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PEIXES
da ReseRva ducke - amazônia centRal
Guia de Jansen Zuanon
Fernando P. Mendonça
Helder M. V. Espírito Santo
Murilo Sversut Dias
André Vieira Galuch
Alberto Akama
Jansen Zuanon
Fernando P. Mendonça
Helder M. V. Espírito Santo
Murilo Sversut Dias
André Vieira Galuch
Alberto Akama
PEIXES
da ReseRva ducke - amazônia centRal
Guia de 
Copyright © 2015 - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Editora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Av. André Araújo, 2.936 - Petrópolis
CEP 69067-375 - Manaus - AM, Brasil
Tel: 55 (92) 3643-3223/ 3642-3438
www.inpa.gov.br e-mail: editora@inpa.gov.br
CATALOGAÇÃO NA FONTE
CAPA
Espécie: Hemigrammus cf. pretoensis
Autor da foto: William E. Magnusson
PROJETO GRÁFICO E 
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA 
Rodrigo Verçosa
Tiago Nascimento
Tito Fernandes
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Dilma Vana Rousseff Linhares
MINISTRO DA CIÊNCIA, 
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Celso Pansera
DIRETOR DO INSTITUTO NACIONAL 
DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
Luiz Renato de França
EDITORA INPA
EDITOR: Mario Cohn-Haft, Isolde D. K. Ferraz. 
PRODUÇÃO EDITORIAL: Rodrigo Verçosa, 
Shirley Ribeiro Cavalcante, Tito Fernandes. 
BOLSISTAS: Angela Hermila Lopes, 
Henrique Silva, Izabele Lira, Sara Oliveira, 
Paulo Maciel.
G943 Guia de peixes da Reserva Adolpho Ducke / Jansen Zuanon... [et. al.]. 
 -- Manaus : Editora INPA, 2015. 
 155 p. : il. color.
 ISBN 978-85-211-0149-9 
 
 1. Peixes de água doce. 2. Reserva Adolpho Ducke. I. Zuanon, Jansen. 
 
 CDD 597.0929
Prefácio
Vinte anos atrás, quando visitei a Amazônia pela primeira vez, a Reserva Ducke era um quadrado imaginário em 
meio a um vasto oceano de floresta contínua. Hoje a reserva 
é um quadrado verde muito real, encurralado ao sul pelo 
inchaço proto-urbano de Manaus e em todos os lados por 
um caos de devastação descontrolada. Muito em breve este 
quadrado verde será tudo o que restará da floresta de terra 
firme na região de confluência dos Rios Negro e Solimões. Será 
possivelmente o maior experimento em fragmento florestal já 
realizado, ainda que não intencional. 
Escrever um texto simples é tarefa que deve ser reservada 
àqueles com o mais completo domínio do assunto. A síntese 
exige plenitude de conhecimento. Este é o caso do Guia 
de Peixes da Reserva Adolpho Ducke. Os autores incluem 
profissionais no auge de suas carreiras e outros apenas 
iniciando-as, mas todos com rica experiência de primeira 
mão no assunto. A combinação resultou em um produto que 
é um maravilhoso guia para os peixes da Reserva Ducke. A 
excelência do trabalho é manifesta tanto na parte técnica 
quanto na visual. Todas as espécies são identificadas pelos 
mais atualizados padrões taxonômicos, diagnosticadas com 
base em caracteres simples e efetivos, e ilustradas com fotos 
em sua maioria do animal em vida. Além disso, são incluídas 
informações sobre sua biologia e habitat. Tudo isso em um 
formato atraente e acessível, que deverá abrir as portas do 
universo da biodiversidade aquática para muitos leitores.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke4
Os números no microcosmo da reserva nos fornecem uma visão 
da imensa diversidade de peixes da Amazônia. Os modestos 
igarapés da Reserva Ducke abrigam 70 espécies diferentes 
de peixes. Isto significa algo como 50% a mais que todas as 
espécies de peixes de água doce da Grã-Bretanha, ou quase o 
dobro daquelas do Chile. Tudo isso em uns poucos riachos em 
uma área de 10 por 10 quilômetros quadrados. Os pequenos 
peixes que compõem a maior parte do livro são um verdadeiro 
tesouro oculto. Desconhecidas do grande público, são estas 
espécies diminutas que apresentam algumas das mais 
extraodinárias formas, hábitos e adaptações. Quem, exceto 
ictiólogos profissionais, já ouviu falar do fantástico bagre 
Pygidianops amphioxus, que é capaz de nadar dentro da areia e 
parece simular um retorno aos ancestrais dos vertebrados? Ou 
dos Ammocryptocharax, que se agarram à vegetação submersa 
com as nadadeiras peitorais transmutadas em pequenas mãos e 
que, além disso, são capazes de mudar de cor, do verde brilhante 
ao marrom escuro? Basta ver uma das páginas deste livro para 
admirar a extraordinária coloração do Poecilocharax weitzmanni, 
que tem poucos paralelos em peixes de água doce. Estes são 
só exemplos. Cada uma das espécies tratadas no livro traz 
histórias fascinantes e guarda segredos em grande parte ainda 
não revelados. Se suas formas externas já são surpreendentes 
e pouco familiares, o que não se poderá dizer de sua fisiologia, 
seus hábitos, suas inúmeras interações com os outros habitantes 
de seu complexo ambiente? Quantas adaptações, estratégias, 
processos bioquímicos e moléculas ainda aguardam descoberta?
Não tenhamos ilusões: polígonos verdes cercados por destruição 
será tudo que restará da Amazônia brasileira a médio prazo. A 
alardeada valorização da biodiversidade em nosso território não 
tem resultado em diminuição no ritmo de destruição ambiental. 
E assim vai sendo dilapidado nosso evanescente e insubstituível 
patrimônio de biodiversidade, que sequer chegamos a conhecer. 
A posteridade e o mundo nos serão implacáveis com este terrível 
erro. Obras como o Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke, 
se não ajudarem a deter o processo, pelo menos mostrarão com 
eloqüência o quanto perdemos. 
Dr. Mário de Pinna
Professor Titular do Museu de Zoologia 
da Universidade de São Paulo
Guia de Peixes da Reserva Ducke
PREFÁCIO
Agradecimentos
Os autores agradecem aos técnicos de campo e alunos da Pós-Graduação do INPA, pela ajuda inestimável nas atividades 
de campo; aos técnicos da DSER/INPA, pela permissão para a 
realização dos estudos na reserva; ao IBAMA, pela concessão de 
licenças de coleta; ao PPBIO e PELD, pela criação e manutenção 
do sistema de trilhas que permitiu a realização deste estudo; à 
FAPEAM, CNPq e Fundação “O Boticário” de Proteção à Natureza, 
pelo financiamento a projetos de pesquisa sobre a fauna de 
igarapés; ao CNPq e ao Instituto Internacional de Educação do 
Brasil - Programa BECA, pela concessão de bolsas de estudo 
a autores deste trabalho. À Editora Áttema, pela elaboração 
de uma versão preliminar deste livro. Os autores agradecem 
também a F. C. T. Lima, M. de Pinna, F. A. Bockmann, I. Fichberg, 
André Netto-Ferreira e L. H. Rapp Py-Daniel pelo auxílio na 
identificação de espécies de peixes.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke6
Characidium cf. pteroides ......................
Crenuchus spilurus ...............................
Microcharacidium eleotrioides ..............
Poecilocharax weitzmani .......................
FAMÍLIA ERYTHRINIDAE ...........................
Erythrinus erythrinus ............................
Hoplias malabaricus .............................
FAMÍLIA GASTEROPELECIDAE ...................
Carnegiella strigata ...............................
FAMÍLIA LEBIASINIDAE ............................
Copella nattereri ...................................
Nannostomus beckfordi ........................
Nannostomus marginatus .....................
Pyrrhulina aff. brevis .............................
Pyrrhulina semifasciata .........................
ORDEM GYMNOTIFORMES ..........................
FAMÍLIA GYMNOTIDAE .............................
Electrophorus electricus ........................
Gymnotus cataniapo .............................
Gymnotus coropinae .............................
Gymnotus pedanopterus .......................
ORDEM CYPRINODONTIFORMES .................
FAMÍLIA RIVULIDAE ..................................
Rivulus kirovskyi ....................................
Rivulus micropus ...................................
Rivulus ornatus .....................................
ORDEMCHARACIFORMES ..........................
FAMÍLIA ACESTRORHYNCHIDAE ................
Acestrorhynchus falcatus .......................
FAMÍLIA CHARACIDAE ..............................
Bryconops cf. caudomaculatus ..............
Bryconops giacopinii .............................
Bryconops inpai ....................................
Gnathocharax steindachneri ..................
Hemigrammus cf. geisleri ......................
Hemigrammus cf. pretoensis .................
Hyphessobrycon agulha ........................
Hyphessobrycon aff. melazonatus .........
Iguanodectes geisleri ............................
Phenacogaster prolatus ........................
FAMÍLIA CRENUCHIDAE ............................
Ammocryptocharax elegans ...................
SUMÁRIO
PREFÁCIO .................................................
AGRADECIMENTOS ....................................
INTRODUÇÃO ............................................
BIOLOGIA DE PEIXES .................................
O que é um Peixe? ..................................
Sistemática ............................................ 
Peixes de Água Doce ...............................
Conservação ...........................................
Qual o tamanho dos peixes 
de igarapés da Reserva Ducke? ...............
Onde vivem os peixes? 
Os principais hábitats para a 
ictiofauna de igarapés da Reserva Ducke ..
O que os peixes comem? .........................
Quem são os predadores dos peixes? ......
Como os peixes se reproduzem? .............
A DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES 
DE PEIXES NA RESERVA DUCKE ...................
AMEAÇAS À FAUNA DE PEIXES 
NA RESERVA DUCKE ...................................
COMO USAR ESTE GUIA .............................
Os Ícones ...............................................
A ICTIOFAUNA DOS IGARAPÉS 
DA RESERVA DUCKE ..................................
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Guia de Peixes da Reserva Ducke
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 7
Gymnotus sp. .......................................
FAMÍLIA HYPOPOMIDAE ...........................
Hypopygus cryptogenes ........................
Hypopygus lepturus ..............................
Microsternarchus bilineatus ..................
Steatogenys duidae ..............................
FAMÍLIA RHAMPHICHTHYIDAE ..................
Gymnorhamphichthys rondoni ..............
FAMÍLIA STERNOPYGIDAE ........................
Eigenmania aff. macrops .......................
Sternopygus macrurus ..........................
ORDEM SILURIFORMES ..............................
FAMÍLIA AUCHENIPTERIDAE ......................
