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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR DE SUPORTE AO PRODUTO PARA O PROCESSO DE SERVITIZAÇÃO: UMA PERSPECTIVA DA TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS INTERFUNCIONAL NO PDP Carolline Amaral Paslauski Porto Alegre, 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR DE SUPORTE AO PRODUTO PARA O PROCESSO DE SERVITIZAÇÃO: UMA PERSPECTIVA DA TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS INTERFUNCIONAL NO PDP Carolline Amaral Paslauski Orientador: Prof. Alejandro Germán Frank, Dr. Banca Examinadora: Profa. Camila Costa Dutra, Dra. Departamento de Engenharia de Produção / UFRGS Prof. Guilherme Luz Tortorella, Dr. Departamento de Engenharia de Produção / UFSC Profa. Maria Auxiliadora C. Tinoco, Dra. Departamento de Engenharia de Produção / UFRGS Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção como requisito parcial à obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA Área de concentração: Sistemas de Qualidade Porto Alegre, 26 de fevereiro de 2016 2 Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia e aprovada em sua forma final pelo Orientador e pela Banca Examinadora designada pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. __________________________________ Prof. Alejandro Germán Frank, Dr. PPGEP / UFRGS Orientador ___________________________________ Prof. José Luis Duarte Ribeiro, Dr. Coordenador PPGEP / UFRGS Banca Examinadora: Profa. Camila Costa Dutra, Dra. Departamento de Engenharia de Produção / UFRGS Prof. Guilherme Luz Tortorella, Dr. Departamento de Engenharia de Produção / UFSC Profa. Maria Auxiliadora C. Tinoco, Dra. Departamento de Engenharia de Produção / UFRGS “Keep calm, work hard and stop mimimi.”(Author desconhecido) AGRADECIMENTOS Agradeço primeiro a meus pais que viabilizaram todas as minhas oportunidades de estudo e crescimento pessoal. A meu pai Celso que me mostrou que dedicação e profissionalismo podem te levar muito mais longe do que qualquer graduação. A minha mãe Janete que é o exemplo de mulher que eu busco todos os dias e que me provou que, ao se doar pelo grupo, você se torna um líder por reconhecimento. Agradeço da mesma forma à minha irmã Fernanda que me ensinou a assumir meus sonhos por mais difíceis que eles possam parecer, um exemplo de coragem. Agradeço ao meu noivo, Marcelo, que me incentiva e valoriza constantemente em todos os sentidos e que é o profissional dinâmico que almejo ser. Sei que fui ausente muitas vezes, mas espero que o resultado os deixe orgulhosos de suas participações. Agradeço também ao meu orientador que adotou meu trabalho e me guiou na pesquisa, sempre abrindo oportunidades que agregaram muito à minha trajetória e ao meu trabalho. Agradeço ao meu grupo de pesquisa que não mediu esforços para contribuir na minha pesquisa. Ademais, agradeço a todos os amigos e parentes que me escutaram e aconselharam. Que foram capazes, de longe ou de perto, de me consolar e me apresentar alternativas às minhas dificuldades. Por fim, minha gratidão aos professores da banca examinadora por dedicar seu tempo na leitura e aprimoramento deste trabalho. 3 CRÉDITOS O desenvolvimento desta tese foi possível graças à bolsa de mestrado outorgada à candidata pela Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação (MEC), Governo Federal do Brasil. 4 RESUMO Tradicionalmente, a integração interfuncional no processo de desenvolvimento de produtos (PDP) tem sido considerada sob a perspectiva de marketing, engenharia e manufatura. No entanto, nas últimas décadas, o PDP evoluiu buscando flexibilizar a oferta e agregar mais serviços aos produtos para maximizar o valor percebido pelo cliente, o que se denomina por Servitização. Neste contexto, a ênfase da gestão do PDP somente sob a perspectiva das três áreas acima mencionadas pode restringir os limites da contribuição deste no desenvolvimento de soluções integradas de produtos e serviços. Neste sentido, outra área da empresa que deveria ser considerada pelo fato de lidar diretamente com os problemas dos clientes é a área de suporte ao produto. Contudo, há uma carência de estudos na literatura que verifiquem a contribuição desta no PDP visando a Servitização. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar a capacidade de contribuição da área de suporte ao produto na Servitização, mediante sua integração com as demais áreas do PDP, utilizando a perspectiva da transferência de conhecimento interfuncional para entender como o conhecimento desta área complementa as demais funções envolvidas no PDP. A proposta deste trabalho é baseada em uma abordagem combinada de métodos qualitativos e quantitativos. Em termos qualitativos, são explorados os aspectos da integração mediante estudos de casos em seis empresas multinacionais em diferentes níveis do processo de Servitização. Enquanto em termos quantitativos, o trabalho apresenta uma survey com 83 empresas que operam no Brasil. Como principais resultados obtiveram-se: (i) a sistematização da literatura internacional sobre o tema de transferência de conhecimento em times multidisciplinares de PDP, (ii) a verificação do impacto positivo da integração da área de suporte ao produto e da transferência de conhecimento interfuncional na Servitização do PDP e (iii) a proposição e verificação de um modelo conceitual para Servitização do PDP suportado pela lente teórica de transferência de conhecimento interfuncional. Do ponto de vista acadêmico, contribui-se através da sistematização da teoria sobre a transferência de conhecimento interfuncional no PDP e da expansão desta em direção à tendência de Servitização. Do ponto de vista prático, este estudo apresenta uma proposta para empresas de manufatura que buscam retomar sua competitividade através da reestruturação do PDP de forma a gerar um Sistema Produto-Serviço como oferta. Palavras-chave: Servitização; Processo de Desenvolvimento de Produtos; Transferência de Conhecimento Interfuncional; Área de Suporte ao Produto. 5 ABSTRACT Traditionally, the cross-functional integration for the product development process (PDP) has been considered from the perspective of marketing, engineering and manufacturing. However, in recent decades, the PDP evolved seeking flexibility and more services adding to products to maximize the value perceived by the customer. This phenomenon is called Servitization. In this context, the PDP management emphasized only from the perspective of the three abovementioned areas can restrict the limits of this contribution to the development of integrated product and service solutions. In this sense, another area of the company that should be considered, because of dealing directly with customer issues, is the product support area. However, there is a lack of studies in the literature to verify the contribution of this area in PDP aiming at Servitization. The objective of this study is to analyze the capacity of product support area to contribute on Servitization, through its integration with other areas of the PDP, using the perspective of cross-functional knowledge transfer to understand how knowledge of this area can complement the other functions involved in the PDP. The purpose of this work is based on a combinedapproach of qualitative and quantitative methods. In qualitative terms, aspects of integration through case studies are explored in six multinational companies at different levels of the Servitization process. While in quantitative terms, the paper presents a survey of 83 companies operating in Brazil. The main results of this dissertation can be resumed as follows: (i) the systematization of the international literature on the subject of knowledge transfer in cross-functional teams of PDP, (ii) the verification of the positive impact of the integration of the product support area and of the functional knowledge transfer in the Servitization of the PDP and (iii) the proposal and verification of a conceptual model for the PDP Servitization supported by cross-functional knowledge transfer theoretical lens. From an academic point of view, this work contributes through the systematization of cross-functional knowledge transfer theory in PDP and the expansion of it towards the Servitization trend. From a practical point of view, this study presents a proposition for manufacturing companies seeking to regain its competitiveness through restructuring PDP to generate a Product-Service System offer. Keywords: Servitization; Product Development Process; Cross-functional Knowledge Transfer; Product Support Area. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10 1.1 Tema e Objetivos ........................................................................................................ 13 1.2 Justificativa do Tema e dos Objetivos ........................................................................ 