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30
INCENTIVO AO PARTO NORMAL E HUMANIZADO NA ADOLESCÊNCIA – UMA EXPERIÊNCIA NA MATERNIDADE PÚBLICA DE CRUZEIRO DO SUL – AC
Alessandra Barbosa de Assis
e-mail: assisbarbosa@hotmail.com 
(Autora do Artigo)
Vivian Victoria Vivanco Valenzuela
(Orientadora)
RESUMO
O presente trabalho foi realizado com o fim de atentar ao amparo e ao auxílio dado às adolescentes durante o seu parto, onde tal análise foi realizada em Cruzeiro do Sul-Acre, tendo como base de estudo o incentivo ao parto normal e humanizado na adolescência. Uma influência à maior aproximação entre mãe e filho, técnicas para manter a descontração física e mental durante o parto, o incentivo a desenvolver corretamente o período de amamentação do bebê, são apenas algumas das teorias utilizadas pelos profissionais da área para tornar mais seguro o período do parto e pós-parto e manter a influência sobre as gestantes, com a finalidade de mostrar às adolescentes os benefícios do parto normal e incentivá-las ao mesmo. Entretanto, ao ser feito um detalhado de estudo nos dados arquivados dos partos nos últimos anos, constata-se que tal teoria não está tendo o resultado esperado, ou seja, ainda se tem registro de diversos casos de partos cirúrgicos na região, deixando transparecer que se precisa de algumas melhorias e adaptações nas teorias utilizadas na influência ao parto normal e humanizado. O trabalho foi realizado de forma quantitativa e teve como fonte de pesquisa alguns profissionais da saúde e algumas ex-pacientes e dados fornecidas na atual maternidade – Hospital da Mulher e da Criança do Juruá Irmã Maria Inete Della Senta – em Cruzeiro do Sul, Acre. Durante a pesquisa foi realizada uma extração, tanto de dados arquivados em prontuários quanto de ex-gestantes e gestantes adolescentes que puderam não só falar qual tipo de parto gostariam de ter, cesariana ou normal, como se disponibilizaram a relatar sobre as influências e disponibilização de informações que as mesmas estavam tendo no atendimento local, esclarecendo, assim, se de fato existe ou não incentivo ao parto normal na região.
Palavras-chave: Parto Normal; Parto Humanizado; benefícios.
1. INTRODUÇÃO 
No decorrer dos últimos anos, podemos contatar que houve um considerado aumento nos partos cesariano por parte da população brasileira. Aumento esse que não é nada agradável aos olhos dos especialistas. Tendo como pretexto o fato de que o próprio corpo da gestante já se prepara, tanto psicologicamente quanto fisicamente para um parto normal, o mesmo terá uma facilidade maior para responder ao evento e para se recuperar no seu período pós-parto, e assim amenizar os possíveis riscos com o bebê e com a mãe. Tento como base todas essas informações, se faz de extrema importância que exista uma grande influência por parte de todos a um parto normal.
Parto cesariano diz respeito a um método cirúrgico realizado com improcedência em hospitais, entretanto, a cirurgia não é tão simples e envolve diversos riscos e desconforto para a gestante se o mesmo for comparado ao parto normal. Em meio tantas dificuldades encontradas nos partos cirúrgicos e mediante a tantos casos do mesmo, é de claro entendimento que se faz indispensável a criação de medidas baseadas em teorias cientificas para a influência ao parto normal e a humanização do mesmo, onde deve ser tomado como principal ponto de observação o atual estágio de falta de segurança em si por parte das adolescentes gestantes com relação ao momento do seu parto e pós-parto, e os diversos rumores sobre dores e desvantagens que há em um parto normal. Tais fatos torna ainda mais complicado o ponto de influência das profissionais sobre as parturientes. 
Um laço de confiabilidade criado entre gestantes e as profissionais na área é de primordial importância para o momento do parto, de maneira que a parturiente se tornará mais flexível e compreensiva às orientações destinadas a ela no ato do seu parto e se tornará mais segura com relação aos responsáveis destinados a esse procedimento. Mediante essas afirmações podemos visualizar a grande importância do desempenho das enfermeiras que atuam nesses casos, tomando como base o fato de que a formação em curso de enfermagem é desenvolvida sobre um ponto de vista direcionado à preservação do bem-estar humano e levando em consideração a realidade de que a enfermagem é amparada por lei para à atuação profissional no auxílio à mulheres no ciclo gravídico puerpetual.
Deparando-se com tais informações sobrepostas em estudo, o atual trabalho tem como principal objetivo expor e analisar as práticas desenvolvidas na assistência às gestantes no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá Irmã Maria Inete Della Senta, em Cruzeiro do Sul – AC, levando em consideração as experiências vivenciadas por mulheres que tiveram partos normais e cirúrgicos em sua adolescência e quais influencias e amparos as parturientes obtiveram em sua gestação e no ato do seu parto. 
E como objetivos específicos: 
· Identificar práticas consideradas benéficas, que devem ser desenvolvidas no atendimento ao parto normal de adolescentes.
· Identificar práticas consideradas prejudiciais, que devem ser extintas no atendimento ao parto normal de adolescentes.
· Analisar a relação existente entre práticas classificadas pela OMS em relação ao parto normal de adolescentes no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá Irmã Maria Inete Della Senta.
Dentro do cenário de investigação, os principais objetos de estudo do trabalho foram profissionais da área e mulheres que já se dispuseram dos dois tipos de partos, o normal e o cesariano, de forma que ficaria mais fácil para elas relatarem suas experiências e para compreendermos e compararmos ambas as situações. Dessa forma, no intuito de contribuir para a humanização ao parto normal de adolescentes, o trabalho contempla a seguinte questão: Quais as práticas desenvolvidas pelos profissionais de saúde que contribuem ou desafiam a humanização no parto de adolescentes?
