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Penal I

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Conceito 
O direito penal é um conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, definindo 
crimes e a eles vinculando penas ou medidas de segurança.
Função
Proteção de bens importantes à sobrevivência da sociedade, através da combinação, aplicação e 
execução da pena. 
Princípios do Direito Penal
Princípio da legalidade: 1)
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
É uma forma de limitação do Direito Penal para atuar somente dentro da lei, dentro das normas 
positivadas. Contém 2 princípios embutidos: o da reserva legal (fonte subalterna não pode gerar norma 
penal) e o da anterioridade (é necessário que a lei já esteja em vigor na data em que o fato é praticado).
Somente haverá crime quando existir perfeita correspondência entre a conduta praticada e a previsão 
legal.
Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos: 2)
O Direito Penal deve tutelar bens jurídicos mais relevantes para a vida em sociedade, sem levar em 
consideração valores exclusivamente morais ou ideológicos.
Princípio da intervenção mínima: 3)
Só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não forem suficientes. Em outras 
palavras, é a última opção, para ser usado quando estritamente necessário.
Princípio da ofensividade4)
Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.
Princípio da responsabilidade pessoal do agente5)
Responde pela conduta o agente que a praticou, sendo sua responsabilidade pessoal, não sendo 
transferível a terceiros. Daqui podemos citar o princípio da intranscendência, que é basicamente 
isso: a responsabilidade penal não passa para terceiros.
Princípio da culpabilidade6)
É preciso que exista dolo ou culpa na conduta do agente para que este seja penalmente 
responsabilizado. Só haverá responsabilidade penal se o agente for imputável, que possui 
consciência da ilicitude.
Princípio da adequação social7)
Condutas historicamente aceitas e consideradas adequadas pela sociedade em tese não merecem 
intervenção penal punitiva, não sendo abrangidas pelos tipos penais.
Princípio da insignificância ou bagatela8)
Somente lesões mais relevantes devem sofrer intervenção penal, levando em conta bens jurídicos 
mais importantes. Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade, se houve periculosidade 
social da ação, se há reprovabilidade relevante no comportamento.
Princípio da humanidade da pena9)
Decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, impede-se, em tese, de que a 
pena seja usada como meio de violência, com tratamento desumano ou cruel.
Direito penal
 
@aryana.rotondano
Tempo do crime
define-se o momento da conduta ou quando se considera praticado o crime. 
Teorias sobre o tempo do crime
Teoria da atividade: o tempo do crime será o da ação ou da omissão, ainda que seja outro o 
momento do resultado. O que importa é o momento da conduta. É a teoria adotada pelo CP (art. 
4º)
1)
Teoria do resultado: determina que o tempo do crime seja o da ocorrência do resultado, da 
consumação.
2)
Teoria mista/eclética/ubequidade: o tempo do crime será o da ação ou da omissão, bem como o 
do momento do resultado. 
3)
Observação
Para o cálculo da prescrição do crime de homicídio, adota-se a teoria do resultado. A prescrição, 
antes de transitar a sentença em julgado, começa a correr do dia em que o crime se consumou. 
Lugar do crime
serve para definir a competência de aplicação da lei penal. 
Teorias sobre o lugar do crime
Teorias da atividade: o lugar do crime seria o da ação ou da omissão, ainda que seja outro o da 
ocorrência do resultado. 
1)
Teoria do resultado: o lugar do crime será, tão somente, aquele em que ocorrer o resultado. 2)
Teoria mista/eclética/da ubequidade: o lugar do crime será o da ação ou da omissão, bem como 
onde se produziu ou deveria ser produzido o resultado. Teoria adotada pelo CP. 
3)
De acordo com o CP o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contagem de prazo
Aplicação da lei penal
 
@aryana.rotondano
Busca definir qual o âmbito territorial da lei penal brasileira. 
No Brasil, foi adotado o princípio da territorialidade temperada. Dessa forma, o ordenamento penal 
brasileiro é aplicável aos crimes cometidos no território nacional, de modo que ninguém, residente ou em 
trânsito pelo Brasil, poderá subtrair-se à lei penal brasileira por fatos criminosos aqui praticados, salvo 
quando normas de direito internacional dispuserem em sentido contrário. 
Observação
Território nacional é a área que compreende todo o espaço, terrestre, fluvial, marítimo (12 milhas) e aéreo 
(coluna atmosférica), onde o Estado brasileiro é soberano.
Territorialidade da Lei Penal brasileira:
Art. 5o Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao 
crime cometido no território nacional.
Regra Exceções
Aplica-se a lei penal brasileira ao crime 
cometido no território nacional.
Imunidade diplomática e consular (art. 5 º convenções, 
tratados e regras de Direito Internacional)
-
Imunidades parlamentares (art. 53, e p. 3º da CF)-
Extraterritorialidade: aplicação da lei penal brasileira no 
exterior (art. 7º do CP). 
-
Extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer 
que se encontrem;
a)
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar;
b)
É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras 
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Princípio da passagem inocente
Se uma embarcação estrangeira estiver apenas passando por águas territoriais brasileiras, caso venha a 
ocorrer um crime em seu interior, sem reflexos externos, ou seja, não atingindo a paz, a segurança e a boa 
ordem brasileira, o Brasil não irá julgá-lo, com atenção ao direito de passagem inocente. 
Princípio da nacionalidade ativa
Aplica-se a lei brasileira crime cometido por brasileiro fora do Brasil, independentemente da nacionalidade 
do sujeito passivo. 
Princípio da Representação ou da Bandeira
Trata-se de um princípio subsidiário, e, quando houver deficiência legislativa ou desinteresse de quem 
deveria reprimir, aplica-se a lei do Estado em que está registrada a embarcação ou a aeronave ou cuja 
bandeira ostenta aos delitos praticados em seu interior (art. 7º, II, c, do CP).
Observação
Quando os navios/aeronaves forem estrangeiros e estiverem em território brasileiro, desde que públicos, 
não são considerados parte do território Brasileiro. 
Eficácia da lei penal no espaço
 
@aryana.rotondano
É o fenômeno pelo qual a lei penal brasileira se aplica a fatos ocorridos fora do território nacional. A 
Justiça competente para julgar será a Justiça Federal. 
Art. 7o Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
Extraterritorialidade incondicionada - para ser aplicada, a lei brasileira não precisa do preenchimento 
de nenhum requisito. 
I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo 
Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
Extraterritorialidade condicionada: depende do preenchimento dos requisitos do parágrafo 2º.
II – os crimes 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando 
em territórioestrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1o Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado 
no estrangeiro. 
Requisitos da extraterritorialidade condicionada: 
§ 2o Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável. 
§ 3o A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, 
se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Extraterritorialidade
 
@aryana.rotondano
Infração penal
É a conduta, em regra, praticada por pessoa humana, que ofende um bem jurídico penalmente 
tutelado, para o qual a lei estabelece uma pena, seja ela de reclusão, detenção, prisão simples ou 
multa. 
Princípio da lesividade
Só haverá infração penal quando houver lesão ao bem jurídico. 
Infração penal
(gênero)
O crime pode ser entendido sob 3 aspectos: material, legal e analítico.
Aspecto material
Crime é toda ação humana que usa ou expõe a perigo um bem jurídico de terceiro, que, por sua 
relevância, merece a proteção penal. 
Aspecto legal/formal
crime é toda infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção. 
Aspecto analítico
Teoria quadripartida do crime: segundo essa teoria, crime é todo fato típico, ilícito, culpável e 
punível. 
a)
Teoria tripartida: é a mais adotada no Brasil. Ela entende que o crime é fato típico, ilícito e 
culpável 
b)
Teoria bipartida: o crime é fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade mero pressuposto de 
aplicação da pena. 
c)
Uma conduta pode ser materialmente crime, mas não o será se não houver previsão legal e vice 
versa. 
Observação
Bem jurídico refere-se a valores específicos aos quais a sociedade elegeu como de fundamental 
importância. Servem de base para a tipificação de tipos penais. Ex: direito à vida, direito à liberdade...
Crime
Contravenção
Conceito de 
crime 
Material Lesão ao bem jurídico
Formal
Pena de detenção
Pena de reclusão
Analítico Teoria bipartida
Teoria tripartida
Teoria quadripartida
Teoria do crime
 
