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Introdução ao Direito Penal

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@klaique_araujo 
Introdução ao Direito Penal 
AULA 01 
Professora Klaique Andreia Araújo 
1 
Na primeira aula do curso de Introdução ao 
Direito Penal, o(a) aluno(a) aprenderá: 
 
O conceito, objeto, terminologia, histórico, 
princípios gerais do Código Penal, fontes 
aplicáveis, interpretação da Lei Penal, 
analogia e Leis de vigência temporária, em 
paralelo, serão apresentados casos e 
exemplos práticos de modo a ampliar a 
aprendizagem. 
 
OBJETIVO 
 
2 
 
1. Introdução 
 
2. Princípios Gerais do Código Penal 
 
3. Objeto 
 
4. Fonte 
 
5. Interpretação da Lei Penal 
 
6. Analogia 
 
7. Leis de Vigência Temporária 
 
SUMÁRIO: 
 
3 
 1) INTRODUÇÃO 
4 
 
 
 
Terminologia direito penal x criminal: conforme Nucci (2017) são sinônimas e observa sua 
utilização: Código Criminal (1830); Código Penal (1890 e 1940). Demais países, direito criminal 
(Grã-Bretanha), ora de direito penal (Itália). 
 
 
Código Penal Brasileiro: Decreto-Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940. 
 
 
 O Direito Penal é formado pela parte geral e pela parte especial. 
 
Geral: compreende do artigo 1º ao 120. Alterada pela Lei n. 7.209/1984. É responsável por traçar 
princípios comuns e orientações gerais que incidirão sobre todas as normas. 
 
Especial: trata dos crimes em espécie (tipos penais), como o homicídio, o estupro, o furto, 
estelionato etc. 
 
 
 
 1) INTRODUÇÃO 
 
 
 
5 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
 
6 
 Insignificância ou bagatela: o Direito Penal não deve se ocupar de 
condutas insignificantes, bagatelas, do mesmo modo que não 
podem ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas 
incapazes de lesar o bem jurídico. 
Doutrinadores como Fernando Capez defendem que do princípio da dignidade nasce 
os demais princípios orientadores e limitadores do Direito Penal. 
 
Para André Estefam e Victor Gonçalves, “a dignidade da pessoa humana é o mais 
importante dos princípios constitucionais. Muito embora não constitua princípio 
exclusivamente penal, sua elevada hierarquia e privilegiada posição no ordenamento 
jurídico reclamam lhe seja dada a máxima atenção. 
A seguir, destaca-se os princípios mais estudados do Direito Penal: 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
Entendimento STF: 
 
“(...) - O princípio da insignificância – que deve ser analisado em conexão com os postulados da 
fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal – tem o sentido de excluir ou 
de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina. 
 Tal postulado – que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a 
presença de certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, 
(b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada – apoiou-se, em seu processo de 
formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, 
em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público em matéria 
penal. 
 O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor –
 por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes – não represente, por isso 
mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria 
ordem social.” (RTJ 192/963-964, Rel. Min. CELSO DE MELLO). 
7 
Jurisprudência: 
 
“(...) a receptação de um walk man, avaliado em R$ 94,00, e o 
posterior comparecimento do paciente perante à autoridade policial 
para devolver o bem ao seu dono, preenchem todos os requisitos do 
crime de bagatela, razão pela qual a conduta deve ser considerada 
materialmente atípica.” (HC 91.920, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 
julgamento em 9-2-2010, Segunda Turma, DJE de 12-3-2010.) 
 
 
“No caso, com bem observou o Superior Tribunal de Justiça, o 
paciente ‘(...) invadiu, em plena luz do dia, o estabelecimento 
comercial da vítima, escalando uma cerca de aproximadamente 2,5 
metros de altura, para subtrair uma janela de ferro colocada para 
venda (...), revelando o elevado grau de reprovabilidade social de seu 
comportamento (...)’, o que torna inaplicável ao caso o princípio da 
insignificância.” (HC 97.012, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento 
em 9-2-2010, Segunda Turma, DJE de 12-3-2010) 8 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
Não se pode, por exemplo, afirmar que todas as contravenções penais são insignificantes, 
pois, dependendo do caso concreto, isto não se pode revelar verdadeiro 
 
 
Vamos pensar sobre as duas condutas descritas na Lei das Contravenções Penais (DECRETO-
LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941): 
 
 Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem 
 preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício.” 
 
 Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: 
 Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um 
 conto de réis, se o fato não constitua crime 
 
 
 
9 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
 Alteridade ou transcendentalidade: proíbe a incriminação de ato subjetivo do agente e que, 
por essa razão, que não lesiona bem jurídico alheio. 
 
Segundo Fernando Capez (2011, p. 32-33), “não há lógica em punir o suicida frustrado ou a 
pessoa que se açoita, na lúgubre solidão de seu quarto” 
 
O doutrinador ainda esclarece: “ A Lei n. 11.343/2006 não tipifica a ação de “usar a droga”, mas 
apenas o porte, pois o que a lei visa é coibir o perigo social representado pela detenção, evitando 
facilitar a circulação da substância entorpecente pela sociedade, ainda que a finalidade do sujeito 
seja apenas a de uso próprio. Assim, existe transcendentalidade na conduta e perigo para a saúde 
da coletividade” 
10 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
 Ofensividade: a lei penal será aplicada apenas quando houver a ofensa a bem jurídico protegido, 
sendo indiferente se a situação pode ser considerada imoral, por exemplo. 
 
 Igualdade: todos são iguais e deverão ser tratados sem qualquer distinção. 
 
 Presunção de inocência: decorre de que a pena só será cumprida após o transito em julgado da 
ação. 
 
 Culpabilidade: somente há sanção se houver a culpabilidade do sujeito ativo. 
 
 “Ne bis in idem”: não pode um indivíduo ser punido mais de uma vez pelo mesmo fato. 
 
 Intervenção mínima: a lei só deve intervir somente quando houver real necessidade. 
11 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
 
 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
12 
 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal - Código Penal. 
 
Art. 5º, XXXIX não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal - Constituição Federal – cláusula pétrea, imutável. 
 
 A Lei Penal deve ser precisa, detalhada, não sendo admitido termos genéricos. 
 
 Proteção contra arbitrariedade do Estado contra o direito de liberdade. 
 
 No Brasil, este princípio apareceu nas Constituições Federais de 1824, art. 179, §11; 
1891, art. 72, § 15; 1934, art. 113, § 26; 1937, art. 122; 1946, art. 141,§ 27; 1967, art. 
153, § 16; e 1988, art. 5º, XXXIX. 
 
 
13 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
 Anterioridade da lei penal: efeito da anterioridade da lei penal é a irretroatividade, 
normas de execução penal que tornem mais gravoso o cumprimento da pena, impeçam 
ou acrescentem requisitos para a progressão de regime não podem retroagir para 
prejudicar o condenado. 
 
 Proporcionalidade: a sanção penal deve considerar a extensão do dano, em cada caso, 
por exemplo, penas idênticas para crimes com lesividade diferente. 
 
 Humanidade: reflete na norma constitucional que veda a tortura e de tratamento 
desumano ou degradante a qualquer pessoa, proibição da pena de morte, prisão 
perpétua,trabalhos forçados. 
 
 Responsabilidade pelo fato: não há punição de pensamentos, mas sim fatos 
devidamente exteriorizados no mundo concreto e que sejam tipificados. 
 
14 
 Proibição da analogia “in malam partem”: decorrente do princípio da legalidade, proíbe 
adequação típica por semelhança eventualmente existente pelos fatos. 
 
 Irretroatividade da lei penal mais servera: 
 
CP: Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos 
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
CF: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
 
 
 
2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
15 
 seleciona os comportamentos humanos prejudiciais aos bens jurídicos: vida, saúde, 
liberdade, propriedade, etc; 
 
 descreve esses comportamentos como infrações penais; 
 
 impõe sanções; 
 
 estabelece as regras complementares e gerais necessárias à sua correta e justa 
aplicação. 
 
 normatividade jurídico-penal limita-se às atividades finais humanas com a sociedade, 
razão pela qual situa-se no âmbito do Direito Público. 
 
 
3) OBJETO 
 
4) FONTE 
 Fonte é a origem da norma jurídica. No Direito Penal, pode ser material ou formal. 
 
Fonte de produção, material ou substancial: o responsável pela criação da norma, que no Brasil 
corresponde à União, a qual tem competência privativa para legislar sobre direito penal e 
processual penal (art. 22, I CF). 
 
Obs: o parágrafo único do art. 22 autoriza Estados e Municípios a legislar sobre questões 
específicas, de forma que não abrange a possibilidade de criando crimes, causas extintivas da 
punibilidade 
 
 
Obs: Nenhuma matéria de direito penal ou processual penal poderá ser editada por Medida 
Provisória (art. 62, § 1º, b CF). 
16 
 Formal, de cognição ou de conhecimento: como é exteriorizado o Direito Penal, podendo ser 
dividida entre imediata e mediata. 
 Fonte Formal Imediata: é a lei que descreve a conduta e prevê sanção. Caracteriza-se por ser 
descritiva. Exemplo: o tipo do crime de furto encontra-se no art. 155, do CP “subtrair, para si ou 
para outrem, coisa alheia móvel”. 
A Lei (fonte formal imediata) pode ser classificada como incriminadora e não incriminadora, esta, é 
classificada em permissivas e final/ complementar/ explicativa. 
 Lei incriminadora: descreve o crime e atribui pena. 
 Lei não incriminadora: não descreve o crime, não atribui pena. 
 Lei não incriminadora permissiva: valida determinada conduta tipificada na lei incriminadora, 
por exemplo, legítima defesa. 
 Lei não incriminadora final/ complementar ou explicativa: esclarece o conteúdo de outra 
norma e delimita o âmbito de sua aplicação. Exemplo: artigos 1º, 2º do CP. 17 
4) FONTE 
18 
 Normas penais em branco: são normas em que a cominação da penas está completa, no entanto, o 
seu conteúdo é indeterminado, necessitando de complementação por outra disposição legal ou 
regulamentar. Estas são classificadas em: 
 
 Normas penais em branco em sentido lato ou homogêneas: quando o complemento provém da 
mesma fonte formal, ou seja, a lei é completada por outra lei. 
 