2. POLÍTICAS PÚBLICAS NECESSÁRIAS À HUMANIZAÇÃO DO PARTO NO BRASIL
Até por volta do século XIX, as questões relacionadas à reprodução feminina diziam respeito única e exclusivamente às mulheres e a seus respectivos familiares. Entretanto, a partir do século XX, ocorreu o crescimento científico, gerando uma grande e significativa mudança no modelo processual de parturição. O âmbito hospitalar tornou-se padrão para o atendimento à gestante e esse fator ocasionou a diminuição nos índices de mortalidade materna e neonatal (Rede Nacional Feminista de Saúde, 2002).
Mesmo com todos os avanços na tecnologia, em especial na área de obstetrícia, a predominância do modelo biomédico tornou o parto um simples episódio anormal e mecanizado. A ausência da autonomia da mulher, a interferência médica exacerbada na fisiologia do processo de parição, o afastamento da família e o aumento do índice de cesariana, tornaram-se os principais resultados indesejados desse paradigma de assistência (OMS, 1996).
A partir daí, o Ministério da Saúde (MS) decidiu criar o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), no ano de 1983, com o intuito de gerar a incorporação da integralidade como imposição básica à assistência das mulheres (BRASIL, 1984). Essas mudanças foram provocadas, principalmente pelos movimentos sociais feministas, pois levavam em consideração a inclusão de políticas públicas de saúde voltadas para a saúde sexual e reprodutiva das mulheres (OSIS, 1998).
O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) propôs um conjunto de critérios e princípios condutores de práticas e ações correspondentes às demandas do processo de reprodução. Apesar de não terem utilizado o termo humanizar, esse foi o primeiro registro oficial do Ministério da Saúde no que diz respeito à assistência humanizada ao processo de gravidez. Por meio dessa política de atenção à saúde da mulher, surgiu um conjunto de práticas com o propósito de caracterizar os níveis de saúde e de cidadania da sociedade feminina, além de incorporar a essa proposta os princípios de equivalênciae descentralização dos serviços de saúde (BRASIL, 1984). 
Dessa forma, a partir da criação do PAISM, uma nova concepção voltada para a assistência à saúde da mulher passou a ser configurado. As políticas públicas passaram a ser direcionadas para a atenção ao parto e ao nascimento que, passando a abranger outros conceitos de assistência ao parto, pois até então, estavam fazendo menção apenas aos aspectos reprodutivos (BRASIL, 1984). Entretanto, apesar de toda essa criação de princípios acordados pelo PAISM, na década de 90, o modelo de assistência ao parto e ao nascimento permanecia estagnado apenas na intervenção técnica (OSIS, 1998). 
Na intenção de transformar esse modelo de atenção à parturiente, o MS apresentou o Projeto Maternidade Segura, em 1996, utilizando pela primeira vez o termo humanização em seus critérios. O programa tem como principal objetivo promover a qualidade no atendimento à saúde materno-infantil, reduzindo as taxas de mortalidade (BRASIL, 1995).
Na concepção de uma política humanizada às parturientes, as ações prescritas nesse projeto do MS estão preditas em oito passos: 
Garantir a informação acerca da saúde reprodutiva e dos direitos da mulher; garantir a assistência durante a gravidez, o parto e o puerpério; proporcionar acesso ao planejamento familiar; incentivar o parto normal e humanizado; ter rotinas escritas para normatizar a assistência; treinar toda equipe de saúde para implementar as rotinas; possuir estrutura adequada para o atendimento materno e perinatal; possuir arquivo e sistema de informações; avaliar periodicamente os indicadores de saúde materna e perinatal (BRASIL, 1995).
O MS, com a intenção de investir ainda mais no processo de parturição, criou o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), no ano de 2000 (BRASIL, 2000b). Este programa, dentre seus pressupostos, tem duas características marcantes: 
O olhar para a integralidade da assistência obstétrica e a afirmação dos direitos da mulher incorporados com diretrizes institucionais. O objetivo principal é reorganizar a assistência, vinculando formalmente o pré-natal ao parto e puerpério, ampliando o acesso das mulheres e garantindo a qualidade com a realização de um conjunto mínimo de procedimentos (BRASIL, 2000).
Todo esse grupo de ações criadas e apresentadas pelo MS somente será efetivado a partir do momento em que os profissionais de saúde passarem a transformar suas práticas no sentido de uma relação mais humanizada e segura. O parto necessita ser visto como o momento do nascimento, com todos os seus significados sendo respeitados, garantido à mulher o seu direito de ser mãe com humanização e segurança (BRASIL, 2001).
3. ATENÇÃO VOLTADA AO PARTO HUMANIZADO DE ADOLESCENTES
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a adolescência inicia-se a partir dos 10 anos de idade e vai até os 19 anos. Esse período é marcado por profundas e inúmeras transformações tanto físicas quanto psicológicas. No Brasil, dados indicam que os adolescentes representam, aproximadamente, 19% de toda a população (BRASIL, 2005a). Essa fase da vida de um ser humano é definida por grandes e intensas manifestações sexuais, pela descoberta de novas sensações corporais, desejos e a busca incessante por relacionamentos. É nesse período que a maioria dos jovens inicia sua atividade sexual e, para alguns significa o início da paternidade ou maternidade (BRASIL, 2005b).
Nos últimos anos, de acordo com pesquisas realizadas, em 1996, 14% das mulheres na idade de 15 a 19 anos já tinha pelo menos um filho. Entre 1993 e 1998, houve um aumento de 31% nesse percentual de parto de meninas entre 10 e 14 anos atendidas pelo SUS (BRASIL, 2005a). E na sociedade em que vivemos, a gravidez na adolescência está sendo considerada e apontada como um dos grandes problemas de saúde pública do Brasil. Dados do SUS revelam que houve o aumento de internações para o atendimento obstétrico nas faixas etárias de 10 a 19 anos de idade, num correspondente a 37% dos atendimentos obstétricos (BRASIL, 2003).