@aryana.rotondano
Contravenções penais 
São infrações penais que tutelam bens jurídicos menos relevantes para a sociedade e, por isso, as penas 
previstas para as contravenções penais são mais brandas. 
Infrações penais
Contravenções Crimes
Não admitem tentativa Admitem tentativa
Não admitem extraterritorialidade Admitem extraterritorialidade
Tempo máximo de cumprimento: 5 anos Tempo máximo de cumprimento: 30 anos
Pena: prisão simples ou multa Pena: Reclusão, detenção ou multa
Aplicação da lei penal no tempo
Revogação: substituição de uma lei por outra. 
Ab-rogação: substituição total/ derrogação: substituição parcial.
Pode ser expressa (nova lei diz expressamente que revoga a anterior) ou tácita (embora não diga nada 
sobre a revogação da lei antiga, trata da mesma matéria, só que de forma diferente). 
A lei produz efeito desde sua vigência até sua revogação. 
Vacatio legis: período entre a publicação e entrada em vigor da lei. Nesse período a lei ainda não produz 
efeitos. 
Conflito de leis penais no tempo 
1.1 Lei nova incriminadora: nesse caso, a lei nova atribui caráter criminoso ao fato. Porém, a lei nova só 
produzirá efeitos a partir da sua entrada em vigor. 
1.2. Lex gravior: a lei nova não inova no que se refere à natureza criminosa do fato, mas estabelece uma 
situação mais gravosa ao réu. Assim, produzirá efeitos somente a partir de sua vigência, não alcançando 
fatos pretéritos (não retroage).
1.3. Abolitio Criminis: ocorre quando uma lei penal incriminadora vem a ser revogada por outra, que prevê 
que o fato deixa de ser considerado crime. Assim, como a lei posterior deixa de considerar o fato crime, ela 
produzirá efeitos retroativos, alcançando os fatos praticados mesmo antes de sua vigência (retroatividade 
da lei penal). 
Obs. Continuidade típico-normativa: em alguns casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo 
que previa um tipo penal, ela simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal. Nestes casos, 
não há abolitio criminis, pois a conduta continua sendo crime, ainda que por outro tipo penal. 
Obs. 2: A abolitio criminis faz cessar a pena e os efeitos penais da condenação, mas se houver obrigação de 
reparar o dano, esta permanece. 
1.4. Lex Mitior/Novatio Legis in Melius: ocorre quando uma lei posterior revoga a anterior, trazendo uma 
situação mais benéfica ao réu. Assim, a lei nova retroage, alcançando os fatos ocorridos anteriormente à 
sua vigência, ainda que já tenha a sentença transitado em julgado.
1ª Corrente: não é possível combinar as leis penais para se extrair os pontos favoráveis de cada uma 
delas, pois o juiz estaria criando uma terceira lei (LEI TERTIA), o que seria uma violação ao Princípio 
da Supremacia dos Poderes, já que não cabe ao judiciário legislar. Essa é a teoria da PONDERAÇÃO 
UNITÁRIA.
a)
2ª Corrente: é possível a combinação de 2 leis, de forma a selecionar os institutos mais favoráveis de 
cada uma, sem criar uma terceira lei. TEORIA DA PONDERAÇÃO DIFERENCIADA.
b)
1.5. Lei posterior que traz benefícios e malefícios ao réu: Logo, há de se observar duas correntes:
Teoria do crime
 
@aryana.rotondano
Sujeito ativo: qualquer pessoa física, capaz, com 18 anos completos que pratica a conduta 
criminosa.

Classificação do crime quanto ao sujeito ativo
Crime comum: o tipo penal não exige qualidade ou condição especial do agente, admite 
coautoria e participação. Ex: furto, homicídio, roubo...
a)
Crime próprio: exige qualidade ou condição especial do agente, admite coautoria e 
participação. EX: peculato, prevaricação, corrupção passiva... É uma classe que se reserva a 
uma categoria, a um grupo de pessoas. 
a)
Crime de mão própria: exige qualidade ou condição especial do agente, Não admite coautoria, 
só participação. Ex: infanticídio, falsidade ideológica, aborto, falso testemunho.
b)
Observação
O STF entende que pessoa jurídica pode ser responsabilizada por crimes, desde que ambientais. 
Sujeito passivo: titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa de outrem, ou seja, é 
a pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode ser qualquer pessoa 
jurídica ou física, ou até mesmo ente destituído de personalidade (família, coletividade).

Classificação do crime quanto ao sujeito passivo
Constante: é sempre o Estado, pois qualquer violação da lei penal viola interesse a ele 
reservado pelo ordenamento jurídico.
a)
Eventual: é o titular do bem jurídico especificamente tutelado pela lei penal. Divide-se ainda 
em:
b)
Comum: o tipo penal não exige qualidade ou condição especial do ofendido (homicídio);-
Próprio: exige qualidade ou condição especial do ofendido (infanticídio). -
Observação
Mortos e animais não podem ser sujeitos passivos de crimes, pois o morto não é titular de 
direitos e os animais não são vítimas de crimes, apenas podem figurar como objetos materiais 
do crime. 
Sujeitos do crime
 
@aryana.rotondano
Compreende 3 substratos: fato típico, ilicitude (ou antijuridicidade) e culpabilidade. Presente os 3 
requisitos, nasce a punibilidade como consequência jurídica. 
Fato típico 
O fato típico é um fato humano indesejado, consistente numa conduta causadora de um resultado com 
ajuste normal e material a um tipo. 
Requisitos do fato típico
Condutaa)
Resultadob)
Nexoc)
Tipicidade d)
Tipicidade Tipo penal 
É a operação de ajuste do fato típico a 
norma.
É modelo de condutaproibida. O tipo penal orienta a 
tipicidade.
Elementos objetivos do tipo penal 
Descritivos Normativos Científicos
Relacionados com tempo, 
lugar, modo, meio de 
execução do crime, 
descrevendo seu objeto 
material.
Demandam juízo de valor. O conceito transcende o mero 
elemento normativo, extraindo 
o seu significado da ciência 
natural. 
São elementos percebidos 
por sentidos. Ex: Matar 
alguém.
Elementos não percebidos pelos 
sentidos. Ex art 154: 
Revelar alguém, sem justa causa, 
segredo, de que tem ciência em razão 
de função, ministério, ofício ou 
profissão, e cuja revelação possa 
produzir dano a outrem.
Não demandam juízo de valor. 
Ex art 11.105/05 - utilizar 
embrião humano em desacordo 
com o que dispõe o art. 5 dessa 
lei. 
Não existe tipo penal sem elemento objetivo descritivo.
Elementos subjetivos do tipo penal
Estão relacionados com a finalidade específica que deve ou não animar o agente.
Positivos Negativos
Elementos indicando a finalidade que 
deve animar o agente. 
Elementos indicando a finalidade que não deve animar o 
agente. 
Exemplo: Oferecer droga, 
eventualmente e sem objetivo de 
lucro, a pessoa de seu relacionamento, 
para juntos a consumirem.
(elemento positivo que deve existir) 
Exemplo: Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de 
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a 
consumirem. Elemento negativo - tal finalidade não deve 
existir, pois se transformaria em tráfico de drogas. 
Conceito analítico de crime - fato típico
 
@aryana.rotondano
Conduta
Não há crime sem conduta = "nullum crimen sine conducta". 
Teorias da conduta
Teoria causalista/causal naturalista/clássica/naturalística/mecanicista: idealizada por Von Liszt, 
Beling, Radbrunch, no início do séc. XIX. Marcada pelos ideais positivistas. O mundo para os 
causalistas deveria ser explicada através da experimentação dos fenômenos. Trabalha o direito 
como uma ciência exata (direito observado pelos sentidos). O desejo do causalista é que o tipo penal 
seja composto somente pelos sentidos (tipo penal normal). 
a)
Tipo normal Tipo anormal
Composto somente por elementos 
descritivos
Composto de outros elementos não percebidos pelos 
sentidos. 
Para o causalista o crime é composto por fato típico, ilícito e culpável. 
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Reside a conduta Reside o dolo e a culpa.
Conceito de conduta para a teoria causalista
A conduta é um movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo exterior, 
perceptível pelos sentidos. 
De acordo com a teoria causalista, a conduta é composta de vontade, movimento corporal e 
resultado, porém a vontade não está relacionada com a finalidade do agente, elemento este 
analisado somente na culpabilidade. 
Teoria neokantista/neoclássica/causal valorativa: idealizada por Edmund Mezger, nas primeiras 
décadas do séc. XX. 
b)
Tem base causalista, mas fundamenta-se numa visão neoclássica, marcada pela superação do 
positivismo e introduz a racionalização do método. Reconhece que o direito é ciência do DEVER SER.
O crime também é tripartite para essa teoria.
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Reside a conduta Reside o dolo e culpa 
Nessa teoria já se admite juízo de valor.
Conceito de conduta para a teoria neokantista 
A conduta é o comportamento humano voluntário causador de um resultado. 
A teoria neokantista depende muito dos sentidos para interpretar o comportamento. Ela admite que 
o tipo penal tenha elementos normativos do tipo. 
Teoria causalista Teoria neokantista
O delito estrutura-se sobre movimento 
corporal que produz modificação no 
mundo exterior perceptível pelos 
sentidos.
Questiona se é possível apreciar toda a realidade com a 
ajuda do método das ciências naturais
Trabalha com métodos similares aos das 
ciências exatas.
As ciências naturais explicam parcialmente a realidade 
(só os fenômenos que se repetem). Não explicam os 
fenômenos individuais (explicados pela ciência da 
cultura - Direito). 
Conduta = movimento
Não explica crimes omissivos
Conduta = comportamento. Abrange crimes omissivos. 
Fato típico - conduta
 
@aryana.rotondano
Teoria finalista: criada por Hans Welzel, em meados do séc. XX. Percebe que o dolo e a culpa 
estavam inseridos no substrato errado (não devem integrar a culpabilidade). 
c)
Também adota a teoria tripartite do Crime.
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Reside a conduta, o dolo e a culpa.
Assim, o fato típico passa a ter duas dimensões:
Dimensão objetiva Dimensão subjetiva
Conduta;
Resultado;
Nexo;
Tipicidade.
Dolo; Culpa
Conceito de conduta para a teoria finalista 
A conduta é um comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim (toda 
conduta é orientada por um querer).
O causalista é "cego"
Já o finalista é "evidente"
Teoria causalista Teoria neokantista Teoria finalista
Dolo e culpa analisados como 
espécies de culpabilidade
Dolo e culpa analisados como 
elementos da culpabilidade
Migra o dolo e a culpa 
para o fato típico. 
Ato de vontade sem conteúdo Ato de vontade sem conteúdo Ato de vontade com 
conteúdo
Observação
Teoria Finalista Bipartite = foi criada no Brasil. É diferente da teoria finalista (nasceu na 
Alemanha). De acordo com essa teoria, o crime existe apenas com o fato típico + ilicitude. Aqui, 
a culpabilidade não integra o crime, sendo tratada como juízo de censura, mero pressuposto de 
aplicação da pena. 
A maioria das bancas de concursos do Brasil entende que a culpabilidade é o 3º substrato do 
crime (teoria tripartite), com exceção do Estado de São Paulo (teoria bipartite)!
Teoria social da Ação: desenvolvida por Wessels, tendo como principal adepto Jescheck. Ela 
vem pra acrescentar um nova dimensão as teorias causalista e finalista: a relevância social. Ela 
também admite o conceito de crime como tripartite. 
d)
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Reside a conduta.
Obs: dolo e culpa
Dolo e culpa devem ser analisados 
na culpabilidade (dentro de um juízo 
de censura).
Conceito de conduta para a teoria social da ação
Para essa teoria, a conduta é um comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a 
um fim, socialmente reprovável. 
Fato típico - conduta
 
