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Manual de identificação de macroinvertebrados aquáticos

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Manual de Identi f icação de
MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS
do Estado do Rio de Janeiro
Riccardo Mugnai 
Jorge Luiz Nessimian 
Darcilio Fernandes Baptista
" ' í r '
TECHNICAL BOOKS EDITORA
“Ea quae scimus sunt pars minim corum quae ignoramus 
("0 que sabemos é uma minima parte do que ignoramos”)
von Linné, 1735
Riccardo Mugnai 
Jorge Luiz Nessimian 
Darcilio Fernandes Baptista
Manua l de I d en t i f i c a ç ão de 
MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS
do Estado do Rio de Janei ro
P A R A A T IV ID A D E S T É C N IC A S , DE EN SIN O E T R E IN A M E N T O EM PRO G RA M AS 
DE A V A L IA Ç Ã O DA Q U A L ID A D E E C O L Ó G IC A DOS E C O S S IS T E M A S LÓ T IC O S
1a edição
T B \
TECHNICAL BOOKS EI
Rio de Janeiro 
2010
Manual de I d e n t i f i c a ç ã o de M a c r o in v e r te b r a d o s A q u á t ic o s 
do E s t a d o do R io de J a n e ir o
Para Atividades Técnicas, de Ensino e Treinamento em Programas 
de Avaliação da Qualidade Ecológica dos Ecossistem as Lóticos
Copyright © 2010 
Technical Books Editora Ltda.
Projeto e Realização Gráfica
Mugnai, Riccardo e Gatti, Felipe 
As macrofotografias e a edição gráfica foram realizadas na Seção da Coleção Micológica do 
Laboratório de Avaliação e Promoção de Saúde Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro.
Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
M951 Mugnai, Riccardo.
Manual de identificação de macroinvertebrados
aquáticos do Estado do Rio de Janeiro / Riccardo
Mugnai, Jorge Luiz Nessimian, Darcilio Fernandes
Baptista. — 1. ed. — Rio de Janeiro : Technical
Books, 2010.
176 p. : il. color. ; 21 cm.
Bibliografia: p. 167-174.
ISBN 978-85-61368-10-4
1. Insetos aquáticos. 2. Biomonitoramento. I.
Nessimian, Jorge Luiz. II. Baptista, Darcilio
Fernandes. III. Titulo.
CDD 595.7
Rua Gonçalves Dias, 89 - 2o andar - Sala 208 
Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20.050-030 
Tel/Fax: (21)2252-5318 
v e n d a s @ tb e d ito ra .c o m .b r 
w w w .tb e d ito ra .c o m .b r
VENDAS:
Technical Books Livraria Ltda.
Rua Gonçalves Dias, 89 - 2o andar - Salas 205 / 206 
Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20.050-030 
Tel/Fax: (21) 2224-3177 - (21) 2531-9027 
(21) 2242-4210 - (21) 2292-5525 - (21) 2252-9299 
v e n d a s @ tb liv ra r ia .c o m .b r 
w w w .tb liv ra r ia .c o m .b r
mailto:vendas@tbeditora.com.br
http://www.tbeditora.com.br
mailto:vendas@tblivraria.com.br
http://www.tblivraria.com.br
AUTORES
Riccardo Mugnai é graduado em Scienze Naturali pela 
Universitá degli Studi di Firenze - Itália (1999). Colaborador téc­
nico científico do Museo di Storia Naturale delTUniversitá degli 
Studi di Firenze, seção de zoologia "La Specola" (1995-2003). Ob­
teve o mestrado em Zoologia no Museu Nacional da UFRJ (2007). 
Atualmente, é doutorando do Programa de Pós-Graduação em 
Ensino de Biociências e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, do Rio 
de Janeiro. Sua área de interesse é o biomonitoramento de ecos­
sistemas dulciaquícolos.
Jorge Luiz Nessimian é graduado em Ciências Biológicas pela 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (1979), mestre em Ciên­
cias Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesqui­
sas da Amazônia (1985) e doutor em Ciências Biológicas (Zoolo­
gia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 
(1993). Atualmente, é professor associado do Instituto de Biolo­
gia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com participação 
na graduação e nos programas de pós-graduação em Zoologia e 
Ecologia da UFRJ. Atua também como professor colaborador no 
programa de pós-graduação do Instituto Nacional de Pesquisas 
da Amazônia. Suas áreas de interesse são a biologia e a taxono- 
mia de insetos aquáticos.
Darcilio Fernandes Baptista é graduado em Ciências Biológi­
cas como Bacharel em Ecologia (1986) pela Universidade Federal 
do Rio de Janeiro, obteve mestrado (1991) e doutorado (1998) 
em Zoologia no Museu Nacional da UFRJ. É pesquisador titular 
do Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ com experiência na área de 
ecologia de rios, com ênfase na ecologia aplicada, atuando, prin­
cipalmente, no biomonitoramento de ecossistemas dulciaquíco­
los. Participa como colaborador externo do programa de pós- 
graduação em Ecologia da UFRJ. Administrou o Departamento 
de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz (2001-2004) e, atualmente, 
chefia o Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambien­
tal - LAPSA.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho não poderia ter sido realizado sem a colaboração de muitas 
pessoas, entre colegas e amigos, que sempre atenderam com entusiasmo aos nossos 
pedidos de ajuda ou colaboraram, de forma espontânea, com este projeto.
Agradecemos a Mario Jorge Gatti, curador da Coleção Micológica do Laboratório 
de Avaliação e Saúde Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz, pela possibilidade de usar 
os espaços e equipamentos necessários à realização desta obra, além de ser o crítico, o 
conselheiro e um incansável torcedor do projeto.
Agradecemos ao Dr. Alcimar do Lago Carvalho, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, 
e a toda equipe do Laboratório de Insetos Aquáticos da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (UFRJ), em particular a Leandro Dumas e ao Dr. Nelson Ferreira Jr, pelas contribuições 
científicas relativa aos insetos.
Agradecemos à Dra. Silvana Thiengo, curadora da Coleção Malacológica da Fiocruz 
e a sua equipe, pela colaboração relativa aos moluscos, em particular a Pablo Coelho e 
Alessandro Barbosa, que forneceram material iconográfico.
Agradecemos ao Dr. Ulisses Pinheiro, que, com entusiasmo, forneceu informações 
científicas, além de material iconográfico de seu acervo de Porifera.
Agradecemos ao Dr. Nelson Papavero, que, além das informações taxonômicas sobre 
Diptera, contribuiu com a parte de etimologia e do prefácio.
Agradecemos à incansável equipe do LAPSA, em particular a Renata Bley de Oliveira, 
Carolina Milhorance, Tiago Maciel, Roberta Gravano, Carla Araújo Vieira, Ana Sattamini de 
Souza e Priscila Pereira -o s primeiros "sujeitos de pesquisa" para avaliação da funcionalidade 
deste manual - , por suas críticas e melhorias na estrutura da obra.
Agradecemos, especialmente, a Jeorgina Gentil Rodrigues, pela revisão da bibliografia 
e a Adarene Motta e Lílian Beck, pela revisão do texto.
Agradecemos a Paolo Carossini e Adriano Kury pelos aconselhamentos técnicos 
relativos às fotografias.
Outras pessoas, demais para serem todas citadas, contribuíram com ideias e sugestões, 
ou deram suporte moral para que um trabalho, que parecia não ter fim, continuasse e 
fosse concluído. Entre estes, seria impossível não citar Maria Valeria Tavares Ferreira, que 
inspirou o projeto, e as Doutoras Margareth Queiroz e Edylene Leal, que nos apoiaram com 
contínuos aconselhamentos.
Finalmente, agradecemos à Fundação Instituto Oswald Cruz (FIOCRUZ) eà Coordenação 
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio financeiro, e ao 
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que apoiou vários 
dos projetos de pesquisa que permitiram a composição dos acervos de macroinvertebrados 
utilizados neste livro.
APRESENTAÇÃO
Esta obra é o resultado do esforço da reunião do conhecimento taxonômico 
relativo aos macroinvertebrados de água doce realizado por diversos pesquisadores, 
disperso no grande universo das diferentes formas de publicação científicas, entre 
artigos, monografias, teses e livros. O principal fator que nos motivou a elaborar este 
manual foi a percepção da existência de uma grande lacuna na literatura especializada 
e as consequentes dificuldades encontradas pelos estudantes que ingressam na área 
de estudo dos insetos aquáticos, biomonitoramento e correlatas.
Originalmente, o manual foi concebido como ferramenta auxiliar em laboratório 
de estudos de biomonitoramento, entretanto optamos por realizar um instrumento 
didático, com objetivo de possibilitar o emprego do mesmo como livro-texto de 
atividades práticas para o ensino de zoologia em sala de aula ou como guia de campo.Com a finalidade de repassar todas as informações taxonômicas de uma forma 
objetiva, decidimos apresentá-las no formato gráfico, de modo a proporcionar também 
para o leitor não especializado a lógica da classificação zoológica. Com a mesma ideia, 
optamos pelo uso da fotografia para descrever e discriminar os caracteres morfológicos 
importantes para a classificação, possibilitando aos estudantes a rápida aproximação 
ao uso do microscópio estereoscópico e as atividades de parataxônomo. Do ponto 
de vista geográfico, a obra trata da fauna de macroinvertebrados epibentônicos 
de ambiente lótico do Estado do Rio de Janeiro, porém, sua utilização em níveis 
taxonômicos elevados (classe, ordem ou família) permite, com poucas exceções, sua 
utilização em programas didáticos introdutórios para outras áreas.
O biomonitoramento das águas no Brasil ainda está em fase incipiente e esperamos 
que esta obra constitua um suporte para transpor esse sistema de controle do meio 
acadêmico para o de serviços ambientais, e se torne uma ferramenta aplicativa em 
programas de monitoramento ambiental.
Os Autores
PREFÁCIO
Este Manual de Identificação de Macroinvertebrados Aquáticos do Estado do Rio 
de Janeiro é uma esplêndida contribuição para a formação de novos pesquisadores 
que queiram dedicar-se ao estudo dos vários grupos nele tratados, sendo igualmente 
de grande utilidade, como consta do subtítulo, para os que se ocupam de atividades 
técnicas, de ensino e de programas de avaliação da qualidade ecológica dos 
ecossistemas lóticos.
