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Fome, saciedade e satisfação

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Fome, saciedade e satisfação: Como trabalhar isso na prática clínica?
Restrição gera compulsão?
 As pessoas não fazem restrição porque ela querem, elas restringem para tentar controlar a forma do corpo ou a imagem do próprio corpo, pois dentro da cultura de dieta que alega que existe um padrão alimentar ideal para que possamos atingir um padrão de beleza estipulado (padrão corporal para mulheres mais magro ou um corpo mais muscular) (para homem um corpo mais muscular, dependendo do gênero), ou seja, existe vários padrões de beleza estabelecidos e as pessoas que se sentem fora desde padrão podem se sentir insatisfeito com a sua própria imagem. 
O estigma da obesidade, muitas vezes o individuo desenvolve o conceito negativo sobre si, muitas vezes associamos quem em sou com a forma do meu corpo, ou a imagem que se tem no espelho, devido a insatisfação corporal. As vezes acaba associando a uma pessoa sem sucesso, fracassada etc, devido a baixa autoestima, e isso são gatilhos esperados, que são comumente apresentados nos motivos que leva as pessoas querer restringir a alimentação.
A restrição está associada a perda de controle ao comer, do mecanismo biológicos e outros mecanismo, tanto psicológicos. E um dos fatores associados a restrição é o aumento da vontade de comer, em especial aqueles alimentos que são ditos como proibidos, mais palatáveis. E fruto desse processo se tem o efeito sanfona, como o principal resultado desse ciclo, de tentar restringir, perder o controle e sentir culpa. E essa sensação de perda de controle está associado com a insatisfação com a forma corporal, e quando isso acontece, vem o sentimento de insatisfação e busca novamente uma restrição para lidar com isso e ficar preso nesse ciclo.
A regulação do apetite
O que acontece no processo de regulação do apetite?
As pessoas costumam repousas as explicações sobre fome e saciedade, somente baseado no sistema neuroendócrino (sistema que libera hormônios e transmissores para regular o apetite, como por exemplo, o hormônio orexígeno grelina, ou seja, ele estimula o apetite, que atua no centro hipotalâmico, estimulando o apetite), porem os sistemas se comunicam, temos o sistema endócrino relacionando-se com o sistema neurocognitivo, sistema neuroquímico e vice e versa, isso significa que quando temos mais fome, estimulamos mais grelina, afetando os sistemas.
O sistema neurocognitivo (sistema que tem função no córtex pré frontal no hipocampo que é o nosso sistema de memória, cujo esse sistema tem três principais itens, memória, atenção e aprendizagem, isso quer dizer que quando estamos com fome o individuo tem uma grande sensibilidade com o cheiro, ou seja, a estímulos em relação ao alimento, pois quanto mais fome temos, mais a nossa atenção fica voltada a estímulos voltados a comer, logo, esses hormônios também influencia a forma que processamos as informações.
O sistema neuroquímico (sistema endônico) responsáveis pela sensação de prazer e recompensa, formada pelo sistema mesolimbico que libera dopamina, em resposta aos comportamentos relacionados a sobrevivência, quando comemos, temos comportamentos sociais, há liberação de dopamina, ou seja, é um sistema neurotransmissor que ajuda a termos a sensação de recompensa, consequentemente de sobrevivencia, é afetado pelas altas concentrações de grelina. E quando se tem bastante grelina circulante este hormônio faz que haja uma maior liberação de dopamina frente a recompensa alimentar, ou seja, quanto mais fome, mais prazer teremos ao comer. 
Portanto as alterações que se tem no sistema, neuroquímico, neurocognitivo e neuro endócrino vão afetar justamente a regulação do apetite. 
Após uma refeição, liberamos, insulina, leptina, serotonina, GLP-1. A gente diminui a recompensa, o prazer em comer vai reduzindo, a atenção voltada para comida diminui, ativamos mais o processo de memoria e aprendizagem, logo, aprendendo onde conseguimos aquela comida, como e o que estamos comendo, onde temos receptores em toda a língua e no trato gastrointestinal, pois embora estejamos comendo distraídos, o seu trato gastrointestinal sabe diferenciar carboidrato, de gordura, de proteína, pois tem sinalização especifica, e isso influencia as formas que tomamos decisões. 