@aryana.rotondano
Teoria causalista Neokantista Finalista Social da ação
Adota a teoria 
tripartite (analisa o 
dolo e a culpa na 
culpabilidade)
Adota a teoria 
tripartite (analisa o 
dolo e a culpa na 
culpabilidade)
Adota a teoria 
tripartite, mas o 
dolo e a culpa 
estão no fato típico
Teoria tripartite. O dolo e a 
culpa estão no fato típico, 
mas voltam a ser analisados 
no juízo de censura 
(culpabilidade). 
Teorias funcionalistas: ganham força a partir de 1970, na Alemanha. Percebe que o Direito 
Penal tem uma missão e que seus institutos devem ser compreendidos de acordo com essa 
missão. A conduta deve ser compreendida de acordo com a missão conferida ao Direito Penal. 
e)
Teoria funcionalista teleológica (roxin) Teoria funcionalista sistémica (jakobs)
Proteção de bens jurídicos. Proteção do sistema. 
O conceito de conduta toma como base a 
proteção de bens jurídicos.
O conceito de conduta toma por base a 
proteção do sistema. 
Funcionalismo teleológico/dualista/moderado da política criminal
Para Roxin, o crime é tripartite e o dolo e culpa são analisados no fato típico. 
Conduta: comportamento humano voluntário causador de relevante e intolerável lesão ou 
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Funcionalismo sistémico/monista/radical (Jakobs):
Crime é tripartite. Analisa o dolo e a culpa no fato típico. 
Conduta: comportamento humano voluntário causador de um resultado violador do sistema, 
frustrando as expectativas normativas. 
As premissas sobre as quais se funda o Funcionalismo Sistêmico deram ensejo à exumação da 
TEORIA DO DIREITO PENAL DO INIMIGO, representando a construção de um sistema próprio 
para o tratamento do indivíduo infiel a sistema. 
Direito penal do inimigo/direito penal bélico:
Pensadores: Protágoras, São Tomás de Aquino, Kant, Locke, Hobbes.Jakobs exumou o Direito Penal do inimigo (e não o inventou), inspirando-se nestes 
pensadores. 
Jakobs fomenta o Direito Penal do inimigo para o terrorista, traficante de drogas, de armas e 
de seres humanos e para os membros de organizações criminosas transnacionais. 
O autor de determinados crimes não deve ser considerado cidadão, mas coo um "cancro 
societário", que deve ser extirpado. 
Características: 
1 - Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios;
2 - Condutas descritas em tipos de mera conduta e de perigo abstrato;
3 - Descrição vaga dos crimes e das penas;
4 - Preponderância do Direito Penal do Autor.
5 - Surgimento das "leis de luta e de combate": leis de ocasião;
6 - Endurecimento da execução penal;
7 - Restrição das garantias penais e processuais; Direito Penal de 3ª velocidade.
O Código Penal adota a teoria finalista. 
O código penal militar adota a teoria causalista. 
A doutrina moderna tem trabalhado cada vez mais com o funcionalismo.
Fato típico - conduta
 
@aryana.rotondano
Comportamento voluntário (dirigido a um fim): presente na conduta dolosa (lesão/perigo de 
lesão a um bem jurídico tutelado) e culposa (prática de um ato cujo resultado previsível seja 
capaz de causar lesão ou perigo ao bem jurídico tutelado).
1)
Exteriorização da vontade: aparece por meio de uma ação ou omissão.2)
Causas de exclusão da conduta 
Caso fortuito ou força maior: fatos imprevisíveis/inevitáveis.1)
Força maior: fato de natureza ocasionando o acontecimento (ex: raio que provoca incêndio);
Caso fortuito: o evento tem origem em causa desconhecida (ex: cabo elétrico que sem motivo 
aparente se rompe provocando incêndio).
Involuntariedade: ausência de capacidade de dirigir a conduta de acordo com uma finalidade. 2)
Estado de inconsciência completa: sonambulismo, hipnose... Embriaguez acidental completa não 
entra aqui, e sim na culpabilidade!
a)
Movimento reflexo: sintoma de reação automática do organismo. Há um estímulo externo, logo, 
desprovido de vontade. 
b)
Movimentos reflexos Ações em curto circuito
Impulso completamente fisiológico; 
desprovido de vontade. Não há 
conduta. Ex: susto.
Movimento relâmpago provocado pela excitação, 
acompanhado de vontade. Possui conduta. Ex: 
excitação de torcida organizada. 
Coação física irresistível: o coagido é impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo 
com a sua vontade. Ele não tem conduta, mas é coagido. A coação moral irresistível não exclui 
conduta, mas a culpabilidade (hipótese de inexigibilidade de conduta diversa)
3)
Características da conduta 
 
@aryana.rotondano
Crime doloso (art. 18) 
Dolo: vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta descrita no tipo penal.
Dolo = vontade + consciência 
Elementos do dolo:
1 -elemento volitivo: vontade de praticar conduta descrita na norma;
2 - elemento intelectivo: consciência de conduta e do resultado.
A liberdade ou não da vontade não interfere no dolo e sim na culpabilidade.
Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal;1)
Teoria da representação: fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado 
como possível e, ainda assim, decidir prosseguir com a conduta.
2)
OBSERVAÇÃO: fica abrangido no conceito de dolo também o conceito de culpa consciente; 
Teoria do consentimento/assentimento: fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do 
resultado como possível e, ainda assim, prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir 
o evento. Permite excluir o conceito de dolo a culpa consciente.
3)
Teoria do dolo
Teorias adotadas pelo Brasil
Considera-se o crime doloso Dolo Teoria
Quando o agente quis o resultado Direto Teoria da vontade
Quando o agente assumiu o risco de produzir o resultado Eventual Teoria do consentimento
Espécies de conduta
 
@aryana.rotondano
Dolo normativo/híbrido: Adotado pela teoria neoclássica/neokantista. Esse dolo integra a 
culpabilidade, trazendo, a par dos elementos consciência e vontade, também a consciência atual da 
ilicitude, elemento normativo que o diferencia do dolo natural.
1)
Dolo normativo Dolo natural
Adotado pela teoria clássica/causal e pela neokantista Adotado pela teoria finalista.
Integra a culpabilidade Integra o fato típico
Consciência (sabe o que faz);a)
Vontade (querer ou aceitar);b)
Consciência atual de ilicitude (sabe da ilicitude 
do seu comportamento).
c)
Tem 3 elementos:
consciência (sabe o que faz);a)
Vontade (querer ou aceitar).b)
Tem 2 elementos: 
A consciência da ilicitude é questão 
afeta a culpabilidade.
Dolo natural/neutro: é o dolo componente da conduta, adotado pela teoria finalista. O dolo 
pressupõe apenas consciência e vontade.
2)
Dolo direto/determinado/imediato/incondicionado: configura-se quando o agente prevê um 
resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizar esse evento.
3)
Dolo indeterminado/indireto: o agente, com sua conduta não busca resultado certo e determinado. 4)
4.1. Dolo alternativo: o agente prevê pluralidade de resultado, dirigindo sua conduta para realizar 
qualquer deles. Tem a mesma intensidade de vontade de realizar os resultados previstos. 
Dolo alternativo objetivo: quando a vontade indeterminada da estiver relacionada com o resultado 
em face da mesma vítima. (atirar para ferir ou matar).
a)
Dolo alternativo subjetivo: quando a vontade indeterminada envolve as vítimas de um mesmo 
resultado. (atirar contra grupo de pessoas para matar qualquer delas) 
b)
4.2. Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta para realizar um 
deles, assumindo o risco de realizar o outro. A intensidade da vontade em relação aos resultados 
previsto é diferente. Ex: ele quer ferir, mas aceita matar. 
Dolo cumulativo: o agente pretende alcançar 2 resultados em sequência. 5)
Observação: hipótese de progressão criminosa.
O agente, depois de ferir a vítima, decide provocar a sua morte. 
Dolo de dano: a vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: crime de 
homicídio.
6)
Dolo de perigo: o agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado. Ex: art.132 
perigo para a vida ou a saúde de outrem.
7)
Dolo genérico: o agente atua com a vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem um 
fim específico. 
8)
Dolo específico: o agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal com um fim 
específico. Ex: art. 299 "...com o fim de..."
9)
Observação
dolo genérico = Dolo
Dolo específico = Elemento subjetivo do tipo
Espécies de dolo
 
@aryana.rotondano
Dolo antecedente 13)
Dolo concomitante
Dolo subsequente
Dolo antecedente Dolo concomitante Dolo subsequente
Dolo é anterior a 
conduta
Dolo é simultâneo a conduta O dolo é posterior a 
conduta
Indiferente penal Tem que ser sempre durante a 
conduta!
Indiferente penal
Dolo de propósito: a vontade é refletida, pensada. É a premeditação. Não necessariamente 
agrava/qualifica o crime.
14)
Dolo de ímpeto: caracterizado por ser repentino, sem intervalo entre a fase da cogitação e da 
execução. Está presente nas ações de curto circuito. 
15)
Dolo abandonado: nas situações de desistência voluntária e arrependimento eficaz, em que o 
agente, afastando-se de seu propósito inicial, desiste de prosseguir na execução de 
determinado delito ou atua para impedir que o resultado se concretize. 
16)
Dolo geral/erro sucessivo: 10)
Dolo de 1º grau = é o dolo direto.11)
Dolo de 2º grau = é também espécie de dolo direto. A vontade do agente de dirige aos meios 
utilizados para alcançar determinado resultado. Abrange os efeitos colaterais do crime, de 
verificação praticamente certa.
12)
O agente não persegue imediatamente os efeitos colaterais, mas tem por certa sua ocorrência 
caso se concretize o resultado pretendido. Exemplo: 
Dolo de 1º grau Dolo de 2º grau
Corresponde aos resultados que o 
agente persegue imediatamente
Abrange as consequências necessárias, mesmo que não 
perseguidaspelo agente, porém sabidamente inevitáveis.
Ex: quero matar meu desafeto, passageiro de um avião, para tanto, coloco uma bomba no avião. 
1 - dolo de 1º grau: morte do desafeto;
2 - dolo de 2º grau: morte dos demais passageiros do avião.
Dolo de 2º grau Dolo eventual
Espécie de dolo direto Espécie de dolo indireto
O resultado paralelo é certo e inevitável Resultado paralelo e incerto
Consequências necessárias Resultado eventual
Espécies de dolo
 
