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UNIVERSIDADE PAULISTA MARCOS VINÍCIUS DE LIMA PALMA A VEROSSIMILHANÇA EM SÃO BERNARDO DE GRACILIANO RAMOS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO DO IMAGINÁRIO EM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SÃO PAULO 2021 MARCOS VINÍCIUS DE LIMA PALMA A VEROSSIMILHANÇA EM SÃO BERNARDO DE GRACILIANO RAMOS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO DO IMAGINÁRIO EM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Licenciatura em Letras Língua Portuguesa apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientador: Prof. Me. Bruno César dos Santos SÃO PAULO 2021 FICHA CATALOGRÁFICA Palma, Marcos Vinícius de Lima. ....A verossimilhança em São Bernardo de Graciliano Ramos e sua contribuição para a educação do imaginário de alunos do Ensino Médio / Marcos Vinícius de Lima Palma. - 2021. ....29 f. ....Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao curso de Letras Português da Universidade Paulista, São Paulo, 2021. ....Orientador: Prof. Me. Bruno César dos Santos. ....1. Graciliano Ramos. 2. São Bernardo. 3. Verossimilhança. 4. Imaginário. 5. Ensino Médio. I. Santos, Me. Bruno César dos (orientador). II. Título. MARCOS VINÍCIUS DE LIMA PALMA A VEROSSIMILHANÇA EM SÃO BERNARDO DE GRACILIANO RAMOS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO DO IMAGINÁRIO EM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Licenciatura em Letras Língua Portuguesa apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _________________________/__/___ _________________________/__/___ _________________________/__/___ Dedico primeiramente a Deus, pois sem Ele eu nada sou. A minha amada esposa Natália e a minha mãe Rose que me incentivaram nessa jornada. Agradeço a Deus, a quem devo minha vida. A minha esposa, que tanto me incentivou e me apoiou com amor e compreensão nessa jornada. A minha mãe, que sempre esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis da minha vida. Ao meu orientador, professor Bruno César pela paciência e dedicação. ―O homem que se contenta em ser apenas ele mesmo e, portanto, ser menos, vive numa prisão.‖ C. S. Lewis RESUMO Esta pesquisa objetivou analisar de que modo a verossimilhança no romance São Bernardo de Graciliano Ramos pode contribuir para a educação do imaginário de alunos do Ensino Médio. Dado que o ensino de literatura no Ensino Médio é apenas focado em preparar o aluno para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e vestibulares, bem como, trazer uma reflexão sobre esse ensino com o intuito de buscar uma abordagem voltada para o enriquecimento do imaginário do aluno. Para tanto, foi utilizado como método de trabalho a pesquisa bibliográfica, através de leituras e fichamentos em diversos meios oficiais, como livros, artigos científicos e outros trabalhos importantes sobre o tema, procurou-se aprofundar sobre verossimilhança e imaginário. A partir da análise de dados foi possível compreender o papel da verossimilhança na narrativa literária em função da educação do imaginário. Analisou-se também como a verossimilhança se apresenta no romance São Bernardo. Sendo assim, por meio de toda pesquisa realizada e das reflexões a partir dela, foi possível confirmar que a representação do minimamente possível no texto de São Bernardo pode contribuir para a educação do imaginário de aluno do Ensino Médio. Contudo, observou-se a necessidade de que literatura seja trabalhada em sala de aula com foco no partilhamento da experiência de leitura do professor, lembrando que o livro conta uma história e o ser humano por natureza adora ouvir uma boa história. Palavras-chave: Graciliano Ramos, São Bernardo, verossimilhança, educação do imaginário, Literatura Brasileira, ENEM, Ensino Médio, imaginário. ABSTRACT This research aimed to analyze how the verisimilitude in the novel São Bernardo by Graciliano Ramos can contribute to the education of the imaginary of high school students. Since the teaching of literature in high school is only focused on preparing the student for the Brazilian National High School Exam (ENEM) and entrance exams, as well as bringing a reflection on this teaching in order to seek an approach aimed at enriching the student's imaginary. Therefore, bibliographic research was used as a working method, through readings and listings in various official media, such as books, scientific articles and other important works on the subject, seeking to deepen the knowledge about verisimilitude and imaginary. From the data analysis it was possible to understand the role of verisimilitude in literary narrative in terms of the education of the imaginary. It was also analyzed how verisimilitude presents itself in the novel São Bernardo. Therefore, through all the research carried out and the reflections from it, it was possible to confirm that the representation of the least possible in the text of São Bernardo can contribute to the education of the imaginary of high school students. However, there was a need for literature to be worked on in the classroom with a focus on sharing the teacher's reading experience, remembering that the book tells a story and human beings by nature love to hear a good story. Keywords: Graciliano Ramos, São Bernardo, verisimilitude, education of the imaginary, Brazilian literature, ENEM, high school, imaginary. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 2 UMA VISÃO SOBRE VEROSSIMILHANÇA 12 3 O IMAGINÁRIO 15 4 ASPECTOS DE VEROSSIMILHANÇA NO ROMANCE SÃO BERNARDO 18 5 DISCUSSÃO 22 6 CONCLUSÃO 256 REFERÊNCIAS 28 10 1 INTRODUÇÃO A verossimilhança é um elemento da narrativa literária que pode ser definida como a representação da realidade da experiência partindo da imitação de ações e paixões humanas em seus aspectos universais. A literatura tem um papel fundamental para a educação, permitindo a ampliação de nossos saberes e experiências através das imagens que construímos em nossas mentes ao ler um texto literário. Ou seja, um texto verossímil nos permite viver situações e sensações pelo imaginário as quais, em toda uma vida longa, não seriam possíveis para um ser humano viver por si mesmo. De forma geral, esta pesquisa foi concebida na ideia de analisar de que forma a verossimilhança no romance São Bernardo de Graciliano Ramos pode contribuir para a educação do imaginário em alunos do Ensino Médio. Com isso, visamos propor um trabalho mais profundo da Literatura em contraponto ao ensino tradicional nessas séries, sendo geralmente voltado para o ENEM e vestibulares. Nota-se que o ensino da literatura brasileira no Ensino Médio, tanto nas escolas públicas como privadas, tem sido pautado apenas na preparação dos estudantes para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e para os vestibulares. Todavia, como já dissemos, a literatura, com sua representação do minimamente possível na narrativa, tem inúmeras funções e uma dela é enriquecer nosso imaginário com experiências através da leitura. Sendo São Bernardo um dos romances que costumam aparecer em questões do ENEM e vestibulares, este trabalho tem como premissa buscar outra perspectiva de trabalho da obra no Ensino Médio, por meio da verossimilhança como ferramenta para educação do imaginário. O papel da verossimilhança é retratar o minimamente possível, permitindo que o leitor viva experiências concretas pelo imaginário. Isso porque a medida que lemos criamos construções mentais baseadas em informaçõesobtidas através de experiências visuais prévias. Um dos passos a ser realizado para alcançar o objetivo geral da pesquisa é conceituar o que é verossimilhança, o que é imaginário e verificar a ligação entre os dois conceitos. O segundo dos objetivos específicos da pesquisa é analisar o romance São Bernardo, com o intuito de percebermos a verossimilhança literária em vários momentos da narrativa. Visivelmente nos leva 11 a analisar de qual modo a verossimilhança literária na obra São Bernardo de Graciliano Ramos pode contribuir para a construção do imaginário de alunos do terceiro ano do Ensino Médio. Levando em consideração que no Brasil, o ensino da literatura no Ensino Médio atualmente tem sido voltado para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e para vestibulares. Devido a esse problema preocupante no ensino da literatura e importância da obra de Graciliano Ramos na cultura, essa pesquisa se justifica na compreensão de como a verossimilhança na obra São Bernardo de Graciliano Ramos pode ser uma ferramenta para educação do imaginário através da leitura, portanto, a literatura nos dá a possibilidade de vivenciar experiências que não são nossas. Tendo, por conseguinte, uma aproximação, incentivo e mais fácil acesso do estudante a esta e outras obras da literatura brasileira através da percepção de que ela fala sobre a realidade, tipos humanos reais e permite ao leitor adquirir muitas experiências maravilhosas usando a imaginação. Assim como apresentar aos professores uma perspectiva alternativa para o ensino literário a esses alunos. Este trabalho apresenta como base teórica uma pesquisa bibliográfica e, utilizando-se do método hipotético-dedutivo e visa aprofundar o conhecimento sobre o tema proposto para ser possível ampliar os entendimentos sobre métodos de ensino da literatura brasileira por professores do Ensino Médio. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida, em sua totalidade, através de leituras e fichamentos em diversos meios oficiais, como livros, artigos científicos e outros trabalhos importantes sobre o assunto tratado. 