Auchenipterichthys punctatus ................
FAMÍLIA CALLICHTHYIDAE ........................
Callichthys callichthys ...........................
FAMÍLIA CETOPSIDAE ..............................
Helogenes marmoratus .........................
Denticetopsis seducta ...........................
FAMÍLIA LORICARIIDAE ............................
Ancistrus aff. hoplogenys ......................
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. 
132
Farlowella cf. schreitmuelleri .................
Parotocinclus longirostris ......................
Rineloricaria heteroptera .......................
Rineloricaria lanceolata .........................
FAMÍLIA HEPTAPTERIDAE ..........................
Imparfinis pristos ..................................
Mastiglanis asopos ...............................
Nemuroglanis sp. .................................
Rhamdia quelen ....................................
Brachyglanis microphthalmus ...............
FAMÍLIA PSEUDOPIMELODIDAE ................
Batrochoglanis raninus .........................
FAMÍLIA TRICHOMYCTERIDAE ...................
Ituglanis cf. amazonicus ........................
Pygidianops amphioxus ........................
ORDEM PERCIFORMES ...............................
FAMÍLIA CICHLIDAE .................................
Aequidens pallidus ................................
Apistogramma agassizi .........................
Apistogramma hippolytae .....................
Crenicichla cf. alta .................................
Crenicichla inpa ....................................
Crenicichla lenticulata ...........................
Crenicichla lugubris ..............................
Hypselecara coryphaenoides .................
Heros efasciatus ....................................
Laetacara thayeri ...................................
Mesonauta insignis ...............................
Satanoperca lilith ..................................
FAMÍLIA POLYCENTRIDAE .........................
Monocirrhus polyacanthus ....................
ORDEM SYNBRANCHIFORMES ....................
FAMÍLIA SYNBRANCHIDAE ........................
Synbranchus sp. ...................................
CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO 
DOS PEIXES DA RESERVA DUCKE ................
Chave para as ORDENS 
de peixes da Reserva Ducke ....................
Chave para as ESPÉCIES 
de CYPRINODONTIFORMES 
(Rivulidae) da Reserva Ducke ..................
Chave para as FAMÍLIAS de 
CHARACIFORMES da Reserva Ducke .........
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke8
SUMÁRIO
Chave para as ESPÉCIES de 
CHARACIDAE da Reserva Ducke ...............
Chave para as ESPÉCIES de 
CRENUCHIDAE da Reserva Ducke .............
Chave para as ESPÉCIES de 
ERYTHRINIDAE da Reserva Ducke .............
Chave para as ESPÉCIES de 
LEBIASINIDAE da Reserva Ducke ..............
Chave para as FAMÍLIAS de 
GYMNOTIFORMES da Reserva Ducke ........
Chave para as ESPÉCIES de 
GYMNOTIDAE da Reserva Ducke ...............
Chave para as ESPÉCIES de 
HYPOPOMIDAE da Reserva Ducke ............
Chave para as ESPÉCIES de 
STERNOPYGIDAE da Reserva Ducke ..........
Chave para as FAMÍLIAS de 
SILURIFORMES da Reserva Ducke ............
Chave para as ESPÉCIES de 
CETOPSIDAE da Reserva Ducke ................
Chave para as ESPÉCIES de 
HEPTAPTERIDAE da Reserva Ducke ...........
Chave para as ESPÉCIES de 
LORICARIIDAE da Reserva Ducke ..............
Chave para as ESPÉCIES de 
TRICHOMYCTERIDAE da Reserva Ducke ....
Chave para as FAMÍLIAS de 
PERCIFORMES da Reserva Ducke .............
Chave para as ESPÉCIES de 
CICHLIDAE da Reserva Ducke ...................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................
ÍNDICE REMISSIVO DAS 
ESPÉCIES, FAMÍLIAS E ORDENS ..................
CRÉDITOS DAS FOTOS ...............................
OS AUTORES .............................................
133
0. 
134
. 
135
. 
135
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136
. 
136
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0. 
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. 
138
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139
. 
139
. 
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140
0. 
141
. 
141
143
. 
152
155
156
Guia de Peixes da Reserva Ducke
Introdução
A Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD) foi criada em 1963. Naquela época seus 100 km2 de floresta tropical úmida 
de terra firme eram praticamente intocados e cercados por 
floresta contínua de características similares. O pau-rosa foi 
explorado na área da reserva por um longo tempo, e ranhuras 
em pedras, produzidas ao afiar instrumentos de pedra, dão 
testemunho de uma longa história de presença de ameríndios 
na área. Depósitos de lenha carbonizada indicam que uma 
intensa atividade de desmatamento e queimadas pode ter 
ocorrido milhares de anos antes da colonização da área por 
europeus e africanos. Entretanto, de modo geral, na década 
de 1960 a área de floresta de alta diversidade biológica da 
RFAD era tão “virgem” quanto qualquer outra no continente 
americano. No ano 2000 a expansão urbana da cidade de 
Manaus havia chegado aos limites da RFAD. Atualmente bairros 
populares fazem limite coma borda sul da reserva, e a floresta 
no entorno das bordas leste, norte e, especialmente, oeste se 
encontra fragmentada e degradada. Desde então, a RFAD vem 
se transformando em um imenso parque urbano.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke10
visíveis a um observador casual, essa parte da fauna é pouco 
evidente para a maioria das pessoas. Entretanto, os igarapés que 
cortam a floresta de terra firme da reserva abrigam um conjunto 
rico e diverso de espécies de peixes, algumas delas de grande 
beleza e de importância como peixes ornamentais. Dezenas de 
espécies de peixes habitam os diferentes ambientes aquáticos 
disponíveis nos igarapés, desde as águas abertas dos canais, até 
os pequenos espaços entre as folhas mortas da floresta que se 
depositam no fundo. De forma geral, a característica ecológica 
mais marcante dessa ictiofauna é a sua grande dependência da 
floresta, tanto para obtenção de alimentos, como insetos e plantas 
que caem na água, quanto para obtenção de abrigo, fornecido 
pelas folhas, galhos e troncos provenientes da floresta.
O primeiro estudo sobre peixes na Reserva Ducke, datado de 
1970, foi realizado no igarapé do Barro Branco pelo pesquisador 
Hans-Armin Knöppel, onde detalhes sobre comportamento, 
hábitos alimentares e dieta de algumas espécies de peixes 
foram investigados. O pesquisador detectou uma alta freqüência 
de insetos terrestres na dieta de algumas das espécies 
mais abundantes deste igarapé. A mais abundante delas, 
Hyphessobrycon aff. melazonatus, uma pequena piaba da família 
dos caracídeos, alimenta-se basicamente de formigas e outros 
insetos terrestres que acidentalmente caem na superfície d’água, 
demonstrando que a manutenção da floresta é primordial para a 
preservação desta espécie.
Em 2000, um sistema de trilhas foi instalado na RFAD, formando 
uma malha de 64 km2 que cobre toda a reserva, exceto uma borda 
Figura 1. Imagem de satélite LANDSAT mostrando a área ocupada pela cidade de 
Manaus (em rosa) e a Reserva Ducke (quadrado no alto à direita).
INTRODUÇÃO
Entre os grupos de organismos que habitam a floresta da Reserva 
Ducke, os peixes constituem um importante elemento da fauna. 
Em função do pequeno tamanho da maioria das espécies de peixes 
presentes nos igarapés, e também por não serem imediatamente 
Guia de Peixes da Reserva Ducke
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 11
externa de 1 km de largura. O sistema de trilhas dá acesso a 72 
parcelas permanentes de 1 ha, para amostragem de fauna e flora 
terrestres, e 38 pontos permanentes de amostragem em igarapés 
e poças associadas, para amostragem de organismos aquáticos. 
A maioria das generalizações em ecologia neotropical foi baseada 
em estudos realizados em reservas como La Selva (Costa Rica) e 
Barro Colorado (Panamá), que possuem apenas alguns quilômetros 
quadrados de extensão. O sistema de 64 km2 de trilhas na RFAD 
(Figura 2) permite a avaliação dos efeitos da escala espacial de 
amostragem sobre essas generalizações.
Quase todos os igarapés da Reserva Ducke nascem dentro da área 
protegida, sendo que alguns correm em direção ao rio Amazonas 
e outros em direção ao rio Negro. Isto é resultado da existência 
de uma elevação na região central da Reserva, que funciona como 
um divisor de águas, separando o sistema em duas distintas 
drenagens: a do leste e a do oeste (ver Figura 2). O leito destes 
igarapés é formado principalmente por areia, freqüentemente 
recoberta por densos bancos de folhas e emaranhados de raízes. 
As águas são muito límpidas, ácidas e com uma grande quantidade 
de oxigênio dissolvido. A separação das micro-bacias afeta as 
características dos igarapés. No lado leste, onde a topografia é um 
pouco mais íngreme, os igarapés possuem águas claras, enquanto 
no lado oeste, onde extensos vales arenosos predominam, as 
águas são avermelhadas (Figura 3).
Estas diferenças influenciam a fauna aquática que se encontra 
nos dois lados da Reserva. Algumas espécies de peixes, como a 
Figura 2. Mapa topográfico da área da Reserva Ducke. As áreas mais escuras indicam 
terrenos mais elevados. Note o platô central dividindo as microbacias hidrográficas que 
drenam as porções leste e oeste da reserva. A área quadriculada por linhas vermelhas 
representa a grade de trilhas do PPBio.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke12
colorida piaba Poecilocharax weitzmani (Figura 4, à esquerda), 
só foram encontradas no lado oeste, enquanto outras, como o 
pequeno peixe elétrico Microsternarchus cf. billineatus (Figura 4, à 
direita), só foram até agora registradas no lado leste.
Figura 3. Igarapé de água avermelhada (esquerda), predominante na bacia 
oeste, e de água clara (direita), comum na bacia leste da Reserva Ducke, típicos de 
ambientes de florestas de terra firme. Note o fundo predominantemente arenoso 
dos igarapés, com acúmulo de folhas mortas submersas.
Figura 4. Esquerda: Poecilocharax weitzmani (Crenuchidae), um tipo de piaba 
encontrado apenas nos igarapés do lado oeste da Reserva Ducke; direita: 
Microsternarchus cf. bilineatus (Hypopomidae), um pequeno sarapó registrado até 
o momento apenas nos igarapés do lado leste.