@aryana.rotondano
Art. 18 Crime culposo:
Quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente, 
mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que 
poderia ser evitado se empregasse a cautela necessária.
Elementos do crime culposo
1 - Conduta humana voluntária: ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer, causando um 
resultado involuntário. 
Dolo Culpa
Conduta voluntária + resultado voluntário Conduta voluntária + resultado involuntário
2 - Violação de um dever de cuidado objetivo: o agente, na culpa, viola seu dever de diligência (regra 
básica para o convívio social). O comportamento do agente não atende o que é esperado pela lei e 
pela sociedade. 
Como apurar se houve ou não infração do dever de diligência? Deve ser apurada a diligência que seria 
empregada pelo homem médio. 
Formas de violação do dever de diligência: 
Imprudência: precipitação, afoiteza. Se manifesta concomitantemente à conduta (está presente 
no decorrer da conduta, que culmina no resultado involuntário). 
a)
Ex: conduzir veículo em alta velocidade num dia de chuva. 
Negligência: ausência de precaução. Revela-se a negligência antes de se iniciar a conduta. Ex: 
conduzir veículo com pneus gastos.
b)
Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício da arte ou profissão. Ex: condutor troca o 
pedal do freio pelo acelerador.
c)
Observação
Na denúncia o MP deve apontar a forma de violação do dever de diligência, descrevendo no que 
consiste. Se o MP denuncia por imprudência, quando na verdade comprova-se a culpa decorrente de 
negligência, o juiz deve enviar os autos para o MP aditar a inicial, para não violar o princípio da ampla 
defesa . 
3 - Resultado naturalístico involuntário: em regra, o crime é material (exige modificação no mundo 
exterior). Em regra, todo crime culposo é material! Excepcionalmente, temos casos de crimes culposos 
formais ou de mera conduta. 
Ex de crime culposo não material: prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas 
necessite o paciente.
4 - Nexo entre a conduta e resultado;
5 - Resultado involuntário previsível: possibilidade de prever o perigo advindo da conduta. É diferente 
de previsão. Na previsão, o perigo é conhecido. Nesse caso, basta apenas a possibilidade do perigo. 
Ainda que previsto, o perigo não se descarta a culpa, desde que o agente puder evitar o resultado 
(culpa consciente). 
6 - Tipicidade: se o tipo penal quer punir a forma culposa, deve ser expresso. No silêncio, o tipo penal 
só é punido a título de dolo. Princípio da excepcionalidade do crime culposo. 
Crime culposo
 
@aryana.rotondano
Observação
Previsibilidade subjetiva: possibilidade de conhecimento do perigo, analisada sobre o prisma 
subjetivo do autor, levando em consideração os seus dotes intelectuais, sociais, culturais. 
Essa previsibilidade não é elemento da culpa mas deve ser analisada na culpabilidade.
Espécies de culpa
1 - Culpa consciente (com previsão/"ex lascivia"): o agente prevê o resultado, mas espera que ele 
não ocorra, supondo poder evitá-lo com suas habilidades ou com a sorte. 
Observação
Aqui mais do que a previsibilidade o agente tem previsão. 
2 - Culpa inconsciente (sem previsão/"ex ignorantia"): o agente não prevê o resultado que, 
entretanto, era previsível 
Observação
Não há previsão, mas previsibilidade.
3 - Culpa própria (propriamente dita) 
O agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por 
imprudência, negligência ou imperícia.
Observação
culpa própria Culpa consciente
(gênero)
Culpa inconsciente {
4 - Culpa imprópria (por equiparação/assimilação/extensão): é aquela em que o agente, por erro 
evitável, imagina certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude (descriminante putativa). 
Provoca intencionalmente determinado resultado típico, mas responde por culpa, por razões de política 
criminal. É a única culpa que admite tentativa!
Observação
A estrutura do crime é dolosa, mas o agente responde por culpa por razões de política criminal. 
culpa imprópria = conduta voluntária + resultado voluntário
5 - Culpa presumida ("in re ipsa"): Modalidade de culpa admitida pela legislação penal anterior ao 
Código de 1940, consistente na simples inobservância de uma disposição regulamentar. 
Observação 
Hoje não se presume culpa, devendo ser demonstrada. 
Crime culposo
 
@aryana.rotondano
Exclusão de culpa
Caso fortuito e força maior: se inserem entre os fatos imprevisíveis, que não se submetem à vontade de 
ninguém. Logo, resultado daí advindo não pode fundamentar a punição por culpa.
a)
Princípio da confiança: o dever objetivo de cuidado se estabelece sobre todos os indivíduos, e por isso, 
pode-se confiar que todos procedam de forma a permitir a pacífica convivência em sociedade. Dessa 
forma, se alguém age nos limites do dever de cuidado, confiando que os demais procedam da mesma 
forma, não responde por eventual resultado lesivo involuntário em que se veja envolvido. Ex: motorista 
que dirige seu veículo com atenção, em velocidade compatível, confia que o pedestre também será 
diligente. 
b)
Risco tolerado: o comportamento humano, no geral, atrai certa carga de risco que, se não tolerada, 
impossibilitaria a prática de atividades cotidianas básicas e tornaria proibitivo o desenvolvimento pessoal 
e o progresso científico e tecnológico. Quanto mais essenciais forem determinados comportamentos, 
maior deverá ser a tolerância em relação aos riscos que trazem às relações humanas, afastando-se, 
consequentemente, qualquer reprovação que pudesse limitar a sua adoção. 
c)
Exemplo: médio que realiza procedimento experimental em paciente com doença grave. 
Resumo
Consciência Vontade
Dolo direto Prevê o resultado Quer o resultado
Dolo eventual Prevê o resultado Aceita o resultado
Culpa consciente Prevê o resultado Não quer e não aceita o resultado
Culpa inconsciente Não prevê o resultado, mas era previsível Não quer e não aceita o resultado
Crime culposo
 
@aryana.rotondano
É uma espécie de crime agravado pelo resultado; 
Crime doloso agravado/qualificado pela culpa. Ex: lesão corporal seguida de morte.
O agente pratica delito distinto do que havia projetado cometer, advindo da conduta dolosa resultado 
culposo mais grave do que o projetado. 
Observação 
É figura híbrida, pois é um concurso de dolo e culpa. 
Dolo no antecedente - culpa no consequente
Elementos do crime preterdoloso
Conduta dolosa visando determinado resultado;a)
Provocação de resultado culposo mais grave que o desejado;b)
Nexo causal entre conduta e resultado;c)
Tipicidade: não se pune crime preterdoloso sem previsão legal. d)
Observação
O resultado deve ser culposo - se fruto de caso fortuito ou força maior, não pode ser imputado ao 
agente (sob pena de responsabilidade objetiva). 
Crime preterdoloso
 
@aryana.rotondano
Conceito
É a falsa percepção de realidade. Cuida-se de ignorância ou erro que recai sobre as elementares, 
circunstâncias ou qualquer dado agregado ao tipo penal.
Ex: fulano se apodera de material na rua, imaginando tratar-se de coisa abandonada. Na verdade, o 
material era de Beltrano, que reformava sua casa.
Observação
Fulano não sabia que subtraia coisa alheia. 
Erro de tipo Erro de proibição
Falsa percepção da realidade O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre a 
regra de conduta 
Oagente não sabe o que faz O agente sabe o que faz mas ignora ser proibido.
Ex: fulano sai de uma festa com 
guarda-chuva pensando que é seu, mas 
logo percebe que era de outra pessoa
"achado não é roubado"
Espécies
Erro de tipo essencial: O agente ignora ou erra sobre elemento constitutivo do tipo legal. 1)
Recai sobre os dados principais do tipo.
Se avisado do erro, o agente para de agir criminosamente. 
Previsão legal: art. 20 "caput" C.P.
EX: caçador atira contra um arbusto pensando que lá se esconde um veado. Ao se aproximar, 
percebe que matou alguém. 
Consequências: dependerão da espécie do erro de tipo essencial. 
Pode ser inevitável e evitável.
Erro inevitável Erro evitável
Exclui o dolo;
Não há consciência.
Exclui o dolo;
Não há consciência.
Exclui culpa;
Não há previsibilidade do resultado.
Pune-se a culpa, desde que prevista em lei. 
Existe previsibilidade do resultado
Erro de tipo acidental: recai sobre os dados secundários/periféricos do tipo. Divide-se em: 2)
Quando avisado do erro, o agente corrige os caminhos ou sentido da conduta para continuar 
a agir de forma ilícita.
Erro de tipo acidental sobre o objeto: não tem previsão legal. O agente se confunde quanto ao 
objeto material (coisa) por ele visado, atingindo objeto diverso. 
▪
Ex: fulano, querendo subtrair relógio de ouro, por erro, acaba furtando um relógio dourado. 
Consequências: não exclui o dolo, não exclui a culpa e não isenta o agente de pena! O agente 
responde pelo delito levando-se em conta o objeto material efetivamente atingido (teoria da 
concretização). 
Observação
Somente haverá esta espécie de erro se a confusão de objetos materiais não interferir na 
essência do crime. Caso contrário, deve ser tratado como erro de tipo essencial. 
Erro de tipo
 