12 2 UMA VISÃO SOBRE VEROSSIMILHANÇA Pode-se dizer que a verossimilhança é a representação do minimamente possível no texto literário. Neste contexto, fica claro que o papel fundamental é a construção de realidades possíveis com base na realidade da experiência partindo da imitação de ações e paixões humanas em seus aspectos universais. O maior objetivo, portanto, é possibilitar através da poesia experiências que não são do leitor. Não é exagero afirmar que o poeta deve moldar possibilidades humanas em virtude da verossimilhança de acontecimentos minimamente possíveis e da necessidade causal entre os acontecimentos, isto é, da coerência (ARISTÓTELES, 2014). Pode-se afirmar que a verossimilhança é de suma importância para a construção do texto literário. Desse modo, para Warren e Wellek (2003), fica claro que a literatura, por meio da verossimilhança, representa tipos humanos em personagens ficcionais, esses tipos, logo, são referências a indivíduos reais da sociedade em que eles estão inseridos. Conforme explicado acima, o escritor, portanto, parte de vários casos da realidade, vidas que ele observa e suas próprias experiências, e a partir deles cria um símbolo que os representa. Desse modo, a história deve apresentar plausibilidade e as atitudes dos personagens devem ter coerência com os tipos humanos que elas simbolizam. No capítulo Introdução ao Verossímil, Todorov (2003) fala de dois níveis essenciais de verossimilhança. Primeiramente ele rejeita a concepção ―ingênua‖ de verossimilhança em que ela significa apenas ―consistente com a realidade‖. Oferece- nos, então, uma definição mais complexa, tendo relação com a opinião pública e não com a realidade, não com a verdade da experiência, mas com o que a maioria das pessoas acredita ser a realidade. O autor deixa claro que cada gênero literário é concebido por seus próprios regimes de verossimilhança, consistentes com o que é normalmente considerado como verdadeiro para aquele gênero naquela época. Outro nível essencial de verossimilhança mencionada por Todorov é a inevitável, a lei absoluta sem a qual o enredo não funciona, aproximando da incoerência total, concordando com o que foi dito anteriormente por Aristóteles. Ou seja, o texto literário deve apresentar coerência com a realidade da experiência, 13 senão a narrativa se aproxima do não sentido. Fica claro que conforme mencionado pelo autor "[...] todas as palavras, todas as ações de um personagem têm de combinar numa verossimilhança psicológica – como se desde sempre julgássemos verossímil a mesma combinação de qualidades." (Todorov, 2003, p. 80). Desse modo, por exemplo, um personagem apresentado com transtorno de personalidade psicopata não pode de maneira alguma demonstrar empatia ou afeto verdadeira durante a narrativa, sabendo que a psicopatia se caracteriza pela ausência de empatia, compaixão, remorso e incapacidade de amar e de se relacionar com outras pessoas com laços afetivos. Conforme explicado acima a incoerência ao representar o tipo humano psicopata não permite que o leitor acredite que um personagem como esse no texto literário seja minimamente possível na realidade concreta. Os fatos de uma história não precisam ser verdadeiros, no sentido de corresponderem exatamente a fatos ocorridos no universo exterior ao texto, mas devem ser verossímeis; isto quer dizer que, mesmo sendo inventados, o leitor deve acreditar no que lê. Esta credibilidade advém da organização lógica dos fatos dentro do enredo. Cada fato da história tem uma motivação (causa), nunca é gratuito e sua ocorrência desencadeia inevitavelmente novos fatos (consequência). A nível de análise de narrativas, a verossimilhança é verificável na relação causal do enredo, isto, cada fato tem uma causa e desencadeia uma consequência. (GANCHO, 2006, p. 12). A autora deixa claro na citação acima que a verossimilhança é parte essencial para o funcionamento da narrativa literária. Esse é o motivo pelo qual é importante frisar esse ponto, dado que, a ausência dela compromete o sentido, a lógica e a imersão do leitor no texto. Conforme citado acima a única nenhuma ação na narrativa acontece aleatoriamente, todo acontecimento tem uma motivação compatível com a personalidade dos personagens, e acarreta novos fatos em consequência consoante a lógica dos fatos. Sendo assim, a verossimilhança é a representação do minimamente possível segundo a realidade da experiência. Ela é uma ferramenta completamente necessária para a construção do texto literário. Ora, através da leitura construímos um mundo imaginário povoado de lugares, vivências e tipos de pessoas que constroem nosso caráter e nossa inteligência. Um bom livro, em que há verossimilhança e a realidade da experiência não é representada distorcidamente, nos permite aprender sobre a vida, sobre a sociedade e sobre nós 14 mesmos, de modo que venhamos nos afastar do que é mau e perverso e nos aproximar do que é bom e amável. 