A obra é pioneira, original e exaustiva, contemplando desde as técnicas de 
coleta e preparação dos exemplares, o estado do conhecimento da biota aquática do 
Rio de Janeiro, as espécies exóticas invasoras, considerações sobre biossegurança e 
doenças veiculadas pela água e macroinvertebrados vetores de doenças, até chaves 
pictóricas para a identificação dos diversos grupos.
Não é uma simples compilação da bibliografia, mas sim do fruto de muitas 
atividades de campo, evidenciando a grande experiência e a vivência dos autores. 
Prova disso é que as chaves dicotômicas são ilustradas, em sua grande maioria, com 
fotos de exemplares por eles coletados, o que contribui ainda mais para a originalidade 
da obra.
As informações são concisas e precisas, fazendo com que o livro seja de fácil e 
proveitosa utilização.
Fazia falta um manual como este. Estão de parabéns os Professores Mugnai, 
Nessimian e Baptista por este belo livro, que, certamente, muito contribuirá para o 
desenvolvimento da pesquisa e do ensino e para o aumento de nosso conhecimento 
sobre a fauna aquática de invertebrados do Rio de Janeiro. Que esta obra sirva de 
exemplo para outros estados do Brasil.
Nelson Papavero
Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 17
Biomonitoramento: conceitos básicos.............................................................. 19
Os macroinvertebrados epibentônicos............................................................. 20
Conceitos de sistemática e nomenclatura zoológica.......................................... 21
Coleta, triagem e conservação.......................................................................... 22
Generalidades.......................................................................................... 22
Tipos de amostradores............................................................................ 22
Atividades de laboratório........................................................................ 23
Técnicas de coleta, anestesia e fixação específicas.................................. 23
Estado do conhecimento da biota aquática do Estado do Rio de Janeiro........ 25
Espécies exóticas invasoras............................................................................... 26
Espécies ameaçadas do Estado do Rio de Janeiro........................................... 27
Biossegurança, doenças veiculadas pela água e macroinvertebrados vetores de 
doenças............................................................................................................... 29
Manuais de identificação e chaves dicotômicas............................................... 31
Estrutura do manual......................................................................................... 32
MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS: ASPECTOS DA MORFOLOGIA E IDENTIFICAÇÃO.... 33
Chave dicotômica para determinação dos principais grupos de macroinvertebrados 34
Filo Porifera........................................................................................................ 36
Filo Cnidaria....................................................................................................... 40
Filo Entoprocta ................................................................................................. 41
Filo Ectoprocta (Bryozoa).................................................................................. 42
Filo Platyhelminthes......................................................................................... 44
Filo Nematoda .................................................................................................. 45
Filo Nematomorpha.......................................................................................... 46
Filo Annelida...................................................................................................... 47
Classe Polychaeta........................................................................... 48
Classe Oligochaeta......................................................................... 48
Classe Hirudinida............................................................................ 51
SUMÁRIO
Filo Mollusca....................................................................................... 52
Classe Bivalvia.... ........................................................................... 53
Classe Gastropoda.......................................................................... 55
Filo Arthropoda..................................................................................... 61
Subfilo Cheliceriformes........................................................................... 62
Classe Chelicerata........................................................................... 62
Ordem Acari.......................................................................... 62
Subfilo Crustacea.......................................................................................... 64
Classe Malacostraca....................................................................... 65
Ordem Amphipoda............................................................... 66
Ordem Decapoda ................................................................. 66
Ordem Isopoda..................................................................... 67
Subfilo Atelocerata.................................................................................. 75
Super classe Hexapoda................................................................... 75
Classe Insecta................................................................................. 75
Chave dicotômica para determinação das ordens....................................................... 80
Ordem Collembola................................................................ 82
Ordem Ephemeroptera ....................................................... 83
Ordem Odonata.................................................................... 91
Ordem Plecoptera ................................................................ 105
Ordem Hemiptera ................................................................ 109
Ordem Coleoptera................................................................ 115
Ordem Megaloptera.............................................................131
Ordem Neuroptera............................................................... 133
Ordem Trichoptera ............................................................... 135
Ordem Diptera ..................................................................... 148
Ordem Lepidoptera .............................................................. 155
Glossário............................................................................................................................... 157
Fontes Iconográficas............................................................................................................ 165
Bibliografia............................................................................................................................ 167
Manua l de I d en t i f i c a ç ão de 
MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS
do Estado do Rio de Janei ro
P A R A A T IV ID A D E S T É C N IC A S , DE EN SIN O E T R E IN A M E N T O EM PRO G RA M AS 
DE A V A L IA Ç Ã O DA Q U A L ID A D E E C O L Ó G IC A DOS EC O S S IS T EM A S LÓ T IC O S
INTRODUÇÃO
BIOMONITORAMENTO: CONCEITOS BÁSICOS
Biomonitoramento pode ser definido como o uso sistemático das respostas de organismos vivos para 
avaliar a degradação ambiental por qualquer impacto induzido pela sociedade humana (ACADEMIA..., 
1997).
Como os rios estão sujeitos a inúmeras perturbações, a biota aquática reage a esses estímulos, sejam 
eles naturais ou antropogênicos. O uso de parâmetros biológicos para medir a qualidade da água se baseia 
nas respostas dos organismos em relação ao meio onde vivem. A habilidade de proteger os ecossistemas 
depende da capacidade de distinguir os efeitos das ações humanas das variações naturais, buscando cate­
gorizar a influência das ações humanas sobre os sistemas biológicos. Os organismos integram as condições 
ambientais durante toda a sua vida, permitindo que a avaliação biológica seja utilizada com eficiência na 
detecção tanto de lançamentos crônicos contínuos quanto de ondas tóxicas intermitentes agudas. Além dis­
so, as metodologias biológicas são eficazes na avaliação de poluição não pontual (difusa), tendo, portanto, 
grande valor para avaliações em escala regional.
Resumindo, todos os métodos de biomonitoramento baseiam-se no conceito de que, sob efeito de fato­
res poluentes, a biocenose responde com:
• o desaparecimento das espécies mais sensíveis;
• o aumento da abundância das espécies que conseguem beneficiar-se dessa nova situação;
• o aparecimento de outras espécies, antes não ocorrentes (GHETTI, 1986).
Um indicador biológico ideal deve possuir as seguintes características (GHETTI, 1986):
• ser taxonomicamente bem definido e facilmente reconhecível por não especialistas;
• apresentar distribuição geográfica ampla;
• ser abundante ou de fácil coleta;
• ter baixa variabilidade genética e ecológica;
• preferencialmente, possuir tamanho grande;
• apresentar baixa mobilidade;
• ter longo ciclo de vida;
• possuir características ecológicas bem conhecidas;
• ter possibilidade de uso em estudos em laboratório.
As populações animais e vegetais constituem, em conjunto, os indicadores de excelência dos efeitos 
produzidos pela poluição nos ambientes nos quais vivem, em razão da:
• grande diversidade ecológica e fisiológica, que permite uma ampla escolha de espécies indi­
cadoras em uma ampla escala de condições;
• capacidade dos organismos de reagir não a um fator unitário de perturbação, mas aos efeitos 
de todos os estressores no sistema biológico;
• capacidade de expressar um efeito cumulativo e sinérgico com respeito à ação de vários fa­
tores e de integração de situações no tempo;
• possibilidade de serem usados em todos os níveis de complexidade biológica (células, teci­
dos, organismos, espécies, comunidades).
Por meio da aplicação dessas ferramentas de avaliação ambiental é possível controlar:
• a perda real da diversidade de espécies, em vez de avaliar os efeitos indiretos dos agentes 
estressores;
• o efeito sinergético das alterações antropogênicas ocorridas na bacia hidrográfica (por exem­
plo, a soma dos efeitos do desmatamento, da entrada de pesticidas e de efluentes domésticos);
19
• o impacto de espécies exóticas sobre a fauna e flora locais;
• a integridade ecológica dos ecossistemas aquáticos.
Cabe ressaltar que a ausência de uma espécie em um ambiente pode ser determinada por fatores 
naturais tais como a competição alimentar ou a ausência dos organismos dos quais se nutre, sendo também 
ótimas todas as outras condições. Por último, é importante lembrar que a análise biológica não substitui as 
análises químicas e físico-químicas, mas gera informações complementares fornecendo a avaliação dos efei­
tos da perturbação, e que as análises químicas e físico-químicas fornecem indicações das causas. Em alguns 
casos, o uso de análise biológica pode fornecer informações relativas a perturbações ambientais não detectá­
veis pelas análises químicas e físico-químicas como, por exemplo, o efeito de alterações físicas de uma área a 
montante (desmatamento, retificação do rio, concretagem das margens, etc.).
No Brasil, como em outras partes do mundo, as novas ferramentas de controle da qualidade ecológica dos 
ecossistemas aquáticos, que utilizem como indicador a biota, podem ser aplicadas tanto para o monitora­
mento e a proteção dos corpos hídricos, quanto para auxiliar nos processos de avaliação previstos por outras 
leis. Entre os vários exemplos pode-se destacar a delimitação e a indicação de áreas de particular interesse de 
proteção, a avaliação de crimes ambientais e o exame prévio de impacto, necessário para a obtenção de Licen­
ça Ambiental e dos sucessivos programas de acompanhamento, previstos para "todos os empreendimentos 
ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou 
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental" Lei n° 6.938/81, regulamentado pela 
Resolução CONAMA n° 237/97 (BRASIL, 1981,1997).
A literatura internacional sobre o biomonitoramento é bastante ampla. Para informações relativas a 
técnicas e procedimentos, recomendamos a leitura do "Manual for the Application ofthe AQEM System"1 e o 
"Manual ofRapid Bioassessment Protocolsfor Use in Streams and Wadeable Rivers: Periphyton, Benthic Macroinver- 
tebrates, and Fish" 2. Para informações especificas em técnicas de biomonitoramento e amostragem em idioma 
português, recomendamos a consulta das obras "Oecologia Brasiliensis" 3 e "Amostragem em Limnologia" 4.
OS MACROINVERTEBRADOS EPIBENTÔNICOS
Os invertebrados aquáticos, por razões práticas, podem ser divididos com base no tamanho em:
• microinvertebrados: invertebrados que, raramente, superam um milímetro de tamanho 
(protozoários, alguns platelmintos, nematódeos, rotíferos, alguns tardígrados, cladóceros, 
ostracóideos, copépodes e hidracarinos);
• macroinvertebrados: invertebrados cujo tamanho, no final do estado larvar ou na fase ima­
ginai, é raramente inferior a um milímetro (TACHET et al, 1987).
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América (United States Environmental Protec­
tion Agency) define os macroinvertebrados como os organismos que são retidos de uma rede de malha U.S. 