 Exemplos: CP Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe 
 cause a nulidade absoluta (impedimentos descritos no Código Civil). 
 CP Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos (lei de direitos autorais). 
 
 Normas penais em branco em sentido estrito ou heterogêneas: quando o complemento provém 
de fonte formal diversa tal qual uma portaria ou um decreto. 
 
 Exemplo: Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja 
notificação é compulsória (a doença é definida por regulamento ou portaria do Ministério da Saúde). 
 
4) FONTE 
19 
 Fontes formais mediatas: costumes, princípios gerais do direito e formas de interpretação. 
 
 
 Costume: regra não escrita, seguidas de modo contínua pela coletividade. Não cria delitos, 
nem comina penas (princípio da reserva legal/ legalidade). 
 
 
 Princípios gerais do direito: “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito” (LICC, art. 4º) 
 
 Formas de procedimento interpretativo: equidade, doutrina e jurisprudência 
 
- Equidade: soma de postulados que visa obter a decisão justa tanto quanto possível. 
- Doutrina: atividade dos estudiosos que analisam e interpretam o Direito e servem como 
guia na aplicação da lei. 
- Jurisprudência: decisões reiteradas que visam uniformizar o entendimento em casos que 
se repetem. 
 
4) FONTE 
5) INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
20 
 A interpretação da lei penal deve buscar a intenção da lei e quanto aos sujeitos pode ser autêntica, 
doutrinária ou judicial: 
 Autêntica ou legislativa: ocorre pelo legislador. Exemplo: Art. 327 CP - Considera-se funcionário 
público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, 
emprego ou função pública. 
 Doutrinária ou científica: ocorrida pelos pesquisadores. 
 Judicial: feita pelos órgãos jurisdicionais. 
 
 Quanto aos meios empregados 
 Gramatical, literal ou sintática: considera sentido literal das palavras. 
 Histórico: compreensão contextualizada no espaço e tempo. 
 Lógica ou teleológica: persegue a vontade da lei. 
 
 Quanto ao resultado 
 Declarativa: há plena correspondência entre a letra da lei e a sua vontade. 
 Restritiva: quando a lei foi além da sua vontade. 
 Extensiva: a lei não correspondeu a sua vontade (aqui não significa analogia). 
 Interpretação progressiva, adaptativa ou evolutiva. 
6) ANALOGIA 
21 
Consiste em aplicar-se a uma hipótese não regulada por lei disposição relativa a um caso 
semelhante (CAPEZ, 2011, p. 53). Mecanismo utilizado em situações de lacuna. 
 
 Analogia in bonam partem e in malam partem: somente aplica-se analogia in bonam 
partem ao Direito Penal, isto é, a que é usada em benefício do sujeito ativo da infração 
penal, restringindo o direito de punir do Estado. A analogia in malam partem, não será 
aplicada pois traria prejuízo ao sujeito ativo da infração penal, pois criaria de delitos não 
tipificados poderiam agravar a punição, por exemplo. 
 
Espécies: 
 Jurídica - a hipótese é regulada por princípio extraído do ordenamento jurídico em seu 
conjunto. 
 Legal - o caso é regido por norma reguladora de hipótese semelhante. 
 
Distinção: analogia x interpretação extensiva x interpretação analógica 
 
 Analogia: inexiste norma reguladora para a hipótese. 
 
 Interpretação extensiva: existe norma regulando o caso, e o intérprete amplia seu significado além do 
que estiver consignado expressamente. 
 
 Interpretação analógica: situação para qual existe norma tipificadora (o que não ocorre na analogia) 
de forma expressa e completa (não é o caso da interpretação extensiva), contudo com algum ponto 
genérico, demandando, pois, a interpretação. 
 
Exemplo: CP - Art. 121 § 2º Se o homicídio é cometido: IV - à traição, de emboscada, ou mediante 
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. No caso, outro 
recurso, só pode ser interpretado com base nas demais hipóteses (emboscada/ dissimulação). 
22 
6) ANALOGIA 
7) LEIS DE VIGÊNCIA TEMPORÁRIA 
 
CP - Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o 
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
 
 Lei temporária: é a feita para vigorar em um período de tempo pré-determinado pelo 
legislador. 
 
 Lei excepcional: vigora em períodos anormais, como guerra, calamidades, pandemia etc. 
Sua duração coincide com a do período (dura enquanto durar a guerra, a calamidade etc.). 
 
 Características:Autorrevogáveis: constitui exceção, pois em regra, uma lei somente pode ser revogada por 
outra lei, posterior. 
Ultrativas: possibilidade de uma lei se aplicar a um fato cometido durante a sua vigência, 
mesmo após a sua revogação. 
23 
 Análise de caso da pandemia atual: Alteração do complemento da norma penal em branco 
com característica ultrativa. 
 
CP Art. 268- Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de 
doença contagiosa. 
 
Lei 13.979/20 - Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se: 
II - quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação das pessoas 
que não estejam doentes, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou mercadorias 
suspeitos de contaminação, de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação do 
coronavírus) . 
 
Portaria 356/2020 - Art. 3º A medida de isolamento objetiva a separação de 
pessoas sintomáticas ou assintomáticas, em investigação clínica e laboratorial, de maneira a evitar a 
propagação da infecção e transmissão local. 
§ 1º A medida de isolamento somente poderá ser determinada por prescrição médica ou por 
recomendação do agente de vigilância epidemiológica, por um prazo máximo de 14 (quatorze) dias, 
podendo se estender por até igual período, conforme resultado laboratorial que comprove o risco de 
transmissão. 
24 
7) LEIS DE VIGÊNCIA TEMPORÁRIA 
 
 Trata-se de norma penal em branco que necessita de dois complementos: 
 
 O primeiro ocorreu pela Lei 13.979/2020, prevendo a viabilidade de se decretar o isolamento, a 
quarentena e outras medidas restritivas da liberdade individual e empresarial, e o segundo, 
ocorreu por meio da edição da Portaria n. 356/2020 pelo Ministério da Saúde (NUCCI, 2020). 
 
 O complemento deste tipo incriminador é ultrativo, nos termos do art. 3º do Código Penal, 
porque, superada a crise e afastada a medida restritiva imposta pelo poder público, quem a 
tiver infringido, quando a determinação estava em vigor, continuará a responder criminalmente 
pelo que fez. Afinal, gerou perigo à saúde pública, lesionando o bem jurídico tutelado (NUCCI, 
2020). 
 
Alteração do complemento da norma penal em branco: “Quando se vislumbrar no complemento 
a característica da temporariedade, típica das normas de vigência temporária, também se operará 
a sua ultratividade. Nessa hipótese, o comando legal era para que a norma não fosse desobedecida 
naquela época, de maneira que quaisquer modificações ulteriores serão impassíveis de alterar a 
estrutura do tipo. Finalmente, ante o exposto, não interessa se o complemento advém de lei ou de 
ato infralegal, pois a retroatividade depende exclusivamente do caráter temporário ou definitivo da 
norma” (CAPEZ, 2011, p.87) 25 
7) LEIS DE VIGÊNCIA TEMPORÁRIA 
 
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. 
______Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 11 jan. 2002. 
______. Código de Processo Penal. decreto lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del3689.htm. 
______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 
______. Decreto n. 7.030 de 14 de Dezembro de 2009. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Decreto/D7030.htm 
______. Lei 7565 de 19 de Dezembro de 1986. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7565compilado.htm 
______.Lei 8617 de 04 de Janeiro de 1993. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8617.htm 
______.Lei 11343 de 23 de Agosto de 2006. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm 
______Decreto- Lei nº 3688 de 03 de Outubro de 1941. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del3688.htm 
Capez, Fernando Curso de direito penal, volume 1, parte geral :(arts. 1º a 120) / Fernando Capez. — 15. ed. — São Paulo : 
Saraiva, 2011. 1. Direito penal I. Título. 
Código Penal interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo /Costa Machado, organizador; David Teixeira de 
Azevedo, coordenador. - 7, ed. - Barucru SP: Manole, 2017. 
Estefam, André. Direito Penal esquematizado: parte geral/ Andre Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves. São Paulo : 
Saraiva, 2012. 
Jesus. Damásio E. de. Direito Penal Vol. 1. 29 ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2008. 
Nucci, Guilherme de Souza Código penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 17. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de 
Janeiro: Forense, 2017. 
Nucci, Guilherme de Souza Código penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – A pandemia do coronavírus e a aplicação 
da lei penal. Disponível em https://guilhermedesouzanucci.jusbrasil.com.br/artigos/823696891/a-pandemia-do-
coronavirus-e-a-aplicacao-da-lei-penal 
8) BIBLIOGRAFIA 
26 
@klaique_araujo 
Introdução ao Direito Penal 
AULA 02 
Professora Klaique Andreia Araújo 
1 
Nesta segunda aula do curso de Introdução 
ao Direito Penal, o(a) aluno(a) aprenderá: 
 
Como se dá a eficácia temporal e espacial da 
lei penal, a sua aplicação em relação a 
pessoas que exercem determinadas funções, 
a eficácia da sentença estrangeira, contagem 
de prazo e noções breves sobre a 
caracterização do fato típico. Por fim, serão 
analisados alguns casos e exemplos práticos 
em paralelo ao objeto de estudo. 
 
