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ODireitoFundamentalAoSaneamentoBásico_Silva_2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
JONILSON PEREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO FUNDAMENTAL AO SANEAMENTO BÁSICO: 
Ponderações no contexto da cidade de Currais Novos/RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caicó/RN 
2022 
JONILSON PEREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO FUNDAMENTAL AO SANEAMENTO BÁSICO: Ponderações 
no contexto da cidade de Currais Novos/RN 
 
 
 
 
Monografia apresentada como Trabalho 
de Conclusão de Curso a Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, 
UFRN/CERES – Campus Caicó, como 
requisito para a obtenção do título de 
Bacharel em Direito. 
 
Orientador: Prof. Dr. Carlos Francisco do 
Nascimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caicó/RN 
2022 
SILVA, Jonilson Pereira da.
 O direito fundamental ao saneamento básico: ponderações no
contexto da cidade de Currais Novos/RN / Jonilson Pereira da
Silva. - Caicó, 2022.
 51f.: il. color.
 Monografia (Bacharelado em Direito) - Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó.
Departamento de Direito.
 Orientador: Prof. Dr. Carlos Francisco do Nascimento.
 1. Saneamento básico. 2. Direitos Fundamentais. 3. Lei nº
14.026/2020. 4. Currais Novos (RN). I. Nascimento, Carlos
Francisco do. II. Título.
RN/UF/BS-Caicó CDU 342.7:628.4(813.2)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - -CERES- - Caicó
Elaborado por MARTINA LUCIANA SOUZA BRIZOLARA - CRB-15/844
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ 
DEPARTAMENTO DE DIREITO 
 
CURSO DE DIREITO 
 
ATA DA SESSÃO DE AVALIAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO 
DE CURSO – TCC 
 
Aos 10 (dez) dias do mês de fevereiro do ano de 2022, às 21 horas, por meio de 
videoconferência, foi instalada a Banca Examinadora responsável pela avaliação da Monografia 
sob o título “O DIREITO FUNDAMENTAL AO SANEAMENTO BÁSICO: Ponderações no 
contexto da cidade de Currais Novos/RN¨, apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso 
de graduação pelo aluno JONILSON PEREIRA DA SILVA ao Curso de Direito, do Centro de 
Ensino Superior do Seridó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – CERES/UFRN, 
e contou com a participação como examinadores, dos professores, Dr. Carlos Francisco do 
Nascimento, presidente da Banca Examinadora, Dr. Orione Dantas de Medeiros e Me. Tiago José de 
Souza Lima Bezerra, membros titulares da referida Banca Examinadora, a qual emitiu o seguinte 
parecer: A Banca Examinadora aprovou o Trabalho de Conclusão de Curso com sugestões de 
ajustes na formatação, conforme as normas da ABNT e complementações em relação ao seu 
conteúdo. A monografia citada recebeu nota 9,0 (nove). 
 
Banca Examinadora 
 
Prof. Dr. Carlos Francisco do Nascimento 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Presidente da Banca 
 
 
Prof. Dr. Orione Dantas de Medeiros 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Membro 
 
 
Prof. Me. Tiago José de Souza Lima Bezerra 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Membro 
 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E 
CONTRATOS
FOLHA DE ASSINATURAS
Emitido em 10/02/2022
ATA DE DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Nº 4/2022 - DIR (18.33) 
 NÃO PROTOCOLADO)(Nº do Protocolo:
 (Assinado digitalmente em 16/02/2022 19:46 )
CARLOS FRANCISCO DO NASCIMENTO
PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR
DIR (18.33)
Matrícula: 2348083
 (Assinado digitalmente em 17/02/2022 09:44 )
ORIONE DANTAS DE MEDEIROS
PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR
DIR (18.33)
Matrícula: 1448916
 (Assinado digitalmente em 16/02/2022 20:20 )
TIAGO JOSÉ DE SOUZA LIMA BEZERRA
PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR - SUBSTITUTO
DIR (18.33)
Matrícula: 3234971
Para verificar a autenticidade deste documento entre em informando seu número: https://sipac.ufrn.br/documentos/ 4
, ano: , tipo: , data de emissão: 2022 ATA DE DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 16/02
 e o código de verificação: /2022 1faf7bdec6
https://sipac.ufrn.br/public/jsp/autenticidade/form.jsf
JONILSON PEREIRA DA SILVA 
 
O DIREITO FUNDAMENTAL AO SANEAMENTO BÁSICO: Ponderações no 
contexto da cidade de Currais Novos/RN 
 
Monografia apresentada como Trabalho de 
Conclusão de Curso apresentada a 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, UFRN/CERES – Campus Caicó, 
como requisito para a obtenção do título de 
Bacharel em Direito. 
 
Aprovado em: 
Caicó/RN, 10 de fevereiro de 2022. 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
______________________________________________ 
Prof. Dr. Carlos Francisco do Nascimento 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Presidente/Orientador 
 
 
______________________________________________ 
Prof. Dr. Orione Dantas de Medeiros 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Examinador 
 
 
______________________________________________ 
Prof. Me. Tiago José de Souza Lima Bezerra 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Examinador 
 
 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que 
assumo total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, a Coordenação do Curso, a 
Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do 
aporte ideológico empregado ao mesmo. 
Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes 
contra a propriedade intelectual, o artigo n.º 184 afirma que: Violar direito autoral: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º 
e 2º consignam, respectivamente: 
§ 1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou 
em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, [...]: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa [...]. 
 
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à 
venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em 
depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, [...], 
produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral. 
 
Diante do que apresenta o artigo nº. 184 do Código Penal Brasileiro, 
estou ciente que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, 
caso seja comprovado plágio integral ou parcial do trabalho. 
 
 
 
Caicó-RN, 
 
 
 
 
Jonilson Pereira da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe, pela autenticidade, 
motivação de que cada passo importa e 
que tem o seu tempo. Para todas as 
tentativas que me foram dadas. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Surge a sensação de finalizar um capítulo, de percorrer o tempo e de 
aproveitar a jornada. Com isso, sou grato a Deus pelas oportunidades e por me 
ajudar a trilhar um caminho tão interessante. À minha mãe, o obrigado pela 
paciência e admiração em todos os momentos. 
Pelos estudos e descontrações constantes, não poderia faltar o 
agradecimento à minha turma, em especial ao grupo nas mesas de Xadrez, que 
possibilitaram uma passagem mais leve e equilibrada. 
Primordialmente, à Rafaela e à Nathália pela amizade construída e 
aprendizados compartilhados durante a graduação, bem como tantos outros nomes 
que me auxiliaram a moldar a sensação de pertencimento. 
Aos meus professores, tenho o reconhecimento de que sem eles não seria 
possível o trilhar. Em especial, meus agradecimentos ao orientador Carlos Francisco 
do Nascimento e ao professor Oswaldo Pereira de Lima Júnior, pela compreensão, 
oportunidades e paciência. 
Ao meu irmão da vida, João, o qual tenho admiração pela perspicácia e pelas 
pontuações incisivas da vida. E tambémo meu reconhecimento a Severino, parte 
fundamental do meu percurso. 
O acolhimento de Chris, Gleyze e Jéssica, importantes na trajetória e pela luz, 
bem como o privilégio do estágio no CEJUSC, que também me possibilitou o 
crescimento acadêmico e pessoal. 
Por fim, também dedico a todas as pessoas que não se encontram neste 
plano, mas que de certa forma potencializam e contribuem para o meu crescimento. 
À minha avó e ao meu pai. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O Saneamento básico no Brasil começou a evoluir a passos lentos, a partir do 
período pré-colonial, representando um instrumento de busca por melhoras na 
qualidade de vida dos habitantes. O presente trabalho tem como limitação espacial a 
cidade de Currais Novos/RN onde serão investigados alguns dos seus índices de 
saneamento, bem como a importância do alinhamento ao Plano Diretor Municipal 
em cumprimento ao Estatuto da Cidade, e no que concerne à sua Política Municipal 
de saneamento. Essas observações poderão refletir em uma política pública mais 
efetiva. Ainda, busca-se trazer ao debate a garantia do saneamento como Direito 
fundamental e a proteção ao mínimo existencial no fomento de uma vida mais digna. 
Outrossim, são analisadas as diretrizes da Lei 14.026/2020, o Novo Marco Legal do 
Saneamento, que altera a Lei 11.445/2007 em relação a cidade de Currais Novos. A 
metodologia aplicada consiste na análise qualitativa dos índices de incidência do 
saneamento municipal. Para tanto, é utilizada coleta de dados no Sistema Nacional 
de Informação Sobre Saneamento (SNIS) e no Plano Municipal de Saneamento 
Básico. A investigação ainda encontra suporte em pesquisa bibliográfica e 
legislativa. Conclui-se que é possível notar que a cidade possui bons indicadores de 
cobertura de água e coleta de resíduos sólidos, mas fica a desejar na cobertura do 
sistema de esgotamento. 
 