Os igarapés podem ser caracterizados por três diferentes 
ambientes, que influenciam a fauna de peixes: corredeiras, 
água corrente e poços ou remansos. O primeiro, normalmente 
é caracterizado pela forte correnteza e pouca profundidade. Em 
alguns igarapés, corredeiras se formam sobre emaranhados de 
raízes finas. Nestes ambientes, freqüentemente encontramos 
vários indivíduos da espécie Microcharacidium eleotrioides, 
um pequenino crenuquídeo, que se mantém fixado às raízes 
por suas fortes nadadeiras peitorais. Também são registrados 
nestes ambientes alguns bodós (cascudos), como o Parotocinclus 
longirostris, da família Loricariidae, que se agarram fortemente em 
galhos através de seus lábios em forma de ventosa.
INTRODUÇÃO
Guia de Peixes da Reserva Ducke
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 13
Já nas águas correntes, espécies com grande capacidade 
de natação, como as piabas dos gêneros Bryconops e 
Hyphessobrycon, são vistas no meio da coluna d’água, subindo 
e descendo o igarapé em busca de alimento. Os remansos 
são formados na parte interna das curvas do igarapé ou após 
barreiras, como troncos e galhos caídos no canal. Nestes 
ambientes, normalmente repletos de folhas e pequenos galhos, 
uma variada fauna de peixes morfologicamente distintos pode 
ser encontrada. Isso inclui peixes que vivem escondidos no fundo 
dos bancos de folhas, como o mussum (Synbranchus sp.) e os 
sarapós do gênero Gymnotus, que se alimentam de pequenos 
peixes e insetos aquáticos; outras espécies passam a maior 
parte do tempo nadando na coluna d’água, como as piabas 
Hemigrammus cf. pretoensis, Iguanodectes geisleri e espécies 
do gênero Bryconops; peixes carnívoros de maior porte, como a 
traíra Hoplias malabaricus e os jacundás do gênero Crenicichla, 
que espreitam suas presas próximo ao fundo dos igarapés; e os 
pequenos peixes-lápis dos gêneros Nannostomus, Pyrrhulina 
e Copella, que nadam muito próximos à superfície em busca de 
insetos e outros pequenos animais que caem na água.
Além destes ambientes dentro do canal, na região marginal, 
durante a época de chuva, quando a freqüência de inundações 
é maior, se forma um complexo conjunto de poças temporárias 
que podem permanecer com água por até 11 meses. 
Estas poças, dependendo de seu tamanho e do tempo de 
permanência da água, podem manter uma diversa ictiofauna 
(Pazin et al. 2006), e parecem ser muito importantes como local 
de desova e crescimento para diversas espécies de peixes.
Em 2001, uma ampla pesquisa sobre a distribuição das 
espécies de peixes foi realizada nos igarapés da Reserva Ducke. 
Nesse estudo, Mendonça e colaboradores (2005) registraram 
um total de 49 espécies e notaram algumas diferenças na 
composição da ictiofauna entre as bacias hidrográficas que 
drenam os dois lados da Reserva. Durante os anos de 2002 e 
2003, Victor Pazin e colaboradores realizaramamostragens 
de peixes nas poças temporárias adjacentes aos igarapés 
da Reserva, encontrando 18 espécies, sendo que três ainda 
não haviam sido registradas nos estudos anteriores (Pazin et 
al. 2006). Num outro estudo, realizado entre 2005 e 2006, 
foram feitos 19 registros novos de espécies para os igarapés 
da Reserva Ducke (Espírito-Santo et al., 2009). Desta forma, 
somam-se, hoje, registros de 70 espécies pertencentes a 17 
famílias nos pequenos corpos d’água da Reserva Ducke.
Dada a grande diversidade de formas, hábitos e 
comportamentos deste grupo tão importante de organismos, 
desenvolvemos aqui este Guia de Peixes da Reserva Florestal 
Adolpho Ducke, com dicas e fotografias para permitir a 
identificação em campo, além de detalhes da história natural 
e biologia de todas as espécies de peixes já registradas nos 
igarapés e poças temporárias da mais bem estudada floresta de 
terra-firme da Amazônia.
Biologia de Peixes
Os peixes dominam os ambientes aquáticos desde sua origem há cerca de 500 milhões de anos. Para colonizar 
e ter sucesso numa variada gama de ambientes, os peixes 
desenvolveram fascinantes adaptações anatômicas, 
fisiológicas, comportamentais e ecológicas. Amparados por 
um extenso registro fóssil no curso da evolução do planeta 
e seus biomas, os peixes são ótimos exemplos de processos 
evolucionários. Tais processos podem ser exemplificados 
pelas relações entre forma, função, habitats preferenciais e 
adaptações comportamentais, como demonstrado por algumas 
das espécies presentes neste livro.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 15
O que é um peixe?
Apesar de todo mundo ter uma idéia razoável do que é um 
peixe, uma definição simples não pode ser formulada para os 
mesmos, visto que se trata de um agrupamento com muitas 
exceções e origens evolutivas distintas. Assim, o termo “peixes” 
para a maioria dos biólogos não se refere a uma categoria 
taxonômica, e sim uma conveniente descrição para vertebrados 
aquáticos tão diversos e distintos como as lampreias, tubarões 
e peixes ósseos.
Sistemática
A diversidade dos peixes recentes (excluindo as formas fósseis) 
é de cerca de 25.000 espécies, o que corresponde a mais da 
metade dos vertebrados atuais. Dessas 25.000 espécies, cerca 
de 85 representam os peixes não mandibulados (lampreias e 
peixes-bruxa), cerca de 850 espécies de peixes cartilaginosos e 
quase 24.000 espécies de peixes ósseos.
Como mencionado anteriormente, os peixes envolvem diversos 
grupos parafiléticos (com origens distintas) que são agrupados 
por conveniência. Assim, “Peixes” não podem ser definidos 
como um agrupamento natural. Os estudos sobre a evolução 
dos peixes revelam uma tendência favorecendo o acúmulo de 
especializações alimentares e locomotoras. Neste sentido, os 
peixes mais plesiomórficos (i.e. aqueles que apresentam menos 
novidades evolutivas) são relativamente mais simples que os 
peixes mais apomórficos (i.e. aqueles que incorporaram muitas 
novidades evolutivas). Os peixes recentes mais plesiomórficos, 
como as lampreias e feiticeiras ou peixes-bruxa (Superclasse 
Agnatha) nem sequer apresentam mandíbulas e olhos, o 
seu sistema nervoso é bastante simples, e não apresentam 
apêndices locomotores. Resumidamente, através do registro 
fóssil podemos inferir que houve tendências ao aparecimento 
de apêndices locomotores e a cefalização (aumento da 
complexidade da região da cabeça). Após essa cefalização, 
surgiu no registro fóssil há cerca de 400 milhões de anos 
a mandíbula, uma das maiores novidades evolutivas. Essa 
novidade permitiu o domínio do grupo dos Gnathostomata (ou 
vertebrados mandibulados) nos ambientes aquáticos até hoje. 
Dentre os mandibulados, três grandes grupos recentes são 
facilmente reconhecíveis:
1) os Chondrichthyes, representados pelos tubarões, raias e 
quimeras e caracterizados principalmente por possuírem o 
esqueleto cartilaginoso;
2) os Sarcopterygii, representados pelos celacantos, piramboias 
(peixes pulmonados) e os Tetrápodos (anfíbios, répteis, aves e 
mamíferos); e
3) os Actinopterygii, representados pela grande maioria dos 
peixes recentes de esqueleto ósseo, que dominaram os ambientes 
marinhos e de água doce.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke16
Peixes de água doce
Apesar dos ambientes de água doce cobrirem menos de 0,5% da 
superfície do planeta, eles abrigam cerca de 41% das espécies 
de peixes (Cohen, 1974; Berra, 2001). Essa enorme diversidade 
encontrada nos riachos, rios e lagos é representada por poucos 
grupos taxonômicos. O mais importante deles sem dúvida alguma 
é representado pelos Ostariophysi, que inclui os Characiformes, 
Siluriformes e Gymnotiformes (além dos Cypriniformes). 
O sucesso desses grupos nos ambientes de água doce é 
freqüentemente associado a duas sinapomorfias (características 
compartilhadas exclusivamente pelo grupo): presença do aparelho 
de Weber, uma série de ossículos que ligam o ouvido interno à 
bexiga natatória; e a produção de uma substância de alarme, 
que permite alertar os indivíduos da espécie sobre a presença 
de peixes feridos (ou seja, a ocorrência de risco de morte por 
predação). Das quatro ordens supracitadas, com exceção dos 
Cypriniformes, as outras três ocorrem naturalmente na região 
Neotropical e também na Bacia Amazônica.
Além desses grupos, outra linhagem que dominou a água doce, 
particularmente na África, foi a família Cichlidae (Percomorpha: 
Perciformes). Todos os membros dessa família apresentam cuidado 
parental, o que, segundo alguns autores, é uma das características 
responsáveis pelo sucesso do grupo nos ambientes de água doce.
BIOLOGIA DE PEIXES
Figura 5. Relações filogenéticas dos grupos recentes de “Peixes”.
Figura 6. Grupos de peixes presentes na região Neotropical. As séries e ordens 
presentes na RFAD estão destacadas em vermelho.
Guia de Peixes da Reserva Ducke
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 17
Outros grupos taxonômicos menores (com menor riqueza de 
espécies) também ocorrem na região Neotropical, como, por 
exemplo, os Cyprinodontiformes (peixes anuais, rívulos) e os 
Synbranchiformes (mussuns).
O estado atual do conhecimento da diversidade de peixes de 
água doce na região Neotropical ainda é bastante incipiente, e, de 
acordo com alguns pesquisadores, cerca de metade ou mais da 
ictiofauna ainda não foi descrita. Certamente a bacia amazônica 
abriga grande parte dessa fauna “desconhecida” pela ciência, e 
como salientado por Menezes (1996), uma das principais lacunas 
é justamente o parco conhecimento acerca da fauna de peixes de 
igarapés nas regiões de cabeceiras dos rios amazônicos e áreas 
pouco exploradas, mais distantes dos centros urbanos regionais. 
Conservação
A enorme diversidade de peixes presente nos riachos, rios 
e lagos de água doce é certamente a mais ameaçada pelas 
perturbações ambientais causadas pelo homem. No caso dos 
ambientes de igarapés localizados nos ambientes urbanos, 
a ameaça se deve principalmente à poluição produzida pelo 
despejo de efluentes domésticos e industriais e à falta de 
planejamento urbano que concilie o crescimento dos espaços 
urbanos com a necessidade de conservação das áreas no 
entorno dos pequenos corpos de água, como igarapés de até 
terceira ordem. No caso dos ambientes rurais, as principais 
fontes de distúrbios ambientais decorrem do desmatamento 
das matas ciliares e consequente assoreamento dos corpos 
de água; dos barramentos de igarapés para cultivo de peixes 
(aqüicultura) e/ou para formar reservas de água para agricultura 
ou dessedentação de rebanhos; e do uso de insumos agrícolas 
diversos, tais como adubos, fertilizantes, pesticidas e herbicidas.