OBJETIVO 
 
2 
1. Tempo do crime 
 
2. Territorialidade 
 
3. Lugar do crime 
 
4. Extraterritorialidade da Lei Penal Brasileira 
 
5. Eficácia de Sentença Estrangeira 
 
6. Contagem do Prazo 
 
7. Fato Típico 
 
SUMÁRIO: 
 
3 
 1) TEMPO DO CRIME 
4 
CP - Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado. 
 
Exemplo: um menor com 17 anos e 11 meses esfaqueia uma senhora, que vem 
a falecer, em consequência desses golpes, 3 meses depois. Não responde pelo 
crime, pois era inimputável à época da infração (art. 27 do CP). No caso de 
crime permanente, como a conduta se prolonga no tempo, o agente 
responderia pelo delito. Assim, se o menor, com a mesma idade da hipótese 
anterior, sequestrasse a senhora, em vez de matá-la, e fosse preso em flagrante 
3 meses depois, responderia pelo crime, pois o estaria cometendo na 
maioridade. 
 
Entretanto, em matéria de prescrição, o Código Penal adotou a teoria do 
resultado. O lapso prescricional começa a correr a partir da consumação, e não 
do dia em que se deu a ação delituosa (CP, art. 111, I). 
Entretanto, em se tratando de redução de prazo prescricional, no caso de 
criminoso menor de 21, aplica-se a teoria da atividade (v. CP, art. 115, primeira 
parte) (CAPEZ, 2011, p. 88-89). 
 
 Regra geral: independe a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo 
 CP - Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
 
 Extensão do território nacional: 
 § 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 § 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
 Princípio da territorialidade temperada: aplicável ao Brasil, ordenamento penal brasileiro é 
aplicável aos crimes cometidos no território nacional, de modo que todos ficarão sujeitos à lei 
penal brasileira por fatos criminosos aqui praticados,salvo quando normas de direito 
internacional dispuserem em sentido contrário. 
 
 2) TERRITORIALIDADE 
 
 
 
5 
 2) TERRITORIALIDADE 
 
6 
Território nacional: considerando o aspecto material, corresponde a todo o espaço delimitado 
pelas fronteiras geográficas; pelo aspecto jurídico, abrange todo o espaço em que o Estado exerce a 
sua soberania tais como: 
 
a) Solo ocupado pela corporação política. 
b) Rios, lagos, mares interiores, golfos, baías e portos. 
c) Mar territorial: é a faixa de mar exterior ao longo da costa, que se estende por 12 milhas 
marítimas de largura, medidas a partir da baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro (art. 
1º da Lei n. 8.617 de 4 de janeiro de 1993 - ). 
 
Lei 8.617 - Art. 2º: A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo 
sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. 
 
Zona contígua: faixa que se estende das 12 às 24 milhas marítimas, na qual o Brasil poderá tomar 
medidas de fiscalização, a fim de evitar ou reprimir infrações às leis e aos regulamentos 
aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no seu território ou mar territorial (arts. 4º e 5º da 
Lei n. 8.617). 
 Situações de não incidência da lei a fatos cometidos no Brasil 
 
 Imunidades diplomáticas: o diplomata é dotado de inviolabilidade pessoal, não 
pode ser preso, nem submetido a qualquer procedimento ou processo, sem 
autorização de seu país. As sedes diplomáticas, não são extensão do território do 
país em que se encontram, mas são dotadas de inviolabilidade, como garantia 
dos representantes estrangeiros. Não haverá inviolabilidade, contudo, se o crime 
for cometido no interior de um desses locais por pessoa estranha à diplomação. 
 
 Entes abrangidos pela imunidade diplomática: agentes diplomáticos 
(embaixador, secretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das 
representações); componentes da família dos agentes diplomáticos; funcionários 
das organizações internacionais (ONU, OEA etc.) quando em serviço; chefe de 
Estado estrangeiro que visita o País, inclusive os membros de sua comitiva. 
 
 Empregados particulares dos agentes diplomáticos: não gozam de imunidade, 
ainda que sejam da mesma nacionalidade deles. 
 (CAPEZ, 2011, p. 105). 
7 
 2) TERRITORIALIDADE 
 Nota: o crime e suas 
consequências não são 
excluídos, apenas coloca os 
titulares fora da jurisdição 
criminal do Estado onde 
estão creditados, 
submetendo-os às de seus 
países. 
(Jesus, D., 2008, p. 139) 
 
RHC – Recurso em Habeas Corpus 34029 
 
 Ementa: 
 
IMUNIDADE DIPLOMATICAS; ISENÇÃO DA JURISDIÇÃO CRIMINAL. 
RESTRINGEM-SE AS IMUNIDADES E ISENÇÕES AOS ASSUNTOS DIPLOMATICOS, 
AO PESSOAL "OFICIAL" DA MISSAO E AOS MEMBROS DAS RESPECTIVAS 
FAMILIAS; EXCLUIDOS SÃO ASSIM, DOS BENEFÍCIOS, OS SECRETARIOS 
PARTICULARES, DATILOGRAFOS, MORDOMOS, CRIADOS OU MOTORISTAS, QUE 
CONSTITUEM O PESSOAL "NÃO OFICIAL". QUANDO EXTENSIVOS LHES FOSSEM, 
PRIVILEGIO QUE E COMBATIVO POR AUTORIDADES NA MATÉRIA, NECESSARIO 
FORA QUE PERTENCESSEM A MESMA NACIONALIDADE DO CHEFE DA MISSAO. 
COMPETÊNCIA DAS JUSTIÇAS LOCAIS PARA CONHECER E DECIDIR 
SOBRE IMUNIDADES INVOCADAS. INTELIGENCIA DO ARTIGO 101, I, C, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. (RHC 34029, Relator(a): EDGARD COSTA, Tribunal 
Pleno, julgado em 04/04/1956, DJ 19-07-1956 PP-08420 EMENT VOL-00262-01 
PP-00137 ADJ 11-03-1957 PP-00764) 
8 
 2) TERRITORIALIDADE 
 
 
CP - Art. 6.º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no 
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
Teorias sobre o lugar do crime: 
 
 atividade: considera-se local do delito aquele onde foi praticada a conduta (atos 
executórios); 
 
 resultado: o lugar do crime é aquele onde ocorreu o resultado (consumação); 
 
 mista ou da ubiquidade: é lugar do crime tanto onde houve a conduta, quanto o local 
onde se deu o resultado (compatível com o art. 6.º - CP). 
 
9 
3) LUGAR DO CRIME 
 
 Crimes contra a honra cometidos na internet: 
 
Crime contra a honra. Calúnia. Ofensas publicadas em blog na internet. Competência do local 
onde está sediado o servidor que hospeda o blog. 1. O art. 6.º do Código Penal dispõe que o 
local do crime é aquele em que se realizou qualquer dos atos que compõem o iter criminis. 
Nos delitos virtuais, tais atos podem ser praticados em vários locais. 2. Nesse aspecto, esta 
Corte Superior de Justiça já se pronunciou no sentido de que a competência territorial se 
firma pelo local em que se localize o provedor do site onde se hospeda o blog, no qual foi 
publicado o texto calunioso. 3. Na hipótese, tratando-se de queixa-crime que imputa prática 
do crime de calúnia, decorrente de divulgação de carta em blog, na internet, o foro para 
processamento e julgamento da ação é o do lugar do ato delituoso, ou seja, de onde partiu a 
publicação do texto tido por calunioso. Como o blog denominado Tribuna Livre do Juca está 
hospedado na empresa NetRevenda (netrevenda.com), sediada em São Paulo, é do Juízo 
Paulista, ora suscitante, a competência para o feito em questão. 4. Conflito conhecido para 
declara competente o Juízo de Direito da Vara do Juizado Especial Criminal do Foro Central 
da Barra Funda – São Paulo-SP, o suscitante” CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 125.125 - SP 
(2012/0214861-1) – STJ. 
10 
3) LUGAR DO CRIME 
 
 Crime permanente ou crime continuado: segue-se a regra do art. 71 do Código de Processo 
Penal, isto é, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á 
pela prevenção. (Ex: CP - Art. 148 – Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou 
cárcere privado) 
 
 
 Quando incerto o limite entre duas comarcas, se a infração for praticada na divisa, a 
competência será firmada pela prevenção (CPP, art. 70, § 3º). 
 
 
 
11 
3) LUGAR DO CRIME 
 
 
 
4) EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA 
 
12 
 
 Conceito de extraterritorialidade: é a aplicação das leis brasileiras aos crimes cometidos fora 
do território nacional, pode ser incondicionada ou condicionada: 
 
 Incondicionada: ou seja, que não depende de quaisquer condições (7.º, I, do CP): 
 
 os crimes cometidos contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
 contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
 contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
 de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
 
 Note que na forma do 1º do art. 7º CP, para os crimes retro mencionados, o agente é punido 
segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 
 
 (Art. 8º -CP)- A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo 
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 
13 
 Condicionada: será aplicada a lei brasileira aos seguintes crimes cometidos no estrangeiro: 
- os previstos em tratado ou convenção e que o Brasil se obrigou a reprimir; 
- os crimes cometidos por brasileiro; 
- crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados; 
 Porém, para a aplicação da lei brasileira, os seguintes requisitos devem ocorrer: 
- o agente deve entrar no território nacional; 
- o fato praticado tem que ser punível também no país em que foi praticado; 
- o crime deve figurar dentre aqueles que a lei brasileira autoriza a extradição; 
- o agente não pode ter sido absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
- que o agente não tenha perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, a punibilidade não 
esteja extinta, seguindo a lei mais favorável. 
4) EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA 
 
5) EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
14 
 Fundamento da homologação de sentença estrangeira:nenhuma sentença de caráter 
criminal emanada de jurisdição estrangeira pode ter eficácia num Estado sem o seu 
consentimento, uma vez que o Direito Penal é essencialmente territorial, razão pela 
qual, é necessária a homologação. 
 
 Competência para a homologação: de sentenças estrangeiras e a concessão do 
exequatur às cartas rogatórias é do Superior Tribunal de Justiça. 
 
