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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO JONILSON PEREIRA DA SILVA O DIREITO FUNDAMENTAL AO SANEAMENTO BÁSICO: Ponderações no contexto da cidade de Currais Novos/RN Caicó/RN 2022 JONILSON PEREIRA DA SILVA O DIREITO FUNDAMENTAL AO SANEAMENTO BÁSICO: Ponderações no contexto da cidade de Currais Novos/RN Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN/CERES – Campus Caicó, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Dr. Carlos Francisco do Nascimento. Caicó/RN 2022 SILVA, Jonilson Pereira da. O direito fundamental ao saneamento básico: ponderações no contexto da cidade de Currais Novos/RN / Jonilson Pereira da Silva. - Caicó, 2022. 51f.: il. color. Monografia (Bacharelado em Direito) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Departamento de Direito. Orientador: Prof. Dr. Carlos Francisco do Nascimento. 1. Saneamento básico. 2. Direitos Fundamentais. 3. Lei nº 14.026/2020. 4. Currais Novos (RN). I. Nascimento, Carlos Francisco do. II. Título. RN/UF/BS-Caicó CDU 342.7:628.4(813.2) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - -CERES- - Caicó Elaborado por MARTINA LUCIANA SOUZA BRIZOLARA - CRB-15/844 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ DEPARTAMENTO DE DIREITO CURSO DE DIREITO ATA DA SESSÃO DE AVALIAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC Aos 10 (dez) dias do mês de fevereiro do ano de 2022, às 21 horas, por meio de videoconferência, foi instalada a Banca Examinadora responsável pela avaliação da Monografia sob o título “O DIREITO FUNDAMENTAL AO SANEAMENTO BÁSICO: Ponderações no contexto da cidade de Currais Novos/RN¨, apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso de graduação pelo aluno JONILSON PEREIRA DA SILVA ao Curso de Direito, do Centro de Ensino Superior do Seridó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – CERES/UFRN, e contou com a participação como examinadores, dos professores, Dr. Carlos Francisco do Nascimento, presidente da Banca Examinadora, Dr. Orione Dantas de Medeiros e Me. Tiago José de Souza Lima Bezerra, membros titulares da referida Banca Examinadora, a qual emitiu o seguinte parecer: A Banca Examinadora aprovou o Trabalho de Conclusão de Curso com sugestões de ajustes na formatação, conforme as normas da ABNT e complementações em relação ao seu conteúdo. A monografia citada recebeu nota 9,0 (nove). Banca Examinadora Prof. Dr. Carlos Francisco do Nascimento Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Presidente da Banca Prof. Dr. Orione Dantas de Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro Prof. Me. Tiago José de Souza Lima Bezerra Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E CONTRATOS FOLHA DE ASSINATURAS Emitido em 10/02/2022 ATA DE DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Nº 4/2022 - DIR (18.33) NÃO PROTOCOLADO)(Nº do Protocolo: (Assinado digitalmente em 16/02/2022 19:46 ) CARLOS FRANCISCO DO NASCIMENTO PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR DIR (18.33) Matrícula: 2348083 (Assinado digitalmente em 17/02/2022 09:44 ) ORIONE DANTAS DE MEDEIROS PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR DIR (18.33) Matrícula: 1448916 (Assinado digitalmente em 16/02/2022 20:20 ) TIAGO JOSÉ DE SOUZA LIMA BEZERRA PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR - SUBSTITUTO DIR (18.33) Matrícula: 3234971 Para verificar a autenticidade deste documento entre em informando seu número: https://sipac.ufrn.br/documentos/ 4 , ano: , tipo: , data de emissão: 2022 ATA DE DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 16/02 e o código de verificação: /2022 1faf7bdec6 https://sipac.ufrn.br/public/jsp/autenticidade/form.jsf JONILSON PEREIRA DA SILVA O DIREITO FUNDAMENTAL AO SANEAMENTO BÁSICO: Ponderações no contexto da cidade de Currais Novos/RN Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso apresentada a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN/CERES – Campus Caicó, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Aprovado em: Caicó/RN, 10 de fevereiro de 2022. BANCA EXAMINADORA: ______________________________________________ Prof. Dr. Carlos Francisco do Nascimento Universidade Federal do Rio Grande do Norte Presidente/Orientador ______________________________________________ Prof. Dr. Orione Dantas de Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte Examinador ______________________________________________ Prof. Me. Tiago José de Souza Lima Bezerra Universidade Federal do Rio Grande do Norte Examinador TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, a Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico empregado ao mesmo. Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a propriedade intelectual, o artigo n.º 184 afirma que: Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º consignam, respectivamente: § 1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, [...]: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa [...]. § 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, [...], produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral. Diante do que apresenta o artigo nº. 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja comprovado plágio integral ou parcial do trabalho. Caicó-RN, Jonilson Pereira da Silva À minha mãe, pela autenticidade, motivação de que cada passo importa e que tem o seu tempo. Para todas as tentativas que me foram dadas. AGRADECIMENTOS Surge a sensação de finalizar um capítulo, de percorrer o tempo e de aproveitar a jornada. Com isso, sou grato a Deus pelas oportunidades e por me ajudar a trilhar um caminho tão interessante. À minha mãe, o obrigado pela paciência e admiração em todos os momentos. Pelos estudos e descontrações constantes, não poderia faltar o agradecimento à minha turma, em especial ao grupo nas mesas de Xadrez, que possibilitaram uma passagem mais leve e equilibrada. Primordialmente, à Rafaela e à Nathália pela amizade construída e aprendizados compartilhados durante a graduação, bem como tantos outros nomes que me auxiliaram a moldar a sensação de pertencimento. Aos meus professores, tenho o reconhecimento de que sem eles não seria possível o trilhar. Em especial, meus agradecimentos ao orientador Carlos Francisco do Nascimento e ao professor Oswaldo Pereira de Lima Júnior, pela compreensão, oportunidades e paciência. Ao meu irmão da vida, João, o qual tenho admiração pela perspicácia e pelas pontuações incisivas da vida. E tambémo meu reconhecimento a Severino, parte fundamental do meu percurso. O acolhimento de Chris, Gleyze e Jéssica, importantes na trajetória e pela luz, bem como o privilégio do estágio no CEJUSC, que também me possibilitou o crescimento acadêmico e pessoal. Por fim, também dedico a todas as pessoas que não se encontram neste plano, mas que de certa forma potencializam e contribuem para o meu crescimento. À minha avó e ao meu pai. RESUMO O Saneamento básico no Brasil começou a evoluir a passos lentos, a partir do período pré-colonial, representando um instrumento de busca por melhoras na qualidade de vida dos habitantes. O presente trabalho tem como limitação espacial a cidade de Currais Novos/RN onde serão investigados alguns dos seus índices de saneamento, bem como a importância do alinhamento ao Plano Diretor Municipal em cumprimento ao Estatuto da Cidade, e no que concerne à sua Política Municipal de saneamento. Essas observações poderão refletir em uma política pública mais efetiva. Ainda, busca-se trazer ao debate a garantia do saneamento como Direito fundamental e a proteção ao mínimo existencial no fomento de uma vida mais digna. Outrossim, são analisadas as diretrizes da Lei 14.026/2020, o Novo Marco Legal do Saneamento, que altera a Lei 11.445/2007 em relação a cidade de Currais Novos. A metodologia aplicada consiste na análise qualitativa dos índices de incidência do saneamento municipal. Para tanto, é utilizada coleta de dados no Sistema Nacional de Informação Sobre Saneamento (SNIS) e no Plano Municipal de Saneamento Básico. A investigação ainda encontra suporte em pesquisa bibliográfica e legislativa. Conclui-se que é possível notar que a cidade possui bons indicadores de cobertura de água e coleta de resíduos sólidos, mas fica a desejar na cobertura do sistema de esgotamento. Palavras-chave: Saneamento Básico; Direito Fundamental; Lei nº 14.026/2020. Município de Currais Novos. ABSTRACT The basic sanitation in Brazil began to evolve slowly, from the pre-colonial period, as it sought to improve the quality of life of the inhabitants. At the present study, the city of Currais Novos/RN will be pointed out and how its sanitation indices are presented, as well as the importance of alignment with the Municipal Master Plan arising from the City Statute, and with regard to Municipal Policy. These observations may be reflected in a more effective public policy. Still, it seeks to guarantee sanitation as a fundamental right and the protection of the existential minimum for a more dignified life, which does not negatively affect the population, health and infrastructure. Furthermore, the guidelines of Law 14.026/2020, the New Legal Framework for Sanitation which amends Law 11.445/2007, are briefly presented. The methodology applied consists in qualitative and quantitative analysis of indices and incidence of municipal sanitation. For this, data collection is used in the National Sanitation Information System (SNIS) and in the Municipal Basic Sanitation Plan. The investigation still finds support in bibliographic and legislative research. It is concluded that it is possible to note that the city has good indicators of water coverage and solid waste collection, but it lacks coverage of the sewage system. Keywords: Basic sanitation; Fundamental rights; Law number 14.026/2020; City of Currais Novos. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADPF - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ANA - Agência Nacional de Águas e Saneamento ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária ART - Artigo BNH - Banco Nacional de Habitação CESB - Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESB) CF/88 – Constituição Federal de 1988 DGSP - Diretoria Geral de Saúde Pública DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LNSB - Lei Nacional do Saneamento Básico/2007 ODS – Objetivo de Desenvolvimento Sustentável ONU – Organização das Nações Unidas PLANASA - Plano Nacional do Saneamento PLANSAB – Plano Nacional de Saneamento Básico (ou PNSB) PMSB – Plano Municipal de Saneamento Básico RN – Rio Grande do Norte RSU – Resíduos Sólidos Urbanos SMSB – Sistema Municipal de Saneamento Básico SNIS - Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 SÍNTESE HISTÓRICA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL ....................... 15 3 O MÍNIMO EXISTENCIAL E A PERSPECTIVA DO SANEAMENTO COMO UM DIREITO .................................................................................................................... 22 3.1 O mínimo existencial e a reserva do possível ..................................................... 22 3.2 O saneamento básico como um direito ............................................................... 24 4 A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NAS AÇÕES MUNICIPAIS ........................ 27 4.1 O Estatuto da Cidade .......................................................................................... 27 4.2 A Lei Orgânica Municipal..................................................................................... 28 4.3 O Plano Diretor Municipal.................................................................................... 29 5 O SANEAMENTO BÁSICO DA CIDADE DE CURRAIS NOVOS E A ADEQUAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA NOVA LEGISLAÇÃO ................................... 30 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 43 ANEXO A – FIGURA 1: MÓDULOS DO SNIS ......................................................... 49 ANEXO B – FIGURA 2: LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS/RN .................................................................................................................................. 50 13 1 INTRODUÇÃO As questões tocantes ao saneamento no Brasil evoluíram com o passar das décadas e com as legislações, mas isso não significa que elas estão totalmente alinhadas à sociedade. Neste ínterim, ainda podem ser encontrados desafios à sua universalização, bem como do acesso de toda a população e, consequentemente, a sua falta acaba por prejudicar a manutenção de uma parte do acesso à saúde e às políticas públicas. A temática ainda engloba o serviço no tocante à água, resíduos sólidos, encanamentos e sistema de esgoto. Em que pese a Constituição Federal de 1988 assegurar o saneamento, este ainda é um problema, e que, conforme os dados apontados pelo Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS, 2020), cerca de 55% da população nacional tem atendimento com rede de esgoto, e 84,1% do atendimento com rede de água. Dessa forma, não é uma realidade de todos, sendo necessário um serviço de qualidade para que seja potencializada a sua distribuição. O saneamento, conforme a Lei nº 14.026/2020 compreende o conjunto de serviços públicos, infraestrutura e instalações nos aspectos de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza e manejo de resíduos sólidos, drenagem de águas pluviais entre outras atribuições. Também, pode ser concebido como um “Direito constitucional de todo cidadão. O acesso aos serviços de saneamento, como água potável, esgotamento sanitário é de suma importância na saúde da população.” (BARROS, 2021, p. 12). O saneamento também reflete na saúde pública, que sofrer impactos, principalmente em áreas mais carentes. Da mesma forma, surge o problema direcionado ao meio ambiente, pelo descarteinadequado do lixo e esgoto. Este trabalho prioriza a preocupação com o direito ao saneamento, tendo em consideração que a Constituição Federal de 1988 já aponta para o tema diretamente ligado ao desenvolvimento urbano, conforme o art. 21, XX; bem como art. 30, I; art. 23, IX; o que ainda é reiterado em outros dispositivos, como os que dispõem acerca do Sistema Único de Saúde (art. 200, IV). É notório o problema das desigualdades sociais, com a falta de acesso aos serviços de saneamento pela população, o que gera uma necessidade de investimento governamental em políticas públicas para que se garanta o que deveria ser fundamental a todos. 14 Para uma clara compreensão da temática deste trabalho, é apresentada uma breve linha do tempo sobre a legislação e acontecimentos acerca desta, desde o período pré-colonial, nas proximidades do século XV até um dos marcos mais atuais, a Lei 14.026 de 2020. Em seguida, é trazida luz a visão de que o saneamento é um direito, bem como breve análise do Estatuto da Cidade e da legislação municipal, como instrumentos legais que apontam diretrizes para implementação do saneamento básico. O presente trabalho delimita sua investigação acerca da prestação do serviço de saneamento básico ao município de Currais Novos/RN, situado na região Seridó do Rio Grande do Norte. Objetiva-se uma análise do setor de água, esgotamento e a coleta de resíduos sólidos, bem como, da tutela jurídica do Plano Diretor e legislação local sobre a temática. Ainda é objetivo, a compreensão da evolução do saneamento na cidade de Currais Novos. A metodologia utilizada consiste em pesquisa aplicada, com o escopo de buscar a ocorrência ou não da efetivação do saneamento na cidade de Currais Novos-RN. Para tanto, apresenta uma abordagem quanti-qualitativa de dados públicos. É utilizada ainda, pesquisa bibliográfica acerca da observação da evolução do saneamento básico no Brasil. Nessa perspectiva, a investigação parte de informações encontradas em artigos, pesquisas, sites oficiais, Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sítio eletrônico do poder legislativo e executivo do município, bem como, investigação do estatuto da cidade e legislação pertinente. 15 2 SÍNTESE HISTÓRICA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL O saneamento básico no Brasil perpassa diversos pontos históricos e de desenvolvimento das legislações, o que foi impulsionado pelo crescimento das cidades. Neste espaço temporal, cabe ressaltar os principais acontecimentos que possibilitaram o surgimento das políticas públicas acerca deste tema até o atual Marco Legal do Saneamento, a Lei nº 14.026/2020. Antes da entrada dos europeus por volta do ano 1500, o Brasil já era habitado por índios, estes carregavam hábitos de higiene e limpeza, dentre eles os banhos diários e o descarte dos dejetos em lugares apropriados, por terem zelo com os rios e os recursos das matas. Pero Vaz de Caminha (1450-1500, não paginado) já indicava: “andam muito bem curados e muito limpos” nos relatos da sua carta, quanto à limpeza dos habitantes desta terra. Mais tarde, com a chegada dos portugueses pelas navegações ainda no século XVI, a população indígena começa a adoecer em decorrência de epidemias de sarampo, gripe entre outras, pela ausência de um sistema de defesa forte do organismo. Neste passo, o hábito do banho e higiene aos poucos foi tomando espaço no cotidiano de todos. De acordo com Schot et al. (2016, p. 2): Nossos colonizadores foram, aos poucos, adotando o banho, influenciados pelos índios. Nossos antepassados indígenas tomavam banho diariamente e, muitas vezes, mais de uma vez por dia. Eles utilizavam os rios, os lagos e as cachoeiras para seus banhos e, mesmo assim, não ficavam doentes. Ainda neste sentido, na obra de Cardoso (2019, p. 19) a primeira execução e registro sobre o saneamento nacional foi realizada no século XVI, no ano de 1561, pelas ordens do militar português Estácio de Sá, responsável pela escavação de poços no Rio de Janeiro para o abastecimento do local. Ainda, nesse período colonial as obras de saneamento eram apenas a de construção de poços e chafarizes, sendo o primeiro da capital inaugurado por volta de 1744, no século XVIII, juntamente a construção do aqueduto que hoje são intitulados Arcos da Lapa. Com a passagem do período Brasil Colônia ao Brasil Império, marcado pela chegada da Família Real no Rio de Janeiro e a utilização da mão-de-obra escrava, surgiu