13 1.3 Delineamento do Estudo ............................................................................................. 14 1.4 Delimitações do Estudo .............................................................................................. 16 1.5 Estrutura da Dissertação .............................................................................................. 17 1.6 Referências .................................................................................................................. 17 2 ARTIGO 1 – INVESTIGAÇÃO DA INTEGRAÇÃO DO CONHECIMENTO INTERFUNCIONAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ........................................................................................................................... 20 2.1 Introdução ................................................................................................................... 20 2.2 Conhecimento Multidisciplinar no PDP ..................................................................... 22 2.3 Método ........................................................................................................................ 24 2.4 Resultados e Discussões.............................................................................................. 27 2.5 Conclusões .................................................................................................................. 43 2.6 Referências .................................................................................................................. 44 3 ARTIGO 2 - THE LAST BORDER FOR SERVITIZATION .................................... 52 3.1 Introduction ................................................................................................................. 52 3.2 Conceitual Model ........................................................................................................ 53 3.3 Research method ......................................................................................................... 58 3.4 Results ......................................................................................................................... 61 3.5 Discussion ................................................................................................................... 62 3.6 Conclusions ................................................................................................................. 64 3.7 References ................................................................................................................... 65 3.8 APPENDIX A – QUESTIONNAIRE ......................................................................... 70 4 ARTIGO 3 – A CONCEPTUAL MODEL FOR THE INTEGRATION OF THE PRODUCT SUPPORT AREA IN THE PDP AIMING SERVITIZATION ................ 71 4.1 Introduction ................................................................................................................. 71 4.2 Theoretical Background .............................................................................................. 72 4.3 Methodological procedures for the empirical study ................................................... 82 4.4 Results & Discussions ................................................................................................. 85 4.5 Conclusions ................................................................................................................. 88 4.6 References ................................................................................................................... 88 7 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 92 6.1 Discussão final sobre a proposta da dissertação ......................................................... 92 6.2 Contribuições acadêmicas ........................................................................................... 93 6.3 Contribuições Práticas................................................................................................. 94 6.4 Oportunidades para Futuras Pesquisas ........................................................................ 94 6.5 Referências .................................................................................................................. 95 LISTA DEFIGURAS Figura 1 Divisão da estrutura do trabalho segundo os objetivos específicos.................. 16 Figura 2 Etapas da revisão sistemática de literatura para revisão teórica ....................... 24 Figura 3 Distribuição dos artigos por ano ....................................................................... 26 Figura 4 Critérios para classificação da amostra ............................................................ 27 Figura 5 Nomenclatura utilizada na literatura................................................................. 28 Figura 6 Sinônimos aplicados ao estudo de TC em times multidisciplinares ................. 29 Figura 7 Lentes teóricas aplicadas no estudo da TC em TM .......................................... 31 Figura 8 Áreas da empresa consideradas na literatura sobre TM e TC .......................... 35 Figura 9 Práticas de estímulo da transferência de conhecimento em times multidisciplinares de PDP ................................................................................................ 38 Figura 9 (continuação) Práticas de estímulo da transferência de conhecimento em times multidisciplinares de PDP ................................................................................................ 39 Figura 10 Relações da TC em TM com medidas de performance .................................... 41 Figura 11 Interação entre áreas organizacionais específicas em momentos definidos do PDP e do ciclo de vida do produto ................................................................................... 42 Figura 12 Proposed conceptual model .............................................................................. 58 Figura 13 Strategical perspective in PDP cross-functional knowledge integration .......... 73 Figura 14 Procedural PDP approach for intefunctional knowledge integration ............... 75 Source: Adaptedfrom Paslauski e Frank (2015) ...................................................................... 75 Figura 15 Cross-functional knowledge integration process .............................................. 76 Source: Adapted from Paslauski e Frank (2015) ...................................................................... 76 Figura 16 PDP Servitization ............................................................................................. 77 Figura 17 Theoretical lenses on PSS development ........................................................... 78 Figura 18 PSS Development Process ................................................................................ 79 Figura 19 Conceptual model for PDP Servitization ......................................................... 81 Figura 20 Cases Overview ................................................................................................ 83 Figura 21 Available services by company ........................................................................ 86 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Distribuição dos principais periódicos sobre o tema na amostra de artigos ..... 26 Tabela 2 Demographic profile of the sample (n=83) ...................................................... 59 Tabela 3 Construct items' correlation .............................................................................. 60 Tabela 4 Results – PDP areas impact on Servitization performance .............................. 61 10 1 INTRODUÇÃO O estudo do processo de desenvolvimento de produtos (PDP) como método já foi extensivamente abordado na literatura e já é amplamente aplicado nas empresas de manufatura. No entanto, a alteração na oferta resultante deste processo a partir das dinâmicas de mercado demanda uma renovação constante das soluções empregadas no desenvolvimento de produtos. Assim, a evolução dos estudos sobre PDP tem encontrado respaldo nos diferentes momentos e enfoques teóricos pelos quais passou a área de administração de empresas para o alinhamento com as mudanças no mercado (PAULA, 2004). Inicialmente, com a saturação do mercado com bens de consumo básicos e o aumento da exigência dos consumidores (ANSOFF; MCDONNELL, 1993), as empresas foram influenciadas a desenvolver capacidades para mudar e inovar constantemente a fim de se manterem competitivas (FLEURY, 1999). Neste sentido, a estratégia das empresas consistiu na adoção do PDP como processo de negócio visando, assim, o desenvolvimento contínuo de produtos, especialmente em função da necessidade de atender a ciclos de vida dos produtos cada vez mais curtos (PAULA, 2004). Com efeito, o PDP utilizado em grandes empresas baseava-se nos métodos de Engenharia Concorrente ou Simultânea, Stage Gates, Desenvolvimento Integrado de Produtos e Product Based Business, pensados até os