Standard n2 30 (0,595 mm = 21 malha/cm) (WEBER, 1973).
Com base no habitat ocupado, os macroinvertebrados podem ser distinguidos em: planctônicos, nec- 
tônicos e pleustônicos, associados à coluna de água ou ao filme superficial, e bentônicos, que são associados 
ao fundo e substratos adjacentes. Por sua vez, podemos distinguir entre os bentônicos os que vivem, pelo 
menos parte da vida, na superfície ou nos primeiros centímetros de sedimento, denominados epibentônicos, 
daqueles que vivem em estratos mais profundos, denominados freáticos (TACHET et al, 1977).
Os macroinvertebrados epibentônicos são os organismos mais utilizados para o biomonitoramento de 
águas continentais por várias razões:
1 http://www.aqem.de/mains/products.php
2 http://www.epa.gov/owow/monitoring/rbp/index.html3 Oecologia Brasiliensis vol. 12, n°3, 2008
4 Amostragem em Limnologia. BICUDO, C. E. M. & BICUDO, D. C. (Org.). Amostragem em limnologia. RIMA (Ed.), S. 
Carlos, 2004, 346 p.
20
http://www.aqem.de/mains/products.php
http://www.epa.gov/owow/monitoring/rbp/index.html
• são fáceis de coletar;
• geralmente são de fácil reconhecimento;
• apresentam vários graus de sensibilidade a estresses;
• apresentam ciclo de vida relativamente longo, o que permite a detecção de estresses pontu­
ais no tempo (GHETTI, 1986).
CONCEITOS DE SISTEMATICA E NOMENCLATURA ZOOLOGICA
A sistemática pode definir-se como o ramo da biologia que se ocupa da organização, caracterização e 
denominação dos grupos de organismos, do estabelecimento das relações de parentesco entre esses grupos, 
da identificação de formas já conhecidas e da descrição e denominação de formas novas (MATEUS, 1989).
A sistemática compreende duas partes: à taxonomia (ou taxinomia) e a nomenclatura.
A Taxonomia trata de tudo o que se refere a organização, definição e ordenação dos grupos. A finalida­
de da nomenclatura é prover nomes para os táxons, a fim de permitir a comunicação entre biólogos de todas 
as partes do mundo (MARTIN, 1983).
Os nomes são regulados pelo Código de Nomenclatura Zoológica, que disciplina a denominação dos 
táxons nos níveis de família, gênero e espécie. O nome de um grupo taxonômico pode ser constituído por 
uma só palavra (uninominal) ou por um conjunto de palavras:
• casos uninominais
° família: utiliza o nome do gênero tipo com o sufixo -idae;
° subfamília: utiliza o nome do gênero tipo com o sufixo -inae;
° gênero: substantivo nominativo singular, escrito com maiúscula e grifado.
• casos binominais
° espécie: Hintonia castalia.
• casos trinominais
° subspécie: Callideriphus grossipes flavipennis;
° espécie: quando indicado o subgênero entre parênteses; Hesperandra (Hespemndra) 
arigony.
• casos tetranominais
° subspécie: quando indicado o subgênero; Hesperandra (Tavandra) brevicollis galapago- 
ensis.
No estudo da biologia em geral, principalmente no caso de principiantes, pode ser de grande ajuda a 
etimologia, ou seja, a origem dos nomes encontrados, sendo que muitas vezes descrevem as principais carac­
terísticas morfológicas:
PORIFERA, do latim porus = poro, conduto, passagem + fero (verbo) = trazer, portar, ter. 
ANNELIDA, do latim annelus = anel.
OLIGOCHAETA, do grego olígos = pouco + chaíte = cerda.
BIVALVIA, do latim bi = dois, duplo + valvae, nominativo plural valvarum = porta (dupla). 
DECAPODA, do grego déka = dez + pous, genitivo singular podós = pé; nominativo plural: 
podá.
ISOPODA, do grego isós = iguais + pous, genitivo singular podós = pé; nominativo plural: podá. 
INSECTA, do latim insectum = cortado; nominativo plural: insecta.
ETEROPTERA, do grego héteros = diferente, contrário + pterón = asa; nominativo plural: pterá. 
MEGALOPTERA, do grego megálos = grande + pterón = asa; nominativo plural: pterá. 
TRICHOPTERA, do grego trichos = pelo + pterón = asa; nominativo plural: pterá.
DIPTERA, do grego dí-pteros, com duas asas.
21
• são fáceis de coletar;
• geralmente são de fácil reconhecimento;
• apresentam vários graus de sensibilidade a estresses;
• apresentam ciclo de vida relativamente longo, o que permite a detecção de estresses pontu­
ais no tempo (GHETTI, 1986).
CONCEITOS DE SISTEMATICA E NOMENCLATURA ZOOLOGICA
A sistemática pode definir-se como o ramo da biologia que se ocupa da organização, caracterização e 
denominação dos grupos de organismos, do estabelecimento das relações de parentesco entre esses grupos, 
da identificação de formas já conhecidas e da descrição e denominação de formas novas (MATEUS, 1989).
A sistemática compreende duas partes: à taxonomia (ou taxinomia) e a nomenclatura.
A Taxonomia trata de tudo o que se refere a organização, definição e ordenação dos grupos. A finalida­
de da nomenclatura é prover nomes para os táxons, a fim de permitir a comunicação entre biólogos de todas 
as partes do mundo (MARTIN, 1983).
Os nomes são regulados pelo Código de Nomenclatura Zoológica, que disciplina a denominação dos 
táxons nos níveis de família, gênero e espécie. O nome de um grupo taxonômico pode ser constituído por 
uma só palavra (uninominal) ou por um conjunto de palavras:
• casos uninominais
° família: utiliza o nome do gênero tipo com o sufixo -idae;
° subfamília: utiliza o nome do gênero tipo com o sufixo -inae;
° gênero: substantivo nominativo singular, escrito com maiúscula e grifado.
• casos binominais
° espécie: Hintonia castalia.
• casos trinominais
° subspécie: Callideriphus grossipes flavipennis;
° espécie: quando indicado o subgênero entre parênteses; Hesperandra (Hesperandra) 
arigony.
• casos tetranominais
° subspécie: quando indicado o subgênero; Hesperandra (Tavandra) brevicollis galapago- 
ensis.
No estudo da biologia em geral, principalmente no caso de principiantes, pode ser de grande ajuda a 
etimologia, ou seja, a origem dos nomes encontrados, sendo que muitas vezes descrevem as principais carac­
terísticas morfológicas:
PORIFERA, do latim porus = poro, conduto, passagem + fero (verbo) = trazer, portar, ter. 
ANNELIDA, do latim annelus = anel.
OLIGOCHAETA, do grego olígos = pouco + chaíte = cerda.
BIVALVIA, do latim bi = dois, duplo + valvae, nominativo plural valvarum = porta (dupla). 
DECAPODA, do grego déka = dez + pous, genitivo singular podós = pé; nominativo plural: 
podá.
ISOPODA, do grego isós = iguais + pous, genitivo singular podós = pé; nominativo plural: podá. 
INSECTA, do latim insectum = cortado; nominativo plural: insecta.
ETEROPTERA, do grego héteros = diferente, contrário + pterón = asa; nominativo plural: pterá. 
MEGALOPTERA, do grego megâlos = grande + pterón = asa; nominativo plural: pterá. 
TRICHOPTERA, do grego trichos = pelo + pterón = asa; nominativo plural: pterá.
DIPTERA, do grego dí-pteros, com duas asas.
21
É importante lembrar que esta não é uma regra fixa e que, principalmente nos níveis de gênero e es­
pécie, muitos são os casos de dedicatórias a ilustres personagens, a mulheres ou referências a fatos que não 
têm relação com a morfologia como evidenciam os seguintes casos reportados por Minelli (1992, p.117-118):
Ignotus aenigmaticos (sucessivamente em sinonimia com nome Thylodrias contractus), coleóptero 
descrito no começo de 1900, em referência às dificuldades de identificação; Pachybrachis fraudolentis, cole­
óptero, em referência ao fato de que o autor não descobriu a espécie, mas simplesmente publicou o traba­
lho de um colega que o consultou; os gêneros Carolina, Teresina, etc., dedicados a mulheres, até chegar ao 
caso do gênero Isachisme (um heteróptero) que pronunciado tem o som de Isa kiss me (!).
GENERALIDADES
A atividade de estudo da vida aquática divide-se em duas fases: a atividade de campo e a de labora­
tório. A primeira compreende toda uma série de atividades que têm como finalidade a realização de obser­
vações acerca do ambiente em torno do corpo d'água (ex. o estado de conservação da vegetação ripária), a 
realização de medições de fatores físico-químicos, a coleta de amostras de água para análise em laboratório e 
a coleta do material biológico. A segunda fase compreende as atividades de triagem, análises físico-químicas 
e identificação da biota, assim como, a digitalização e a análise dos dados obtidos.
O planejamento da atividade de pesquisa, como também o tipo e a quantidade de medições a serem 
realizadas devem estar relacionados com o estudo a ser realizado (PILLAR, 2004; SOLER, 2004) e em acordo 
com protocolos operacionais, de maneira a garantir a uniformidade dos dados (GHETTI, 1986).
TIPOS DE AMOSTRADORES
A coleta dos macroinvertebrados aquáticos pode ser realizada manualmente, com pincéis e pinças, 
ou utilizando amostradores: dragas, redes (coletor de Surber, puçá em D) ou substrados artificiais (Fig.l) 
(GHETTI, 1986; CAMPAIOLI et al., 1994; BRANDIMARTE et al., 2004), cada tipo específico para tipologia de 
rio e tipo de substrato e apresentando diferentesvantagens e desvantagem (BRANDIMARTE et al., 2004).
Figura
F
D; C) amostrador de Surber; D, E e F) substrados artificiais (ba-1. Tipos de amostradores: A) draga; B) puçá em 
seado em CAMPAIOLI et al., 1994).
22
O emprego de cada modelo de amostrador depende do objetivo do estudo e/ou do tipo de sistema 
aquático a ser amostrado. Para a utilização das redes, em lugares contaminados ou com risco de contamina­
ção é aconselhada, por motivos de biossegurança, a utilização do "kick sampling", um método em que se per­
turba o substrato em frente a abertura da rede, através de golpes com os pés (BRANDIMARTE et al., 2004), 
evitando-se assim o contato das mãos com a água.