É importante lembrar que as florestas ripárias que margeiam 
os igarapés constituem áreas de proteção permanente, e não 
poderiam ser perturbadas. Entretanto, o desrespeito flagrante 
da lei não tem sido coibido na medida necessária, o que torna 
os pequenos igarapés de terra firme os ambientes aquáticos 
mais severamente alterados na Amazônia brasileira. Emum 
estudo realizado em fragmentos florestais na área urbana de 
Manaus (Amazonas), Anjos (2007) demonstrou que os igarapés 
alterados por mudanças na cobertura vegetal, pela poluição 
da água e pelo isolamento em pequenos fragmentos florestais 
podem ser completamente descaracterizados. A deterioração 
da qualidade da água desses igarapés é evidente e favorece 
mudanças nas abundâncias relativas dos diferentes grupos de 
peixes, a perda de espécies, e a invasão desses igarapés por 
espécies de outros ambientes (por exemplo, peixes de várzea, 
como o tamoatá Hoplosternum littorale - Callichthyidae). Isso 
inclui espécies exóticas (originárias de outros locais ou mesmo 
continentes), como as tilápias africanas (Cichlidae), os guarus 
ou lebistes (Poecilia reticulata; Poeciliidae), e até mesmo peixes 
asiáticos típicos do comércio de peixes ornamentais (Trichogaster 
trichopterus; Belontiidae) (nossas observações pessoais).
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke18
Qual o tamanho dos peixes de igarapés da Reserva Ducke?
A maioria das espécies de peixes que habitam igarapés de terra 
firme é de pequeno porte, com tamanho adulto entre 25 mm e 
150 mm de Comprimento Padrão (CP, medido desde a ponta do 
focinho até a base da nadadeira caudal). Nessa faixa de tamanho 
se incluem todas as piabas e os pequenos bagres ou mandizinhos. 
Entre os Cichlidae (a família dos acarás e jacundás) há espécies 
de porte médio, como o jacundá Crenicichla lenticulata e o 
acará-cabeça-de-touro Hypselecara coryphaenoides, que podem 
ultrapassar 250 mm CP. Algumas espécies podem medir entre 
300 e 500 mm, como o bagre Rhamdia quelen (Heptapteridae) 
e o sarapó Sternopygus macrurus (Sternopygidae), mas o maior 
peixe presente nos igarapés da Reserva Ducke é o poraquê 
Electrophorus electricus (Gymnotidae), que pode chegar a 2 metros 
de comprimento total (CT). 
Onde vivem os peixes? Os principais hábitats para a 
ictiofauna de igarapés da Reserva Ducke
Os igarapés apresentam uma diversidade de habitats para os 
peixes, desde os mais óbvios e imediatamente visíveis, como a 
coluna d’água (onde abundam as piabas da família Characidae) 
e as áreas rasas próximas às margens, até locais bastante 
inusitados. Algumas espécies habitam os bancos de folhas mortas 
que se acumulam nos remansos, e mesmo nesses habitats há 
uma segregação espacial: certas espécies vivem muito próximo 
às folhas, como os pequenos acarás dos gêneros Apistogramma, 
Laetacara e Aequidens; outras, como os pequenos bagres do gênero 
Nemuroglanis, vivem entre as folhas soltas da parte superior dos 
bancos de folhiço; e algumas mergulham profundamente nesses 
acúmulos de folhas mortas, como o mussum Synbranchus sp. e os 
sarapós do gênero Gymnotus.
Os bancos de areia que compõem a maior parte do substrato 
do fundo dos igarapés também são habitados por algumas 
espécies de peixes de hábitos bastante especializados. Essa 
afinidade pela vida na areia é conhecida como psamofilia. Entre 
as espécies de peixes psamófilos presentes na reserva, merecem 
destaque os mandizinhos Mastiglanis asopos e Imparfinis pristos 
(Heptapteridae), que permanecem enterrados na areia durante 
o dia e saem ao entardecer e à noite para buscar alimento na 
superfície da areia. O sarapó-da-areia Gymnorhamphichthys rondoni 
(Rhamphichthyidae) apresenta um ritmo de vida semelhante, e pode 
ser encontrado enterrado na areia fofa de áreas rasas dos igarapés. 
Entretanto, o peixe psamófilo mais especializado é o pequeno 
candiru Pygidianops amphioxus (Trichomycteridae), uma espécie 
que aparentemente nunca abandona os bancos de areia, onde 
permanece enterrado dia e noite.
Os emaranhados de raízes que pendem da vegetação ripária e 
que são banhados por água bem oxigenada são locais de abrigo 
de diversas espécies de peixes de hábitos noturnos, mas que 
permanecem escondidos durante o dia nesses locais, como o 
bagre-folha Helogenes marmoratus (Cetopsidae), o sarapó-folha ou 
sarapó-centopeia Steatogenys duidae (Hypopomidae), e o pequeno 
BIOLOGIA DE PEIXES
Guia de Peixes da Reserva Ducke
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 19
bagre Brachyglanis frenata (Heptapteridae).
Esse uso diferenciado e especializado de microhabitats pelos 
peixes é um dos fatores responsáveis pela alta riqueza de espécies 
encontrada em sistemas aquáticos de pequenas dimensões 
e aparentemente simples como os igarapés de terra firme da 
Amazônia. Quanto maior o ambiente aquático, maior a diversidade 
de habitats disponíveis para os peixes, e mais elevada é a riqueza 
de espécies da ictiofauna.
O que os peixes comem?
Peixes de igarapés consomem uma grande diversidade de tipos de 
alimento, e boa parte das espécies presentes nesse tipo de ambiente 
tem hábitos onívoros, ou seja, utilizam alimentos de origem animal e 
vegetal. Também apresentam certa plasticidade alimentar (mudanças 
na dieta, de acordo com o período do ano e local onde vivem) e uma 
boa dose de oportunismo (consumindo o alimento que se apresenta 
em maior quantidade no momento ou é de mais fácil obtenção).
De forma geral, pequenos animais invertebrados, especialmente 
insetos, constituem a base da alimentação da maior parte 
dos peixes de igarapés. Entre os insetos, larvas de mosquitos 
da família Chironomidae (Diptera) são muito abundantes no 
fundo dos igarapés e são consumidos por muitas espécies de 
peixes. Insetos terrestres, como formigas e cupins, também 
são abundantes nas florestas de terra firme e são rapidamente 
consumidos pelos peixes quando caem na água, seja dos 
galhos e ramos da vegetação debruçados sobre as margens dos 
igarapés, ou quando são arrastados pelas enxurradas durante o 
período de chuvas. 
A vegetação ripária (as plantas presentes junto às margens 
dos igarapés) contribui para a dieta dos peixes ao fornecer 
pequenos frutos, sementes, flores, pólen e mesmo folhas, que 
são consumidos diretamente pelos peixes ou servem como 
alimento para os invertebrados aquáticos (principalmente insetos 
e camarões), que por sua vez são predados pelos peixes. Essa 
vegetação ripária sombreia os igarapés, de modo que a luz do 
sol atinge a superfície da água em poucos locais e durante um 
pequeno período do dia (geralmente quando o sol está a pino), 
o que restringe a produção de algas no ambiente aquático. 
Mesmo assim, algumas espécies são especializadas em consumir 
essas algas, como os acaris, bodós e cascudos da família 
Loricariidae. Estes animais raspam o substrato usando suas fileiras 
de dentes flexíveis. Todavia, a produção limitada de algas faz 
com que as populações desses consumidores de perifíton (algas 
e outros organismos associados a um substrato qualquer) sejam 
geralmente pequenas nos igarapés de terra firme.
Finalmente, algumas espécies de peixes são piscívoras, ou 
seja, alimentam-se predominantemente de outros peixes, que 
podem ser inclusive indivíduos pequenos da própria espécie. 
Entre esses, destacam-se as traíras e jejus (Erythrinidae), o 
peixe-cachorro (Acestrorhynchus falcatus), o bagre Rhamdia 
quelen (Heptapteridae) e o poraquê Electrophorus electricus 
(Gymnotidae). Esses piscívoros capturam suas presas empregando 
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke20
diferentes táticas, que incluem períodos de forrageamento 
diferenciados (diurno, noturno ou crepuscular), ambientes de caça 
(coluna d’água, margens rasas, bancos de folhiço) e formas de 
ataque (perseguição da presa, tocaia, aproximação sorrateira, e 
até o uso de descargas elétricas para atordoar as presas antes de 
engoli-las). Ao menos uma característica parece ser comum a esses 
predadores: todos engolem as presas inteiras.
Quem são os predadores dos peixes?
Como mencionado anteriormente, há uma variedade de peixes 
predadores que se alimentam de pequenos peixes nos igarapés, 
e devem representar o principal risco de vida para os peixes 
adultos nesses ambientes. Entretanto, alguns mamíferos (como 
o mão-pelada, a cuíca-d’água, alguns ratos, e certos felinos) 
provavelmente se alimentam de peixes nos igarapésdurante a 
noite. Aves piscívoras também existem, mas parecem ser pouco 
abundantes nesses ambientes; entre elas, destacam-se as 
arirambas ou martins-pescadores, que espreitam suas presas 
de poleiros na vegetação marginal e mergulham rapidamente 
sobre as mesmas para capturá-las. Entre os répteis, serpentes 
dos gêneros Micrurus (a cobra-coral), Hydrodinastes e Helicops 
são consumidoras notórias de peixes, especialmente de sarapós 
(Gymnotiformes). Lagartos aquáticos ou semi-aquáticos dos 
gêneros Neusticurus e Crocodilurus também consomem peixes 
como parte de suas dietas. Entretanto, em termos de tamanho, 
entre os maiores predadores de peixes nos igarapés está o jacaré-
coroa Paleosuchus trigonatus (Magnusson & Lima, 1991).
Como os peixes se reproduzem?
Um dos aspectos mais mal conhecidos da vida dos peixes 
de igarapés é a reprodução. A razão para essa deficiência 
provavelmente é a necessidade de realizar estudos de longo 
prazo, que incluam os diferentes períodos sazonais (chuvoso 
e de estiagem), de forma a permitir uma visão mais geral dos 
ciclos biológicos das espécies. A maioria dos estudos de peixes 
realizados em igarapés se baseia em amostragens pontuais, com 
apenas uma ou poucas visitas a campo em um mesmo local, o 
que dificulta os estudos sobre reprodução. Entretanto, espera-
se que a estrutura de trilhas e a base de informações geradas 
sobre os peixes da Reserva Ducke funcionem como um estímulo 
à realização de tais estudos.