15 3 O IMAGINÁRIO Podemos conceituar o imaginário como sendo a capacidade de produzir imagens e associações que não são perceptíveis diretamente. Então, é preciso assumir que o imaginário apoia-se em experiências anteriormente percebidas. Certamente, podemos constatar que o papel do imaginário é, baseando-se na realidade da experiência, criar realidades hipotéticas num mundo interior do indivíduo que permita a prevenção de acontecimentos futuros e a partir disso se nortear para entendê-las. Segundo Laplatine e Trindade (2017), ―a determinação deste futuro virtual é acometida por uma imaginação transgressora do presente dirigida à consecução de um possível não realizável no presente, mas que pode vir a ser real no futuro‖. Como bem nos assegura Laplatine e Trindade(2017), pode-se dizer que o imaginário é uma ferramenta essencial para o ser humano entender o meio onde está inserido e a si mesmo como atuante na sociedade. Neste contexto, fica claro que através do imaginário podemos antecipar situações possíveis da realidade e nos orientarmos para lidar com o futuro possível. Conforme explicado acima é interessante, aliás, afirmar que o imaginário não é a negação do real, ou seja, não leva a loucura ou à ilusão, pois a ilusão é a confusão e distorção da coerência interna do imaginário, mesmo fundamentada no real passado ou futuro. Uma pessoa que vive na ilusão projeta seu mundo ilusório imaginário, com base no real já vivido ou futuro possível, e substitui sua realidade concreta negando o que é tangível e preciso. Isto é, se o imaginário deveria ser uma ferramenta para compreender realidades possíveis, a ilusão é a distorção da função original do imaginário, pois substitui a realidade concreta pelo imaginário ilusório. De acordo com Barros (2008), a função do imaginário é permitir ao homem entender o mundo e a si mesmo. O autor deixa claro e, seria um erro, porém, não atribuir ao imaginário a organização das experiências humanas através da simbolização, assim reveste-se de particular importância lembrar que o imaginário não é simplesmente uma criação do indivíduo, muito menos só uma criação social, mas tem sua origem nas camadas biológicas e históricas do ser, permitindo ao mesmo tempo personalidade, porém dentro de um contexto sociocultural. 16 O foco central do livro de Laplatine e Trindade conceitua de maneira mais geral o que é o imaginário e seu papel em diversas áreas como religião, ideologia e literatura. Todavia, fica claro que conforme mencionado pelo autor no livro organizado por João de Deus Vieira Barros o objetivo é ampliar a discussão apontando a função e importância do imaginário na educação. "Como processo criador, o imaginário reconstrói ou transforma o real" (LAPLATINE e TRINDADE, 2017, p. 8). O imaginário, conforme explicado acima, nos permite criar realidades e mundos possíveis a partir de experiências prévias. A literatura, o cinema e as artes proporcionam uma bagagem de imagens que expandem o entendimento do mundo alimentando o imaginário. Ao assistir a um filme, por exemplo, o espectador pode viajar pode diversos lugares do planeta e culturas, que em vida ele jamais poderia conhecê-las por si mesmo. Pode-se até por meio do cinema e literatura, conhecer outros mundos e culturas que existem apenas na imaginação do autor em obras do gênero de ficção-científica. Também é importante notar que, de acordo com Wunenburger (2007, p. 44): Os enunciados e quadros de um imaginário veem-se substituídos e modificados pelas referências coletivas (dogmas religiosos, credos políticos, crenças coletivas sobre história, ideologia sociais etc.) que atuam conferindo-lhes uma credibilidade e uma autenticidade suplementares. O imaginário de um indivíduo é, por exemplo, inseparável dos grandes símbolos e mitos políticos que modelam as suas representações sociais etc.[...]. O autor deixa claro que o imaginário se refere às experiências prévias do coletivo de modo hipertextual, isto é, cada imagem, gerada pelas concepções históricas, religiosas e ideológicas, leva a outra imagem se complementando. Em outras palavras, podemos dizer que os símbolos e mitos que povoam a mente do coletivo de um país ou uma região são inseparáveis do seu povo e constroem a identidade individual e modelam a atuação no meio social de todos. Portanto, o imaginário é o nosso mundo interior de imagens formadas por símbolos, referências e mitos que povoam a mente das pessoas. Essas imagens podem ser adquiridas através de experiências vividas ou da cultura, arte e literatura. O imaginário de um povo ou de um indivíduo pode capacitar-nos a prever situações futuras, como dramas humanos, crises políticas e até avanços científicos. 17 Nesse contexto, podemos traçar um paralelo entre o imaginário e a verossimilhança literária, pois pela literatura adquirimos bagagem imagética, podendo viver situações que na realidade de uma vida longa não poderíamos vivê- las todas. Sendo assim, é importante que o texto literário procure retratar mundos virtuais minimamente possíveis e dramas humanos minimamente possíveis, concedendo-nos ferramentas para entender o meio e a nós mesmos através de experiências que adquirimos ao ler um bom livro. 