@aryana.rotondano
Erro de tipo acidental sobre a pessoa: previsão legal - art. 20 parágrafo 3º, CP. Aqui existe equivocada 
representação do objeto material (pessoa visada) pelo agente. Em decorrência do erro, o agente acaba 
atingindo pessoa diversa.
▪
Vítima virtual = pretendida
Vítima real = atingida
Não há erro na execução, mas de representação. O agente confunde as vítimas. 
Exemplo: fulano quer matar seu pai (vítima virtual), porém, representando equivocadamente a pessoa que 
entra na casa, acaba matando seu tio (vítima real). 
Consequências: não exclui o dolo, não isenta de pena, o atirador responde pelo crime levando-se em conta as 
qualidades da vítima pretendida (vítima virtual). 
(teoria da equivalência)
Erro de tipo acidental na execução ("aberratio ictus"): é o mais cobrado em concursos. Previsão legal: art. 73, 
CP. Por acidente ou por erro no uso dos meios da execução, o agente acaba atingindo pessoa diversa da 
pretendida. 
▪
Ex: fulano mira seu pai, mas por falta de habilidade no manuseio da arma, acaba atingindo um vizinho que 
passava do outro lado da rua. 
Aberratio ictus com resultado único: o agente atinge somente a pessoa diversa da pretendida. Aqui o 
agente será punido considerando-se as qualidades da vítima virtual (teoria da equivalência)
a)
Aberratio ictus com resultado duplo (ou unidade complexa): o agente atinge também a vítima 
pretendida. Responde pelos crimes, aplicando-se a regra do concurso formal. 
b)
Observações
Erro na execução coisa x coisa = trata-se de erro sobre o objeto.
Só aplica-se o art. 73 quando o erro na execução envolve pessoa x pessoa.
No art. 73 a vítima foi corretamente representada, o crime que foi mal executado. 
Erro sobre a pessoa Erro na execução
Erro na representação da vítima pretendida Representa-se corretamente a vítima 
pretendida
A execução do crime é correta- não há falha operacional A execução do crime é errada
A pessoa visada não corre perigo (porque foi confundida 
com outra)
A pessoa visada corre perigo 
Nos dois casos o agente responde pelo crime, aplicando-se a teoria da equivalência.
Modalidades de erro tipo acidental na execução
Aberratio ictus por acidente Aberratio ictus por erro no uso dos meios de 
execução
Não há erro no golpe, mas desvio na execução. Existe erro no golpe. Desvio na execução em 
razão da inabilidade do agente no uso do 
instrumento.
A vítima visada pode ou não estar no local. A vítima visada está no local
Ex: "A" coloca uma bomba para explodir o carro de "B" 
ao acionar. Contudo, naquele dia, "C" quem acionou o 
carro de "B".
Ex: "A" atira pra matar "B", mas acaba 
atingindo "C" que estava ao lado de "B".
Consequências
Erro de tipo
 
@aryana.rotondano
Erro de tipo acidental com resultado diverso do pretendido (aberratio criminis/delicti): previsão legal 
art. 74 CP. 
▪
Não deixa de ser uma espécie de erro na execução. 
Por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente atinge bem jurídico distinto daquele que 
pretendia atingir.
Ex: fulano quer danificar o carro de Beltrano. Atira uma pedra contra o veículo, mas acaba atingindo o 
motorista, que vem a falecer. Fulano responde por homicídio culposo. O agente atinge bem jurídico 
distinto daquele que pretende atingir (coisa x pessoa).
Consequência: o agente responde pelo resultado produzido, isto é, diverso do pretendido, a título de 
culpa. 
Observação
A regra do art. 74 C.P. deve ser afastada quando o resultado pretendido é mais grav que o resultado 
produzido - hipótese em que o agente responde pelo resultado pretendido na forma tentada. 
Ex: fulano quer matar Beltrano. Atira uma pedra contra a cabeça de Beltrano, mas acaba atingindo o 
veículo da vítima. Responderá por homicídio tentado. 
Ao aplicar o art. 74 ao fato, ficaria impune. Sendo que ele teria que responder por dano culposo 
(crime inexistente). 
Aberratio ictus Aberratio criminis
O agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem jurídico 
(vida), mas de pessoa diversa.
O agente, em razão do erro, atinge o 
bem jurídico diverso.
O resultado pretendido (ceifar a vida) coincide com o 
resultado produzido (ceifar a vida). 
O resultado produzido é diverso do 
pretendido.
Relação pessoa x pessoa Relação coisa x pessoa
Erro de tipo acidental sobre o nexo causal: não tem previsão legal. O agente produz resultado 
desejado, mas com nexo causal diverso do pretendido. 
▪
Modalidades
1 - erro sobre o nexo causal em sentido estrito: quando o agente mediante 1 só ato, provoca o 
resultado visado, porém com outro nexo.
Ex: "A" empurra "B" de um penhasco para que morra afogado (nexo visado). "B", na queda, bate a 
cabeça numa rocha e morre em razão de traumatismo craniano (nexo real). 
2 - Dolo geral/sucessivo/"aberratio causae": o agente, mediante conduta desenvolvida em pluralidade 
de atos, provoca o resultado pretendido, porém com outro nexo. 
Ex: "A" dispara (nexo visado) contra "B" (1º ato). Imaginando que "B" está morto, joga seu corpo no 
mar (2º ato). "B" morre afogado (nexo real). 
Consequência: o agente responde pelo crime produzido, porém com qual nexo? Prevalece que o que 
deve ser levado em conta é o nexo real. 
Erro de tipo
 
@aryana.rotondano
Erro de subsunção
Não tem previsão legal. 
Não se confunde com erro de tipo pois não há falsa percepção da realidade (o agente sabe 
que falsifica cheque, por exemplo)
a)
O agente decifra equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamento. O erro recai sobre 
conceitos jurídicos. 
Não se confunde com erro de proibição, pois o agente conhece a ilicitude do seu 
comportamento (sabe que falsificar cheque é comportamento ilícito, por exemplo).
b)
Exemplos: documento público por equiparação;
Conceito de funcionário público para fins penais. 
Consequências
O agente responde pelo crime, mas pode ter sua pena atenuada. 
Erro provocado por 3º (art. 20, p. 2º CP)
No erro determinado por 3º, temos um erro induzido. É diferente de erro de tipo, em que o 
agente erra por conta própria. 
Agente provocador Agente provocado
Autor mediato Autor imediato
Ex: médico, com intenção de matar o paciente, induz a enfermeira a minstrar dose letal como 
se fosse remédio, levando a óbito o paciente. 
Consequências
Responde pelo crime o terceiroque determina o erro (no nosso exemplo, o médico responde 
por homicídio doloso na condição de autor mediato).
Erro de tipo (observações)
 
@aryana.rotondano
Crime comissivo
O direito penal protege determinados bens jurídicos proibindo condutas consideradas 
desvaliosas. 
Nada mais é do que uma conduta desvaliosa proibida pelo tipo incriminador. 
É uma ação que viola tipo proibitivo. 
Crime omissivo
O crime omissivo é a não realização de conduta valiosa a que o agente estava juridicamente 
obrigado, desde que possível. 
A omissão viola tipo mandamental. 
A norma mandamental que determina a ação valiosa pode decorrer:
Do próprio tipo penal: o tipo incriminador descreve a omissão. Crime omissivo 
puro/próprio. "deixar de..."
a)
Para a sua caracterização basta a não realização da conduta descrita no tipo. 
A norma mandamental está no próprio tipo incriminador.
EX: omissão de socorro.
De cláusula geral: o dever de agir está descrito numa norma geral. Crime omissivo 
impróprio/impuro.
b)
O dever de agir está acrescido no dever de evitar o resultado. 
Ex: art. 13, p. 2º: garantes ou garantidores; 
aquele que por lei tenha obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (pais em relação aos 
filhos).
Aqueles que, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado. Abrange 
o dever contratual (salva vidas do clube). 
Aquele que com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Ex: 
aquele que empurra na piscina alguém que não sabe nadar. Ele tem o dever de ajudá-la. 
Se ele não evitar o resultado, responde como se tivesse causado o resultado. 
Omissão própria Omissão imprópria
Dever de agir (genérico) Dever de agir para evitar o resultado (dever 
jurídico) 
O dever de agir decorre do tipo O dever de agir decorre de cláusula geral (não do 
próprio tipo incriminador)
O agente responde por crime omissivo Presente o dever jurídico de agir e evitar o 
resultado, o omitente (garante/garantidor) 
responde por crime comissivo por omissão.
Observação
Se o agente desconhece que tem o dever de agir incorrerá em erro de proibição.
Crime de conduta mista
Crime descrito no tipo penal resumindo-se numa ação seguida de uma omissão. 
Ex: apropriação de coisa achada (art. 169, p.u. II). 
"II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria (ação), total ou parcialmente, 
deixando de restituí-la (omissão) ao dono ou legítimo possuidor o de entregá-la a 
autoridade competente, dentro do prazo de quinze dias"
Crime comissivo e omissivo
 
@aryana.rotondano
Da conduta pode advir dois resultados:
Resultado naturalístico
Causa modificação no mundo exterior (perceptível pelos sentidos) provocada pelo 
comportamento do agente. 
Nem todos os crimes possuem resultado naturalístico:
Crime material: tem resultado naturalístico descrito no tipo, sendo indispensável sua 
ocorrência para a consumação;
▪
Crime formal: tem resultado naturalístico descrito no tipo, sendo indispensável sua ocorrência 
para a consumação;
▪
Crime de mera conduta: não tem resultado naturalístico descrito no tipo.▪
Resultado jurídico
Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Todos os crimes possuem resultado normativo ou jurídico; não existe crime sem lesão/perigo 
de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Classificação doutrinária do crime quanto ao resultado normativo:
Crime de dano: quando a consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico. Não é 
necessariamente material. 
▪
Crime de perigo: A consumação se contenta com a exposição do bem jurídico a uma situação 
de perigo. 
▪
Resultado
 