De forma geral, os peixes de igarapés se reproduzem por meio 
de ovócitos depositados pelas fêmeas no ambiente, que são 
imediatamente fecundados pelos machos. Algumas espécies de 
piabas (Characidae) simplesmente espalham seus ovos sobre 
a vegetação ou outro substrato, e a sobrevivência dos filhotes 
depende, em larga parte, da chance de escaparem à predação 
por outros organismos. Nesse tipo de tática reprodutiva, a 
produção de um elevado número de ovócitos (alta fecundidade) 
parece ser a forma mais comum de garantir que alguns filhotes 
sobreviverão para crescer e deixar descendentes. Geralmente 
essas espécies desovam no período de chuvas, quando ocorre 
um aumento temporário do volume dos igarapés e uma possível 
maior disponibilidade de alimento para os jovens.
BIOLOGIA DE PEIXES
Guia de Peixes da Reserva Ducke
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 21
Outras espécies apresentam táticas diferenciadas, que incluem 
a construção de ninhos e um forte cuidado parental, ou seja, os 
pais permanecem junto à desova e aos filhotes, protegendo-os de 
predadores e levando-os a locais de alimentação e abrigo. Esse 
tipo de tática é muito comum entre os acarás e jacundás da família 
Cichlidae e é também empregada pelo poraquê (Gymnotidae). 
Nesses casos onde o investimento de energia é grande no cuidado 
com a prole, os ovos têm tamanho maior e são produzidos em 
menor número a cada desova. Certos bagres e acaris tomam conta 
da desova logo após a postura, mas abandonam os filhotes à 
própria sorte logo após a eclosão das larvas. Para outras espécies, 
como o pequeno candiru psamófilo Pygidianops amphioxus 
(Trichomycteridae), detalhes do comportamento reprodutivo são 
completamente desconhecidos até o momento.
Estudos recentes nos igarapés da RFAD indicam que as poças 
temporárias que são formadas no período de chuvas são 
utilizadas como locais de desova e crescimento dos jovens por 
diversas espécies, que incluem os peixes do gênero Rivulus 
(Rivulidae), os jejus Erythrinus erythrinus, (Erythrinidae), os 
tamoatás Callichthys callichthys (Callichthyidae), pequenos 
acarás (Cichlidae), peixes-lápis e pirrulinas (Lebiasinidae) e 
mesmo algumas espécies de piabas muito comuns e abundantes 
nos igarapés, do gênero Hyphessobrycon (Characidae) (Pazin et 
al., 2006; Espírito-Santo et al., 2009). A estratégia reprodutiva 
das espécies está relacionada fortemente à sua dependência 
destas poças temporárias. Espécies que não utilizam poças 
tendem a se reproduzir como as piabas citadas acima, de 
maneira parcelada ao longo do ano, com ovos muito pequenos e 
em grande quantidade, enquanto espécies mais dependentes das 
poças tendem a concentrar sua reprodução no período chuvoso 
e possuem geralmente ovos grandes, depositados em pequena 
quantidade (Espírito-Santo et al. 2013).
A distribuição das 
espécies de peixes na 
Reserva Ducke
Considerando tanto os peixes coletados nos igarapés quanto nas poças, verificou-se que a distribuição de 
muitas espécies foi relacionada com as principais microbacias 
hidrográficas que drenam a reserva. Das 70 espécies 
registradas, 33 foram encontradas em ambos os lados do 
divisor de águas, enquanto que 21 ocorreram apenas na bacia 
oeste e 16 foram exclusivas da bacia leste (Mendonça et al., 
2005; Pazin et al., 2006; Espírito-Santo, 2007).
A composição de espécies de peixes nos igarapés foi 
significativamente relacionada com a concentração de ácidos 
húmicos, quantidade de partículas em suspensão, velocidade 
da correnteza, vazão e com o tipo de substrato (especialmente 
troncos e bancos de folhiço). A riqueza de espécies por trecho 
amostrado (diversidade local) foi pequena em relação à riqueza 
total encontrada, indicando uma alta diversidade regional 
(Mendonça et al., 2005). 
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 23
Houve variações temporais na composição e abundância 
de espécies nos igarapés, mas há fortes evidências de que 
processos previsíveis de mudança na ictiofauna mantêm sua 
estrutura geral ao longo do tempo. Foi possível verificar que 
as assembléias de peixes apresentam algumas mudanças 
entre os períodos de chuva e de seca, em função de variações 
na quantidade de exemplares das espécies mais comuns e 
abundantes nos igarapés. Essas variações sazonais foram 
ligeiramente diferentes entre as duas bacias que drenam da 
reserva, o que indica a existência de processos diferenciados 
atuando sobre as assembleias de peixes, possivelmente 
relacionados às características estruturais dessas bacias. 
Mudanças na composição de espécies ao longo de períodos 
maiores de tempo (anos) também foram detectadas, mas 
decorreram de variações na presença de espécies raras ou 
pouco abundantes nas amostras (Espírito-Santo, 2007).
A estrutura das assembleias de peixes nas poças também 
foi influenciada por fatores locais relacionados à estrutura 
do habitat, como área e profundidade da poça, abertura do 
dossel e tempo de permanência de água nas poças. Fatores 
físico-químicos da água não tiveram efeitos detectáveis 
sobre essas assembléias de peixes. Surpreendentemente, 
não foi encontrada relação entre a composição, riqueza e 
abundância de peixes nas poças e os peixes dos trechos de 
riachos adjacentes, indicando que parte dessa ictiofauna ocorre 
predominantemente nas poças, que têm uma dinâmica própria 
(Pazin et al., 2006). No entanto, estudos mais recentes mostram 
que a movimentação dos peixes para as poças é um processo 
que ajuda a manter a estabilidade da ictiofauna nos igarapés da 
Reserva Ducke (Espírito-Santo 2015). A fauna de igarapés com 
maiores áreas de poças temporárias tendem a ser mais estáveis 
ao longo do tempo.
Em conjunto, os dados obtidos para igarapés e poças indicam 
que as duas bacias hidrográficas presentes da Reserva Ducke 
apresentam características estruturais diferentes, e devem 
ser consideradas como unidades de manejo distintas no 
planejamento de ações de conservação para aquela área.
Ameaças à 
fauna de peixes da 
Reserva Ducke
Na época da implementação da Reserva Ducke, no inicio da década de 1960, Manaus contava com uma população de 
aproximadamente 173.000 habitantes em uma área de 3.000 
hectares (Silva & Silva, 1993). A população atual de Manaus 
foi estimada em cerca de 2.020.301 habitantes, distribuídos 
em uma área de 11.401,092 hectares (dados referentes a 
julho de 2009; fonte: IBGE/INEP/DATASUS/TSE/BACEN/STN/
DENATRAN; http://cidades.ibge.gov.br, acessado em 24 de 
junho de 2015). Devido ao acelerado crescimento urbano, 
atualmente a cidade está envolvendoa área da reserva, 
que pode no futuro torná-la um grande fragmento florestal 
urbano. O crescimento desordenado, a poluição de igarapés 
por efluentes domésticos, os desmatamentos e as queimadas 
realizadas por pequenos agricultores em suas fronteiras são 
ameaças que afetam a integridade da reserva. Embora as 
cabeceiras dos igarapés se encontrem protegidas pela unidade de 
conservação, e os impactos ocorram fora dos limites da reserva, 
as perturbações ambientais podem constituir uma barreira 
intransponível para a maioria dos peixes de igarapés, impedindo 
processos de migração e de recolonização desses corpos d’água. 
Essas modificações ambientais põem em risco a conservação 
da ictiofauna dos igarapés da Reserva Ducke, que representa 
hoje um dos últimos locais com nascentes preservadas na área 
urbana de Manaus e um exemplo vivo da fauna de peixes típica de 
igarapés da Amazônia central brasileira.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 25
Devido ao pouco conhecimento sobre a diversidade presente nas 
florestas de terra firme e ao perigo representado pelo crescimento 
da cidade de Manaus ao redor da Reserva Ducke, faz-se necessário 
incrementar os estudos direcionados à conservação e ao manejo 
dessa área. Estudos sobre a composição, riqueza e variações 
temporais naturais de comunidades biológicas são fundamentais 
para a implementação de planos de manejo efetivos em unidades 
de conservação. Neste sentido, a grade de trilhas instalada 
pelo Programa de Pesquisas em Biodiversidade (MCT/CNPq/
INPA/MPEG; www.ppbio.inpa.gov.br) na Reserva Ducke permitiu 
o estabelecimento de um conjunto de pontos de amostragem 
adequado à diversidade de paisagens existentes naquela área. 
Essa iniciativa incluiu a criação de parcelas aquáticas permanentes 
na reserva, que resultou na possibilidade de realizar amostragens 
repetidas ao longo do tempo. Com o apoio do programa Pesquisas 
Ecológicas de Longa Duração (PELD sítio 1) tem-se conseguido 
sanar uma das maiores deficiências detectadas nos estudos 
ecológicos na Amazônia. Ainda, o uso de protocolos padronizados 
de amostragem tem permitido comparar os resultados obtidos em 
diferentes igarapés amazônicos de uma forma estatisticamente 
robusta, o que aumenta significativamente o valor das informações 
geradas para o monitoramento e o manejo da biodiversidade 
naquela área.
Como usar 
este guia
Este Guia de Identificação foi elaborado para auxiliar pessoas a reconhecerem as diversas espécies de peixes que habitam 
os riachos da Reserva Ducke. A alta riqueza de espécies 
de peixes na reserva faz com que esse local seja bastante 
atraente para quem deseja conhecer melhor os peixes típicos 
de igarapés amazônicos. A infraestrutura local, composta 
pela rede de trilhas e pelos alojamentos e laboratórios ali 
instalados, também contribui para facilitar a realização de 
estudos científicos da ictiofauna regional. Entretanto, nem 
sempre é fácil ou simples observar os peixes de riachos. 
Diferente do que acontece no estudo de plantas, aves, 
répteis e mamíferos, por exemplo, peixes não são facilmente 
identificados por meio de observação direta.
Como a área constitui uma unidade de conservação 
estabelecida (no caso, uma reserva florestal), coletas de 
exemplares devem ser realizadas em uma intensidade 
mínima, e apenas para estudos científicos. Para um visitante 
ocasional, certamente essa abordagem não pode ser permitida 
ou estimulada, pois poderia comprometer a viabilidade 
das populações naturais de peixes. A baixa produtividade 
biológica dos sistemas de igarapés faz com que sejam bastante 
sensíveis a esse tipo de perturbação, e a resiliência desses 
sistemas (ou seja, a capacidade de retornar naturalmente ao 
estado anterior, após uma perturbação) parece ser bem baixa. 
