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Karl Marx e seu pensamento crítico sobre a Sociedade Capitalista

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Karl Marx e seu
pensamento crítico sobre a
Sociedade Capitalista
AUTORIA
Ma. Solange Santos de Araujo
Me. Josimar Priori
Esp. Fúlvio Branco Godinho de Castro
Ma. Daiany Cris Silva
Karl Marx (1818-1883) é considerado um dos pensadores mais revolucionários da
Sociologia, pois, além de um método cientí�co, o autor propôs um projeto político
de atuação e organização social. Os estudos de Marx buscaram analisar a sociedade
capitalista em seu processo de consolidação e discutiram sobre as características do
trabalho nesse sistema e como as relações de produção que estavam se
estabelecendo in�uenciam na estrutura social e na determinação de desigualdades
sociais.
Karl Marx e Engels (1998) entendiam que a burguesia, classe de proprietários,
comerciantes e industriais donos dos meios de produção, adquiriu poder econômico
e político durante a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Sob posse de um
maior poder econômico, a burguesia criou leis e regras sociais que visam proteger a
propriedade privada de seus bens e, assim, proporcionar a manutenção de sua
classe no poder. Em posição de exploração e subjugados à classe burguesa, a classe
proletária, composta por trabalhadores sem posses, era responsável pelo processo
de produção, por meio da venda de sua força de trabalho (mão de obra).
Dessa forma, Marx e Engels (1998) demonstram que a sociedade capitalista se
constituiu pela divisão social do trabalho baseada em duas principais classes sociais:
a dos capitalistas (burgueses), que detêm a posse dos meios de produção (as
máquinas, as matérias-primas, as terras e as fábricas); e a dos proletários
(operariado/trabalhadores), cuja única posse é a força de trabalho que seria vendida
à classe dominante, os burgueses.
Para Karl Marx, a exploração da classe de trabalhadores possui, como principal
objetivo, a acumulação de capital. Dessa forma, o capital seria o acúmulo de bens e
lucros provenientes da exploração da mão de obra barata pela classe burguesa. Em
REFLITA
A Sociedade de Classes
Em seu texto político do mundo moderno e contemporâneo, “O
manifesto comunista”, publicado em 1848, Karl Marx explica que “[...] a
sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade
feudal, não aboliu os antagonismos das classes. Estabeleceu novas
classes, novas condições de opressão, novas formas de luta no lugar das
antigas.” (MARX; ENGELS, 2001, p. 9).
Fonte: Adaptado de Marx e Engels (2001).
sua obra mais signi�cativa, “O capital: crítica da economia política”, publicada em
1867, o autor descreve os processos de produção capitalista e aponta a forma com
que esse modelo aprofundava as desigualdades na sociedade que se consolidava e
mantinha uma parcela da população em condição de exploração.
Sobre a divisão de classes sociais, segundo Marx e Engels (2001):
Na mesma medida em que a burguesia – isto é, o capital - se
desenvolve, também o proletariado se desenvolve. A classe
trabalhadora moderna desenvolve-se: uma classe de trabalhadores,
que vive somente enquanto encontra trabalho e que só encontra
trabalho enquanto o labor aumenta o capital. Estes trabalhadores,
que precisam vender a si próprios aos poucos, são uma mercadoria,
como qualquer outro artigo de comércio e são, por consequência,
expostos a todas vicissitudes da competição, a todas �utuações do
mercado. (MARX; ENGELS, 2001, p. 19).
Na teoria de Marx, os meios de produção é que transformam as relações de
produção e as formas de organização social, acarretando desigualdades sociais
profundas, que propiciam a luta de classes.
A luta de classes se trata dos embates políticos entre trabalhadores e burgueses.
Segundo o sociólogo alemão, é por meio do movimento de organização social de
questionamento à ordem dominante que a emancipação humana total seria
possível, bem como o �m da exploração do trabalho, o advento da revolução
operária e a derrocada do sistema capitalista.
O Materialismo Histórico Dialético
Embora Marx estivesse muito mais preocupado em construir um projeto político de
sociedade, o sociólogo também desenvolveu uma metodologia cientí�ca que
direciona uma longa tradição de estudos marxistas na Sociologia, o método do
materialismo histórico dialético. Para Marx, são as condições materiais que
determinam a sociedade, e não o contrário, portanto, devemos compreender,
primeiramente, o âmbito material, as estruturas e as relações efetivas que formam a
sociedade, o que é denominado, pelo autor, de materialismo:
[...] não partimos do que os homens dizem, imaginam ou representam,
tampouco do que eles são nas palavras, nos pensamentos, na
imaginação e na representação dos outros, para depois se chegarmos
aos homens de carne e osso; mas partimos dos homens em sua
atividade real [...]. Assim, a moral, a religião, a metafísica e todo o
restante da ideologia, bem como as formas de consciência a ela
correspondentes, perdem logo toda a sua autonomia. Não tem
história, não tem desenvolvimento [...] (MARX; ENGELS, 1998, p. 19).