No artigo 7˚ consta que “A criança e o adolescente têm o direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio, harmonioso e em condições dignas de existência”. Dessa forma, a atenção correspondente no momento do parto deve representar um passo importantíssimo para diminuir os agravantes de uma gravidez precoce. Com as devidas atenções, as adolescentes poderão desfrutar de uma maternidade prazerosa, positiva e menos traumática.
De acordo com Ventura (2004), para que haja uma melhoria na qualidade de atendimento à saúde das adolescentes grávidas, algumas medidas devem ser tomadas, tais como: a identificação de adolescentes como indivíduos com direitos, a seguridade do direito ao respeito, e a preservação da imagem. Dessa forma, é possível refletir que a qualidade do amparo e do cuidado voltado à adolescente que procura uma assistência à parturição é fator determinante no desdobrar de todo esse processo. E nesse sentido, as práticas de atenção deverão estar voltadas para o princípio da humanização, levando em consideração que as ações dos profissionais da saúde devem colaborar para fortalecer o caráter da atenção focado nos direitos da adolescente parturiente.
Oliveira e Madeira (2002) realizaram um estudo onde foi constatada a rigorosa medicalização, interferências desnecessárias, o isolamento familiar e a falta de privacidade às parturientes adolescentes. É necessário saber que as gestantes adolescentes têm as mesmas necessidades e direitos das mulheres na idade adulta.
Em decorrência disso, surge a necessidade e a exigência de se trabalhar com as questões voltadas para a gravidez na adolescência. O que se pode constatar é que os hospitais não estão prontos para oferecer o atendimento ao parto humanizado, em especial das adolescentes. 
4. OS DESAFIOS ENFRENTADOS PARA A PRÁTICA DO PARTO HUMANIZADO 
Atualmente, é possível citar diversos fatores que contribuem para a dificuldade de implementação da prática do parto humanizado em adolescentes, tais como: dificuldade de acesso aos serviços básicos de saúde, a ausência de leitos, a carência de recursos financeiros e materiais nos serviços públicos de saúde, dentre outros. Em pesquisas já desenvolvidas em maternidades públicas, várias mulheres declararam que existe uma grande insegurança em conseguir uma vaga nos hospitais para a devida assistência ao seu parto (PARADA; TONETE, 2008; DIAS; DESLANDES, 2006).
De acordo com a Lei nº 11.634, “é direito da gestante o conhecimento e a vinculação à maternidade, onde receberá atendimento no âmbito do SUS, por meio da elaboração do plano pessoal durante o acompanhamento pré-natal, que determine onde e por quem será assistido o parto e nascimento” (BRASIL, 2007). Assim, se faz necessário rever a condução da política de humanização do parto criada pelo MS, levando em consideração que representa um grande desafio a partir do momento em que passa a contribuir para a efetivação do principio de igualdade política, jurídica, social e econômica (GRIBOSKI; GUILBEM, 2006). 
As falhas do sistema de saúde são apontadas como falhas da política governamental, apesar de todas as criações realizadas pelo MS para tornar a humanização da assistência à parturiente uma ação eficaz. E essas falhas no sistema de saúde são identificadas como obstáculos ao oferecimento de condições para o desenvolvimento das ações desenvolvidas à atenção humanizada ao parto. 
As regulamentações presentes nas instituições hospitalares são de fundamental importância para a organização dos serviços de saúde. Entretanto, na maioria das vezes, essas normas e rotinas não condizem com as reais necessidades das parturientes, dos recém-nascidos e dos familiares, condicionando os profissionais da saúde a atenderem apenas os aspectos biológicos do parto e, muitas vezes deixando de valorizar as dimensões espirituais, emocionais, sociais e culturais que são próprias do ser humano. 
As falhas estruturais dizem respeito àslimitações físicas das instituições hospitalares que comprometem os serviços de saúde e a disponibilidade de materiais e equipamentos e espaço físico. Diante dessa realidade, em 2008, por meio da Resolução N°36/2008, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) criou um regulamento técnico voltado para os serviços de atenção obstétrica e neonatal, tendo como principal objetivo “estabelecer padrões para o funcionamento dos serviços de assistência à parturição, fundamentados na qualificação, na humanização da atenção e gestão, na redução e no controle de riscos aos usuários e ao meio ambiente” (BRASIL, 2008).
Além dos desafios já citados, o conhecimento e as práticas científicas, a partir do momento em que são utilizadas para a intervenção desnecessária antes e durante o parto, estabelecem-se como instrumentos que vão contra o processo natural de parto. Algumas pesquisas já realizadas destacaram a utilização incontrolável de ocitócicos que tinham a função de acelerar o parto. Outros autores que se aprofundaram nessa temática identificam que o excesso de medicamentos está ligado à percepção distorcida dos profissionais da saúde sobre o parto humanizado, onde estes entendem que esse processo requer o controle químico da dor, ao invés de utilizarem práticas alternativas, como o relaxamento e a massagem.
Outro acontecimento que deve ser levado em consideração, que não está de acordo com os pressupostos do MS sobre humanização do parto, é com relação à separação precoce entre mãe-filho, visando que a mãe é quem deve proporcionar os primeiros cuidados ao recém-nascido em um ambiente privativo, com equipamentos adequados. Estudos mostram que as primeiras horas de vida de um bebê é um momento decisivo para o desenvolvimento do vínculo materno, pois estão em ação vários hormônios.
Além de tudo o que já foi citado, o despreparo dos profissionais da saúde para a atenção humanizada no processo de parto também deve ser citado como um importante desafio. As principais dificuldades estão voltadas à falta de conhecimento sobre o conceito de humanização, levando em conta a ausência desse tema na formação acadêmica e capacitações. Os conteúdos ensinados nos cursos superiores da área da saúde abrangem mais os aspectos voltados para a intervenção, constatando que os profissionais não estão preparados para atuarem de maneira humanizada no parto. 