Assim, a melhor maneira de conhecer os peixes da reserva 
consiste em adentrar o ambiente dos peixes por meio de 
mergulho livre nos igarapés.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 27
Como a grande maioria dos igarapés são rasos, o uso de 
equipamentos simples, como máscara de mergulho e respirador 
(snorkel), permite que sejam feitas observações muito 
interessantes sobre as características morfológicas dos peixes, 
seus hábitats e comportamento. Esperamos que este guia seja útil 
para a identificação das espécies observadas em campo, a partir 
da comparação de algumas características simples, como formato 
do corpo e padrão de colorido.
No final deste volume há uma sequência de chaves de identificação 
que permitem separar os grandes grupos taxonômicos (Ordens), 
as famílias, gêneros e espécies, com base em características 
morfológicas externas. Sempre que possível, foram utilizadas 
características de fácil visualização e identificação, sem a 
necessidade de uso de equipamentos sofisticados. Na maioria dos 
casos, uma lupa de mão é suficiente para permitir a visualização 
de estruturas menores (detalhes de escamas perfuradas, dentes e 
espinhos nas nadadeiras).
Após a identificação com uso das chaves, o leitor pode conferir 
a identificação a partir das fichas individuais das espécies, que 
incluem pelo menos uma imagem de um exemplar representativo, 
fotografado em um pequeno aquário imediatamente após a 
captura (em alguns casos, não foi possível obter uma imagem de 
boa qualidade de exemplares coletados na RFAD; assim, foram 
utilizadas imagens de exemplares coletados em outros locais da 
Amazônia, e identificados por nós). As fichas individuais também 
contêm informações sobre a história de vida e detalhes sobre a 
distribuição geográfica das espécies, o que deverá proporcionar ao 
leitor uma visão mais abrangente sobre as espécies observadas. 
Ao final do volume, também apresentamos uma lista de referências 
bibliográficas selecionadas, que poderão ajudar o leitor a conhecer 
melhor as características taxonômicas, biológicas e ecológicas 
dos peixes presentes na Reserva Ducke e em outros sistemas de 
igarapés da Amazônia brasileira.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke28
Carnívoro: 
invertebrados 
e peixes.
Insetívoro 
alóctone: 
invertebrados 
terrestres.
DIETA ALIMENTAR
Insetívoro 
autóctone: 
invertebrados 
aquáticos.
Invertívoro: 
invertebrados 
terrestres e 
aquáticos.
Piscívoro:
peixes
Onívoro: 
invertebrados e 
materia vegetal.
Perifitívoro:
algas e detrito 
orgânico.
Os ícones
Nas fichas individuais de cada espécie, há informações 
relacionadas à escala de tamanho, em centímetros, à dieta 
alimentar, ao habitat e à posição em que a espécie costuma ser 
encontrada na coluna d’água.
Essas informações estão disponibilizadas na forma de ícones, 
com a finalidade de possibilitar ao leitor uma rápida visualização 
acerca das características de cada espécie, e seus significados são 
apresentados a seguir.
COMO USAR ESTE GUIA
Guia de Peixes da Reserva Ducke
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 29
POSIÇÃO NA COLUNA D’ÁGUA
Canal e poça: 
Jovens preferencialmente 
em poças
*
Canal e poça
HABITAT
Associado 
a estrutura
Poça
Bentônico
Nectônico Superfície
Nectobentônico
Canal
Canal: 
ocorre em alagados 
marginais
**
A Ictiofauna 
dos igarapés da 
Reserva Ducke
A ictiofauna de igarapés da Reserva Ducke é composta por pelo menos 70 espécies, registradas a partir de coletas realizadas 
nos últimos 15 anos por diversos pesquisadores do INPA e de 
outras instituições de ensino e pesquisa. Embora já tenha sido 
amostrada boa parte dos igarapés presentes na reserva, sempre 
se pode esperar que algumas espécies pouco abundantes ou que 
utilizam aqueles igarapés de forma ocasional ainda venham a ser 
registradas em estudos futuros. 
Seis grupos principais de peixes (Ordens taxonômicas) estão 
presentes na Reserva Ducke: Characiformes (a maioria dos peixes 
com escamas e sem espinhos nas nadadeiras), Siluriformes (os 
peixes de couro, peixes lisos ou bagres, que incluem os acaris ou 
bodós), Gymnotiformes (os peixes elétricos ou sarapós, incluindo 
o poraquê), Perciformes (peixes de escamas e com espinhos nas 
nadadeiras, queincluem os acarás, jacundás e o peixe-folha), 
Cyprinodontiformes (peixes de escamas e de pequeno porte, 
que habitam principalmente ambientes de poças temporárias), 
e os Synbranchiformes (peixes de corpo muito alongado, 
serpentiforme e sem nadadeiras evidentes).
O grupo mais diverso de peixes presentes na reserva é 
representado pelos Characiformes (seis famílias e 24 
espécies), seguidos pelos Siluriformes (sete famílias, 17 
espécies), Gymnotiformes (quatro famílias, 12 espécies), 
Perciformes (duas famílias, 13 espécies), Cyprinodontiformes 
(uma família, três espécies) e Synbranchiformes (uma família, 
uma espécie) (Tabela 1). Uma descrição desses grupos 
taxonômicos e das espécies presentes em cada um deles é 
apresentada nas seções seguintes.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 31
Tabela 1. Composição da ictiofauna capturada na Reserva Ducke por bacia de 
drenagem. “I” indica espécies capturadas somente no canal dos igarapés, “P” 
capturadas somente em poças laterais, e “I/P” em ambos os ambientes. O asterisco 
(*) indica espécie registrada visualmente, sem exemplares coletados.
Bacia Oeste Bacia Leste
CHARACIFORMES
ACESTRORHYNCHIDAE
Acestrorhynchus falcatus I I
CHARACIDAE
Bryconops cf. caudomaculatus - I
Bryconops giacopinii I I
Bryconops inpai I I
Gnathocharax steindachneri I -
Hemigrammus cf. geisleri - I
Hemigrammus cf. pretoensis I/P I
Hyphessobrycon agulha I I
Hyphessobrycon aff. melazonatus I/P I/P
Iguanodectes geisleri I -
Phenacogaster prolatus - I
Bacia Oeste Bacia Leste
CRENUCHIDAE
Ammocryptocharax elegans - I
Characidium cf. pteroides I -
Crenuchus spilurus I/P I/P
Microcharacidium eleotrioides I/P I/P
Poecilocharax weitzmani I/P -
ERYTHRINIDAE
Erythrinus erythrinus I/P I/P
Hoplias malabaricus I/P I/P
GASTEROPELECIDAE
Carnegiella strigata I -
LEBIASINIDAE
Copella nattereri I/P I/P
Nannostomus beckfordi P -
Nannostomus marginatus I I
Pyrrhulina cf. brevis I/P I/P
Pyrrhulina semifasciata P I/P
SILURIFORMES
AUCHENIPTERIDAE
Auchenipterichthys punctatus - I
CALLICHTHYIDAE
Callichthys callichthys I/P I/P
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke32
Bacia Oeste Bacia Leste
CETOPSIDAE
Helogenes marmoratus I I
Denticetopsis seducta - I
LORICARIIDAE
Ancistrus aff. hoplogenys - I
Farlowella cf. schreitmuelleri - I
Parotocinclus longirostris I -
Rineloricaria heteroptera I -
Rineloricaria lanceolata I -
HEPTAPTERIDAE
Imparfinis pristos I I
Mastiglanis asopos - I
Nemuroglanis sp. - I
Rhamdia quelen - I
Brachyglanis frenata - I
PSEUDOPIMELODIDAE
Batrochoglanis raninus I -
TRICHOMYCTERIDAE
Ituglanis cf. amazonicus I I
Pygidianops amphioxus I I
Bacia Oeste Bacia Leste
GYMNOTIFORMES
GYMNOTIDAE
Electrophorus electricus* I -
Gymnotus coropinae I I
Gymnotus cataniapo - I/P
Gymnotus pedanopterus I I
Gymnotus sp. I I
HYPOPOMIDAE
Hypopygus lepturus I I
Microsternarchus cf. bilineatus - I
Steatogenys duidae I I
Hypopygus cryptogenes I I
RHAMPHICHTHYIDAE
Gymnorhamphicthys rondoni I I
STERNOPYGIDAE
Eigenmania aff. macrops - I
Sternopygus macrurus I I
PERCIFORMES
CICHLIDAE
Aequidens pallidus I/P I/P
Apistogramma agassizii P I/P
A ICTIOFAUNA DOS IGARAPÉS DA RESERVA DUCKE
Guia de Peixes da Reserva Ducke
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 33
Bacia Oeste Bacia Leste
CICHLIDAE (continuação)
Apistogramma hippolytae I I/P
Crenicichla cf. alta I -
Crenicichla inpa I -
Crenicichla lenticulata I -
Crenicichla lugubris I -
Hypselecara coryphaenoides I -
Heros efasciatus I -
Laetacara thayeri - I
Mesonauta insignis I -
Satanoperca lilith I -
POLYCENTRIDAE
Monocirrhus polyacanthus I -
CYPRINODONTIFORMES
RIVULIDAE
Rivulus micropus I/P I/P
Rivulus kirovskyi I/P I/P
Rivulus ornatus P -
SYNBRANCHIFORMES
SYNBRANCHIDAE
Synbranchus sp. I/P I/P
Cyprinodontiformes
Peixes de pequeno porte, com o corpo coberto de escamas; corpo subcilíndrico na porção anterior e comprimido na 
região do pedúnculo caudal; cabeça com o topo achatado e 
com a boca voltada para cima; nadadeira dorsal posicionada 
posteriormente no corpo, mais próxima da cauda do que do fo-
cinho; ausência de nadadeira adiposa. Inclui os peixes anuais 
da família Rivulidae, habitantes típicos de poças temporárias 
e charcos, e os barrigudinhos, guppys ou lebistes da família 
Poeciliidae, comuns em ambientes aquáticos alterados.