anos 2000 (PAULA, 2004). O desenvolvimento sistemático de produtos e a organização de times multidisciplinares para execução desta tarefa foram propostas pela Engenharia Simultânea na década de 1980 (JARVIS, 1999). A partir do início do século XX, o PDP passou a evoluir no sentido de buscar a flexibilização da oferta e a agregação de serviços para maximização do valor (VANDERMERWE; RADA, 1988). Bateman e Snell (1998) reforçaram que o objetivo do negócio se tornaria menos atrelado à venda de produtos e mais orientado ao fornecimento de serviços. Esta prática iniciou com o fornecimento de serviços de valor agregado associados ao setor de pós-venda das empresas (DAVIS et al., 2001). A Servitização como busca pela diferenciação através da agregação de serviços à oferta de produtos (VANDERMERWE; RADA, 1988) é decorrente do surgimento de uma demanda de mercado e resultado de uma estratégia orientada ao cliente. Esta oportunidade se apresentou como um desafio à estratégia das empresas orientadas à oferta de produtos que precisam desenvolver ações para a transformação da oferta em 11 um Sistema Produto-Serviço (PSS) e rever toda a operacionalização que decorre desta mudança. A Servitização mudou as dinâmicas de competição no mercado (VANDERMERWE; RADA, 1988) e os processos das empresas. Conforme demonstra a literatura aplicada ao tema, a Servitização tem enfoque no atendimento das necessidades dos clientes (SUESSE; WILKES, 2014) e exige a reestruturação de capacidades e o desenvolvimento de ações relacionadas ao aprendizado organizacional (PARIDA et al., 2014). Assim sendo, a agregação de serviços está intimamente ligada à mudança e à expansão do conhecimento organizacional (LEONI, 2015). Além disso, o PDP é reconhecido como principal fonte de conhecimento sobre produto, projeto, processo e negócio (MACHADO; TOLEDO, 2008), tornando-se, deste modo, um ativo chave da Gestão de Conhecimento (GC) organizacional. O tema da GC ganhou destaque através da crescente utilização da estratégia de Gestão Baseada em Recursos que fornece vantagem competitiva sustentável de longo prazo para as empresas (ALAVI; LEIDNER, 2001). Este processo consiste na geração, codificação, disseminação e apropriação de conhecimento pela empresa (BOFF, 2002). A fase de disseminação ou transferência do conhecimento (TC) foi destacada por diferentes autores (p. ex. DAVENPORT; PRUSAK, 1998; ALAVI; LEIDNER, 2001) ante o seu impacto na apropriação e na criação de novos conhecimentos, impulsionando o ciclo de GC. A complexidade da TC fez com esta se tornasse um processo a ser estudado por si só, que abrange as fases de geração do conhecimento na fonte, identificação, processamento, disseminação e aplicação no receptor (FRANK; RIBEIRO, 2012). Seu papel na intermediação das relações de troca, recebimento e modificação de experiências individuais entre os atores organizacionais a tornou uma ponte de integração de conhecimentos diversos (WIJK et al., 2008) aplicado ao contexto multidisciplinar do PDP. A estratégia das empresas busca a eficiência coletiva seguindo o critério de complementaridade (FLEURY, 1999) e a integração interfuncional através da transferência do conhecimento garante melhorias relacionadas à inovação e performance da firma (WANG; WANG, 2012) e do time de PDP (LIU; KELLER; SHIH, 2011). Em detalhe, a interação entre as áreas de marketing e engenharia resulta em eficiência do PDP e entre marketing e manufatura aumenta a eficácia do PDP 12 (BRETTEL et al., 2011). Ainda, um alto grau de complementaridade é identificado na interação entre engenharia e manufatura durante o PDP (LOVE; ROPER, 2009). No entanto, uma área organizacional que possui conhecimento aplicado à oferta de serviços não teve seus efeitos testados como ator do PDP. A área de suporte ao produto ainda luta para se estabelecer como uma função organizacional legítima (FAEGRI; DYBA; DINGSOYR, 2010), apesar de seu relacionamento direto com o cliente durante o uso do produto (LINDAHL et al., 2006), acesso a feedbacks sobre o produto e seu potencial como agente de integração intertemporal de conhecimento sobre o processo (AURICH; FUCHS; WAGENKNECHT, 2006). Além disso, seu conhecimento sobre a prestação de serviços serve de porta de entrada na empresa para novos conhecimentos sobre o assunto, segundo a teoria de capacidade absortiva (COHEN; LEVINTAL, 1990). A sua presença no PDP torna-se mais relevante a partir da necessidade de desenvolver produtos e serviços de forma integrada para sucesso da oferta servitizada (PARIDA et al., 2014). Por outro lado, a integração interfuncional através da TC não possui uma orientação clara na literatura. Barczak et al. (2009) constataram em seu estudo que a maioria dos integrantes dos times multidisciplinares não compreende as dificuldades das áreas que compõem o time de projeto e não as auxiliam a lidar com estas questões de forma cooperativa. Park et al. (2009), por exemplo, associam esta dificuldade a diferenças cognitivas e problemas na interpretaçãoda informação relacionados à falta de um conhecimento comum. Neste sentido, Hirunyaipada et al. (2010) sugerem a utilização de conhecimentos comuns como a percepção de mercado e a configuração dos produtos como alternativa para estimular esta integração. Portanto, ante o problema da necessidade de Servitização do PDP, propõe-se o estudo da TC entre áreas funcionais da empresa durante o desenvolvimento de produtos como lente teórica da TC para proposição de uma solução. Neste sentido, busca-se responder a questão de: Como integrar o conhecimento gerado pelas áreas participantes do PDP no desenvolvimento de soluções complementares de produtos e serviços? E, mais especificamente: Como integrar o conhecimento da área de suporte ao produto sobre serviços na complementação do conhecimento de marketing, engenharia e manufatura para Servitização do PDP? 13 1.1 TEMA E OBJETIVOS O tema principal desta pesquisa contempla a Servitização do PDP sob a lente teórica da transferência de conhecimento interfuncional. Para isso, o estudo propõe como objetivo geral a criação de um modelo conceitual de suporte à tomada de decisão para integrar a área de suporte ao produto na estrutura de PDP, utilizando como base o incentivo à TC em times multidisciplinares. Para alcançar o objetivo geral, propõem-se os seguintes objetivos específicos: a) Identificação de lacunas na literatura acerca do estudo da TC em times multidisciplinares do PDP; b) Verificar, mediante análises empíricas, a importância da área de suporte ao produto e da transferência de conhecimento interfuncional para o sucesso do PDP focado na Servitização da oferta; c) Propor e verificar um modelo conceitual, através de estudos de caso com empresas em processo de Servitização. 1.2 JUSTIFICATIVA DO TEMA E DOS OBJETIVOS A orientação estratégica para Servitização é uma necessidade para as empresas de manufatura que percebem um cenário desfavorável na competição por custos e que entendem que o conhecimento sobre produto, processo e mercado desenvolvido ao longo dos anos é seu principal diferencial (BAINES et al., 2007). No entanto, a mudança de uma cultura centrada em produtos para a orientação para serviços não é uma tarefa simples (BRAX, 2005) e a operacionalização desta estratégia ainda não é consistente. Estabelecer metas relacionadas a serviços para a área de vendas sem entender seus benefícios para os clientes (BRAX, 2005), não rever o sistema de precificação, não ajustar os indicadores de forma que favoreçam a venda de serviços e desenvolver produtos e serviços separadamente (WINDAHL; LAKEMOND, 2006) são práticas comuns nas empresas que buscam Servitização e não obtêm sucesso. Tukker (2004) e Baines et al. (2007) definem a Servitização como um processo que passa por diferentes fases que variam em termos da orientação dos serviços e da parcela de serviços e produtos na oferta. Desta forma, a Servitização do PDP deve atender diferentes composições e orientações da oferta de PSS. Complementarmente, deve 14 ocorrer de forma integrada (WINDAHL; LAKEMOND, 2006), combinando as competências da empresa (KIMITA et al., 2015). A importância do entendimento da aplicação do conhecimento gerado na área de suporte a produto durante as etapas do PDP para agregação de valor aos produtos surge na medida em que o foco estratégico das empresas se volta para a Servitização e as decisões estratégicas devem estar refletidas no nível operacional. Para viabilizar esta interação o presente estudo busca propor alternativas para a Servitização do PDP através da lente teórica da TC interfuncional. Neste contexto, a TC interfuncional no PDP fornece resultados importantes relacionados a: (i) oferta de soluções inovadoras e integradas de produtos e serviços orientadas pelas necessidades do cliente (exploration); e, (ii) retroalimentação do PDP através da TC abrangendo a área de suporte ao produto com conhecimento relacionado à utilização de produtos correntes e às lições aprendidas acumuladas ao final do PDP que geram impactos percebidos, muitas vezes, apenas pela área referida (exploitation). Os resultados oferecem destaque ao conhecimento retido na área de suporte ao produto aplicado ao PDP. Além disso, promove uma alternativa ao enfoque tradicional da inovação que busca explorar as competências de marketing, engenharia e manufatura na busca por diferenciação no desenvolvimento de produtos. Complementarmente, a literatura apresenta uma distribuição comparável de estudos a respeito da TC intra-organizacional e inter-organizacional (WIJK et al., 2008). No entanto, a opção de estudar a TC entre áreas de uma mesma empresa decorre de seu impacto na performance da empresa ser comprovadamente superior ao da TC entre empresas (WIJK et al., 2008). 