Dessa forma, a ausência de conhecimento, nos trabalhadores, sobre os princípios e as práticas estabelecidas para a atenção ao parto humanizado pode estar relacionada à circunstância de que o conceito de humanização é recente. 
Outro grande desafio encontrado para a efetivação das ações de humanização no parto diz respeito à carência de conhecimentos por parte das mulheres sobre o parto humanizado, bem como seus direitos como parturientes. Isso é perceptível a partir do momento em que as parturientes relacionam equivocadamente o uso de técnicas e procedimentos que são realizados durante o parto como sendo principal referência de qualidade da assistência. Isso ocorre devido à grande dependência que ainda existe entre a parturiente e a assistência dos profissionais da saúde, onde o exercício da autonomia e o poder de decisão não são exercidos. E a partir dessa realidade no atendimento às parturientes, a sociedade acaba criando o imaginário de que a experiência do parto pode ser traumática e dolorosa.
5. METODOLOGIA
O presente estudo fundamentou-se na pesquisa bibliográfica, a qual é desenvolvida, segundo Severino (2007), a partir do 
[...] registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utilizam-se dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir de contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (p.122).
Além disso, a pesquisa foi realizada de maneira quanti-qualitativa, tendo como palco de investigação o Hospital da mulher e da Criança do Juruá Irmã Maria Inete Della Senta, de Cruzeiro do Sul- Acre, onde dentre os sujeitos pesquisados encontram-se 3 enfermeiras, 1 médico residente, 3 técnicos de enfermagem, 5 mulheres que já passaram pelos dois tipos de experiências de parto, 3 mulheres que tiveram apenas partos normais e outras 3 que realizaram apenas partos cirúrgicos, no qual todos os partos foram realizados dentro do período de 1 de fevereiro à 15 de agosto de 2015. 
De acordo com Rodrigues e Limena (2006), a pesquisa quantitativa é executada
[...] quando a abordagem está relacionada à quantificação, análise e interpretação de dados obtidos mediante pesquisa, ou seja, o enfoque da pesquisa está voltado para análise e a interpretação dos resultados, utilizando-se da estatística. Portanto, empregam-se recursos e técnicas estatísticas, como porcentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão etc. Também são utilizados programas de computador capazes de quantificar e representar graficamente os dados (p. 89).
E Rodrigues e Limena (2006) definem a abordagem qualitativa 
quando não emprega procedimentos estatísticos ou não tem, como objetivo principal, abordar o problema a partir desses procedimentos. É utilizada para investigar problemas que os procedimentos estatísticos não podem alcançar ou representar, em virtude de sua complexidade. Entre esses problemas, poderemos destacar aspectos psicológicos, opiniões, comportamentos, atitudes de indivíduos ou de grupos. Por meio da abordagem qualitativa, o pesquisador tenta descrever a complexidade de uma determinada hipótese, analisar a interação entre as variáveis e ainda interpretar os dados, fatos e teorias (p. 90). 
Os critérios para seleção de pessoas a serem inclusas como objeto de pesquisa desse estudo foram: Que seu parto tivera ocorrido na maternidade pública de Cruzeiro do Sul – Acre, que as gestantes tivessem passado pelas duas experiências de parto ou que tenham tido uma das duas experiências, porém que tenham sido decisões próprias, ou seja, elas mesmas tenham optado por seu tipo de parto e que fossem mães dispostas a contar suas experiências durante os partos à pesquisadora. 
O material utilizado para extração de dados para o estudo foi uma série de indagações tanto no questionário quanto na entrevista não estruturada. Essa última, utilizando questões de maneira livre para que o participante pudesse expor totalmente suas opiniões e acontecimentos. Após todos os questionários serem devidamente respondidos, foram analisadas e separadas, em diferentes conjuntos, todas as respostas, de acordo com as especificações das mesmas e, por conseguinte, toda pesquisa foi examinada de acordo com as especificações do tema proposto nesse trabalho. 
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
Para o desenvolvimento deste tópico, foi realizada a análise e discussão dos dados coletados mediante a realidade de investigação, apresentando as principais respostas dos participantes da pesquisa através da aplicação de um questionário para 3 enfermeiras, 1 médico residente, 3 técnicos de enfermagem, 5 mulheres que já passaram pelos dois tipos de experiências de parto, 3 mulheres que tiveram apenas partos normais e outras 3 que realizaram apenas partos cirúrgicos, no ano de 2015. 
Figura 1 – Hospital da Mulher e da Criança do Juruá Irmã Maria Inete Della Senta. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
As respostas dos questionários foram de fundamental importância para a pesquisa, levando em consideração que foram encontrados resultados semelhantes aos da pesquisa bibliográfica com relação às práticas no parto humanizado. 
Os dados coletados foram organizados em categorias: a primeira categoria diz respeito às vivências das mulheres no momento do parto; a segunda categoria trata das práticas desenvolvidas na assistência ao parto de adolescentes, do Hospital da mulher e da Criança do Juruá Irmã Maria Inete Della Senta de Cruzeiro do Sul- Acre. 
6.1. VIVÊNCIA DAS MULHERES NO MOMENTODO PARTO
Por meio das respostas analisadas nos questionários, constatou-se que das 11 entrevistadas, apenas 5 delas tiveram a oportunidade de escolher o seu tipo de parto (vide gráfico 1). As demais relataram que houve escolha médica, devido a alguma complicação na gravidez (eclampsia, gravidez de alto risco, desproporção céfalo-pelvica). 