 
 
 
15 
 
 Conteúdo da homologação: a homologação não diz respeito ao conteúdo, no entanto, deve 
preencher os requisitos do Art. 788 do CPP: 
 estar revestida das formalidades externas necessárias, segundo a legislação do país de origem; 
 haver sido proferida por juiz competente, mediante citação regular, segundo a mesma 
legislação; 
 ter passado em julgado; 
 estar devidamente autenticada por cônsul brasileiro; 
 estar acompanhada de tradução, feita por tradutor público. 
 
 
5) EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
 
 Execução civil da sentença penal estrangeira: a homologação é obrigatória não apenas para a 
execução da pena imposta na sentença criminal condenatória estrangeira, mas também para 
obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis. 
 
 Homologação pendente de provocação do interessado: no caso de homologação para 
execução civil da sentença condenatória, ou seja, em face dos efeitos civis decorrentes da 
condenação criminal estrangeira, é necessário pedido da parte interessada. 
 
16 
5) EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
 
 Medida de segurança: sua execução também depende de prévia homologação pelo STJ, desde 
que existente tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, 
ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
 
 Procedimento da homologação: homologada a sentença estrangeira, esta será remetida ao 
presidente do Tribunal de Justiça do Estado de domicílio do condenado, esse remeterá ao juízo/ 
comarca para aplicação da pena ou da medida de segurança. 
 
17 
5) EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
18 
 Prescrição e decadência: CP - Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os 
dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
 
 Aplicação: Todos os prazos de natureza penal, de direito material, ou seja, todos aqueles relativos à 
liberdade do indivíduo (por exemplo, prescrição, decadência, prisão processual etc.) serão contados 
de acordo com o disposto neste artigo. 
 
 Inclusão do dia do começo: independe da hora, independe se é dia útil ou não. Diferente dos prazos 
processuais, em cuja contagem não se computa o dia do começo (art. 798, § Io, do CPP). 
 Contagem de mês e ano: são contados como períodos que compreendem um número determinado 
de dias, pouco importando quantos sejam os dias de cada mês; os anos são contados da mesma 
forma, sendo irrelevante se bissextos ou com 365 dias. Cinco anos depois de janeiro de 2012 será 
janeiro de 2017. 
6) CONTAGEM DO PRAZO 
19 
 
 Fato típico nos delitos dolosos deve conter os seguintes elementos: 
 
 conduta dolosa; 
 tipicidade. 
 Sendo crimes dolosos materiais, contém, ainda: 
 resultado; 
 nexo causal; 
 relação de imputação objetiva. 
 
 
7) FATO TÍPICO 
20 
 Fato típico nos delitos culposos, por outro lado: 
 
 conduta voluntária; 
 resultado involuntário; 
 nexo causal; 
 tipicidade; 
 relação de imputação objetiva; 
 quebra do dever de cuidado objetivo (imprudência, negligência ou imperícia); 
 previsibilidade objetiva do resultado. 
 
(Estefam; Gonçalves, 2012) 
7) FATO TÍPICO 
21 
 
 Na falta de um dos elementos do fato típico, a conduta passa a constituir um indiferente penal, 
fato atípico. 
 
 Classificação dos crimes quanto ao resultado naturalístico: 
 
■ Materiais ou de resultado: o tipo penal descreve a conduta e um resultado material, exigindo-o 
para fins de consumação. Exemplos: homicídio (CP, art. 121), furto (CP, art. 155), roubo (CP, art. 157), 
estelionato (CP, art. 171). 
 
■ Formais ou de consumação antecipada: o tipo penal descreve a conduta e o resultado material, 
porém não o exige para fins de consumação. Exemplos: extorsão (CP, art. 158), extorsão mediante 
sequestro (CP, art. 159), sequestro qualificado pelo fim libidinoso (CP, art. 148, § 1º,V). 
 
■ De mera conduta ou simples atividade: o tipo penal não faz nenhuma alusão a resultado 
naturalístico, limitando-se a descrever a conduta punível independentemente de qualquer 
modificação no mundo exterior. Exemplos: omissão de socorro (CP, art. 135), violação de domicílio 
(CP, art. 150). 
7) FATO TÍPICO 
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. 
______Decreto- Lei nº 3688 de 03 de Outubro de 1941. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del3688.htm 
______Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 11 jan. 2002. 
______. Código de Processo Penal. decreto lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del3689.htm. 
______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 
______. Decreto n. 7.030 de 14 de Dezembro de 2009. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Decreto/D7030.htm 
______. Lei 7565 de 19 de Dezembro de 1986. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7565compilado.htm 
______.Lei 8617 de 04 de Janeiro de 1993. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8617.htm 
______.Lei 11343 de 23 de Agosto de 2006. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm 
______ Lei 10826 de 22 de Dezembro de 2003. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.826.htm 
Capez, Fernando Curso de direito penal, volume 1, parte geral :(arts. 1º a 120) / Fernando Capez. — 15. ed. — São Paulo : Saraiva, 
2011. 1. Direito penal I. Título. 
Código Penal interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo /Costa Machado, organizador; David Teixeira de Azevedo, 
coordenador. - 7, ed. - Barucru SP: Manole, 2017. 
Estefam, André. Direito Penal esquematizado: parte geral/ Andre Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves. São Paulo : Saraiva, 
2012. 
Jesus. Damásio E. de. Direito Penal Vol. 1. 29 ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2008. 
Nucci, Guilherme de Souza Código penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 17. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: 
Forense, 2017. 
Nucci, Guilherme de Souza Código penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – A pandemia do coronavírus e a aplicação da 
lei penal. Disponível em https://guilhermedesouzanucci.jusbrasil.com.br/artigos/823696891/a-pandemia-do-coronavirus-e-a-
aplicacao-da-lei-penal 
8) BIBLIOGRAFIA 
22 
@klaique_araujo 
Introdução ao Direito Penal 
AULA 03 
Professora Klaique Andreia Araújo 
1 
Nesta aula do curso de Introdução ao Direito 
Penal, o(a) aluno(a) aprenderá as principais 
diferenças entre crime doloso, culposo e 
preterdoloso. Analisaremos alguns casos de 
erro de tipo, crime consumado, tentativa, 
por fim, desistência voluntária e 
arrependimento eficaz. 
OBJETIVO 
 
2 
 
1. Crime doloso 
2. Crime culposo 
3. Crime preterdoloso 
4. Erro de tipo 
5. Crime consumado 
6. Tentativa 
7. Desistência voluntária e arrependimento 
eficaz 
 
SUMÁRIO: 
 
3 
 1) CRIME DOLOSO 
4 
 Conceito : vontade, consciência de realizar os elementos descritos como tipo legal. 
 
 Elementos: 
 
 Consciência 
 Vontade 
 
 Fases na conduta 
 
 Fase interna: pensamento/ preparação. 
 Fase externa: exteriorização da conduta numa atividade/ ação. 
 
Teorias do dolo: 
 
 Da vontade: dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. 
 Da representação: dolo é a vontade de realizar a conduta, prevendo a possibilidade de o resultado 
ocorrer, sem,contudo, desejá-lo. 
 Do assentimento ou consentimento: dolo é o assentimento do resultado, isto é, a previsão do 
resultado com a aceitação dos riscos de produzi-lo. Não basta, portanto, representar; é preciso 
aceitar como indiferente a produção do resultado. 
 Teorias adotadas pelo Código Penal: foram adotadas as teorias da vontade e do assentimento, 
portanto, dolo é a vontade de realizar o resultado ou a aceitação dos riscos de produzi-lo. 
 
 
(CAPEZ, 2011). 
1) CRIME DOLOSO 
 
 
5 
 1) CRIME DOLOSO 
 
6 
 CP - Art. 18 - Diz-se o crime: 
 
 Crime doloso 
 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
 
 
 Espécies de dolo: 
 
 
 Dolo natural: “concebido como um elemento puramente psicológico, desprovido de qualquer 
juízo de valor. Trata-se de um simples querer, independentemente de o objeto da vontade ser 
lícito ou ilícito, certo ou errado. Dessa forma, qualquer vontade é considerada dolo, tanto a de 
beber água, andar, estudar, quanto a de praticar um crime. Foi concebido pela doutrina finalista, 
integra a conduta e, por conseguinte, o fato típico. Não é elemento da culpabilidade, nem tem a 
consciência da ilicitude como seu componente”. 
 
 
 Dolo normativo: “(da teoria clássica/ teoria naturalista ou causal). Possui três elementos: a 
consciência, a vontade e a consciência da ilicitude. Por essa razão, para que haja dolo, não basta 
que o agente queira realizar a conduta, sendo também necessário que tenha a consciência de 
que ela é ilícita, injusta e errada, não se trata de um simples querer, mas um querer algo errado, 
ilícito (dolus malus). Para alguns doutrinadores, esta ideia está ultrapassada.” 
 
 
 Dolo direto/ determinado: “é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (teoria da 
vontade). Ocorre quando o agente quer diretamente o resultado”. 
7 
 1) CRIME DOLOSO 
 
 
 Dolo indireto /indeterminado: o agente não quer diretamente o resultado, mas 
aceita a possibilidade de produzi-lo (dolo eventual), ou não se importa em produzir 
este ou aquele resultado (dolo alternativo). 
 
 Dolo de dano: vontade de produzir uma lesão efetiva a um bem jurídico (CP, arts. 
121, 155 etc.). 
 
 Dolo de perigo: mera vontade de expor o bem a um perigo de lesão (CP, art. 132 
Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente). 
 