18 4 ASPECTOS DE VEROSSIMILHANÇA NO ROMANCE SÃO BERNARDO O romance São Bernardo foi publicado em 1934 e é o segundo romance escrito por Graciliano Ramos. O romance nos conta em primeira pessoa as memórias de Paulo Honório, dono da propriedade de São Bernardo. O modo como nos é contada a história nos traz mais perto do protagonista e de acreditar que a história poderia ter acontecido, pois, o narrador utiliza a variante linguística bem próxima da regional de Alagoas. Além disso, sentimos a angústia de Paulo Honório ao nos contar seus arrependimentos na vida, principalmente na questão sobre o fim trágico de sua esposa Madalena. Ele revela ser constantemente atormentado: "Na torre da igreja uma coruja piou. Estremeci, pensei em Madalena." (RAMOS, 2009, p. 5). Apesar de sentirmos o remorso de Paulo Honório, também podemos perceber traços narcisistas em sua personalidade durante a história. Paulo Honório trata as pessoas, mesmo as mais instruídas e de moral mais elevada que ele com bastante desprezo, beirando a desumanização. Com uma pontada de cinismo, Paulo Honório parece estar conversando com o leitor, e, na maioria das vezes, não se percebe culpa em seus dizeres. Isso até os últimos capítulos onde parece estar arrependido com o rumo que seu casamento com Madalena tomou. Podemos perceber um exemplo dos traços narcisistas em Paulo Honório neste momento em que fala do seu desprezo por João Nogueira enquanto o bajula com interesses em suas habilidades: Eu tratava-o por doutor: não poderia tratá-lo com familiaridade. Julgava-me superior a ele, embora possuindo menos ciência e menos manha. Até certo ponto parecia-me que as habilidades dele mereciam desprezo. Mas eram úteis — e havia entre nós muita consideração. (Ibidem, p.20). Nota-se outro exemplo de narcisismo no capítulo 11, em que Paulo Honório confessa ao leitor: "Quanto ao Padilha, eu sentia prazer em humilhá-lo mostrando- lhe os melhoramentos que introduzia na propriedade." (Ibid., p. 25). Em outros momentos da narrativa, Paulo Honório diz não ter remorso pelas coisas que fez para ter sucesso na vida. Muito pelo contrário, demonstra muito orgulho de seus feitos. Ninguém imaginará que, topando os obstáculos mencionados, eu haja procedido invariavelmente com segurança e percorrido, sem me deter, 19 caminhos certos. Não senhor, não procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham que andei mal? A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las. (RAMOS, 2009, p.18). Graciliano Ramos coloca sutilezas em seus personagens que os torna mais possíveis. Lemos e, mesmo que o enredo se passe nos anos 30, sentimos que cada personagem seria possível de se encontrar por aí. O leitor atento notará que o autor deixa claro que Madalena não é uma donzela indefesa e frágil nas mãos de Paulo Honório. Ela, apesar de demonstrar hesitação diante da proposta do bem-sucedido fazendeiro Paulo Honório, percebeu a vantagem ao aceitar sua proposta de casamento. Como podemos observar no trecho: "— O seu oferecimento é vantajoso para mim, seu Paulo Honório, murmurou Madalena. Muito vantajoso. Mas é preciso refletir.[...] A verdade é que sou pobre como Jó, entende?" (RAMOS, 2009, p. 36). Sabemos que muitos críticos literários têm a tendência de marcar os personagens da ficção com rótulos ideológicos, simplificando as personalidades à machista ou feminista, bom ou mau, progressista ou conservador. Todavia, é importante lembrar que o ser humano é complexo e vai muito além disso. Graciliano Ramos como um escritor excelente retrata essas nuances dos tipos humanos. Em boa parte do romance, Paulo Honório parece ser um homem totalmente frio, narcisista, repugnante e sem sentimentos, porém ao final vamos notando que ele sente culpa e arrependimento de sua maldade ter causado o fim trágico de Madalena: E pensava em Madalena. Creio na verdade que a lembrança dela sempre esteve em mim. O que houve foi que, na atrapalhação dos primeiros dias, confundiu-se com uma chusma de azucrinações diferentes umas das outras. Mas quando essas azucrinações se tornaram apenas um sedimento no meu espírito, veio à superfície. Raramente conseguia agitar-me e dissolvê-la: recompunha-se logo e ficava em suspensão. E os assuntos mais atraentes me traziam enfado e bocejos (Ibidem, p.72). Em outro momento, Paulo Honório demonstra compaixão por Mãe Margarida, negra que o criou quando os pais o abandonaram. Ele a traz para morar em São Bernardo como gesto de gratidão: Pecados! Antigamente era uma santa. E agora, miudinha, encolhidinha, com pouco movimento e pouco pensamento, que pecados poderia ter? Como 20 estava com a vista curta, falou sem levantar a cabeça, repetindo os conselhos que me dava quando eu era menino. Uma fraqueza apertou-me o coração, aproximei-me, sentei-me na esteira, junto dela. — Mãe Margarida, procurei a senhora