Rivulidae
A família Rivulidae compreende cerca de 250 espécies de pequenos peixes (3,0 a 8,0 cm) que habitam principalmen-
te ambientes aquáticos temporários (poças, lagoas e charcos) 
ao longo das Américas do Sul e Central, e pelo menos uma es-
pécie ocorre na Flórida (EUA) (Costa, 1989a; Huber, 1992). Os 
rivulídeos podem ser reconhecidos pelo corpo subcilíndrico e 
com o pedúnculo caudal comprimido lateralmente, pelo padrão 
de colorido exuberante de muitas espécies, pela cabeça com 
o topo achatado e coberto por escamas grandes, boca volta-
da para cima e ausência de nadadeira adiposa. A nadadeira 
dorsal é posicionada posteriormente, e a caudal é arredon-
dada ou elíptica. Muitas espécies apresentam ciclo de vida 
anual, nascendo, crescendo, se reproduzindo e morrendo em 
poças d’água durante um mesmo ciclo anual. As espécies que 
ocorrem na Reserva Ducke pertencem ao gênero Rivulus, que 
não apresenta ciclo de vida anual. Esses peixes são capazes 
de se deslocar entre poças e áreas rasas do canal de igarapés 
durante a estação chuvosa, por meio de saltos impressionan-
tes. Alimentam-se principalmente de pequenos invertebrados 
terrestres que caem nas poças e no canal dos igarapés. Três 
espécies de Rivulus ocorrem na reserva.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke36
(Costa, 2004)
Rivulus kirovskyi rívulo
Descrição: Espécie de porte muito pequeno, 
alcançando no máximo 25 mm CP. Cabeça e 
região pré-dorsal achatadas dorso-ventralmente.
Tronco delgado, subcilíndrico na região ante-
rior e comprimido posteriormente. Parte mais 
alta do corpo na direção vertical das nadadei-
ras pélvicas. Linha lateral com 32 escamas. 
Nadadeira dorsal localizada no terço final do 
corpo, com origem na direção vertical entre 
antepenúltimo e último raios da nadadeira anal. 
Nadadeira peitoral arredondada. Nadadeira 
caudal ovalada. Focinho arredondado. Faixa 
escura transversal sob o queixo. Pintas avermel-
à vegetação marginal ou folhas na superfície 
da água, em regiões de baixa correnteza. Suas 
nadadeiras peitorais e caudal bem desenvolvi-
das, e uma eficiente estratégia de propulsão, 
permitem uma locomoção eficiente fora d’água, 
através de saltos sobre o chão úmido da flores-
ta. Graças ao seu tamanho reduzido e à forma 
achatada da região anterior dorsal do corpo, 
se mantém quase sem gasto energético na 
superfície da água, graças à tensão superficial 
da água. Tais adaptações permitem a exploração 
de ambientes com muito pouca água. Indivíduos 
podem ser encontrados em fios d’água, com 
menos de 1cm de profundidade, próximos a 
igarapés da Reserva. Alimenta-se de pequenos 
invertebrados aquáticos e terrestres. Apresenta 
fecundação interna, com produção de poucos 
ovos (cerca de dezoito), de tamanho grande. As 
fêmeas, geralmente menores que os machos, 
depositam seus ovos em poças temporárias 
marginais aos igarapés. Os alevinos e jovens se 
desenvolvem aí durante alguns meses e voltam 
aos igarapés à medida que a estação seca 
avança e as poças vão ficando escassas.
Distribuição geográfica: bacia do baixo rio Negro.
Referências bibliográficas: Costa (2004; 2006).
RIVULIDAE
hadas formando linhas longitudinais na lateral 
do corpo. Manchas marrons na lateral do corpo 
sob as pintas vermelhas, distribuídas irregular-
mente nas fêmeas e formando faixas oblíquas 
nos machos. Coloração dorsal predominante-
mente marrom-clara e ventral branca. Durante a 
estação chuvosa, as nadadeiras pélvicas, anal e 
dorsal dos machos ficam com as extremidades 
ou completamente amareladas.
Biologia e história natural: Encontrado principal-
mente em poças temporárias, mas também em 
igarapés muito pequenos ou na região marginalde igarapés maiores. Está sempre associado 
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 37
Descrição: É a maior espécie de Rivulus da RFAD, 
e pode atingir 80 mm CP. Cabeça e região pré-
dorsal achatadas dorso-ventralmente, tornando-
se mais comprimido gradativamente em direção 
ao pedúnculo caudal. Parte mais alta do corpo 
na direção vertical das nadadeiras pélvicas. 
Linha lateral com 40-45 escamas. Nadadeira 
dorsal localizada no terço final do corpo, com 
origem na direção vertical do penúltimo raio da 
nadadeira anal. Nadadeiras peitoral e caudal 
arredondadas. Focinho pontiagudo. Pintas 
avermelhadas formando 7-8 linhas longitudinais 
na lateral do corpo, 3-5 alcançando o pedúnculo 
caudal. Fêmeas com um ocelo negro arredon-
dado na parte superior da nadadeira caudal, 
delimitada por uma faixa amarelada. Coloração 
predominantemente azul-acinzentada, com 
exceção da região ventral, branca.
Biologia e história natural: Encontrados prin-
cipalmente em poças temporárias marginais 
aos igarapés, se alimentam principalmente 
de insetos terrestres que caem na água, 
mas também podem comer larvas e adultos 
de pequenos insetos aquáticos e crustá-
ceos. Devido à sua incrível capacidade de se 
locomover fora d’água através de saltos, em 
alguns lugares são popularmente conhecidos 
como “peixe-macaco”. Apresentam fecundação 
externa, com produção de poucos e grandes 
ovos, que são depositados no início do período 
chuvoso em poças temporárias marginais 
aos igarapés. Estes ovos podem permanecer 
viáveis durante um período longo sem água e 
eclodir no próximo evento de chuva. As larvas 
e jovens se desenvolvem nas poças e tendem 
a retornar aos igarapés à medida que avança o 
período seco. A presença de um ocelo na base 
da nadadeira caudal das fêmeas de R. micro-
pus faz com que possam ser confundidas com 
jovens de Erythrinus erythrinus, mas este tem a 
nadadeira dorsal mais à frente do corpo, antes 
da inserção da nadadeira anal.
Distribuição geográfica: América do Sul: bacia 
do médio rio Amazonas.
Referências bibliográficas: Huber (1992), Costa 
(2006).
rívulo Rivulus micropus
RIVULIDAE
(Steindachner, 1863)
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke38
Rivulus ornatus rívulo
Descrição: Espécie de pequeno porte, com 
comprimento máximo conhecido de 21 mm 
CP. O macho possui linhas oblíquas formadas 
por pontos vermelhos ou marrons na lateral do 
corpo, e cerca de oito faixas verticais marrons. 
Linha lateral com 29 a 32 escamas. Nadadeira 
caudal com reflexos esverdeados na porção 
superior e colorido avermelhado na metade 
inferior, e a região do opérculo é azulada. As 
fêmeas possuem uma mancha em forma de 
ocelo na porção superior da base da cauda. 
Porção anterior do corpo ligeiramente mais 
Biologia: Habitam poças em locais ensolarados 
com cerca de 50 a 150 cm de profundidade e 
vegetação aquática densa. Também ocupa poças 
d’água em ambientes florestais. Alimenta-se de 
pequenos invertebrados terrestres e aquáticos. 
Provavelmente desova em meio à vegetação 
submersa ou entre as folhas do fundo das poças.
Distribuição Geográfica: Porção média da bacia 
Amazônica no Brasil.
Referências bibliográficas: Huber (1992), Costa 
(2006)
RIVULIDAE
larga do que alta. Maxilares curtos e focinho 
estreito. Extremidade distal da nadadeira anal 
arredondada no macho e ponta da nadadeira 
pélvica atinge a base da porção anterior da 
nadadeira anal. Nadadeira dorsal com 5 a 7 
raios e localizada atrás da origem da nadadeira 
anal, que possui de 9 a 11 raios. Rivulus ornatus 
e R. obscurus Garman, 1895 foram descritos 
como espécies distintas, porém correspondem, 
respectivamente, a machos e fêmeas da espécie 
R. ornatus.
Garman, 1895
fêmea
macho
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 39
Characiformes
Peixes de porte variado, desde muito pequenos (cerca de 2,5 cm em espécies do gênero Priocharax) até bastante 
grandes, como os tambaquis do gênero Colossoma, com 
mais de 1 m de comprimento e chegando a atingir 45 kg. 
Possuem o corpo coberto de escamas e um conjunto completo 
de nadadeiras, que inclui a presença de uma nadadeira 
adiposa na parte posterior do dorso da maioria das espécies. 
Apresentam forma do corpo e padrões de colorido muito 
variados, e ocupam uma enorme diversidade de habitats 
aquáticos. Possuem dentes de reposição inseridos nas 
mandíbulas, e em certos grupos ocorre uma troca periódica 
dos dentes. O tipo de dentição também está relacionado com 
os hábitos alimentares da espécie, e tem grande valor para a 
identificação taxonômica das espécies do grupo. Inclui peixes 
de hábitos predominantemente diurnos e nectônicos.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke40
acestrorhynchidae
Os peixes-cachorro da Família Acestrorhynchidae são prontamente identificáveis pelo formato fusiforme do 
corpo, coberto com escamas muito pequenas e numerosas; 
focinho longo e armado com dentes caniniformes; e pela 
nadadeira dorsal posicionada atrás do meio do corpo. São 
predadores vorazes que perseguem suas presas (normalmente 
pequenos caracídeos) na coluna d’água. Normalmente são 
observados solitários ou em dois ou três indivíduos em locais 
mais profundos dos igarapés, vagando em busca de presas. 
A maior diversidade de espécies da família ocorre na Bacia 
Amazônica, em diversos tipos de ambientes. Na Reserva Ducke 
apenas uma espécie foi registrada: Acestrorhynchus falcatus, a 
espécie de peixe-cachorro mais comum em pequenos igarapés 
de terra firme (nossas observações pessoais). Para mais 
informações vide Menezes (1969), Nico & Taphorn (1985), 
Amaral (1990), Menezes & Gery (1983), Toledo-Piza & Menezes 
(1996) e Reis et al. (2003).
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 41
Descrição: Atinge cerca de 250 mm CP. Pode 
ser distinguido dos demais Acestrorhynchus 
por possuir uma mancha umeral em forma de 
uma lágrima invertida. Mancha preta centra-
lizada no pedúnculo caudal. Tem de 18 a 24 
escamas abaixo da linha lateral. Linha lateral 
com 80 a 96 escamas.
peixe-cachorro, cachorinho, uéua, dentudo. Acestrorhynchus falcatus
acestrorhynchidae
bloch, 1794
Biologia e história natural: Encontrados em 
diversos tipos de ambientes, desde pequenos 
igarapés até grandes rios, e também em áreas 
alagadas e lagos. A dentição e o formato do cor-
po fazem dessa espécie um eficiente predador 
na coluna d’água, alimentando-se exclusivamen-
te de peixes. Reproduz-se no início da estação 
chuvosa. 