Palavras-chave: Saneamento Básico; Direito Fundamental; Lei nº 14.026/2020. 
Município de Currais Novos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The basic sanitation in Brazil began to evolve slowly, from the pre-colonial period, as 
it sought to improve the quality of life of the inhabitants. At the present study, the city 
of Currais Novos/RN will be pointed out and how its sanitation indices are presented, 
as well as the importance of alignment with the Municipal Master Plan arising from 
the City Statute, and with regard to Municipal Policy. These observations may be 
reflected in a more effective public policy. Still, it seeks to guarantee sanitation as a 
fundamental right and the protection of the existential minimum for a more dignified 
life, which does not negatively affect the population, health and infrastructure. 
Furthermore, the guidelines of Law 14.026/2020, the New Legal Framework for 
Sanitation which amends Law 11.445/2007, are briefly presented. The methodology 
applied consists in qualitative and quantitative analysis of indices and incidence of 
municipal sanitation. For this, data collection is used in the National Sanitation 
Information System (SNIS) and in the Municipal Basic Sanitation Plan. The 
investigation still finds support in bibliographic and legislative research. It is 
concluded that it is possible to note that the city has good indicators of water 
coverage and solid waste collection, but it lacks coverage of the sewage system. 
 
Keywords: Basic sanitation; Fundamental rights; Law number 14.026/2020; City of 
Currais Novos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ADPF - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
ANA - Agência Nacional de Águas e Saneamento 
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
ART - Artigo 
BNH - Banco Nacional de Habitação 
CESB - Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESB) 
CF/88 – Constituição Federal de 1988 
DGSP - Diretoria Geral de Saúde Pública 
DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
LNSB - Lei Nacional do Saneamento Básico/2007 
ODS – Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PLANASA - Plano Nacional do Saneamento 
PLANSAB – Plano Nacional de Saneamento Básico (ou PNSB) 
PMSB – Plano Municipal de Saneamento Básico 
RN – Rio Grande do Norte 
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos 
SMSB – Sistema Municipal de Saneamento Básico 
SNIS - Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento 
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 
2 SÍNTESE HISTÓRICA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL ....................... 15 
3 O MÍNIMO EXISTENCIAL E A PERSPECTIVA DO SANEAMENTO COMO UM 
DIREITO .................................................................................................................... 22 
3.1 O mínimo existencial e a reserva do possível ..................................................... 22 
3.2 O saneamento básico como um direito ............................................................... 24 
4 A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NAS AÇÕES MUNICIPAIS ........................ 27 
4.1 O Estatuto da Cidade .......................................................................................... 27 
4.2 A Lei Orgânica Municipal..................................................................................... 28 
4.3 O Plano Diretor Municipal.................................................................................... 29 
5 O SANEAMENTO BÁSICO DA CIDADE DE CURRAIS NOVOS E A 
ADEQUAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA NOVA LEGISLAÇÃO ................................... 30 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 40 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 43 
ANEXO A – FIGURA 1: MÓDULOS DO SNIS ......................................................... 49 
ANEXO B – FIGURA 2: LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS/RN
 .................................................................................................................................. 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
As questões tocantes ao saneamento no Brasil evoluíram com o passar das 
décadas e com as legislações, mas isso não significa que elas estão totalmente 
alinhadas à sociedade. Neste ínterim, ainda podem ser encontrados desafios à sua 
universalização, bem como do acesso de toda a população e, consequentemente, a 
sua falta acaba por prejudicar a manutenção de uma parte do acesso à saúde e às 
políticas públicas. A temática ainda engloba o serviço no tocante à água, resíduos 
sólidos, encanamentos e sistema de esgoto. 
Em que pese a Constituição Federal de 1988 assegurar o saneamento, este 
ainda é um problema, e que, conforme os dados apontados pelo Sistema Nacional 
de Informação sobre Saneamento (SNIS, 2020), cerca de 55% da população 
nacional tem atendimento com rede de esgoto, e 84,1% do atendimento com rede 
de água. Dessa forma, não é uma realidade de todos, sendo necessário um serviço 
de qualidade para que seja potencializada a sua distribuição. 
O saneamento, conforme a Lei nº 14.026/2020 compreende o conjunto de 
serviços públicos, infraestrutura e instalações nos aspectos de abastecimento de 
água, esgotamento sanitário, limpeza e manejo de resíduos sólidos, drenagem de 
águas pluviais entre outras atribuições. Também, pode ser concebido como um 
“Direito constitucional de todo cidadão. O acesso aos serviços de saneamento, como 
água potável, esgotamento sanitário é de suma importância na saúde da 
população.” (BARROS, 2021, p. 12). 
O saneamento também reflete na saúde pública, que sofrer impactos, 
principalmente em áreas mais carentes. Da mesma forma, surge o problema 
direcionado ao meio ambiente, pelo descarteinadequado do lixo e esgoto. 
Este trabalho prioriza a preocupação com o direito ao saneamento, tendo em 
consideração que a Constituição Federal de 1988 já aponta para o tema diretamente 
ligado ao desenvolvimento urbano, conforme o art. 21, XX; bem como art. 30, I; art. 
23, IX; o que ainda é reiterado em outros dispositivos, como os que dispõem acerca 
do Sistema Único de Saúde (art. 200, IV). 
É notório o problema das desigualdades sociais, com a falta de acesso aos 
serviços de saneamento pela população, o que gera uma necessidade de 
investimento governamental em políticas públicas para que se garanta o que deveria 
ser fundamental a todos. 
14 
 
 
Para uma clara compreensão da temática deste trabalho, é apresentada uma 
breve linha do tempo sobre a legislação e acontecimentos acerca desta, desde o 
período pré-colonial, nas proximidades do século XV até um dos marcos mais 
atuais, a Lei 14.026 de 2020. Em seguida, é trazida luz a visão de que o 
saneamento é um direito, bem como breve análise do Estatuto da Cidade e da 
legislação municipal, como instrumentos legais que apontam diretrizes para 
implementação do saneamento básico. 
O presente trabalho delimita sua investigação acerca da prestação do serviço 
de saneamento básico ao município de Currais Novos/RN, situado na região Seridó 
do Rio Grande do Norte. 
Objetiva-se uma análise do setor de água, esgotamento e a coleta de 
resíduos sólidos, bem como, da tutela jurídica do Plano Diretor e legislação local 
sobre a temática. Ainda é objetivo, a compreensão da evolução do saneamento na 
cidade de Currais Novos. 
A metodologia utilizada consiste em pesquisa aplicada, com o escopo de 
buscar a ocorrência ou não da efetivação do saneamento na cidade de Currais 
Novos-RN. Para tanto, apresenta uma abordagem quanti-qualitativa de dados 
públicos. É utilizada ainda, pesquisa bibliográfica acerca da observação da evolução 
do saneamento básico no Brasil. 
Nessa perspectiva, a investigação parte de informações encontradas em 
artigos, pesquisas, sites oficiais, Sistema Nacional de Informações Sobre 
Saneamento (SNIS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sítio 
eletrônico do poder legislativo e executivo do município, bem como, investigação do 
estatuto da cidade e legislação pertinente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
2 SÍNTESE HISTÓRICA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL 
 
O saneamento básico no Brasil perpassa diversos pontos históricos e de 
desenvolvimento das legislações, o que foi impulsionado pelo crescimento das 
cidades. Neste espaço temporal, cabe ressaltar os principais acontecimentos que 
possibilitaram o surgimento das políticas públicas acerca deste tema até o atual 
Marco Legal do Saneamento, a Lei nº 14.026/2020. 
Antes da entrada dos europeus por volta do ano 1500, o Brasil já era habitado 
por índios, estes carregavam hábitos de higiene e limpeza, dentre eles os banhos 
diários e o descarte dos dejetos em lugares apropriados, por terem zelo com os rios 
e os recursos das matas. Pero Vaz de Caminha (1450-1500, não paginado) já 
indicava: “andam muito bem curados e muito limpos” nos relatos da sua carta, 
quanto à limpeza dos habitantes desta terra. 
Mais tarde, com a chegada dos portugueses pelas navegações ainda no 
século XVI, a população indígena começa a adoecer em decorrência de epidemias 
de sarampo, gripe entre outras, pela ausência de um sistema de defesa forte do 
organismo. Neste passo, o hábito do banho e higiene aos poucos foi tomando 
espaço no cotidiano de todos. 
De acordo com Schot et al. (2016, p. 2): 
 
Nossos colonizadores foram, aos poucos, adotando o banho, influenciados 
pelos índios. Nossos antepassados indígenas tomavam banho diariamente 
e, muitas vezes, mais de uma vez por dia. Eles utilizavam os rios, os lagos e 
as cachoeiras para seus banhos e, mesmo assim, não ficavam doentes. 
 