muito tempo. Nunca me esqueci. Foi uma felicidade encontrá-la. E carecendo de alguma coisa, é dizer. Mande buscar o que for necessário, mãe Margarida, não se acanhe. (RAMOS, 2009, p.23) Como podemos perceber, Paulo Honório é um personagem complexo. Ele foi, ao longo da trama, uma pessoa horrível, principalmente para Madalena, inclusive a levando à depressão e ao suicídio. Contudo, conseguimos sentir que o personagem não é totalmente mau a ponto de só poder existir nas páginas de um livro. Essa complexidade torna o personagem completamente possível à realidade, ou seja, verossímil. De modo algum estamos defendendo Paulo Honório; sua brutalidade e falta de empatia com Madalena são inegáveis. Ele não a compreende, nem quer compreender. Paulo Honório só enxerga o casamento com Madalena como apenas um acordo de negócios. Contudo, reduzir a relação matrimonial de personagens tão bem estruturados a rótulos ideológicos preestabelecidos é simplificar o ser humano como se ele fosse uma forma geométrica de duas dimensões desenhada em uma folha de papel. Porém, ao contrário dos críticos literários ideólogos pensam, podemos notar conforme citado anteriormente que "na verdade Madalena se interessa pela união porque tem plena consciência do que isso representa em termos de ascensão social." (GURGEL, 2019, p. 152) Outro aspecto de verossímil presente no texto de São Bernardo é a representação do período conturbado da década de 1930 no Brasil. Apesar de este não ser o assunto central do romance, a revolução de 30 e as preocupações políticas do período aparecem como plano de fundo e influenciam a narrativa. Está presente entre os personagens o medo do comunismo, o medo de que a propriedade privada fosse tomada pelos revolucionários. Parece uma assombração que permeia São Bernardo. O leitor pode sentir ao longo da narrativa que a revolução vem se aproximando cada vez mais da propriedade de São Bernardo. Os elementos sociais e econômicos da década de 30 estão retratados de forma que conseguimos imaginar a pobreza e as dificuldades do trabalhador rural daquela época; sentimos o anseio por mudança em alguns e o medo da mudança em outros. 21 — Para quê? A facção dominante está caindo de podre. O país naufraga, seu doutor. É o que lhe digo: o país naufraga. Passei-lhe uma garrafa e informei-me: — Que foi que lhe aconteceu para o senhor ter essas ideias? Desgostos? Cá no meu fraco entender, a gente só fala assim quando a receita não cobre a despesa. Suponho que os seus negócios vão bem. — Não se trata de mim. São as finanças do Estado que vão mal. As finanças e o resto. Mas não se iludam. Há de haver uma revolução! (RAMOS, 2009, p 54) É notável o medo de que uma revolução comunista se estabeleça, modificando completamente as estruturas da sociedade: — Era o que vocês queriam. Teremos o comunismo. D. Glória benzeu-se e seu Ribeiro opinou: — Deus nos livre. — Tem medo, seu Ribeiro? perguntou Madalena sorrindo. — Já vi muitas transformações, excelentíssima, e todas ruins. — Nada disso, asseverou padre Silvestre. Essas doutrinas exóticas não se adaptam entre nós. O comunismo é a miséria, a desorganização da sociedade, a fome. (Ibidem, p.54) Em outros momentos na obra surgem discussões entre os personagens acerca da revolução. Por conta da corrupção, miséria e falência da política, há um grande desejo por mudança no cenário político durante a narrativa, porém há aqueles que preferem a manutenção do status quo a uma possível ditadura do proletariado. Portanto, podemos perceber neste capítulo alguns aspectos de verossimilhança no texto do romance São Bernardo de Graciliano Ramos como a representação de tipos humanos possíveis, fugindo de estereótipos e simplificações; a representação da variação linguística do sertão de Alagoas; assim como as características socioeconômicas e políticas dos anos conturbados de 1930, nos quais acontecia uma revolução de políticos e tenentes visando pôr fim no sistema oligárquico através da luta armada. Entretanto, devo dizer que nosso objetivo neste capítulo não consiste me esgotar o tema ou elaborar uma análise profunda do texto, mas apenas demonstrar a verossimilhança em alguns pontos específicos do romance São Bernardo. 