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Hidrocefalia É caracteriada pela presença de uma quantidade anormal de LCR nos ventrículos. Pode ser dividida em duas categorias principais: uma é caracterizada pela produção excessiva de LCR, em que a maioria dos pacientes apresenta papiloma do plexo coroide (tumor raro) e o restante pode ter hiperplasia vilosa deste; a outra é caracterizada por obstrução do fluxo e absorção normais de LCR, chamada hidrocefalia obstrutiva, geralmente dividida em comunicante, quando a obstrução é extraventricular, e não comunicante, quando a obstrução ao fluxo de LCR é intraventricular. A hidrocefalia é a única causa de macrocefalia ao nascimento, associada à hipertensão intracraniana. Prevalência: 1-1,5%, 0,9-1,8/1000 nascimentos LCR: produzido 80% pelos plexos coroides nos ventrículos e em menor quantidade no espaço intercistial e células ependimárias, com volume total no adulto de 150ml. No adulto, é produzido diariamente 450ml e absorvido principalmente nas granulações aracnoideas. 80% deles é produzido pelo plexo coróide (interior dos ventrículos) Obstrutivo: interrupção do fluxo de líquido antes dos forames de luschka e magendie Causas de Hidrocefalia A hidrocefalia ocorre ou por déficit na absorção ou circulação do líquor, ou mais raramente, por aumento na produção. 📍 Hidrocefalia obstrutiva: obstrução proximal, mais frequente no aqueduto cerebral ou 4° ventrículo. Obstrução na circulação do liquor, geralmente, ocorre na estenose do arqueduto, 📍 Hidrocefalia comunicante: déficit de reabsorção pelas granulações aracnoideas. A redução do fluxo LCR pelo espaço subaracnóideo pelo resultado de hemorragia intracraniana, infecção bacteriana, meningite granulomatose, carcinomatose meningea e hipertensão venosa (nas veias e nos seios cerebrais). 📍 Hiperprodução: tumores do plexo coroide (raro) Conteúdo do líquor: 0-5 linfócitos / mm3 Sem hemácias ou polimorfonucleados Glicose 60 mg/dL (~60% da glicemia plasmática) Proteínas 30 mg/dL Medida do líquor lombar pode apresentar proteína um pouco maior do que o líquor ventricular. Meningite temos diminuição da glicose e celularidade aumentada Granulações de paquinoides - absorvem o liquor Sequelas de trauma e processos infecciosos - obstruem essas granulações. Etiologias específicas: • Congênitas Malformação de Chiari 2 / mielomeningocele Malformação de Chiari 1 Estenose do aqueduto cerebral -> problema no desenvolvimento embriológico. Malformação de Dandy-Walker • Adquiridas Infecciosa: pós meningite (bacteriana, tuberculose), neurocisticercose Pós hemorrágica -> primeira causa de hemorragia intracraniana será TRAUMA Tumores -> levam a compressão e obstruem a absorção do liquor Malformação de Chiari: hipoplasia da fossa posterior, com herniação das tonsilas cerebelares, podendo estar associada com hidrocefalia. 📍 Tipo 2: forma mais comum na infância, quase sempre associada com mielomeningocele 📍 Tipo 1: mais frequente no adulto, pode ser oligo ou assintomática Malformação de Dandy Walker: hipoplasia do verme cerebelar, dilatação cística do 4o ventrículo e alargamento da fossa posterior. IV ventrículo no lugar do cerebelo. Não há cérebro! Cerebelo desce pelo forame magno Ventrículo com dimensões aumentadas Mielomeningocele (causada pela facha no fechamento do tubo neural - defeito de ácido fólico). A pele corrige nas primeiras 24h Handbook of Neurosurgery, 9a edição, 2019 Quadro Clínico Depende da idade e do tempo de evolução -> fechamento das fontsnelas. Suturas ainda não estado consolidadas, o crânio da criança ainda não está fechado, pode haver aumento da PC cefálica. Crianças maiores e adultos: sintomas de HIC, papiledema, alteração de marcha. Recém nascidos e crianças menores: 📍 Aumento do perímetro cefálico 📍 Irritabilidade 📍 Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor 📍 Fontanela abaulada 📍 Disjunção de suturas cranianas 📍 Varizes cefálicas 📍 Sinal do sol poente: síndrome de Parinaud (déficit do olhar conjugado vertical) 📍 Paresia VI nervo craniano ↓ , ☒ Diagnóstico RX: disjunção de suturas, sinal da prata batida TC