Gráfico 1 – Escolheram o Parto. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
O respeito à privacidade da parturiente é uma das práticas já estabelecidas pela proposta de humanização no parto. Entretanto, ainda há um inapropriado espaço físico da unidade de atendimento ao parto. Aspecto esse citado pelas parturientes como um dos fatores que prejudica a garantia da intimidade da parturiente e uma assistência de qualidade (vide gráfico 2).
Gráfico 2 – Privacidade da Parturiente. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
De acordo com os estudos realizados, se faz necessária uma condição física adequada para que seja aplicada uma assessoria humanizada, direcionado ao respeito à virtude da mulher. Dessa maneira, o Ministério da Saúde sugere que as unidades de saúde da mulher sejam organizadas em quartos PPP, com leitos individuais, banheiro anexado aos quartos, destinados à assistência da mulher antes, durante e após o trabalho de parto. A ausência dessas necessidades fundamentais na hora do parto, o processo de parturição pode ser visto como uma experiência negativa. Em relação às medidas de higiene, mostra-se, então, que esse item se encontra como satisfatório pelas respondentes, sabendo que uma das principais finalidades do processo de humanização do parto diz respeito ao conforto da parturiente, favorecendo sempre o seu bem estar (vide gráfico 3)..
Gráfico 3 – Medidas higiênicas no parto. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
No que diz respeito à relação entre os trabalhadores, às parturientes e seus familiares, foi considerada boa pelas mulheres entrevistas. Isso traz tranquilidade de confiança às parturientes no momento do parto. A pesquisa mostrou, ainda, um índice satisfatório de adolescentes que fazem uso do serviço de pré-natal (vide gráfico 4), tendo em vista que o MS estabelece um total de seis visitas ao médico, sendo esse o menor número de visitas, durante a gestação.
Gráfico 4 – Relação da equipe com as parturientes. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Foram citadas, no questionário, algumas formas de relaxamentos que são realizadas na maternidade de Cruzeiro do Sul – AC durante o trabalho de parto (vide gráfico 5). Essas práticas são realizadas pelos trabalhadores e dentre elas encontram-se: técnicas de respiração, banho morno e massagem lombar. É importante ressaltar que não foram citados, nas entrevistas, métodos farmacêuticos com o intuito de amenizar a dor. Isso proporciona bem-estar à parturiente, impedindo que o processo do parto seja induzido por substâncias farmacológicas. 
Gráfico 5 – Relaxamento no parto. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
As orientações que foram dadas sobre o parto, de acordo com os relatos entrevistadas, constituem-se como uma prática de extrema relevância, pois o ciclo da gravidez pode trazer dúvidas, inseguranças e medos, principalmente para as adolescentes. A qualidade com que a adolescente é acolhida e cuidada no momento em que procura a assistência à parturição, acaba sendo determinante no desenvolvimento de todo esse processo. Entretanto, os profissionais da saúde não devem esquecer que essas práticas de atenção devem estar baseadas no princípio da humanização, garantindo os direitos das parturientes.
No que se refere ao contato da mãe com o bebê logo após o parto, o Ministério da Saúde incentiva o contato e a amamentação ainda na sala de parto. A posição em que o recém-nascido fica sobre o peito da mãe, logo após o parto, favorece um ambiente perfeito para a adaptação à vida extrauterina. E os profissionais da saúde possuem um papel fundamental nesse momento, pois deverão ser dadas orientações e incentivar esse vínculo entre mãe e filho e promovendo o aleitamento materno. Assim, a maioria das respondentes afirmou que os funcionários da saúde incentivam esse contato, colocando o bebê próximo à sua mãe logo após o parto (vide gráfico 6). 
Gráfico 6 – Relação do bebê com a mãe assim que nasce. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
A questão que trata da presença de um familiar ou amigo de preferência da parturiente durante a sua internação na maternidade e na hora do parto, mostra que apesar de ser um direito da mulher, esse direito não vem sendo respeitado pelos profissionais da saúde. Este dado vai contra os princípios propostos pelo MS, tendo em vista que é incentivada a participação e o envolvimento da família neste processo. Além disso, no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), a lei assegura o direito à acompanhante para as adolescentes, conhecido como responsável legal. 
Imagem 2 – Contato das mães com seus bebês 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Além disso, de acordo com o MS, as parturientes são incentivadas a adotarem determinadas posições na qual ela se sinta mais confortável, e uma das mais indicadas é onde o corpo não permaneça deitado com a face voltada para cima durante o trabalho de parto, tendo em vista que algumas posições podem dificultar a saída do bebê. Mediante as respostas no questionário, constatou-se que a maioria das mulheres teve seu bebê na posição de litotomia e outras em posições verticais (vide gráfico 7).
Gráfico 7 – Posições na hora do parto. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
De acordo com as respondentes, é realizado o jejum para as parturientes (vide gráfico 8). 
Gráfico 8 – Ingestão de alimentos antes do parto. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Essa prática é considerada desapropriada no auxílio ao parto normal e humanizado, tendo em vista que um trabalho de parto pode durar várias horas, o que causa grande perda de energia, trazendo possíveis desconfortos para a parturiente e riscos para o bebê. Em decorrência disso, a ingestão de líquidos e de alimentos deve ser reavaliada, visando as condições e o desenrolar do trabalho de parto.
6.2. PRÁTICAS DESENVOLVIDAS PELOS PROFISSIONAIS NA ASSISTÊNCIA AO PARTO DE ADOLESCENTES DA MATERNIDADE DE CRUZEIRO DO SUL- ACRE
Algumas práticas úteis na assistência ao parto normal e humanizado estão sendo desenvolvidas no Hospital da mulher e da Criança do Juruá Irmã Maria Inete Della Senta, de Cruzeiro do Sul- Acre e serão analisadas nesse tópico. Em relação à privacidade no processo de parturição, 70% dos profissionais respondentes relataram que as parturientes são respeitadas (vide gráfico 9). Entretanto, deve ser levado em consideração que ainda há uma determinada dificuldade em se preservar esse direito, por conta da estrutura física da maternidade, onde as salas, muitas vezes, tornam-se grupais, tendo seus leitos divididos apenas por cortinas, com sala de parto anexada e um banheiro. 