@aryana.rotondano
Relação de causalidade: é o vínculo entre conduta e resultado. 
É a relação de produção entre a causa eficiente e o efeito ocasionado.
Busca aferir se o resultado pode ser atribuído objetivamente ao sujeito ativo como obra de seu 
comportamento típico. 
Teoria da equivalência dos antecedentes causais/teoria da condição simples/teoria da 
condição generalizadora/teoria da conditio sine qua non:

Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Como saber se o fato foi determinante para o resultado?
Trabalha-se com outra teoria, qual seja, da Eliminação hipotética dos antecedentes causais: é o 
método empregado no campo mental da suposição ou da cogitação, através do qual causa é todo 
fato que, suprimido mentalmente, o resultado não teria ocorrido como ocorreu ou no momento em 
que ocorreu. 
Causa objetiva do resultado = teoria da causalidade simples + teoria da eliminação hipotética. 
Essa fórmula tem críticas pois leva ao regresso infinito.
Nexo causal (art. 13)
 
@aryana.rotondano
O resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de comportamentos, associação de fatores, 
entre os quais a conduta do agente aparece como seu principal (mas não único) elemento 
desencadeante). 
Fulano atira contra Beltrano que morre no hospital por erro médico. 
Disparo de arma de fogo; erro médico = pluralidade de comportamentos. 
Espécies
Concausas absolutamente independentes Concausas relativamente independentes
A causa efetiva do resultado não se 
origina do comportamento concorrente.
A causa efetiva do resultado se origina (ainda que 
indiretamente) do comportamento concorrente.
Preexistente Concomitante Superveniente
A causa efetiva antecede o 
comportamento concorrente
A causa efetiva é simultânea ao 
comportamento concorrente
A causa efetiva é posterior ao 
comportamento concorrente
Concausas absolutamente independentes: 
Concausa absolutamente independente preexistente:a)
Ex.: Fulano, às 20h, insidiosamente, serve veneno para Beltrano. 
Uma hora depois, quando o veneno começa a fazer efeito, Sicrano, inimigo de Beltrano, 
aparece e dá um tiro no desafeto. Beltrano morre no dia seguinte em razão do veneno. 
- Causa efetiva: Veneno (Fulano).
- Causa concorrente: Disparo (Sicrano).
O disparo e o veneno são comportamento concomitantes.
O autor do veneno responde por homicídio consumado. 
O resultado morte não pode ser imputado a Sicrano, que responderá por tentativa de 
homicídio. 
Concausa absolutamente independente concomitanteb)
Ex: enquanto Fulano envenenava Beltrano, surpreendentemente surge Sicrano que atira contra 
Beltrano, causando a sua morte. 
Causa efetiva: disparo (Sicrano)-
Causa concorrente: veneno (Fulano).-
O disparo e o veneno são comportamentos concomitantes.
O autor do disparo responde por homicídio consumado. 
O resultado morte não pode ser imputado a Fulano, que responderá por tentativa de 
homicídio. 
Concausas
 
@aryana.rotondano
Concausa absolutamente independente supervenientec)
Ex: Fulano ministra veneno em Beltrano. Antes do psicotrópico "fazer efeito", Beltrano, enquanto 
descansava, viu o lustre cair na sua cabeça. Beltrano morre em razão de traumatismo craniano. 
Causa efetiva: queda do lustre.-
Causa concorrente: veneno. -
A queda do lustre não se origina do veneno. A relação entre a causa efetiva e o comportamento concorrente 
é de absoluta independência. 
A queda do lustre é posterior ao veneno (SUPERVENIENTE). 
A queda do lustre é causa do resultado. 
O resultado morte não pode ser imputado a Fulano, que responderá por tentativa de homicídio. 
Observação 
Na concausa absolutamente independente (todas as modalidades), a causa concorrente deve ser punida na 
forma tentada. 
Concausa relativamente independentes
Concausa relativamente independente preexistentea)
Ex: Fulano, portador de hemofilia é vítima de um golpe de faca executado por Beltrano. O ataque para 
matar produziu lesão leve, mas em razão de doença preexistente acabou sendo suficiente para matar a 
vítima.
Causa efetiva: doença-
Causa concorrente: golpe de faca.-
A doença e a sua consequência são desdobramentos do golpe de faca. A relação entre elas é de relativa 
independência. 
A doença é preexistente. A morte tem como causa efetiva a doença. 
O resultado por ser imputado a Beltrano, que responde por homicídio consumado. Contudo, para evitar 
responsabilidade penal objetiva,o Direito Penal, em casos como a morte do hemofílico, corrige essa 
conclusão de maneira que somente seria possível imputar homicídio consumado ao agente caso ele soubesse 
da condição de saúde da vítima. Do contrário, haveria tentativa de homicídio. 
Concausa relativamente independente concomitanteB)
Ex: Fulano dispara contra Beltrano. Este, ao perceber a ação do agente tem um colapso cardíaco e morre. 
Causa efetiva: Colapso cardíaco.-
Causa concorrente: disparo dado por Fulano.-
O Colapso cardíaco se originou do disparo (relativa independência).
Comportamentos concomitantes;
Resultado morte advém do colapso. 
O resultado pode ser imputado a Fulano que responde por homicídio consumado.
Observação
Nas concausas relativamente independente superveniente aplica-se O art. 13 parágrafo 1º - Causalidade 
adequada.
Causalidade simples Causalidade adequada
Art.13 Caput: Considera-se causa a 
ação ou omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido.
ART. 13 P. 1º: A superveniência de causa absolutamente 
independente exclui a imputação quando por si só produziu o 
resultado. Os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou.
Concausas
 
@aryana.rotondano
CAUSALIDADE ADEQUADA (OU TEORIA DA CONDIÇÃO QUALIFICADA OU TEORIA DA CONDIÇÃO 
INDIVIDUALIZADORA) 

Considera-se causa a pessoa, fato ou circunstância que, além de praticar um antecedente indispensável à 
produção do resultado (que para a causalidade simples é o que basta), realize uma atividade adequada à sua 
concretização. 
Que por si só produziu o resultado Que não por si só produziu o resultado
A causa efetiva superveniente não está na linha de 
desdobramento causal normal da conduta concorrente.
A causa efetiva superveniente está na linha de 
desdobramento causal normal da conduta 
concorrente.
A causa efetiva é um evento imprevisível (sai da linha 
de normalidade).
A causa efetiva é um evento previsível (ainda que não 
previsto); não sai da linha de normalidade.
Ex: Fulano atira contra beltrano para matar. Beltrano é 
socorrido. Ao convalescer no hospital ocorre um 
incêndio (concausa relativamente independente) e 
Beltrano morre. 
Não pode imputar o resultado a Fulano, que responde 
por tentativa.
Ex: Fulano atira para matar Beltrano que é socorrido 
mas morre na cirurgia em razão de erro médico 
(concausa relativamente independente 
superveniente). Pode imputar o resultado a Fulano, a 
título de homicídio consumado. 
Concausas
 
@aryana.rotondano
Busca delimitar a imputação, sob o aspecto objetivo, evitando regresso ao infinito gerado pela teoria da 
causalidade. 
Lembrando: causalidade objetiva nasce da teoria da equivalência + teoria da eliminação hipotética = 
regresso ao infinito. 
A solução para evitar o regresso ao infinito da causalidade simples foi acrescentar ao estudo da 
causalidade o nexo normativo.
Causalidade Teoria da imputação objetiva
Existe causalidade objetiva quando presente o 
nexo físico (mera relação de causa e efeito). 
Existe o regresso ao infinito.
nexo físico;-
nexo normativo:-
Criação ou incremento de um risco proibido;a)
Realização do risco no resultado;b)
Resultado dentro do alcance do tipo. c)
A causalidade objetiva precisa analisar: 
Presente a causalidade objetiva, deve-se analisar 
dolo e culpa (evitando a responsabilidade penal 
objetiva)
Presentes os nexos físicos e normativo, deve-se 
analisar dolo e culpa. 
Requisitos do nexo normativo
Criação ou incremento de um risco proibido: entende-se por risco proibido aquele não tolerado pela 
sociedade. Ex: "A" deseja provocar a morte de "B". Então "A" aconselha "B" a fazer uma viagem para 
Flórida pois lá vários turistas têm sido assassinados. "A" planeja que "B" também tenha este destino. "B", 
que nada ouviu sobre os casos de assassinatos na Flórida, fez a viagem de férias e, de fato, é vítima de 
um delito de homicídio. 
a)
Teoria da causalidade Teoria da imputação objetiva
A conduta de "A" é causa da morte 
de "B".
Já de acordo com a teoria da imputação objetiva, a conduta 
de "A" não é causa por faltar a criação de risco, uma vez 
que, segundo a prognose póstuma objetiva, um observador 
prudente, avaliando a situação sob perspectiva ex ante, não 
teria porque considerar perigosa uma viagem para a 
Flórida.
Realização do risco no resultado: o resultado deve estar na linha de desdobramento causal normal da 
conduta. 
b)
Ex: Fulano dispara contra Beltrano visando matá-lo. Beltrano, gravemente ferido, é levado ao hospital. 
Beltrano morre em razão de erro médico.
Teoria da causalidade Teoria da imputação objetiva
Fulano é causa adequada da morte (o erro 
médico é concausa relativamente independente 
superveniente que não por si só causou o 
resultado)
Analisa se o resultado é produto 
exclusivo do erro médico ou da 
combinação do erro médico + disparo.
Fulano responde por homicídio doloso
O médico responde por homicídio culposo. 
Teoria da imputação objetiva 
 