então a figura dos escravos intitulados de “tigres”. Estes cumpriam as tarefas 16 árduas de retirar os dejetos das casas em grandes recipientes e os despejavam em áreas de rios, o que, com o transporte, acabavam por manchar suas peles. Assim, o deslocamento dos excrementos das casas pelos escravizados levava em consideração que as residências não tinham água encanada direta e aparelhagem sanitária. Em outras palavras, de acordo com Francisco (2021, p. 28), a manipulação do esgoto era realizada pela mão-de-obra desses escravos, e pela ureia que escorria em suas peles, a partir da urina e fezes dos toneis, de forma pejorativa foi dado o nome de “tigres”. Na transição do período imperial ao republicano, no decorrer do século XIX, o processo de urbanização se tornou acelerado e intenso, acarretando a criação de redes de abastecimento nas capitais, mas, ainda sem um tratamento específico, ao mesmo tempo que ganhava notoriedade a figura dos chafarizes pelo abastecimento comunitário. Desta forma, conforme Murtha, Castro e Heller (2015, p. 196): Os chafarizes ganharam importância nos séculos XVIII e XIX com o advento da urbanização, propiciando o abastecimento comunitário e gratuito de água à população. Rio de Janeiro, Vila Rica, Salvador, Recife e outras cidades coloniais implantaram redes de chafarizes, bicas e fontes públicas, em que o acesso era livre e de onde escravos se encarregavam do transporte até as residências, evidentemente para os que tinham capacidade econômica para possuí-los. Para estes, o transporte e destinação final de excretas era feito por escravos, pejorativamente chamados de tigres, em vasilhames para o mar ou para valas, atividade comum, mesmo no Rio de Janeiro de meados do século XIX. Francisco (2021, p. 29), assinala que com o início do período republicano, foi criado o Serviço Sanitário pela Lei nº 43 de 1892, seu fim era de enfrentar doenças alusivas ao saneamento. Ao mesmo passo, já em 1894, foi desenvolvido o primeiro Código Sanitário do Estado de São Paulo com implicações na saúde pública, que também refletiam na ocupação do Estado, para que pudessem buscar mecanismos de saneamento básico e higiene, e, nas palavras de Silva (2019, p. 89) possuía “extensos 520 artigos, instituindo normas de intervenção urbanística, higiene e saúde pública”. Ainda, ao final do século XIX e ao início das primeiras décadas de 1900 temos a figura ilustre de Oswaldo Cruz, influente na saúde e saneamento, bem como o combate contra a epidemia de peste bubônica. Neste intervalo, Priscila Neves Silva et al. (2018, pp. 16-18) indica que ele se tornou um dos principais 17 gestores da Diretoria Sanitária com foco no controle de doenças, sendo posteriormente o órgão unificado na Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), também em busca da salubridade urbana; e, da mesma forma, foi deixado o legado do engenheiro Saturnino de Brito, chefe da Comissão de Saneamento em Santos, na separação e distribuição dos córregos e esgotos. Outro importante avanço ao saneamento ocorreu com a Constituição de 1934, que começou a ter preocupações sobre o tema e que deu força à saúde pública em seus art. 10, inciso II, e art. 138, “f”: Art. 10 - Compete concorrentemente à União e aos Estados: [...] II - cuidar da saúde e assistência públicas;Art. 138 - Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos das leis respectivas: [...] f) adotar medidas legislativas e administrativas tendentes a restringir a moralidade e a morbidade infantis; e de higiene social, que impeçam a propagação das doenças transmissíveis (BRASIL, 1934). Assim, nota-se que nessa Carta Magna a saúde e saneamento caminham juntos, contudo, não tratava o saneamento de forma plena, apenas atendo-se à utilização da água. Como aduzem Costa, Pierobon e Soares (2018, p. 341), as Constituições anteriores à 1988 regulavam o uso dos recursos hídricos e não do saneamento básico necessariamente, já que o assunto era vinculado ao abastecimento de água potável. Antes da Carta Constitucional de 1988, o país ainda evoluía no quesito histórico-normativo do saneamento básico, tendo em consideração que não houve um grande salto no Brasil Colônia e Império. Como informado por Santos (2018, p. 242), com o início da década de 50, a partir do crescimento da população da cidade e a migração do campo aos grandes núcleos, as áreas urbanas começaram a perder a qualidade de vida pela insalubridade dos locais. E, em seguida, já no governo militar por volta da década de 60 houve o desenvolvimento do Banco Nacional de Habitação (BNH), que começou a investir no saneamento básico. Ainda, de acordo com Costa, Pierobon e Soares (2018, pp. 342-343) surgiu nessa mesma década o Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), com a atribuição de realizar obras referentes às políticas públicas de saneamento. 18 Não possuía autonomia estrutural e, sofreu modificações com a Lei 4.089/1962. De acordo com este referido diploma legal em seu art. 2º, e suas alíneas: Art. 2º Ao DNOS compete: a) Orientar, superintender, planejar, estudar, projetar, executar, fiscalizar e controlar os empreendimentos ou assuntos relativos à construção, conservação, modificação, operação e exploração de obras de hidráulica e saneamento rural e urbano compreendendo fundamentalmente: drenagem, controle de inundação, abastecimento d‟água e esgotos pluviais e sanitário; controle de poluição de cursos d„água e controle de erosão; b) Complementar os sistemas mencionados na alínea anterior com as obras de hidráulica fluvial de regularização de regime e de melhoramento de cursos ou massas d‟água, tais como reservatórios de acumulação e de cheia, diques, melhoria de escoamento, estabilização do leito, proteção de margens, melhoria de barras e controle de salinidade nos trechos fluviomarítimos - quando necessário para o atendimento das obras fundamentais de saneamento rural e urbano; c) Associar as obras referidas nas alíneas “a” e “b”, de acordo com os órgãos competentes federais, estaduais e municipais, a finalidades múltiplas, tais como hidreletricidade, irrigação, navegação fluvial, estímulo à recreação das populações e conservação da vida silvestre animal e vegetal, quando essa associação for um imperativo de ordem técnica, econômica e social; d) Elaborar o planejamento geral e os planos parciais dos serviços e obras a seu cargo, para aprovação pelo governo, e realizar os estudos necessários à sua revisão periódica; e) Promover a realização de serviços e obras de saneamento rural e urbano, mediante regime de colaboração com os Estados, Municípios e entidades públicas ou privadas, com o objetivo de complementar os planos regionais ou locais [...] (BRASIL, 1962). De acordo com Rodrigues de Sousa (2021, p. 21), surge o Decreto-lei 248 de 1967 contendo a primeira Política Nacional do Saneamento Básico no Brasil, executada pelo órgão supracitado e, ao mesmo passo, responsável em apontar diretrizes à execução nos setores de abastecimento de água e esgoto pelo DNOS. Esse decreto foi revogado ainda em 1967 pela Lei nº 5.318/67, que apontava que a Política Nacional de Saneamento deveria caminhar ao encontro às diretrizes da Política Nacional de Saúde Pública. De acordo com o art. 2º da referida lei, no saneamento também está incluso o abastecimento de água, fluoretação e destinação dos dejetos, bem como drenagem e esgotos, entre outras atribuições. Acresça-se a isto, em conformidade com as palavras de Coutinho (2020, p. 104-105), que o setor de saneamento tinha a sua execução pelos municípios de forma predominante no começo da década de 1970 e a ampliação dos serviços referentes, estava diretamente ligado ao desenvolvimento socioeconômico, o que acarretou ao ano de 1971 a criação do Plano Nacional do Saneamento – PLANASA. 19 O PLANASA contribuiu para que os entes municipais atribuíssem a execução também às companhias estaduais, e, promoveu consequentemente uma “estadualização”. A descentralização das suas atividades não foi bem executada. No tema, o autor reafirma que com as Emendas Constitucionais nº 08 e 09 de 1995 foram instituídas entidades próprias com a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (Lei nº 9.782/1999) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, a Lei nº 9.961/2000 (COUTINHO, 2020, pp. 106-108). Pagnoccheschi (2000, apud Faria e Faria, 2004, p. 205) sobre o PLANASA, nas décadas de 70 e 80, apontou que o número de pessoas com abastecimento de água foi de 11,9 milhões para 49,6 milhões e, com o sistema de esgoto sanitário, saltou de 6,1 milhões para 17,4 milhões com pessoas contempladas pelo atendimento. Mais adiante, a Lei 6.528/78 além de tratar de alguns serviços do saneamento, dispôs sobre as tarifas dos serviços públicos nesse âmbito. Conforme o art. 2º, desse diploma legal “os Estados, através das companhias estaduais de saneamento básico, realizarão estudos para fixação de tarifas, de acordo com as normas que forem expedidas pelo Ministério do Interior”. Posteriormente a referida legislação foi revogada pela Lei 11.445/07 (COSTA, PIEROBON e SOARES, 2018, p. 347). Faria e Faria (2004, p. 205) abordam sobre a extinção do PLANASA, no período de 