8 
 1) CRIME DOLOSO 
 
 Dolo genérico: vontade de realizar conduta sem um fim especial, ou seja, a mera vontade 
de praticar o núcleo da ação típica (o verbo do tipo), sem qualquer finalidade específica. 
Exemplo: no tipo do homicídio, basta a simples vontade de matar alguém para que a ação 
seja típica, pois não é exigida nenhuma finalidade especial do agente (o tipo não tem 
elemento subjetivo). 
 Dolo específico: vontade de realizar conduta visando a um fim especial previsto no tipo. 
Exemplo: no crime de extorsão mediante sequestro, não basta a simples vontade de 
sequestrar a vítima, sendo também necessária a sua finalidade especial de obter, para si ou 
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate, porque esse fim 
específico é exigido pelo tipo do art. 159 do CP, de maneira que, ausente, não se torna 
possível proceder à adequação típica: 
CP Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate. 
9 
1) CRIME DOLOSO 
 
 
 Dolo geral/ erro sucessivo: “quando o agente, após realizar a conduta, supondo já ter 
produzido o resultado, pratica o que entende ser um exaurimento e nesse momento atinge a 
consumação”. 
 
 Dolo de primeiro grau e de segundo grau: “o de primeiro grau consiste na vontade de produzir 
as consequências primárias do delito, ou seja, o resultado típico inicialmente visado, ao passo 
que o de segundo grau abrange os efeitos colaterais da prática delituosa, ou seja, as suas 
consequências secundárias, que não são desejadas originalmente, mas acabam sendo 
provocadas porque indestacáveis do primeiro evento”. 
10 
1) CRIME DOLOSO 
 
 Dolo e dosagem da pena: “a pena abstratamente cominada no tipo não varia de acordo com a 
espécie de dolo, contudo, o juiz deverá levá-la em consideração no momento da dosimetria 
penal, pois, quando o art. 59, caput, do CP manda dosar a pena de acordo com o grau de 
culpabilidade, está-se referindo à intensidade do dolo e ao grau de culpa, circunstâncias judiciais 
a serem levadas em conta na primeira fase da fixação”. (Capez, 2011, p. 225-229) 
 
CP Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem 
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente 
para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a 
quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de 
cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da 
liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
 
11 
1) CRIME DOLOSO 
 
 
 
 
2) CRIME CULPOSO 
 
12 
 Culpa: elemento normativo da conduta; necessita de um prévio juízo de valor para sua 
identificação. 
 
Para adequação típica será necessário além da correspondência entre conduta e descrição 
típica, também a comparação com o homem médio. 
 
 Art. 18 CP Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto 
como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
(Excepcionalidade do crime culposo) - No silêncio da lei, o crime só é punido como doloso. 
13 
 Elementos do fato típico culposo: 
 
 conduta (sempre voluntária); 
 resultado involuntário; 
 nexo causal; 
 tipicidade; 
 previsibilidade objetiva (do homem médio) ; 
 ausência de previsão (cuidado: na culpa consciente inexiste esse elemento); 
 quebra do dever objetivo de cuidado (por meio da imprudência, imperícia ou negligência), 
imposta a toda a sociedade, manifestando-se na modalidade imprudência, negligência e 
imperícia. 
 
2) CRIME CULPOSO 
 
 
2) CRIME CULPOSO 
 
 
14 
 Não existe crime culposo de mera conduta, sendo imprescindível a produção do 
resultado naturalístico involuntário para seu aperfeiçoamento típico. 
 
 Diferença entre imperícia e erro médico: este ocorre quando, empregados os 
conhecimentos normais da medicina, por exemplo, chega o médico a conclusão errada 
quanto ao diagnóstico, à intervenção cirúrgica etc., não sendo o fato típico. O erro 
médico pode derivar não apenas de imperícia, mas também de imprudência ou 
negligência. Somente a falta grosseira desses profissionais consubstancia a culpa penal, 
pois exigência maior provocaria a paralisação da ciência, impedindo os pesquisadores de 
tentar métodos novos de cura, de edificações etc. (CAPEZ, 2011, p. 234). 
15 
 
Espécies de culpa 
 
 Culpa inconsciente: é a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era previsível. 
 
 Culpa consciente ou com previsão: é aquela em que o agente prevê o resultado, embora não o 
aceite. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta, de pronto, 
por entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento lesivo previsto. 
 
 
2) CRIME CULPOSO 
 
 Culpa imprópria: é aquela em que o agente, por erro de tipo inescusável, supõe estar diante 
de uma causa de justificação que lhe permita praticar, licitamente, um fato típico. Há uma má 
apreciação da realidade fática, fazendo o autor supor que está acobertado por uma causa de 
exclusão da ilicitude, mas como esse erro poderia ter sido evitado pelo emprego de diligência 
mediana, subsiste o comportamento culposo. 
 
 
Exemplo: “A” está assistindo a um programa de televisão, quandoseu primo entra na casa pela 
porta dos fundos. Pensando tratar-se de um assalto, “A” efetua disparos de arma de fogo contra o 
infortunado parente, certo de que está praticando uma ação perfeitamente lícita, amparada pela 
legítima defesa. (CAPEZ, 2011). 
16 
2) CRIME CULPOSO 
 
 
 Culpa mediata ou indireta: ocorre quando o agente produz indiretamente um resultado a título de 
culpa. Exemplo: um motorista se encontra parado no acostamento de uma rodovia movimentada, 
quando é abordado por um assaltante. Assustado, foge para o meio da pista e acaba sendo 
atropelado e morto. O agente responde não apenas pelo roubo, que diretamente realizou com 
dolo, mas também pela morte da vítima, provocada indiretamente por sua atuação culposa (era 
previsível a fuga em direção à estrada). Importante notar que, para a configuração dessa 
modalidade de culpa, será imprescindível que o resultado esteja na linha de desdobramento 
causal da conduta, ou seja, no âmbito do risco provocado, e, além disso, que possa ser atribuído 
ao autor mediante culpa. (CAPEZ, 2011, p. 237). 
17 
2) CRIME CULPOSO 
 
 
18 
 
 Fique atento! Inexiste diferença de tratamento penal entre a culpa com previsão e a inconsciente, 
entretanto, no momento da dosagem da pena, o grau de culpabilidade (circunstância judicial - art. 59, 
caput, do CP), a sanção de quem age com a culpa consciente deve ser mais elevada, dada a maior 
censurabilidade desse comportamento. 
 
Observação: a culpa consciente difere do dolo eventual! No dolo eventual o agente prevê o resultado, 
mas não se importa que ele ocorra. Na culpa consciente, embora prevendo o que possa vir a acontecer, 
o agente repudia essa possibilidade. 
2) CRIME CULPOSO 
19 
 Os componentes do crime preterdoloso são: 
 
 Comportamento anterior doloso (fato antecedente); 
 Resultado agravador culposo (fato consequente). Há, portanto, dolo no antecedente e culpa no 
consequente. 
 
 
Quando o agente realiza uma conduta dolosa, cuja pena é agravada em razão de um resultado que 
não desejou, mas o produziu por imprudência, negligência ou imperícia. 
 
Exemplo: o crime de lesão corporal seguida de morte (CP, art. 129, § 3º). 
 
CP - Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - 
detenção, de três meses a um ano. 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o 
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze 
anos. 
 
3) CRIME PRETERDOLOSO 
 
20 
 Exemplo prático: sujeito desfere um soco contra o rosto da vítima com intenção de lesioná-la, no 
entanto, ela perde o equilíbrio, bate a cabeça e morre. Há um só crime: lesão corporal dolosa, 
qualificada pelo resultado morte culposa, que é a lesão corporal seguida de morte. 
 
Atenção! Latrocínio: não é necessariamente preterdoloso, já que a morte pode resultar de dolo (ladrão, 
depois de roubar, atira para matar), havendo este tanto no antecedente como no consequente. Quando 
a morte for acidental (culposa), porém, o latrocínio será preterdoloso, caso em que a tentativa não será 
possível. 
 
Tentativa no crime preterdoloso: não é possível, já que o resultado agravador não era desejado, e não 
se pode tentar produzir um evento que não era querido. 
3) CRIME PRETERDOLOSO 
21 
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas 
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
 
De acordo com a conceituação do art. 20 do CP: “é o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal”. 
Ou seja, “é o erro que incide sobre elementos objetivos do tipo penal, abrangendo qualificadoras, 
causas de aumento e agravantes” (Nucci, 2017). E pode ocorrer, dentre outras situações como: 
 
 Erro incidente sobre situação de fato descrita como elementar ou circunstância de tipo 
incriminador: 
 
Exemplo: um sujeito pega uma mala alheia, supondo-a de sua propriedade, por ser idêntica. O erro 
não incidiu sobre nenhuma regra legal, mas sobre a situação concreta, equivocadamente apreciada. 
Apesar disso, a conduta praticada está descrita no tipo que prevê o crime de furto como sua 
elementar (coisa alheia móvel). 
 
O desconhecimento eliminou a consciência e vontade de realizar o fato típico pelo sujeito, pois, se 
não sabia que estava subtraindo coisa alheia, e portanto não desejava subtraí-la. 
 