1.3 DELINEAMENTO DO ESTUDO Detalham-se neste tópico os métodos de pesquisa e de trabalho aplicados na busca por atingir os objetivos gerais e específicos dentro do tema de Servitização do PDP através da TC interfuncional. 1.3.1 Método de Pesquisa O método é caracterizado como pesquisa aplicada em termos da natureza, pois busca a solução do problema específico da Servitização do PDP, buscando gerar conhecimento sobre a TC interfuncional aplicado à solução do problema. Em termos da abordagem, a 15 pesquisa é majoritariamente qualitativa, pois lida principalmente com dados oriundos de revisões da literatura e de estudos de caso. No entanto, assume características de pesquisa quantitativa ao trabalhar com dados quantitativos levantados através da aplicação de questionários e analisados estatisticamente. O objetivo geral resulta em uma pesquisa explicativa, pois objetiva o desenvolvimento de um modelo conceitual pensado a partir do conhecimento da realidade e da explicação das razões dos resultados (GIL, 2008). No entanto, é composto por uma pesquisa exploratória, através de uma revisão sistemática da literatura, e uma pesquisa descritiva, durante a aplicação de questionários e análises estatísticas (GIL, 2008). Do ponto de vista dos procedimentos, esta pesquisa explora os métodos de pesquisa bibliográfica, pesquisa experimental e estudo de caso aplicado aos objetivos específicos detalhados na Seção 1.1, respectivamente. 1.3.2 Método de Trabalho O método de trabalho segue as orientações gerais da construção de teoria (theory building) de Van de Ven (2007), com o objetivo de gerar modelos conceituais a partir da combinação de teoria e prática, o que a torna extremamente relevante na área de engenharia de produção. Esta interação surge na medida em que são engajados atores com domínio do tema pela experiência buscando garantir a relevância do estudo e, pela extensiva justificativa da teoria através da abdução, dedução e indução na busca por validação da proposta (VAN DE VEN, 2007). A construção de teoria está integrada dentro de um modelo maior de pesquisa que abrange as fases de (i) definição do problema, (ii) construção de teoria, (iii) definição de um modelo explicativo e (iv) proposição de soluções a partir dos resultados encontrados (VAN DE VEN, 2007). A etapa de definição do problema foi desenvolvida ao longo desta introdução para suportar a etapa subsequente de construção de teoria, na qual está focado este trabalho. As fases subsequentes de definição de modelo e proposição de soluções não compõem este trabalho, uma vez que se optou por dar a devida atenção ao processo de construção de teoria. As três atividades centrais do processo de construção de teoria envolvem a (i) criação, (ii) elaboração e (iii) justificativa e avaliação desta (VAN DE VEN, 2007), que podem ser associadas, respectivamente aos Artigos 1, 2 e 3 desta dissertação (Figura 1). Neste sentido, o Artigo 1 parte de raciocínio de abdução para identificação de fenômenos inesperados dentro do tema de TC em times multidisciplinares (VAN DE VEN, 2007). 16 O Artigo2 surge da dedução lógica para representação da teoria através de um sistema de conceitos, construtos ou variáveis relacionadas entre si através de proposições (VAN DE VEN, 2007). Por fim, o Artigo 3 se vale do raciocínio indutivo para testar a adequação da teoria proposta à prática (VAN DE VEN, 2007). OBJETIVOS QUESTÃO DE PESQUISA REVISÃO TEÓRICA MÉTODO DE PESQUISA A R T IG O 1 Compreensão do estado da arte sobre TC em times multidisciplinares no PDP Quais as abordagens utilizadas na integração de times multidisciplinares no PDP? 1. Transferência de conhecimento em times multidisciplinares de PDP Pesquisa Teórica Qualitativa 1. Revisão Sistemática da Literatura A R T IG O 2 Investigar o papel da área de suporte ao produto e da transferência de conhecimento interfuncional no sucesso da Servitização do PDP Qual a influência da participação da área de suporte ao produto no PDP e da transferência de conhecimento interfuncional no sucesso da oferta servitizada? 1. A área de suporte ao produto e a estratégia de Servitização 2. A área de suporte ao produto e a Servitização do PDP Pesquisa Quantitativa 1. Survey com representantes de empresas nacionais com algum grau de Servitização 2. Análise de Regressão Linear A R T IG O 3 Propor um modelo conceitual para Servitização do PDP através da integração do conhecimento da área de suporte ao produto Como estimular a integração da área suporte ao produto para Servitização do PDP? 1. Transferência de conhecimento interfuncional no PDP 2. Servitização do PDP Pesquisa Qualitativa 1. Estudo multicasos Figura 1 Divisão da estrutura do trabalho segundo os objetivos específicos. 1.4 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO O conceito de Servitização abordado é oriundo do trabalho de Vandermerwe e Rada (1988) focado na agregação de valor pela adição de serviços na oferta e que foi replicado por Baines et al. (2010): “Servitization is now widely recognized as the process of creating value by adding services to products.” Assim, este estudo delimita-se ao estudo da Servitização no nível operacional, isto é, no nível do PDP. Mais especificamente, o desenvolvimento de produtos como processo organizacional contínuo. Esta abordagem se deve ao fato de o PDP ser a principal fonte de criação de conhecimento organizacional (MACHADO; TOLEDO, 2008) e por ser responsável por combinar as diferentes competências organizacionais na busca por vantagem competitiva através da elaboração de produtos e processos (CORSO, 2002). 17 Dentro da GC, a TC é a fase mais associada ao nível operacional (ALAVI; LEIDNER, 2001). Em termos da TC foi utilizada a abordagem processual que abrange as fases de geração do conhecimento na fonte, identificação, processamento, disseminação e aplicação na fonte (FRANK; RIBEIRO, 2012), por ser construída sob o ponto de vista dos atores de conhecimento (fonte e receptor). Complementarmente, o estudo se limita à TC no nível intra-organizacional, uma vez que o enfoque do trabalho é no desenvolvimento do capital organizacional aplicado à Servitização do PDP. A justificativa desta decisão se deve ao reconhecimento do risco de terceirização de atividades organizacionais chave, o que pode resultar na perda de vantagem competitiva (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2010) e na redução da performance da empresa (ZIRPOLI; BECKER, 2011). Assim sendo, este trabalho não estende seu escopo a outras formas de GC e focaliza-se apenas nos aspectos de interação entre áreas. Consequentemente, aspectos como a retenção e armazenamento de conhecimento, criação de novos conhecimentos, entre outros, não serão abordados. 1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Esta dissertação está organizada em cinco capítulos, incluindo o capítulo já apresentado. O primeiro capítulo discorreu sobre o problema de pesquisa, os objetivos e a respectivas justificativas. Além do método de trabalho, a estrutura e as delimitações do estudo. Posteriormente, nos Capítulos 2, 3 e 4, são apresentados os artigos centrais que atendem a cada um dos objetivos específicos, conforme detalhado na Figura 1. O quinto capítulo é dedicado às discussões e conclusões, focando no objetivo geral e na proposição de pesquisas futuras. 1.6 REFERÊNCIAS ALAVI, Maryam; LEIDNER, Dorothy E. Review: Knowledge management and knowledge management systems: Conceptual foundations and research issues. MIS quarterly, p. 107-136, 2001. ANSOFF, H. Igor. McDONNELL, Edward J. Implantando administração estratégica, v. 2, 1993. AURICH, Jan C.; FUCHS, Christian; WAGENKNECHT, Christian. Life cycle oriented design of technical Product-Service Systems. Journal of Cleaner Production, v. 14, n. 17, p. 1480-1494, 2006. BAINES, Tim S. et al. State-of-the-art in product-service systems. Proceedings of the Institution of Mechanical Engineers, Part B: Journal of Engineering Manufacture, v. 221, n. 10, p. 1543-1552, 2007. 18 BAINES, T. S. et al. The adoption of Servitization strategies by UK-based manufacturers. 