1990-1994, também relacionadas ao Inadimplemento das Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESB) e a não-aceitação de municípios de porte médio nas regiões do Sul e Sudeste quanto à manutenção das tarifas. Em 2001 foi criado o “Estatuto da Cidade”, a Lei nº 10.257/2001, que apresentou apontamentos necessários relativos à parte de saneamento. Desta forma, conforme o seu art. 2º, I, XVIII, e art. 3º, III e IV: Art. 2 o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; [...] XVIII - tratamento prioritário às obras e edificações de infraestrutura de energia, telecomunicações, abastecimento de água e saneamento. Art. 3 o Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana: [...] III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, programas de construção de moradias e 20 melhoria das condições habitacionais, de saneamento básico, das calçadas, dos passeios públicos, do mobiliário urbano e dos demais espaços de uso público; IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico, transporte e mobilidade urbana, que incluam regras de acessibilidade aos locais de uso público (BRASIL, 2001). Assim, o Estatuto da Cidade surgiu com o intuito de estabelecer o desenvolvimento urbano, apontando diretrizes em detrimento do crescimento populacional, bem como a intervenção do Poder Público na transformação do ambiente, e entre um dos assuntos ressaltados, o da preocupação com o saneamento básico e habitação. Em 2007 foi sancionada a Lei nº 11.445, intituladaLei Nacional do Saneamento Básico – LNSB. Ela foi responsável por apontar diretrizes nacionais ao saneamento, dispondo em seu art. 3º, que estão englobados na temática o abastecimento de água, infraestrutura de suas instalações, esgotamento sanitário, limpeza, resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais. Ademais, alguns dos princípios fundamentais, conforme o art. 2º da LNSB são diretamente ligados à universalização do acesso e prestação do serviço; saneamento de forma adequada à saúde pública; segurança, qualidade, regularidade e continuidade, entre outros. A Lei nº 11.445/07 também aponta à criação do Plano Nacional de Saneamento Básico – PNSB, sendo atualmente intitulado PLANSAB. Em 2008 iniciou-se sua elaboração e, foi aprovado pelo Decreto 8.141 de 20 de novembro de 2013 e Portaria Interministerial n° 571/2013. Por outro lado, existe o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Os dados coletados, conforme o Diagnóstico Temático – Serviços de Água e Esgoto (2021, p. 7), dão suporte administrativo, gerencial, de informação, sobre a qualidade dos serviços do saneamento, responsável por auxiliar na definição de políticas e atividades da gestão como no desenvolvimento do Plano Municipal de Saneamento Básico. De acordo com os últimos dados de 2020 do SNIS da população total participante, 84,1% têm atendimento com rede de água, 55,0% com atendimento com rede de esgoto e 90,5% da população têm a cobertura de coleta domiciliar de resíduos sólidos. No ano de 2020 surge a Lei nº 14.026/2020, o novo Marco Legal do Saneamento, onde é proposta a universalização para que haja uma agenda futura http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.026-2020?OpenDocument 21 de meta em cobertura de 99% para a cobertura do acesso à água potável e 90% à coleta de esgoto, conforme o seu art. 11-B, até o final do ano de 2033. Conforme Leite (2021, pp. 74-75), o novo Marco Legal do Saneamento disposto na Lei 14.026/2020 alterou a legislação que incidia sobre o tema, apontando novas metas e, ao mesmo passo, que a Agência Nacional de Águas (ANA) passou a ser designada como Agencia Nacional de Águas e Saneamento Básico, com a mesma sigla, com vínculo ao Ministério do Desenvolvimento Regional e com capacidade para interferir na competência municipal, entre outras. 22 3 O MÍNIMO EXISTENCIAL E A PERSPECTIVA DO SANEAMENTO COMO UM DIREITO No tocante à evolução à garantia do saneamento básico, como já foi observado, surge a preocupação em resguardar os direitos fundamentais referentes à dignidade da pessoa humana, como a assistência à população. Deste modo, é necessária uma compreensão das perspectivas dos princípios correlacionados a essa assistência, o princípio do mínimo existencial e o princípio da reserva do possível. 3.1 O mínimo existencial e a reserva do possível O mínimo existencial é um termo que “surgiu na doutrina Alemã”, nas palavras de Masson (2020, p. 431), onde se pretendia dar auxílio aos desamparados, na conexão com a dignidade da pessoa humana. No Brasil, um dos marcos da citação sobre o mínimo existencial foi o da sua utilização na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 45 MC/DF em 2004, conforme Souza e Sanomiya (2017, p. 392), no apontamento do Min. Celso de Mello: Não cabe à oposição do arbítrio estatal quando se tratar da efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais, sendo, então, relativa à liberdade de conformação do legislador que lhe permite opor a cláusula da “reserva do possível” pela necessidade de preservação, em favor dos indivíduos, da integridade e da intangibilidade do núcleo consubstanciado do “mínimo existencial”. (SOUZA e SANOMIYA, 2017). Ainda nesta linha, é imperioso ressaltar que o que deve sobressair é a dignidade da pessoa humana, embasada no mínimo existencial, apesar do contraposto com a reserva do possível. Para Silva, V. B. S., et al. (2020, p. 186), a ideia do mínimo encontra embasamento no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 da ONU, que orienta a Constituição Federal de 1988, ao nortear a proteção da dignidade da pessoa humana. Assim, todos têm direito a “um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis”. 23 Nathália Masson (2020, p. 431), concebe o mínimo existencial como ligado aos bens mais básicos e essenciais para se ter dignidade e, ao citar Ana Paula Barcellos, professora da UERJ, indica também que é englobado o direito à saúde, assistência e acesso à justiça. Em outro ponto de vista, nas palavras de Carcará, Silva e Moita (2019, p. 495): Se o saneamento básico adequado é um dos indicadores de saúde e o direito à saúde se configura em um dos mais importantes, estando em nível de igualdade com o direito à vida, pode-se assegurar que o saneamento equivale ao mínimo existencial. Diante dessa perspectiva, é possível compreender que a ideia está relacionada ao saneamento, para que exista a efetivação dos direitos fundamentais, estando no mesmo patamar dos direitos à saúde e habitação, sendo necessária a efetividade do Poder público para resguardá-los. Ainda quanto à ideia básica da existência, é necessário o amparo através das políticas públicas à sobrevivência dos indivíduos e sua omissão acaba por desencadear maior judicialização, tendo em vista que o Estado já a deveria resguardar para uma vida digna. Duarte Junior e Oliveira (2018, p. 45) apontam que com relação ao princípio da dignidade humana, “todo ser humano detém um direito ao mínimo existencial, o que se traduz em um direito aos meios que visam satisfazer as necessidades básicas, prioridade primeira do Poder Público”. Já sobre a reserva do possível, conforme Nathália Masson (2020, pp. 426- 428), a efetivação dos direitos Constitucionais gera custos econômicos, que tendem à ideia das prestações com a obrigação “de fazer” pelo Estado como no sistema de saúde, por exemplo. Ainda, aponta que o termo surgiu na década de 70 do séc. XX, pela corte alemã, relacionada à política das vagas em instituições superiores, ligada também à razoabilidade para se exigir e, que no direito pátrio, é ligada à disponibilidade de recursos e proporcionalidade da prestação. Em outras palavras, o princípio da reserva do possível, que busca respaldo nos recursos orçamentários, acaba por limitar a assistência do Estado na prestação de serviços para todos. Igualmente, nessa teoria existem fronteiras para que o Estado só atue em situações específicas, no que ele pode fazer dentro dos limites do orçamento, devendo ser levada em consideração a proporcionalidade. 