@aryana.rotondano
Na teoria da imputação objetiva se o resultado é produto exclusivo do erro médico, só pode 
ser atribuído ao autor desse risco. 
Ex: paciente, depois de cirurgia, durante sua recuperação no hospital, por negligencia do 
médico, recebe remédio em dose excessiva, causando a sua morte. O médico responde por 
homicídio culposo e o atirador por homicídio tentado. 
Quando o resultado é produto combinado de ambos os riscos (lesões em razão do disparo e 
falha médica) então pode ser atribuído aos dois autores. 
Ex: a falha médica ocorre durante a cirurgia estancar hemorragia da vítima. Médico responde 
por homicídio culposo e o atirador por homicídio consumado.
Resultado dentro do alcance do tipo: o perigo gerado pelo comportamento do agente deve 
ser alcançado pelo tipo, modelo de conduta que não se destina a impedir todas as 
contingências do cotidiano. 
c)
Ex: Fulano atira em Beltrano para matar. A vítima é socorrida e transportada numa ambulância 
para cirurgia de emergência. No trajeto, a ambulância, em alta velocidade, colide com um 
poste, matando o paciente. 
Teoria da causalidade Teoria da imputação objetiva
Fulano é causa adequada da morte (o 
acidente é concausa relativamente 
independente superveniente que não 
por si só causou o resultado).
Fulano não é causa normativa do resultado. Não é 
objetivo do art. 121 prevenir mortes causadas por 
acidente que não estejam sob o domínio 
direto/indireto do autor do disparo. 
Fulano responde por homicídio doloso 
consumado.
Fulano responde por tentativa. 
Teoria da imputação objetiva
 
@aryana.rotondano
Causalidade nos crimes omissivos próprios1-
Ex: omissão de socorro (art. 135). Nesses casos a lei prevê e pune a inação. 
Basta o agente não agir, podendo fazê-lo sem risco pessoal. 
Não se questiona nexo de causalidade. 
Em determinados crimes omissivos próprios, é possível ligá-los a resultados naturalísticos que 
funcionam como qualificadoras. Nessas hipóteses, é indispensável comprovar a relação de 
causalidade (de não impedimento) entre a omissão e o resultado ocorrido (nexo de não 
impedimento). 
Ex: mãe deixa de alimentar filho de tenra idade, que vem a falecer. Pune-se o omitente como 
se tivesse praticado ativamente o resultado (crime comissivo por omissão). Existe resultado 
naturalístico. Nexo de não impedimento. 
2 - Causalidade nos crimes omissivos impróprios
Causalidade nos crimes omissivos 
 
@aryana.rotondano
É diferente de tipo penal. 
Tipo penal: é modelo de conduta proibida. Orienta a tipicidade. 
Tipicidade: operação de ajuste fato/tipo. 
A tipicidade é o cumprimento do próprio princípio da legalidade porque ela tem uma função de 
garantia. Somente será possível imputar uma pena como consequência jurídica de uma 
conduta criminosa caso a mesma esteja prevista na lei; destarte, a necessidade de adequação 
da conduta à lei garante a não-incriminação de todas as outras condutas que não sejam 
tipificadas. 
Tipicidade para doutrina tradicional Tipicidade para doutrina moderna
Era mera operação de ajuste.Nessa época a insignificância não 
operava na tipicidade, mas na 
ilicitude. 
Passou a analisar também a relevância de lesão/perigo 
de lesão ao bem jurídico tutelado.
A tipicidade penal = tipicidade formal + material 
(relevância de lesão/perigo de lesão ao bem jurídico 
tutelado).
O princípio da insignificância passou a operar como 
excludente extralegal da tipicidade. 
Tipicidade conglobante
Tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade conglobante.
Para Zaffaroni, tipicidade é a soma de tipicidade formal e relevância de lesão/perigo de lesão 
ao bem jurídico, causada por ato antinormativo. 
A proposta da teoria da tipicidade conglobante é harmonizar os diversos ramos do Direito, 
partindo-se da premissa de unidade do ordenamento jurídico. É uma incoerência o Direito 
Penal estabelecer proibição de comportamento determinado ou incentivado por outro ramo 
do Direito (isso é desordem jurídica). Dentro desse espírito, para se concluir pela tipicidade 
penal da conduta causadora de um resultado, é imprescindível verificar não apenas a 
subsunção formal fato/tipo e a relevância da lesão ou perigo de lesão, mas também se o 
comportamento é antinormativo, leia-se, não determinado ou incentivado por qualquer ramo 
do Direito. 
Ex.: para Zaffaroni, o oficial de justiça, no cumprimento de uma ordem, ao executar a penhora 
e o sequestro de um quadro de propriedade de um devedor, apesar de presentes a tipicidade 
formal e a tipicidade material, não pratica fato típico, pois não existe tipicidade penal. O ato do 
oficial não é antinormativo, mas normativo, determinado por lei. NÃO SE PODE ADMITIR QUE 
NA ORDEM NORMATIVA UMA NORMA (C.P.C.) ORDENE O QUE OUTRA PROÍBE (C.P.).
O estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito incentivado por lei 
deixam de excluir a ilicitude e passam a exclui a própria tipicidade. 
Tipicidade
 
@aryana.rotondano
Conceito
Conduta típica não justificada, espelhando a relação de contrariedade entre o fato típico e o 
ordenamento jurídico como um todo. 
Antijuridicidade formal x antijuridicidade material
Doutrina tradicional Doutrina moderna
Formal: conduta típica não justificada;
Material: relevância de lesão/perigo de lesão 
ao bem jurídico. Aqui o princípio da 
insignificância exclui a antijuridicidade 
material
A antijuridicidade não se divide em formal e material. É 
somente conduta típica não justificada. Aqui o principio 
da insignificancia exclui a tipicidade material.
Relação entre tipicidade e ilicitude
TEORIA DA AUTONOMIA OU DA ABSOLUTA INDEPENDÊNCIA (Von Beling 1906)a)
A tipicidade não tem qualquer relação com a ilicitude. 
Excluída a ilicitude (por ex, pela legítima defesa), o fato era permanece típico. 
TEORIA DA INDICIARIEDADE OU RATIO COGNOSCENDI (Mayer 1915). b)
A existência de fato típico gera presunção de ilicitude. 
- Relativa dependência. 
Comprovada a excludente de ilicitude , o fato permanece típico. 
Inverte-se o ônus das discriminantes, Não se aplicando o in dubio pro réu. 
É a teoria adotada pelo Brasil. O ônus da prova é da defesa.
Comprovada a causa de 
exclusão da ilicitude
Comprovado que o fato 
não ocoreu sob o manto da 
descriminante
Ficou a dúvida se o fato 
típico é ou não ilícito
Presente a fundada 
dúvida
Juiz absolve Juiz condena Já que o ônus da prova é 
da defesa, não se aplica 
o in dubio pro réu e o 
juiz condena. 
Juiz absolve. 
c) TEORIA DA ABSOLUTA DEPENDÊNCIA OU RATIO ESSENDI (Mezger 1930) 
A ilicitude é essência da tipicidade, numa relação de absoluta dependência. 
Fato típico + ilicitude = tipo total do injusto. 
TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO d)
Chega no mesmo resultado da 3ª teoria, mas por outro caminho. 
De acordo com essa teoria, o tipo penal é composto de elementos positivos (explícitos) e elementos 
negativos (implícitos), que são as causas e descriminantes. 
Ilicitude
 
@aryana.rotondano
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
Excesso punível 
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso 
ou culposo.” 
Observação
Em regra as descriminantes estão no art. 23, mas poderão estar na parte especial do CP (EX: art. 128 
cp aborto legal), na legislação extravagante (lei. 9605/98) e não previstas em lei (descriminante 
supralegal - consentimento do ofendido). 
I - Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que 
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo 
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 
um a dois terços
Se há dois bens em perigo, permite-se que seja sacrificado um deles, pois a tutela penal não 
consegue proteger ambos.
Ex: dois náufragos disputando um único colete salva-vidas. 
Fundamento jurídico: reside no conflito de interesses que tal adversidade faz nascer. Compele uma 
pessoa movida pelo instinto de conservação, a proteger seu bem jurídico violando o direito de outro. 
Requisitos 
Objetivos (art. 24):▪
1- Perigo atual: É o risco presente causado por conduta humana (ex.: carro desgovernado), por 
comportamento de animal (ex.: ataque de cachorro) ou por fato da natureza (ex.: desmoronamento).
O perigo não tem destinatário certo. 
Se o perigo for iminente (prestes a desencadear-se):
1a corrente: no silêncio, não deve ser compreendido o perigo iminente mas somente o atual. 
2a corrente: Mesmo no silêncio, deve ser compreendido o perigo iminente, não somente o atual. É o 
que prevalece.
Com decorrência do finalismo, o estado de necessidade também tem requisitos subjetivos. 
O art. 24 trás somente requisitos objetivos. 
Causas excludentes da ilicitude (descriminantes ou justificantes) -
art. 23
 
