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Especialidades Clínicas e Cirúrgicas I Litíase Urinária - Frequente no trato urinário. - 1 a 5% da população adulta. - 3 homens/1 mulher. - Cristais de cálcio são responsáveis por 80% dos cálculos. - Outros cristais (ácido úrico, triantereno, xantina, cistina) – 20%. · LITOGÊNESE: - Formação do cálculo. Ponto de supersaturação: máximo de soluto diluído num dado solvente, antes de precipitar. Na precipitação podemos fazer uma nucleação homogênea (mesmo soluto - sais) ou heterogênea – epitaxia (sais se agregam com proteínas ou com outros sais). Único cálculo de pH alcalino é o de estruvita – cálculo infeccioso. Cálculos de ácido úrico são radio transparentes, não são vistos no raio-x. · APRESENTAÇÃO CLÍNICA: O cálculo dói quando gera obstrução na via urinária. A obstrução gera dilatação a montante estimula o plexo celíaco, estimula o plexo hipogástrico e isso gera reflexo de dor, de emêse. 1º ponto de estreitamento do ureter: junção ureteropielica. 2º ponto de estreitamento do ureter: onde se cruzam com os vasos ilíacos. 3º ponto de estreitamento do ureter: junção ureterovesical (da bexiga). A dor começa na região lombar/flanco, desce para a fossa ilíaca e depois desce para o testículo ou grandes lábios e geralmente é ipsilateral. · MEDICAÇÃO: - 1ª opção: anti-inflamatórios (AINEs) – dipirona, buscopan. A segunda opção também é anti-inflamatórios. Não são recomendados em caso de paciente diabético ou hipertenso. - 3ª opção: opióides e outros analgésicos. A medicação para dor deve ser administrada junto com um antiemético. · DIAGNÓSTICO: - Sinais vitais: temperatura, hipotensão, taquicardia. - Inspeção: abaulamentos. - Palpação. - Sinal da punho-percussão: Giordano + - Sensibilidade testicular (homem). · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Cólica biliar. - MIPA (moléstia inflamatória pélvica aguda). - Cólica uterina. - Apendicite. - Pielonefrites. - Malformações renais (mais comum é a estenose de JUP – junção uretero pélvica). · EXAMES COMPLEMENTARES: - Hematúria – mais comum. - Leucocitúria, bacteriúria. - pH > 7,6: bactérias produtoras de urease (Proteus sp). - Hemograma, ureia, creatinina, potássio. - Urocultura e antibiograma. - Exames de imagem: RX, US e TC. RX DE ABDOME: - Baixa sensibilidade – 50 a 90%. · ULTRASSONOGRAFIA: - Pontos cegos para o ultrassom. - Ureter médio – área cega, não dá para ver. - Ureter distal antes da JUV – também não dá para ver. Se apresenta hidronefrose já deve suspeitar de cálculo. - Bom para cálculo maior que 5 mm. - Baixo custo. - Acesso fácil. Imagem anecogênica, sem ecogenicidade – preta, se é branco é hiperecogênico. Cálculo tem sobra acústica posterior: o cálculo fibra branco e parte um rastro preto dele (imagem 2). · URETEROGRAFIA EXCRETORA: - Não se faz mais hoje, só faz em locais que não tem TC. - Contraste iodado venoso. - Contraindicado com creatinina acima de 2 mg/dL. - Cólica renal redicivante. - Cólica renal nos últimos 30 dias. - Cirurgia urológica anterior. · TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ABDOME: - Padrão ouro. - Sem contraste. - Qualquer localização. - Qualquer tamanho. - 96% de sensibilidade. - 97% de especificidade. CÁLCULOS INDINAVIR – RADIOTRANSPARENTES: - Comum em pacientes com HIV que tratam com indinavir. - Diagnóstico pelo ultrassom – imagem hiperecogênica com sombra acústica e hidronefrose. - Único cálculo INVISÍVEL na TC sem contaste. Não aparece porque não é sólido, parece uma gelatina. - Na TC com contaste irá corar ao redor da pedra, mas ela ficará invisível. Imagem hiperatenunante (igual osso) – é cálculo. · CÁLCULO URETERAL: · TRATAMENTO CONSERVADOR: - Cálculos até 1 cm pode fazer terapia expulsiva medicamentosa, mas a recomendação europeia é para cálculos de 5 a 10 mm. Terapia