ATIVIDADES DE LABORATÓRIO
Em laboratório, o fixador (álcool etílico 80% ou formol 4%) utilizado em campo deve ser substituído e 
o material biológico armazenado em potes de tamanho adequado e corretamente etiquetado.
Para facilitar a atividade de separação dos organismos do detrito podem ser utilizadas duas técnicas:
• separação por densidade: consiste no uso de uma solução de água e açúcar de densidade 
1,12 que permite que a maior parte dos organismos suba à superfície, facilitando a coleta. 
A solução pode ser reutilizada várias vezes, controlando-a com um densímetro. Particular 
atenção deve ser dada aos organismos mais pesados, como os oligoquetos ou aqueles que 
apresentam casulos ou conchas como tricópteros e moluscos;
• coloração seletiva: a separação dos organismos, especialmente os de cor clara ou transpa­
rente pode ser facilitada através do uso de "rosa bengala" (um derivado tetraclorado e te- 
traiodado da fluoresceína sódica (C20H2Cl4I4O5) na razão de 200ml/l, por um período de 24 
horas. A coloração pode ser removida através de imersão em álcool 95% (GHETTI, 1986).
O material biológico fixado em campo pode ser conservado em álcool 80% com exceção dos moluscos, 
cuja parte mole deve ser conservada separada da concha, que se deve conservar a seco.
TÉCNICAS DE COLETA, ANESTESIA E FIXAÇÃO ESPECÍFICAS
No caso de estudos de grupos taxonômicos específicos aconselha-se a utilização de técnicas de coleta, 
eutanásia, preparação e conservação específicas que evitam a contração e a perda da forma do corpo (ex. 
Mollusca e Platyhelminthes) ou perda de porções anatômicas por autotomia (ex. Insecta e Crustacea). Muitos 
animais são muito contráteis e para serem conservados de forma relaxada precisam ser anestesiados antes 
de proceder à eutanásia. Para uma correta preparação, os exemplares devem passar por um processo de 
fixação, com o qual se busca parar os processos de degradação e autólise das células, para concluir-se com a 
conservação em via seca ou úmida com o fluido preservativo mais indicado.
Neste capítulo, são apresentadas algumas técnicas de coleta específicas de anestesia, eutanásia, fixa­
ção e conservação para alguns grupos taxonômicos.
PORIFERA
As esponjas devem ser coletadas com o substrato, usando faca ou martelo quando necessário. Devem 
ser anotadas cores, formas e características dos organismos vivos.
A melhor forma de coletar é remover os exemplares com o substrato ao qual estão aderidos ou cortá- 
los na área mais próxima à de contato, procurando coletar as gêmulas importantes para a identificação. Para 
as formas mais delicadas, a coleta é realizada dispondo-se um papel ou pano acima do espécime e removen­
do-o com uma faca. Os exemplares podem ser secados ao sol ou em estufa a 70°C.
Para a preparação das espículas, acrecentar a uma porção de esponja duas ou três gotas de ácido nítri­
co 65%, em seguida acrecentar água e secar. Repetir a operação três vezes e montar em lâmina (VOLKMER- 
RIBEIRO e PAULS, 2000).
Para a conservação em fluido, as esponjas devem ser preparadas o mais cedo possível, sendo que estes 
organismos se deterioram rapidamente. O preservativo mais utilizado é o álcool etílico. O exemplar deve ser 
mergulhado em álcool 50% e, depois de cerca de 12 horas, transferido para álcool limpo na mesma concen­
tração. Depois de mais 12 horas, pode ser transferido em álcool 70%. Fluido de Bouin quente é recomendado 
por estudos histológicos (LINCOLN e SHEALS, 1979).
C n i d a r i a
As formas sésseis podem ser recolhidas com o uso de um martelo, as flutuantes, com uso de redes.
Geralmente, os cnidários, antes de serem fixados, precisam ser anestesiados. O anestésico mais utili­
zado é o mentol. Anestésicos alternativos são o MS 222, sulfato de magnésio, cloreto de magnésio, propylene
23
phenoxetol e stovaine. Caso estas substâncias não estejam disponíveis, pode ser utilizada uma solução diluída 
de formol. O material pode ser fixado em solução de formol a 20%. Preservação em formol a 10% ou álcool 
etílico a 70% (LINCOLN e SHEALS, 1979).
Ec t o p r o c t a
Devem ser coletados com o substrato, utilizando-se facas, quando necessário. Devem ser anotadas 
cores, formas e características dos organismos vivos.
Para este grupo, é necessária a anestesia utilizando solução de 1% de stovaine ou eucaine, adicionando- 
se gota a gota a intervalos de 10-15 minutos entre as primeiras duas doses, e 5 minutos para as sucessivas. 
Como alternativa, pode ser usado o mentol. Os animais podem ser mortos utilizando-se solução de formol. 
A conservação deve ser feita em solução de formol a 5% (LINCOLN e SHEALS, 1979).
P l a t y h e l m i n t h e s
Os platelmintos são geralmente destruídos com as técnicas convencionais de coleta. A coleta deve ser 
realizada com pincéis, pequenas espátulas ou pinças. E aconselhável o reconhecimento in vivo. Para fixação, 
os animais vivos devem ser transferidos para uma bandeja com água limpa. Após alguns minutos, a água 
deve ser removida e álcool etílico é derramado sobre os organismos distendidos. Para fixação dos Tricladida, 
pode ser utilizada a solução de Steimann, e após lavagem devem ser conservados em álcool 70% (GHETTI, 
1986). Segundo Lincoln e Sheals (1979), para a fixação e a preservação pode ser utilizado álcool 70-90%.
N e m a t o m o r p h a
Os adultos podem ser coletados com pinças e pincéis em águas quase paradas.
Para finalidades taxonômicas, estes vermes podem ser fixados em formol a 3-5% e conservados no 
mesmo fluido (LINCOLN e SHEALS, 1979).
A n n e l i d a
Oligochaeta
Os oligoquetos podem ser coletados colhendo-se material do fundo dos rios e da vegetação marginal. 
Os oligoquetos vivos devem ser transferidos, após a captura, para uma bandeja com água limpa e mor­
tos adicionando-se pequena quantidade de formol. Fixação em formol a 4% ou Dowicil® a 10%, por 24horas. 
Conservação em álcool 70-90% (LINCOLN e SHEALS, 1979; GHETTI, 1986).
Como alternativa, podem ser tratados em FAA e, após 48 horas, em álcool a 70% para conservação.
Hirudinida
As sanguessugas devem ser anestesiadas antes da eutanásia, para isso pode ser utilizada uma solução 
de álcool a 5-10%, suco de limão ou água gasosa. Quando completamente relaxadas e não respondentes aos 
estímulos, podem ser mortas utilizando-se solução de formol a 4%. Para conservação usa-se álcool a 70%, 
formol a 3% ou uma mistura dos dois. (LINCOLN e SHEALS, 1979; GHETTI, 1986), Lincoln e Sheals (1979) 
desaconselham o álcool por causa de perda de cores, aconselhando o formol a 10%,
M o l l u s c a
A maioria dos moluscos aquáticos pode ser anestesiada com sulfato de magnésio, cloreto de magnésio 
e mentol (LINCOLN e SHEALS, 1979), pentobarbital sódico (BRASIL, 2008) ou aconselha-se a imersão em 
água, cujo oxigênio seja removido através de fervura (GHETTI, 1986). Para conservação, aconselha-se a ma­
nutenção da concha a seco e das partes moles em álcool 70-80%. (GHETTI, 1986; LINCOLN e SHEALS, 1979).
Após a anestesia, que pode variar de duas horas até 12 horas, dependendo do tamanho, os exemplares 
devem ser mergulhados em água a 70°C, durante um tempo também proporcional ao tamanho. Resfriar em 
água, à temperatura ambiente. Remover a parte mole com pinça trabalhando em um recipiente com água. A 
parte mole é fixada com solução de Raillet-Henry por 24 horas e conservada em álcool 70% (BRASIL,2008).
C r u s t a c e a
Para a captura dos Malacostraca é aconselhado o uso de peneira de pedreiro com malha de 3 mm. Para 
a captura dos exemplares presentes junto à vegetação marginal de rios, usam-se armadilhas com pedaços 
de carne.
24
Para construir as armadilhas, podem ser utilizadas garrafas de plástico com capacidade de 2 litros. 
Para a construção, é necessário cortar a garrafa transversalmente à cerca de 15 cm da boca e fixá-la à porção 
restante, invertida (Fig. 2). Para que não flutue, algumas pedras devem ser inseridas na armadilha.
Com a finalidade de evitar a autotomia, deve-se usar anestesia através de uma solução de formol a
1-2%. A fixação e a conservação são feitas em álcool 70% (LINCOLN e SHEALS, 1979).
I n s e c t a
Para conservação de larvas e pupas, vários autores aconselham adicionar ao álcool a 70%, algumas 
gotas de glicerol (GHETTI, 1986).
ESTADO DO CONHECIMENTO DA BIOTA AQUATICA NO BRASIL
Muitos ambientes naturais encontram-se ameaçados, sem nem mesmo ter sua fauna inventariada ou, 
em muitos casos, com inventários que precisam ser atualizados devido a novos registros ou evolução da 
taxonomia (ROCHA, 2002).
As principais causas de perda da biodiversidade em ecossistemas aquáticos continentais brasileiros 
são a poluição, a eutrofização, o assoreamento, a construção de barragens, o controle de cheias, a pesca e a 
introdução de espécies exóticas (ZAITUNE PAMPLIN, 2006). Tais ameaças variam consideravelmente em 
número e importância, de acordo com as diferentes regiões do Brasil, a densidade populacional humana, o 
uso do solo e as características sócioeconômicas predominantes (AGOSTINHO et al., 2005).
O Brasil, do ponto de vista da biodiversidade, é considerado um país megadiverso, hospedando cerca 
de 20% da biodiversidade do planeta (BRASIL, 2006a). A base do conhecimento sobre a biodiversidade bra­
sileira encontra-se ainda incipiente e desagregada e o nível de conhecimento da fauna está longe do ideal 
(AGOSTINHO et al., 2005; BRASIL, 2006a). O desconhecimento da biota é muito alto e ocorre em todos os 
táxons e em todos os biomas, inclusive nos que estão bem amostrados em coleções (ERWIN, 1982; ROCHA, 
2002; AGOSTINHO et al., 2005; MARQUES e LAMAS, 2006; BRASIL, 2006c).