@aryana.rotondano
Quanto à EXISTÊNCIA DO PERIGO, a doutrina classifica o estado de necessidade em: 
a) Estado de necessidade real: o perigo efetivamente existe.
b) Estado de necessidade putativo: o perigo não existe, mas foi fantasiado pelo agente. Não exclui 
a ilicitude!
2 - Que a situação DE PERIGO NÃO TENHA SIDO CAUSADA VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE 
Se o agente é o causador voluntário do perigo, não pode alegar estado de necessidade. 
# O que significa ser causador voluntário do perigo? 
1ªC (prevalece): Ser causador voluntário é ser causador doloso do perigo. 
Conclusão: o agente que causa culposamente o perigo pode alegar estado de necessidade.
2ªC (Mirabete): Ser causador voluntário é ser causador doloso ou culposo do perigo. 
Conclusão: o agente que causou dolosa ou culposamente o perigo tem o dever jurídico de evitar 
o resultado, não podendo alegar estado de necessidade. 
3 - Salvar direito próprio ou alheio 
# Para alegar estado de necessidade de terceiro, é preciso da autorização do terceiro? 
1ªC: Sim, tratando-se de bem disponível, a autorização do terceiro é indispensável. 
2ªC: Não, pois a lei não exige, sendo errado o intérprete exigir autorização. 
4 - Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo 
Se o agente tem o dever legal de enfrentar o perigo, não pode alegar estado de necessidade 
enquanto o perigo comportar enfrentamento. 
Dever legal 
1ªC: Por “dever legal” entende-se apenas aquele derivado de mandamento legal (art. 13, § 2º, 
“a” CP). 
Conclusão: salva-vidas de um clube não tendo o dever legal mas contratual, pode alegar estado 
de necessidade fugindo do perigo. 
2ªC (Exposição de motivos do CP, é a corrente adotada): Por “dever legal” entende-se dever 
jurídico de agir, abrangendo todas as hipóteses do art. 13, § 2º CP (“a”, “b” e “c”). 
Conclusão: salva-vidas de um clube tendo o dever legal não pode alegar necessidade, enquanto o 
perigocomportar enfrentamento. 
5 - INEVITABILIDADE DO COMPORTAMENTO LESIVO 
O único meio para salvar direito próprio ou de terceiro é o cometimento de fato lesivo, 
sacrificando-se bem jurídico alheio (não pode ser o meio mais cômodo). 
Causas excludentes da ilicitude
 
@aryana.rotondano
Quanto ao TERCEIRO QUE SOFRE A OFENSA: 
a) Estado de necessidade defensivo: o agente diante de risco, sacrifica bem jurídico do próprio 
causador do perigo.
 b) Estado de necessidade agressivo: o agente diante de risco, sacrifica em jurídico de pessoa alheia à 
provocação do perigo. 
6- INEXIGIBILIDADE DO SACRIFÍCIO DO INTERESSE AMEAÇADO 
Trata-se do requisito da proporcionalidade. Se o bem protegido vale menos que o bem prejudicado, 
há uma desproporcionalidade. 
Teoria diferenciadora Teoria unitária
1 - Estado de necessidade justificante 
- Exclui a ilicitude 
Bem protegido vale + ou = vida/vida
Bem sacrificado vale - ou = vida/patrimônio
Estado de necessidade justificante 
-Exclui a ilicitude 
Bem protegido: vale + ou =
Bem sacrificado: vale - ou = 
2 - Estado de necessidade exculpante
-Exclui a culpabilidade
Bem protegido: vale - patrimônio
Bem sacrificado: vale + vida
E no caso do bem protegido valer menos que o bem 
sacrificado? Pode servir como diminuição da pena. 
A teoria adotada pelo CP é a unitária. 
A teoria adotada pelo CP militar é a diferenciadora.
Requisitos subjetivos 
Exigem do agente conhecimento da situação de fato justificante.
O agente deve agir com espírito de salvamento. 
Cabe estado de necessidade em delito habitual e crime permanente? 
Delito habitual: exige reiteração de atos (ex.: exercício ilegal da medicina). 
Crime permanente: consumação se prolonga no tempo (ex.: cárcere privado). 
Exigindo a lei como requisitos o perigo atual, a inevitabilidade do comportamento lesivo e a não 
razoabilidade de exigência do sacrifício do direito ameaçado, referindo-se às circunstâncias do fato, 
não se tem admitido estado de necessidade nos delitos habituais e nos crimes permanentes. 
 
Ex.1: Mãe que acorrenta filho em casa para ele não consumir drogas. 
Ex.2: Estudante de medicina que evita epidemia. 
Ambos cometem fato típico/ilícito, mas não é culpável pois deles é inexigível conduta diversa. 
Causas excludentes da ilicitude
 
@aryana.rotondano
Estado de necessidade Legítima defesa
Conflito entre vários bens jurídicos diante da 
mesma situação de perigo
Ameaça ou ataque a um bem jurídico.
Pressupõe: 
perigo atual + sem destinatário certo
Pressupõe: 
agressão humana +atual / iminente + injusta + 
com destinatário certo
Os interesses em conflito são legítimos Cabe 
estado de necessidade x estado de necessidade
Os interesses do agressor são ilegítimos. Não 
cabe legítima defesa x legítima defesa
Estado de necessidade x legítima defesa
 
@aryana.rotondano
Art. 25 -Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele 
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.” 
FUNDAMENTOS DA LEGÍTIMA DEFESA: 
a) No prisma jurídico-individual: direito que todo homem possui de defender seu bem jurídico;
b) No prisma jurídico-social: o ordenamento jurídico não deve ceder ao injusto.
REQUISITOS 
A legítima defesa depende de requisitos objetivos e um subjetivo. 
REQUISITOS OBJETIVOS (Art. 25) ▪
1- AGRESSÃO INJUSTA: Conduta humana contrária ao direito que ataca ou coloca em perigo bens 
jurídicos de alguém. 
# A agressão injusta é dolosa ou culposa? 
1ªC: a conduta humana pode ser dolosa ou culposa. É possível legítima defesa de agressão culposa 
injusta. É a que prevalece!
2ªC: a agressão, para caracterizar legítima defesa, deve ser dirigida a destinatário certo, pressupondo 
então, dolo. A agressão culposa é na verdade um perigo atual, autorização estado de necessidade. 
Observação
Agressão injusta não significa necessariamente fato típico. Ex: reagir diante de um furto de uso (fato 
atípico). 
Uma vez constatada a injusta agressão, o agredido pode rebatê-la, não se lhe exigindo a fuga do local 
(“commodus discessus” ) 
Commodus Discessus
Não é requisito da legítima defesa É requisito do estado de necessidade
Para Roxin, não se deve conceder a ninguém um direito ilimitado de legítima defesa face à agressão 
de um inimputável, de modo que a excludente não se aplica a todas as situações, mas apenas 
naquelas em que a reação, o combate mostra-se inevitável. 
Conclusão: Para Roxin, o "commodus discessus" deve ser observado nesse caso
Quanto à EXISTÊNCIA DA AGRESSÃO, a legítima defesa classifica-se em: 
a) Legítima defesa real: o ataque existe efetivamente. Exclui ilicitude.
b) Legítima defesa putativa: o ataque é fantasiado. Não exclui a ilicitude. 
Defender-se de ataque de animal é estado de necessidade ou legítima defesa? 
Ataque de animal
Ataque não provocado Ataque provocado pelo dono
Configura perigo atual 
Autoriza estado de necessidade 
se possível a fuga, a pessoa deve evitar 
abater o animal
Configura agressão injusta 
O animal é arma utilizada pelo dono 
Autoriza legítima defesa Mesmo que possível a fuga, a 
pessoa atacada pode reagir
Legítima defesa (ART. 23, II E 25)
 
@aryana.rotondano
2 - Agressão atual ou iminente: 
Atual - está ocorrendo.
Iminente - prestes a ocorrer. 
Agressão passada - a reação é vingança. 
Agressão futura - antecipação da reação é mera suposição.
Incerta: a antecipação da reação é mera suposição; fato típico, ilícito e culpável.a)
Certa: legítima defesa antecipada. Fato típico, ilícito, mas aqui a culpabilidade é excluída.b)
A agressão futura pode ser:
3 - USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS
São os meios menos lesivos à disposição do agredido no momento, porém, capaz de repelir o 
ataque com eficiência. Encontrado o meio necessário, deve ser utilizado de forma moderada.
4 - SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO
Legítima defesa própria ("in persona")
Legítima defesa de terceiro ("ex persona)
REQUSITO SUBJETIVO
O agente deve conhecer as circunstâncias da situação de fato justificante. Ele tem que agir com 
espírito de salvamento. 
Observação
Legítima defesa simultânea: pressupondo agressão injusta, não é possível duas pessoas, 
simultaneamente, uma contra a outra, agindo em legítima defesa.
Legítima defesa sucessiva: nada impede legítima defesa sucessiva, que é a reação contra o 
excesso do agredido.
Legítima defesa x legítima defesa putativa (ato injusto): é possível.
Legítima defesa putativa (ato injusto) x legítima defesa putativa (ato injusto): nenhum dos dois 
pode alegar excludente de ilicitude.
Legítima defesa de estado de necessidade: Não é possível, pois o estado de necessidade não é 
uma agressão injusta.
Legítima defesa
 
@aryana.rotondano
A presente descriminante ,diferentemente do estado de necessidade e da legítima defesa não 
tem artigo próprio anunciando seus requisitos objetivos. 
Conceito
O agente público, no desempenho de suas atividades, não raras vezes é obrigado, por lei (em 
sentido amplo), a violar um bem jurídico. Essa intervenção lesiva, dentro de limites aceitáveis, é 
justificada pelo estrito cumprimento de um dever legal.
EXEMPLOS
Ex.1: Policial que emprega violência necessária para executar prisão em flagrante de perigoso 
bandido.
Ex.2: Juiz, na sentença, emite conceito desfavorável quando se reporta ao sentenciado. 
OBS.1: Estrito cumprimento de um dever legal. Essa expressão (dever legal) deve ser tomada no 
sentido amplo, abrangendo todas as espécies normativas.
OBS.2:Francisco de Assis Toledo escreveu que a expressão abrange também os costumes. 
OBS.3: O dever legal tem que ser complementado por outra norma, que anuncie o dever. Trata-
se de DESCRIMINANTE PENAL EM BRANCO, pois o conteúdo da norma permissiva (dever 
atribuído ao agente) precisa ser complementado por outra norma jurídica. 
OBS. 4: O agente deve ter conhecimento de que está praticando a conduta em face de dever 
imposto por lei (requisito subjetivo).
OBS. 5: Para os adeptos da tipicidade conglobante, o estrito

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