenta a anulação sobre a autonomia das gestantes no processo parturitivo, ocasionando inúmeras experiências negativas diante do parto (GOMES et al., 2017; OLIVEIRA; PENNA, 2017). A não utilização do plano de parto está interligada principalmente pela ausência de conhecimento da ferramenta, o seu objetivo e os seus benefícios para uma assistência perinatal de qualidade. A falta de apoio e incentivo de profissionais qualificados para construção do plano de parto ainda é um dos grandes impasses que precisam ser enfrentados (MEDEIROS et al., 2019). O acompanhamento pré-natal de baixo risco nas unidades básicas de saúde pode ser realizado por completo pelo profissional de enfermagem mediante Ministério da Saúde e em conformidade pela Lei do Exercício Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87 (BRASIL, 2012). O pré-natal é a porta de entrada da gestante para o parto, é na consulta com o enfermeiro que dúvidas em relação ao parto e nascimento surgem e devem ser esclarecidas. Sem conhecimento prévio sobre o processo de parturição, a mulher fica vulnerável a intervenções desnecessárias e consequentemente a perda de sua autonomia no momento de parir (TRIGUEIRO et al., 2022). De acordo com estudos realizados, foi possível verificar a redução do medo e da ansiedade de gestantes que passaram pela consulta de enfermagem. As parturientes afirmam estarem mais tranquilas diante do parto quando suas dúvidas foram esclarecidas, visto que o conhecimento gera autonomia e consequentemente promove confiança e segurança nas mulheres acerca de sua capacidade de parturição (PROGIANTI; COSTA, 2012; TRIGUEIRO et al., 2022). Em síntese, é evidente como a construção do plano de parto aliado a uma assistência pré- natal de qualidade propicia autonomia e empoderamento das gestantes durante todo o processo parturitivo. Ademais, a assistência da enfermagem obstétrica contribui com este cenário, uma vez que favorece cada vez mais para uma assistência desmedicalizada do parto. 4 AGRADECIMENTO/ FINANCIADORES Agradeço primeiramente a Deus por ser a base das minhas conquistas e sempre me guiar no caminho certo. Agradeço a minha família por todo apoio e incentivo, em especial a minha mãe, Daniela por sempre acreditar no meu potencial. Agradeço ao meu marido por todo companheirismo, paciência e apoio durante toda a construção desse trabalho. Agradeço a minha orientadora e professores, que por intermédio de seus ensinamentos permitiram a conclusão desse trabalho. Por fim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. LEI Nº 13448 DE 04/07/2017. Regulamenta, no âmbito público e privado, a humanização da via de nascimento,os direitos da mulher relacionados ao parto e nascimento, as medidas de proteção contra a violência obstétrica e dá outras providências. João Pessoa: Câmara Municipal, 2017. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=357604. Acesso em: 08 de setembro de 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012. Série A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de Atenção Básica, n° 32. Disponível: em:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf. Acesso em: 10 de agosto de 2021. GOMES, Rebeca Pinto Costa et al. PLANO DE PARTO EM RODAS DE CONVERSA: ESCOLHAS DAS MULHERES. REME – Rev Min Enferm. 2017, v.21. Disponível em: http://reme.org.br/artigo/detalhes/1169. Acesso em: 05 de setembro de 2021. MEDEIROS, Renata Marien Knupp et al. REPERCUSSÕES DA UTILIZAÇÃO DO PLANO DE PARTO NO PROCESSO DE PARTURIÇÃO. Revista Gaúcha de Enfermagem [online]. 2019, v. 40. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1983- 1447.2019.20180233. Acesso em: 15 de agosto de 2021. MOUTA, Ricardo José Oliveira, et al. PLANO DE PARTO COMO ESTRATÉGIA DE EMPODERAMENTO FEMININO. Rev. baiana enferm., Salvador,v. 31, n.4, e20275, 2017. Epub 22-Mar-2017. Disponível em: http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178- 86502017000400305&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 16 de agosto de 2021. OLIVEIRA, Virgínia Junqueira Oliveira; Penna, Cláudia Maria de Mattos. O DISCURSO NA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA VOZ DAS MULHERES E DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. Texto Contexto Enferm. 2017, v.26, n.2. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/nPqfV5Jt6NRFq86tnDFFgnb/?format=pdf&lang=pt . Acesso em: 14 de outubro de 2021. PROGIANTI, Jane Márcia e Costa, Rafael Ferreira da. PRÁTICAS EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS POR ENFERMEIRAS: repercussões sobre vivências de mulheres na gestação e no parto. Revista Brasileira de Enfermagem [online]. 2012, v. 65. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000200009. Acesso em: 20 de outubro de 2021. RAMOS, Wania Maria Antunes, et al. CONTRIBUIÇÃO DA ENFERMEIRA OBSTÉTRICA NAS BOAS PRÁTICAS DA ASSISTÊNCIA AO PARTO E https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf http://reme.org.br/artigo/detalhes/1169 https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000200009 NASCIMENTO. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, [S. l.], v. 10, n. 1, p. 173–179, 2018. Disponível em: http://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/6019. Acesso em: 08 de setembro de 2021. TRIGUEIRO, Tatiane Herreira et al. EXPERIÊNCIA DE GESTANTES NA CONSULTA DE ENFERMAGEM COM A CONSTRUÇÃO DO PLANO DE PARTO. Escola Anna Nery [online]. 2022, v. 26. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021- 0036. Acesso em: 12 de fevereiro de 2022.
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