Ainda neste sentido, na obra de Cardoso (2019, p. 19) a primeira execução e 
registro sobre o saneamento nacional foi realizada no século XVI, no ano de 1561, 
pelas ordens do militar português Estácio de Sá, responsável pela escavação de 
poços no Rio de Janeiro para o abastecimento do local. Ainda, nesse período 
colonial as obras de saneamento eram apenas a de construção de poços e 
chafarizes, sendo o primeiro da capital inaugurado por volta de 1744, no século 
XVIII, juntamente a construção do aqueduto que hoje são intitulados Arcos da Lapa. 
Com a passagem do período Brasil Colônia ao Brasil Império, marcado pela 
chegada da Família Real no Rio de Janeiro e a utilização da mão-de-obra escrava, 
surgiu então a figura dos escravos intitulados de “tigres”. Estes cumpriam as tarefas 
16 
 
 
árduas de retirar os dejetos das casas em grandes recipientes e os despejavam em 
áreas de rios, o que, com o transporte, acabavam por manchar suas peles. Assim, o 
deslocamento dos excrementos das casas pelos escravizados levava em 
consideração que as residências não tinham água encanada direta e aparelhagem 
sanitária. 
Em outras palavras, de acordo com Francisco (2021, p. 28), a manipulação do 
esgoto era realizada pela mão-de-obra desses escravos, e pela ureia que escorria 
em suas peles, a partir da urina e fezes dos toneis, de forma pejorativa foi dado o 
nome de “tigres”. 
Na transição do período imperial ao republicano, no decorrer do século XIX, o 
processo de urbanização se tornou acelerado e intenso, acarretando a criação de 
redes de abastecimento nas capitais, mas, ainda sem um tratamento específico, ao 
mesmo tempo que ganhava notoriedade a figura dos chafarizes pelo abastecimento 
comunitário. Desta forma, conforme Murtha, Castro e Heller (2015, p. 196): 
 
Os chafarizes ganharam importância nos séculos XVIII e XIX com o advento 
da urbanização, propiciando o abastecimento comunitário e gratuito de água 
à população. Rio de Janeiro, Vila Rica, Salvador, Recife e outras cidades 
coloniais implantaram redes de chafarizes, bicas e fontes públicas, em que 
o acesso era livre e de onde escravos se encarregavam do transporte até 
as residências, evidentemente para os que tinham capacidade econômica 
para possuí-los. Para estes, o transporte e destinação final de excretas era 
feito por escravos, pejorativamente chamados de tigres, em vasilhames 
para o mar ou para valas, atividade comum, mesmo no Rio de Janeiro de 
meados do século XIX. 
 
Francisco (2021, p. 29), assinala que com o início do período republicano, foi 
criado o Serviço Sanitário pela Lei nº 43 de 1892, seu fim era de enfrentar doenças 
alusivas ao saneamento. Ao mesmo passo, já em 1894, foi desenvolvido o primeiro 
Código Sanitário do Estado de São Paulo com implicações na saúde pública, que 
também refletiam na ocupação do Estado, para que pudessem buscar mecanismos 
de saneamento básico e higiene, e, nas palavras de Silva (2019, p. 89) possuía 
“extensos 520 artigos, instituindo normas de intervenção urbanística, higiene e 
saúde pública”. 
Ainda, ao final do século XIX e ao início das primeiras décadas de 1900 
temos a figura ilustre de Oswaldo Cruz, influente na saúde e saneamento, bem 
como o combate contra a epidemia de peste bubônica. Neste intervalo, Priscila 
Neves Silva et al. (2018, pp. 16-18) indica que ele se tornou um dos principais 
17 
 
 
gestores da Diretoria Sanitária com foco no controle de doenças, sendo 
posteriormente o órgão unificado na Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), 
também em busca da salubridade urbana; e, da mesma forma, foi deixado o legado 
do engenheiro Saturnino de Brito, chefe da Comissão de Saneamento em Santos, 
na separação e distribuição dos córregos e esgotos. 
Outro importante avanço ao saneamento ocorreu com a Constituição de 1934, 
que começou a ter preocupações sobre o tema e que deu força à saúde pública em 
seus art. 10, inciso II, e art. 138, “f”: 
 
Art. 10 - Compete concorrentemente à União e aos Estados: 
[...] II - cuidar da saúde e assistência públicas;Art. 138 - Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos das 
leis respectivas: 
[...] f) adotar medidas legislativas e administrativas tendentes a restringir a 
moralidade e a morbidade infantis; e de higiene social, que impeçam a 
propagação das doenças transmissíveis (BRASIL, 1934). 
 
Assim, nota-se que nessa Carta Magna a saúde e saneamento caminham 
juntos, contudo, não tratava o saneamento de forma plena, apenas atendo-se à 
utilização da água. 
Como aduzem Costa, Pierobon e Soares (2018, p. 341), as Constituições 
anteriores à 1988 regulavam o uso dos recursos hídricos e não do saneamento 
básico necessariamente, já que o assunto era vinculado ao abastecimento de água 
potável. 
Antes da Carta Constitucional de 1988, o país ainda evoluía no quesito 
histórico-normativo do saneamento básico, tendo em consideração que não houve 
um grande salto no Brasil Colônia e Império. 
Como informado por Santos (2018, p. 242), com o início da década de 50, a 
partir do crescimento da população da cidade e a migração do campo aos grandes 
núcleos, as áreas urbanas começaram a perder a qualidade de vida pela 
insalubridade dos locais. E, em seguida, já no governo militar por volta da década de 
60 houve o desenvolvimento do Banco Nacional de Habitação (BNH), que começou 
a investir no saneamento básico. 
Ainda, de acordo com Costa, Pierobon e Soares (2018, pp. 342-343) surgiu 
nessa mesma década o Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), 
com a atribuição de realizar obras referentes às políticas públicas de saneamento. 
18 
 
 
Não possuía autonomia estrutural e, sofreu modificações com a Lei 4.089/1962. De 
acordo com este referido diploma legal em seu art. 2º, e suas alíneas: 
 
Art. 2º Ao DNOS compete: 
a) Orientar, superintender, planejar, estudar, projetar, executar, fiscalizar e 
controlar os empreendimentos ou assuntos relativos à construção, 
conservação, modificação, operação e exploração de obras de hidráulica e 
saneamento rural e urbano compreendendo fundamentalmente: drenagem, 
controle de inundação, abastecimento d‟água e esgotos pluviais e sanitário; 
controle de poluição de cursos d„água e controle de erosão; 
b) Complementar os sistemas mencionados na alínea anterior com as obras 
de hidráulica fluvial de regularização de regime e de melhoramento de 
cursos ou massas d‟água, tais como reservatórios de acumulação e de 
cheia, diques, melhoria de escoamento, estabilização do leito, proteção de 
margens, melhoria de barras e controle de salinidade nos trechos 
fluviomarítimos - quando necessário para o atendimento das obras 
fundamentais de saneamento rural e urbano; 
c) Associar as obras referidas nas alíneas “a” e “b”, de acordo com os 
órgãos competentes federais, estaduais e municipais, a finalidades 
múltiplas, tais como hidreletricidade, irrigação, navegação fluvial, estímulo à 
recreação das populações e conservação da vida silvestre animal e vegetal, 
quando essa associação for um imperativo de ordem técnica, econômica e 
social; 
d) Elaborar o planejamento geral e os planos parciais dos serviços e obras a 
seu cargo, para aprovação pelo governo, e realizar os estudos necessários 
à sua revisão periódica; 
e) Promover a realização de serviços e obras de saneamento rural e 
urbano, mediante regime de colaboração com os Estados, Municípios e 
entidades públicas ou privadas, com o objetivo de complementar os planos 
regionais ou locais [...] (BRASIL, 1962). 
 
De acordo com Rodrigues de Sousa (2021, p. 21), surge o Decreto-lei 248 de 
1967 contendo a primeira Política Nacional do Saneamento Básico no Brasil, 
executada pelo órgão supracitado e, ao mesmo passo, responsável em apontar 
diretrizes à execução nos setores de abastecimento de água e esgoto pelo DNOS. 
Esse decreto foi revogado ainda em 1967 pela Lei nº 5.318/67, que apontava que a 
Política Nacional de Saneamento deveria caminhar ao encontro às diretrizes da 
Política Nacional de Saúde Pública. De acordo com o art. 2º da referida lei, no 
saneamento também está incluso o abastecimento de água, fluoretação e 
destinação dos dejetos, bem como drenagem e esgotos, entre outras atribuições. 
Acresça-se a isto, em conformidade com as palavras de Coutinho (2020, p. 
104-105), que o setor de saneamento tinha a sua execução pelos municípios de 
forma predominante no começo da década de 1970 e a ampliação dos serviços 
referentes, estava diretamente ligado ao desenvolvimento socioeconômico, o que 
acarretou ao ano de 1971 a criação do Plano Nacional do Saneamento – PLANASA. 
19 
 
 
O PLANASA contribuiu para que os entes municipais atribuíssem a execução 
também às companhias estaduais, e, promoveu consequentemente uma 
“estadualização”. A descentralização das suas atividades não foi bem executada. 
No tema, o autor reafirma que com as Emendas Constitucionais nº 08 e 09 de 
1995 foram instituídas entidades próprias com a criação da Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária - ANVISA (Lei nº 9.782/1999) e da Agência Nacional de Saúde 
Suplementar – ANS, a Lei nº 9.961/2000 (COUTINHO, 2020, pp. 106-108). 
Pagnoccheschi (2000, apud Faria e Faria, 2004, p. 205) sobre o PLANASA, 
nas décadas de 70 e 80, apontou que o número de pessoas com abastecimento de 
água foi de 11,9 milhões para 49,6 milhões e, com o sistema de esgoto sanitário, 
saltou de 6,1 milhões para 17,4 milhões com pessoas contempladas pelo 
atendimento. 
Mais adiante, a Lei 6.528/78 além de tratar de alguns serviços do 
saneamento, dispôs sobre as tarifas dos serviços públicos nesse âmbito. Conforme 
o art. 2º, desse diploma legal “os Estados, através das companhias estaduais de 
saneamento básico, realizarão estudos para fixação de tarifas, de acordo com as 
normas que forem expedidas pelo Ministério do Interior”. Posteriormente a referida 
legislação foi revogada pela Lei 11.445/07 (COSTA, PIEROBON e SOARES, 2018, 
p. 347). 
Faria e Faria (2004, p. 205) abordam sobre a extinção do PLANASA, no 
período de 1990-1994, também relacionadas ao Inadimplemento das Companhias 
Estaduais de Saneamento Básico (CESB) e a não-aceitação de municípios de porte 
médio nas regiões do Sul e Sudeste quanto à manutenção das tarifas. 
Em 2001 foi criado o “Estatuto da Cidade”, a Lei nº 10.257/2001, que 
apresentou apontamentos necessários relativos à parte de saneamento. Desta 
forma, conforme o seu art. 2º, I, XVIII, e art. 3º, III e IV: 
 
Art. 2
o
 A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as 
seguintes diretrizes gerais: 
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à 
terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, 
ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as 
presentes e futuras gerações; 
[...] XVIII - tratamento prioritário às obras e edificações de infraestrutura de 
energia, telecomunicações, abastecimento de água e saneamento. 
Art. 3
o
 Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política 
urbana: 
[...] III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, programas de construção de moradias e 
20 
 
 
melhoria das condições habitacionais, de saneamento básico, das calçadas, 
dos passeios públicos, do mobiliário urbano e dos demais espaços de uso 
público; 
IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusive habitação, 
saneamento básico, transporte e mobilidade urbana, que incluam regras de 
acessibilidade aos locais de uso público (BRASIL, 2001). 
 