24 3.2 O saneamento básico como um direito Conforme Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012, pp. 267-270), os direitos fundamentais como conceito devem ser compatíveis com as peculiaridades da ordem pátria e, da mesma forma, como no entendimento do art. 5º, § 2º da CF, podem ser vistos como os direitos sempre ancorados na Constituição, além de outros direitos fundamentais que não integrem o catálogo constitucional. Assim, o conceito pode ser contextualizado de forma hermenêutica. Para Ribeiro (2015, p. 241), mesmo que o direito ao saneamento básico não seja apontado como um direito fundamental, tendo em consideração que não foi reconhecido especificamente pela Constituição, ainda se filia a ideia de que é merecido ser reconhecido como direito fundamental. Com isso, é imperioso notar que é imprescindível entender o saneamento básico como uma possibilidade de direito, e buscar seus fundamentos na doutrina e legislação infraconstitucional em conexão com a Constituição Federal.De início, cabe ressaltar a diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais, na qual a doutrina trata com conteúdo diferente, sendo este focado no Estado e aquele às atribuições internacionais. Em outras palavras, Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012, pp. 247-249), indicam que a Constituição abrange diversas categorias de direitos, como os direitos individuais e coletivos, direitos sociais, políticos, entre outros, que são espécies do gênero direitos fundamentais. Por outro lado, há a terminologia dos direitos humanos, mais utilizada no plano do direito internacional, assim, ao passo que os direitos fundamentais se aplicam no âmbito constitucional de determinado Estado, os direitos humanos têm relação no direito de todos os povos em todos os lugares, de caráter universal e internacional. Sobre o saneamento básico ser entendido como um direito, de acordo com Ribeiro (2015, pp. 229-231), a sua importância também decorre do posicionamento da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na Resolução nº 64/292, que concebe este como necessário à plena fruição da vida, mas que também precisem dos recursos do Estado para sua efetivação. A CF/88 dispõe acerca do meio ambiente equilibrado e a sua efetivação, conforme o art. 225, sendo direito de todos, essencial à qualidade de vida. O mesmo dispositivo constitucional impõe-se “ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo às presentes e às futuras gerações” (BRASIL, 1988). 25 Para Carvalho (2020, pp. 24-27), os direitos sociais e fundamentais que estão contidos na Constituição têm o intuito e a finalidade de dar suporte às pessoas no que “há de mais básico” à sobrevivência, ademais, sob o prisma dos direitos humanos se busca a universalização do mínimo existencial, devendo ser acessado por todos, incluindo-se nessa perspectiva o saneamento básico. Conforme esse entendimento faz-se necessário englobar o saneamento, além dos recursos hídricos necessários à subsistência como garantia de acesso a toda população, conjuntamente com a saúde e moradia. Para Leite (2021, p. 58), em diversos países fronteiriços com o Brasil a água e o saneamento são compreendidos como direitos a nível infraconstitucional por meio das legislações ordinárias e, a sua proteção está voltada ao meio ambiente equilibrado, tratado “apenas como política pública”. Ressalta ainda que: Adequadas condições de vida em um ambiente saudável ou, na literalidade da lei, „ecologicamente equilibrado‟, como disposto no caput do artigo 225 da Constituição Federal, fazem parte dos direitos e deveres individuais e coletivos dispostos no artigo 5º da Magna Carta, direito esse já reconhecido na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, no ano de 1972. Por estar umbilicalmente ligado ao direito à vida, a fundamentalidade do Direito Ambiental ostenta, a nosso ver, o status de verdadeira cláusula pétrea. (MILARÉ, 2001, pp. 44-48, apud LEITE, 2021, p. 67). Ainda no tocante a discussão acerca do saneamento, que está intrinsicamente ligada à saúde e ao meio ambiente equilibrado, podemos encontrar nas palavras de Paulo Sirvinskas, que é citado por Cunha (2018, p. 45), que a proteção ao meio ambiente tutelada na Constituição Federal não é encontrada somente no Brasil, mas sim é uma tendência internacional, que por pertencer a outras constituições, pode-se constituir como um direito fundamental. Ademais, mesmo que a Constituição não apresente expressamente as diretrizes do saneamento básico ou como um direito humano fundamental, pode-se compreender, que ainda assim, há a sua proteção pela legislação esparsa. Em decorrência das orientações também sobre o saneamento, da supressão da defecção a céu aberto, e recursos que envolvem a água, surge o documento ODS, em específico o de número 6 - objetivo de desenvolvimento sustentável à efetivação dos direitos humanos, e direcionamento dos Estados à colaboração ao direito fundamental e universalizado (CARVALHO, 2020, pp. 29 e 42). 26 Os ODS também têm a nomenclatura de Agenda 2030 das Nações Unidas, e estão de acordo com o Relatório Nacional Voluntário Sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (2017, p. 9): Em setembro de 2015, 193 Estados-membros da ONU reuniram-se na sede da instituição em Nova Iorque e acordaram tomar medidas transformadoras para colocar o mundo em um caminho sustentável. Adotaram uma nova agenda global comprometida com as pessoas, o planeta, a promoção da paz, da prosperidade e de parcerias: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. A Agenda 2030 engloba 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (BRASIL, Relatório Voluntário Sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Câmara (2018, pp. 29-33) aduz que as discussões acerca da sustentabilidade se tornaram importantes em relação à qualidade ambiental, ao crescimento da economia e na esfera social. Ao mesmo passo, indica que dentre 17 objetivos, o objetivo de número 6 busca “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”. Dessa forma, nele se busca o adequado esgotamento sanitário e acesso à água para todos. 27 4 A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NAS AÇÕES MUNICIPAIS A seguir, são apresentadas três ferramentas imprescindíveis à administração dos municípios brasileiros para o seu bom funcionamento e prestação dos serviços básico: a Lei Orgânica do Município, o Estatuto da Cidade e o Plano Diretor. O Estatuto da cidade busca incidir sobre o desenvolvimento local, interferindo nas ações municipais. Além disso, conforme o crescimento da cidade, a população tende a adequar-se aos espaços, sendo o propósito do Plano Diretor possibilitar a boa utilização urbana, além do desenvolvimento sustentável que atenda à população, bem como do poder público com o setor de infraestrutura. Já a Lei Orgânica regula a vida pública municipal, com regras de organização e funcionamento geral. 4.1 O Estatuto da Cidade A Lei nº 10.257/2001, mais conhecida como Estatuto da Cidade, é uma lei Federal que surgiu para regulamentar os arts. 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, apontando os segmentos de desenvolvimento urbano e outras providências à função social da propriedade. O saneamento se insere nesse contexto. Para Fonseca e Rossetto (2018, p. 6), “a política de saneamento reconhecidamente uma atividade prioritária, de acordo com as diretrizes das políticas urbanas estabelecidas pelo EC, em 2001”. A Lei nº 10.257/2001 indica em seu art. 2º que a política urbana tem o objetivo de aprimorar o desenvolvimento urbano e das cidades, incluindo inciso I o saneamento básico e no inciso II a participação popular. De acordo com Lopes et al. (2020, p. 3486), o Estatuto da Cidade concede instrumentos para a administração municipal sobre a cidade, além de possibilitar qualidade de vida através do Plano Diretor. É possível observar que o Estatuto estabelece regimentos gerais da administração e organização dos espaços, buscando igualmente a infraestrutura que atenda a toda população, bem como na coleta de lixo e saneamento básico. Nota-se ainda, que algumas das diretrizes do Estatuto da Cidade estão apontadas no art. 2º, I e II, no que trata da garantia a cidades sustentáveis, moradia, 28 saneamento, bem como a gestão participativa popular para o acompanhamento de projetos. Sirvinskas (2019, p. 780) relata que o estatuto acima mencionado se preocupa com o contexto ambiental urbano ao utilizar-se do saneamento e equilíbrio ambiental, em prol da coletividade e bem-estar da população. Além disto, a Lei nº 10.257/2001 traz um propósito, conforme o seu art. 41, no qual as cidades com mais de vinte mil habitantes sejam obrigadas a implantar o Plano Diretor. O art. 4º, III, alínea “a” do Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/2001,indica que o Plano Diretor é instrumento da política pública urbana, assim sendo, exigência do Estatuto na qual o saneamento está contido neste diploma legal. 4.2 A Lei Orgânica Municipal De acordo com a Constituição Federal de 1988, no seu art. 29, está prevista, a Lei Orgânica Municipal, responsável por apontar regramentos à política local da cidade e instrumentos públicos de orientação. Nesse sentido, existe o Diagnóstico Técnico-Participativo, que compreende a realidade local e fornece fundamentos ao planejamento municipal do saneamento básico do município, oferecendo um panorama ao gestor para efetivação das políticas públicas. Conforme o documento do Diagnóstico Técnico-Participativo de Currais Novos (2018, p. 120), a Lei Orgânica trata de forma específica sobre o saneamento básico no seu art. 103, na qual “O município deverá promover, dentre outros planos e programas setoriais destinados a melhorar as condições da vida da população de baixa renda, priorizando: I o saneamento básico (...)”. Além disto, aponta no art. 3º, que o Município deverá buscar o bem-estar da população inclusive para: “[...] XV – promover programas de saneamento básico”. Ainda em consonância à Lei Orgânica do município de Currais Novos, no art. 117, está determinado que: “o município, obedecendo ao que dispõe a legislação Federal e Estadual pertinente atuará prioritariamente: (…) II - nas ações de saneamento básico, observando a destinação adequada dos dejetos”. 