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RESUMO EXPANDIDO 2022.1

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VOCÊ CONHECE O PLANO DE PARTO E A IMPORTÂNCIA PARA AUTONOMIA 
DA GESTANTE? 
 
Palavras-chave: pré-natal; assistência de enfermagem; protagonismo, parturiente. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 O trabalho de parto é relatado frequentemente de forma temerosa, caracterizado sempre 
como um momento extremamente doloroso e repleto de intervenções desnecessárias, como a 
episiotomia e o Kristeller. Intervenções, essas que não possuem benefícios comprovados que 
reflitam na mãe e no bebê. Diante desse cenário traumático, a autonomia que a mulher 
necessitaria ter no momento de parir é totalmente negligenciada (MOUTA et al., 2017). 
 Tendo como objetivo principal, atender as escolhas da mulher durante o parto, segundo a 
lei Nº 13448 de 04/07/2017, o plano de parto é um documento feito pela gestante, que pode ser 
redigido em forma de carta, lista de itens ou o preenchimento de um modelo pré-existente. 
Nessa carta contém as preferências da parturiente desde o parto até o nascimento do bebê. Após 
concluído, esse documento deve ser apresentado ao médico-obstetra ou a maternidade 
responsável pela prestação de cuidados a mulher ainda no pré-natal, devendo ser cumpridas 
todas as solicitações da gestante, salvo em casos que possam colocar em risco a mãe e o recém-
nascido (BRASIL, 2017). 
 De acordo com Ramos et al. (2018), a atuação da enfermagem obstétrica é reconhecida pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS) como essencial para redução de intervenções 
desnecessárias e diminuição da mortalidade perinatal. Essa assistência baseada em 
sensibilidade, encorajamento e humanização proporciona a parturiente segurança, força e 
conforto no momento de parir. Com o auxílio de informação e tecnologias de cuidado, a 
enfermagem resgata na mulher a autonomia até então renunciada. 
 Justifica-se que o tema proposto é de suma relevância para evidenciar a necessidade da 
realização de um pré-natal de qualidade, desmistificar a crença de que o parto é um processo 
parcialmente patológico e alocar a parturiente para o posto de protagonista, mediante 
contribuição do plano de parto, uma vez que este proporciona confiança, autoconhecimento, 
autonomia, respeito e, portanto, um parto humanizado e com menos intervenções 
desnecessárias. 
 Consequentemente surgiu o seguinte questionamento: Por qual motivo a mulher continua 
sendo coadjuvante no momento de parir? Tem-se como hipótese, o atual modelo obstétrico 
pautado em um cenário excessivamente medicalizado, que dispõe a gestante como incapaz de 
conduzir o parto de forma autônoma, em conjunto com um acompanhamento pré-natal 
deficiente no que tange sua continuidade e qualidade da atenção ofertada. 
 O presente estudo tem como objetivo geral, avaliar como o plano de parto pode proporcionar 
autonomia para a gestante. Sendo os objetivos específicos: evidenciar a importância do plano 
de parto e analisar como a atuação da enfermagem pode contribuir para a autonomia das 
parturientes. 
 
2 METODOLOGIA 
 Trata-se de uma revisão bibliográfica exploratória, onde foi o levantamento de dados foi 
realizado por intermédio de fontes secundárias, isto é, por meio de artigos, dissertações e teses 
nas bases de dados SCIELO – Scientific Eletronic Library Online e no sítio da BVS –Biblioteca 
Virtual em Saúde. 
 As buscas ocorreram no período de agosto de 2021 a fevereiro de 2022. Como critério de 
inclusão dos materiais literários neste estudo, definiu-se o período de publicação de pelo menos 
oito anos pela possibilidade de poder ser encontrado um maior número de artigos científicos 
sobre o tema e como critérios de exclusão, foram rejeitados os materiais literários que não 
tinham relação direta com o tema proposto pelo trabalho. 
 Os dados encontrados foram analisados qualitativamente através da compreensão do contexto 
social da pesquisa, enfatizando as experiências vivenciadas mediante o objeto de estudo. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 Segundo Gomes et al. (2017), o plano de parto deve ser confeccionado a partir do momento 
que a gestante conhece a fisiologia do parto, o direito de exercer escolhas, os benefícios da 
valorização do parto normal, os riscos de intervenções desnecessárias, como a cirurgia cesárea 
sem indicação correta, entre outras informações primordiais ligadas ao processo parturitivo. 
 De acordo com Mouta et al. (2017), o parto na sociedade contemporânea ainda é assistido 
por um modelo hospitalocêntrico que caracteriza a mulher como sendo incapaz de desempenhar 
o processo de parturição de forma autônoma, sendo assim, submetida a técnicas médicas 
desnecessárias. Em consequência do atual cenário que ainda estabelece o médico como 
protagonista do parto, muitas gestantes não se mostram ativas durante o trabalho de parto, ainda 
que instruídas de forma adequada. Em conformidade com Oliveira e Penna (2017), a relação 
médico/parturiente é marcada por um saber médico incontestável e um não saber por parte da 
paciente. 
 A hipermedicalização do parto tem gerado um modelo obstétrico fundamentado em elevados 
índices de morbimortalidade perinatal e altas taxas de cirurgias cesáreas, o que fomenta a 
anulação sobre a autonomia das gestantes no processo parturitivo, ocasionando inúmeras 
experiências negativas diante do parto (GOMES et al., 2017; OLIVEIRA; PENNA, 2017). 
 A não utilização do plano de parto está interligada principalmente pela ausência de 
conhecimento da ferramenta, o seu objetivo e os seus benefícios para uma assistência perinatal 
de qualidade. A falta de apoio e incentivo de profissionais qualificados para construção do plano 
de parto ainda é um dos grandes impasses que precisam ser enfrentados (MEDEIROS et al., 
2019). 
 O acompanhamento pré-natal de baixo risco nas unidades básicas de saúde pode ser realizado 
por completo pelo profissional de enfermagem mediante Ministério da Saúde e em 
conformidade pela Lei do Exercício Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87 
(BRASIL, 2012). O pré-natal é a porta de entrada da gestante para o parto, é na consulta com o 
enfermeiro que dúvidas em relação ao parto e nascimento surgem e devem ser esclarecidas. 
Sem conhecimento prévio sobre o processo de parturição, a mulher fica vulnerável a 
intervenções desnecessárias e consequentemente a perda de sua autonomia no momento de parir 
(TRIGUEIRO et al., 2022). 
 De acordo com estudos realizados, foi possível verificar a redução do medo e da ansiedade 
de gestantes que passaram pela consulta de enfermagem. As parturientes afirmam estarem mais 
tranquilas diante do parto quando suas dúvidas foram esclarecidas, visto que o conhecimento 
gera autonomia e consequentemente promove confiança e segurança nas mulheres acerca de 
sua capacidade de parturição (PROGIANTI; COSTA, 2012; TRIGUEIRO et al., 2022). 
 Em síntese, é evidente como a construção do plano de parto aliado a uma assistência pré-
natal de qualidade propicia autonomia e empoderamento das gestantes durante todo o processo 
parturitivo. Ademais, a assistência da enfermagem obstétrica contribui com este cenário, uma 
vez que favorece cada vez mais para uma assistência desmedicalizada do parto. 
 