22 5 DISCUSSÃO Este trabalho teve como propósito compreender de que modo a verossimilhança no romance São Bernardo da autoria de Graciliano Ramos pode contribuir para a educação do imaginário de alunos do Ensino Médio. A suposição elaborada a partir do problema foi que a percepção pelos alunos do Ensino Médio de que São Bernardo fala da realidade, de tipos e dramas humanos possíveis, pode ser outra perspectiva de trabalho da literatura brasileira em contraponto ao ensino voltado apenas para o ENEM e vestibulares. Segundo Frye (2017), mesmo que vivêssemos uma vida longa não poderíamos ter todas as experiências que a imaginação humana pode proporcionar. Contudo, só a literatura consegue nos realizar toda a dimensão da imaginação humana em sua imensidão. Sendo assim, o autor deixa claro o papel da educação do imaginário através do estudo da literatura para enriquecer a experiência humana. Ficou claro neste trabalho que a verossimilhança é a representação do minimamente possível em uma narrativa literária. Tanto os tipos humanos como os dramas humanos devem ser possíveis na realidade da experiência, assim como deve haver coerência nas atitudes, acontecimentos, modo de falar e contexto para que a narrativa seja aceitável como possível. Isto é, o papel da verossimilhança em um texto literário é tornar a narrativa plausível ao leitor, para que dessa maneira o leitor viva através da imaginação situações que possam ser condizentes com a realidade da experiência. Vale destacar, por exemplo, que se uma narrativa se passa inteiramente no sertão, não poderia apresentar características de uma região tropical. Assim também, quando encontramos na história um personagem essencialmente honesto e gentil, ele não poderia cometer atos cruéis e injustos sem alguma explicação plausível ao longo da narrativa. O enredo verossímil é aquele que se aproximada verdade, mas não necessariamente conta a verdade. O escritor busca convencer o leitor a acreditar em sua história, acreditar que ela poderia ter acontecido realmente. Por esse motivo, conforme explicado acima, Todorov (2003) fala que tudo que um personagem diz e faz necessita ser coerente com as características psicológicas do desse personagem, como se desde muito antes o leitor já aceitasse como 23 possível as combinações de tais características. Haja vista, os personagens e situações devem convencer o leitor como depoentes num tribunal tentam convencer o juiz e os jurados de que suas versões são verdadeiras, mesmo não sendo. Ficou claro também que o imaginário é a capacidade de criar mentalmente imagens, concepções e relações, a partir de experiências anteriores, que não são percebidas diretamente. Sendo assim, o papel do Imaginário é, baseando-se na experiência, criar realidades e situações hipotéticas permitindo ao indivíduo prevenir futuros possíveis e a partir disso orientar-se em tomadas de decisões ou na lida de questões existenciais possíveis. Podemos ressaltar, por exemplo, que o enriquecimento do imaginário não é necessariamente formado só por experiências vivenciadas na realidade da experiência, ou seja, não é formado somente por situações nas quais o sujeito realmente participou, mas pode ser preenchido por experiências obtidas através da arte, do cinema e, principalmente, da literatura. Conforme explicado acima, Frye (2017) diz que estudar a formação do imaginário é de grande importância por ele nos torna mais tolerantes, dado que, através da imaginação, começamos a enxergar as possibilidades daquilo que os outros acreditam. Utilizando a literatura como ferramenta de construção do imaginário, nos afastamos dos fatos como eles realmente aconteceram e entendemos as possibilidades das crenças alheias. O distanciamento imaginativo produz a tolerância. Podemos observar algumas características que tornam a história de São Bernardo minimamente possível e coerente com a realidade da experiência. Notamos através de alguns trechos as complexidades dos personagens principais, que agem com coerência segundo suas combinações de características da personalidade. O contexto histórico dos anos 1930 e como os personagens estão inseridos nele são totalmente plausíveis. Assim como a maneira que a narrativa foi escrita em primeira pessoa como as memórias de Paulo Honório, um personagem de origem alagoana e portando o texto é carregado de expressões da variante linguística características da região. As mudanças que ocorrem no comportamento de Paulo Honório ao longo da narrativa, por exemplo, fazem parte da jornada de vida do personagem que está 24 contando seus arrependimentos e não arrependimentos. Não é de maneira alguma algo jogado na trama sem sentido, pois Paulo Honório, mesmo parecendo insensível, narcisista, possessivo e bruto a princípio, podemos notar sutilmente alguma capacidade de sentir compaixão por Mãe Margarida que o criou desde menino quando os pais dele o abandonaram e isso vai se desenrolando até a confissão de seu remorso pelo triste fim de Madalena. Portanto, conforme explicado acima, para Todorov (2003), a verossimilhança não se trata de dizer a verdade ou contar as como tudo realmente aconteceu, mas se trata de se aproximar do real, ou dar a impressão de que tudo que se conta poderia ser real e essa impressão se fortalece à medida que o narrador é mais habilidoso em narrar. Nota-se, então, ao ler São Bernardo, como Graciliano Ramos é um narrador muito habilidoso, por nos fazer acreditar desde o início do livro que as memórias contadas poderiam ser reais, tudo é tão crível que nos faz sentir compaixão, raiva, pena, tristeza e espanto a cada