Implicação prática: exclusão do dolo. 
4) ERRO DE TIPO 
Jurisprudência: 
 
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL - ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
(ART. 217-A C/C ART. 226, II DO CÓDIGO PENAL) - INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO DEFENSIVO - NÃO 
OCORRÊNCIA - PRELIMINARES DEFENSIVAS - CERCEAMENTO DE DEFESA - REJEIÇÃO - ABSOLVIÇÃO POR 
ERRO DE TIPO - INVIABILIDADE - PENA-BASE - REANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS - 
POSSIBILIDADE - DECOTE DA CAUSA DE AUMENTO PREVISTA NO ART. 226, II DO CP - IMPOSSIBILIDADE - 
REGIME PRISIONAL MANTIDO. (...) 
-Erro é a falsa compreensão da realidade, podendo ser dividido em dois aspectos diferentes: o erro de 
tipo, que a pessoa não sabe o que está fazendo; e o erro de proibição, que a pessoa sabe o que está 
fazendo, mas acha que não tem problema. 
-Havendo nos autos prova de que o acusado tinha ciência do retardo mental da vítima, não há que se 
falar em absolvição por erro de tipo. -Quando há incorreções na pena-base no tocante as 
circunstâncias judiciais, é possível a majoração da pena nessa etapa da dosimetria. -Nos termos do art. 
226, II do Código Penal, havendo prova da autoridade do acusado sobre a vítima, deve ser mantida a 
causa de aumento. -(...) (TJMG - Apelação Criminal 1.0680.18.002717-8/001, Relator(a): Des.(a) 
Wanderley Paiva , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 13/07/2021, publicação da súmula em 
23/07/2021). 
4) ERRO DE TIPO 
22 
23 
Jurisprudência 
 
A prova produzida no curso da instrução revela que o denunciado não possuía consciência da 
ilicitude de seu comportamento, pois foi induzido a acreditar – tanto pelo discurso como pela 
aparência física – que a ofendida (adolescente com 13 anos) tinha idade biológica que tornaria 
legítima a conduta de com ela manter relações sexuais. Falsa percepção sobre a vulnerabilidade 
da vítima – elemento constitutivo do tipo penal previsto no art. 217-A do Código Penal – que 
determina a ocorrência de erro de tipo, excluindo o dolo da conduta. Absolvição mantida. 
Apelação desprovida” (TJRS - Ap. Crim. 70067388926, 8.a C. Crim., rel. Naele Ochoa Piazzeta, j. 
10.08.2016). 
4) ERRO DE TIPO 
 
 Art. 20 – CP Descriminantes putativas: 
 § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
 situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena 
 quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
 
São, portanto, as excludentes de ilicitude que aparentam estar presentes em uma determinada 
situação, quando, na realidade, não estão, só existe, portanto, na mente, na imaginação do agente, 
assim compreendem: 
 
 Legítima defesa putativa (ou imaginária), quando o agente supõe, por equívoco, estar em 
legítima defesa. Exemplo: o sujeito está assistindo à televisão quando um primo brincalhão surge 
à sua frente disfarçado de assaltante, imaginando uma situação de fato, na qual se apresenta 
uma agressão iminente a direito próprio, o agente dispara contra o colateral, pensando estar em 
legítima defesa. A situação justificante só existe em sua cabeça, por isso diz-se legítima defesa 
imaginária ou putativa (imaginada por erro). 
 
(CAPEZ, 2011, P.249) 
4) ERRO DE TIPO 
 
24 
25 
 
 Estado de necessidade putativo (ou imaginário): quando imagina estar em estado de 
necessidade. Exemplo: náufragos que lutam selvagemente pela boia de salvação e, após 
exaustiva e sangrenta batalha pela vida, o sobrevivente se dá conta de que brigavam no raso. 
Situação imaginária em virtude de uma distorção da realidade.; 
 
 Exercício regular do direito putativo(ou imaginário): Exemplo: o sujeito corta os galhos da 
árvore do vizinho, imaginando falsamente que eles invadiram sua propriedade; 
 
 Estrito cumprimento do dever legal putativo (ou imaginário): Exemplo: um policial algema um 
cidadão honesto, sósia de um fugitivo. 
 
 
(CAPEZ, 2011, P.249) 
 
 
4) ERRO DE TIPO 
 
Jurisprudência 
PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. RECORRENTE PRONUNCIADO PELA 
PRÁTICA DO DELITO PREVISTO NO ART. 121, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO. (...) III - PEDIDO 
ABSOLUTÓRIO: TESE DE TER O RÉU AGIDO EM ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL. NÃO 
ACOLHIMENTO. CONDUTA ATRIBUÍDA AO ACUSADO NA DENÚNCIA QUE NÃO SE ENCONTRA DENTRE 
AS ATRIBUIÇÕES DE POLICIAIS MILITARES DEFINIDAS PELAS NORMAS VIGENTES NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO PÁTRIO. DEVER LEGAL ABARCADO PELA DIRETRIZ DESCRITA NO ART. 23 DO CP QUE DEVE 
PROVIR DE DISPOSIÇÃO JURÍDICO-NORMATIVA, E NÃO DE ORDEM MERAMENTE MORAL, RELIGIOSA 
OU SOCIAL ALEGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE LEGÍTIMA DEFESA. PROCEDÊNCIA. EXISTÊNCIA DE 
PROVA DA DESCRIMINANTE, AINDA QUE PUTATIVA. EVIDÊNCIAS QUE DEMONSTRAM TER O 
RECORRENTE ATUADO COM ANIMUS DEFENDENDI. EXCLUSÃO DO DOLO. ART. 25, C/C O ART. 20, § 
1º, DO CPB. (...). 5 - Acusado que se utilizou, moderadamente, dos meios necessários ao deflagrar 
os dois primeiros tiros em direção da vítima, tendo um lhe atingido e outro alvejado o retrovisor 
interno no veículo, e mais outros três posteriores que acertaram somente o veículo. 6 - Legítima 
defesa que emerge dos autos de forma cristalina e manifesta, apta a conduzir à absolvição sumária 
do acusado, com fulcro no art. 415, inciso IV, parte final, do Código de Processo Penal, posto que a 
licitude da conduta exclui característica imprescindível para a configuração do fato criminoso. (....). 
(TJ-BA - Classe: Recurso em Sentido Estrito, Número do Processo: 0001495-
52.2008.8.05.0174,Relator(a): CARLOS ROBERTO SANTOS ARAUJO,Publicado em: 19/07/2017 ). 26 
4) ERRO DE TIPO 
 
27 
 Art. 20 CP: Erro determinado por terceiro 
 
 § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
 
APELAÇÃO CRIMINAL - ESTELIONATO - USO DE DOCUMENTO FALSO PARA OBTENÇÃO 
DE VANTAGEM ILÍCITA - ABSOLVIÇÃO - ALEGAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE PROVAS - 
DESCABIMENTO - MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS - ERRO 
DE TIPO DETERMINADO POR TERCEIRO - INOCORRÊNCIA -CONDENAÇÃO MANTIDA - 
RECURSOS DESPROVIDOS. (TJPR - 2ª C.Criminal - AC - 293154-6 - Maringá - Rel.: 
DESEMBARGADOR ARQUELAU ARAUJO RIBAS - J. 26.04.2006) 
 
 
4) ERRO DE TIPO 
 
APELAÇÃO CRIMINAL ¿ PENAL E PROCESSUAL PENAL ¿ RECEPTAÇÃO SIMPLES ¿ EPISÓDIO OCORRIDO NA ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 
COMARCA DA CAPITAL ¿ IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA DESENLACE CONDENATÓRIO, PLEITEANDO A ABSOLVIÇÃO DIANTE DO ERRO 
DETERMINADO POR TERCEIRO OU SUBSIDIARIAMENTE A DESCLASSIFICAÇÃO PARA A MODALIDADE CULPOSA DA RECEPTAÇÃO ¿ 
PROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO RECURSAL DEFENSIVA ¿ INSUSTENTÁVEL SE APRESENTOU A MANUTENÇÃO DO JUÍZO DE CENSURA 
ALCANÇADO MERCÊ DA INSUFICIENTE COMPROVAÇÃO DA REALIZAÇÃO PELO RECORRENTE DA IMPUTAÇÃO LIVREMENTE 
CONSOLIDADA NO RELATO DENUNCIAL A PARTIR DA PERPETRAÇÃO DOS NÚCLEOS DIRETIVOS DA CORRESPONDENTE CONDUTA 
PUNÍVEL DE ¿ADQUIRIR, RECEBER E OCULTAR¿ O VEÍCULO DA MARCA VOLKSWAGEN, MODELO GOL, PLACA KWE 8351, MUITO 
EMBORA EM FACE DO MESMO TENHA RESTADO ESTABELECIDA A PRETÉRITA PRÁTICA DE UM CRIME PATRIMONIAL QUE EMPRESTOU 
EXISTÊNCIA À PRETENDIDA RECEPTAÇÃO, MERCÊ DO TEOR DO RO Nº 035-14604/2015 ¿ E ISTO SE DÁ PORQUANTO OS POLICIAIS 
MILITARES, VINICIUS E GUSTAVO, LIMITARAM-SE A HISTORIAR, EM SEUS DEPOIMENTOS JUDICIAIS, QUE A PRISÃO EM FLAGRANTE DO 
IMPLICADO RESULTOU DO FATO DO MESMO ENTÃO SE ENCONTRAR NEGOCIANDO A VENDA DAQUELE AUTOMÓVEL, INOBSTANTE ESTE 
DELIMITADO COMPORTAMENTO NÃO SE AJUSTE NEM AOS TERMOS DAQUELA IMPUTAÇÃO, NEM, OUTROSSIM, MATERIALIZEM A 
REALIZAÇÃO DESTA, DE CONFORMIDADE COM A ESTRUTURA DE ATUAÇÃO ANTES INDIVIDUALIZADA ¿ REGISTRE-SE, POR OPORTUNO, 
QUE O ÚNICO A MENCIONAR A PRÉVIA AQUISIÇÃO DAQUELE CARRO, PELO SITE OLX E CERCA DE TRÊS MESES ANTES DO EPISÓDIO EM 
QUESTÃO, FOI O PRÓPRIO APELANTE, EM SEDE DE AUTODEFESA, MAS O QUE NÃO SÓ SE PERFILOU COMO MANIFESTAMENTE 
INCONSISTENTE À COMPROVAÇÃO DO FATO ILÍCITO, DE CONFORMIDADE COM O PRIMADO CONSTANTE DO ART. 158 DO DIPLOMA DOS 
RITOS, COMO TAMBÉM CRISTALIZOU FLAGRANTE CONDUTA ATÍPICA, SEGUNDO A REGULARIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO ALI 
RETRATADO: PAGAMENTO, EM ESPÉCIE, DE R$ 13.000,00 (TREZE MIL REAIS), REMANESCENDO UM SALDO DEVEDOR DE R$ 2.000,00 
(DOIS MIL REAIS), QUE SERIA INTEGRALIZADO AO VENDEDOR, QUEM, ALÉM DE SE IDENTIFICAR PELO NOME DE ALEXANDRE, FEZ-LHE A 
ENTREGA, NA OCASIÃO, TANTO DO RECIBO DE COMPRA E VENDA, EM ABERTO, COMO TAMBÉM DO DUT ¿ DOCUMENTO ÚNICO DE 
TRÂNSITO, CULMINANDO COM A REALIZAÇÃO DE UMA PESQUISA ACERCA DO CHASSI E DA PLACA DAQUELE, JUNTO AOS SITES DO 
DETRAN E DO SINESP, E A PARTIR DO QUE NÃO FOI CONSTATADA NENHUMA IRREGULARIDADE OU DÉBITO, DE MODO A EMERGIR 
COMO ÚNICO DESFECHO SATISFATÓRIO A TAL CONTEXTO AQUELE DE CONTEÚDO ABSOLUTÓRIO, QUE ORA SE ADOTA, COM FULCRO 
NO DISPOSTO PELO ART. 386, INC. Nº IV, DO C.P.P. ¿ PROVIMENTO DO APELO DEFENSIVO. (TJRJ 0106400-74.2016.8.19.0001 - 
APELAÇÃO. Des(a). LUIZ NORONHA DANTAS - Julgamento: 14/03/2019 - SEXTA CÂMARA CRIMINAL) 
28 
4) ERRO DE TIPO 
 