Assim, o Estatuto da Cidade surgiu com o intuito de estabelecer o 
desenvolvimento urbano, apontando diretrizes em detrimento do crescimento 
populacional, bem como a intervenção do Poder Público na transformação do 
ambiente, e entre um dos assuntos ressaltados, o da preocupação com o 
saneamento básico e habitação. 
Em 2007 foi sancionada a Lei nº 11.445, intituladaLei Nacional do 
Saneamento Básico – LNSB. Ela foi responsável por apontar diretrizes nacionais ao 
saneamento, dispondo em seu art. 3º, que estão englobados na temática o 
abastecimento de água, infraestrutura de suas instalações, esgotamento sanitário, 
limpeza, resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais. Ademais, alguns dos 
princípios fundamentais, conforme o art. 2º da LNSB são diretamente ligados à 
universalização do acesso e prestação do serviço; saneamento de forma adequada 
à saúde pública; segurança, qualidade, regularidade e continuidade, entre outros. 
A Lei nº 11.445/07 também aponta à criação do Plano Nacional de 
Saneamento Básico – PNSB, sendo atualmente intitulado PLANSAB. Em 2008 
iniciou-se sua elaboração e, foi aprovado pelo Decreto 8.141 de 20 de novembro de 
2013 e Portaria Interministerial n° 571/2013. 
Por outro lado, existe o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 
(SNIS), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Os dados coletados, 
conforme o Diagnóstico Temático – Serviços de Água e Esgoto (2021, p. 7), dão 
suporte administrativo, gerencial, de informação, sobre a qualidade dos serviços do 
saneamento, responsável por auxiliar na definição de políticas e atividades da 
gestão como no desenvolvimento do Plano Municipal de Saneamento Básico. 
De acordo com os últimos dados de 2020 do SNIS da população total 
participante, 84,1% têm atendimento com rede de água, 55,0% com atendimento 
com rede de esgoto e 90,5% da população têm a cobertura de coleta domiciliar de 
resíduos sólidos. 
No ano de 2020 surge a Lei nº 14.026/2020, o novo Marco Legal do 
Saneamento, onde é proposta a universalização para que haja uma agenda futura 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.026-2020?OpenDocument
21 
 
 
de meta em cobertura de 99% para a cobertura do acesso à água potável e 90% à 
coleta de esgoto, conforme o seu art. 11-B, até o final do ano de 2033. 
Conforme Leite (2021, pp. 74-75), o novo Marco Legal do Saneamento 
disposto na Lei 14.026/2020 alterou a legislação que incidia sobre o tema, 
apontando novas metas e, ao mesmo passo, que a Agência Nacional de Águas 
(ANA) passou a ser designada como Agencia Nacional de Águas e Saneamento 
Básico, com a mesma sigla, com vínculo ao Ministério do Desenvolvimento Regional 
e com capacidade para interferir na competência municipal, entre outras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
3 O MÍNIMO EXISTENCIAL E A PERSPECTIVA DO SANEAMENTO COMO UM 
DIREITO 
 
No tocante à evolução à garantia do saneamento básico, como já foi 
observado, surge a preocupação em resguardar os direitos fundamentais referentes 
à dignidade da pessoa humana, como a assistência à população. 
Deste modo, é necessária uma compreensão das perspectivas dos princípios 
correlacionados a essa assistência, o princípio do mínimo existencial e o princípio da 
reserva do possível. 
 
3.1 O mínimo existencial e a reserva do possível 
 
O mínimo existencial é um termo que “surgiu na doutrina Alemã”, nas 
palavras de Masson (2020, p. 431), onde se pretendia dar auxílio aos 
desamparados, na conexão com a dignidade da pessoa humana. 
No Brasil, um dos marcos da citação sobre o mínimo existencial foi o da sua 
utilização na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 45 
MC/DF em 2004, conforme Souza e Sanomiya (2017, p. 392), no apontamento do 
Min. Celso de Mello: 
 
Não cabe à oposição do arbítrio estatal quando se tratar da efetivação dos 
direitos sociais, econômicos e culturais, sendo, então, relativa à liberdade 
de conformação do legislador que lhe permite opor a cláusula da “reserva 
do possível” pela necessidade de preservação, em favor dos indivíduos, da 
integridade e da intangibilidade do núcleo consubstanciado do “mínimo 
existencial”. (SOUZA e SANOMIYA, 2017). 
 
Ainda nesta linha, é imperioso ressaltar que o que deve sobressair é a 
dignidade da pessoa humana, embasada no mínimo existencial, apesar do 
contraposto com a reserva do possível. 
Para Silva, V. B. S., et al. (2020, p. 186), a ideia do mínimo encontra 
embasamento no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 
da ONU, que orienta a Constituição Federal de 1988, ao nortear a proteção da 
dignidade da pessoa humana. Assim, todos têm direito a “um padrão de vida capaz 
de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, 
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis”. 
23 
 
 
Nathália Masson (2020, p. 431), concebe o mínimo existencial como ligado 
aos bens mais básicos e essenciais para se ter dignidade e, ao citar Ana Paula 
Barcellos, professora da UERJ, indica também que é englobado o direito à saúde, 
assistência e acesso à justiça. 
Em outro ponto de vista, nas palavras de Carcará, Silva e Moita (2019, p. 
495): 
 
Se o saneamento básico adequado é um dos indicadores de saúde e o 
direito à saúde se configura em um dos mais importantes, estando em nível 
de igualdade com o direito à vida, pode-se assegurar que o saneamento 
equivale ao mínimo existencial. 
 
Diante dessa perspectiva, é possível compreender que a ideia está 
relacionada ao saneamento, para que exista a efetivação dos direitos fundamentais, 
estando no mesmo patamar dos direitos à saúde e habitação, sendo necessária a 
efetividade do Poder público para resguardá-los. 
Ainda quanto à ideia básica da existência, é necessário o amparo através das 
políticas públicas à sobrevivência dos indivíduos e sua omissão acaba por 
desencadear maior judicialização, tendo em vista que o Estado já a deveria 
resguardar para uma vida digna. 
Duarte Junior e Oliveira (2018, p. 45) apontam que com relação ao princípio 
da dignidade humana, “todo ser humano detém um direito ao mínimo existencial, o 
que se traduz em um direito aos meios que visam satisfazer as necessidades 
básicas, prioridade primeira do Poder Público”. 
Já sobre a reserva do possível, conforme Nathália Masson (2020, pp. 426-
428), a efetivação dos direitos Constitucionais gera custos econômicos, que tendem 
à ideia das prestações com a obrigação “de fazer” pelo Estado como no sistema de 
saúde, por exemplo. Ainda, aponta que o termo surgiu na década de 70 do séc. XX, 
pela corte alemã, relacionada à política das vagas em instituições superiores, ligada 
também à razoabilidade para se exigir e, que no direito pátrio, é ligada à 
disponibilidade de recursos e proporcionalidade da prestação. 
Em outras palavras, o princípio da reserva do possível, que busca respaldo 
nos recursos orçamentários, acaba por limitar a assistência do Estado na prestação 
de serviços para todos. Igualmente, nessa teoria existem fronteiras para que o 
Estado só atue em situações específicas, no que ele pode fazer dentro dos limites 
do orçamento, devendo ser levada em consideração a proporcionalidade. 
24 
 