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Image, 2012. 20 2 ARTIGO 1 – Investigação da Integração do Conhecimento Interfuncional no Processo de Desenvolvimento de Produtos Carolline Amaral Paslauski Alejandro Germán Frank Uma versão preliminar deste artigo foi apresentada em 08/09/2015 no X Congresso Brasileiro de Desenvolvimento de Produtos. Resumo Apesar da vasta bibliografia sobre integração de times multidisciplinares envolvidos no processo de desenvolvimento de produto (PDP), a abordagem sob diferentes perspectivas e por autores de áreas diversas gera um corpo de estudo bastante fragmentado e pouco conclusivo. Dificulta-se assim, o mapeamento das abordagens utilizadas, a explicitação de técnicas estabelecidas e a identificação de tendências sobre o tema. Portanto, este trabalho tem como objetivo identificar, compilar e apresentar sob novas chaves de leitura o tema da integração de times multidisciplinares envolvidos no PDP. Para tanto, utiliza-se como principal perspectiva de análise a lente teórica da transferência de conhecimentos (TC) entre esses times e, como método de pesquisa, a revisão sistemática da literatura onde foram identificados 86 artigos de 45 periódicos relacionados ao assunto e que abordam especificamente o tema proposto. Os resultados apontam a existência de lacunas provenientes dos novos direcionamentos de PDP como, por exemplo, a nova abordagem de Servitização. Além de destacar a relação do tema com a pesquisa sobre estratégia organizacional e inovação. Palavras-chave: Processo de Desenvolvimento de Produtos; Times Multidisciplinares; Transferência de Conhecimento. 2.1 INTRODUÇÃO A estruturação do processo de desenvolvimento de produtos (PDP) como processo de negócio surgiu em resposta ao aumento do dinamismo do mercado resultante da redução do ciclo de vida dos produtos (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Assim, as empresas passaram a implementar a abordagem de desenvolvimento contínuo de produtos que vem evoluindo na busca de eficiência e flexibilidade através da combinação de capacidades diversas (ROTHWELL, 1994). O trabalho em times multidisciplinares surgiu como um diferencial japonês na década de 1980 e é característica marcante da engenharia simultânea, servindo de inspiração para as teorias de desenvolvimento de produtos subsequentes (ROTWELL, 1994). Na mesma linha, a metodologia proposta por Baxter (1995) foi relevante ao abordar o PDP de mais de um ponto de vista, incluindo, além de marketing e engenharia, as áreas de vendas, manufatura e a interação direta com os usuários durante o desenvolvimento. A partir de então, o PDP em organizações bem estruturadas ocorre em times 21 multidisciplinares que conduzem atividades simultâneas e complementares (BAXTER, 1995). As empresas consideradas referência são as que melhor desenvolvem seus times de projeto ao utilizarem processos organizacionais focados em ampliar a efetividade do time e a cooperação interfuncional (BARCZAK et al., 2009). No entanto, diferenças cognitivas e barreiras para interpretação da informação relacionadas à falta de um conhecimento comum tornam complexa a tarefa de transferir conhecimento entre membros de times com expertises diferentes e de incorporá-lo no PDP (PARK et al., 2009). Por ser um processo intensivo na criação de conhecimento (LIN et al., 2013), diversos autores têm abordado a complexidade da transferência de conhecimento (TC) em times de PDP sob lentes teóricas diversas (ex. MOHAMMED; DUMVILLE, 2001; HIRUNYAWIPADA; BEYERLEIN; BLANKSON, 2010; NAKATA; IM, 2010; STOCK et al., 2014). Contudo, a abordagem sob diferentes perspectivas e por autores de áreas diversas gera um corpo de estudo fragmentado que não aponta uma direção comum e amplamente difundida para o problema da TC em times multidisciplinares do PDP. Assim, torna-se necessária uma compreensão integrada sobre o estado da arte e as lacunas de pesquisa neste contexto. Para tanto, é proposta a seguinte questão de pesquisa: Quais as abordagens utilizadas para análise da integração do conhecimento interfuncional no processo de desenvolvimento de produtos? Por abordagens se entende: (i) as principais terminologias e conceitos relacionados, (ii) as linhas de pesquisa desenvolvidas e lentes teóricas aplicadas na busca de soluções, (iii) as áreas da empresa utilizadas como referência na análise e (iv) as práticas verificadas para estímulo da (TC) em times multidisciplinares de PDP. Assim, o objetivo deste artigo é realizar uma análise sistemática da literatura sobre a organização de times multidisciplinares no PDP sob a lente teórica da TC. O trabalho apresenta um cenário sistematizado e conclusivo sobre as práticas aplicadas na TC em times multidisciplinares de PDP e seu contexto de aplicação, orientando a evolução científicado tema e provendo conhecimento de suporte à tomada de decisão para gestores. Os resultados apontam a existência de lacunas relacionadas ao tema provenientes das novas tendências de PDP como, por exemplo, a nova abordagem de Servitização. 22 2.2 CONHECIMENTO MULTIDISCIPLINAR NO PDP A evolução do desenvolvimento de produtos tem respaldo nos diferentes momentos e enfoques teóricos pelos quais passou a área de administração de empresas (PAULA, 2004). O desenvolvimento sistemático de produtos e a organização de times multidisciplinares para execução desta tarefa foram propostos pela sistemática de Engenharia Simultânea na década de 1980 pelos japoneses (JARVIS, 1999). Esta mudança de paradigma foi impulsionada em um contexto pós-industrial, reforçada pelo pensamento de gestão da qualidade total e pela teoria de desenvolvimento de produtos onde o negócio era baseado no produto (PAULA, 2004). Neste contexto, fez-se necessário o desenvolvimento de práticas para gestão do conhecimento (GC) organizacional. A fase de transferência de conhecimento, mais especificamente, ganhou destaque pela sua contribuição para o PDP (NOBEOKA; CUSUMANO, 1997) por possibilitar a reutilização do conhecimento para incentivo da melhoria contínua e a criação de novos conhecimentos com impacto na inovação de produtos (MARCH, 1991). A multidisciplinaridade, quando mediada pelo compartilhamento de conhecimento, resulta em performance e inovação para a empresa (WANG; WANG, 2012), no desenvolvimento de uma dinâmica de aprendizado organizacional contínuo (BAKER; SINKULA, 2002), na criação de uma memória transitiva (AKGÜN et al., 2005) e em vantagem competitiva sustentável para a empresa (CORSO, 2002). No entanto, a tarefa de integração e exploração conjunta de conhecimentos diversos se torna complexa no momento em que barreiras relacionadas à confiança (RODRIGUEZ; PEREZ; GUTIERREZ, 2007), diversidade de modelos mentais (MADHAVAN; GROVER, 1998), falta de alinhamento de metas entre áreas (HIRUNYAWIPADA; BEYERLEIN; BLANKSON, 2010) e competição por recursos (GHOBADI; D'AMBRA, 2012) estão presentes na rotina de times multidisciplinares de PDP. 2.2.1 Times multidisciplinares A estratégia de visão baseada em recursos olha para a empresa como um conjunto de ativos, capacidades, processos, atributos, informações e conhecimentos controlados por uma empresa que viabilize a implementação de uma estratégia que incremente a eficiência e eficácia desta (BARNEY, 1991a). A evolução da inovação é contada a partir das mudanças de enfoque nas diferentes áreas da empresa que se revezaram no 23 desenvolvimento da oferta até que, por fim, se tornasse multidisciplinar (ROTHWELL, 1994). Esta integração de competências ocorre em times multidisciplinares do PDP, definido como times compostos por membros de departamentos ou especialidades funcionais diferentes que trabalham em grupo no desenvolvimento de produtos (ULRICH; EPPINGER, 1995). A importância de times interdepartamentais é reforçada em diversos estudos da área de PDP e que é caracterizado como cooperativo, integrado e paralelo entre os setores da empresa (PAULA, 2004). O tema apresenta ligação com diferentes estratégias para redução de time-to-market (SCOTT-YOUNG; SAMSON, 2009), sucesso do processo de desenvolvimento de produto (CLARK; FUJIMOTO, 1991; BROWN; EISENHARDT, 1995), atendimento das demandas de mercado (TEECE, 1992) e na redução de retrabalhos (TOLEDO et al., 2008). Ainda, em relação ao produto, destaca- se o incremento na viabilidade e originalidade das soluções geradas (HIRUNYAWIPADA; PASWAN, 2013). 