página. Sentimo-nos como leitores participantes daquela história. Diante de tudo que foi apresentado, podemos notar como o romance São Bernardo pode contribuir para a educação do imaginário de alunos do Ensino Médio. Sabemos que a representação do minimamente possível numa narrativa literária tem papel fundamental para a formação do imaginário, o qual depende de experiências prévias para que o indivíduo construa pela imaginação referências e associações que o ajude a entender a existência humana, a sociedade em que vive e o ajude a lidar com situações possíveis em sua própria vida. O enredo de São Bernardo por se tratar de temas universais da existência humana, como relacionamentos abusivos, depressão, ciúmes e ganância, torna-se romance uma excelente fonte de vivências que podem formar no imaginário de um adolescente a capacidade de prevenir situações semelhantes e também compreender o próximo que passa por tais problemas. Entretanto, para que o professor desperte no aluno do Ensino Médio o desejo de enriquecer o imaginário através da literatura, é necessário parar de impor ao estudante o peso da exigência da leitura e abandonar a ideia de que a leitura de um livro sirva somente para que o aluno se saia bem na prova ou para aprender a escrever melhor. O ato de ler é muito mais do que isso. 25 A obrigação de ler imposta pela escola destrói o amor de muitos adolescentes pela leitura. Até mesmo aqueles adolescentes criados em uma casa onde a leitura era um momento divertido com os pais e acontecia desde a mais tenra infância acaba por destruída pela obrigação de ler. Muitos professores e alunos têm "se esquecido, por exemplo, que um romance conta antes de tudo uma história" (PENNAC, 1993, p. 113). Diante disso, é possível afirmar que a verossimilhança no romance São Bernardo escrito por Graciliano Ramos pode contribuir para a educação do imaginário de alunos do Ensino Médio. Todavia, para isso é preciso que a literatura seja trabalhada de maneira diferente da tradicional pelos professores. É preciso lembrar, por exemplo, que lemos um romance para viver a história e vivemos a história imaginando cada situação contada pelo autor. Portanto, o professor, em vez de exigir a leitura, poderia partilhar sua experiência e felicidade de ler. 26 6 CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma compreensão do papel da verossimilhança na narrativa literária, do imaginário na formação intelectual do indivíduo e como a verossimilhança no romance São Bernardo de Graciliano Ramos se encaixa nessa função da formação do imaginário de estudantes do Ensino Médio. Além disso, também permitiu uma reflexão sobre os problemas do ensino de literatura para alunos do Ensino Médio. De modo geral, percebe-se que Graciliano Ramos aborda em São Bernardo questões universais que cercam a sociedade e o ser humano. Ao lê-lo notamos que uma tragédia como a de Paulo Honório e Madalena poderia acontecer de verdade em qualquer era da existência humana. São Bernardo deveria ser trabalhado na escola, mas de modo que essas características e funções que a obra pode ter para a educação do imaginário sejam exploradas. Dada à importância do tema, torna-se necessário uma mudança na abordagem utilizada para apresentar a literatura aos alunos do Ensino Médio. Para próximas pesquisas sugere-se o foco em planos didáticos que priorizem o compartilhamento da experiência de leitura e a vivência de histórias, em vez de a simples obrigação de ler porque, por exemplo, o vestibular exige que se conheça aquela obra, ou porque o professor acredita que aquele livro é importante. Nesse sentido, o gosto pela leitura não vem pela obrigação, mas pela felicidade de viver possibilidades além de nossa existência através das páginas de um livro. Quando o professor partilha sua felicidade de ler, motiva os alunos a procurarem por conta própria viver a mesma experiência. 27 REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. Arte poética. São Paulo: Poeteiro Editor Digital, 2014. 43 p. Disponível em < https://docero.com.br/doc/e0xv0xs>. Acesso em 22nov. 2021. BARROS, João D. D. V (org.). Imaginário e educação. São Luis: EDUFMA, 2008. FRYE, Northrop. Imaginação educada. Campinas: Vide Editorial, 2017. GANCHO, Cândida V. Como analisar narrativas. São Paulo: Editora Ática, 2006. GURGEL, Rodrigo. Percevejos, ideólogos — e alguns escritores. Campinas: Vide Editorial, 2019. LAPLATINE, Francois; TRINDADE, Liana. O que é imaginário. Tatuapé: Editora Brasiliense, 2017. PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Editora Record, 2009. TODOROV, Tzevetan. Poética da prosa. 1ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. WARREN, Austin; WELLEK, René. Teoria da literatura e metodologia dos estudos literários. São Paulo: Martins Fontes, 2003. WUNENBURGER, Jean-Jacques. O imaginário. São Paulo: Edições Loyola, 2007.
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