29 
 Art. 20 – CP - Erro sobre a pessoa 
 
 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. 
 Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da 
 pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
 
Exemplo: “Xis”mata“Xis2”, acreditando tratar-se de “Xis1”. O erro implica que o autor seja 
punido pelo crime que efetivamente cometeu contra o terceiro inocente (vítima efetiva, no 
exemplo, Xis2), como se tivesse atingido a pessoa pretendida (vítima virtual, no exemplo Xis1). 
4) ERRO DE TIPO 
 
CP Art. 14. Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
 
 
Conceito: “é o tipo penal (descrição abstrata de uma conduta) integralmente realizado, ou seja, 
quando o tipo concreto se enquadra no tipo abstrato. Exemplo: quando A subtrai um veículo 
pertencente a B, com o ânimo de assenhoreamento, produz um crime consumado, pois sua conduta 
e o resultado materializado encaixam-se, com perfeição, no modelo legal de conduta proibida 
descrito no art. 155 do Código Penal.” 
 
(Nucci, 2017) 
5) CRIME CONSUMADO 
30 
31 
 
A consumação nas várias espécies de crimes: 
 
 materiais: com a produção do resultado naturalístico; 
 culposos: com a produção do resultado naturalístico; 
 de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa; 
 formais: com a simples atividade, independente do resultado; 
 permanentes: o momento consumativo se protrai no tempo 
 omissivos próprios: com a abstenção do comportamento devido; 
 omissivos impróprios: com a produção do resultado naturalístico; 
 qualificados pelo resultado: com a produção do resultado agravador; 
 complexos: quando os crimes componentes estejam integralmente 
 realizados; 
 habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles, isoladamente, é 
indiferente à lei penal. O momento consumativo é incerto, pois não se 
sabe quando a conduta se tornou um hábito, por essa razão, não cabe 
prisão em flagrante nesses crimes. 
 
(Capez, 2011, p. 263) 
5) CRIME CONSUMADO 
 Diferença entre crime consumado e exaurido: crime exaurido é aquele no qual o agente, após 
atingir o resultado consumativo, continua a agredir o bem jurídico, procura dar-lhe uma nova 
destinação ou tenta tirar novo proveito. 
 
 Exemplo: Funcionário público que, após atingir a consumação mediante a solicitação de 
vantagem indevida, vem a efetivamente recebê-la (CP, art. 317). Para o aperfeiçoamento típico, o 
efetivo recebimento dessa vantagem é irrelevante, pois atinge-se a consumação com a mera 
solicitação; no entanto, o recebimento é um proveito ulteriorobtido pelo sujeito ativo. 
 
(Capez, 2011, p. 263) 
32 
5) CRIME CONSUMADO 
33 
 CP – Art. 14 - Diz-se o crime: 
 Tentativa 
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 
 vontade do agente. 
 Pena de tentativa 
 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena 
 correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
 
 Elementos que constituem a tentativa: 
 início de execução; 
 a não consumação; 
 a interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente. 
6) TENTATIVA 
 Infrações penais que não admitem tentativa: 
 
 culposas (salvo a culpa imprópria, para parte da doutrina); 
 preterdolosas (no latrocínio tentado, o resultado morte era querido pelo agente, logo, embora 
qualificado pelo resultado, esse delito só poderá ser preterdoloso quando consumado); 
 contravenções penais (a tentativa não é punida — v. art. 4º da LCP); 
 crimes omissivos próprios (de mera conduta); 
 habituais (ou há a habitualidade e o delito se consuma, ou não há e inexiste crime); 
 crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado (CP, art. 122); 
 crimes em que a lei pune a tentativa como delito consumado (CP, art. 352). 
 
(Capez, 2011, p. 270) 
34 
6) TENTATIVA 
35 
Desistência voluntária e 
arrependimento eficaz 
CP - Art. 15 - O agente que, 
voluntariamente, desiste de 
prosseguir na execução ou 
impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos 
já praticado. 
Tentativa abandonada e crimes 
culposos: é incompatível com os 
crimes culposos, pois, como se 
trata de uma tentativa que foi 
abandonada, pressupõe um 
resultado que o agente pretendia 
produzir (dolo), mas, 
posteriormente, desistiu ou se 
arrependeu, evitando-o (CAPEZ, 
2011, p. 271). 
7) DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
 
Nucci, 2017 
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. 
______Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 11 jan. 2002. 
______. Código de Processo Penal. decreto lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del3689.htm. 
______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 
______. Decreto n. 7.030 de 14 de Dezembro de 2009. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Decreto/D7030.htm 
______. Lei 7565 de 19 de Dezembro de 1986. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7565compilado.htm 
______.Lei 8617 de 04 de Janeiro de 1993. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8617.htm 
______.Lei 11343 de 23 de Agosto de 2006. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm 
______Decreto- Lei nº 3688 de 03 de Outubro de 1941. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del3688.htm 
Capez, Fernando Curso de direito penal, volume 1, parte geral :(arts. 1º a 120) / Fernando Capez. — 15. ed. — São Paulo : Saraiva, 
2011. 1. Direito penal I. Título. 
Código Penal interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo /Costa Machado, organizador; David Teixeira de Azevedo, 
coordenador. - 7, ed. - Barucru SP: Manole, 2017. 
Estefam, André. Direito Penal esquematizado: parte geral/ Andre Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves. São Paulo : Saraiva, 
2012. 
Jesus. Damásio E. de. Direito Penal Vol. 1. 29 ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2008. 
Nucci, Guilherme de Souza Código penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 17. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: 
Forense, 2017. 
Nucci, Guilherme de Souza Código penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – A pandemia do coronavírus e a aplicação da 
lei penal. Disponível em https://guilhermedesouzanucci.jusbrasil.com.br/artigos/823696891/a-pandemia-do-coronavirus-e-a-
aplicacao-da-lei-penal 
8) BIBLIOGRAFIA 
36 
@klaique_araujo 
Introdução ao Direito Penal 
AULA 04 
Professora Klaique Andreia Araújo 
1 
Nesta aula do curso de Introdução ao Direito 
Penal, o(a) aluno(a) aprenderá as principais 
noções sobre crime impossível, hipótese e 
configuração de estado de necessidade, 
legítima defesa, estrito cumprimento do 
dever legal, caso fortuito e força maior, por 
fim, concurso de pessoas. 
OBJETIVO 
 
2 
1. Crime Impossível 
2. Estado de necessidade 
3. Legítima defesa 
4. Estrito cumprimento do dever legal 
5. Exercício regular de direito 
6. Caso Fortuito e Força Maior 
7. Concurso de Pessoas 
 
SUMÁRIO: 
 
3 
 1) CRIME IMPOSSÍVEL 
4 
 CP - Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por 
 absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
A conduta é que é relevante, objetivamente, não pode ter representado nenhum risco à 
coletividade, pouco importando a postura subjetiva do agente. 
 
 Natureza jurídica: trata-se de causa geradora de atipicidade. 
 
Exemplos: 
 Ineficácia absoluta do meio: Arma de fogo inoperante ou uma arma de brinquedo configuram 
homicídio impossível, mas são perfeitamente aptas à prática de um roubo, desde que o 
engenho ou sua imitação sejam passíveis de intimidar a vítima, fazendo-a sentir-se ameaçada. 
Outro exemplo: uma porção de açúcar é ineficaz para matar uma pessoa normal, mas apta a 
eliminar um diabético. 
 
 Impropriedade absoluta do objeto material: a pessoa ou a coisa sobre que recai a conduta é 
absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. Exemplo: ingerir substância 
abortiva imaginando-se grávida ou furtar alguém que não tem um único centavo no bolso. 
 Flagrante preparado nos delitos previstos na Lei de Drogas: observe-se que nos crimes da Lei de 
drogas algumas ações descritas no tipo do art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 constituem 
infrações permanentes — em que o atuar delituoso se protrai no tempo —, como, por exemplo, as 
previstas nos núcleos exposição à venda, depósito, transporte, trazer consigo e guarda. Esses atos 
por si sós já realizariam o tipo, independentemente da posterior venda. 
 
Exemplo: traficante que já vinha praticando a conduta de guardar e vender substância entorpecente 
quando um policial se insinuou como pretendente à aquisição de Cannabis sativa. Nesse caso, afasta-
se a hipótese do flagrante preparado ou provocado, já que o agente incidiu no crime do art. 33, 
caput, na modalidade “guardar”, muito antes da abordagem do suposto comprador; portanto, a 
consumação preexistiu ao flagrante preparado. 
 