29 4.3 O Plano Diretor Municipal De acordo com o art. 40 do Estatuto da Cidade, a lei que instituir o Plano Diretor deverá ser revisada a cada dez anos, para que em conjunto com a população, decida sobre o espaço urbano, saneamento e habitação, entre outros. Cruz, Lima e Dantas (2019, p. 3), reforçam que no município: O Plano Diretor em consonância com o Estatuto da Cidade surge como instrumento hábil da política de urbanização, tendo em vista o bem-estar da população e o alcance da qualidade de vida nas cidades (CRUZ, LIMA e DANTAS, 2019). Noutras palavras, o plano diretor é uma lei municipal, a ser aprovada pela câmara municipal com o intuito de apontar diretrizes e parâmetros ao desenvolvimento da cidade. Esse documento legal também refletirá no bem-estar social, levando em consideração que o saneamento está ligado à boa infraestrutura municipal, a possibilidade de moradia digna e acesso à saúde. Nas palavras abalizadas de Mariani (2019, p. 204), o plano diretor aponta diretrizes da política de desenvolvimento urbano do município, e a partir dele pode ser instituído plano de saneamento básico. Sirvinskas (2019, p. 785-787) refere-se ao plano diretor como instrumento básico para a concretização do Estatuto da Cidade, alinhado à política de desenvolvimento urbano. Dessa forma, aponta para o desenvolvimento econômico e urbano, além da gestão da cidade. Intrinsicamente ligada ao Estatuto da Cidade e ao Plano Diretor está a política urbana que, nas palavras de Agra (2018, p. 822), aponta-se que o desenvolvimento de uma cidade “não pode ser feito de forma desordenada, sem a obediência às regulamentações previamente estipuladas que possam garantir que seu crescimento será realizado de forma harmoniosa”. 30 5 O SANEAMENTO BÁSICO DA CIDADE DE CURRAIS NOVOS E A ADEQUAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA NOVA LEGISLAÇÃO Este trabalho tem como limite territorial o município de Currais Novos-RN, localizado na região Seridó potiguar do estado do Rio Grande do Norte. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2020 a área da unidade territorial é de 864,349 km², contendo na fonte do portal Sidra IBGE, 12 bairros e, que atualmente seu número aumentado para 16 bairros. A população, de acordo com o último censo do IBGE, em 2010 era de 42.652 habitantes, com população estimada de 45.022 no ano de 2021. Em conformidade com o principal objeto de estudo, neste capítulo, é apresentada uma investigação acerca dos aspectos estruturais relacionados ao saneamento básico no município de Currais Novos. Para tanto, é essencial compreender a realidade municipal no tocante ao tema proposto e adequação a legislação. Para Câmara (2018, pp. 62-63), sobre a universalização que recai ao serviço do esgotamento sanitário, deve-se compreender a finalidade universal que aponta o saneamento básico como política pública diretamente ligada à vida digna, bem como acesso à saúde, qualidade devida e ambiente equilibrado. O Novo Marco Legal do saneamento básico (Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020) alterou o art. 2º da lei nº 11.445/2007, sobre os princípios fundamentais que devem servir de orientação ao serviço público: Art. 2 o Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais: I - universalização do acesso e efetiva prestação do serviço; II - integralidade, compreendida como o conjunto de atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento que propicie à população o acesso a eles em conformidade com suas necessidades e maximize a eficácia das ações e dos resultados; III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de forma adequada à saúde pública, à conservação dos recursos naturais e à proteção do meio ambiente [...] (BRASIL, Lei nº 11.445/2007). Com base nessa perspectiva, serão observados os índices a respeito da universalização das atividades que integram o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos e drenagem de águas pluviais. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.026-2020?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.026-2020?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm#art2i.1 31 O art. 19 da Lei nº 11.445/2007 ressalta que os serviços públicos no tocante ao saneamento básico observarão um plano, e que este terá que abranger diagnóstico da situação, indicadores, objetivos e metas à universalização, projetos que possibilitem alcançar as metas, entre outros. Desta forma, reitera Câmara (2018, p. 87), que a Lei do Saneamento Básico prevê o tratamento universal dos serviços de água e esgoto, bem como se apoia na elaboração de um Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). Em 1º de novembro de 2007 foi instituída a Lei Complementar nº 08, que dispôs acerca do Plano Diretor participativo do Município de Currais Novos. De acordo com o seu art. 2º, trata-se de um instrumento direcionado ao desenvolvimento urbano e rural, importante ao planejamento municipal. O art. 5º, II, do referido diploma legal, indica o prazo que se estende até o ano de 2028 para o cumprimento pleno das diretrizes propostas. No art. 6º, §1º, é relacionado o desenvolvimento econômico-social para a cidade e sua dinâmica com a proteção ao meio ambiente, bem como o direito ao saneamento, à infraestrutura e à moradia. Contemporaneamente, a Lei Complementar nº 08/2007 do município dispõe sobre o desenvolvimento humano e a qualidade de vida, com execução e controle das políticas públicas. Conforme aduz em seu art. 15. Ademais, dispõe no Capítulo III sobre o meio ambiente e o desenvolvimento urbano; o seu art. 50 trata da política ambiental estando inserida a gestão do saneamento básico; o art. 61 indica na subseção III sobre o saneamento básico, bem como assegura qualidade e regularidade do abastecimento de água e das redes de coleta e tratamento de esgoto; a subseção IV trata da drenagem urbana e a subseção V dos resíduos sólidos. Conforme o Estatuto da Cidade no art. 40, §3º, o Plano Diretor, aprovado por lei municipal deverá ser revisto ao menos a cada década. A Lei Complementar nº 09, de 26 de dezembro de 2012, alterou a lei complementar nº 08,de 01 de novembro de 2007, sem apresentar modificações significativas quanto ao saneamento. Em 2013 foi elaborada a Lei Municipal nº 3.096, que alterou dispositivos da Lei Complementar nº 09/2012, a qual tinha alterado o plano diretor do município, sem também apresentar modificações significativas ao tema. 32 O Diagnóstico técnico-participativo de Currais Novos (2018, pp. 116-117), é formulado com base no Estatuto da Cidade, que busca a cidade sustentável e abarca o saneamento básico, expondo ainda: O Plano Diretor instituído no Município pela Lei Complementar Municipal Nº 008 de 01 de novembro de 2007 foi formulado com o objetivo de ser o principal instrumento da política de desenvolvimento e expansão urbana, de ordenamento territorial, de desenvolvimento social e econômico, de preservação ambiental e da identidade cultural e histórica do Município (CURRAIS NOVOS, Diagnóstico técnico-participativo, 2018). Além do Plano Diretor, há o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) que contém o estudo com metas e diretrizes que seguem a Lei do Saneamento. De acordo com Almir (2018, p. 14), o diagnóstico técnico-participativo é a base que orienta o PMSB, com informações pertinentes aos serviços, indicadores ambientais e informações desse setor. Em 2018 na cidade Currais Novos foi desenvolvido o Plano de Mobilização Social, como base de apoio à elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). O Plano de Mobilização Social, documento municipal que subsidia a criação do SMSB, circunda a consciência da população e a efetivação da política pública, com objetivo de buscar estratégias e instrumentos para favorecer o estímulo social e o controle para a efetivação de política pública de saneamento básico na cidade de Currais Novos (CURRAIS NOVOS, Plano de Mobilização e Comunicação Social, 2018, p. 7). O PMSB (2018) encontra fundamento na Constituição Federal, nos seus arts. 6º, 196, 225, e inciso VI, que apontam para o direito à saúde, e aos serviços à sua promoção, direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à qualidade de vida, bem como educação ambiental. O referido Plano, também encontra suporte no Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), conforme o art. 2º, a prever garantia às cidades sustentáveis, moradia, saneamento ambiental, gestão com participação da população e programas de desenvolvimento urbano. De acordo com o art. 2º da Lei nº 11.445, existem diretrizes a buscar a universalização do acesso, atividades do serviço do saneamento, abastecimento de 33 água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, proteção ao meio ambiente, entre outros. Em novembro de 2018 foi elaborada a Lei 3.403, que cria o Conselho Municipal de Saneamento Básico do Município de Currais Novos, órgão consultivo vinculado à Secretaria de saúde, com o intuito de auxiliar na formulação das políticas de saneamento básico, assim como, avaliar sua implementação e definir prioridades, além de acompanhar as revisões do Plano Municipal de Saneamento Básico, desenvolvido no mesmo ano, entre outras providências. Como