Em termos de biodiversidade, as águas continentais brasileiras apresentam enorme significado para 
Algae (25% das espécies do mundo), Porifera (Demospongiae, 33%), Rotifera (25%), Cladocera (Branchiopoda, 
20%) e peixes (21%) (AGOSTINHO et al., 2005), apresentando, este último grupo, a maior riqueza de espécies 
do mundo (MARQUES e LAMAS, 2006). O número de espécies nos ecossistemas aquáticos continentais 
brasileiros é ainda aproximado e difícil de ser estimado (AGOSTINHO et al., 2005), entretanto Rocha (2002) 
afirma que menos de 30% da biodiversidade da água doce é conhecida atualmente. Para fungos, algas, mus­
gos, pteridófitas e fanerógamas aquáticos, há uma estimativa de 20.000 espécies ainda a serem identificadas. 
Para algas são conhecidas cerca de 10.000 espécies, 800 Cyanophyceae, 3.500 Chlorophyceae, 1.200 Bacilla- 
riophyceae, 2.000 flagelados pertencentes a vários grupos, 50 Rodophyta e vários outros grupos perfazendo 
mais de 200 espécies. Para angiospermas aquáticas, poucas são as informações e cerca de 100 espécies são 
conhecidas no Brasil.
Sobre a fauna de invertebrados, foi obtido um levantamento total de 3.154 espécies: 44 Porifera; 9 Cni- 
daria; 92 Turbellaria; 2 Nemertea; 63 Gastrotricha; 10 Nematomorpha; 10 Bryozoa; 61 Tardigrada; 74 Anne- 
lida; 467 Rotifera; 308 Mollusca (Gastropoda e Bivalvia); 332 Hydracarina; 365 Crustacea e 1.297 Insecta. Há 
estimativas de que devem existir, pelo menos, cerca de 8.000 espécies de invertebrados não registrados (1.000 
Coleoptera; 500 Heteroptera e 5.000 Diptera, 500 Crustacea, 500 Rotifera, mais 1.000 espécies entre todos os
25
outros taxa) não considerando Bactéria e Protozoa (ROCHA, 2002; AGOSTINHO et al., 2005). Entre estes, 44 
invertebrados e 134 peixes são espécies ameaçadas de extinção (AGOSTINHO et al, 2005).
No estudo da biota brasileira, existem tendências no desenvolvimento do conhecimento relacionadas 
aos grupos taxonômicos (ROCHA, 2002). Para alguns grupos, entre os quais, Bryozoa, Gastrotricha, Ne- 
mertinea, Hirudinida (Annelida), Hydracarina (Chelicerata), Nematomorpha, Nematoda e muitas ordens de 
Insecta, não há especialistas, e quaisquer estudos ou inventários são, até hoje, praticamente desconhecidos 
(ROCHA, 2002; ISMAEL et al., 1999). Em alguns casos, este problema é agravado ainda mais pelo fato de que 
muitas espécies foram descritas por cientistas no exterior, algumas ainda no século passado, e os holótipos 
se encontram em coleções fora do Brasil, tornando difíceis as comparações (ROCHA, 2002).
Em geral, os grupos que apresentam importância para a saúde pública, como os moluscos e os insetos 
transmissores e/ou vetores de doenças, têm recebido atenção maior (ISMAEL et al., 1999; ROCHA, 2002). Os 
grupos planctônicos como Rotifera, Cladocera, e Copepoda são melhor conhecidos do que as formas bentô- 
nicas e, entre estas, por exemplo, os Decapoda, são melhor estudados e taxonomicamente conhecidos, por 
terem maior tamanho e importância comercial (ROCHA, 2002).
ESPECIES EXÓTICAS INVASORAS
A perda de biodiversidade é um dos mais graves problemas ambientais e dentre suas causas podem 
ser citadas, além do desmatamento, poluição das águas, construção de barragens e a introdução de espécies 
"exóticas invasoras" (ZAITUNE PAMPLIN, 2006).
As espécies "exóticas invasoras" são as espécies que estão presentes fora dos seus limites geográficos 
naturais, em consequência de atividade humana. Tais espécies, além de colonizar o novo ambiente, podem 
exercer dominância e tem a faculdade de se dispersar.
Este processo de colonização, definido como bioinvasão, é a segunda causa de perda de biodiversida­
de, e pode causar danos à saúde pública (ex. esquistossomose, filariose, etc.) e perda de serviços ambientais 
(SILVA et al., 2004).
A Portaria do IBAMA nQ 145/98 define: espécie exótica - espécie de origem e ocorrência natural so­
mente em águas de outros países (....); espécie autóctone - espécie de origem e ocorrência natural em águas 
de Unidade Geográfica Referencial (UGR) considerada; e espécie alóctone - espécie de origem e ocorrência 
natural em águas de UGR que não a considerada (BRASIL, 1998). A ocorrência dessas espécies fora dos seus 
limites biogeográficos naturais é consequência de atividades humanas tais como aquacultura, atividades 
comerciais ou esporte (SILVA et al., 2004). A introdução de espécies exóticas pode ser acidental, como no caso 
de larvas ou adultos transportados em águas de lastro ou em cascos de navios, ou proposital, quase sempre 
por razões socioeconômicas.
Tais espécies, além de colonizarem o novo ambiente, podem exercer dominância sobre as espécies na­
tivas, além de apresentar grande potencial de dispersão (SILVA et al., 2004). O impacto ambiental resultante 
da presença dessas espécies pode ser elevado, não somente pelo efeito da competição em relação às espécies 
autóctones (BARBARESI e GHERARDI, 2000), mas também, por sua potencialidade de serem transmissores 
de vírus e fungos letais para outras espécies (CHU-FANG et al., 1996; SAHUL HAMEED et al., 2000; BOWER, 
2006a, b; QUAGLIO et al., 2006), podendo causar o desaparecimento das espécies autóctones, como o caso da 
espécie de lagostim Procambarus clarkii (Girard, 1852) introduzida no continente europeu (BOWER, 2006a), e 
a perda de serviços ambientais (TAVARES e MENDONÇA Jr., 2004; BOWER, 2006a,b).
No Brasil, algumas espécies exóticas são potencialmente causadoras de danos à saúde pública. A citar, 
o caso da paragonimíase, parasitose devida ao trematóide do gênero Paragonimus (SIQUEIRA-BATISTA et 
al., 2006; ZAITUNE PAMPLIN, 2006), endêmica em alguns países da América do Sul (JHAYYA et al., 2000). 
Nesta parasitose, o homem, como hospedeiro definitivo, se infecta com a ingestão de crustáceos de água doce(hospedeiros intermediários) crus ou malcozidos contaminados com metacercárias encistadas (estágio in- 
fectante do verme). Deve-se notar que o primeiro hospedeiro intermediário, o gastropoda Thiara tuberculata 
(Muller, 1774), foi introduzido no país anteriormente a 1967 (VAZ et al., 1986).
Apesar da importância do assunto, no Brasil, poucos estudos foram realizados sobre a introdução de 
espécies exóticas invasoras (GOVEDICH, 2003, GAZOLA-SILVA, MELO e VITULE, 2007) e poucos são os 
registros das espécies alóctones (MAGALHÃES et al. 2005, SOUZA, ROCHA e LIMA, 2005). Em nosso país, 
atualmente, são registradas as seguintes espécies invasoras:
26
Crustacea Decapoda
Macrobrachium rosembergiii (De Man, 1879), nativa do Indo-oeste Pacifico. Introduzido no Brasil 
para fim de cultivo.
Procambarus clarkii (Girard, 1852), nativa do centro sul dos Estados Unidos. Trazida para o Brasil 
por aquaristas e criadores.
Mollusca Bivalvia
Corbicula fluminea (Müller, 1774), originaria da Ásia, provavelmente introduzida através de água 
de lastro, na década de 1970.
Limnoperna fortunei (Dunker, 1857), originária do sudeste asiático e registrada no Brasil em FER- 
NANDEZ et al., 2003. Introduzida nos mananciais, através de água de lastro (MANSUR et al, 
2004).
Mytilopsis leucophaeta (Conrad, 1831), espécie natural da América do Norte, eurialina, encontra­
da nas águas do porto de Recife, Pernambuco, em 2004 (SOUZA, ROCHA e LIMA, 2005).
Mollusca Gastropoda
Helisoma duryi (Wetherby, 1879), espécie de origem norte-americana, foi encontrada, no Estado 
do Rio de Janeiro, uma só vez, em um criadouro de peixes ornamentais (AMMON FERNAN- 
DEZ, com. pess.).
Melanoides tuberculatus (Muller, 1774), originária da Eurásia tropical (África e Ásia), com pri­
meiro registro, no Brasil, em 1967, e introdução ligada ao comércio de aquaricultura. Depois 
da primeira notificação, dispersou-se por outras localidades, provavelmente em decorrência de 
sucessivas introduções acidentais, provavelmente associadas a criadouros de peixes (VAZ et al., 
1986; FERNANDEZ et al., 2003). No Rio de Janeiro, M. tuberculatus está amplamente distribuída 
por todo o estado (THIENGO et al., 1998; THIENGO et al., 2001; THIENGO et al., 2002a, b). 
Pomacea diffusa (Reeve, 1856). No Estado do Rio de Janeiro, recentemente, foi observada uma 
população albina, também conhecida como "caramujo-dourado", em um córrego do município 
do Rio de Janeiro (THIENGO, com. pess.). Trata-se de uma espécie da Amazônia, muito popular 
entre aquariofilistas, motivo pelo qual se encontra espalhada por vários países, atualmente.
Annelida Hirudinida
Barbronia weberi (Blanchard 1897), espécie originalmente descrita para a índia e nativa do sudes­
te da Ásia, Java, Sumatra, Celebes (Sulawesi), Bornéu, Filipinas e Afeganistão, foi introduzida 
no Brasil provavelmente por atividades ligadas à aquariofilia (GOVEDICH, 2003).
_________J
No Estado do Rio de Janeiro, várias são as espécies aquáticas ameaçadas ou, provavelmente, ameaça­
das de extinção. Reportamos abaixo a lista publicada em "A Fauna Ameaçada de Extinção do Estado do Rio 
de Janeiro", editado no ano 2000 (MOULTON et al., 2000).