 
3.2 O saneamento básico como um direito 
 
Conforme Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012, pp. 267-270), os direitos 
fundamentais como conceito devem ser compatíveis com as peculiaridades da 
ordem pátria e, da mesma forma, como no entendimento do art. 5º, § 2º da CF, 
podem ser vistos como os direitos sempre ancorados na Constituição, além de 
outros direitos fundamentais que não integrem o catálogo constitucional. Assim, o 
conceito pode ser contextualizado de forma hermenêutica. 
Para Ribeiro (2015, p. 241), mesmo que o direito ao saneamento básico não 
seja apontado como um direito fundamental, tendo em consideração que não foi 
reconhecido especificamente pela Constituição, ainda se filia a ideia de que é 
merecido ser reconhecido como direito fundamental. 
Com isso, é imperioso notar que é imprescindível entender o saneamento 
básico como uma possibilidade de direito, e buscar seus fundamentos na doutrina e 
legislação infraconstitucional em conexão com a Constituição Federal.De início, cabe ressaltar a diferença entre direitos humanos e direitos 
fundamentais, na qual a doutrina trata com conteúdo diferente, sendo este focado no 
Estado e aquele às atribuições internacionais. Em outras palavras, Sarlet, Marinoni e 
Mitidiero (2012, pp. 247-249), indicam que a Constituição abrange diversas 
categorias de direitos, como os direitos individuais e coletivos, direitos sociais, 
políticos, entre outros, que são espécies do gênero direitos fundamentais. Por outro 
lado, há a terminologia dos direitos humanos, mais utilizada no plano do direito 
internacional, assim, ao passo que os direitos fundamentais se aplicam no âmbito 
constitucional de determinado Estado, os direitos humanos têm relação no direito de 
todos os povos em todos os lugares, de caráter universal e internacional. 
Sobre o saneamento básico ser entendido como um direito, de acordo com 
Ribeiro (2015, pp. 229-231), a sua importância também decorre do posicionamento 
da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na Resolução nº 
64/292, que concebe este como necessário à plena fruição da vida, mas que 
também precisem dos recursos do Estado para sua efetivação. 
A CF/88 dispõe acerca do meio ambiente equilibrado e a sua efetivação, 
conforme o art. 225, sendo direito de todos, essencial à qualidade de vida. O mesmo 
dispositivo constitucional impõe-se “ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo às presentes e às futuras gerações” (BRASIL, 1988). 
25 
 
 
Para Carvalho (2020, pp. 24-27), os direitos sociais e fundamentais que estão 
contidos na Constituição têm o intuito e a finalidade de dar suporte às pessoas no 
que “há de mais básico” à sobrevivência, ademais, sob o prisma dos direitos 
humanos se busca a universalização do mínimo existencial, devendo ser acessado 
por todos, incluindo-se nessa perspectiva o saneamento básico. 
Conforme esse entendimento faz-se necessário englobar o saneamento, além 
dos recursos hídricos necessários à subsistência como garantia de acesso a toda 
população, conjuntamente com a saúde e moradia. 
Para Leite (2021, p. 58), em diversos países fronteiriços com o Brasil a água e 
o saneamento são compreendidos como direitos a nível infraconstitucional por meio 
das legislações ordinárias e, a sua proteção está voltada ao meio ambiente 
equilibrado, tratado “apenas como política pública”. Ressalta ainda que: 
 
Adequadas condições de vida em um ambiente saudável ou, na literalidade 
da lei, „ecologicamente equilibrado‟, como disposto no caput do artigo 225 
da Constituição Federal, fazem parte dos direitos e deveres individuais e 
coletivos dispostos no artigo 5º da Magna Carta, direito esse já reconhecido 
na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, no ano 
de 1972. Por estar umbilicalmente ligado ao direito à vida, a 
fundamentalidade do Direito Ambiental ostenta, a nosso ver, o status de 
verdadeira cláusula pétrea. (MILARÉ, 2001, pp. 44-48, apud LEITE, 2021, p. 
67). 
 
Ainda no tocante a discussão acerca do saneamento, que está 
intrinsicamente ligada à saúde e ao meio ambiente equilibrado, podemos encontrar 
nas palavras de Paulo Sirvinskas, que é citado por Cunha (2018, p. 45), que a 
proteção ao meio ambiente tutelada na Constituição Federal não é encontrada 
somente no Brasil, mas sim é uma tendência internacional, que por pertencer a 
outras constituições, pode-se constituir como um direito fundamental. 
Ademais, mesmo que a Constituição não apresente expressamente as 
diretrizes do saneamento básico ou como um direito humano fundamental, pode-se 
compreender, que ainda assim, há a sua proteção pela legislação esparsa. 
Em decorrência das orientações também sobre o saneamento, da supressão 
da defecção a céu aberto, e recursos que envolvem a água, surge o documento 
ODS, em específico o de número 6 - objetivo de desenvolvimento sustentável à 
efetivação dos direitos humanos, e direcionamento dos Estados à colaboração ao 
direito fundamental e universalizado (CARVALHO, 2020, pp. 29 e 42). 
26 
 
 
Os ODS também têm a nomenclatura de Agenda 2030 das Nações Unidas, e 
estão de acordo com o Relatório Nacional Voluntário Sobre os Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável (2017, p. 9): 
 
Em setembro de 2015, 193 Estados-membros da ONU reuniram-se na sede 
da instituição em Nova Iorque e acordaram tomar medidas transformadoras 
para colocar o mundo em um caminho sustentável. Adotaram uma nova 
agenda global comprometida com as pessoas, o planeta, a promoção da 
paz, da prosperidade e de parcerias: a Agenda 2030 para o 
Desenvolvimento Sustentável. 
A Agenda 2030 engloba 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(BRASIL, Relatório Voluntário Sobre os Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável). 
 
Câmara (2018, pp. 29-33) aduz que as discussões acerca da sustentabilidade 
se tornaram importantes em relação à qualidade ambiental, ao crescimento da 
economia e na esfera social. Ao mesmo passo, indica que dentre 17 objetivos, o 
objetivo de número 6 busca “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da 
água e saneamento para todos”. Dessa forma, nele se busca o adequado 
esgotamento sanitário e acesso à água para todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
4 A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NAS AÇÕES MUNICIPAIS 
 
A seguir, são apresentadas três ferramentas imprescindíveis à administração 
dos municípios brasileiros para o seu bom funcionamento e prestação dos serviços 
básico: a Lei Orgânica do Município, o Estatuto da Cidade e o Plano Diretor. 
O Estatuto da cidade busca incidir sobre o desenvolvimento local, interferindo 
nas ações municipais. Além disso, conforme o crescimento da cidade, a população 
tende a adequar-se aos espaços, sendo o propósito do Plano Diretor possibilitar a 
boa utilização urbana, além do desenvolvimento sustentável que atenda à 
população, bem como do poder público com o setor de infraestrutura. Já a Lei 
Orgânica regula a vida pública municipal, com regras de organização e 
funcionamento geral. 
 
4.1 O Estatuto da Cidade 
 
A Lei nº 10.257/2001, mais conhecida como Estatuto da Cidade, é uma lei 
Federal que surgiu para regulamentar os arts. 182 e 183 da Constituição Federal de 
1988, apontando os segmentos de desenvolvimento urbano e outras providências à 
função social da propriedade. 
O saneamento se insere nesse contexto. Para Fonseca e Rossetto (2018, p. 
6), “a política de saneamento reconhecidamente uma atividade prioritária, de acordo 
com as diretrizes das políticas urbanas estabelecidas pelo EC, em 2001”. 
A Lei nº 10.257/2001 indica em seu art. 2º que a política urbana tem o objetivo 
de aprimorar o desenvolvimento urbano e das cidades, incluindo inciso I o 
saneamento básico e no inciso II a participação popular. 
De acordo com Lopes et al. (2020, p. 3486), o Estatuto da Cidade concede 
instrumentos para a administração municipal sobre a cidade, além de possibilitar 
qualidade de vida através do Plano Diretor. É possível observar que o Estatuto 
estabelece regimentos gerais da administração e organização dos espaços, 
buscando igualmente a infraestrutura que atenda a toda população, bem como na 
coleta de lixo e saneamento básico. 
Nota-se ainda, que algumas das diretrizes do Estatuto da Cidade estão 
apontadas no art. 2º, I e II, no que trata da garantia a cidades sustentáveis, moradia, 
28 
 
 
saneamento, bem como a gestão participativa popular para o acompanhamento de 
projetos. 
Sirvinskas (2019, p. 780) relata que o estatuto acima mencionado se 
preocupa com o contexto ambiental urbano ao utilizar-se do saneamento e equilíbrio 
ambiental, em prol da coletividade e bem-estar da população. 
Além disto, a Lei nº 10.257/2001 traz um propósito, conforme o seu art. 41, no 
qual as cidades com mais de vinte mil habitantes sejam obrigadas a implantar o 
Plano Diretor. 
O art. 4º, III, alínea “a” do Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/2001,indica que 
o Plano Diretor é instrumento da política pública urbana, assim sendo, exigência do 
Estatuto na qual o saneamento está contido neste diploma legal. 
 
4.2 A Lei Orgânica Municipal 
 
De acordo com a Constituição Federal de 1988, no seu art. 29, está prevista, 
a Lei Orgânica Municipal, responsável por apontar regramentos à política local da 
cidade e instrumentos públicos de orientação. 
Nesse sentido, existe o Diagnóstico Técnico-Participativo, que compreende a 
realidade local e fornece fundamentos ao planejamento municipal do saneamento 
básico do município, oferecendo um panorama ao gestor para efetivação das 
políticas públicas. 
Conforme o documento do Diagnóstico Técnico-Participativo de Currais 
Novos (2018, p. 120), a Lei Orgânica trata de forma específica sobre o saneamento 
básico no seu art. 103, na qual “O município deverá promover, dentre outros planos 
e programas setoriais destinados a melhorar as condições da vida da população de 
baixa renda, priorizando: I o saneamento básico (...)”. Além disto, aponta no art. 3º, 
que o Município deverá buscar o bem-estar da população inclusive para: “[...] XV – 
promover programas de saneamento básico”. 
Ainda em consonância à Lei Orgânica do município de Currais Novos, no art. 
117, está determinado que: “o município, obedecendo ao que dispõe a legislação 
Federal e Estadual pertinente atuará prioritariamente: (…) II - nas ações de 
saneamento básico, observando a destinação adequada dos dejetos”. 
 