Regulação do apetite: Aspectos neurocognitivos
Sistema de Recompensa: É baseado em duas fases, a fase de antecipação de recompensa, é uma fase de motivação onde a dopamina gera essa sensação, em relação a alimentação o que gera essa motivação são três aspectos, a memoria (lembrar da comida e do prazer de comer, visão (ver um alimento), olfato (cheiro e odor do alimento), e essa motivação nos motiva a ter o comportamento propriamente dito. Portanto quando comemos se tem a fase de recompensa, que é a ingestão de calorias onde a dopamina vai diminuir, pois se tivesse uma recompensa (dopamina) muito elevada, ficaria comendo por varias horas.
Após a restrição alimentar onde diminuímos a quantidade de energia, o consumo de alimentos mais palatáveis ou das preferencias alimentares, podemos desenvolver uma alteração nesse sistema de recompensa, pois por está reduzindo a quantidade de energia, teremos uma antecipação maior (mais concentração de dopamina) a essa recompensa para ter mais motivação para comer, ou seja, o cheio, o olfato, os estímulos da memória ficam muito potentes, e a recompensa tende a ficar menor, logo, umas antecipação muito alta e uma recompensa muito baixa a tendencia é aumentar o consumo alimentar para se obter a mesma recompensa ou a mesma sensação de prazer. Chamamos esse processo de sensibilidade a recompensa.
Alterações cognitivas: alterações no funcionamento do córtex pré frontal: visto em indivíduos com obesidade e ou sem obesidade pós restrição alimentar, então o nosso controle executivo, onde tomamos decisão consciente e nesse controle se tem o controle inibitório, capaz de inibir comportamentos já iniciados. Porem temos uma baixa no controle inibitório, se tem um comportamento de impulsividade (comportamento reativo e não planejado), e na pós restricão alimentar o individuo apresenta um menor controle inibitório, portanto um menor controle alimentar. 
Frente as nossas decisões alimentares, pode-se falar das nossas decisões ao longo do dia, pequenas dcisões são conscientes, algumas decisões são mais emocionais do que consciente, isso quer dizer que o nosso sistema emocional ele se sobrepõe ao controle consciente nas tomadas de decisões, isso quer dizer que quando a gente está estressado e vai buscar comida o estresse sobrepõe esse controle consciente de buscar comida, de decidir o que quer comer, ou seja, os sistemas ficam desregulados. 
Regulação do apetite
Aspectos Hedônicos: há um aumento da liberação de dopamina na fase antecipatória o que predispõe o individuo a apresentar uma maior motivação para o consumo alimentar (dentre suas próprias preferências), também denominada na literatura cientifica como Sensibilidade a Recompensa.
Aspectos Neurocognitivo: Pode haver uma redução do controle inibitório (capacidade de inibir um comportamento já iniciado) em resposta a restrição alimentar (cognitiva e/ou calórica) impossibilitando um maior controle alimentar.
Pode haver diferença no processamento emocional de cada individuo sendo observado tais alterações em indivíduos com obesidade e/ou restrição alimentar e ou que apresentem comorbidades tais como humor deprimido, ansioso, agitado/disperso o que pode estar relacionado a presença de comer emocional (comer em resposta a emoções de afeto negativo/duras)- Anorexia/TCA.
Aspectos neuroquímicos e neuroendrócrinos:
No funcionamento normal temos os hormônios periféricos, grelina, GIP, que atuam no sobre o centro dos hormônios anorexigênicos, npy, agrp, assim estimulando a fome. Assim tem os GLP-1, insulina, CGK, lepitina que induzem saciedade e reduzem a fome. E isso está associado a absorção de nutrientes e regula o nosso gasto metabólico basal, termogênese e etc. também somos influenciados por fatores ambientais, comportamentais e o sistema de recompensa. Porém, pós restrição issomuitas vezes dependendo do tempo de restrição, fome, quantidade de vezes que ficou em restrição, a grelina fica aumentada, e naturalmente aumenta os aspectos de apetite, sentindo mais fome, mais prazer ao comer e isso aumenta o consumo de energia, podendo levar ao reganho de peso, se grelina esta elevado, tem alterações no sistema de recompensa (sensibilidade a recompensa), os hormônios anorexigênicos eles reduzem a quantidade dos hormônios anabólicos, insulina, leptina etc, podendo criar uma resistência a esses hormônios, fazendo que esses hormônios não sinalize de forma afetiva a saciedade, favorecendo o reganho de peso.