ESPÉCIES AMEAÇADAS
CRUSTACEA
DECAPODA
Atya gabonensis Giebel, 1875 
Atya scabra (Leach, 1816)
Macrobrachium carcinus (Linnaeus, 1758)
Macrobrachium heterochirus (Wiegmann, 1836)
Potmirim glabra (Kingsley, 1878)
Potmirim potimirim (Müller, 1881)
ESPÉCIES AQUÁTICAS AMEAÇADAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO________________________________________________________
27
INSECTA
Ephemeroptera
Massartella spp. Lestage, 1924 
Perissophleboides flinti (Savage, 1986)
Baetodes itatiayanus Demoulin, 1955 
Lepidoptera
Parapoynx restingalis Da Silva e Nessimian, 1990 
Coleoptera
Platynectes undecimguttatus Aubé, 1838 
Odonata
Staurophlebia reticulata (Burmeister, 1838) 
Acanthagrion taxaensis Santos, 1965 
Erythrodiplax chromoptera Borror, 1942 
Mercistogaster asticta Selys, 1880
ESPÉCIES PROVAVELMENTE AMEAÇADAS
CRUSTACEA
DECAPODA
Macrobrachium acanthurus (Wiegmann, 1836) 
Macrobrachium iheringi (Ortmann, 1897) 
Macrobrachium olfersi (Wiegmann, 1836) 
Palaemon pandaliformis (Stimpson, 1871) 
MOLLUSCA
BIVALVIA
Diplodon besckeanus (Dunker, 1848)
INSECTA
Coleoptera
Desmopachria Babington, 1841 
Plecoptera
Kempnyia Klapálek, 1914 
Kempnyia tijucana Dorvillé e Froehlich, 1997 
Ephemeroptera
Callibaetis guttatus Navás, 1915 
Lachlania boanovae Da-Silva e Pereira, 1993 
Odonata
Neuraeschna costalis (Burmeister, 1839) 
Heliocharis amazona Selys, 1853 
Archeogomphus infans (Ris, 1913)
Cyanogomphus waltheri (Selys, 1873) 
Phasmoneura itatiaiae Santos, 1970
28
BIOSSEGURANÇA, DOENÇAS VEICULADAS PELA ÁGUA 
E MACROINVERTEBRADOS VETORES DE DOENÇAS
BIOSSEGURANÇA
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006b), o conceito de biossegurança e sua respectiva apli­
cação têm como objetivo principal dotar os profissionais e as instituições de ferramentas para o desenvolvi­
mento de atividades com um grau de segurança adequado, seja para o profissional de saúde, seja para o meio 
ambiente ou para a comunidade. Nesse sentido, podemos definir biossegurança como sendo a condição de 
segurança alcançada por meio de um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar 
riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o ambiente.
A avaliação de risco incorpora ações que objetivam o reconhecimento ou a identificação dos agentes 
biológicos e da probabilidade dos danos provenientes destes.
Conforme o documento "Classificação de risco dos agentes biológicos" (BRASIL, 2006c) utilizam-se 
cinco classes de risco:
• Classe de risco 1 (baixo risco individual e para coletividade): inclui os agentes biológicos 
conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios. Ex. Lactoba­
cillus spp.
• Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a coletividade): inclui 
os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de 
propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado e para os quais 
existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Ex. Schistosoma mansoni.
• Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os 
agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que cau­
sam patologias humanas ou animais potencialmente letais e para as quais existem usual­
mente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na 
comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa para pessoa. Ex. Bacillus 
anthracis.
• Classe de risco 4 (alto risco individual e alto risco para a comunidade): inclui os agentes 
biológicos com grande poder de transmissão por via respiratória ou de transmissão desco­
nhecida. Até o momento, não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz. Eles cau­
sam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na 
comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Ex. vírus Ebola.
• Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e de disseminação no 
meio ambiente): inclui agentes biológicos de doenças animais não existentes no País e que, 
embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar 
graves perdas econômicas e/ou na produção de alimentos.
As atividades ligadas ao monitoramento ambiental, em virtude da presença de despejos orgânicos e 
químicos, podem ser classificadas, em geral, como classe de risco 2.
Para as atividades de pesquisa em limnologia, como também para simples coleta de material biológico 
em atividades de biomonitoramento, recomenda-se utilizar todas as preucações necessárias para atividade 
de campo, lembrando que estas atividades devem ser realizadas sempre com um mínimo de dois operadores. 
Dependendo da profundidade do rio, é necessária a utilização de boias.
Na realização de atividade de campo em áreas desconhecidasou com presença de despejos orgânicos, 
as normais medidas de biossegurança utilizadas deverão ser incrementadas, utilizando equipamento de 
proteção individual (EPI), protegendo pés e pernas com botas de borracha com solado antiderrapante e mãos 
(e eventualmente os braços) com luvas, evitando contato com água contaminada.
DOENÇAS VEICULADAS PELA ÁGUA
A expressão "água contaminada" indica água que contém micróbios patogênicos ou substâncias vene­
nosas. Várias são as doenças que podem ser transmitidas pela ingestão ou simples contato, devido à presença 
de vírus, bactérias e parasitas ou através de contato com vetores (insetos, moluscos etc.).
29
Essas doenças podem ser provocadas por:
• agentes microbianos;
• agentes químicos;
• bactérias;
• protozoários;
• helmintos;
• vírus;
• fungos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1985; UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍ­
BA, 2007).
Na tabela i, são apresentadas, de forma resumida, doenças ligadas à água e sua forma de transmissão.
Tabela 1. Principais doenças ligadas à água e suas formas de transmissão.
Grupo de doenças Formas de transmissão Principais doenças
Transmitida por via feco-oral Ingestão - Diarréias e disenterias como cólera e 
giardíase;
- Febre tifóide e para tifóide;
- Leptospirose;
- Hepatite infecciosa;
Transmitida por via feco-oral Contato com fontes de água 
contaminadas com fezes
- Febre tifóide e paratifoide;
- Diarréias e disenterias bacterianas, 
como cólera.
Associadas a animal aquático Penetração através da epiderme - Esquistossomose
Transmitidas por vetores que se 
relacionam com a água
Por picada - Malária;
- Febre amarela;
- Dengue;
- Filariose (elefantíase)
MACROINVERTEBRADOS VETORES DE DOENÇAS
Vários invertebrados ligados à água podem ser potencialmente vetores de doenças. Como exemplos, 
citamos:
E s p o n j a s
Uma elevada concentração de espículas de esponjas, liberadas nas águas após a morte do indivíduo, 
pode ter um efeito irritante para a pele e para os olhos, por contato. Por ingestão provoca inflamação da mu­
cosa gastrointestinal (VOLKMER-RIBEIRO e BATISTA, 2007).
M o l l u s c o s
Os moluscos são hospedeiros de trematódeos diagenéticos e de alguns nematódeos parasitos do ho­
mem e de animais domésticos. As principais doenças relacionadas são a esquistossomíase, a fasciolíase e 
a angiostrogilíase abdominal. As famílias de importância médica são Ancylidae, Lymnaeidae, Physidae e 
Planorbiidae (BRASIL, 2008).
Biomphalaria glabrata (Say, 1818) é o principal hospedeiro intermediário do agente causador da esquis­
tossomose, o Schistosoma mansoni Sambon, 1907 (LIMA, 1995; SOUZA e LIMA 1997). Os vermes adultos vi­
vem dentro de pequenas veias do intestino e do fígado do homem doente; alcançam até 12 mm de compri­
mento por 0,44 mm de diâmetro.
B. straminea (Dunker, 1848) é hospedeirado S. mansoni, mas, na região Nordeste, apresenta taxa de in­
fecção baixa e com focos isolados no estado do Pará (LIMA, 1995).
30
B. tenagophila (Orbigni, 1835) é o hospedeiro do parasita S. mansoni, nos estados do Rio de Janeiro, Santa 
Catarina e São Paulo (LIMA, 1995).
No Brasil, calcula-se que a esquistossomose atinja cerca de 2,5 milhões de pessoas (KATZ e PEIXOTO,
2000).
C r u s t a c e a
O crustáceo Macrobrachium rosenbergii (De Man, 1879) pode ser transmissor do vírus WSS (White Spot 
Syndromè), potencialmente letal para outras espécies de Crustacea (CHU-FANG et al., 1996; SAHUL HAME- 
ED et al., 2000).
Procambarus clarkii (Girard, 1852) é potencialmente, transmissor dos fungos Aphanomyces astaci Skiko- 
ra, 1906; Psorospermium spp. e Saprolegna parasitica Nees, 1823 (BOWER, 2006a; QUAGLIO et al., 2006) e pode 
dizimar as espécies nativas, como já ocorreu no continente europeu (BOWER, 2006a, b).
Os caranguejos podem ser hospedeiros intermediários secundários de um verme causador de uma 
doença parasitária, em humanos e animais domésticos, a paragonimíase, causada pela infestação de formas 
larvais (metacercárias) do trematódeo Paragonimus sp., porém sem registro no Brasil.
In s e c t a
Entre os insetos, Aedes aegypti Linnaeus 1762 e A. albopictus Skuse 1895 são transmissores do Flavivirus 
spp., vírus do dengue, um arbovírus da família Flaviviridae, do gênero Plasmodium spp., transmisor da febre 
amarela.
Os Anopheles sp. podem transmitir a febre amarela, Culex fatigans Wiedmann, 1828 e alguns Simulii- 
dae, podem transmitir oncocercose, também chamada de "cegueira dos rios" ou "mal do garimpeiro", causa­
da pelo nematoide Onchocerca volvulus Leuckart, 1893, e a filariose ou elefantíase causada pelos nematoides 
Wuchereria bancrofti (Cobbold, 1877), Brugia malayi (Bucley e Edeson, 1956) e Brugia timori (Partono, 1977), 
comumente chamados de filária.
MANUAIS DE IDENTIFICAÇÃO E CHAVES DICOTÔMICAS
Conhecer o que se estuda é o primeiro passo para qualquer pesquisa científica. Este processo é parti­
cularmente importante nas ciências biológicas, na qual reconhecer os organismos é indispensável (SIMONE, 
2006). Nos estudos limnológicos, em particular, a resolução taxonômica foi sempre considerada um aspecto 
crítico, especialmente quando os organismos são usados para o biomonitoramento da qualidade da água 
(GOETHALS, 2002; SCHMIDT-KLOIBER e NIJBOER, 2004; BONADA et al., 2006; HAASE et al., 2006; RESH, 
2007, ROSENBERG e RESH, 1993; VERDONSCHOT et al., 2006).