29 
 
 
4.3 O Plano Diretor Municipal 
 
De acordo com o art. 40 do Estatuto da Cidade, a lei que instituir o Plano 
Diretor deverá ser revisada a cada dez anos, para que em conjunto com a 
população, decida sobre o espaço urbano, saneamento e habitação, entre outros. 
Cruz, Lima e Dantas (2019, p. 3), reforçam que no município: 
 
O Plano Diretor em consonância com o Estatuto da Cidade surge como 
instrumento hábil da política de urbanização, tendo em vista o bem-estar da 
população e o alcance da qualidade de vida nas cidades (CRUZ, LIMA e 
DANTAS, 2019). 
 
Noutras palavras, o plano diretor é uma lei municipal, a ser aprovada pela 
câmara municipal com o intuito de apontar diretrizes e parâmetros ao 
desenvolvimento da cidade. Esse documento legal também refletirá no bem-estar 
social, levando em consideração que o saneamento está ligado à boa infraestrutura 
municipal, a possibilidade de moradia digna e acesso à saúde. 
Nas palavras abalizadas de Mariani (2019, p. 204), o plano diretor aponta 
diretrizes da política de desenvolvimento urbano do município, e a partir dele pode 
ser instituído plano de saneamento básico. 
Sirvinskas (2019, p. 785-787) refere-se ao plano diretor como instrumento 
básico para a concretização do Estatuto da Cidade, alinhado à política de 
desenvolvimento urbano. Dessa forma, aponta para o desenvolvimento econômico e 
urbano, além da gestão da cidade. 
Intrinsicamente ligada ao Estatuto da Cidade e ao Plano Diretor está a política 
urbana que, nas palavras de Agra (2018, p. 822), aponta-se que o desenvolvimento 
de uma cidade “não pode ser feito de forma desordenada, sem a obediência às 
regulamentações previamente estipuladas que possam garantir que seu crescimento 
será realizado de forma harmoniosa”. 
 
 
 
 
30 
 
 
5 O SANEAMENTO BÁSICO DA CIDADE DE CURRAIS NOVOS E A 
ADEQUAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA NOVA LEGISLAÇÃO 
 
Este trabalho tem como limite territorial o município de Currais Novos-RN, 
localizado na região Seridó potiguar do estado do Rio Grande do Norte. Conforme o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2020 a área da unidade territorial é 
de 864,349 km², contendo na fonte do portal Sidra IBGE, 12 bairros e, que 
atualmente seu número aumentado para 16 bairros. A população, de acordo com o 
último censo do IBGE, em 2010 era de 42.652 habitantes, com população estimada 
de 45.022 no ano de 2021. 
 Em conformidade com o principal objeto de estudo, neste capítulo, é 
apresentada uma investigação acerca dos aspectos estruturais relacionados ao 
saneamento básico no município de Currais Novos. Para tanto, é essencial 
compreender a realidade municipal no tocante ao tema proposto e adequação a 
legislação. 
Para Câmara (2018, pp. 62-63), sobre a universalização que recai ao serviço 
do esgotamento sanitário, deve-se compreender a finalidade universal que aponta o 
saneamento básico como política pública diretamente ligada à vida digna, bem como 
acesso à saúde, qualidade devida e ambiente equilibrado. 
O Novo Marco Legal do saneamento básico (Lei nº 14.026, de 15 de julho de 
2020) alterou o art. 2º da lei nº 11.445/2007, sobre os princípios fundamentais que 
devem servir de orientação ao serviço público: 
 
Art. 2
o
 Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com 
base nos seguintes princípios fundamentais: 
I - universalização do acesso e efetiva prestação do serviço; 
II - integralidade, compreendida como o conjunto de atividades e 
componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento que 
propicie à população o acesso a eles em conformidade com suas 
necessidades e maximize a eficácia das ações e dos resultados; 
III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e 
manejo dos resíduos sólidos realizados de forma adequada à saúde 
pública, à conservação dos recursos naturais e à proteção do meio 
ambiente [...] (BRASIL, Lei nº 11.445/2007). 
 
Com base nessa perspectiva, serão observados os índices a respeito da 
universalização das atividades que integram o abastecimento de água, esgotamento 
sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos e drenagem de águas pluviais. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.026-2020?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.026-2020?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm#art2i.1
31 
 
 
O art. 19 da Lei nº 11.445/2007 ressalta que os serviços públicos no tocante 
ao saneamento básico observarão um plano, e que este terá que abranger 
diagnóstico da situação, indicadores, objetivos e metas à universalização, projetos 
que possibilitem alcançar as metas, entre outros. Desta forma, reitera Câmara (2018, 
p. 87), que a Lei do Saneamento Básico prevê o tratamento universal dos serviços 
de água e esgoto, bem como se apoia na elaboração de um Plano Municipal de 
Saneamento Básico (PMSB). 
Em 1º de novembro de 2007 foi instituída a Lei Complementar nº 08, que 
dispôs acerca do Plano Diretor participativo do Município de Currais Novos. De 
acordo com o seu art. 2º, trata-se de um instrumento direcionado ao 
desenvolvimento urbano e rural, importante ao planejamento municipal. O art. 5º, II, 
do referido diploma legal, indica o prazo que se estende até o ano de 2028 para o 
cumprimento pleno das diretrizes propostas. No art. 6º, §1º, é relacionado o 
desenvolvimento econômico-social para a cidade e sua dinâmica com a proteção ao 
meio ambiente, bem como o direito ao saneamento, à infraestrutura e à moradia. 
Contemporaneamente, a Lei Complementar nº 08/2007 do município dispõe 
sobre o desenvolvimento humano e a qualidade de vida, com execução e controle 
das políticas públicas. Conforme aduz em seu art. 15. Ademais, dispõe no Capítulo 
III sobre o meio ambiente e o desenvolvimento urbano; o seu art. 50 trata da política 
ambiental estando inserida a gestão do saneamento básico; o art. 61 indica na 
subseção III sobre o saneamento básico, bem como assegura qualidade e 
regularidade do abastecimento de água e das redes de coleta e tratamento de 
esgoto; a subseção IV trata da drenagem urbana e a subseção V dos resíduos 
sólidos. 
Conforme o Estatuto da Cidade no art. 40, §3º, o Plano Diretor, aprovado por 
lei municipal deverá ser revisto ao menos a cada década. 
A Lei Complementar nº 09, de 26 de dezembro de 2012, alterou a lei 
complementar nº 08,de 01 de novembro de 2007, sem apresentar modificações 
significativas quanto ao saneamento. 
Em 2013 foi elaborada a Lei Municipal nº 3.096, que alterou dispositivos da 
Lei Complementar nº 09/2012, a qual tinha alterado o plano diretor do município, 
sem também apresentar modificações significativas ao tema. 
32 
 
 
O Diagnóstico técnico-participativo de Currais Novos (2018, pp. 116-117), é 
formulado com base no Estatuto da Cidade, que busca a cidade sustentável e 
abarca o saneamento básico, expondo ainda: 
 
O Plano Diretor instituído no Município pela Lei Complementar Municipal Nº 
008 de 01 de novembro de 2007 foi formulado com o objetivo de ser o 
principal instrumento da política de desenvolvimento e expansão urbana, de 
ordenamento territorial, de desenvolvimento social e econômico, de 
preservação ambiental e da identidade cultural e histórica do Município 
(CURRAIS NOVOS, Diagnóstico técnico-participativo, 2018). 
 
Além do Plano Diretor, há o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) 
que contém o estudo com metas e diretrizes que seguem a Lei do Saneamento. De 
acordo com Almir (2018, p. 14), o diagnóstico técnico-participativo é a base que 
orienta o PMSB, com informações pertinentes aos serviços, indicadores ambientais 
e informações desse setor. 
Em 2018 na cidade Currais Novos foi desenvolvido o Plano de Mobilização 
Social, como base de apoio à elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico 
(PMSB). 
O Plano de Mobilização Social, documento municipal que subsidia a criação 
do SMSB, circunda a consciência da população e a efetivação da política pública, 
com objetivo de buscar estratégias e instrumentos para favorecer o estímulo social e 
o controle para a efetivação de política pública de saneamento básico na cidade de 
Currais Novos (CURRAIS NOVOS, Plano de Mobilização e Comunicação Social, 
2018, p. 7). 
O PMSB (2018) encontra fundamento na Constituição Federal, nos seus arts. 
6º, 196, 225, e inciso VI, que apontam para o direito à saúde, e aos serviços à sua 
promoção, direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à 
qualidade de vida, bem como educação ambiental. 
O referido Plano, também encontra suporte no Estatuto da Cidade (Lei nº 
10.257/2001), conforme o art. 2º, a prever garantia às cidades sustentáveis, 
moradia, saneamento ambiental, gestão com participação da população e 
programas de desenvolvimento urbano. 
De acordo com o art. 2º da Lei nº 11.445, existem diretrizes a buscar a 
universalização do acesso, atividades do serviço do saneamento, abastecimento de 
33 
 
 
água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, proteção ao meio ambiente, entre 
outros. 
Em novembro de 2018 foi elaborada a Lei 3.403, que cria o Conselho 
Municipal de Saneamento Básico do Município de Currais Novos, órgão consultivo 
vinculado à Secretaria de saúde, com o intuito de auxiliar na formulação das 
políticas de saneamento básico, assim como, avaliar sua implementação e definir 
prioridades, além de acompanhar as revisões do Plano Municipal de Saneamento 
Básico, desenvolvido no mesmo ano, entre outras providências. 
Como fica claro, Currais Novos possui uma Política Pública Municipal de 
Saneamento Básico que foi instituída pela Lei nº 3.355/2007 e um Plano Municipal 
de Saneamento desde o ano de 2018. 
Conforme a Politica municipal de 2007: 
 