fica claro, Currais Novos possui uma Política Pública Municipal de Saneamento Básico que foi instituída pela Lei nº 3.355/2007 e um Plano Municipal de Saneamento desde o ano de 2018. Conforme a Politica municipal de 2007: [...] Art. 3º, Parágrafo único: Compete ao Poder Público Municipal o provimento integral dos serviços públicos de saneamento básico e a garantia do acesso universal a todos os cidadãos, independente de suas condições sociais e capacidade econômica. Art. 4º, §1º: O serviço público de saneamento básico será considerado universalizado no Município quando assegurar, no mínimo, o antedimento das necessidades básicas vitais, santiárias e higiênicas de todas as pessoas, independentemente de suas situação fundiária, inclusive local de trabalho e de convivência social da sede municipal e dos atuais e futuros distritos, vilas e povoados, de modo ambientalmente sustentável e de forma adequada às condições locais. (CURRAIS NOVOS, Lei 3.355/2007) A política municipal também trata do serviço público de abastecimento de água, tomando em consideração a garantia do abastecimento para promover a saúde pública com qualidade, além dos serviços de esgotamento sanitário e sua coleta e disposição dos esgotos. Esta política pública ainda trata dos serviços públicos de manejo de águas pluviais urbanas e o serviço de drenagem, adução e transporte de águas pluviais (Lei nº 3.355/2007). O Plano Municipal institui diversos objetivos, entre eles a busca pela responsabilidade coletiva dà preservação dos recursos naturais e saneamento básico, desenvolvimento de projetos e ações, objetivos de caráter democrático e participativo com o envolvimento da população, necessidade de planejamento estratégico e ferramentas de acompanhamento e monitoramento. O Produto D – Prospectiva e Planejamento Estratégico (2018) é um documento do PMSB de Currais Novos que tem como objetivo o levantamento de informações municipais e das prestações de serviço. Ao mesmo ponto, responsável 34 por indicar metas de prazo imediato, curto, médio e longo, bem como, apresenta os pontos fortes e fracos, “focados no atendimento das demandas e deficiências identificadas a partir da análise das informações levantadas na fase de diagnóstico pela equipe técnica e com a participação social, articulando-as às atuais políticas” (CURRAIS NOVOS, Plano Municipal – Produto D, 2018). A coleta de dados que foi alcançada no Plano Municipal de Saneamento e no SNIS é classificada nas tabelas a seguir como: quanto aos aspectos da política no setor de saneamento; panorama político-institucional do saneamento; informações sobre os índices no Brasil, no estado do Rio Grande do Norte e no município de Currais Novos/RN. Tabela 1 – Aspectos da política do setor de saneamento do Município de Currais Novos – RN (adaptada) Pontos Fortes Reflexão Ponto Fraco Existência de Política Municipal de Saneamento Básico; Existencia de Plano Diretor. Legislação municipal; Regulação. Inexistência de um sistema de informação dos serviços de Saneamento Básico. Fonte: Plano Municipal de Saneamento Básico - Produto D (2018 , p. 25). Conforme os dados indicados acima, os pontos fortes ligados à política de saneamento demonstram a existência de política municipal e plano diretor, porém, sua regulação não se mostra tão atualizada, como por exemplo o Plano Diretor, que foi instituído em 2007 e não trata diretamente do tema de saneamento básico nas suas alterações. Some-se a isto, sobre as metas conforme o Produto D (2018), são apresentados panoramas prospectivos, para o planejamento dos próximos 20 anos, em alguns aspectos com evolução gradativa conforme a tabela seguinte: 35 Tabela 2 - Panorama prospectivo da situação Político-institucional do setor de saneamento básico, esgotamento, resíduos sólidos e águas pluviais (adaptada) - Continua Indicador Cenário de 2018 Cenário de referência Cenário futuro Situação político- institucional do setor de saneamento, e serviço de infraestrura de limpeza pública e resíduos sólidos, e o manejo de águas pluviais Atendi- mento adequado Objetivo Meta Prazo/Quantificação das Metas Imediato Curto Médio Longo 2018 a 2021 2022 a 2025 2026 a 2029 2030 a 2037 Política Municipal de Saneament o Básico Existente Conformi- dade com as Legisla- ções Federais e Estaduais e com a realidade Local Manter em conformida de Analisar e atualizar a lei sempre que ocorrer alteração nas Legislações Federais e Estaduais, assim como quando houver mudança significativa na realidade local 100% 100% 100% 100% Plano Diretor Existente Conformi- dade com a Lei Orgânica e com o que estabeleceo Estatuto das Cidades Atualizar e manter em conformida de Atualizar o Plano diretor até dezembro/20 19 100% Cobertura no abastecime nto de água – Zona Urbana 82,78% 100% Manter a universaliz ação Ampliação da cobertura, inclusive de acordo com o aumento das construções 100% 100% 100% 100% Cobertura no abastecime nto de água – Zona Rural 51,20% 100% Manter a universaliz ação do abastecim ento de forma sustenta- vel para cada comuni- dade Ampliação da cobertura de acordo com o aumento das construções 60% 70% 85% 100% 36 Cobertura no esgotamen- to sanitário da Zona Urbana 67% 100% Atingir e manter a universaliz ação do sistema coletivo de esgota- mento sanitário Ampliar a cobertura do sistema coletivo de esgotamento sanitário e manter após universa- lização 80% 90% 100% 100% Cobertura no esgotamen- to sanitário da Zona Rural 0% 100% Atingir e manter a universaliz ação do sistema coletivo de esgota- mento sanitário Ampliar a cobertura do sistema coletivo de esgotamento sanitário e manter após universa- lização 25% 50% 75% 100% Cobertura da coleta de Resíduos Sólidos da Zona Urbana 100% 100% de atendimen to Manter a universa- lização do atendimen -to Coletar os RSU em toda a área urbana. Adequar a oferta de serviço a expansão urbana 100% 100% 100% 100% Cobertura da coleta de Resíduos Sólidos da Zona Rural 30,08% 100% de atendi- mento Alcançar e manter a universali- zação do atendi- mento Coletar os RSU em toda a área rural e Áreas Especiais. Adequar à oferta do serviço conforme o aumento da demanda 40% 60% 80% 100% Ocorrência de alagamento nos 5 anos anteriores – Zona Urbana - águas pluviais Existência de pontos alagamentos Ausência de pontos de alaga- mento Eliminar os pontos de alaga- mento Estruturar o sistema para não ocorrer alagamentos em curto prazo 25% 50% 100% 100% Alaga- mentos críticos – Zona rural – águas pluviais Existente Ausência de pontos críticos de alaga- mentos Eliminar todos os pontos críticos de acumu- lação de água nos acessos das comuni- dades rurais Implantar medidas estruturantes adequadas para solucionar os problemas de alagamento 50% 80% 100% 100% Fonte: Plano Municipal de Saneamento Básico - Produto D (2018 , p. 40-56). 37 A plataforma virtual do SNIS, que abrange todo o país na perspectiva do saneamento básico, monta um panorama comparativo entre os anos de 2010 e 2020. O presente trabalho realizou uma busca e acrescentou na sua investigação o ano de 2019, com o escopo de apresentar um contraponto. Tabela 03 – Informações sobre o índice do Brasil no Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS) dos anos de 2010, 2019 e 2020 (adaptada) BRASIL 2010 2019 2020 Atendimento com rede de Água População total 81,1% 83,7% 84,1% População urbana 92,5% 92,9% 93,4% Atendimento com rede de Esgoto População total 46,2% 54,1% 55,0% População urbana 53,5% 61,9% 63,2% Cobertura de coleta domiciliar de Resíduos Sólidos População total 93,4% 92,1% 90,5% População urbana 97,2% 98,8% 98,7% Fonte: SNIS, 2010, 2019 e 2020. Verificou-se que os índices acima apontam que o atendimento tocante à rede de água e esgoto evoluiu gradativamente e a coleta de resíduos sólidos sofreu uma leve diminuição no ano de 2020. Tabela 04 – Informações sobre o índice do Rio Grande do Norte no Sistema Nacional de Informação sobre o Saneamento (SNIS) dos anos de 2010, 2019 e 2020 (adaptada) RIO GRANDE DO NORTE 2010 2019 2020 Atendimento com rede de Água População total 72,6% 83,75% 85,5% População urbana 90,8% 94,37% 95,8% Atendimento com rede de Esgoto População total 18,9% 25,97% 26,1% População urbana 24,0% 32,55% 33,3% Cobertura de coleta domiciliar de Resíduos Sólidos População total 94,8% 90,5 89,3% População urbana 99,8% - 98,3% Fonte: SNIS, 2010, 2019 e 2020. 38 Acrescenta-se ao estudo um breve escorço dos dados ligados ao Rio Grande do Norte expostos na plataforma do SNIS, conforme a tabela supracitada, onde se nota uma linha evolutiva da comparação de 2010, 2019 e com finalização em 2020, nos aspectos do atendimento na rede de água e esgoto. Já em relação aos resíduos sólidos, os índices sofreram abalo. Foi possível constatar que os dados ligados à cobertura de resíduos sólidos da população urbana não foram encontrados no site do Sistema Nacional de Saneamento. Tabela 05 – Informações sobre o índice da cidade de Currais Novos/RN no Sistema Nacional de Informação sobre o Saneamento (SNIS) dos anos de 2019 e 2020 (adaptada) CURRAIS NOVOS/RN 2019 2020 Atendimento com rede de Água População total 73,69% 75,9% População urbana 82,25% 84,3% Atendimento com rede de Esgoto População total 63,59% 63,0% População urbana 70,9% 71,1% Cobertura de coleta domiciliar de Resíduos Sólidos População total 91,92% 93,53% População urbana 100% 100% Águas pluviais Parcela de Domicílios em situação de Risco de Inundação - 10,01% Fonte: SNIS, 2019 e 2020. Junto aos dados acima, encontram-se as informações referentes ao município de Currais Novos. As referidas informações apresentam indicações dos anos de 2019 e 2020, com ausência de dados acerca do ano de 2010, o que impede a investigação comparativa com aquele ano, conforme vem sendo feita neste capítulo. Percebe-se que em 2019 os indicadores de atendimento com rede de água da população total foram de 73,69% e saltaram no ano seguinte à 75,9%. A mesma evolução aconteceu na população urbana, com índice de 82,25% para 84,3%. 