Gráfico 9 – Privacidade da parturiente na visão dos profissionais de saúde. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
De acordo com estudos já desenvolvidos, uma estrutura adequada em uma maternidade é de fundamental importância para que haja um auxilio humanizado, voltada ao respeito à virtude da mulher. Dessa forma, o MS orienta que as unidades obstétricas tenham quartos com leitos individuais e banheiro anexo. 
A maioria dos profissionais da saúde considera a relação da equipe de profissionais com as gestantes e com seus respectivos familiares como ótima, muito boa e boa (vide gráfico 10). Destacam ainda na entrevista, que alguns fatores podem prejudicar essa relação, tal como a falta de preparação e informação das gestantes e de seus familiares com relação ao processo de parto. E essa preparação deve ser realizada durante o pré-natal. 
Gráfico 10 – Relação profissionais e parturiente/familiares. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Este dado parece um tanto contraditório se analisarmos o gráfico 4, que mostra um percentual de 64%, considerando a relação dos profissionais da saúde com a parturiente apenas boa. Este número indica que são necessários outros estudosavaliando a qualidade do atendimento que vem sendo realizado, pois de acordo com entrevistas realizadas com as parturientes, ainda há a presença da desconfiança, desrespeito e conflito. 
Em relação às medidas higiênicas, 100% dos profissionais afirma que essa prática é desenvolvida (vide gráfico 11). Esse dado é considerado satisfatório, já que o percentual de resposta das parturientes sobre a mesma pergunta foi o mesmo. Fator esse essencial no processo de humanização do parto, proporcionando conforto à parturiente. 
Gráfico 11 – Medidas Higiênicas. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
No que diz respeito às orientações referentes a formas de repousos durante o trabalho de parto, 80% dos profissionais da saúde declarou que essa prática é desenvolvida (vide gráfico 12). De acordo com suas respostas, as parturientes são estimuladas a fazerem métodos de fôlego e respiração, tem o momento do banho em temperatura ambiente, a perambulação e a massagem lombar.
Gráfico 12 – Orientações de Relaxamento. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Esses procedimentos são louváveis, tendo em vista o que já foi mencionado no tópico anterior, onde a OMS incita o uso de métodos não farmacêuticos para o alívio da dor. De acordo com dados da entrevista, os profissionais da saúde afirmam que há grandes benefícios nos métodos realizados, como a minimização da dor e das tensões antes e durante o parto.
De acordo com o gráfico 13, 90% dos profissionais afirmam que as parturientes recebem orientações sobre o parto, tendo em vista que o intuito é eliminar inquietações, inseguranças e preocupações, principalmente para as adolescentes.
Gráfico 13 – Orientações sobre o parto. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Esse item é determinante no decorrer do processo de parto e as práticas deverão estar voltadas para o princípio da humanização, mostrando que os métodos dos trabalhadores de saúde devem estar focados nos direitos da parturiente. Dessa forma, as informações prestadas deverão sanar as dúvidas das mulheres com relação ao seu corpo, à sua saúde e desenvolver sua capacidade de realizar escolhas em determinados momentos da vida. 
De acordo com a pesquisa realizada, as instruções que são recebidas durante o parto se mostraram completas e suficientes, além de possibilitar um maior bem-estar no que se refere ao auxílio na hora do parto. 
Com relação ao contato da mãe com o bebê logo após o parto, a maioria dos profissionais da saúde participantes da pesquisa, afirmaram que realizam essa ação na maternidade e relataram, ainda, que o intervalo de tempo entre o nascimento e a primeira amamentação é geralmente entre meia e uma hora apor o parto. Estes dados vão de encontro às recomendações do Ministério da Saúde, que enfatiza o contato da mãe com seu bebê ainda na sala de parto. 
Gráfico 14 – Contato da mãe com o bebê. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Com relação à escolha do tipo de parto, 80% dos profissionais entrevistados confirmaram que as gestantes tem total liberdade para tomar a decisão quanto ao tipo de parto que querem realizar (vide gráfico 15). Entretanto, muitas vezes é necessária a intervenção médica nessa escolha devido a alguma complicação durante a gestação ou no momento do parto, sendo a principal escolha o parto cesariano. E de acordo com o MS, a grande quantidade de parto cesáreo está relacionada a vários fatores, tais como: algumas mulheres tem dificuldade de participar da decisão do tipo de parto e se sentem mais à vontade quando esse escolha é realizada por um profissional, algumas complicações que surgem antes ou durante o parto, etc.
Gráfico 15 – Escolha do tipo de parto. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Uma prática bastante enfatizada pelo MS por ser considerada útil durante o parto é o direito da paciente à presença de uma companhia de preferência da parturiente. 70% dos profissionais da saúde relataram que essa prática não é desenvolvida na maternidade de Cruzeiro do Sul – AC (vide gráfico 16). A partir daí, é identificada certa debilidade na assistência fornecida, tendo em vista que esse é um dos principais aspectos da humanização na hora do parto sugerido pelo MS. Essa informação vem de encontro ao tópico anterior, onde as parturientes confirmaram não ter o direito de ter um acompanhante. 
Gráfico 16 – Direito à acompanhante no momento do parto. 