Resh e McElravy (1993) evidenciaram que, nos estudos limnológicos, o nível taxonômico varia de 
acordo com o grupo taxonômico, geralmente Insecta, Platyhelminthes e Crustacea em nível de gênero ou 
espécie, enquanto Nematoda e Annelida, geralmente, em nível de família ou status nomenclatural inferior, 
refletindo, provavelmente, o estado de conhecimento da biota. Por outro lado, categorias taxonômicas supra- 
específicas podem ser usadas para garantir uma ampla aplicação do estudo, do ponto de vista geográfico 
(GOETHALS, 2002), ou devido à busca de uma relação adequada entre custo e benefício (RESH e McELRAVY 
1993; BONADA et al., 2006). Vários trabalhos mostraram que a sensibilidade dos estudos ecológicos melhora 
quando a resolução taxonômica é mais precisa (RESH e UNZICKER 1975; MARCHANT 1990; MARCHANT 
et al., 1997; HAWKINS e NORRIS, 2000).
Trabalhos como chaves de identificação, catálogos e manuais com chaves de identificação representam 
passos básicos e facilitadores da pesquisa, são instrumentos úteis para formação de especialistas e para a 
exploração da biodiversidade (BRASIL, 2006c), além de serem importantes avanços na organização do conhe­
cimento (MARQUES e LAMAS, 2006).
A disponibilidade de chaves dicotômicas permite a identificação, por não especialistas, em nível de 
família ou de gênero, enquanto a identificação em nível de espécie é, frequentemente, tarefa dos especialis­
tas (GOETHALS, 2002). A ausência desse material bibliográfico pode levar o pesquisador e o estudante em 
formação a utilizarem manuais e chaves de outras regiões geográficas para tentar reconhecer as espécies de 
nossa fauna, o que nem sempre é possível e geralmente inadequado (MARQUES e LAMAS, 2006).
"O objetivo de uma chave é separar e segregar caracteres de tal maneira que, por uma série de escolhas 
alternativas, permita um caminho seguro para a identificação de um determinado táxon" (MAYR et al., 1953
31
apud PAPAVERO e MARTINS, 1983). O termo "chave" foi utilizado pela primeira vez por von Linné, em 1736, 
e o uso explícito de chave dicotômica para identificação foi instituído por Lamarck, em 1778 (PAPAVERO e 
MARTINS, 1983).
Segundo os mesmos autores, hoje, os tipos de chaves de identificação mais usados são:
• chaves dicotômicas em justaposição: o primeiro membro da dicotomia é impresso em uma 
linha e o segundo, imediatamente subsequente;
• chaves com as dicotomias agrupadas: em vez de duas alternativas virem juntas, cada uma 
delas agrupa sob si todas as outras alternativas coordenadas;
• chaves identadas: semelhantes ao tipo anterior porém graficamente mais complexas;
• chaves combinadas: combinam uma chave identada com uma chave em justaposiçãoou 
uma chave agrupada;
• chaves sólidas: reúne todas as dicotômicas em sequência;
• chaves pictóricas: que utilizam representação gráfica do caráter taxonômico empregado.
ESTRUTURA DO MANUAL
Este manual é constituído por duas seções: a primeira, introdutória, cuja finalidade é fornecer alguns 
conceitos básicos úteis para o trabalho técnico de campo e laboratório, em estudos limnológicos e de controle 
ambiental e a segunda, taxonômica, referente aos grupos de macroinvertebrados abordados.
Em cada capítulo da seção taxonômica são tratados os seguintes itens:
• etimologia do nome do táxon;
• descrição geral do grupo, morfologia e notas ecológicas;
• desenho esquemático do taxa, indicando a terminologia das partes anatômicas utilizadas na 
chave;
• chave dicotômica pictórica;
• lista das principais fontes bibliográficas utilizadas para a realização da chave pictórica.
Para sistemática, foram utilizadas as seguintes referências:
• BRUSCA, R.C.; BRUSCA, G.J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
• CSRIO (Ed.). The insects of Australia: a textbook for students and research workers. 2nd ed. 
Melbourne: Melbourne University Press, 1991. v. 1 .
Para a terminologia técnica da classe Insecta, foi utilizada a obra:
• BUZZI, Z. J. Coletânea de termos técnicos de entomologia. Curitiba: Ed. UFPR, 2003.
Para faunística, os dados obtidos na pesquisa bibliográfica foram corroborados e implementados com 
os apresentados no projeto de pesquisa Diversidade biológica da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro 
- Rede de Insetos (FAPERJ Proc. E-26/171.281/2006) e da Coleção Malacológica do Instituto Oswaldo Cruz.
O material fotográfico utilizado para realização das pranchas foi realizado pelo primeiro autor, os 
créditos das fotografias e imagens de outras autorias são citados na secção "Créditos Fontes Iconográficas 
utilizadas nas pranchas".
A descrição etimológica dos termos zoológicos foi realizada pelo Prof. Dr. Nelson Papavero.
Para realizar a chaves dicotômicas pictóricas, foram utilizadas chaves dicotômicas específicas para a 
fauna do Estado do Rio de Janeiro. Quando utilizadas chaves de identificação abrangendo áreas geográficas 
maiores, as mesmas foram modificadas de maneira tal a incluir só os caracteres da fauna do Estado do Rio 
de Janeiro e os organismo lóticos.
Lembramos que a utilização deste manual e relativas chaves para outras regiões geográficas nem sem­
pre é possível e, geralmente é inadequado.
Para as pessoas pouco familiarizadas com o uso de chaves dicotômicas ou ainda em fase de treina­
mento, devido à grande diversidade biológica e à existência de táxons de morfologia similar, aconselhamos 
utilizar as chaves, partindo sempre do primeiro passo, até chegar ao menor nível taxonômico possível.
32
i
MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS 
ASPECTOS DA MORFOLOGIA 
E IDENTIFICAÇÃO
• •
CHAVE DICOTÔMICA PARA DETERMINAÇÃO DOS PRINCIPAIS 
GRUPOS DE MACROINVERTEBRADOS
(£ í^ )
CORPO IRREGULAR 
COM POROS
|
PORIFERA
GASTROPODA
BIVALVIA
PLATYHELMINTHES
NEMATOMORPHA
ENTOPROCTA + 
ECTOPROCTA
VALVAS
CONCHA
CORPO
ACHATADO
CILÍNDRICO
COM TENTÁCULOS 
OU EM FORMA DE 
ÁGUA VIVA
COLÔNIA RAMIFICADA 
EM SUBSTÂNCIA 
GELATINOSA OU MARROM
CORPO
SEGMENTADO
NÚMERO
DE
PERNAS
PERNAS
ARTICULADAS
CÁPSULA CEFÁLICA, 
PSEUDÓPODOS, SIFÃO, 
BRÁNQUIAS,
HIRUDINEA
APÊNDICES VARIADOS
■ ■ ■ ■ ■ ■
INSECTA
CHELICERATA
CRUSTACEA
lb 
111 
Of 
<
Filo
PORIFERA
(adaptado de Haeckel, 1998)
H ETIMOLOGIA
| H Do latim porus = poro, conduto, passagem + fero (verbo) = trazer, portar, ter.
■ DESCRIÇÃO
||fc As esponjas são organismos sésseis, imóveis, de consistência porosa, fixados a qualquer tipo de subs-
trato sólido, extremamente variáveis em forma e tamanho, geralmente de cor verde, mas podem ser amare- 
las, marrons ou cinzas. Podem ser encontradas em qualquer ambiente de água doce, permanente ou tempo- 
rário. Geralmente, esses organismos vivem em ambientes não contaminados, em águas livres de sedimento 
em suspensão.
As esponjas constituem um grupo essencialmente marinho com poucos representantes em águas do­
ces, todos pertencentes à classe Demospongiae. O filo é constituído por um número de espécies estimado 
entre 20.000 e 30.000. Nas águas doces, mundialmente, há 33 gêneros e 149 espécies. No Brasil, há 21 gêneros 
e 52 espécies descritas (PINHEIRO, 2007). Os gêneros mais comuns no Brasil são Metania (Metaniidae) e 
Trochospongilla (Spongillidae), cada um com cinco espécies conhecidas no país. Há um gênero e três espécies 
exclusivamente endêmicas no Brasil, e outros oito gêneros exclusivos da Região Neotropical têm a maior 
parte de sua distribuição geográfica conhecida no território brasileiro (VOLKMER-RIBEIRO e PAULS, 2000).
Para o Estado do Rio de Janeiro temos apenas três espécies Ephydatia facunda Weltner, 1895, Radiospon- 
gilla sp. e Spongilla sp. (PINHEIRO, 2007).
As esponjas são organismos filtradores, alimentado-se de matéria orgânica em suspensão na água, 
como fragmentos de organismos mortos, pelotas fecais, bactérias e picoplânton (plâncton com tamanho in­
ferior a 2 |am). As esponjas são importantes componentes das cadeias alimentares de águas doces, sendo o
principal item na dieta de alguns peixes, bem como de invertebrados, como as larvas de Neuroptera, Sisyri- 
dae (VOLKMER-RIBEIRO, 1999).
As espécies de água doce não apresentam a variabilidade morfológica das de água marinhas, podendo 
formar incrustações ou ramificações eretas, formando estruturas esféricas ou semi-esféricas, quando cres­
cem ao redor de ramos submersos. Organismos da mesma espécie podem, em função do desenvolvimento e/ 
ou tipo de substrato, apresentar morfologia diferente (VOLKMER-RIBEIRO e PAULS, 2000). O corpo é cons­
tituído por um conjunto de canais revestidos por células flageladas (coanócitos), responsáveis pela geração 
da corrente de água e pela filtração de alimento, e sustentados por um conjunto de estruturas de sílica, 
semelhantes a agulhas (espículas), e fibras de espongina, uma substância da família do colágeno (Figura 3).
Características úteis para a clasificação são: morfologia geral, cor, forma e tamanho das espículas. A 
porção mais externa (superficial) do corpo da esponja, na qual não há câmaras de coanócitos, é denominada 
ectossoma; a mais interna, geralmente distante mais de 0,1-1,0 mm da superfície, na qual estão concentradas 
as câmaras de coanócitos, chama-se coanossoma.
Os feixes espiculares são denominadas pauciespiculares, quando apresentam poucas espículas (entre 
duas e dez), lado a lado, e multiespiculares, quando compostos por mais de dez espículas.