expulsiva medicamentosa. - Alfabloqueador para dilatação da JUV (tansulosina – usada também na hiperplasia prostática benigna). Tansulosina relaxa musculatura lida, permite a dilatação e passagem do cálculo. Tansulosina não é usado em mulheres, geralmente, mas nesses casos é recomendado. - ੦ Tamsulon®, Secotex® 1 cp 0,4 mg usados em HBP para melhora do fluxo urinário. Intervenção em relação ao tamanho do cálculo: Até 4 mm: 90% eliminação espontânea. De 4 a 6 mm: 50% eliminação espontânea. - Cálculos acima de 6mm geralmente não são expulsos sozinhos, é indicado cirurgia. Caso não funcione, é indicado fazer LECO. INTERVENÇÃO IMEDIATA: - Hidronefrose com alteração de função renal. - Alto grau de obstrução. - Risco de perda de função/ rim único: ITU por uropatia obstrutiva. Cálculo com infecção é uma péssima infecção. Ureterolitíase + infeção é obrigatório fazer a intervenção, porém não pode quebrar o cálculo, se quebrar pode gerar sepse. Tem 50% de letalidade. Cálculos de infecção são de pH alcalino. - Duplo J – primeira intervenção, se não conseguir passar faz nefrostomia percutânea. URETEROLITOTRIPSIA (UR): É recomendada nos casos em que a expulsão espontânea não funciona. Entra com um cateter pela uretra, quebra a pedra, coloca um Duplo J (usado para cicatrizar o ureter após a intervenção). - Indicações: Cálculo obstrutivo com repercussão sistêmica. Dor refratária ao tratamento. Falha da litotripsia extracorpórea. Fragmentos múltiplos obstruindo o ureter (“rua de cálculos” ou steinstrasse). FALHA no tratamento clínico. URETEROLITOTRIPSIA A LASER (CÁLCULOS MAIORES): LITOTRIPSIA EXTRACORPÓREA POR ONDAS DE CHOQUE: - Para cálculos até 1 cm. - Ureter proximal e distal. - Fatores de sucesso: Distância pele-cálculo < 10 cm. Cálculo ≤ 1 cm. Densidade < 1.000 UH (unidades Hounsfield) – quanto maior a densidade mais duro. - Contraindicação: Distúrbios de coagulação. Gravidez. Suspeita de infecção. Obstrução a jusante. Hipertensão descontrolada. Aneurisma arterial próximo ao cálculo. URETEROLITOTRIPSIA LAPAROSCÓPICA: - Cálculos ureterais > 2 cm. - Ureterolitotomia aberta convencional. · CÁLCULO RENAL: LECO (LITOTRIPSIA EXTRACORPÓREA): - Cálculos no cálice superior e médio: até 2 cm de diâmetro, 1 cm no cálice inferior. - Complicações: hematúria, hematomas, cólica renal. - Fatores de sucesso: Distância pele-cálculo < 10 cm. Cálculo ≤ 2 cm o ideal é 1 cm. Densidade < 1.000 UH (unidades Hounsfield) – quanto maior a densidade mais duro. CONTRAINDICAÇÕES: - Distúrbios de coagulação. - Gravidez. - Suspeita de infecção. - Obstrução a jusante. - Hipertensão descontrolada. - Aneurisma arterial próximo ao cálculo. URETERORRENOLITOTRIPSIA FLEXÍVEL: - Cálculos no ureter proximal. - Cálculos renais: introduzimos o ureteroscópio flexível através de uma bainha ureteral até o rim. NEFROLITOTRIPSIA PERCUTÂNEA (NPC): - Cálculos > 2 cm no cálice superior ou médio ou > 1 cm no cálice inferior. Fura as costas, dilata o furo, fura o rim, “broca” a pedra. CIRURGIA LAPAROSCÓPICA/ ROBÓTICA CIRURGIA ABERTA CONVENCIONAL: - Pode fazer, mas não é a recomendação atual para cálculos pequenos, só se faz em cálculos muito grandes. LEMBRE-SE: - Cálculos menores de 4 mm – 90% eliminação espontânea. - Cálculos de 4 a 6 mm – 50% eliminação espontânea. - Gestação – duplo J e LECO contraindicada. - Cálculos no cálice superior e médio: Até 2 cm: LECO e UR. Maiores que 2 cm: NPC. - Cálculos no cálice inferior: Até 1 cm: LECO e UR. Maiores que 1 cm: NPC. Cálculo coraliforme: - Nefrolitotripsia percutânea – 85%. - LECO – 40 a 60%. - Cirurgia aberta ou laparoscópica – em cálculos grandes. - “Rua de cálculos” ou steinstrausse – vários cálculos ou fragmentos. Cálculos urinários na infância - Dor abdominal difusa e ITU – mais frequente. - Mesmo tratamento de adultos – expelem mais fácil