4 AGRADECIMENTO/ FINANCIADORES 
 Agradeço primeiramente a Deus por ser a base das minhas conquistas e sempre me guiar no 
caminho certo. 
 Agradeço a minha família por todo apoio e incentivo, em especial a minha mãe, Daniela por 
sempre acreditar no meu potencial. 
 Agradeço ao meu marido por todo companheirismo, paciência e apoio durante toda a 
construção desse trabalho. 
 Agradeço a minha orientadora e professores, que por intermédio de seus ensinamentos 
permitiram a conclusão desse trabalho. 
 Por fim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida. 
 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL. LEI Nº 13448 DE 04/07/2017. Regulamenta, no âmbito público e privado, a 
humanização da via de nascimento,os direitos da mulher relacionados ao parto e nascimento, 
as medidas de proteção contra a violência obstétrica e dá outras providências. João Pessoa: 
Câmara Municipal, 2017. Disponível em: 
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=357604. Acesso em: 08 de setembro de 2021. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO. 
Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Editora do 
Ministério da Saúde, 2012. Série A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de Atenção 
Básica, n° 32. Disponível: 
em:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf. 
Acesso em: 10 de agosto de 2021. 
 
GOMES, Rebeca Pinto Costa et al. PLANO DE PARTO EM RODAS DE CONVERSA: 
ESCOLHAS DAS MULHERES. REME – Rev Min Enferm. 2017, v.21. Disponível em: 
http://reme.org.br/artigo/detalhes/1169. Acesso em: 05 de setembro de 2021. 
 
MEDEIROS, Renata Marien Knupp et al. REPERCUSSÕES DA UTILIZAÇÃO DO 
PLANO DE PARTO NO PROCESSO DE PARTURIÇÃO. Revista Gaúcha de 
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1447.2019.20180233. Acesso em: 15 de agosto de 2021. 
 
MOUTA, Ricardo José Oliveira, et al. PLANO DE PARTO COMO ESTRATÉGIA DE 
EMPODERAMENTO FEMININO. Rev. baiana enferm., Salvador,v. 31, n.4, e20275, 
2017. Epub 22-Mar-2017. Disponível em: 
http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-
86502017000400305&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 16 de agosto de 2021. 
 
OLIVEIRA, Virgínia Junqueira Oliveira; Penna, Cláudia Maria de Mattos. O DISCURSO 
NA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA VOZ DAS MULHERES E DOS 
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https://www.scielo.br/j/tce/a/nPqfV5Jt6NRFq86tnDFFgnb/?format=pdf&lang=pt . Acesso 
em: 14 de outubro de 2021. 
 
PROGIANTI, Jane Márcia e Costa, Rafael Ferreira da. PRÁTICAS EDUCATIVAS 
DESENVOLVIDAS POR ENFERMEIRAS: repercussões sobre vivências de mulheres 
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RAMOS, Wania Maria Antunes, et al. CONTRIBUIÇÃO DA ENFERMEIRA 
OBSTÉTRICA NAS BOAS PRÁTICAS DA ASSISTÊNCIA AO PARTO E 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf
http://reme.org.br/artigo/detalhes/1169
https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000200009
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Acesso em: 08 de setembro de 2021. 
 
TRIGUEIRO, Tatiane Herreira et al. EXPERIÊNCIA DE GESTANTES NA CONSULTA 
DE ENFERMAGEM COM A CONSTRUÇÃO DO PLANO DE PARTO. Escola Anna 
Nery [online]. 2022, v. 26. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-
0036. Acesso em: 12 de fevereiro de 2022.

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