[...] Art. 3º, Parágrafo único: Compete ao Poder Público Municipal o 
provimento integral dos serviços públicos de saneamento básico e a 
garantia do acesso universal a todos os cidadãos, independente de suas 
condições sociais e capacidade econômica. 
Art. 4º, §1º: O serviço público de saneamento básico será considerado 
universalizado no Município quando assegurar, no mínimo, o antedimento 
das necessidades básicas vitais, santiárias e higiênicas de todas as 
pessoas, independentemente de suas situação fundiária, inclusive local de 
trabalho e de convivência social da sede municipal e dos atuais e futuros 
distritos, vilas e povoados, de modo ambientalmente sustentável e de forma 
adequada às condições locais. (CURRAIS NOVOS, Lei 3.355/2007) 
 
A política municipal também trata do serviço público de abastecimento de 
água, tomando em consideração a garantia do abastecimento para promover a 
saúde pública com qualidade, além dos serviços de esgotamento sanitário e sua 
coleta e disposição dos esgotos. Esta política pública ainda trata dos serviços 
públicos de manejo de águas pluviais urbanas e o serviço de drenagem, adução e 
transporte de águas pluviais (Lei nº 3.355/2007). 
O Plano Municipal institui diversos objetivos, entre eles a busca pela 
responsabilidade coletiva dà preservação dos recursos naturais e saneamento 
básico, desenvolvimento de projetos e ações, objetivos de caráter democrático e 
participativo com o envolvimento da população, necessidade de planejamento 
estratégico e ferramentas de acompanhamento e monitoramento. 
O Produto D – Prospectiva e Planejamento Estratégico (2018) é um 
documento do PMSB de Currais Novos que tem como objetivo o levantamento de 
informações municipais e das prestações de serviço. Ao mesmo ponto, responsável 
34 
 
 
por indicar metas de prazo imediato, curto, médio e longo, bem como, apresenta os 
pontos fortes e fracos, “focados no atendimento das demandas e deficiências 
identificadas a partir da análise das informações levantadas na fase de diagnóstico 
pela equipe técnica e com a participação social, articulando-as às atuais políticas” 
(CURRAIS NOVOS, Plano Municipal – Produto D, 2018). 
A coleta de dados que foi alcançada no Plano Municipal de Saneamento e no 
SNIS é classificada nas tabelas a seguir como: quanto aos aspectos da política no 
setor de saneamento; panorama político-institucional do saneamento; informações 
sobre os índices no Brasil, no estado do Rio Grande do Norte e no município de 
Currais Novos/RN. 
 
Tabela 1 – Aspectos da política do setor de saneamento do Município de Currais Novos – RN 
(adaptada) 
 
Pontos Fortes Reflexão Ponto Fraco 
Existência de Política 
Municipal de Saneamento 
Básico; 
Existencia de Plano Diretor. 
Legislação municipal; 
 
Regulação. 
Inexistência de um sistema 
de informação dos serviços 
de Saneamento Básico. 
 
Fonte: Plano Municipal de Saneamento Básico - Produto D (2018 , p. 25). 
 
 
Conforme os dados indicados acima, os pontos fortes ligados à política de 
saneamento demonstram a existência de política municipal e plano diretor, porém, 
sua regulação não se mostra tão atualizada, como por exemplo o Plano Diretor, que 
foi instituído em 2007 e não trata diretamente do tema de saneamento básico nas 
suas alterações. 
Some-se a isto, sobre as metas conforme o Produto D (2018), são 
apresentados panoramas prospectivos, para o planejamento dos próximos 20 anos, 
em alguns aspectos com evolução gradativa conforme a tabela seguinte: 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
Tabela 2 - Panorama prospectivo da situação Político-institucional do setor de saneamento 
básico, esgotamento, resíduos sólidos e águas pluviais (adaptada) - Continua 
 
Indicador 
Cenário de 
2018 
Cenário 
de 
referência 
Cenário futuro 
Situação 
político-
institucional 
do setor de 
saneamento, 
e serviço de 
infraestrura 
de limpeza 
pública e 
resíduos 
sólidos, e o 
manejo de 
águas 
pluviais 
Atendi-
mento 
adequado 
Objetivo Meta 
Prazo/Quantificação das Metas 
Imediato Curto Médio Longo 
2018 a 
2021 
2022 
a 2025 
2026 a 
2029 
2030 a 
2037 
Política 
Municipal 
de 
Saneament
o Básico 
Existente 
Conformi-
dade com 
as Legisla-
ções 
Federais e 
Estaduais 
e com a 
realidade 
Local 
Manter em 
conformida
de 
Analisar e 
atualizar a 
lei sempre 
que ocorrer 
alteração 
nas 
Legislações 
Federais e 
Estaduais, 
assim como 
quando 
houver 
mudança 
significativa 
na realidade 
local 
100% 100% 100% 100% 
Plano 
Diretor 
Existente 
Conformi-
dade com 
a Lei 
Orgânica 
e com o 
que 
estabeleceo Estatuto 
das 
Cidades 
Atualizar e 
manter em 
conformida
de 
Atualizar o 
Plano diretor 
até 
dezembro/20
19 
100% 
Cobertura 
no 
abastecime
nto de água 
– Zona 
Urbana 
82,78% 100% 
Manter a 
universaliz
ação 
Ampliação 
da 
cobertura, 
inclusive de 
acordo com 
o aumento 
das 
construções 
100% 100% 100% 100% 
Cobertura 
no 
abastecime
nto de água 
– Zona 
Rural 
51,20% 100% 
Manter a 
universaliz
ação do 
abastecim
ento de 
forma 
sustenta-
vel para 
cada 
comuni-
dade 
Ampliação 
da cobertura 
de acordo 
com o 
aumento das 
construções 
60% 70% 85% 100% 
36 
 
 
Cobertura 
no 
esgotamen-
to sanitário 
da Zona 
Urbana 
67% 100% 
Atingir e 
manter a 
universaliz
ação do 
sistema 
coletivo de 
esgota-
mento 
sanitário 
Ampliar a 
cobertura do 
sistema 
coletivo de 
esgotamento 
sanitário e 
manter após 
universa-
lização 
80% 90% 100% 100% 
Cobertura 
no 
esgotamen-
to sanitário 
da Zona 
Rural 
0% 100% 
Atingir e 
manter a 
universaliz
ação do 
sistema 
coletivo de 
esgota-
mento 
sanitário 
Ampliar a 
cobertura do 
sistema 
coletivo de 
esgotamento 
sanitário e 
manter após 
universa-
lização 
25% 50% 75% 100% 
Cobertura 
da coleta 
de 
Resíduos 
Sólidos da 
Zona 
Urbana 
100% 
100% de 
atendimen
to 
Manter a 
universa-
lização do 
atendimen
-to 
Coletar os 
RSU em 
toda a área 
urbana. 
Adequar a 
oferta de 
serviço a 
expansão 
urbana 
100% 100% 100% 100% 
Cobertura 
da coleta 
de 
Resíduos 
Sólidos da 
Zona Rural 
30,08% 
100% de 
atendi-
mento 
Alcançar e 
manter a 
universali-
zação do 
atendi-
mento 
Coletar os 
RSU em 
toda a área 
rural e Áreas 
Especiais. 
Adequar à 
oferta do 
serviço 
conforme o 
aumento da 
demanda 
40% 60% 80% 100% 
Ocorrência 
de 
alagamento 
nos 5 anos 
anteriores – 
Zona 
Urbana - 
águas 
pluviais 
Existência 
de pontos 
alagamentos 
Ausência 
de pontos 
de alaga-
mento 
Eliminar os 
pontos de 
alaga-
mento 
Estruturar o 
sistema para 
não ocorrer 
alagamentos 
em curto 
prazo 
25% 50% 100% 100% 
Alaga-
mentos 
críticos – 
Zona rural 
– águas 
pluviais 
Existente 
Ausência 
de pontos 
críticos de 
alaga-
mentos 
Eliminar 
todos os 
pontos 
críticos de 
acumu-
lação de 
água nos 
acessos 
das 
comuni-
dades 
rurais 
Implantar 
medidas 
estruturantes 
adequadas 
para 
solucionar 
os 
problemas 
de 
alagamento 
50% 80% 100% 100% 
 
Fonte: Plano Municipal de Saneamento Básico - Produto D (2018 , p. 40-56). 
 
37 
 
 
A plataforma virtual do SNIS, que abrange todo o país na perspectiva do 
saneamento básico, monta um panorama comparativo entre os anos de 2010 e 
2020. O presente trabalho realizou uma busca e acrescentou na sua investigação o 
ano de 2019, com o escopo de apresentar um contraponto. 
 
Tabela 03 – Informações sobre o índice do Brasil no Sistema Nacional de Informação sobre 
Saneamento (SNIS) dos anos de 2010, 2019 e 2020 (adaptada) 
BRASIL 2010 2019 2020 
 Atendimento com rede de Água 
População total 81,1% 83,7% 84,1% 
População 
urbana 
92,5% 92,9% 93,4% 
 Atendimento com rede de Esgoto 
População total 46,2% 54,1% 55,0% 
População 
urbana 
53,5% 61,9% 63,2% 
 Cobertura de coleta domiciliar de Resíduos Sólidos 
População total 93,4% 92,1% 90,5% 
População 
urbana 
97,2% 98,8% 98,7% 
 
Fonte: SNIS, 2010, 2019 e 2020. 
 