RM: permite também analisar etiologias e estudo de fluxo liquórico Critérios diagnósticos: 📍 Aumento dos cornos temporais Balonamento do 3o ventrículo 📍 Índice frontal > 0,5 📍 Índice de Evans: frontal / biparietal > 0,3 📍 Afilamento do corpo caloso 📍 Alteração transependimária Dilatação do corno temporal e balonamento do 3° ventrículo Líquor infiltrando parênquima Índice de Evans Índice de Evans - Medida que serviria para identificar ventriculomegalia sendo um dado a mais para ser juntado às outras informações. O Índice de Evans é obtido com a medida da maior largura dos cornos frontais dos ventrículos laterais dividida pelo maior diâmetro entre as tábuas internas do crânio na região parietal. Tais medidas são feitas em um mesmo corte axial tanto em TC quanto em RM. É considerado positivo, ou seja, sugestivo de ventriculomegalia, quando o valor é acima de 0,30 (30%). É importante observar que o Índice de Evans não indica, necessariamente, a presença de hidrocefalia. Ele apenas indica que os ventrículos estão grandes em relação ao volume do crânio, mas isso pode acontecer em outras situações como na hipotrofia cerebral difusa do idoso, por exemplo. Afilamento do corpo caloroso - septo dentro do ventrículo Exsudato transependimário - liquor transudando Diagnóstico Diferencial Hidrocefalia ex-vácuo: dilatação compensatória dos ventrículos, secundária à atrofia cerebral difusa Hidranencefalia - criança nasce sem o hemisfério cerebral e há liquor preenchendo o local Hidrocefalia Crônica do Adulto Quadro Clínico Classificação Grupo heterogêneo e complexo, com grande repercussão clínica e socioeconômica. Diagnóstico mais frequente devido a maior disponibilidade de exames de imagem. Diferente da hidrocefalia na infância. Adultos apresentam mecanismos compensatórios mais robustos, com progressão mais devagar. Tríade de Hawkin-Adams Incontinência urinária Alteração de marcha Alteração cognitiva Hipertensão intracraniana: mais comum em pacientes mais jovens, com cefaleia crônica inespecífica Perda visual insidiosa Macrocrania Alterações da marcha Incontinência urinária Alterações cognitivas • Pacientes em Transição Pacientes com diagnóstico e tratamento da hidrocefalia na infância. Múltiplas causas, frequentemente com múltiplas cirurgias. Dificuldade de seguimento quando chegam na vida adulta. • Adults with Previously Untreated Congenital Hydrocephalus (APUCH) (Hamilton, et al.) Também chamado de Long-standing Overt Ventriculomegaly in Adults (LOVA). (S. Oi, et al.) Frequentemente associado com estenose de aqueduto. Critérios diagnósticos: 1. Ventriculomegalia supratentorial + 2. Macrocefalia e sintomas clínicos ou; 3. Sela alargada • Adquirida Etiologia definida, secundária à hemorragias, tumores, trauma, infecção etc. Tratamento depende da etiologia de base. • Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN) Tríade de Hakim: caracterizada por déficit cognitivo, incontinência urinária e dificuldade de marcha. Válvula de pressão programável Classicamente tratada com DVP. y ↳ Fisiopatologia Tratamento • Compressão de fibras subcorticais periventriculares • Compressão do trato piramidal, frontoestriatal e frontoreticular, fascículo longitudinal superior, corpo caloso. • Diminuição do fluxo sanguíneo cerebral em áreas de circulação terminal • Diminuição do turn-over do líquor • Cateter de derivação ventricular • Peritoneal • Atrial • Pleural • Amplamente disponível • Tratamento de escolha na maioria dos casos, principalmentenas hidrocefalias comunicantes • Complicações: infecção, hiper ou hipodrenagem, obstrução • Até 33% de formação de hematomas subdurais com uso de válvulas não programáveis Drena rápido demais e faz hematoma Endoscopia • Melhora sintomática em 87% e até 99% com duas cirurgias. • Melhor resultado do que quando já realizou DVP prévia (78%) • 89% x 71% (Woodworth et al.) • 83% x 67% (Jenkinson et al.) • Em casos de DVP prévia disfuncionante e sem infecção, a válvula pode ser deixada sem intercorrências e com menor risco do que retirar ou ligar o cateter.
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