Fonte: dados próprios da pesquisa
Essa informação pode estar ligada ao fato de que não há a participação efetiva dos enfermeiros na proposta de humanização do parto. Entretanto, a Enfermagem vem desenvolvendo, atualmente, diversos estudos e pesquisas que fazem menção à saúde da mulher, e à implantação de práticas prescritas pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, o enfermeiro vem sendo reconhecido como o especialista que detém formação totalizante, que tem o poder de atuar de forma humanizada com relação à parturiente.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo, por meio da pesquisa bibliográfica e de campo, conseguiu comprovar que ainda se faz necessária algumas melhorarias na assistência pré-natal para que a parturiente possa ter melhores informações sobre os tipos de parto, suas vantagens e desvantagens, a fim de ajudar na escolha do tipo de parto que proporcione maior segurança para a mulher e para o seu bebê, assim como a imprescindibilidade de reformar maternidades para que possam garantir o desenvolvimento do parto normal humanizado. 
A partir desse estudo, também foi possível identificar práticas no parto de adolescentes que são consideradas adequadas e inadequadas, mostrando a importância de estimular ainda mais a utilização de métodos relacionados à proposta de humanização do parto. Seguindo essa premissa, analisaram-se as práticas que estão sendo desenvolvidas no parto de adolescentes, estabelecendo uma ligação com a política de humanização do parto, onde foi possível chegar à conclusão que esse é um grande desafio. Esse é um resultado preocupante, porém, este estudo tem o objetivo de contribuir para uma maior reflexão sobre o processo de humanização no parto para, a partir daí, estabelecer as transformações necessárias para tornar as práticas da assistência ao parto humanizadas.
Por fim, aconselha-se que, anteriormente a esse processo de reflexão e transformação, se faz necessária a compreensão do conceito de humanização, envolvendo os aspectos mais particulares do ser humano. E para isso, não se pode somente esperar uma modificação na postura dos profissionais da saúde, mas devem-se levar em consideração, também, todas as relações interpessoais existentes nessas circunstâncias, compreendendo a importância de humanizar.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Humanização no Pré-Natal e Nascimento no âmbito do Sistema Único de
Saúde. Diário Oficial da União. Brasília, 2000.
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______. Lei nº 11.634 de 27 de dezembro de 2007. Dispõe sobre o direito da gestante ao conhecimento e a vinculação à maternidade onde receberá assistência no âmbitodo Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União. Brasília, 2007.
______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução N°36/2008, de 3 de junho de 2008. Regulamento Técnico para Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal. Brasília, 2008. Disponível em: http://www.elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=31712&word Acesso em junho de 2015.
DIAS, Marcos Augusto Bastos; DESLANDES, Suely Ferreira. Expectativas sobre a assistência ao parto de mulheres usuárias de uma maternidade pública do Rio de Janeiro, Brasil: os desafios de uma política pública de humanização da assistência. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 12, p. 2647-2655, dez. 2006.
GRIBOSKI, R.A.; GUILBEM, D. Mulheres e profissionais de saúde: imaginário cultural na humanização ao parto e nascimento. Texto Contexto Enferm., v.15, n.1, p.107-14. 2006.
OLIVEIRA, Z.M.L.P.; MADEIRA, A.M. Vivenciando o parto humanizado: um estudo fenomenológico sob ótica de adolescentes. Revista Escola Enferm. UERJ, v.36, n.2, p.133-40. 2002.
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OSIS, M.J.M.D. PAISM: um marco na abordagem reprodutiva no Brasil. Caderno Saúde Pública, v.14, n.supl.1, p.25-32. 1998.
PARADA, Cristina Maria Garcia de Lima; TONETE, Vera Lúcia Pamplona. O cuidado em saúde no ciclo gravídico-puerperal sob a perspectiva de usuárias de serviços públicos. Interface, Botucatu, v. 12, n. 24, p. 35-46, mar. 2008.
RNFSDR (REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE). Dossiê Humanização do Parto/ Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. São Paulo, 2002. Disponível em: http://www.redesaude.org.br/Homepage/Dossi%EAs/Dossi%EA%20Humaniza%E7%E3o%20do%20Parto.pdf Acesso em agosto de 2015.
RODRIGUES, Maria Lúcia. Metodologia Multidimensional em Ciências Humanas: um ensaio a partir do pensamento de Edgar Morin. In RODRIGUES, M.L. LIMENA, M.M.C. (Orgs.) Metodologias Multidimensionais em Ciências Humanas.- Brasília: Líber Livro Editora, 2006.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. In:______. Teoria prática científica. 23.ed. São Paulo: Cortez, 2007.p. 99 -126.
VENTURA. M. Direitos Reprodutivos no Brasil. Brasília: UNFPA, 2004.
9. APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA OS
PARTICIPANTES DA PESQUISA
Vim por meio deste convidá-lo a participar de um trabalho de pesquisa intitulado “Incentivo ao parto normal e humanizado na adolescência – uma experiência na maternidade pública de Cruzeiro do Sul – Ac”. O projeto tem como objetivo principal expor e analisar as práticas desenvolvidas na assistência às gestantes no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá Irmã Maria Inete Della Senta, em Cruzeiro do Sul – AC, levando em consideração as experiências vivenciadas por mulheres que tiveram partos normais e cirúrgicos em sua adolescência e quais influencias e amparos as parturientes obtiveram em sua gestação e no ato do seu parto.
As informações serão colhidas através de uma entrevista que será feita a você e através de informações do prontuário médico de adolescentes que tiverem seu parto realizado no seu local de trabalho. 
Estou à inteira disposição para esclarecer qualquer dúvida. Asseguro que todas as informações serão mantidas sob sigilo. E este documento tem por objetivo garantir que serão respeitados os seus direitos de estar informado das fases desta pesquisa. Os dados coletados estarão sob minha responsabilidade. A partir desse documento, declaro que fui informado, de maneira clara e sucinta, os objetivos que fundamentam esta entrevista, sendo garantido o caráter confidencial das minhas respostas e que não serei identificado.