(Capez, 2011, p. 282) 
5 
 1) CRIME IMPOSSÍVEL 
6 
 Jurisprudências 
 
Penal. Recurso de apelação. Furto. Monitoramento de toda a ação por circuito interno de TV. Crime 
impossível. Absolvição mantida. Estando o agente sendo observado e seus passos, desde o início, 
monitorados pelo circuito interno de TV e pelos seguranças da loja, os quais, inclusive, aguardaram 
o momento apropriado para detê-lo e acionar a polícia, forçoso concluir que este jamais 
conseguiria chegar à consumação de subtração, tornando a tentativa em crime impossível, já que o 
meio empregado revelou-se absolutamente incapaz de produzir o resultado almejado” (TJMG - 3ª 
C. - AP 1.0317.07.072058- 4/001(1) - Rel. Paulo Cezar Dias - j. 27.01.2009 - DOE 12.03.2009). 
 
APELAÇÃO CRIMINAL. RECURSO MINISTERIAL. FURTO NA FORMA TENTADA. REJEIÇÃO DA 
DENÚNCIA. PEDIDO DE PROSSEGUIMENTO DO FEITO. CRIME IMPOSSÍVEL Tentativa de furto que é 
frustrada em razão de vigilância exercida desde o início da ação, através de monitoramento dos 
passos do agente pelos funcionários do estabelecimento comercial. Hipótese de crime impossível 
caracterizada. Decisão mantida por seus próprios fundamentos RECURSO DESPROVIDO. (Apelação 
Crime Nº 70049796022, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Batista 
Marques Tovo, Julgado em 25/10/2012.1) CRIME IMPOSSÍVEL 
 Jurisprudências 
 
 
APELAÇÃO CRIME. FURTO QUALIFICADO PELA CONFIANÇA. ABSOLVIÇÃO. 
IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PROVAS AUTORIZATIVAS 
DE UMA CONDENAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. INEFICIÊNCIA DO MEIO ADEQUADO. 
CRIME IMPOSSÍVEL RECONHECIDO. DESPROVIMENTO DO APELO. - a ação delituosa 
com meio ineficaz ou sobre objeto impróprio para produzir o resultado configura 
uma tentativa inidônea ou um crime impossível, sendo, consequentemente, 
impossível a sua materialização no mundo e impotente para causar dano, não 
existindo um mínimo de periculosidade para o bem jurídico protegido. (TJPB - 
ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00119557920158150011, Câmara Especializada 
Criminal, Relator DES. JOÁS DE BRITO PEREIRA FILHO , j. em 19-03-2019) 
 
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 1) CRIME IMPOSSÍVEL 
 
 CP - Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato 
 para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia 
 de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas 
 circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
 § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de 
 enfrentar o perigo. 
 § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a 
 pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
 
Natureza jurídica: é sempre causa de exclusão da ilicitude. 
 
 
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 2) ESTADO DE NECESSIDADE 
 Requisitos 
 
 Situação de perigo atual 
 O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio 
 O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo agente 
 Inexistência do dever legal de arrostar o perigo 
 Inevitabilidade do comportamento 
 Razoabilidade do sacrifício: princípio da razoabilidade pelo sujeito: o homem médio sempre 
irá ponderar que a vida humana vale mais do que um veículo, etc. 
 Conhecimento da situação justificante: Exemplo: o sujeito mata o cachorro do vizinho, por 
ter latido a noite inteira e impedido seu sono. Por coincidência, o cão amanheceu hidrófobo 
e estava prestes a morder o filhinho daquele vizinho (perigo atual). Como o agente quis 
produzir um dano e não proteger o pequenino, pouco importam os pressupostos fáticos da 
causa justificadora: o fato será ilícito. 
 
 
(CAPEZ, 2011, p. 302-305) 
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 2) ESTADO DE NECESSIDADE 
 Causa de diminuição de pena: se a destruição do bem jurídico não era razoável, falta um dos 
requisitos do estado de necessidade, e a ilicitude não é excluída. Embora afastada a 
excludente, em face da desproporção entre o que foi salvo e o que foi sacrificado, a lei, 
contudo, permite que a pena seja diminuída de 1/3 a 2/3. Assim, ante a falta de razoabilidade, 
não se excluem a ilicitude e muito menos a culpabilidade. O agente responde pelo crime, com 
pena diminuída. Cabe ao juiz aferir se é caso ou não de redução, não podendo, contudo, 
contrariar o senso comum (Capez, 2011, p. 304). 
 
 Crimes habituais, permanentes e reiteração criminosa: não se admite o estado de 
necessidade nesses delitos, ante a falta de atualidade na situação de perigo, salvo em casos 
extremos, como o de um particular que exerce ilegalmente a medicina em uma ilha onde não 
há profissional habilitado, nem tampouco qualquer ligação com o mundo externo (Capez, 
2011, p. 304). 
 
Estado de necessidade e dificuldades econômicas: a maioria da jurisprudência inadmite a mera 
alegação de miserabilidade do agente como causa excludente da criminalidade. O mesmo vale 
para o porte de arma e estado de necessidade, para a alegação de portar arma de fogo 
ilegalmente alegando que transita por locais perigosos. 
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 2) ESTADO DE NECESSIDADE 
 Jurisprudência 
APELAÇÃO CRIMINAL - USO COMPARTILHADO DE DROGAS - NÃO CARACTERIZAÇÃO - CONDUTA 
QUE SE AMOLDA AO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS - ESTADO DE NECESSIDADE - INOCORRÊNCIA- 
APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 45 OU 46 DA LEI DE TÓXICOS - REQUISITOS NÃO COMPROVADOS - 
AFASTAMENTO DA HEDIONDEZ DO CRIME PELA INCIDÊNCIA DA MINORANTE DO PARÁGRAFO 4º 
DO ARTIGO 33 DA LEI 11.343/2006 - NÃO CABIMENTO - SENTENÇA REFORMADA- RECURSO 
MINISTERIAL PROVIDO E DEFENSIVO NÃO PROVIDO. 1. Evidenciado nos autos que a droga 
apreendida era destinada ao consumo de terceiros, resta configurado o crime de tráfico de 
drogas, pelo que é inviável a desclassificação da conduta para a prevista no art. 28 da Lei 
11.343/2006 ou para aquela disposta no art. 33, § 3°, da mesma Lei. 2. A aplicação da causa de 
diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do 
crime de tráfico de drogas (inteligência da Súmula 512 do Superior Tribunal de Justiça). 3. A 
condição de dependente químico não caracteriza a excludente de ilicitude do estado de 
necessidade. 4. Recurso ministerial provido e defensivo não provido. (TJMG - Apelação Criminal 
1.0529.13.000062-1/001, Relator(a): Des.(a) Flávio Leite , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 
10/05/2016, publicação da súmula em 20/05/2016). 
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 2) ESTADO DE NECESSIDADE 
 
 
3) LEGÍTIMA DEFESA 
 
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 CP - Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios 
 necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
 Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se 
 também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco 
 de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
 
 
Causa de exclusão da ilicitude, diferente do estado de necessidade, inexiste situação de perigo 
colocando em conflito dois ou mais bens jurídicos tutelados, em que um deles deverá ser 
sacrificado. 
Requisitos: 
a) agressão injusta; 
b) atual ou iminente; 
c) a direito próprio ou de terceiro; 
d) repulsa com meios necessários; 
e) uso moderado de tais meios; 
f) conhecimento da situação justificante. 
 
 
 Admite a forma tentada. 
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 Algumas hipóteses de cabimento: 
 
 Legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa: no caso concreto, quando derivada 
de erro de tipo, exclui o dolo e, às vezes, também a culpa. Exemplo: é o que ocorre quando 
dois neuróticos inimigos se encontram, um pensando que o outro vai matá-lo. Ambos 
acabam partindo para o ataque, supondo-o como justa defesa. 
 
 Legítima defesa real contra legítima defesa subjetiva: a legítima defesa subjetiva é o excesso 
por erro de tipo escusável. Exemplo: após se defender de agressão inicial, o agente começa a 
se exceder, pensando ainda estar sob o influxo do ataque. Na sua mente, ele ainda está 
defendendo-se, porque a agressão ainda não cessou, mas, objetivamente, já deixou a posição 
de defesa e passou ao ataque, legitimando daí a repulsa por parte de seu agressor. 
 
 
(Capez, 2011, p. 307). 
3) LEGÍTIMA DEFESA 
 
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 Legítima defesa putativa contra legítima defesa real: como se trata de causa putativa, nada impede 
tal situação. O fato será ilícito, pois objetivamente injusto, mas, dependendo do erro que levou à 
equivocada suposição, poderá haver exclusão de dolo e culpa (quando houver erro de tipo 
escusável).. Exemplo: “A” presencia seu amigo brigando e, para defendê-lo, agride seu oponente. 
Ledo engano: o amigo era o agressor, e o terceiro agredido apenas se defendia. 
 
 Legítima defesa real contra legítima defesa culposa: não importa a postura subjetiva do agente em 
relação ao fato, mas tão somente a injustiça objetiva da agressão. É o caso, por exemplo, da legítima 
defesa real contra a legítima defesa putativa por erro de tipo evitável. Exemplo: “A”, confundindo “B” 
com um seu desafeto e sem qualquer cuidado em certificar-se disso, efetua diversos disparos em 
sua direção. Há uma agressão injusta decorrente de culpa na apreciação da situação de fato. Contra 
esse ataque culposo cabe legítima defesa real. (Capez, 2011, p. 308). 
 
 Legítima defesa de animais: Admite-se a possibilidade de defesa dos animais, muitos dos quais são 
maltratados e até torturados por pessoas. Cabe legítima defesa, pois o bem jurídico

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