2.2.2 Transferência de Conhecimento A terceira revolução industrial é associada à percepção do conhecimento como ativo organizacional e componente do capital intelectual das empresas (BOFF, 2001). Na economia do conhecimento, a gestão deste e, mais especificamente, a transferência deste, é uma das principais preocupações do PDP. Projetar é um processo embasado pelo conhecimento, além de ser fortemente relacionada a como a comunicação é realizada e qual o nível de colaboração efetiva entre as áreas da empresa (SILVA; ROZENFELD, 2003; NAVEIRO; BORGES, 2005; MACHADO; TOLEDO, 2008). A TC já foi abordada por diferentes autores (e.g. ALAVI; LEIDNER, 2001; WIJK et al., 2008) e com nomenclaturas diferentes (ex. knowledge transfer, sharing e flow). No entanto, ao realizar um levantamento da literatura sobre o tema, Frank e Ribeiro (2012) propuseram uma visão processual desta prática, onde se considera que a TC abrange as etapas de geração do conhecimento na fonte (utilização), identificação do conhecimento, processamento do conhecimento, disseminação do conhecimento e aplicação do conhecimento no receptor (reutilização) (FRANK; RIBERO, 2012). Esta estrutura considera não só a disseminação do conhecimento, mas as duas pontas do processo (fonte e receptor), preocupando-se com a viabilização da utilização deste ativo organizacional. 24 2.3 MÉTODO A revisão da literatura é o principal método aplicado quando se busca reforçar o problema de pesquisa proposto e justificar o diferencial da proposta a partir da reorganização do conhecimento existente na literatura e da identificação de lacunas sobre o tema (PARÉ et al., 2015). Assim, o presente trabalho propõe o mapeamento da literatura sobre o tema da TC em times multidisciplinares no contexto de desenvolvimento de produtos. O presente estudo adotou a abordagem de revisão teórica visando prover uma base de conhecimento para identificar, descrever e transformar a estrutura teórica que tange os conceitos, construtos e relacionamentos (PARÉ et al., 2015) da TC em times multidisciplinares. O método proposto permite partir de uma questão de pesquisa ampla, aqui proposta como abordagens aplicadas no estudo do tema, incorporar literatura teórica e empírica relevante e aplicar diversos métodos de síntese dos resultados (PARÉ et al., 2015). As etapas do método estão descritas na Figura 2 e são detalhadas a seguir. Etapas Descrição Definição de Critérios Definição das palavras-chave, dos critérios de inclusão dos artigos e das bases de artigos relacionadas ao tema Definição da Estratégia de Busca Levantamento da literatura nas bases de dados definidas acima Revisão dos títulos e resumos utilizando os critérios de inclusão estabelecidos na primeira etapa Revisão dos artigos completos restantes para sanar possíveis dúvidas sobre a inclusão destes no corpo de estudo final Definição do Esquema de Análise Codificação dos artigos quanto às lentes teóricas principais utilizadas, áreas funcionais organizacionais selecionadas como perspectiva de análise, práticas de TC em times multidisciplinares estudadas e indicadores de performance da TC em times multidisciplinares. Figura 2 Etapas da revisão sistemática de literatura para revisão teórica FONTE: Adaptado de Leidner e Kayworth (2006) A questão de pesquisa geral estabelecida discorre sobre: Quais as abordagens utilizadas para análise da integração do conhecimento interfuncional no processo de desenvolvimento de produtos? Por abordagens entende-se: a) as principais terminologias e conceitos relacionados; b) as linhas de pesquisa desenvolvidas e lentes teóricas aplicadas na busca de soluções; c) as áreas da empresa utilizadas como referência na análise; d) as práticas verificadas para estímulo da TC em times multidisciplinares de PDP. 25 Como critérios de busca, foram propostos dois grupos de palavras-chave a partir do levantamento de revisões da literatura sobre o tema como ponto de partida do estudo do tema. Referente a times multidisciplinares foram utilizadas as palavras-chave cross- functional team, interfunctional team e multifunctional team identificadas a partir da revisão da literatura de John e Young (1995) e team learning do trabalho de Emmerik et al. (2010) comenfoque na combinação das capacidades organizacionais. Por outro lado, o tema de TC está representado pelas expressões knowledge transfer, knowledge sharing, knowledge dissemination e knowledge integration identificadas nos trabalhos de revisão da literatura de Wijk et al. (2008), Alavi e Leidner (2001) e Frank e Ribeiro (2012). Como bases de dados foram selecionadas o ISI Web of Knowledge e o JSTOR, por abrangerem os principais periódicos sobre o tema (Tabela 1) e possuírem baixa redundância entre as referências retornadas. A base foi filtrada quanto ao idioma (inglês), tipo de documento (artigo), áreas de publicação (business economics, communication, engineering, operations research management science, science technology other topics, social science other topics e sociology) e tópico (product development). O resultado desta etapa era composto por 2132 artigos. Para seleção dos artigos que representam a amostra final, iniciou-se a leitura dos títulos e resumos encontrados, observando-se os critérios de inclusão propostos: a) A relação com o desenvolvimento de produto considerado como processo organizacional contínuo. Este critério permite a futura expansão dos resultados para outros processos organizacionais; b) O estudo da integração entre diferentes áreas da empresa. Não foi analisada a integração intertemporal do conhecimento no PDP e não foram incluídos agentes externos à organização (como exemplo, fornecedores, universidades e clientes), uma vez que o presente trabalho busca a exploração apenas do conhecimento intra-organizacional como fonte de vantagem competitiva sustentável através da combinação das capacidades internas durante o PDP. No entanto, alguns dos trabalhos da amostra permitem a generalização neste sentido. Após exclusão dos artigos repetidos e revisão manual, a amostra final ficou composta por 86 artigos de 45 periódicos distintos. Estando 76 destes publicados em 23 dos principais periódicos de desenvolvimento de produtos, estratégia e operações sobre o 26 tema (Tabela 1). O período compreendido na amostra inicia em 1977 e vai até abril de 2015, mostrando uma linha de tendência crescente de publicações na área (Figura 3). Base de Dados Principais Periódicos sobre os temas analisados qtd artigos ISI JOURNAL OF PRODUCT INNOVATION MANAGEMENT 16 JSTOR/ISI ORGANIZATION SCIENCE 6 JSTOR/ISI MANAGEMENT SCIENCE 6 JSTOR/ISI INTERNATIONAL JOURNAL OF PRODUCTION RESEARCH 4 JSTOR/ISI JOURNAL OF MARKETING 4 ISI INDUSTRIAL MARKETING MANAGEMENT 3 JSTOR/ISI THE ACADEMY OF MANAGEMENT JOURNAL 3 ISI INTERNATIONAL JOURNAL OF PRODUCTION ECONOMICS 2 JSTOR/ISI STRATEGIC MANAGEMENT JOURNAL 2 JSTOR JOURNAL OF MANAGEMENT INFORMATION SYSTEMS 1 ISI JOURNAL OF ENGINEERING AND TECHNOLOGY MANAGEMENT 1 ISI HUMAN FACTORS 1 ISI ORGANIZATION STUDIES 1 ISI PRODUCTION AND OPERATIONS MANAGEMENT 1 ISI JOURNAL OF OPERATIONS MANAGEMENT 1 ISI INT JOURNAL OF COMPUTER INTEGRATED MANUFACTURING 1 ISI JOURNAL OF KNOWLEDGE MANAGEMENT 1 JSTOR MIS QUARTERLY 1 JSTOR JOURNAL OF ORGANIZATIONAL BEHAVIOR 1 JSTOR ADMINISTRATIVE SCIENCE QUARTELY 1 JSTOR INFORMATION SYSTEMS RESEARCH 1 ISI RESEARCH POLICY 1 Tabela 1 Distribuição dos principais periódicos sobre o tema na amostra de artigos Figura 3 Distribuição dos artigos por ano Para a revisão dos artigos foi utilizado o método de análise de conteúdo. Segundo o que sugere Bardin (1979) para categorização dos resultados, os artigos selecionados foram vasculhados para isolar os elementos principais relacionados às abordagens estabelecidas durante a fase de definição. Para classificação da amostra seguiram-se os critérios apresentados na Figura 4. 1 1 2 0 2 3 2 4 3 5 5 6 2 3 3 3 5 8 1 5 6 6 3 6 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 9 7 7 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 (a b ri l) Publicações da amostra ao longo dos anos 27 Terminologias e Conceitos (Seção 2.4.1) a) As terminologias para times multidisciplinares (TM) e transferência do conhecimento (TC) foram identificadas a partir dos artigos completos utilizando a técnica de data mining com as palavras knowledge e team; b) Em seguida, foram identificadas a combinações entre as expressões de TC e TM e associadas às intenções conceituais para estudo do tema. Lentes Teóricas (Seção 2.4.2) a) A partir da técnica de categorização, as lentes teóricas utilizadas para investigação da TC em TM foram identificadas a partir da leitura dos artigos e agrupadas nos níveis estratégico, processual, de time e do conhecimento e aprendizado, definidos pelo agrupamento dos resultados. Áreas do PDP consideradas (Seção 2.4.3) a) A partir da leitura dos artigos, foram identificadas as áreas funcionais abordadas como representativas dos times multidisciplinares de desenvolvimento de produtos; b) Complementarmente, as áreas foram utilizadas como referência para discussão da orientação estratégica refletida no PDP. Práticas de Estímulo da TC em TM de PDP (Seção 2.4.4) a) As proposições e modelos apresentados nos artigos foram identificados e sistematizados em termos de variáveis de contexto, moderadoras e/ou mediadoras, independentes e dependentes. Os resultados positivos foram propostos como práticas para estímulo da TC em TM de PDP seguindo a divisão nos grupos de performance da firma, do processo, do time, do produto e da transferência de conhecimento. Figura 4 Critérios para classificação da amostra 2.