os cálculos. IMPORTANTE: - Caso o paciente apresente leucocitose, febre ou suspeita de infecção junto com o cálculo renal NÃO SE DEVE QUEBRAR O CÁLCULO. Os fragmentos quebrados podem gerar bacteremia e sepse. Nesses casos só se deve colocar o cateter duplo J ou fazer nefrostomia (furo nas costas por onde irá sair a urina). · ANÁLISE METABÓLICA: - Análise bioquímica do cálculo urinário. - Dosagem sérica de cálcio, fósforo, ácido úrico, creatinina, PTH, gasometriavenosa (checar o pH), hemograma, ureia e creatinina. - Urina 24h: ureia, creatinina, cálcio, fósforo, ácido úrico, oxalato, citrato, pH, volume urinário, cistina urinária. - Urina 1: urocultura. HIPERCALCIÚRIA: Pode ser por 3 motivos: - Reabsortiva por hiperparatireidismo – tratamento: paratireoidectomia. - Absortiva por aumento da absorção intestinal – restrição de cálcio (400 mg/d) e sódio (100 meq). - Renal por hipercalciúria renal – diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida e clortalidona). Pode ser causado também por uma diminuição do citrato (nesses casos o tratamento é a ingestão de citrato de potássio, ele aumenta o pH e inibe a litogênese). HIPERURICOSÚRIA: - Cerca de 10%. - Radiotransparentes – não aparecem no RX. - Depende do pH ácido. - 25% com gota e doença malignas – mielomamultiplo. TRATAMENTO: - Hidratação (3L dia). - Alcalinização da urina (pH > 6,5). - Reduzir dieta proteica para 90 g/dia. - Alopurinol (200-600 mg/dia). HIPEROXALÚRIA: - Hiperoxalúria primária: doença recessiva rara, eleva o oxalato urinário. - Entérica: associado com doença inflamatória intestinal ou síndrome do intestino curto. Pacientes após bariátrica podem apresentar esse tipo de cálculo. - Exógena: excesso de ingestão de substâncias que tem oxalato como produto final (etilenoglicol, ácido ascórbico). TRATAMENTO: - Hiperoxalúria primária – piridoxina 100-400 mg/dia. - Entérica – baixa ingestão de oxalato e gordura. - Exógena – baixa ingestão. HIPOCITRATÚRIA: - 50% dos cálculos de cálcio. - Defeito metabólico mais comum – citrato baixo. - Inibe a precipitação de cristais de cálcio na urina. TRATAMENTO: - Citrato de potássio. - Dieta rica em cítricos. ACIDOSE TUBULAR RENAL: - Acidose metabólica hipocalêmica. - Associado a hipocitratúria e urina supersaturada em fosfato e cálcio. - Pode levar a nefrocalcinose e formação de cálculos de fosfato de cálcio e oxalato de cálcio. - Alcalinização da urina com bicarbonato de sódio ou citrato de potássio. CISTINÚRIA: - Doença autossômica recessiva. - Cistinúria acima de 250 mg/dia. - Cálculo em pH ácido. TRATAMENTO: - Restrição de cistina na dieta (carnes e aves). - Hidratação. - Alcalinização da urina. ESTRUVITA: - Único cálculo de pH alcalino. - Cálculo coraliforme. - pH alcalino. - Proteus mirabilis (75%) – produz urease que alcaliniza ainda mais o pH da urina tornando mais “problemática” a infecção e tornando mais fácil o aparecimento do cálculo. - Relacionado a infecções. TRATAMENTO: - Retirada total do cálculo e tratamento da infecção – SE NÃO RETIRAR 100% DO CÁLCULO ELE VAI TER RECIVIDA. Não pode dar citrato de potássio para esse caso pois se você alcalinizar ainda mais esse pH o cálculo irá crescer mais ainda. · MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO: - Ingestão hídrica – alta (2 a 3 L por dia). - Restrição de proteína animal – diminuição de ácido úrico. - Diminuição da ingestão de cítricos. - Restrição de sal – até 1g por dia. · LITÍASE DO TRATO URINÁRIO INFERIOR: - Maior parte em homens. - Relacionados com disfunção intravesical. - Dor/hematúria/ITU de repetição. - Diagnóstico – RX, US, cistoscopia. TRATAMENTO: - Via endoscópica. - Via cirúrgica convencional. - TEM QUE TRATAR A CAUSA, GERALMENTE HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA.
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