Distribuição geográfica: Bacia dos rios Ama-
zonas e Orinoco e rios da Guiana, Suriname e 
Guiana Francesa.
Referências bibliográficas: Menezes (1969), 
Nico & Taphorn (1985), Amaral (1990), Menezes 
& Gery (1983), Toledo-Piza & Menezes (1996)
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke42
Characidae
Characidae compreende um grupo extremamente numeroso e heterogêneo de espécies, as quais foram reunidas nessa 
família por possuírem características morfológicas bastante 
generalizadas. Por esse motivo, as relações filogenéticas entre 
as espécies, gêneros e subfamílias continuam mal conhecidas, 
com boa parte das espécies tendo sido incluídas em Chara-
cidae como Incertae Sedis (ou seja, de posicionamento taxo-
nômico e filogenético ainda controverso) (Reis et al., 2003). 
A maior parte dessas espécies foi tradicionalmente incluída 
entre os Tetragonopterinae (Géry, 1977), mas sem evidências 
filogenéticas consistentes. Há propostas recentes de relações 
filogenéticas e rearranjos taxonômicos apresentadas por Mi-
rande (2010) e Oliveira et al. (2011).
De forma geral, os caracídeos são peixes de pequeno porte, 
com o corpo completamente coberto por escamas e exibindo 
um conjunto completo de nadadeiras, que inclui uma pequena 
nadadeira adiposa sobre o pedúnculo caudal. São extrema-
mente comuns e abundantes na maior parte dos ambientes 
aquáticos neotropicais, e constituem o grupo mais importante 
de espécies nos igarapés amazônicos. Entre as características 
úteis para distinguir as espécies de caracídeos, destacam-se 
a posição e formato da boca, o tipo, número e disposição dos 
dentes,as características da série de escamas perfuradas da 
linha lateral (contínua ou interrompida), a presença ou au-
sência de escamas sobre a nadadeira caudal, o tamanho da 
nadadeira anal (número de raios), além do formato geral do 
corpo e padrão de colorido. Na Reserva Ducke foram registra-
das, até o momento, 10 espécies de caracídeos, pertencentes 
a sete gêneros.
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 43
piabão, lambari
characidae
Bryconops cf. caudomaculatus
Günther, 1864
Descrição: Espécie de pequeno porte, alcançan-
do cerca de 110 mm CP. Focinho arredondado. 
Linha lateral aproximadamente completa, com 
cerca de 36 escamas (as últimas, localizadas no 
final do pedúnculo caudal, geralmente não são 
perfuradas). Uma mancha vermelha e conspícua 
no lobo superior da nadadeira caudal. No lobo 
inferior,possui uma área clara abaixo e uma área 
avermelhada acima.
Biologia e história natural: Ocorre em igarapés 
de diversos tamanhos, onde frequentemente 
é encontrado em grupos de até uma dúzia de 
indivíduos. Os jovens podem formar cardumes 
mistos com indivíduos de Iguanodectes geisleri 
e Hyphessobrycon aff. melazonatus. Alimenta-
-se principalmente de insetos que caem na 
superfície da água, os quais são capturados por 
meio de investidas rápidas. Não há informações 
detalhadas sobre a reprodução da espécie, mas 
fêmeas ovadas têm sido capturadas durante o 
período chuvoso, no início do ano.
Distribuição geográfica: América do Sul, nas 
bacias do rio Amazonas e Orinoco e em igarapés 
da Guiana. Na RFAD é encontrado principalmen-
te na bacia leste, que drena para a bacia do rio 
Amazonas.
Referências bibliográficas: Géry (1977), Cherno-
ff & Machado-Allison (2005)
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke44
piabão, lambariBryconops giacopinii 
(Fernández-Yépez, 1950)
Descrição: É a espécie de Bryconops de maior 
porte na RFAD, alcançando cerca de 150 mm CP. 
Focinho arredondado. Linha lateral completa 
com aproximadamente 36 escamas. Um ocelo 
bem marcado no lobo superior da nadadeira 
caudal, formado por uma mancha de coloração 
vermelha envolvida por uma borda negra. Não 
apresenta mancha umeral escura.
Biologia e história natural: É um peixe bastante 
comum e conspícuo nos igarapés da RFAD, onde 
forma grupos de até 30 indivíduos nos igarapés 
maiores e em poções mais profundos do leito de 
igarapés pequenos. Nada à meia água e captura 
rapidamente os invertebrados que caem na 
superfície da água. Não há informações sobre a 
reprodução da espécie. 
Distribuição geográfica: América do Sul, nas 
bacias do rio Amazonas e Orinoco e em igarapés 
da Guiana. Na RFAD é encontrada principalmen-
te na bacia leste, que drena para a bacia do rio 
Amazonas.
Referências bibliográficas: Géry (1977), Sabino 
& Zuanon (1998), Chernoff & Machado-Allison 
(2005), Espírito-Santo et al. (2009).
characidae
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 45
Bryconops inpaipiabão, lambari
Knöppel, Junk & Géry, 1968
Descrição: Espécie de pequeno porte, alcançan-
do cerca de 120 mm CP. Focinho arredondado. 
Linha lateral completa com aproximadamente 36 
escamas. Corpo azulado em vida, com a nada-
deira dorsal avermelhada. Mancha umeral dupla 
e uma mancha horizontalmente alongada sobre 
o pedúnculo caudal. Ausência de ocelo no lobo 
superior da nadadeira caudal.
Biologia e história natural: Bryconops inpai foi 
descrita originalmente a partir de exemplares 
coletados na Reserva Ducke. Não forma gran-
des grupos, e é comum observar poucos exem-
plares nadando na coluna d’água em agrega-
ções de 4 a 6 indivíduos, frequentemente junto 
com cardumes de B. giacopinii. Alimenta-se de 
insetos e outros tipos de materiais orgânicos 
trazidos pela correnteza, seja na superfície ou 
à meia água. Aparentemente desova no período 
chuvoso, mas não há estudos detalhados sobre 
a biologia da espécie.
Distribuição geográfica: Bacias do rio Amazonas 
e Orinoco e em igarapés da Guiana. Na RFAD é 
encontrado principalmente na bacia leste, que 
drena para a bacia do rio Amazonas.
Referências bibliográficas: Knöppel, Junk & 
Géry (1968), Géry (1977), Chernoff & Machado-
-Allison (2005)
characidae
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke46
tetra-aruanã, piabaGnathocharax steindachneri 
Fowler, 1913
Descrição: Espécie de pequeno porte, alcançan-
do cerca de 50 mm CP. Boca voltada para cima. 
Uma quilha ventral não muito desenvolvida e 
nadadeira peitoral forte e alongada. Linha lateral 
incompleta. Nadadeira anal com 26 a 32 raios 
ramificados. Coloração geral prateada, com o 
dorso azulado; uma mancha escura no pedúncu-
lo caudal e pontos vermelhos acima e abaixo da 
mancha.
Biologia e história natural: Ocorre em igarapés 
de pequeno e grande porte e é encontrada, pre-
ferencialmente na coluna d’água. A boca ampla 
e os dentes cônicos e as nadadeiras peitorais 
bem desenvolvidas fazem dessa espécie um 
excelente predador de insetos na superfície da 
água. Entretanto, pode se alimentar tanto de in-
setos alóctones quanto autóctones. Em algumas 
regiões do rio Negro, essa espécie é comumente 
encontrada associada a espécies de Carnegiella 
devido a características morfológicas e hábito 
alimentar semelhantes.
Distribuição geográfica: Norte da América do 
Sul, nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco. Na 
RFAD foi encontrada somente no igarapé Bolívia, 
localizado na bacia de drenagem oeste, que 
drena para o rio Negro.
Referências bibliográficas: Santos (2005).
characidae
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke 47
piaba Hemigrammus cf. geisleri
characidae
Zarske & Géry, 2007
Descrição: Espécie de porte diminuto, atingin-
do apenas cerca de 28 mm CP quando adulto. 
Possui corpo translúcido com reflexos azula-
dos nos lados do corpo e uma mancha preta e 
verticalmente alongada na base da nadadeira 
caudal. Base das nadadeiras anal e dorsal 
amarelada, assim como o topo da cabeça. Uma 
linha de pontos pretos na base da nadadeira 
anal, que é longa e se inicia mais ou menos na 
altura do meio da base da nadadeira dorsal. 
Cabeça relativamente pequena, com olho 
grande (correspondendo a cerca da metade 
do comprimento da cabeça) e focinho curto e 
arredondado. Apenas uma fileira de dentes no 
pré-maxilar e duas no dentário. 
Biologia e história natural: Pouco se conhece 
sobre a história natural dessa espécie. Vive em 
grupos que podem variar de poucos indivídu-
os a dezenas de peixes, em áreas rasas e com 
correnteza moderada de igarapés de maior porte 
(terceira ordem ou maiores). É provavelmente 
um microcarnívoro, alimentando-se de peque-
nos invertebrados.
Distribuição geográfica: Observações de campo 
e análise de lotes de exemplares preservados 
em Coleções e Museus indicam que há diver-
sas espécies muito similares a Hemigrammus 
geisleri, as quais parecem compor um complexo 
de espécies relacionadas. A espécie nominal 
Hemigrammus geisleri se distribui por igarapés 
e rios da Amazônia central brasileira, nos esta-
dos do Amazonas e Pará, mas espécies similares 
aparentemente ocorrem em toda a Amazônia. Na 
RFAD, Hemigrammus cf. geisleri foi encontrada 
apenas nas microbacias do lado Leste.
Referências bibliográficas: Zarske & Géry (2007).
 
Guia de Peixes da Reserva Adolpho Ducke48
Hemigrammus cf. pretoensis piaba, lambari
Géry, 1965
Descrição: Peixe de pequeno porte, alcançando 
cerca de 55 mm CP. Coloração geral amarelada, 
com o dorso mais escuro e escamas iridescen-
tes. Apresenta nadadeira dorsal avermelhada e 
anal alaranjada, mas o padrão de colorido pode 
variar em tonalidade e intensidade, dependen-
do da idade ou estado de maturação sexual do 
indivíduo. Linha lateral interrompida. Nadadeira 
caudal densamente escamada. Coloração geral 
amarelada, com o dorso mais escuro e escamas 
iridescentes. Apresenta nadadeira dorsal aver-
melhada e anal alaranjada.
Biologia e história natural: Encontrado em 
igarapés de pequeno e grande porte, e sob 
diferentes condições de fluxo, e ocupa princi-
palmente a região nectobentônica. Alimenta-se 
principalmente de insetos de origem alóctone. 
Na

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