39 Quanto ao índice de atendimento na rede de esgoto, do ano de 2019 para 2020 houve redução de 0,59%, permanecendo na marca de 63% em 2020. Ao mesmo passo, aconteceu aumento no atendimento da população urbana, com 70,9% em 2019, e 71,1% em 2020. Ainda, o próprio Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Diagnóstico Temático Manejo de Resíduos Sólidos, 2021, p. 15) aponta dificuldade referente à coleta de dados: Dificuldade de obtenção de informações pelos próprios prestadores de serviço, uma vez que a maioria dos prestadores não dispõe de sistemas de informações, bancos de dados, cadastro técnico ou levantamento de dados sistemático que conferem maior consistência às informações prestadas (BRASIL, Diagnóstico Temático Manejo de Resíduos Sólidos, 2021). É relevante ainda informar, que a totalidade dos municípios do Brasil não é participante do SNIS, contribuindo para a variação das porcentagens Nacional e Estadual. 40 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A evolução do saneamento básico se faz essencial com o crescimento das regiões brasileiras, especialmente em razão do aumento populacional. Conforme o Estatuto da Cidade, a política urbana existe com o intuito de buscar o desenvolvimento das funções sociais da cidade, sustentabilidade, saneamento e infraestrutura atendente à população. A partir do crescimento populacional, o atendimento em relação ao saneamento básico tornou-se fundamental para possibilitar o bem-estar dos cidadãos e, consequentemente, o avanço da cidade, bem como do estado e do país. Em razão de dar suporte a uma preocupação com o bem-estar dos habitantes, a teoria do mínimo existencial aponta para a busca do resguardo dos direitos fundamentais atendentes à dignidade da pessoa humana. Para uma concepção do saneamento básico é necessária uma análise da legislação esparsa através do viés constitucional. A Lei Orgânica do Município, o Estatuto da Cidade e o Plano Diretor fornecem orientações à implantação da política de saneamento e ao estabelecimentode metas a serem alcançadas através do Poder Público e da participação da comunidade. No caso do objeto dessa investigação, ficou claro que a lei orgânica do município fez apontamentos a se executar com suporte no plano diretor local. O município de Currais Novos-RN conta com Plano Diretor, tendo em consideração que a sua população é acima do indicativo de 20 mil habitantes, também possui Plano Municipal de Saneamento Básico e relatório de diagnóstico técnico-participativo, que apresenta diretrizes para o desenvolvimento social e preservação ambiental, além das orientações acerca do tema. Outro aspecto importante evidenciado foi o da existência da Agenda 2030 da ONU, que englobou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ao buscar a efetivação dos direitos, no que preza pela universalização dos recursos como a água, e saneamento que atenda a toda a população. A cidade de Currais Novos não aborda diretamente a Agenda 2030, mas em contrapartida há preocupação com o saneamento e a estipulação de metas a serem seguidas pelo Plano Municipal. Ficou claro que os sítios eletrônicos da câmara municipal e da prefeitura apresentaram dados do plano de 2018, mas não disponibilizaram informações devidamente atualizadas, o que fez pertinente a busca pelo portal do SNIS, Instituto 41 Água e Saneamento, o que evidenciou a necessidade de ampliação das divulgações importantes pelos canais locais. O município, assim, conta com um plano atuante e busca atividades ao bom funcionamento do serviço, bem como acompanha as orientações do art. 2º da Lei 11.445/2007 para o abastecimento de água, do esgotamento e à proteção do meio ambiente. Outrossim, é notório que a cidade caminha à universalização dos atendimentos em referência ao saneamento básico, principalmente no que concerne à cobertura de água e coleta de resíduos, mas encontra-se distante quanto ao sistema de esgotamento local. O Plano Municipal aponta a fragilidade da inexistência de um sistema de informação com os serviços de Saneamento Básico, e ao mesmo passo ressalta os pontos fortes como a existência de uma política municipal de saneamento e plano diretor. Ainda, conforme o panorama da situação Político-institucional, foi notado que existem metas de longo prazo, para que seja possibilitado o adequado atendimento dos serviços de saneamento, da cobertura de resíduos sólidos, da busca pela inocorrência de alagamentos em bairros, e da cobertura de fornecimento de água e esgotamento. No tocante às informações referentes ao Rio Grande do Norte acerca do atendimento com água e esgoto é verificada uma melhoria e, em contrapartida, a coleta de Resíduos sólidos da população total decaiu de 94,8% em 2010, para 89,3% em 2020. Os índices da cidade de Currais Novos referentes ao limite temporal de 2019 e 2020 evidenciam um progresso quanto ao atendimento com rede de água tanto da população total, que saltaram de 73,69% para 75,9%, quanto da população urbana que avançaram de 82,25% de 84,3%. Já no atendimento com rede de Esgoto não houve diferença significativa quanto aos dados. Eles permaneceram na faixa da população total de 63%, e na população urbana um pouco mais acima, no percentual de 70,9%. Quanto à cobertura domiciliar da coleta de resíduos sólidos, em relação à população total atendida houve melhoria, partindo de 91,92% para 93,53%, e da população urbana a integralidade das coletas se manteve em 100%. Nesse aspecto, conclui-se que a cidade possui excelente registro de coleta de resíduos sólidos. 42 Por fim, é relevante informar que alguns dados não foram colacionados pela dificuldade de obtenção de informações conforme o Diagnóstico Temático Manejo de Resíduos Sólidos de 2021, o que se aplica também aos índices de água e esgoto, pela ausência dos dados cadastrados e carecimento das informações prestadas. É conclusivo, que é de suma importância o planejamento e análise dos pontos fortes e fracos da gestão, com o objetivo de fundamentar e desenvolver os planos municipais. E, ainda está claro que o Plano Diretor, com atuação conjunta com Plano Municipal são instrumentos legais capazes de apontar caminhos para uma adequada prestação do serviço de saneamento básico no município de Currais Novos. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRA, Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2018. ALMEIDA, Almir Leite de. PLANO DIRETOR NA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL: CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS PARA O SETOR DE SANEAMENTO BÁSICO. 2018. BARROS, Gabriela Abreu. Estudo comparativo dos índices de saneamento básico de quatro municípios do semiárido brasileiro: Campina Grande (PB), Caruaru (PE), Mossoró (RN) e Sobral (CE). 2021. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Centro Universitário Unichristus. Fortaleza, 2021. BEZERRA CRUZ, Karla Dayane; LIMA, Fagner Farias de; DANTAS, Petterson José dos Santos. Plano Diretor e os instrumentos de promoção de interesse social: o caso do município de Currais Novos-RN. HOLOS, [S.I.], v.2, p. 1-16, dez. 2019. ISSN 1807-1600. Disponível em: <https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/3275>. Acesso em: 18 jan. 2022. BRASIL. Constituição (1934), Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, 1934. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Lei 4.089, de 13 de julho de 1962. Transforma o Departamento Nacional de Obras de Saneamento em Autarquia, e dá outras providencias. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4089.htm>. Acesso em 21 dez. 2021. BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade). Brasília. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Plano Nacional de Saneamento Básico, atualizado em 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/mdr/pt- br/assuntos/saneamento/plansab>. Acesso em: 04 jan. 2022. BRASIL. Relatório Nacional Voluntário sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Secretaria de Governo da Presidência da República, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. – Brasília: Presidência da República, 2017. 76 fl. BRASIL. Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento – SNIS. Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos. 2019. BRASIL. Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento – SNIS. 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