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TRABALHO PENAL N2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO APARÍCIO CARVALHO 
Docente: Dr. Flávio Henrique de Melo 
Discente: Bárbara Wanessa Lima de Aguiar 
Curso/Turma: Direito 2º Período 
DIREITO PENAL I 
 
1. Garante pode se valer da tese do estado de necessidade? 
Não se permite a aplicação do estado de necessidade aos garantes do dever legal e os 
da ingerência. Quanto ao garante do dever contratual, há duas posições: Cabe o estado de 
necessidade, com fundamento na interpretação literal do art. 24, § 1º que fala no dever legal. 
E não cabe a invocação de estado de necessidade, com fundamento na interpretação 
sistemática do ordenamento. Posição amplamente majoritária. Confronto entre deveres: 
dever de fazer x dever de não fazer - opta-se pelo de não fazer, como por exemplo no caso 
que exige uma escolha um médico deve se omitir, pois não pode retirar o aparelho de uma 
criança para dar a outra que apresenta as mesmas condições. 
 
2. O que é causa supra legal de antijuridicidade? Dê exemplos. 
Causas supra legais são aquelas não previstas na lei, mas, que na presença de 
certas causas não haverá crime, mesmo existindo precedentes, a ponto de não serem 
consideradas crime. As causas supralegais de exclusão da antijuridicidade são: o princípio 
da adequação social ou ação socialmente adequada; o princípio da insignificância, ou crime 
de bagatela; o princípio do balanço dos bens, ou princípio da proporcionalidade; e o 
consentimento do ofendido. Por exemplo no princípio da adequação social, os fatos 
praticados de acordo com os costumes de uma cultura não são considerados ilegais, como 
no costume que há em furar as orelhas de uma bebê, nesses casos não haverá 
responsabilidade por lesão corporal. 
Outro exemplo que podemos citar está ligado ao princípio da proporcionalidade, que 
exclui a penalização em caso de lesão a um bem jurídico menor para preservar um outro 
bem jurídico mais valioso, como no caso de um incêndio no qual é preciso invadir uma 
residência para salvar as vítimas, nesse caso não haverá responsabilidade de invasão de 
domicilio. 
 
3. Fale sobre as 4 excludente de antijuridicidade, destacando seus elementos, bem 
como exemplificando. 
Há quatro causas legais que são capazes de excluir a antijuricidade da conduta, 
sendo elas: o estado de necessidade, a legítima defesa, exercício regular de direito e o 
estrito cumprimento do dever legal. 
O Estado de Necessidade é uma excludente prevista nos arts. 23 e 24 do Código 
Penal, em que a situação de perigo a um bem jurídico irá legitimar o sacrifício de outro bem 
jurídico, de valor igual ou inferior, para se preservar o bem originário, o estado de 
necessidade exige a existência de um perigo atual, uma situação que confronte dois 
interesses legítimos e que pelas circunstâncias não pode ser salvos os dois, devendo um 
deles perecer em favor do outro. A natureza jurídica do Estado de Necessidade é definida 
pelo Código Penal brasileiro como teoria unitária tendo como regra a exclusão da 
antijuridicidade, o estado de necessidade se subdivide em agressivo ou defensivo; real ou 
putativo e tem como requisito a necessidade de perigo atual, ameaça ao direito próprio ou 
alheio, perigo não provocado voluntariamente pelo agente, inexistência do dever legal de 
enfrentar o perigo, inevitabilidade de fato necessitado, proporcionalidade entre o fato 
necessitado e o bem jurídico que se procura preservar. Um exemplo do Estado de 
Necessidade ocorre quando alguém invade um domicílio para salvar uma criança que está 
se afogando na piscina (sacrifício de valor menor para salvar valor maior) estará amparado 
pelo estado de necessidade como excludente de ilicitude. 
A Legitima Defesa é uma excludente prevista no art. 25 do Código Penal, sendo uma 
reação com os meios necessários e moderados a uma agressão injusta, atual ou iminente 
por parte do agredido ou em favor de terceira pessoa, contra o agressor. Os requisitos da 
legítima defesa são a existência de agressão injusta atual ou iminente, a defesa a direito 
próprio ou alheio e o uso moderado dos meios necessários. A legítima defesa é classificada 
em: recíproca, sucessiva, real, putativa, própria, de terceiro, subjetiva, geral e a especial. 
Um exemplo de legitima defesa ocorre quando alguém, para se proteger, atira no 
criminoso que o ameaçava com uma arma. 
O Exercício Regular de um direito constitui o desempenho de uma atividade ou a 
prática de uma conduta autorizada por lei, em sentido amplo, quem exerce um direito jamais 
pratica um crime. Se um fato é autorizado pelo direito extrapenal, ele não poderá ser 
criminalizado. Como por exemplo os ofendículos, que são os meios predispostos à defesa 
da propriedade, que podem ser animais ou coisas previamente instaladas contra agressão 
alheia. Há duas posições acerca de sua natureza jurídica: exercício regular do direito de 
propriedade ou legítima defesa da propriedade. A posição jurisprudencial dominante é a que 
entende que a natureza é híbrida, ou seja, quando o aparato é instalado, trata-se de 
exercício regular do direito, e quando ele for acionado, haverá legítima defesa preordenada. 
Outro exemplo está na prática de esportes e as lesões esportivas, desde que as lesões 
estejam dentro das regras, está havendo o exercício regular de um direito. 
No Estrito Cumprimento do dever legal a excludente leva em consideração que o 
agente pratica a ação em cumprimento de um dever imposto por lei, penal ou extrapenal. 
Ele tem o dever de atuar conforme a lei, dentro de seus limites. O excesso punível é a 
intensificação desnecessária da conduta, que era inicialmente acobertada por uma 
excludente de antijuridicidade. Aplica-se a todas as excludentes de antijuridicidade, devendo 
ser verificado qual o tipo de excesso ocorrido, se punível ou não, mas para definir o excesso 
é necessário avaliar a sua modalidade que são: São modalidades de excesso: Excesso 
doloso, que ocorre quando o agente quer ou assume o risco do excesso e responderá por 
isso a título de crime doloso; Excesso culposo que decorre de negligência, imprudência ou 
imperícia, no qual o agente vai responder como crime culposo se houver previsão; Excesso 
acidental ou causal é aquele que decorre de caso fortuito ou força maior, um evento 
imprevisível, no qual o agente será absolvido, porque no caso não há dolo nem culpa; 
Excesso exculpante decorre de uma perturbação do ânimo do agente, como o susto, o medo 
ou o reflexo; Excesso intensivo que não se prolonga no tempo, que decorre da eleição de 
um meio não moderado e por fim o Excesso extensivo que se prolonga no tempo e que 
decorre do uso imoderado do meio eleito. Um Exemplo clássico de estrito cumprimento de 
dever legal é o do policial que priva o fugitivo de sua liberdade, ao prendê-lo em flagrante.

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