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Cirurgia Bariátrica e Metabólica Definição: • Cirurgia bariátrica: tratamento cirúrgico da obesidade propri- amente dita sem necessariamente tratar comorbidades as- sociadas • Cirurgia metabólica: reservado ao tratamento do paciente com diabetes mellitus e obesidade • Riscos da obesidade: − Aumento do risco de doenças cardio-vasculares (IAM, AVC) pela multiplicação de chance de desenvolver diabe- ter tipo-2 e hipertensão arterial − Dislipidemia − Esteatose hepática – Esteato-hepatite – cirrose − Apneia do sono − Aumento de incidência de alguns tipos de câncer Fisiopatogenia: • Etiologia complexa e multifatorial • Interação de genes • Fatores ambientais • Estilo de vida • Distúrbios emocionais • Diminuição dos níveis de grelina no período pós-prandial • A leptina age no hipotálamo bloqueando a liberação do neu- ropeptídeo Y (estimulante central do apetite), inibindo o ape- tite e, ao mesmo tempo estimulando a secreção de alfa-MSH (promotor da saciedade) − Quanto maior o peso, maiores os níveis de leptina • O GLP-1 e Peptídeo YY (PYY) • Obesidade primária (90 – 95% dos casos) – s/ causa definida • Obesidade secundária – doenças endócrinas, desordens gi- necológicas, doenças genéticas, distúrbios psiquiátricos, uso de determinadas medicações Classificação IMC Classificação Abaixo do peso < 18,5 Peso normal 18,5 – 24,9 Sobrepeso 25 – 29,9 Obesidade grau I 30 – 34,9 Obesidade grau II 35 – 39,9 Obesidade grau III (mórbida) 40 - 50 Super-obesidade > 50 Supersuperobeso > 60 Indicações cirúrgicas • Tem como base o: • IMC > 40 ou maior que 35 na presença de comorbidades • Falência do tratamento clínico, por, pelo menos, dois anos • Estabilidade psicológica • Contraindicações absolutas: − presença de doenças cardíacas e pulmonares em estágio terminal (risco ASA IV) − hipertensão porta com varizes esofagogástricas Técnicas cirúrgicas • Via aberta ou laparoscópica • Fatores responsáveis pela perda de peso: − Restrição alimentar − Disabsorção • Os procedimentos podem ser: − Restritivos: − Restritivos e disabsortivos − Disabsortivos Restritivas Diminuição da capacidade de armazenamento do es- tômago, fazendo com que o paciente coma menos. Gastroplastia tipo Mason (Banda gástrica vertical) Gastrectomia vertical (sleeve) Banda gástrica ajustável Restritivas e disabsortivas O componente restritivo é obtido pela criação de uma bolsa gástrica com via de saída de pequeno calibre O componente disabsortivo é obtido pelo comprimento das alças de by-pass(bilio- pancreática e alimentar) By-pass gástrico de Y de Roux Disabsortivas O alimento deve encontrar o suco biliopancreático apenas na alça comum, que mede 50 cm na cirurgia de Scopinaro e 80 a 100 cm do switch duodenal Derivação biliopancreática (Scopinaro) Switch duodenal Balão intragástrico (BIG) • Posicionado por via endoscópica • É composto por uma esfera resistente ao ácido estomacal por um período de 6 meses • Redução mais evidente nos níveis de grelina • Vantagens: − Maior simplificade técnica − Preservação do piloro − Redução dos níveis de grelina − Sem necessidade de ajustes periódicos − Redução na incidência de hérnias internas − Não há componente disabsortivo − Possibilidade de acrescentar um segundo procedimento com o tempo Gastroplastia tipo Mason • Reservatório gástrico funcionante → 30 ml • Orifício de saída do reservatório deve ser estreito e não su- perando 1,5 cm de diâmetro • Praticamente abandonada devido a pouca perda de peso em longo prazo • Complicações: − Estenose gástrica − Facilita o consumo de dieta líquida calórica • Técnica: − confecção de um tubo gástrico vertical, que formava um reservatório de pequeno volume (aproximadamente 30 ml), sendo posicionado um anel na via de saída desse reservatório para retardar o esvaziamento gástrico. Gastrectomia vertical laparoscópica(sleeve) • 65 – 75% de perda do excesso de peso • Cirurgia que mais cresce na atualidade • Vantagens: − Mantém o acesso endoscópico − Não há desabsorção − Não há risco de formação de hérnias internas • Desvantagens − Maior