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Nesta seção estão apresentados os resultados obtidos a partir do método apresentado. Adicionalmente, os resultados são discutidos com intuito de identificar e justificar lacunas de pesquisa sobre o tema. 2.4.1 Terminologias e Conceitos A alta utilização de termos como sinônimos nos artigos levantados reforçam a falta de clareza sobre a utilização da terminologia. Na Figura 5, as referências marcadas em negrito são referentes aos artigos que utilizam mais de um termo para times multidisciplinares e/ou transferência de conhecimento. Por exemplo, as expressões Knowledge Transfer, Knowledge Sharing e Knowledge Integration são utilizadas como sinônimo no trabalho de De Luca e Atuahene-Gima (2007). Assim como Cross- Functional Teams e Multifunctional Teams em Corso (2002). Além disso, o termo Team Learning foi utilizado para se referir tanto ao time com diferentes expertises (DOUGHERTY, 1992; POSTREL, 2002; ENBERG; LINDKVIST; TELL, 2006) quanto para a transferência de conhecimento (FONG; HILLS; HAYLES, 2007; ERHARDT, 2011). Complementarmente, foram identificados novos sinônimos associados às palavras- chave originalmente utilizadas (Figura 6). Para times multidisciplinares destacam-se as abordagens: (i) disciplinar (ENBERG; LINDKVIST; TELL, 2006; FONG; HILLS; HAYLES, 2007; CHOUDHARY et al., 2011; AVNET; WEIGEL, 2012): 28 Multidisciplinary Teams e Interdisciplinary Teams; (ii) departamental (DOUGHERTY, 1992; HOOPES, 2001a; HOOPES, 2001b; DE CLERCQ; THONGPAPANL; DIMOV, 2011): Interdepartamental Teams e Cross-Departamental Teams; e (iii) de especialidades (POSTREL, 2002): Trans-Specialty Teams. Combinações de palavras-chave Autores Cross-Functional Teams & Knowledge Transfer Gerwin (1993), Grant (1996), Lessard e Zaheer (1996), Jassawalla e Sashittal (1999), Osterloh e Frey (2000), Hoopes (2001b), Mohammed e Dumville (2001), Carlile (2002), Corso (2002), Calantone, Droge e Vickery (2002), Carlile e Rebentisch (2003), Reagans e McEvily (2003), Lin, Geng e Whinston (2005), Luo, Slotergraaf e Pan (2006), De Luca e Atuahene-Gima (2007), Huang, Chang e Henderson (2008), Haon, Gotteland e Fornerino (2009), De Luca, Verona e Vicari (2010), Ghobadi e D'Ambra (2012) eKong et al. (2015) & Knowledge Sharing Griffin e Hauser (1996), Hoopes e Postrel (1999), Corso (2002), De Luca e Atuahene-Gima (2007), Fong, Hills e Hayles (2007), Yang et al. (2007), Rupak et al. (2008), Faegri, Dyba e Dingsoyr (2010), Choudary et al. (2011), De Clercq, Thongpapanl e Dimov (2011), Erhardt (2011), Hong et al. (2011),Zhen, Zuhua e Song (2011), Avnet e Weigel (2012), Bendoly, Bharadwaj e Bharadwaj (2012), Ghobadi e D'Ambra (2012), Baunsgaard e Clegg (2013) e Markham e Lee (2014) & Knowledge Dissemination Fong, Hills e Hayles (2007) & Knowledge Integration Ettlie (1995), Pieratti (1995), Lessard e Zaheer (1996), Kahn e McDonough (1997), Ottum e Moore (1997), Souder (1997), Song, Thieme e Xie (1998), Sherman, Souder e Jenssen (2000), Hoopes (2001a), Calantone, Droge e Vickery (2002), Corso (2002), Danese e Filippini (2002), Leenders e Wierenga (2002), Carlile e Rebentisch (2003), Yasumoto e Fujimoto (2005), De Luca e Atuahene-Gima (2007), Lee (2008), Troy, Hirunyawipada e Paswan (2008), Haon, Gotteland e Fornerino (2009), De Luca, Verona e Vicari (2010), Faegri, Dyba e Dingsoyr (2010), Hirunyawipada, Beyerlein e Blankson (2010), Jayram e Malhotra (2010), Nakata e Im (2010), Cheng e Lai (2011), De Clercq, Thongpapanl e Dimov (2011), Erhardt (2011), Bendoly, Bharadwaj e Bharadwaj (2012), Majchrzak, More e Faraj (2012), Tsai, Fang e Hsu (2012), Tsai e Hsu (2012), Baunsgaard e Clegg (2013), Stock, Totzauer e Zacharias (2014), Tsai e Hsu (2014), Wu et al. (2014) e Kong et al. (2015) & Team Learning Fong, Hills e Hayles (2007) e Erhardt (2011) Interfunctional Teams & Knowledge Sharing Maltz (2000) e Yang et al. (2007) & Knowledge Integration Maltz (2000), Danese e Filippini (2002) e De Luca, Verona e Vicari (2010) Multifunctional Teams & Knowledge Transfer Corso (2002) & Knowledge Sharing Corso (2002) & Knowledge Dissemination Corso (2002) Team learning & Knowledge Transfer Dougherty (1992) & Knowledge Sharing Postrel (2002) & Knowledge Integration Enberg, Lindkvist e Tell (2006) Nota: As referências marcadas em negrito destacam os artigos que utilizam mais de um termo para times multidisciplinares e/ou transferência de conhecimento. Figura 5 Nomenclatura utilizada na literatura Para transferência de conhecimento como processo, segundo Frank e Ribeiro (2012), foram identificados os sinônimos: Knowledge Articulation (ENBERG; LINDKVIST; TELL, 2006), Knowledge Combination (GRIFFIN; HAUSER, 1996; DE LUCA; 29 ATUAHENE-GIMA, 2007; FONG; HILLS; HAYLES, 2007; FAEGRI; DYBA; DINGSOYR, 2010; DE CLERCQ; THONGPAPANL; DIMOV, 2011), Knowledge Coordination (DE LUCA; VERONA; VICARI, 2010), Knowledge Creation Across Functions (CARLILE, 2002), Knowledge Cross-Fertilization (CALANTONE; DROGE; VICKERY, 2002; DE LUCA; ATUAHENE-GIMA, 2007), Knowledge Exploitation (DE LUCA; ATUAHENE-GIMA, 2007; ERHARDT, 2011; HONG et al., 2011) e Knowledge Exploration (FAEGRI; DYBA; DINGSOYR, 2010; ERHARDT, 2011). Para disseminação do conhecimento como fase da TC segundo Frank e Ribeiro (2012): Knowledge Diffusion (CORSO, 2002), Knowledge Communication (HOOPES; POSTREL, 1999), Knowledge Exchange (ENBERG; LINDKVIST; TELL, 2006; DE CLERCQ; THONGPAPANL; DIMOV, 2011; ERHARDT, 2011) e Knowledge Flow (CALANTONE; DROGE; VICKERY, 2002; DE CLERCQ; THONGPAPANL; DIMOV, 2011). KNOWLEDGE TRANSFER KNOWLEDGE SHARING KNOWLEDGE DISSEMINATION KNOWLEDGE INTEGRATION TEAM LEARNING CROSS- FUNCTIONAL TEAMS KNOWLEDGE Cross-Fertilization; Combination; Exploitation; Creation Across Functions; Diffusion; Flow. KNOWLEDGE Cross-Fertilization; Combination; Exchange; Exploitation; Exploration; Communication; Diffusion; Flow. KNOWLEDGE Combination; KNOWLEDGE Cross-Fertilization; Combination; Exchange; Exploitation; Exploration; Diffusion; Flow. KNOWLEDGE Combination; Exchange; Exploitation; Exploration. MULTI- FUNCTIONAL TEAMS KNOWLEDGE Diffusion. KNOWLEDGE Diffusion. KNOWLEDGE Diffusion. Interdepartamental TEAMS Multidisciplinary; Interdisciplinary; Cross-Departamental TEAMS Multidisciplinary TEAMS Interdepartamental; Cross-Departamental TEAMS Multidisciplinary TEAMS TEAM LEARNING KNOWLEDGE Coordination KNOWLEDGE Articulation Figura 6 Sinônimos aplicados ao estudo de TC em times multidisciplinares Neste cenário de grande variedade de expressões, fez-se necessário o estudo das expressões individualmente e no contexto em que estão aplicadas, de forma a orientar a utilização destas. Para times multidisciplinares verificou-se o significado dos prefixos cross (sign. transversalmente), inter (sign. entre) e multi (sign. vários) e o radical das palavras functional (função), departamental (departamento) e disciplinary (disciplina). Assim, propõe-se que os termos aplicados para times multidisciplinares compostos por representantes de áreas organizacionais distintas seriam cross-departamental ou interdepartamental teams. No entanto, cross-functional teams despontou como o termo mais utilizado, uma vez que é aplicado também no estudo da TC inter-organizacional (e.g. BENDOLY; BHARADWAJ; BHARADWAJ, 2012) e no estudo da interação entre diferentes níveis hierárquicos dentro da empresa. 30 A respeito das expressões utilizadas para se referir à transferência de conhecimento que abrange desde a criação do conhecimento na fonte até a utilização do conhecimento no receptor, conforme sugerem Frank e Ribeiro (2012) foram destacadas: Knowledge Transfer, Knowledge Sharing, Knowledge Integration, Knowledge Coordination e Knowledge Articulation, sendo as 3 primeiras as mais recorrentes. Buscou-se as aplicações destas nos estudos que abordaram o aprendizado (Knowledge Transfer e Knowledge Integration) e a colaboração (Knowledge Sharing e Knowledge Integration). Propõe-se assim, que o estudo em times de PDP seja conduzido utilizando-se a expressão Knowledge Integration. 2.4.2 Lentes teóricas aplicadas na solução do problema Diferentes perspectivas foram formando o corpo de estudo do tema desde 1977. As mais recorrentes foram no sentido de investigar o papel da estratégia e dos padrões de interação no time para transferência de conhecimento em times multidisciplinares. Na Figura 7 estão listadas as lentes teóricas distribuídas nos níveis de estratégia, PDP, time e padrões de interação e de conhecimento e aprendizado. 