Com relação às espículas, de acordo com sua morfologia, são denominadas megascleras, grandes e 
com função estrutural, e microscleras, pequenas e com função de reforço. Para descrever as espículas existe 
uma nomenclatura específica, descrevendo o número de eixos, a forma e a ornamentação das várias espícu­
las (BRUSCA e BRUSCA, 2007). Os termos que designam o número de eixos terminam com o sufixo - axon; o
36
número de raios termina com o sufixo - actinas. A espícula monoaxônica diactina, com as duas extremidades 
pontiagudas, é denominada óxea; a que tem duas pontas arredondadas é denominada estrôngilo. Com rela­
ção às pontas, são definidas como isotrópicas quando possuem as duas pontas iguais, e anisotrópicas, com 
as duas pontas desiguais.
Figura 3. Corte esquemático de uma esponja. A) poros; B) ósculos; C) câmaras de coanócitos. As setas indicam a dire­
ção do fluxo de água.
Figura 4. Spongillo sp, acervo fotográfico Dr. Ulisses dos Santos Pinheiro.
37
Ib 
111 
Oí 
<
Observação: As espécies Radioespongilla sp. e Spongilla sp. estão nomeadas no trabalho original de Pinheiro 
(2007), respetivamente Radioespongilla sp.nov. e Spongilla sp.no.2.
ESPÉCIES REGISTRADAS PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Spongillidae
Ephydatia Lamouroux, 1816
Ephydatia facunda Weltner, 1895 
Radiospongilla Penny e Racek, 1968 
Radiospongilla sp.
Spongilla Lamarck, 1816 
Spongilla sp.D ia g n o s e (b a s e a d a em PINHEIRO, 2007).
Ephydatia Lamouroux, 1816
Spongillidae com forma incrustante, bulbosa ou maciça. Esqueleto coanossomal anisotrópico, com 
fibras e feixes pauciespiculares (com poucas espículas). Espongina escassa. Megascleras óxeas (espícula mo- 
noaxônica diactina, com as duas extremidades pontiagudas), podendo ser lisas ou microespinhosas. Micros- 
cleras ausentes (Manconi e Pronzato, 2002).
Ephydatia facunda Weltner, 1895
Forma incrustante, normalmente epífita. Sua superfície pode ser achatada ou apresentar algumas 
projeções digitiformes. Cor em vida entre verde e amarelo. Megascleras óxeas com espinhos igualmente 
distribuídos sobre toda a superfície da espícula, ausentes somente nas extremidades, ligeramente curvada 
(normalmente) ou reta (rara), comprimento 230-375 |am. Microscleras ausentes (Figura 5).
Radiospongilla Penny e Racek, 1968
Spongillidae com forma incrustante, ocasionalmente com delicadas projeções cilíndricas. Esqueleto 
coanossomal pauciespicular anisotrópico com tratos secundários não definidos. Megascleras óxeas espinho­
sas ou estrôngilos.
Radiospongilla sp.
Esponja com morfologia variando de incrustante à maciça com projeções digitiformes, de 1 a 8 mm de 
espessura. Superfície com inúmeros orifícios. Cor, in vivo, bege com a borda azulada. Megascleras variando 
de estrôngilos (mais frequente) ou óxeas (mais raras), normalmente retas ou ligeiramente curvadas, cobertas 
por diminutos espinhos cônicos. Os estrôngilos podem ter sua extremidade alargada, formando uma cabeça. 
Os espinhos, próximos à extremidade dos estrôngilos, possuem um direcionamento centrífugo. Tamanho de 
180-280 |am. Microscleras ausentes. Espongina abundante (Figura 6 e 7).
Spongilla Lamarck, 1816
Spongillidae com forma incrustante, maciça, ramificada ou arbustiva. Consistência frágil e maciça. Es­
queleto ectossomal constituído por tufos de espículas. Esqueleto coanossomal irregular, de isotrópico a ani­
sotrópico, de pauci a multiespicular. Espongina abundante. Megascleras óxeas muito ou pouco espinhosas.
Spongilla sp.
Esponja de morfologia bastante variada, desde formas crostosa, submilimétricas em espessura, até 
formas tridimensionais de grande tamanho. As maciças podem ser arredondadas ou formar projeções la­
melares ramificadas. Possuem coloração caramelo. O esqueleto consiste de uma densa reticulação de fibras 
primárias e secundárias, com espongina em abundância. Megascleras de tipo óxea lisas, afiladas gradativa- 
mente na direção das pontas, comprimento 155-485 |am. As microscleras são acantóxeas bastante delgadas e 
ligeiramente curvadas.
38
Figura 5. Megascleras de Ephydotia facundo (baseado em PINHEIRO, 2007).
Figura 6. Megascleras de Rodiospongilla sp. (baseado em PINHEIRO, 2007).
Figura 7. Megascleras de Spongillo sp. (baseado em PINHEIRO, 2007).
39
lb 
UI 
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Filo
CNIDARIA
(adaptado de Haeckel, 1998)
ETIMOLOGIA
Do grego knide = urtiga (originalmente); Aristóteles (História dos Animais 5,16 e outras passagens) usou 
este termo para as anêmonas-do-mar.
DESCRIÇÃO
O Filo Cnidaria compreende formas coloniais ou solitárias bem conhecidas como os corais, as águas- 
vivas e as hidras. Estima-se esse grupo seja constituído por 11.000 espécies. O grupo é essencialmente mari­
nho, com poucos membros nas águas doces, todos pertencentes à classe Hydrozoa, em forma de hidroide e 
de medusa (Figura 8).
A maioria dos cnidários são predadores carnívoros e nas águas doces alimentam-se de plâncton mi­
croscópico, por meio dos tentáculos. São predados por turbelários, insetos aquáticos e crustáceos.
São frequentemente encontrados em rios e lagos, em águas limpas, desaparecendo rapidamente de 
ambientes poluídos, sendo, portanto bons indicadores ecológicos.
Há, no mundo, 27 espécies de hidroides de água doce. No Brasil, há quatro gêneros e seis espécies 
registradas. Com relação às medusas há duas espécies registradas (SILVEIRA e SCHLENZ, 1999).
ESPÉCIES REGISTRADAS PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ANTHOMEDUSAE
Clavidae McCrady, 1859
Cordylophora (Mackie, 1968)
Cordylophora caspia (Palias, 1771)
Olindiidae Haeckel, 1879
Craspedacusta Lankester, 1880
Craspedacusta sozverbvi Lankester, 1880
Figura 8. Formas típicas de cnidários de água doce: A) Hydra sp., até 15 mm; B) Cordilophora sp. colônia cespitosa; C) 
Craspedacusta sowerbyi, diâmetro até 20 mm (adaptado de FITTER e MANUEL, 1993).
40
Filos
ENTOPROCTA e ECTOPROCTA
Animais sésseis, filtradores, coloniais, fixados ao substrato. As colônias são constituídas de pequenos 
tubos com até 1 mm de diâmetro, formando estruturas eretas, incrustantes ou gelatinosas. No ápice dos tu­
bos, estão presentes tentáculos ciliados.
1- Boca e ânus abrem-se dentro da coroa de tentáculos, tentáculos não retráteis, colônia com pedúnculos em
formato de colar de pérolas, de até 2,5 m m ................................................................................................... Entoprocta
2- O ânus abre-se fora da coroa de tentáculos, tentáculos retráteis, colônia de aspecto tubular, de até 50 mm ... 
 Ectoprocta
Filo
ENTOPROCTA
ETIMOLOGIA
Do grego entós = dentro + proktós = ânus.
DESCRIÇÃO
Um pequeno filo de cerca de 150 espécies de animais prevalentemente sésseis, constituído por quatro 
famílias. Uma só espécie (Urnatella gracilis Leydi, 1854) é de água doce, ocorre em todos os continentes, menos 
na Austrália (EVELINE e MARCUS, 1984).
Embora distantes filogeneticamente, os Entoprocta são morfologicamente parecidos com os ectoproc- 
tos, dos quais se distinguem pela posição do ânus, presente no interior da coroa de tentáculos e pelo pedún­
culo, que apresenta um aspecto de colar de pérolas, sendo composto de 1-18 elos separados por constrições, 
em forma de urna ou ovóide (Figura 9).
A colônia é fixada sobre um a três discos, de cada um dos quais levanta-se um estolão que pode ser 
ramificado. Do último segmento nasce o polipódio em forma de cálice, com uma coroa formada por 8-16 ten­
táculos não retráteis (MOTTA, 1962; BRUSCA e BRUSCA, 2007). Atinge dimensões de 2,5 mm.
41
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Figura 9. Colônia de Urnatella gracilis, com polipódio em forma de urna (a) e ovoide (b) (adaptado de FITTER e MANUEL, 
1993 e EVELINE e MARCUS, 1984).
Filo
ECTOPROCTA (= BRYOZOA)
ETIMOLOGIA
Do grego ektós = externo + proktós = ânus.
DESCRIÇÃO
Animais coloniais sésseis, quase exclusivamente coloniais, de aspecto similar aos Hydrozoa. A colônia 
pode apresentar porte ereto, ramificado, incrustante ou perfurante. O aspecto geral de arbusto da colônia, 
constituída por tubos finamente ramificados com diâmetro de até 1 mm, e comprimento de até 50 mm, que 
gerou o antigo nome de Bryozoa (animal-musgo do grego bryon = musgo + zoon = animal) (Figura 10).
O filo é constituído por cerca de 4.000 espécies, distribuídas em águas marinhas e continentais e 
divide-se em três classes, sendo que só uma, a classe Phylactolaemata é exclusiva de águas doces. Esta classe 
amplamente distribuída, apresenta cerca de 50 espécies, entre as quais algumas cosmopolitas como Frederi- 
chella sultana e Plumatella repens. No Brasil, estão presentes 10 espécies (FORNERIS, 1999a).
Os ectoproctos estão presentes em lagos ou riachos que sejam suficientemente ricos em plâncton e sem 
excessiva carga de detritos e lama. Fixam-se sobre superfícies sólidas submersas, como conchas, rochas, raí­
zes, ramos e folhas de vegetação. Os indivíduos que constituem a colônia (zooides) são pequenos, raramente 
atingindo 1 mm, e apresentam uma estrutura filtrante apical (lofóforo) em forma de ferradura de cavalo com 
12-100 tentáculos, que pode ser retraída na parede do corpo tipicamente tubular.
Hoje, este grupo apresenta escassa importância econômica, mas, antigamente, constituía um proble­
ma para reservatórios de água e sistemas de purificação.
Figura 10. Formas típicas de ectoproctos de água doce: A) Fredericella sultono; B) Plumatella sp.; C) Hyalinella sp. 
(adaptado de FITTER e MANUEL,

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