Aspectos neuroquímicos: 
· Há um aumento na liberação de hormônios e neurotransmissores que estimulam a fome, levando a uma aumento do apetite (aumento da sensação da fome e do prazer ao comer).
· O aumento do prazer em comer é decorrente do aumento da grelina (hormônio orixígeno- estimula a fome), levando a um aumento da liberação de dopamina em resposta ao consumo do alimento-ingestão de calorias. 
· Há uma redução na sinalização da saciedade e satisfação o que pode condicionar o individuo ao aumento do consumo de energia. 
· A maior presença da vontade de comer, ocorre devido ao aumento da dopamina na fase antecipatória.
· Tais alterações pode resultar em redução do gasto de energia basal (taxa metabólica basal- TMB).
Quais as possíveis barreira no processo? 
Quando um paciente apresenta essas alterações de aumento do apetite e de fome, além que precisamos ter uma clareza das percepções das sensações do corpo onde se tem um individuo comendo de forma exagerada/compulsão alimentar esse individuo pode ter um aumento do volume do estômago, isso é importante pois quando se trabalha com saciedade, precisamos saber maneja-la, para que possamos considerar o volume do estomago do indivíduo. 
Outro aspecto importante são os sinais internos (sensações de fome e saciedade, percepções sobre nossas emoções e o nosso corpo) e os sinais externos (alimentos). É comum ter um indivíduo tomando decisões baseados sinais externos, onde faz que muitas vezes não se perceba os sinais externos. Porem é de suma importância que haja um equilíbrio desses sinais, para se ter uma mente sábia, ou seja, uma mente que sabe quando e como utilizadas baseados nos sinais internos e externos
Efeitos do ME na regulação do comportamento: 
Maior consciência das sensações da fome pode ajudar os indivíduos com desordens alimentares a comer de modo intuitivo, ao invés de seguir as regras e gatilhos externos, e reaprender a como regular a ingestão alimentar baseado nas sensações corporais ao invés das regras alimentares. (aumento da consciência das sensações físicas da fome e da saciedade).
A introcepção: todos temos uma capacidade introcptiva (sente vontade de fazer xixi, sente a temperatura, fome e prazer ao comer), porem pessoas com obesidade ou restrição alimentar pode apresentar essa introcpção afetada devida atividade reduzida da insula (região do cérebro).
Mindfulness:
 os pilares para regular o apetite além dos três aspectos, fome, saciedade e satisfação, são a atenção ao comer, pois sem está atenção não percebemos nada disso, porem sempre há indivíduos com atenção desregulada. Logo, precisamos de uma forma de regular a atenção o mindfulness regula isso, pois a regulação da atenção, explicado pela neurociência, é perceber que você se distraiu e volta a atenção. 
A atenção é um processo de regulação que leve em consideração a sua distração, ou seja, ninguém é focado ao ponto de se distrair, o foco vem através do manejo de saber manejar as distrações e para isso a gente invoca as atitudes de mindfulness. É importante trabalhar o diário alimentar, notando o dia e horário, companhia (pessoas, eletrônico), pensamentos sobre a comida antes e depois de comer, sensação de fome, tem que se realizou a refeição. 
Fome: vazio, roncando, desconforto (dor, enjoo, aperto. Quando se tem fome aumenta a vontade de comer, pensamentos de comer, prazer em comida
Quando estamos se alimentando se tem Satisfação, uso dos sentidos na hora de comer, saciedade do gosto, diminuindo a vontade de comer. A saciedade começa quando estamos comendo. 
Saciedade do estomago. Distenção do estomago, e depois que terminamos de comer se tem a saciedade do corpo.
Débora Gabryella Ivo da Silva
 CONBRACAS- Comportamento Alimentar, Alimentação e Saúde
Saciedade do corpo. Após terminar o consumo alimentar, ausência de fome, desconforto no estomago. Sensação de plenitude.

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