2.4.2.1 Estratégia O tema de Orientação para o Mercado e Aprendizado Organizacional no contexto do estudo trouxe diferentes orientações estratégicas aplicadas ao estudo da TC em TM. Enquanto a orientação para mercado pode ser entendida como o grau de influência do entendimento sobre o ambiente externo impacta na formulação da estratégia da empresa (BAKER; SINKULA, 2002), a orientação para o aprendizado revela o nível com que a empresa proativamente questiona suas crenças e práticas sobre seu impacto na maximização da performance organizacional (ARGYRIS; SCHON, 1978). Nesse contexto, a gestão do conhecimento institucional passa a ser um ponto chave da estratégia das organizações, assim como o processo de descarte de modelos mentais obsoletos e a geração de conhecimento (através da interação entre a aquisição de informações e os modelos mentais existentes na organização) (BAKER; SINKULA, 2002). Neste contexto específico, as dimensões da orientação para mercado foram estudadas quanto aos seus efeitos diversos na eficiência da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) (DE LUCA; VERONA; VICARI, 2010) e do estudo da área de marketing como o 31 responsável pelo relacionamento interno da empresa e externo com o mercado (RODRIGUEZ; PEREZ; GUTIERREZ, 2007). Figura 7 Lentes teóricas aplicadas no estudo da TC em TM Complementarmente, mostraram-se como teorias centralizadoras do tema a perspectiva de Capacidades Organizacionais, apontandopara a associação do tema com estas estratégias organizacionais. A Visão Baseada em Recursos (ou Resource Based View – RBV) propõe uma verificação do potencial de ser fonte de vantagem competitiva de recursos e capacidades, através da verificação do valor, raridade, imitabilidade e insubstituibilidade que dificultam a duplicação de estratégias que sejam fontes de vantagem competitiva (BARNEY, 1991b; SANTOS-VIJANDE et al., 2012). A teoria de capacidades é vista como uma extensão construtiva da visão baseada em recursos (RBV) (THEODOSIOU et al., 2012). As capacidades dinâmicas são processos específicos que a empresas utilizam para alterar sua base de recursos e alcançar vantagem competitiva (SANTOS-VIJANDE et al., 2012). Teece, Pisano e Shuen (1997) ESTRATÉGIA Orientação para Mercado Gerwin (1993), Rodriguez, Perez e Gutierrez (2007) e De Luca, Verona e Vicari (2010) Capacidades Organizacionais Adams, Day e Dougherty (1998), Hoopes e Postrel (1999), Osterloh e Frey (2000), Postrel (2002), Yasumoto e Fujimoto (2005), Enberg, Lindkvist e Tell (2006), De Luca, Verona e Vicari (2010) e Tsai, Fang e Hsu (2012) Visão Baseada em Recursos Grant (1996), Hoopes e Postrel (1999), De Luca e Atuahene-Gima (2007), Gardner, Gino e Staats (2012), Stock, Totzauer e Zacharias (2014) e Kong et al. (2015) Aprendizado Organizacional Adams, Day e Dougherty (1998) e Erhardt (2011) Adequação à Estratégia Sherman (2004) , Hong et al. (2011) e Anthony, Green e McComb (2014) PDP Fases do PDP Gerwin (1993) e Kong et al. (2015) Engenharia Concorrente ou Simultânea Yang et al. (2007) e Jayram e Malhotra (2010) Desenvolvimento Modular de Produto Danese e Filippini (2002) TIME e PADRÕES DE INTERAÇÃO Modelos Mentais Compartilhados Dougherty (1992), Hoopes e Postrel (1999), Mohammed e Dumville (2001), Yang et al. (2007), Yang, Kang e Maaon (2008), Avnet e Weigel (2012) e Baunsgaard e Clegg (2013) Padrões de Comunicação Griffin e Hauser (1992), Griffin e Hauser (1993), Maltz (2000), Sosa, Eppinger e Rowles (2004) Teoria da Efetividade em Grupo Nakata e Im (2010) Trabalho de Conhecimento Baseado em Grupos Erhardt (2011) Integração em Pares Song, Thieme e XIie (1998) Abordagem Fonte- Receptor Lin, Geng e Whinston (2005) Redes Sociais Reagans e McEvily (2003), Hansen, Mors e Lovas (2005) e Avnet e Weigel (2012) Teoria da Complementaridade Bendoly, Bharadwaj e Bharadwaj (2012) CONHECIMENTO E APRENDIZADO Perspectiva Socio-Cognitiva Lessard e Zaheer (1996), Madhavan e Grover (1998) e Akgun, Lynn e Yilmaz (2006) Cognição Mohammed e Dumville (2001) e He, Butler e King (2007) Processo de Integração do Conhecimento Grant (1996), Song, Thieme e Xie (1998), Carlile e Rebentisch (2003), Hansen, Mors e Lovas (2005) e Enberg, Lindkvist e Tell (2006) Natureza do Aprendizado Jassawalla e Sashittal (1999) Aprendizado em Times Mohammed e Dumville (2001) Abordagem de Cross-Learning Schmickl e Kieser (2008) Estrutura do Conhecimento Carlile (2002) e Carlile e Rebentisch (2003) Processo Baseado em Ontologia Yang et al. (2007) e Wu et al. (2014) 32 ainda definem as capacidades dinâmicas como a capacidade de uma firma de integrar, construir e reconfigurar competências internas ou externas para atuar em ambientes dinâmicos. Recursos, capacidades dinâmicas e conhecimento estão interligados (WRIGHT; DUNFORD; SNELL, 2001). Fiol (2001) relaciona estes aspectos à capacidade de reconfigurar continuamente a vantagem competitiva de uma empresa, argumentando ainda que, em alguns ambientes, a vantagem competitiva sustentável não é viável (BARNEY, 1991a). Dentre os artigos identificados com esta abordagem, os recursos a serem gerenciados são o conhecimento dos membros de diferentes áreas funcionais (GARDNER; GINO; STAATS, 2012; KONG et al., 2015). O que se sugere que seja feito através da liderança orientada para inovação e práticas de gestão de pessoas (STOCK; TOTZAUER; ZACHARIAS, 2014) e de mecanismos de integração de conhecimento (DE LUCA; ATUAHENE-GIMA, 2007). Na busca por consistência a abordagem de adequação à estratégia (HONG et al., 2011) cumpre seu papel propondo o alinhamento entre operações e orientação estratégia. Na forma de coordenação lateral entre gestores de departamentos (ANTHONY; GREEN; MCCOMB, 2014) ou entre áreas (SHERMAN, 2004), o enfoque é na coordenação entre áreas e compartilhamento de conhecimento entre times multidisciplinares. 2.4.2.2 Desenvolvimento de Produto A abordagem sobre os métodos de desenvolvimento de produtos são consistentes na medida em que investigam as barreiras e vantagens de adotar a Engenharia Concorrente ou Simultânea (YANG et al., 2007; JAYARAM; MALHOTRA, 2010) ou desenvolvimento modular (DANESE; FILIPPINI, 2002) na busca pela integração do conhecimento de diferentes áreas para o PDP. Neste sentido, ainda se propõe como relevante o estudo dos impactos da TC interfuncional nos diferentes estágios do PDP (GERWIN, 1993; KONG et al., 2015). A Engenharia Concorrente ou Simultânea foi considerada por sua abordagem em times multidisciplinares de PDP (YANG et al., 2007). Por outro lado, o fato de as atividades serem realizadas paralelamente foi estudado como possível fator de contingência da TC entre as áreas funcionais integrantes dos times de PDP (JAYARAM; MALHOTRA, 2010). A modularidade do produto foi abordada pelo seu impacto na redução do tempo de desenvolvimento de produtos quando moderada pela integração interfuncional e 33 envolvimento de fornecedores durante o PDP (DANESE; FILIPPINI, 2002). Entende-se que inicialmente a estratégia de modularidade tem vantagens comprovadas na redução do tempo de desenvolvimento de produto, mas que, por outro lado, desestimula a integração interfuncional, uma vez que os componentes da oferta são desenvolvidos separadamente (DANESE; FILIPPINI, 2002). A partir da justificativa de que diferentes etapas do PDP tem objetivos e entregas distintas, buscou-se questionar se a integração entre todas as áreas funcionais envolvidas no PDP eram vantajosas em todas as etapas do processo (KONG et al., 2015). Mais especificamente, o estudo da vantagem de integração entre áreas nos estágios inicias do PDP, considerados críticos por ser quando se é definida a oferta (GERWIN, 1993). 2.4.2.3 Time e Padrões de Interação Na busca por justificar e incorporar a abordagem em times foram consideradas as teorias de complementaridade (BENDOLY; BHARADWAJ; BHARADWAJ, 2012), de efetividade em grupo (NAKATA; IM, 2010) e do trabalho de conhecimento baseado em times (ERHARDT, 2011). Paralelamente, o estudo da transferência de conhecimento foi abordado, dentro do contexto de time, sob a perspectiva de dois atores apenas: fonte e receptor de conhecimento (LIN; GENG; WHINSTON, 2005). Além disso, a integração em pares (SONG; THIEME; XIE, 1998) propõe uma simplificação e a modularização da integração de áreas em times multidisciplinares. Por outro lado, o incentivo para atuar na integração de modelos mentais, onde os membros do time compartilhem o entendimento sobre o processo, papeis dos atores e objetivos (DOUGHERTY, 1992; HOOPES; POSTREL, 1999; MOHAMMED; DUMVILLE, 2001; YANG et al., 2007; YANG; KANG; MASON, 2008; AVNET; WEIGEL, 2012; BAUNSGAARD; CLEGG; 2013) e a identificação de padrões de comunicação (GRIFFIN; HAUSER, 1992; GRIFFIN; HAUSER, 1996; MALTZ, 2000; SOSA; EPPINGER; ROWLES, 2004) são aplicadas na redução das barreiras da TC entre diferentes áreas. Complementarmente, o estudo das interações a partir da perspectiva de redes sociais (REAGANS; McEVILY, 2003; HANSEN; MORS; LOVAS, 2005; AVNET; WEIGEL, 2012) propõe uma interpretação sobre as interações sociais entendendo o caminho e a hierarquia que segue o conhecimento organizacional. 34 2.4.2.4 Conhecimento e Aprendizado As teorias que envolvem o conhecimento
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