Verificou-se que os índices acima apontam que o atendimento tocante à rede 
de água e esgoto evoluiu gradativamente e a coleta de resíduos sólidos sofreu uma 
leve diminuição no ano de 2020. 
 
Tabela 04 – Informações sobre o índice do Rio Grande do Norte no Sistema Nacional de 
Informação sobre o Saneamento (SNIS) dos anos de 2010, 2019 e 2020 (adaptada) 
RIO GRANDE 
DO NORTE 
2010 2019 2020 
 Atendimento com rede de Água 
População total 72,6% 83,75% 85,5% 
População urbana 90,8% 94,37% 95,8% 
 Atendimento com rede de Esgoto 
População total 18,9% 25,97% 26,1% 
População urbana 24,0% 32,55% 33,3% 
 Cobertura de coleta domiciliar de Resíduos Sólidos 
População total 94,8% 90,5 89,3% 
População urbana 99,8% - 98,3% 
 
Fonte: SNIS, 2010, 2019 e 2020. 
38 
 
 
Acrescenta-se ao estudo um breve escorço dos dados ligados ao Rio Grande 
do Norte expostos na plataforma do SNIS, conforme a tabela supracitada, onde se 
nota uma linha evolutiva da comparação de 2010, 2019 e com finalização em 2020, 
nos aspectos do atendimento na rede de água e esgoto. Já em relação aos resíduos 
sólidos, os índices sofreram abalo. Foi possível constatar que os dados ligados à 
cobertura de resíduos sólidos da população urbana não foram encontrados no site 
do Sistema Nacional de Saneamento. 
 
Tabela 05 – Informações sobre o índice da cidade de Currais Novos/RN no Sistema Nacional de 
Informação sobre o Saneamento (SNIS) dos anos de 2019 e 2020 (adaptada) 
 
CURRAIS 
NOVOS/RN 
2019 2020 
Atendimento com rede de Água 
População 
total 
73,69% 75,9% 
População 
urbana 
82,25% 84,3% 
Atendimento com rede de Esgoto 
População 
total 
63,59% 63,0% 
População 
urbana 
70,9% 71,1% 
Cobertura de coleta domiciliar de Resíduos Sólidos 
População 
total 
91,92% 93,53% 
População 
urbana 
100% 100% 
Águas pluviais 
Parcela de 
Domicílios em 
situação de 
Risco de 
Inundação 
- 10,01% 
 
Fonte: SNIS, 2019 e 2020. 
 
Junto aos dados acima, encontram-se as informações referentes ao município 
de Currais Novos. As referidas informações apresentam indicações dos anos de 
2019 e 2020, com ausência de dados acerca do ano de 2010, o que impede a 
investigação comparativa com aquele ano, conforme vem sendo feita neste capítulo. 
Percebe-se que em 2019 os indicadores de atendimento com rede de água 
da população total foram de 73,69% e saltaram no ano seguinte à 75,9%. A mesma 
evolução aconteceu na população urbana, com índice de 82,25% para 84,3%. 
39 
 
 
Quanto ao índice de atendimento na rede de esgoto, do ano de 2019 para 
2020 houve redução de 0,59%, permanecendo na marca de 63% em 2020. Ao 
mesmo passo, aconteceu aumento no atendimento da população urbana, com 
70,9% em 2019, e 71,1% em 2020. 
Ainda, o próprio Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 
(Diagnóstico Temático Manejo de Resíduos Sólidos, 2021, p. 15) aponta dificuldade 
referente à coleta de dados: 
 
Dificuldade de obtenção de informações pelos próprios prestadores de 
serviço, uma vez que a maioria dos prestadores não dispõe de sistemas de 
informações, bancos de dados, cadastro técnico ou levantamento de dados 
sistemático que conferem maior consistência às informações prestadas 
(BRASIL, Diagnóstico Temático Manejo de Resíduos Sólidos, 2021). 
 
É relevante ainda informar, que a totalidade dos municípios do Brasil não é 
participante do SNIS, contribuindo para a variação das porcentagens Nacional e 
Estadual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A evolução do saneamento básico se faz essencial com o crescimento das 
regiões brasileiras, especialmente em razão do aumento populacional. 
Conforme o Estatuto da Cidade, a política urbana existe com o intuito de 
buscar o desenvolvimento das funções sociais da cidade, sustentabilidade, 
saneamento e infraestrutura atendente à população. 
A partir do crescimento populacional, o atendimento em relação ao 
saneamento básico tornou-se fundamental para possibilitar o bem-estar dos 
cidadãos e, consequentemente, o avanço da cidade, bem como do estado e do país. 
Em razão de dar suporte a uma preocupação com o bem-estar dos 
habitantes, a teoria do mínimo existencial aponta para a busca do resguardo dos 
direitos fundamentais atendentes à dignidade da pessoa humana. 
Para uma concepção do saneamento básico é necessária uma análise da 
legislação esparsa através do viés constitucional. A Lei Orgânica do Município, o 
Estatuto da Cidade e o Plano Diretor fornecem orientações à implantação da política 
de saneamento e ao estabelecimentode metas a serem alcançadas através do 
Poder Público e da participação da comunidade. 
No caso do objeto dessa investigação, ficou claro que a lei orgânica do 
município fez apontamentos a se executar com suporte no plano diretor local. 
O município de Currais Novos-RN conta com Plano Diretor, tendo em 
consideração que a sua população é acima do indicativo de 20 mil habitantes, 
também possui Plano Municipal de Saneamento Básico e relatório de diagnóstico 
técnico-participativo, que apresenta diretrizes para o desenvolvimento social e 
preservação ambiental, além das orientações acerca do tema. 
Outro aspecto importante evidenciado foi o da existência da Agenda 2030 da 
ONU, que englobou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ao buscar a 
efetivação dos direitos, no que preza pela universalização dos recursos como a 
água, e saneamento que atenda a toda a população. A cidade de Currais Novos não 
aborda diretamente a Agenda 2030, mas em contrapartida há preocupação com o 
saneamento e a estipulação de metas a serem seguidas pelo Plano Municipal. 
Ficou claro que os sítios eletrônicos da câmara municipal e da prefeitura 
apresentaram dados do plano de 2018, mas não disponibilizaram informações 
devidamente atualizadas, o que fez pertinente a busca pelo portal do SNIS, Instituto 
41 
 
 
Água e Saneamento, o que evidenciou a necessidade de ampliação das divulgações 
importantes pelos canais locais. 
O município, assim, conta com um plano atuante e busca atividades ao bom 
funcionamento do serviço, bem como acompanha as orientações do art. 2º da Lei 
11.445/2007 para o abastecimento de água, do esgotamento e à proteção do meio 
ambiente. 
Outrossim, é notório que a cidade caminha à universalização dos 
atendimentos em referência ao saneamento básico, principalmente no que concerne 
à cobertura de água e coleta de resíduos, mas encontra-se distante quanto ao 
sistema de esgotamento local. 
O Plano Municipal aponta a fragilidade da inexistência de um sistema de 
informação com os serviços de Saneamento Básico, e ao mesmo passo ressalta os 
pontos fortes como a existência de uma política municipal de saneamento e plano 
diretor. Ainda, conforme o panorama da situação Político-institucional, foi notado que 
existem metas de longo prazo, para que seja possibilitado o adequado atendimento 
dos serviços de saneamento, da cobertura de resíduos sólidos, da busca pela 
inocorrência de alagamentos em bairros, e da cobertura de fornecimento de água e 
esgotamento. 
No tocante às informações referentes ao Rio Grande do Norte acerca do 
atendimento com água e esgoto é verificada uma melhoria e, em contrapartida, a 
coleta de Resíduos sólidos da população total decaiu de 94,8% em 2010, para 
89,3% em 2020. 
Os índices da cidade de Currais Novos referentes ao limite temporal de 2019 
e 2020 evidenciam um progresso quanto ao atendimento com rede de água tanto da 
população total, que saltaram de 73,69% para 75,9%, quanto da população urbana 
que avançaram de 82,25% de 84,3%. Já no atendimento com rede de Esgoto não 
houve diferença significativa quanto aos dados. Eles permaneceram na faixa da 
população total de 63%, e na população urbana um pouco mais acima, no 
percentual de 70,9%. 
Quanto à cobertura domiciliar da coleta de resíduos sólidos, em relação à 
população total atendida houve melhoria, partindo de 91,92% para 93,53%, e da 
população urbana a integralidade das coletas se manteve em 100%. Nesse aspecto, 
conclui-se que a cidade possui excelente registro de coleta de resíduos sólidos. 
42 
 
 
Por fim, é relevante informar que alguns dados não foram colacionados pela 
dificuldade de obtenção de informações conforme o Diagnóstico Temático Manejo 
de Resíduos Sólidos de 2021, o que se aplica também aos índices de água e 
esgoto, pela ausência dos dados cadastrados e carecimento das informações 
prestadas. 
É conclusivo, que é de suma importância o planejamento e análise dos pontos 
fortes e fracos da gestão, com o objetivo de fundamentar e desenvolver os planos 
municipais. E, ainda está claro que o Plano Diretor, com atuação conjunta com 
Plano Municipal são instrumentos legais capazes de apontar caminhos para uma 
adequada prestação do serviço de saneamento básico no município de Currais 
Novos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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