________________________________________________________
ASSINATURA DO PARTICIPANTE DA PESQUISA
10. APÊNDICE B
QUESTIONÁRO PARA COLETA DOS DADOS – EX-PACIENTES
1. Identificação: 
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
2. Você acha que a privacidade e intimidade das parturientes são respeitadas durante o tempo em que permanecem na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
3. Como você considera que é a relação da equipe com as parturientes e seus familiares?
( ) ótima ( ) muito boa ( ) boa ( ) regular ( ) ruim
Justifique o motivo de sua escolha:
______________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Você pôde se alimentar ou ingerir alguma coisa durante sua permanência na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
5. É realizada alguma medida de higiene na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
6. Em que posição foi realizado o seu parto?
( ) litotomia ( ) cócoras ( ) outra_______________________________
7. Você escolheu o tipo de parto de sua preferência?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
8. Você teve algum acompanhamento de familiares ou amigos na maternidade?
( ) sim ( ) não
9. Foi feita alguma orientação sobre formas de relaxamento durante o parto?
( ) sim ( ) não
Se resposta afirmativa, quais:____________________________________________
10. Foram fornecidas orientações sobre o parto? 
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
11. Seu bebê foi entregue à você assim que ele nasceu?
( ) sim ( ) não
12. Seu bebê foi colocado para mamar na maternidade?
( ) sim ( ) não
Se resposta positiva, quanto tempo depois do nascimento?____________________
13. O que você considera que é uma assistência ideal em uma maternidade? Justifique: ____________________________________________________________________________________________________________________________
QUESTIONÁRO PARA COLETA DOS DADOS – PACIENTES
1. Identificação: 
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
2. Você acha que a privacidade e intimidade das parturientes são respeitadas durante o tempo em que permanecem na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
3. Como você considera que é a relação da equipe com as parturientes e seus familiares?
( ) ótima ( ) muito boa ( ) boa ( ) regular ( ) ruim
Justifique o motivo de sua escolha:
______________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Você se alimentou ou ingeriu alguma coisa durante sua permanência na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
5. Foi realizada alguma medida de higiene na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
6. Em que posição será realizado, rotineiramente, o seu parto?
( ) litotomia ( ) cócoras ( ) outra_______________________________
7. Você escolheu ou irá escolher o tipo de parto que quer adotar?
( ) sim ( ) não 
8. Você tem algum acompanhamento de familiares ou amigos na maternidade?
( ) sim ( ) não
9. Foi feita alguma orientação sobre formas de relaxamento?
( ) sim ( ) não
Se resposta afirmativa, quais:____________________________________________
10. Forneceram orientações sobre o parto? 
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
11. O que você considera que é uma assistência ideal em uma maternidade? Justifique: ____________________________________________________________________________________________________________________________
QUESTIONÁRO PARA COLETA DOS DADOS – PROFISSIONAIS DA SAÚDE DA MATERNIDADE
1. Identificação: 
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
2. Categoria:
( ) médico ( ) enfermeira ( ) técnico de enfermagem 
3. Você acha que a privacidade e intimidade das parturientes são respeitadas durante o tempo em que permanecem na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
4. Como você considera que é a relação da equipe com as parturientes e seus familiares?
( ) ótima ( ) muito boa ( ) boa ( ) regular( ) ruim
Justifique o motivo de sua escolha:
______________________________________________________________________________________________________________________________________
5. A parturiente pode se alimentar ou ingerir alguma coisa durante sua permanência na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
6. É realizada alguma medida de higiene na maternidade?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
7. Em que posição é realizado, rotineiramente, o parto?
( ) litotomia ( ) cócoras ( ) outra_______________________________
8. A parturiente pode escolher o tipo de parto que quer adotar?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
9. A parturiente pode ter algum acompanhamento de familiares ou amigos na maternidade?
( ) sim ( ) não
10. É feita alguma orientação sobre formas de relaxamento às parturientes?
( ) sim ( ) não
Se resposta afirmativa, quais:____________________________________________
11. É costume fornecer orientações sobre o parto? 
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
12. É costume do serviço dar o bebê para a mãe assim que ele nasce?
( ) sim ( ) não
13. O bebê é colocado para mamar na maternidade?
( ) sim ( ) não
Se resposta positiva, quanto tempo depois do nascimento?____________________
14. O que você considera que e uma assistência ideal em uma maternidade? Justifique: ____________________________________________________________________________________________________________________________
Escolheram o Parto	
Sim	Não	0.45	0.55000000000000004	
A privacidade da parturiente é respeitada?
A privacidade é respeitada?	
Sim	Não	Às vezes	0.36	0.18	0.46	
As medidas higiênicas são favoráveis?	
Sim	Não	0.9	0	
Relação da equipe com as parturientes	
Ótima	Boa	Muito boa	Regular	Ruim	0.18	0.63	0.09	0.09	0	
Houve orientações sobre relaxamento no parto?	
Sim	Não	0.9	0.1	
O bebê foi entregue à mãe assim que nasceu?	
Sim	Não	0.81	0.19	
Posições na hora do parto	
Litotomia	Posições Verticais	0.81	0.19	
Você ingeriu algum alimento?	
Não	Sim	0.91	0.09	
Privacidade da parturiente é respeitada?	
Sim	Não	0.7	0.3	
Relação profissionais e parturiente/familiares	
Ótima	Boa	Muito Boa	0.6	0.1	0.3	
As medidas higiênicas são favoráveis?	
Sim	Não	0.9	0	
Orientações de relaxamento	
Sim	Não	Às vezes	0.8	0.1	0.1	
Informações durante o parto	
Sim	Não	0.9	0.1	
Há o contato da mãe com o bebê após	 o parto?	
Sim	Não	Às vezes	0.7	0.1	0.2	
As parturientes escolhem seu tipo de parto?	
Sim	Não	Às vezes	0.8	0.1	0.1	
As pacientes podem ter acompanhante?	
Sim	Não	Às vezes	0.1	0.7	0.2

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