reganho de peso ao longo dos anos − Menor resolução de comorbidades − Mais restritiva • Contraindicação absoluta − DRGE importante Banda gástrica ajustável • Praticamente substituiu a gastroplastia de Mason por sua maior comodidade e facilidade técnica • Mecanismo de funcionamento: limitar a quantidade de inges- tão de alimentos no estômago proximal • Vantagens: − ajustabilidade do anel colocado na parte superior do es- tômago − baixa morbidade − menor número de complicações nutricionais − reversabilidade − possibilidade de ajuste gradual By-pass gástrico em Y de Roux (Fobi-Capela) • Componente restritivo: diminuição do volume de ingestão para 20 a 30 ml • Componente disabsortivo: alça de jejuno em Y de Roux (no mínimo 75 cm de comprimento) • É feito um reservatório gástrico usando o estômago proximal e o estômago remanescente não é ressecado • Um anel silastic é posicionado por sobre o reservatório, tor- nando-o ainda mais restritivo (muitos cirurgiões não reco- mendam mais essa etapa do procedimento) • Componente disabsortivo: é feita uma secção do jejuno pro- ximal a cerca de 100 – 150 cm após o ângulo de Treitz e o pequeno reservatório criado é anastomosado com o jejuno restante. • Braço de Roux: jejuno proximal, duodeno e estômago que não fazem parte do novo reservatório − Quanto maior o braço, maior a perda de peso • No Brasil, é considerada o método de escolha no tratamento da DM 2 • Vantagens: − Excelente perda de peso − Boa manutenção no longo prazo − Excelente índice de resolução de comorbidades − Cirurgia extremamente segura (mortalidade de 0,1% em grandes centros) • Desvantagens: − Perda do fácil acesso endoscópico ao duodeno − Necessidade de reposição de vitaminas e minerais (em- bora de fácil controle) • Seguimento pós-cirurgia − Avaliações com equipe multiprofissional − Revisões periódicas com realização de exames − Necessidade de uso de poolivitamínio diáriodieta e ativi- dade física para evitar reganho de peso − Reganho de peso em 20% dos casos – tratamento clínico e, se necessário, cirurgia revisional Cirurgia de Scopinaro • Principal fator da perda de peso: derivação biliopancreática • Componente restritivo: hemigastrectomia distal horizontal − O estômago proximal é anastomosado ao íleo − Alça biliopancreática: coto duodenal e todo o jejuno ex- cluídos do trânsito alimentar − Canal comum: local onde a alça biliopancreática desem- boca (final do íleo) e derramam a bile e o suco pancreá- tico (jejunoileostomia) • Uma colecistectomia profilática é realizada ao mesmo tempo cirurgicodevido ao aumento de incidência de litíase bliar • Supercrescimento bacteriano na alça biliopancreática • Em desuso, devido a importante desnutrição proteica e se- vera carência de vitaminas e minerais Switch duodenal (Cirurgia de Hess) • Evolução da cirurgia de Scopinaro • Preservação do piloro • Procedimento inicial: GVL • Cirurgia definitiva é feita em um segundo momento • Principal objetivo: perda ponderal inicial, que facilita o se- gundo momento, e redução da possibilidade de complica- ções • Cirurgia reservada para pacientes que necessitam de uma grande quantidade de perda de peso (Supersuperobesos – IMC > 60) Cirurgia metabólica Mecanismos de controle glicêmico • Exclusão duodenal • Estímulo incretínico • Diminuição do nível de grelina • Restrição alimentar / perda de peso • Modificadores na microbiota • Alterações de ácidos biliares Exclusão duodenal • Duodeno: elevado poder de absorção • GIP: estímulo de glucagon • Procedimentos que excluem apenas duodeno tem melhora glicêmica • Cirurgias que mantém o duodeno têm resultados metabóli- cos inferioresEstímulo incretínico • Células L localizadas, principalmente, em íleo e cólon • Estímulo do alimento: liberação de incretinas (GLP-1; PYY) • Aproximação ileal: melhores resultados metabólicos • Níveis de GLP-1 25% menor em pré-diabéticos e 20% menor em obesos • Piora do controle glicêmico após administração de exendin 9-39 pós-bypass • Melhora glicêmica com administração de análogos de GLP-1 e inibidores de DPP-IV • Jejuno-ileal by-pass: controle glicêmico