Para o pensamento materialista de Karl Marx, a essência do indivíduo é o centro das
relações sociais; por isso, ele compreende que o indivíduo não é um ser isolado, e
sim que sua existência é proveniente dos processos sociais em curso. Nesse sentido,
a pesquisa materialista histórico dialética é realizada por meio da análise dos
contextos históricos e processos sociais que solidi�cam as relações sociais
materialmente, em sua aplicabilidade prática da vida em sociedade. O movimento
de pensamento dialético se dá na contraposição do campo das ideias com a
realidade efetiva. Essa contraposição possibilita a junção desses dois elementos,
constituindo, assim, uma concepção única, que é a análise da realidade.
Em síntese: o materialismo histórico dialético de Marx (MARX; ENGELS, 1998)
concebe a realidade social da seguinte maneira:
a) interação universal – todos os elementos da vida em sociedade estão relacionados.
Os fatos não podem ser considerados isoladamente;
b) a realidade em movimento universal – toda a realidade social está em constante
movimento, ou seja, as transformações sociais e as mudanças nas relações estão em
constante con�ito e desenvolvimento;
c) unidade dos contraditórios – o ser social é construído com relação ao outro em
suas contradições e con�itos, o que signi�ca que nossa existência está condicionada
ao nosso constante desenvolvimento social.
Sob essa perspectiva, é possível a�rmar que a existência de uma sociedade se dá
com relação à materialidade da vida. Assim, nossas relações são reguladas por
processos históricos, econômicos e sociais, principalmente, no que se refere às
relações de produção, pois, à medida que elas se transformam, a sociedade também
se modi�ca.
Trabalho, Alienação e Sociedade Capitalista
Todo o método de análise de Karl Marx é baseado na preocupação em compreender
os processos de produção, mais especi�camente, a nova concepção de trabalho que
se instaura na sociedade capitalista. Segundo o sociólogo, antes da modernização e
da exploração de classes, a dimensão humana do trabalho se constituía no processo
de transformação da natureza para a satisfação de nossas necessidades básicas.
Com a instituição da sociedade capitalista, o que se colocou foi uma espécie de
trabalho alienado, em que o trabalhador perde sua dimensão criativa e consciente
de produção intelectual.
Para Karl Marx: “[...] o processo histórico de alienação distancia o ser humano do
objeto que ele produz. Assim, a alienação do trabalho signi�ca que o operário não
percebe que seu trabalho lhe pertence.” (MARX; ENGELS, 2001, p. 29). Esse processo
transforma o trabalhador em simples mercadoria, tornando-o um ser alienado, que
não possui intervenção criativa no produto do seu trabalho.
Aspectos da alienação:
�. alienação em relação às coisas – o indivíduo �ca alienado ao mundo externo e
ao produto de seu trabalho;
�. alienação em relação a si mesmo – o indivíduo entende que sua força de
trabalho não lhe pertence, isto é, nãoé dominada pelo trabalhador;
�. a alienação em relação ao trabalho – o trabalho do ser humano deixa de ser
livre e passa a ser um meio de sobrevivência.
Em uma sociedade capitalista, regida pela produção de mercadorias, segundo Marx
e Engels (2001), o trabalhador e as suas possibilidades humanas só existem em
função do capital. O indivíduo que não tem trabalho �ca sem salário e por isso torna-
se inexistente e dispensável para o sistema capitalista. Marx exempli�ca: “Tão logo o
trabalhador é explorado pelo fabricante e, no �m, recebe seu salário, ele é atacado
pelas outras porções da burguesia, o senhorio, o lojista, o penhorista etc” (MARX;
ENGELS, 2001, p. 21).
O trabalho é uma forma de sobrevivência, assim, o operário não se reconhece no
produto que criou. Dessa forma, o trabalhador torna-se uma extensão da máquina,
que tem operações simples e fáceis, e pode ser facilmente substituído por outro
trabalhador. Pelo caráter descartável denotado aos trabalhadores, o valor da sua
força de trabalho é mínimo, o su�ciente para a sua sobrevivência. Sobre o salário,
Marx explica:
O preço médio do trabalho assalariado é o salário mínimo, ou seja, a
quantia do meio de subsistência que é requisito absoluto para manter
o trabalhador na existência simples como um trabalhador. O que o
trabalhador adquire por meio de sua atividade é, pois, o mínimo
necessário para a conservação e a reprodução de vida humilde. [...] o
trabalhador vive, meramente para aumentar capital e permitir-lhe
viver somente o quanto o interesse da classe governante requer.
(MARX; ENGELS, 2001, p. 32-33).
Entende-se, assim, que, ao manter o trabalhador em condições de alienação, o
sistema capitalista mantém o crescimento da riqueza dos donos dos meios de
produção, ou seja, da classe burguesa de industriais, proprietários e comerciantes.
Comunismo
Como destacamos anteriormente, o intuito de Karl Marx não era apenas desenvolver
um método cientí�co, o sociólogo alemão propunha um projeto político, o
comunismo, um sistema social que superaria o capitalismo e acabaria com as
desigualdades sociais da divisão de classes. Considerada, por Marx, como a fase �nal
da sociedade humana, alcançada somente a partir de uma revolução proletária, ele
tinha a ideia utópica de uma sociedade igualitária, que seria a socialista
(QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2002). Assim, Marx trabalhava com a temática
de progresso das sociedades – lei de desenvolvimento das sociedades.
Na perspectiva de Marx, a organização social desenvolve todas as forças produtivas
que possui. Quando a necessidade de expansão das forças produtivas de uma
sociedade choca-se com as estruturas econômicas, sociais e políticas, gera con�itos
sociais, o que dá início à sua desintegração e cria um terreno fértil para uma
revolução. Desse modo, Marx vê o desenvolvimento da sociedade capitalista de seu
tempo da seguinte forma:
Como o desenvolvimento do antagonismo de classe acompanha o
desenvolvimento da indústria, a situação econômica, como se
encontram, ainda não lhes oferece as condições materiais para
emancipação do proletariado. Eles buscam, portanto, uma nova
ciência social, novas leis sociais que criarão tais condições.
A ação histórica irá conduzir à ação pessoal inventiva; condições de
emancipação historicamente criadas conduzirão a condições
fantásticas; e a organização de classe gradual e espontânea do
proletariado conduzirá a uma organização da sociedade
especialmente planejada por estes inventores. A história futura
resolve-se, aos olhos deles, na propaganda e na realização práticas de
seus planos sociais. (MARX; ENGELS, 2001, p. 57-58).
É possível a�rmar, portanto, que, para que ocorra a passagem para uma organização
social mais avançada, com um novo modo de produção, ou seja, uma sociedade
comunista, a classe emergente deve se impor à decadente, ultrapassando-a e
substituindo-a por outra mais apropriada a seu interesse e a seu domínio. Assim, os
trabalhadores tomariam as instâncias de poder e provocariam a decaída da classe
burguesa.
Dessa forma, compreende-se que, pela ótica de Marx, o modo de produção
capitalista é uma evolução do modelo de produção da sociedade feudal. Porém, a
partir do desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo e de suas relações
sociais, será favorecida a criação de uma nova estrutura superior, e isso conduzirá a
um processo revolucionário, isto é, uma revolução comunista.
Contribuições Metodológicas
Durkheim, Weber e Marx
Em linhas gerais, podemos a�rmar que, devido às diferentes perspectivas dos
pensadores pioneiros da Sociologia, é possível perceber que o esforço para a
consolidação da disciplina como um conhecimento cientí�co possuía um norteador
em comum para todos os autores citados até aqui, buscava-se compreender as
novas con�gurações da sociedade moderna e as suas contradições e padronizações,
assim como as características das relações da humanidade com o meio social
emergente. Nesse sentido, Durkheim, Weber e Marx colaboraram signi�cativamente
para o desenvolvimento de uma ciência social comprometida com uma leitura
orientada sobre a sociedade em que vivemos.
A teoria funcionalista de Durkheim, denominada assim devido ao objetivo do autor
de avaliar a função social que os fatos sociais exercem na organização da sociedade,
contribuiu para estabelecer uma perspectiva metodológica clara para a ciência
sociológica. Da mesma forma que Weber, ao instituir a ação social como objeto de
estudo, criou uma metodologia especí�ca da disciplina; ou seja, essas metodologias
não seriam mais apenas reproduções dos métodos e das técnicas das ciências
naturais, assim como anunciou Comte.
Embora Durkheim tenha se inspirado fortemente no positivismo e, até mesmo,
tratado a sociedade tal qual um organismo vivo, o funcionalismo durkheimiano
inovou ao denotar uma reputação cientí�ca à Sociologia. Weber construiu um
caminho parecido ao de Durkheim no que se refere ao rigor metodológico, no
entanto, sob outra perspectiva de análise, considerando não as interferências
exteriores da sociedade sobre os indivíduos, e sim as interferências das ações
individuais sobre a sociedade.
Apesar de muitos colocarem o pensamento de Karl Marx como muito distante das
con�gurações teóricas de seus companheiros precursores, é possível considerar que
o mesmo objetivo, o de interpretar a sociedade moderna, era perseguido pelo
sociólogo alemão, que utilizou, porém, a sua ciência para intervir politicamente nas
lutas de classes provenientes dos con�itos causados por essa sociedade.
Em suma, o que buscamos demonstrar no decorrer desta unidade é o mesmo que
a�rmou o sociólogo brasileiro Florestan Fernandes:
Todo fenômeno social é, por sua natureza, dinâmico e pelo menos
relativamente instável, apresentando-se à percepção e à observação
sistemática do investigador, portanto, nessa condição, qualquer
método de interpretação sociológica, para ser útil e produtivo, deve,
pois, compreender e representar os fenômenos sociais em sua própria
natureza, como fenômenos fundamentais e dinâmicos. (FERNANDES,
1962, p. 197.
Considera-se, nesse sentido, que a apreensão de diferentes métodos e técnicas de
pesquisa é essencial para que se possa estabelecer uma boa leitura sobre a
sociedade em que vivemos, pois conhecer diversas concepções de mundo e
interpretações da vida social nos proporciona um olhar mais atento sobre as
circunstâncias que devemos enfrentar em nosso cotidiano.

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